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Eletiva – Teatro

Atividade Avaliativa
3º Bimestre

A TRADIÇÃO CLÁSSICA NA COMÉDIA BRASILEIRA

INTRODUÇÃO
O teatro é o gênero da ação falada. Uma personagem fala para agir sobre outra ou para comentar uma ação, neste caso a fala é
instrumento da ação. O autor reproduz as falas do cotidiano, organizando-as em diálogos ou monólogos, com o objetivo de se
comunicar com os espectadores através de suas personagens.
Na obra analisada neste estudo, O Santo e a Porca, o autor Ariano Suassuna faz uma referência explícita à sua fonte inspiradora
logo após o título. O autor nordestino teve como modelo o comediógrafo latino Plauto e sua peça Aulularia, fazendo alusão a
comédia clássica e a seu conteúdo crítico que tinha como alvo o sistema político-social vigente e os cidadãos típicos que o
integram. A cultura nordestina estrutura-se sobre valores tradicionais e regionais mantidos por uma tradição folclórica e religiosa,
assemelhando-se com a cultura clássica estruturada sobre os mitos de seus triunfos heróicos e dos feitos divinos.
Objetiva-se através deste estudo verificar como a tradição dramática pode ser reencenada e ambientada a outras épocas e culturas.
Deste modo, tem-se noção da mímesis do texto, do processo de recriação que o torna uma obra única e que exige do autor
criatividade para transformar um modelo em algo original.

ANÁLISE
Para se fazer a análise de um texto dramático, deve-se estudar individualmente os seus componentes fundamentais. São eles: as
personagens, o enredo, o espaço e o tempo.

Personagens
As personagens estão intimamente ligadas ao enredo, e vice-versa. Estas são as duas forças principais que regem um texto
dramático. As personagens foram analisadas levando-se em consideração três aspectos:
- o que ela revela sobre si por meio de um confidente, do "aparte" ou do monólogo;
- o que ela faz, a sua participação na ação da peça;
- o que as outras personagens dizem a seu respeito.
A partir desta primeira análise, pode-se qualificar uma personagem de acordo com os seguintes critérios : sua utilidade, sua
propriedade, sua verossimilhança e sua consistência, para em seguida relacioná-las entre si e com o enredo. A análise individual de
cada personagem encontra-se na tabela abaixo:

PERSONAGENS CARACTERÍSTICAS
“Engole Cobra”, Eurico Árabe; protagonista da peça; pai de Margarida e irmão de Benona;
EURICÃO
personagem avarento.
oposição do profano frente ao religioso (Sto. Antônio); objeto de cobiça; representa a
PORCA
avareza de Euricão (um dos 7 pecados capitais).
santo casamenteiro, “achador” e popular; santo de devoção de Euricão; representação do sagrado e da
SANTO ANTÔNIO
fé.
“flor bucólica”; filha de Euricão (a filha é o patrimônio do pai); noiva de Dodó; personagem que
MARGARIDA
desencadeia dois pólos de interesse: material (Euricão) e sentimental (Eudoro e Dodó).
alusão à personagem de Plauto, Eunomia do grego EUNOMÍA “ordem bem regulada”; irmã de Euricão;
BENONA
ex-noiva de Eudoro; § representa os pudores e os recatos.
“árvore grande e forte”; empregada de Euricão; personagem que desenvolve toda a rede de intrigas que
CAROBA
envolve os casamentos.
PINHÃO “fruto rústico”; empregado de Eudoro; noivo de Caroba; representação da busca da liberdade.
“EÚDOROS”- composto por “eú”(bom,bem) e de “dôron” (o generoso); pai de Dodó; ex-noivo de
EUDORO
Benona e pretendente de Margarida; representação da burguesia.
redução do nome Eudoro (indica a submissão do filho ao pai); filho de Eudoro; noivo de Margarida.
DODÓ
A relação entre as personagens e o enredo está representada no esquema a seguir:

O conflito central do enredo é constituído pelas ações da personagem Euricão, que busca alcançar seu objetivo materializado na
porca, o que leva a envolver outras personagens na intriga. As três personagens femininas, Benona, Margarida e Caroba, estão
diretamente relacionadas ao protagonista, estabelecendo um vínculo de dependência afetiva e financeira. As demais personagens
masculinas se envolvem no enredo através destas personagens femininas, ou seja, estão indiretamente relacionadas à personagem
central, gerando os conflitos paralelos, ou fricções, que visam um outro objetivo: a realização amorosa pelo casamento.

Enredo
O material que o autor utiliza para inventar sua história denomina-se fábula. Fábula, na concepção latina, é uma narrativa de
caráter mítico. Aristóteles chama de fábula a reunião das ações, dos acontecimentos que estruturam uma obra. Portanto, a fábula é
o enredo, o material narrativo de que se origina o texto dramático.
Dentro do enredo, encontra-se a intriga e o léxico da intriga. A intriga é a seqüência dos acontecimentos. Ao dispor os fatos
numa determinada ordem, o autor revela gradativamente suas intenções. Inicialmente, foram analisados os conflitos em que se
encontram as personagens. O conflito central é aquele em que o(s) protagonista(s) depara(m)-se com um obstáculo, seja ele uma ou
mais personagens ou uma força abstrata, como o sistema social ou os valores da consciência. Na peça de Suassuna temos como
conflito central:
A avareza de Euricão; seu apego demasiado à porca e sua dedicação a ela como substituta da esposa que o
abandonou; seu medo de perdê-la; sua devoção a Santo Antônio como protetor de seu lar e de sua porca; colocação
da porca no socavão da escada; a retirada da porca do socavão para a sala e para a proteção de Santo Antônio; a
retirada da porca de casa, dos cuidados do santo para o cemitério, “onde tudo se perde e não se acha nada”; a
colocação da porca no socavão ao lado do túmulo da esposa; o roubo da porca (primeira perda); a devolução da
porca; a grande decepção (segunda e derradeira perda).
Em seguida, foram identificadas as engrenagens que compõem a mecânica da obra, o que chamamos de léxico da intriga.
São os recursos utilizados pelo autor para manter o interesse do leitor ou espectador até o fim do texto.
O primeiro componente da intriga a ser examinado é a exposição. Se a peça não se inicia com a exposição de informações
sobre as personagens e o assunto, ela se inicia de forma abrupta pelo diálogo das personagens.
Os nós formam o segundo princípio componente. Eles são os obstáculos que alteram a situação inicial. Em O Santo e a
Porca identificamos como os nós da intriga:
Os mal entendidos por parte de Euricão, que sempre se achava ameaçado de perder a sua porca, resultaram
de seus receios e desconfianças: com a intenção da carta de Eudoro; com sua empregada Caroba; com o interesse
de Eudoro em comprar a porca; com a porca assada do jantar; com a aproximação e o interesse de Pinhão na porca e
com o falso ladrão.
Outro componente fundamental é a peripécia. Cada peripécia representa uma mudança súbita da ação. Na obra de
Suassuna, são peripécias: “As várias mudanças de lugar da porca que desencadearam o roubo desta; a revelação do ladrão e a
devolução da porca.”
As fricções são os pequenos conflitos que interferem na intriga e enredam-se no conflito central. Por exemplo:
O casamento de Dodó e Margarida que tinha como obstáculo o medo do casal de que seus pais não
aceitassem o seu romance; o casamento de Eudoro e Benona, impedido no passado por um obstáculo moral; o
casamento de Pinhão e Caroba que tinha como obstáculo a falta de recursos financeiros.
E por último temos o desfecho, o ponto culminante do conflito, a derradeira peripécia após a qual a trama deve terminar.
“A revelação feita por Eudoro de que o tesouro contido na porca não tinha nenhum valor, culminando com a decepção de
Euricão.”
Toda esta análise da intriga pode ser ilustrada pelo seguinte esquema:
Prosseguindo com a análise do enredo, foi utilizado o modelo actancial para estudar as estruturas profundas que regem a
obra. Este modelo, criado pelo semanticista A. J. Greimas e adaptado ao campo teatral pela especialista Anne Ubersfeld, permite
analisar as forças interiores que coordenam a ação. Essas forças são representadas por flechas sendo que não precisam ser
necessariamente personagens, podendo ser também desejos ou emoções. Este esquema representa a sintaxe da ação dramática que
relaciona as personagens umas às outras através destes elementos invisíveis da ação.
No eixo principal, encontra-se o motor da obra, a relação entre o SUJEITO e o OBJETO da ação. A flecha representa a
busca, o desejo, a vontade: aquilo que os une. O objeto pode ser uma abstração (o poder, a segurança), mas representado por uma
personagem.
O segundo eixo é o eixo das forças antagônicas. O ADJUVANTE ajuda o sujeito a realizar sua busca e o OPONENTE tenta
impedir essa busca.
E o terceiro eixo é o das implicações ideológicas, das motivações. O DESTINADOR é aquilo que faz o sujeito agir e o
DESTINATÁRIO é aquilo a que o sujeito atribui sua busca.
Ao dispor os acontecimentos desta ou daquela maneira, o autor transmite a sua mensagem ao público, realiza o seu objetivo.
Esta mensagem se encontra na estrutura interna e abstrata da obra, que foi identificada através do modelo actancial.

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Espaço e Tempo
O próximo passo é a análise do espaço e do tempo para compreender onde e quando a ação se passa, identificar os lugares e
estabelecer uma cronologia.
Chama-se "palais à volonté" o lugar onde a ação se passa e que está intimamente ligado às demais estruturas do texto. Na
peça O Santo e a Porca, a ação se passa na sala da casa de Euricão, o que pode ser comprovado nas indicações cênicas. Estas
indicações devem ser confrontadas com o texto interpretado pelos atores, pois a linguagem está relacionada com a demarcação
espacial e ambas se unem pela ação dramática. No texto analisado, a casa do protagonista é vista por ele próprio como o seu
território, protegido pelo seu santo de devoção, e como sua fortaleza, onde ele guarda seus dois tesouros: a filha e a porca.
O "fora de cena", ou seja, o espaço que não se destina a ser representado no palco, também intervém no enredo, sendo
evocado ou relatado pelas personagens. O enredo é estruturado sobre a oposição entre o espaço idealizado ou metafórico e o espaço
real (palais à volonté). A estruturação dos espaços em O Santo e a Porca pode ser observada no esquema a seguir:

Os espaços utilizados por Suassuna estão relacionados aos de sua fonte inspiradora, a Aulularia de Plauto:

CASA DE EURICÃO / TEMPLO DE STO. ANTÔNIO = TEMPLO DE BONA FIDES


FESTA DE SÃO JOÃO = FESTA DE CERES
CEMITÉRIO = BOSQUE DE SILVANO
HOTEL DE DADÁ = MERCADO (FORUM)

O tempo intervém na ação de várias formas: estabelecendo uma cronologia que reconstitui o desenrolar dos acontecimentos;
fornecendo um tempo próprio para cada personagem; através de marcas temporais que aparecem no texto ou tomando uma
dimensão metafórica. O próprio diálogo das personagens fornece indicações que inscrevem a ação dentro de um tempo real e
juntamente com a divisão em atos (separados por intervalos), cenas e quadros (marcados pelas entradas e saídas das personagens)
compõem as principais marcações temporais no momento da representação. O tempo da ficção obedece à concepção clássica das
unidades e da verossimilhança. A ação se passa num período de 24 horas dividido entre os três atos da peça. O tempo da
representação é caracterizado pela continuidade.

Na peça de Ariano Suassuna, o tempo da representação é marcado da seguinte forma: PRIMEIRO ATO:

Tempo da espera por Eudoro (as ações se passam no período da manhã.) SEGUNDO ATO: Tempo da

espera pela entrevista (as ações se passam no período da tarde)

TERCEIRO ATO: Tempo das entrevistas e das revelações (as ações se passam no período da noite)
Estas marcações ficam muito claras nas falas das personagens. Concluí-se então que, na representação da peça, o fato da
"entrevista" é o marcador temporal que a divide em dois grandes momentos:

ANTES DA ENTREVISTA: clima de tensão, espera, expectativa que culminará na reconciliação dos casais Caroba e Pinhão,
Margarida e Dodó e Eudoro e Benona.

DEPOIS DA ENTREVISTA: reencontro de Dodó com seu pai Eudoro, os pedidos de casamento, a descoberta do segredo de
Euricão (a porca) e a sua decepção.

CONCLUSÃO
Através deste estudo pôde-se observar que as estruturas internas dos textos dramáticos revelam que a tradição literária se conserva
em obras contemporâneas, como foi verificado na peça do comediógrafo Ariano Suassuna.
Analisando as personagens, o enredo, o espaço e o tempo em O Santo e a Porca, foram detectados aspectos que demonstram
uma aproximação com a comédia latina de Plauto, como o próprio Suassuna admite no subtítulo de sua obra.
Sendo assim, o teatro clássico se renova na contemporaneidade. Um mesmo enredo se atualiza em novos cenários e novos
contextos culturais. Valores são retomados de tempos em tempos e colocados em foco pela literatura, sob novas perspectivas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Suassuna, Ariano. O Santo e a Porca. Rio de Janeiro : Olympio, 1974.
Plauto. “Aulularia”. Rio de Janeiro : Ediouro, [s.d.]. In: Comédia Latina.
RYNGAERT, Jean-Pierre. Introdução à análise do teatro. São Paulo : Martins Fontes 1996.
Brandão, Junito. Dicionário Mítico-Etimológico. Petrópolis : Vozes, V 1 1997.
Machado, José Pedro. Dicionário Etimológico de Língua Portuguesa. Lisbosa : Livros Horizonte,

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RESUMO
A peça conta a história de um velho avarento conhecido como Euricão Árabe. O protagonista é devoto de Santo Antônio e
guarda as economias de toda a vida numa porca de madeira. Ao receber uma carta de Eudoro dizendo que este iria lhe privar de seu
mais precioso tesouro, Euricão fica apreensivo achando que Eudoro irá pedir o dinheiro da porca. Caroba, a empregada da casa,
entende a situação: o tesouro à que ele se refere é Margarida, filha de Euricão. O fazendeiro deseja casar-se com ela.
Margarida namorava escondido Dodó, filho de Eudoro, Caroba aproveita a situação para arranjar um dinheiro e casar-se
com Pinhão, seu noivo. A empregada planeja casar Margarida com Dodó, e Benona, irmã de Euricão, com Eudoro, pois os dois
haviam sido noivos no passado. Primeiro ela inventa que Eudoro irá pedir a mão de Benona em casamento, depois se aproveita do
medo de Euricão de perder seu dinheiro e combina com ele uma comissão para ajudá-lo a tirar 20 contos de Eudoro.
Caroba esconde as meninas no quarto, tranca Dodó com Margarida e se disfarça para receber Eudoro como se fosse
Margarida. Depois se disfarça de Benona, faz com que Eudoro se apaixone novamente pela antiga noiva e o tranca no quarto com
ela.
Eurico resolve enterrar a porca no cemitério, mas quando levanta de madrugada para pegá-la não a encontra, Pinhão já havia
levado a porca para o quarto de Caroba. Ao passar pelo quarto de Margarida, vê a filha saindo de lá com Dodó. Como Dodó tenta
se explicar achando que Euricão está bravo por estarem juntos no quarto, ele começa a desconfiar de que o moço roubou sua porca
e começam a brigar.
Ao ouvirem a discussão, todos saem dos quartos. Pinhão pede dinheiro a Euricão para dizer onde está a porca. Quando a
recupera, percebe que o dinheiro guardado não vale mais. Os casais se acertam e Euricão termina sozinho com a porca e sem o
dinheiro, perguntando a Santo Antônio o que aconteceu.

CONTEXTO

Sobre o autor

Ariano Suassuna é dramaturgo, romancista e poeta. Defensor da cultura popular de nosso país, especialmente da cultura
Nordestina. Sua obra mais conhecida é “Auto da Compadecida”. O autor ocupa a cadeira número 32 na Academia Brasileira de
Letras, a cadeira tem como patrono Araújo Porto Alegre.

Importância do livro

A peça O Santo e a Porca representa a manifestação da cultura nordestina. É uma peça teatral dividida em três atos: apresentação
dos personagens, desenvolvimento e ápice. O tema gira em torno da avareza, pois o impasse se dá quando o protagonista pensa que
irá perder todo o dinheiro que guardava numa porca de madeira. Apesar de ser uma comédia, o texto promove uma reflexão sobre a
relação do ser humano com o mundo físico (representado pela porca) e o espiritual (representado por Santo Antônio).

Período Histórico

Lançada em 1957, a peça O Santo e a Porca foi inspirada em “Aulularia”, do autor romano Plauto. Ambientada, porém, no
Nordeste, acabou ficando bem diferente do original, escrito entre 194 e 191 a.C.

ANÁLISE

O Santo e a Porca é uma peça que, aparentemente, trata de um tema simples que é a avareza, em tom de humor por ser
uma comédia. Porém, através da singela história, podemos atentar para desdobramentos mais complexos, como a relação do
homem com o divino e com o mundo material.
O mundo material é simbolizado pela porca de madeira. Neste sentido, a avareza é o sentimento que representa o apego do
personagem Euricão aos bens materiais. A importância que dá à porca é tanta que, ao receber uma carta dizendo que seria tirado
seu mais valioso bem, ele pensa na porca e não em sua filha.
Apesar da avareza, Euricão é ligado ao mundo espiritual por ser devoto de Santo Antônio. Na peça, o santo, além de
casamenteiro, teria a função de proteger a fortuna do personagem. Ao ver que sua porca corre risco, ele chega a desacreditar no
santo. O personagem está sempre entre o divino e o material, o que remete aos conflitos barrocos, em que o homem estava sempre
dividido entre o mundo espiritual e o material.
A peça também contribui pra a reflexão e divulgação da cultura nordestina. Os personagens representam diferentes classes
sociais e existe uma critica a vida difícil no Nordeste. A personagem da empregada Caroba simboliza a classe social mais baixa da
população, que por não ter outras oportunidades, acaba tramando para se dar bem. Além disso, apresenta linguagem simples e
direta, chama a atenção do leitor por apresentar uma sequência de acontecimentos, o que mantém o interesse até o fim do texto.
O desejo descontrolado pela porca faz o personagem Euricão ter um triste fim, termina sem o dinheiro e sozinho. Já os
outros personagens formam casais e terminam felizes. Apesar da avareza, ao perceber que o dinheiro que guardou a vida toda não
vale mais nada, Euricão reflete e se pergunta em que estava errando: “Um golpe do
acaso abriu meus olhos (...). Que quer dizer isso, Santo Antônio? Será que só você tem a resposta?”. A peça termina com a
possibilidade do personagem aprender com tudo o que lhe aconteceu.

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Nome: _____________________________________________Curso/Turma: ____________ Data: 07/10/2022

Atividade
QUESTÃO 1
Relacione características e personagens de “O Santo e a Porca”, de Ariano Suassuna.

a) Eudoro
b) Benona
c) Maragarida
d) Dodó
e) Pinhão
f) Euricão
g) Caroba

( ) "Engole Cobra", Eurico Árabe; é o protagonista da peça; é pai de Margarida e irmão de Benona; personagem avarento.
( ) filha de Euricão (a filha é o patrimônio do pai, é noiva de Dodó; personagem que desencadeia dois pólos de interesse:
material (Euricão) e sentimental (Eudoro e Dodó).
( ) é irmã de Euricão, ex-noiva de Eudoro; representa os pudores e os recatos.
( ) Empregada de Euricão; é a personagem que desenvolve toda a rede de intrigas que envolve os casamentos. ( )
Empregado de Eudoro; é noivo de Caroba.
( ) Pai de Dodó; é ex-noivo de Benona e pretendente de Margarida.
( ) Redução do nome Eudoro ; é o filho de Eudoro; noivo de Margarida A

ordem das afirmativas é:

a) A,B,C,D,E,F,G b) C,F,G,B,E,D,A c) F,C,B,G,E,A,D d) B,C,F,D,C,A,E

QUESTÂO 2
No início de "O santo e a porca", de Ariano Suassuna, o protagonista Euricão recebe uma correspondência de Eudoro Vicente.
Considere as seguintes palavras da carta: "Mando na frente meu criado Pinhão, homem de toda confiança, para avisá-lo de minha
chegada aí, mas quero logo avisá-lo: pretendo privá-lo de seu mais precioso tesouro!".
Assinale a alternativa que interpreta corretamente os desdobramentos desse episódio.

a) Apresentado como homem de toda confiança, Pinhão decepcionou seu patrão ao envolver-se com Margarida, a filha de
Euricão.
b) A presença das personagens Pinhão e Caroba é estratégica para multiplicar as situações cômicas, mas não é decisiva para
a solução dos eventos representados.
c) A perda do tesouro guardado na porca denuncia as carências do sertão nordestino, pois o velho avarento não teria como recorrer
aos serviços de algum banco ou instituição financeira.
d) Euricão atribuiu sentido literal à expressão "seu mais precioso tesouro", empregada por Eudoro Vicente em sentido metafórico.

.O texto abaixo, um fragmento da peça O santo e a porca, de Ariano Suassuna, encenada primeiramente em
1957, serve de referência para a questão 3:

Entra EUDORO VICENTE. BENONA lança-lhe um olhar provocante e terno.


BENONA — Eudoro, meu irmão vem já. Com licença, malvado! (Sai.)
EUDORO — Que foi que houve aqui, meu Deus, para Benona me olhar assim. Que coisa esquisita!
CAROBA — Ah, e o senhor ainda não soube de nada não?
EUDORO — Não, o que foi que houve?
CAROBA — O que houve, Seu Eudoro, foi que o povo daqui está desconfiado de que o senhor veio noivar.
EUDORO — E por que estão pensando nisso?
CAROBA — O senhor mandou dizer na carta que ia roubar o tesouro de Seu Euricão e todo mundo está pensando
que isso quer dizer "casar com Dona Margarida".
EUDORO — Pois estão pensando certo, Caroba. Desde que Dodó saiu de casa para estudar, estou me sentindo
muito só. Simpatizei com a filha de Euricão e resolvi pedi-la, apesar da diferença de idade.
SUASSUNA, Ariano. O santo e a porca. 22. ed. São Paulo: José Olympio, 2010. p. 33

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QUESTÃO 3
Sobre Caroba e Dona Margarida, personagens femininas de O santo e a porca, pode-se afirmar que

(A) demonstram comportamento ativo, utilizando-se da esperteza como instrumento para a materialização de seus desejos.
(B) manifestam timidez, especialmente quando se encontram diante da presença masculina.
(C) representam toda a comunidade, valendo-se da sabedoria popular para denunciar as injustiças masculinas.
(D) utilizam o olhar para expressar, sobretudo, o que não podem falar, revelando passividade.

QUESTÃO 4
Leia abaixo o trecho de O santo e a porca, de Ariano Suassuna.

EURICÃO — Ai, gritaram ―Pega o ladrão!‖. Quem foi? Onde está? Pega, pega! Santo Antônio, Santo Antônio, que
diabo de proteção é essa? Ouvi gritar ―Pega o ladrão!‖. Ai, a porca, ai meu sangue, ai minha vida, ai minha
porquinha do coração! Levaram, roubaram! Ai, não, está lá, graças a Deus! Que terá havido, minha Nossa Senhora?
Terão desconfiado porque tirei a porca do lugar? Deve ter sido isso, desconfiaram e começaram a rondar para furtá-la!
É melhor deixá-la aqui mesmo, à vista de todos, assim ninguém lhe dará importância! Ou não? Que é que eu faço,
Santo Antônio? Deixo a porca lá, ou trago-a para aqui, sob sua proteção?
SUASSUNA, Ariano. O santo e a porca. 22. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010. p. 97.

Nessa passagem, a recorrência da interrogação é um recurso literário revelador da

(A) desconfiança da personagem em relação a Santo Antônio e a Nossa Senhora.


(B) perplexidade da personagem resultante da perda da proteção divina.
(C) angústia da personagem perante uma situação tragicômica.
(D) ironia da personagem mediante uma situação cômica.

QUESTÃO 5
Na peça cômica O santo e a porca, Ariano Suassuna produziu uma sagaz sátira sobre a mistura do sagrado e do profano na
cultura do sertanejo. Sobre Ariano Suassuna e sua visão acerca da história do Brasil, é CORRETO afirmar:

(A) A “porca” é, na verdade, um cofre cheio de dinheiro, representando um dos sete pecados capitais: a preguiça.
(B) O dinheiro escondido por Euricão Engole-Cobra não valia nada, pois como diz a peça “está todo recolhido”, o que evidencia
as diversas mudanças de moeda pelas quais passou o Brasil.
(C) O “santo” do título é uma referência ao beato Antonio Conselheiro, líder do Arraial de Canudos.
(D) A mistura entre sagrado e profano é visível no momento em que o protagonista da peça, Caroba, esconde dinheiro
dentro de um santo de pau-oco, como faziam os traficantes de ouro durante o auge da mineração.

QUESTÃO 6

Sobre a obra O Santo e a Porca, marque V para verdadeira e F para falsa.

( ) Um dos personagens, conhecido como“ Euricão Engole-Cobra”, é um turco avarento que é dono de muitas terras e
pretende se casar com Margarida.
( ) É uma comédia em três atos, cujo enredo se desenvolve por meio de uma série de equívocos orquestrada por um dos sete
personagens.
( ) A peça, que explora a cultura e os valores nordestinos do Brasil, trata da relação do mundo material com o espiritual,
ou seja, mistura o religioso e o profano.
( ) O texto divide-se em três partes: A terra, O homem e A luta.
( ) Euricão sacrificou toda a sua vida à porca, que representava a segurança, a vida tranquila, feliz e rotineira. A

sequência correta, de cima para baixo, é:

(A) V - V - F - F - V (B) F - F - V -V - F (C) F - V - V - F - V (D) V - F - V - F - F

QUESTÃO 7

“Ladrões, ladrões! Será que me roubaram? É preciso ver, é preciso vigiar! Vivem de olho no meu dinheiro,
Santo Antônio! Dinheiro conseguido duramente, dinheiro que juntei com os maiores sacrifícios...!” Esta é
uma passagem de O Santo e a Porca, uma obra de Ariano Suassuna, publicada em 1957

Com base na leitura de O Santo e a Porca, assinale os itens a seguir como verdadeiros (V) ou falsos (F). ( )

Trata-se de um romance que relata o dia-a-dia de uma família simples do Nordeste brasileiro.

6
( ) O referido texto é de caráter cômico e está centrado na questão da avareza apresentada por um de seus personagens,
o Euricão.
( ) Através dessa peça de teatro, Ariano Suassuna apresenta questões pertinentes à sociedade e à dramaturgia brasileira ao colocar
em cena um personagem que, apesar de avaro, valoriza sua família colocando-a acima de qualquer valor material.
( ) Todo sentido da vida de Euricão está centrado na porca de madeira e ele é ameaçado de perdê-la através de um
acontecimento inesperado: o casamento de sua filha Caroba.

A sequência correta é:

(A) V,V,V,V (B) V,F,F,F (C) F,V,F,F (D) V,F,V,V

QUESTÃO 8

PINHÃO – O lírio, ô lírio, ô lírio


ô lírio como é?
Bom almoço, boa janta,
boa ceia e bom café,
da roseira eu quero o galho,
do craveiro eu quero o pé.
Agora, é assim, Santo Antônio, meu velho, “bom almoço, boa janta, boa ceia e bom café”. Mas ali onde diz “da roseira
eu quero o galho, do craveiro eu quero o pé”, agora é assim: “da porquinha eu quero as tripas, quero pá, cabeça e
pé”. Sou o homem mais rico, do mundo, Santo Antônio, trate de me agradar de hoje em diante. Não há mais como um
dia atrás do outro e uma noite no meio. O velho Engole-Cobra, de tanto engolir cobra, terminou achando uma que o
engolisse. Ra, Ra! Plantou o roçadinho dele, mas quem arrancou o milho foi Pinhão.
(SUASSUNA, 2009, p. 121)

Faça uma leitura do texto acima, estabelecendo uma relação com todo o enredo da peça O Santo e a Porca, de Ariano
Suassuna, e assinale a alternativa que está INCORRETA.

(A) O personagem Euricão Engole-Cobra, após ter passado pela experiência da perda de seu tesouro, torna-se um homem
menos ganancioso, dividindo o seu dinheiro com todos.
(B) O personagem Pinhão, com alegria, canta a sua esperteza de ter conseguido roubar a porca de seu patrão.
(C) O texto apresenta, através da voz do personagem Pinhão, um diálogo com as composições populares e o texto bíblico.
(D) A fala de Pinhão a Santo Antônio reproduz ironicamente as distorções existentes entre os empregados e o patrão na sociedade.

QUESTÃO 9
Descrever o caráter dos personagens que aparecem em cena: Euricão, Eudoro e Caroba.

QUESTÃO 10
Ariano Suassuna é autor de uma obra numerosa, com reconhecimento nacional. Atendo-se exclusivamente ao texto O Santo e a
Porca, analise as afirmações abaixo e marque V para verdadeira e F para falsa.

( ) O Santo e a Porca é uma peça teatral, pertencente ao gênero dramático.


( ) O tema central do texto de Suassuna é a avareza, assunto que gerou, ao longo de nossa história ocidental, muitas obras,
sobretudo as de caráter cômico ou moral.
( ) Um efeito cômico relevante da obra de Ariano Suassuna é derivado do engano que consiste em se tomar uma coisa por outra,
como nas cenas em que as personagens interpretam equivocadamente uma determinada situação.
( ) O Santo e a Porca deixa aos leitores e espectadores a seguinte moral: quem se preocupa com dinheiro e não dá atenção aos
santos sempre termina a vida rico, mas sem poder usufruir da companhia dos outros.
( ) Ao final da peça, todas as personagens conseguem ser felizes com seus pares, exceto o protagonista, Euricão, que termina a
história sozinho, com a porca e a imagem de Santo Antônio, tentando compreender o sentido da existência.

A sequência correta é:

(A) V,F,F,V,V,V
(B) V,V,F,F,F
(C) V,V,V,F,V
(D) F,V,F,V,F

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