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http://www.business.qld.gov.au/business/running/risk-management
Background
As principais fases das atividades de exploração e produção (E&P) são: exploração,
desenvolvimento e produção; e os riscos inerentes e associados a estas atividades.
O setor de Exploração e Produção do Petróleo (E&P), também denominado de upstream da
cadeia do petróleo, pode ser dividido, basicamente em três fases que compreendem diversas
atividades. Estas fases são: a exploração, que é o conjunto de operações ou atividades destinadas
a avaliar áreas, buscando descobrir e identificar jazidas de petróleo ou gás natural; o
desenvolvimento, que reúne as operações e investimentos destinados à viabilização das
atividades de produção de um determinado campo de petróleo ou gás; e a produção, conjunto de
operações coordenadas de extração petróleo ou gás natural de uma jazida.
O risco é elevado na fase de exploração, pois a probabilidade de se encontrar petróleo ou gás é
bastante reduzida. Na maioria dos poços perfurados não se encontra hidrocarbonetos em volumes
que justifiquem o aproveitamento comercial das jazidas e em muitos casos as perfurações
resultam em poços secos. Os custos totais de perfuração de poços de petróleo podem representar
entre 40% e 80% dos custos totais de exploração, tornando a atividade do geólogo de petróleo
essencial para que a exploração tenha maiores chances de sucesso.
O objetivo principal do Business Impact Analysis (BIA) em questões de petróleo e gás é prevenir
a ocorrência de acidentes que possam causar danos ao público e ao meio ambiente e reduzir sua
severidade, quando um evento desta natureza ocorrer. A BIA poderá tornar-se, também, uma
importante ferramenta para se reduzir custos destinados a reparação de danos, paralisação de
produção, indenizações por afastamento parcial/total de funcionários e contratação de apólices de
seguros.
Curva de produção
As principais incertezas no desenvolvimento de campos de petróleo estão relacionadas a
variáveis estáticas (modelo geológico) e dinâmicas (parâmetros de fluxo) de reservatório, o que
reflete diretamente na curva de produção e consequentemente no Valor Presente Líquido (VPL)
do projeto.
ESTUDOS SOBRE RISCOS EM GESTÃO DE ÓLEO & GÁS
Investimentos
Para o item de investimentos, existem tanto incertezas técnicas quanto incertezas de mercado.
Para quantificar as incertezas técnicas, deve-se encontrar a distribuição de probabilidade que
melhor representa determinado item de investimento mediante dados históricos. Caso não se
tenham estes dados, pode-se adotar uma distribuição para os custos de investimento baseados na
experiência dos técnicos responsáveis pelo orçamento. Por exemplo, a taxa diária do barco de
lançamento de linhas pode ser maior ou menor no decorrer do tempo e sua variância aumentar no
tempo.
Custos operacionais
Os custos operacionais da mesma forma que os investimentos possuem também incertezas
técnicas e de mercado. As incertezas técnicas são as referentes principalmente à estimativa dos
preços dos materiais, serviços, tempo de utilização dos recursos e freqüência dos workovers
(intervenção em poços). As incertezas de mercado são referentes principalmente ao valor da taxa
da sonda que realizará o workover nos poços.
Análise do projeto
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(1) Risco de um poço exploratório ou de desenvolvimento apresentar-se como seco;
(2) Risco de uma descoberta não possuir um volume de óleo suficiente para os custos envolvidos no
seu aproveitamento econômico;
(3) Risco relacionado com o preço futuro do óleo e gás natural;
(4) Outros riscos de natureza econômico-financeiro;
(5) Risco ambiental;
(6) Risco político, vinculado às incertezas jurídico-instituicionais de um país detentor dos recursos
petrolíferos.
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Na indústria do petróleo, as fontes de incertezas são decorrentes, de
modo geral, de três tipos de riscos: (i) o risco de mercado, ligado ao funcionamento da economia
como um todo e presente em todos os setores. No caso da indústria petrolífera, especificamente,
este
risco se associa a incertezas regulatórias; (ii) o risco exploratório, relativo à atividade extrativa,
marcada pela presença de incertezas em relação ao tamanho, à localização, a qualidade e à
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viabilidade das jazidas. Este tipo de risco ganha maior relevância pela dificuldade de previsão dos
parâmetros futuros de preço, taxa de juros do mercado, demanda e custos que influenciam o
resultado
do retorno de projetos de E&P. (iii) o risco político, associado à possibilidade de ações arbitrárias
por
parte do governo, que podem levar à expropriações de ativos ou nacionalizações sem
compensações
devidas. Engloba-se neste risco, a instabilidade política do país.
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O trabalho de perfuração envolve o risco de erupções descontroladas de óleo ou gás, que podem
danificar os equipamentos e trazer perigo de explosão e incêndio, provocando acidentes pessoais,
perda parcial ou total do reservatório, poluição e dano ao meio ambiente. A fim de evitar estes
problemas, são utilizados sistemas de segurança constituídos de Equipamentos de Segurança de
Cabeça de Poço (ESCP) e de equipamentos complementares que possibilitem o fechamento e
controle do poço, dentre estes, o mais importante é o blowout preventer (BOP), que é um
conjunto de válvulas especiais para fechamento do poço.
Após a avaliação dos dados obtidos na fase de exploração, cabe a empresa operadora de
determinado campo decidir se deve prosseguir com o desenvolvimento do campo de petróleo.
Embora nesta fase, o risco seja menor que na fase de exploração, há sempre o risco de prosseguir
no desenvolvimento de um campo com reservas inferiores às estimadas ou deixar de desenvolver
um campo viável, mas cujos resultados de sondagem não foram promissores. Nesta fase, os
investimentos são muito elevados e fluxo de caixa é fortemente negativo.
PETROBRAS
Estratégia
Gestão de riscos
ESTUDOS SOBRE RISCOS EM GESTÃO DE ÓLEO & GÁS
Gerenciamento de riscos
A estratégia de gestão de riscos da Petrobras considera as diversas naturezas de riscos − fatores
que causam impacto nos resultados corporativos e exigem constante monitoramento em função
das metas de crescimento e da expectativa de rentabilidade a que a companhia está exposta −, que
vão desde as variáveis negociadas no mercado financeiro em função do negócio (riscos de
mercado) até aqueles que são decorrentes do processo produtivo (riscos operacionais). Também
são gerenciados os riscos provenientes das obrigações assumidas com terceiros (riscos de
crédito), de exposição negativa da marca da companhia (riscos de reputação), de impactos ao
meio ambiente provocados pelas operações (riscos ambientais), de impactos à produção ou ao
negócio causados por fenômenos físicos naturais (riscos físicos) e, ainda, de problemas causados
por ações em desacordo com as regulações de países e mercados (riscos regulatórios).
Esse novo comitê, coordenado pela Diretoria Financeira e composto pelos gerentes executivos da
área financeira (com a possibilidade de convocação dos gerentes executivos das áreas de
negócios para discussões de temas específicos), passou a ser o principal responsável pelo
gerenciamento de riscos da companhia.
A Petrobras transfere ao mercado segurador, por meio de compra de seguros, os riscos que
podem gerar prejuízos significativos à companhia e os que devem ser obrigatoriamente
segurados, por disposição legal ou contratual. Em virtude de sua capacidade de assumir parcela
expressiva de riscos, a Petrobras contrata franquias que podem chegar a US$ 50 milhões. Em
2010, o prêmio final das principais apólices da companhia (riscos operacionais e de petróleo)
totalizou US$ 45,1 milhões, para um valor segurado dos ativos de US$ 95 bilhões.
Os riscos relacionados às apólices de lucros cessantes e de controle de poços, assim como a maior
parte da malha de dutos em território brasileiro, não são segurados. Plataformas, refinarias e
outras instalações são cobertas por apólices de riscos operacionais e de petróleo. A
movimentação de cargas é coberta por apólices de transporte, enquanto as embarcações estão
protegidas por seguro de casco e máquinas. Responsabilidade civil e poluição ambiental também
são cobertas por apólices específicas.
Na contratação dos seguros, os ativos são avaliados a partir do custo de reposição. O Limite
Máximo de Indenização (LMI) da apólice de riscos operacionais é de US$ 1,2 bilhão,
considerando-se o dano máximo provável das instalações. No caso da apólice de riscos do
petróleo, esse limite chega a US$ 2,3 bilhões e corresponde ao maior valor de reposição das
plataformas da Petrobras.
Essas certificações são planejadas e operacionalizadas pela área corporativa de Controles Internos
da Petrobras e contemplam os principais processos da controladora, assim como os das
subsidiárias e controladas que se enquadrem na categoria de relevantes, de acordo com os
quesitos da SOx/CVM e suas regulamentações. A supervisão dos trabalhos é feita pelos Comitês
Corporativos da Diretoria Financeira e pelo Comitê de Auditoria do Conselho de Administração.
O processo de certificação anual tem três etapas: avaliação dos controles em nível de entidade
(entity level) para diagnosticar o ambiente de governança corporativa; autoavaliação, pelos
gestores, do desenho de processos empresariais e dos controles internos; e, por fim, teste dos
controles pela Auditoria Interna.
Riscos de crédito
Em 2010, o volume total de crédito concedido pela Petrobras a seus clientes no Brasil e no
exterior ultrapassou US$ 37 bilhões. Entre os principais clientes encontram-se as grandes
empresas do mercado de petróleo, consideradas majors, e as subsidiárias do Sistema Petrobras,
beneficiárias de cerca de 28% e 44% do crédito total concedido, respectivamente.
ESTUDOS SOBRE RISCOS EM GESTÃO DE ÓLEO & GÁS
Riscos ambientais
Todas as unidades operacionais da Petrobras devem desenvolver planos de ação específicos para
a gestão de biodiversidade. Os critérios para aquisição, armazenamento e disponibilização de
dados ambientais, como os relativos a áreas protegidas e espécies raras, ameaçadas ou de
importância socioeconômica, são regidos por norma técnica.
Princípio da Precaução
Quando são lançados novos produtos no mercado, principalmente os formulados, é feita uma
verificação dos seus componentes de modo a investigar se algum deles, em caso de impacto
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ambiental, representa algum risco não conhecido ao meio ambiente ou à saúde humana. No caso
de se encontrar algum componente da formulação que apresente riscos não conhecidos, ele é
substituído por outro componente que apresente riscos conhecidos e gerenciáveis. O Princípio da
Precaução também se aplica na exigência da apresentação do certificado de conformidade dos
equipamentos e tubulações instalados nos postos de serviço e também em todos os elementos que
podem ser comercializados durante as trocas de óleo.
Riscos de reputação
Riscos regulatórios
A identificação dos combustíveis com a mudança global do clima pode levar a um maior rigor na
legislação, nacional e internacional, relativa à produção e à comercialização de petróleo, gás e
derivados. Tal rigor pode conduzir a novas exigências técnicas e comerciais na cadeia de
suprimento dos produtos, com aumento dos custos e redução de competitividade.
A demanda de pessoal requerida pelos empreendimentos planejados para o setor de óleo e gás e a
disponibilidade atual desses profissionais no mercado indicam a necessidade de um esforço de
formação profissional no País. A insuficiência de infraestrutura física e a necessidade de
equacionar os gargalos de materiais e equipamentos identificados também são riscos
considerados. Por conta disso, a Petrobras investiu cerca de R$ 50 milhões, direcionados a
fabricantes nacionais no desenvolvimento de produtos atualmente não produzidos no Brasil
visando à substituição competitiva de importações.
Estratégia
Prevenção de acidentes
A Petrobras é a maior operadora de águas profundas do mundo e é reconhecida pela excelência
de sua atuação nessa área, caracterizada por um sofisticado conteúdo técnico e tecnológico, que
tem na segurança sua principal marca.
Todas as unidades marítimas de perfuração que trabalham para a Petrobras são equipadas com
sistemas de detecção, que possibilitam o fechamento imediato e automático de poços em casos de
emergência, prevenindo seu descontrole. Há detectores de gás em diversos locais na plataforma,
alarmes de aumento de pressão ou volumes no interior do poço e sistemas de preparação e
injeção de fluidos para seu interior, que também funcionam como barreiras de segurança.
O treinamento interno em segurança de poços existe desde 1971. Toda a equipe que trabalha nas
plataformas tem certificação acreditada pela International Association of Drilling Contractors
(IADC) e participa de simulações semanais de acidentes.
Para assegurar máxima proteção a suas unidades operacionais e rapidez de deslocamento, Centros
de Defesa Ambiental (CDAs) − localizados em pontos estratégicos de operação − mantêm barcos
recolhedores, balsas, dispersantes químicos, agentes biorremediadores e até 20 mil metros
lineares de barreiras de contenção e absorção de óleo.
Rede antivazamento
plataformas na Bacia, entre 18/08/95 e 14/04/97, a PCE-1 aparece em primeiro lugar com o
índice de 39%. À título de ilustração fazemos menção a dois destes eventos a seguir. Em 23 de
abril de 1996 houve um princípio de incêndio no riser da linha de gás lift, após a falha dos
sistemas automáticos de detecção de gases, acarretando a interrupção da produção de óleo e gás
por uma hora. Este acidente poderia ter assumido dimensões catastróficas, já que envolvia uma
linha de gás altamente pressurizada. Apenas cinco dias se passaram e a mesma plataforma foi
palco de novo acidente. O óleo vazou pelo “flare” (queimador de gás situado no alto de uma das
torres da plataforma) sendo lançado em combustão no mar. As válvulas projetadas para
desarmarem-se automaticamente encontravam-se “by passadas” na ocasião do acidente. Foi
necessária a evacuação de todo o pessoal da plataforma para o “flotel” (plataforma destinada
exclusivamente à hospedagem dos trabalhadores) . A produção esteve parada durante quatro dias
A ocorrência destas anormalidades parece não ter sido suficiente para sensibilizar os responsáveis
pela segurança da PCE-1, como evidencia a sucessão de acontecimentos posteriores: uma
inspeção do Ministério do Trabalho (MTb) resultou em autuação da Petrobrás, decorrente da
constatação de infrações a diversas NR’s; novos acidentes com vazamento de gás verificaram-se
ao longo do mesmo ano; a inspeção geral realizada pela própria empresa no final de 1996
verificou que as válvulas de cabeça de poço, integrantes do equipamento central de operação,
encontravam-se em “péssimas condições, com alto grau de corrosão...”, concluindo devido a esta
e a outras deficiências de ordem operacional - ligadas à manutenção e lay-out de equipamentos
importantes, à formação profissional de alguns operadores - que a plataforma não estava
“operando em boas condições de segurança”; dois vazamentos de óleo e gás com intervalo de
apenas dois dias em janeiro de 1997 em local que já havia apresentado vazamento dois meses
antes (SINDIPETRO NF, 1997a ; 1997b). Estes eventos sucessivos atestam o estado de
degradação operacional de alguns setores desta unidade, devendo-se salientar que parte das
avarias provocadas nos poços afetados pelos dois grandes acidentes da década de oitenta (84 e
88) não foram inteiramente solucionadas. Não por acaso, esta plataforma ficou conhecida entre os
trabalhadores como a “rainha da sucata”. Ainda com relação à PCE-1, caberia lembrar que
estavam em andamento, até recentemente, as obras de reforma e ampliação desta unidade,
acarretando um aumento do risco de acidentes, fruto da execução de inúmeras tarefas com o
emprego de soldas elétricas, cortes de maçarico, esmerilhamentos etc, e que implicam em um
número maior de trabalhadores de empreiteiras à bordo. Ao todo houve um acréscimo de cerca de
trezentos trabalhadores em relação ao seu contingente habitual, obrigando a Petrobrás a lançar
mão de uma outra plataforma utilizada exclusivamente para hospedagem, um autêntico “flotel”,
vizinho à PCE-1.
A nosso ver, a PCE-1, apresenta um conjunto de características estruturais e
conjunturais que tendem a ampliar e agravar os fatores de risco, como, por exemplo, o
maior estado de envelhecimento de seus equipamentos, cuja deterioração gradual traduz-se em
degradação do sistema. Da mesma forma, devemos levar em conta o aumento dos riscos devido
às obras de reforma e ampliação. Em primeiro lugar pelas razões que expusemos acima. Em
segundo, porque se os aspectos ligados à segurança em geral não são devidamente contemplados
nos projetos originais das plataformas, a introdução de modificações não previstas
criteriosamente em tais projetos, visando a ampliação da capacidade produtiva das instalações,
pode acelerar o desgaste mecânico dos equipamentos. Além disso, há também os problemas
ESTUDOS SOBRE RISCOS EM GESTÃO DE ÓLEO & GÁS
relacionados à interação dos novos equipamentos instalados com aqueles mais antigos, gerando
uma defasagem da vida útil entre os diferentes componentes do sistema tecnológico, que podem
se transformar, ulteriormente, em fontes de constantes incidentes e acidentes. Salientamos ainda
que, grosso modo, todo o sistema vem sendo pressionado a cumprir performances de “pico”, com
suas unidades operando no limite de seus respectivos tempos de vida útil e capacidades
instaladas. Frente a este quadro, julgamos razoável afirmar que Enchova insere-se no rol dos
sistemas tecnológicos complexos onde predomina o chamado modo degradado de produção, que
tende a potencializar a grande variabilidade inerente a estes sistemas tecnológicos. produção e
elevada variabilidade aos poucos vai se constituindo no modo normal de operação do sistema.
Sua predominância vai, também paulatinamente, comprometendo a segurança, na medida em que
as falhas/anormalidades tidas como “menores” passam a ser consideradas normais, constituindo o
que chama de anormalidades normais. São fatores que, muitas vezes, encontram-se na gênese de
grandes acidentes.
as anormalidades normais não se limitam às plataforma mais antigas. A P-20 e a P-25
principalmente a P-20. Tida como uma das plataformas de “última geração” foi a
responsável pelo segundo maior índice (14,1%) de incidentes/acidentes registrados na Bacia entre
18/08/95 e 14/04/97 (FREITAS et alii, 1997).
dos padrões de segurança. A respeito da terceirização de serviços, cabe frisar de início que
malgrado este processo esteja em franca disseminação na Bacia de Campos, ele não é um
fenômeno novo na indústria do petróleo. Pelo contrário, desde as primeiras décadas deste século
engendrou-se em torno das companhias de petróleo uma extensa rede de produtos e serviços
oferecidos por terceiros, firmas especializadas que se constituíram para difundir as inovações de
seus fundadores. Na verdade, o que se verifica, de uns anos para cá, é um recrudescimento destas
terceirizações, inclusive em atividades-fins da Petrobrás. Com esta ampliação tem prevalecido -
não genericamente, pois como já ressaltamos este processo não é homogêneo - o padrão vigente
em outras indústrias, ou seja, a terceirização enquanto uma estratégia que resulta em precarização
do trabalho. Os dados apresentados pela Gerência de Segurança (GESEG) e por algumas
empresas que atuam na Bacia de Campos, comprovam que a freqüência de acidentes e mortes é
bem superior entre o pessoal contratado em comparação ao pessoal da própria Petrobrás. Em
particular, os números divulgados pelo SESMT da empresa Odebrecht Perfurações Ltda (OPL)
durante o ano de 96, registram que de um total de 68 plataformistas e auxiliares, 33 foram vítimas
de acidentes, sendo 23 com afastamento. Por sinal, este contrato caracterizava-se como uma
autêntica subcontratação “em cascata”, pois a empresa que realmente operava as plataformas era
a USEM (SINDIPETRO NF, 1997). Neste sentido, concordamos com, quando este enfatiza que a
articulação do papel das empresas subcontratadas à história do petróleo é um tópico de
pesquisa que “merece indiscutivelmente mais atenção”. Para ele os fornecedores de
equipamentos e serviços figuram como um quarto agente - além das multinacionais do
petróleo, dos países produtores e dos consumidores.
A terceirização também tem contribuído para o delineamento de novas configurações no interior
do movimento dos trabalhadores.
4 - Conclusão
Com base neste histórico, causa-nos um certo estarrecimento a postura da Gerência
de Segurança da Bacia ao insistir, via de regra, no anacronismo culpabilizante, atribuindoaos
trabalhadores (em geral as próprias vítimas) a responsabilidade dos acidentes. Estasanálises
causais costumam se limitar aos fatores mais diretos e imediatos, não desvelando amultiplicidade
e as inter-relações entre os diversos fatores que propiciam a ocorrência destes eventos.
Principalmente os aspectos da organização do trabalho e as práticas gerenciais, até porque, como
foi observado na implantação do método da árvore de causas em uma usina atômica francesa, há
o receio de dar visibilidade ao papel real da média e alta gerências na gênese dos acidentes, pelas
possíveis sanções que possam advir também chama a atenção para este ponto ao mapear a
correlação de forças entre a GESEG, o SINDIPETRO NF, e as CIPA’s das plataformas na Bacia
de Campos. No que concerne à análise de algumas catástrofes, sugere que se vá ainda mais longe.
Para tanto, propõe como ferramenta o que ele veio a denominar de abordagem
antropotecnológica.
“Assim, passamos do registro das responsabilidades funcionais dos operadores e
de seus dirigentes ao do pessoal que concebe e instala o dispositivo técnico e, depois, ao registro
das responsabilidades dos que determinam as condições econômicas e sociais – ou até políticas -
nas quais o dispositivo perigoso foi concebido, instalado e explorado.” Também já há algum
tempo a abordagem calcada na psicodinâmica do trabalho chama a atenção para o reducionismo
das políticas de segurança tradicionais. Esta abordagem procura sublinhar a importância de se
ESTUDOS SOBRE RISCOS EM GESTÃO DE ÓLEO & GÁS