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-
 
Cf

O
r

O
G
L I l MBEM t

.»C
É o HOMEM PRODUTO DO  ACASO?
W Criswell

Refutoçõo bíblica à teoria do evolucionismo

I
.

O HOMEM NÃO SU SISTE POR SI MESMO

  C Morrison

Estudos visando d e m on
on s tr
tr a r a o s filósofos
a existência d e u m Se r superior .

EDiÇÕE
EDiÇÕES
S JER
JERP
P

   J E R P
 

M RV L ROS

Professor de P s i c o l o g i a da Rel i giã o no Seminário


T e o l ó g i c o B a t i s t a do Norte do Bra s

PSI OLOGI D R LlGI O

  edição
 9 9

E d i ç ã o da J u n t a de E d u c a ç ã o Rel i gio sa e P u b l i c a ç õ e s

da C onv
onven
ençã
ção
o B at
atis
ista
ta Brasileira

CASA PUBLICADORA BATISTA

Caix a P o s t a l 32 ZC  

Rio de Janeiro   RJ
 

Todos os direito
direitos
s reservados C
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daJUER
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P para a
língua portug
portugues
uesaa
_ 9
Ro s · p s l Rosa Me r va l

d ePsIcologia
Educação dBae U 2 edição R iUn
g i o u e PubUcações
reUgIão o d e J an
a n ei
e i ro
ro J u n t a
251p.
1. Psicologia d a BeUgIão I Título

CDD - 200.19

Capade <leccoDi Número d e código para pedidos: 28.201


J u n t a d e Educação BeUgiosa e Pu PubU
bUC
C ÇÕ
ÇÕeses d a
Convenção B at i s t a B ras i llei
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Caixa POB POBtal8
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20 - C E P :   ‫ס ס‬
R u a SUva Vale 78 - C a v a l c a n t e - C E P : 21.8 70
R io d e Janeiro R J BrasU

Impresso e m g ráft cas


cas p ró p ri
ri as
 

Este livro é car


carinho
inhosam
samente
ente de
dedi
dica
cado
do à minha pri-

mogêni
mogênita
ta AN
ANEO
EOII pel
pela
a pas
passage
sagem
m do seu décimo sétimo
anive
anivers
rsár
ário
io na
nata
talíc
lício
io

ecife de junho de  9 9
 

 OT O L TOR
Este livro não é um si st em a de psicologia da religião isto é
n ão te m por objetivo for mul ar uma t e or i a geral do c ompo r ta -

smag eenm
t o rqeuliagliqouso
er dloivrhoomheom
je ecodma tsolciepdraete
etdeensão
. ão
ns Aliáas ndoigssaosevedre seri
p aria
se sa-
prematuro pois  ind não temos uma teor i a geral do comp or t a-
mento humano ano de cará caráteterr cientifico incontestável. Temos algumas
t e nta
nta t i vas
vas louváveis mas mas nenh
nenhumumaa delas pode a r r o ga r s e o direito
de considerar se a ú n i ca i n t e r p r e t a ç ã o cor reta. O mesmo podemos

diezn
m erto dares lig
t eio
nsto
a t. i vSaãso deapfeonram
s utleaçnãt aot i vdaes teeorinenhum
as gerais pdoodecomporta-
conside-
r a r s e melhor do que as outras.

Cremos que no presente a melhor posição teórica é m nter


u m a a t i t u d e cr it i ca p r com todas essas teorias e prosseguir n

obse
bs
ra eo
raçã
çãorvaç
vadçeãovási
siste
ristemát
os mática
pesica
quisd
adoofreen
s ômeno
cada
cad a urelígíoso
m eststudaatndo
uda é oqude
nd e tcermi
det omina
er m nad
a dco
oo s
pe--
pecto da expeexperriê
iênc
nciia religiosa sej possível a formulação de teorias
gerais em bases cientificas mais sólidas que possam resi resist
stiir a exame
mais sério e con tr i bu ir p r a melhor compreensão desse impor-
t nte aspecto do c om portame nto huma no. Essa é a posição teórica

d
doescpornefsiean
mto
es t rdaeb aql huoa.lquCerrem
t eoosr i anogeral de croem
  ráter dupcoernt atemednato cq
iêunecin
a ãoe
sejj a b a s ea d a em observação empírica ou experimental.
se
Apesar do   ráter me
mera
rame
ment
ntee in
intr
trod
odut
utór
ório
io do pres
presen
ente
te tr
trab
abal
alho
ho
h á certos princípios que per me ía m este livro. Um deles po
por exem

 
7

plo é a c r e n ç a n a c a us a li d ad e do c o m por
por t a m e n t o religioso. teso
sig
signifi
nifica
ca que acred credit
itam
amosos se r o com
com po
port
rtam
amen
ento
to religioso apr pren
enddido
ido
como a p r e n d i d a é q ua lq u er outra f or
or ma
ma de c om
omp p ort
ort a m enentt o huma-
no. Mesmo a d m i t i n d o que a c a p ac i d a d e de c o m p o r t a r s e religiosa-
mente seja natural ao h omem o co n te úd o espe f o desse com-
portamento contudo é ap apre
rend
ndido
ido.. Dai po r que algu
algunsns são reiigiosos
e o ut ro s n ão o são.

o princípio da evolução e fu nc ion al ida de do c o m p o r t a m e n t o


religioso é outra a t i t u d e t e ó r i c a do p r e s e n t e volume. Com isso que-
remos dizer que a evolução e s p i r i t u a l do h o m e m obedece às mesmas
leis gerais da evolução das o u t r a s dimensões de s u a personalidade.
  sign
signif
ific
icaa ou
outtro
ross
ssim
im que o comp compor
ortatamement nto
o religioso cu
cump
mpre
re pro-
pósitos especíücos em di f e re n t es fases da evolução humana e t e m
cara
caract
cter
erís
ísti
tica
cass peculiares em cada um a delas.

Outra posição t e ó r i c a a q u i a s s u mi d a é o p r i nc i p io c rít ico se-


gundo o qual nenhuma teoria soci socioló
ológi
gica
ca antropológica ps psico
icolólógi
gica
ca
ou teológica deve se r aceita se m discussão ou se r tomada como
dogma. Acataremos as hipóteses plausíveís p o ré m as to m a re m o s
s e m p r e como i n s t r u m e n t o de t r a b a l h o e nunca como axiomas ou
verd
ve rdad
ades es óbvias e indiscutíveis.
O le i t or notará também a a u s ê n c i a de t om dogmático n a s afir-
mações do au auto
torr tal
talvez
vez para o con
con st
strr a ng
ngii m e n t o e decepção de mui-
tos.
convite aionvdées badtee aefiràmapçeõseqsuiscaa. teg
Ao
Aórriacazsão op rlienictiopra l de ss a posiçum
encontrará
ão
t e ó r ic a é que sabemos tão pouco a respeito do c o m p o r t a m e n t o r e -
ligioso que q ua l qu er outra atitude seria prematura e p or que
nã o dizer arr
arroga
ogante
nte..
Como livro didático que p r e ttee n d e ser o p r e s e n t e volume segue
as linhas g e r a i s de o b r a s congêneres. A repetição é parte do estilo
didático e o leleititor
or vai en
enco cont
ntra
rarr nes
neste
te trab
trabal
alho
ho tópicos repetidos se
bem que s e m p r e que possível com um tratamento um pouco di-
f ere nt e. Seguimos aqui a divisão t r a d i c i o n a l e a p r e s e n t a m o s c a p í -
tulos que or ordi
dina
naririam
amen
entete n ã o faltariam a u m t e x t o de i n t r o d u ç ã o

àvisa
psicchamar
ologia daa arteelingçiãão
o. doO l eciotnotreúpara
do deo cqaudea seumt e m seitso capítulos
desd so bre o
as
assu
sunt
ntoo aatra
través
vés de u m a exposição simples e acessível a todos.
O livro nã o t e m qu qual
alqu
quer
er pret
preten
ensã
são o de origi
rigin
nali
alida
dade
de.. Trata se
repetimos de obra in intr
trod
odut
utór
ória
ia e did
idáátic
tica cujo propósito é reunir
nu m só l uga r iin nformações g era is Sobre o tema de que se ocupa.
O autor procura d ar o devido cré dito a t o d a s as f on te s de onde
extt ra
ex ra i u informações. Muito do m a t er erii a l entretanto é r e s u l t a d o de
assimilação a t r a v é s de demorado c o n t a t o com vários au t or es o que
toma e x t r e m a m e n t e difícil a i d e n t i f i c a ç ã o a d e q u a d a de cada u m
deles. Tanto quanto poss[vel vel poré
rémm as afi afirm
rmaç
ações
ões s ã o documenta

 
8

das a t r a v é s de citações di r eta s ou ind ir et as os aut or es origina s


são indicados e suas uas obras mencionadas p r que os leitores possam
conferi r o pensamento or iginal com o que se diz no texto.
Quanto à bi bibl
blio
iogr
graf
afia
ia reconhec
hecemos que é pre predom
domina
inante
ntemenmente
te
inglesa. Deve se isso a u m a cir cunst ânci a peculiar: este livro foi
p l an e j ad o e quase todo escrito en q u an t o o a u t o r se e nc o n t r av a nos
Estados Unidos estestud
udanando do psicologfa. Além disso não se pode negar negar
que quase t o d a a l i t e r a t u r a existente nesse campo é de fato em
líng
lí ngua
ua inglesa. Esperamos entret entretant
anto
o quque em futura
futurass edições se
as houver possamos ampl amplia iarr essa bibl
bliiografi
afia es
este
tend
nden
endo
do a a ououtr
tras
as
literaturas.

Agora uma pala palavr


vraa de agradecimento. Na realidade somos de-
vedores a t nt s pessoas que se te tent
ntás
ásse
semo
moss menc
mencio ioná
ná las
las nomi
nomina
nal-
l-
ment
me ntee corr
orreríamos o rísco de omit
omitir
ir algumas. Assim sendo quere-
mos dizer que somos g r a t o s a todos que c on t r i b u í r am p r a r e al i -
zação desse t r aba l ho. De modo especial queremos menci onar 08
segtünte
segtüntess cred
credor
ores
es::
A direção da famosa biblioteca do  outhem Baptist Theo Theolo
logi
gica
call
Seminary
Semin ary em Loui
Louisv
svll
llle
le Kentucky
Kentucky U S. A A.. começando por seu di-
r et
et or
or o Dr. Crismon pelas i n úm er as atenções dispensadas du-
r nte a fase inicial de pesquisas.

Ao Seminário Teológico B a t i s t a do Norte do Brasil e a seus


alunos em p ar t i cu l a r pelo amb ie nt e acadêmico em que o conteúdo
deste livro foi t es t ad o e enriquecido pelas discussões em classe.

 
Ao colega José Almeida Gtümarães pela paci aciência de l er o m -
nusc
uscritrit o e tent r reduzir algumas de s u a s asperezas de estilo. S u a s
cr íti cas f o r a m de inestimável valor e os senões que a i n d a r e st e m
devem s e r atr íbutdos exclusivamente ao auto utor .
minh ram lia esposa e filhos pelo s a e r í n c í c das longas
h o r a s em que estive au se nt e do convívio famlllar. Sem o apoio i r r e s-
trito de minh fam1lia este livro não pode ria t e r sido escrito. A
todo
todoss portanto mul multo
to obri
obrigagado
do..

Fi nal
nal ment e desejamos agr adecer a qualquer leit or que t endo endo
u m a crítica. a fazer ao pr es en t e t r a b al h o escreva ao autor. Não
h j hesitação. Toda c r í t i c a h o n e s t a s e r á bem vi
vinda. Acataremos
com o mãxímo de interesse a p a l a v r a do l ei t o r que se der ao tr b -
lho de e s t u d a r crí ti cament e este livro e sobre ele se d i g n a r de e m i t i r
s u op
opin
iniião.
ão. Espe
Espera ramomoss s u cooper
peração nesse parti
particu
cular
lar..
 
 

 ONTEÚ O

Páginas
DEDICATóRIA.   •
  o • • • • • •
  • o
  o

5
NOTA AO LEITOR   o   o   o o •• o o o o • • 7

Capitulo I. PSIC
PSICOL
OLOG
OGIA
IA DA RELI
RELIGI
GIAO
AO::

Definição 15
o o • • • • • • • •

H1.stória . o   o • o • • • • • • • • • 19
Métodos o o....... 32
Sumário . o   o   o o o   o • • • • • • • • • • 38

Capitulo n. O FENÔMENO RE RELI


LIGI
GIOS
OSO:
O:
Defi
De fini
niçãçãoo de Re
Rellig
igiã
iãoo   o • • • • • • • • • • •   o 42
O r i g e m da. R elig ião 44
Expperi
Ex riêência
ia.. Religiosa. . o • • • • • • • • • • • • • • • •• •   o 49
comportamento Religioso 56
Interpretações P si co lóg ica s 57
A Teoria d e Freud 57
A Teoria. de Jung   o •• o o o • • • • • • • • • • • • • • • • • 63
A Teoria. d e Gordon A l lp o r t 66
A Teoria de Anton Bo1sen   68
Sumário o   o o 70

Capítulo III. EVOL


EVOLUÇ
UÇAO
AO DA EXPER
EXPERmNCIA
mNCIA RELIGI
RELIGIOSA
OSA::
A Rel1
Rel1gigião
ão d a Infância . . o • o   o o •• o • o o   o •• o • • 73
A Reli
Religgiã
iãoo d a Ad
Adol
oles
escê
cênc
ncia
ia e da Mocidade . . . o • o o • • 82

A R eligiã o do Adulto 94
A Reli
Religi
gião
ão d a Velhice 101
Sumário .. . . . . . . . . 103

Capi
Ca pitul
tulo
o IV. F t E DúVI
úVIDA:

A F é Religiosa 105
Niveis de crença 107
crença e Fé 108
Funções d a Fé 110
A Dúvida Religiosa 111
Suas Causas 115
Ateismo 115
Sumário 118

Capi
Capitu
tulo
lo V. CONVERSA0 RELIGIOSA:
Importância do A s s u n t o 120
Exem
Exempl
plos
os Clás icos de conversão Religiosa
lássicos 122
O A p ós t o l o P a u l o 124
John Bunyan 127
George Fo x 130
Ramakrishna 131
O Proc
Proces
esso
so d a Conversão Religiosa 134
F.atores d a Co
Conv
nver
ersã
são
o Reli
Religi
gios
osaa 135
T ipos de Convers
ersão Religios a 138
Sumário 141

Capi
Capitu
tulo
lo VI. MATURIDADE RELIGIOSA:

Definição 144
Teorias
Sigmund Freud 145
Carl Jung 145
Erich From·m 146
William James 148
Gordo
Go rdon
n Allp
Allpor
ortt   151
Viktor FrankI 151
  umário
154
Capitulo VII ORAÇ
ORAÇAO
AO E AOORAÇAO:

Oração   Cont
Conteú
eúdo
do Bási
Básico
co 157
Motivos d a Oração 160

T i poraçã
Adora
Ad os ção
deo   raçâo
Ele
Elemen
mentos
tos Básicos
  162
166
Sumário 177

Capitulo VIII. MISTIC


MISTICISM
ISMO
O RELIGI
RELIGIOS
OSO:
O:

Importância d a E x p e r i ê n c i a Mí
M ística 181
Tipos
Tip os de MISticismo Re Reli ligi
gios
osoo
MíBticLsmo de Ação 183
Mist
Mistic
icis
ismo
mo de Reaçã 184
Características d a E x p e r i ê n c i a Mí
Mí s t i c a 185

O MétodoPsicológicos
d a E x p er i ên c i a Mí st ica
119829
Fatores
Místic o
Exemplos d a E x p e r i ê n c i a M í s t i c a 197
Sumário 207
Capitulo IX. VOCAÇAO RELIGIOSA:
Sentido Bí
Bíbl
blic
icoo de Vocação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 210
Motivação para o MiniStério 212
Pessoas Influentes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 217
Sumário .. . . . . . . . 220

Capítulo X. RELI
RELIG
GIA
IAO
O E SAÚDE MENTAL:

Reli gião e Me di c i n a 223


Fatores Religiosos n a s D o e n ç a s Me
MeIiiais 224

Contri
Con
Re
Rel igtribui
ligi iãbuiçõe
o eções
s Esp
Espec
ecífi
íficas
Psicoterapiacas da Relig ião 2236
34
Sumário   . .. .. .. .. .. ... 242

BIBLIOGRAFIA GERAL 245


 
Capítulo I

PSI OLOG
OLOGII D REL
RELIGI
IGIÃO
ÃO

 efinição   istória   éto s   stu o

Definição

Psicologia da religião é o estudo do fenõmeno religioso do ponto


de vi sta psicológico ou seja a aplicação dos princípios e métodos
da psicologia ao estudo científico do comportamento religioso do
homem quer como indivíduo quer como membro de uma uma comuni
dade religiosa. Nessa definição compo
comportrtam
amen
ento
to religioso refe
refere
re
-se a qualquer ato ou at i t ud e individual ou coletiva pública ou
privada que t nh específica refer erêência
cia ao divino ou sobr
sobren
enat
atur
ural
al..
Obviamente esse divino ou s o b r e n a t u r a l é definido em termos da
fé pessoal de c a da indivíduo.

Psicologia da religião porta portant


ntoo n ão é nem a defesa n m a
condenação da religião. Não é tampouco o estudo de um credo ou
de d e t e r mi n ad a se i t a se bem que t l estudo s j possível e  t é
recomendável. Psicologia da religião é o estudo descritivo e t nto
quant
ant o possível ob
objetivo do fenõmeno religioso ond
onde quer que ele
ocorra.

Gostaríamos de s a l i e n t a r aqui duas implicações da definição


acim
acimaa suge
sugeri
rida
da..

 
 

Dissemos, em primeiro lugar , que psicologia da r ell gi l o • a apU


cação dos princípios e métodos da psicologia ao estudo cientlfico
do comportamento religioso do homem, quer como indivíduo, quer
como parte inte integr gran
ante
te de um grupo religioso. Reconhecemos que r e-
ligião, especialmente do ponto de vi s t a do seu estudo psicológico,
é algo essencialmente individual. Não podemos negar, e n t r e t a n t o ,
que essa experiência t i pi c ament e pessoal se expressa t am b é m cole
t i vamente no compo rt ament o do grupo religioso. Assim sendo, o
psicólogo da religião não se l i m i t a ao estudo dos fenômenos religio
sos e s t r i t a m e n t e pessoais, t a i s como a experiência mística, a con
versão ou a vocação, mas se i nt e r e ss a t a mb é m por aqueles aspectos
da experiência que se r ef let em no comport amento religioso de uma
coletividade, t a i s como um ato público de ador ação ou um a pere
grinação coletiva a um l u ga ga r sagr ado.

Dissemos, outrossim, que a psicologia da religião é o estudo


objetivo do fenômeno religioso, onde quer que ele ocorra. Não se
li
limi
mitta, cons
conseqü
eqüen ente
temementnte,
e, à d e t e r m i n a d a religião ou a u m a seita
par t icu lar . P o r t an t o , quando o psicólogo da religião e st u d a fenô
menos como a oração, a conversão religiosa ou o misticismo, tanto
q uant o possível, ele p r o c ur a apr e sen t á- l o s como experiências reli
giosas comuns a indivíduos das mais var i ad as crenças.

Convém s al i en t a r , e n t r e t a n t o , que, na maioria dos casos, o con


teúdo deste livro se aplica quase exclusivamente à descrição e
à ininte
terp
rpre
reta
taçã
ção o do fenômeno ta l como se observa no cristianismo,
e especialmente den tr o da t r a di ç ão p r o t e st an t e . Procurar emos de
mon st r ar , e n t r e t a n t o , que mesmo aqueles aspectos da experiência
religiosa que al alguguém ém suposuponh
nhaa exclusivos do cristianismo são comuns
à experiência religiosa de indivíduos de out out ras
ras religiões. Em outr
outras
as
palavras, a di nâmi ca da experiência religiosa tem aspectos un i ver 
sais e pode ser estu estuda dada da do ponto de vis vist a psicológico, i ndep
depen
ende
dent
ntee
me n t e de qualquer idéia s ect ár ia. Por exemplo, a di nâmica da expe
r iência religiosa da conversão, da oração ou do misticismo, para
ci
citt ar
ar apen as três aspectos impo import rtan
ante
tess da experiência religiosa, é

ensosebnucdiaislm
moeno
teu anomehsim
ndau, íqueor. se estude o renômeno no cris
sm cristi
tiani
anism
smo,
o,

Orlo Strunk Jr. define psicologia da religião como o ramo da


psicologia gergeral que tenta compreender, con
cont r ola
olar e predizer o com
p or t am ent o h u m a n o - tanto pr
prof
ofun
unda
dame
ment
ntee pessoal como periperifé
fé
rico - percebido pelo indivíduo como sendo religioso e susceptível
a um ou mais dos métodos da ciência psícológíea .

1. Orlo S : r u n k Jr. Religion: A Psychological Interpretation N e w York:


Abingdon P r e s s ( 19 6 2 ) , p. 20.

N o t a : N o texto acima 8 t r u n k u s a o adjetivo   p ro p ria te empr egado p o r


Gordon AIlport e definido como relativo a o pr opr i um: característico
d e u m p a d r ã o de comportamento e m q u e o individuo b us
us c
caa a ttii n
ngg ir
ir

 
16

C o m o se pod e notar a definiçãQ de Strunk tenta e n q u a d r a r a


psicologia da religião no escopo geral da psicologia exp er i men entt al ou
cíentíüca, Aliás, em 19 9 no Congresso Psicológico de Genebra, o
psicólogo M. Fl our nay suger iu que se considerasse a psicologia da
religião como autêntica e le leggitima
ima área de inve
investstig
igaç ão cíentíüea, o
ação
que vale dizer que o citado psicólogo advogou su a incl inclususão
ão como
parte da psicologia ci ent Í f i ca geral. Reconhecemos que a sim sim p átic
áticaa
posição de Flournay, de Strunk e de tantos qu a n t o s advogam a   -
clusão da psicologia da religião no campo da psicologia cient lf ica
r e p r e s e n t a um esforço louvável, mas no pr es ent e é a pe n a s um ideal.
A posição de W. H. Cl ark é m ai s r e al i s t a e e s t á mai s de acordo
com a dpor eqsueen taecosnittueacçeãoco. mEloeutorobsserrvam
trário
a oasc udraadpasm
iceonlot ge iaq, uae, psicolcon
 a o
og i a
da reli
eligião nunca des esfrfruutou
tou posição acad acadêm
êmic icaa respeitável. Ela per
à à
ten
tence paparc
rcia
ialm
lmen
ente
te religião e p arci
rci alm
alm en t e psicologia e fre
qüen
üente
teme
mennte se enco
encont
ntra
ra entre as duas.' Podemos dizer que esta
posição am bí g ua da psicologia da religião te m dificultado s u a i n 
clusão e re
reco
connhecim
ecimen
ento
to como área esp
espececia
iali
liza
zadada da psico
icologia cíen
tífica.
C l ark apre
aprese
senn ta três razões p or que a psicologia da religião
a i n d a n ã o desfruta status respei t ável no campo da psicologia c i en 
tífi
tífica
ca geral. Examinaminememoo-la
lass rapi
rapida
dame
ment
nte:
e:
A complexidade do co commpo
port
rtam
amen
ento
to relígíoso. Não h á dúvi da de
que o com comport rtam
amen
entto religioso é al
alta
tame
menn te complexo. No enenta
tann to
to,,
cremos que isso não é razão suficiente, porque, em mu l t a s o u t r a s
á re
reaa s i gual ment e complexas, a psicologia tem alcançado al t o nível
de des esen
envvolv
lvim
imeento e é hoje gran
grande
deme
ment
ntee re
resp
spei
eita
tada
da como disci
sciplin
inaa

os alvos de s e u prõprt o   e u e m evolução. s e m esper ar pelas cir


cunstâncias, m a s procurando ou criando a s condições favorâvels à
c on
o n se
s e cu
c u çã
çã o d e e s propósitos.  Vej a Engllsh   Engllsh. A C om pre.
ess sse
hensive Dictionary of Psychological a n d P s y c h o a n a l y t i c a l Terms,
N e w York: David McKay Company, Inc.  9 6 5 ) ,   â • 414.) Proprium,
n a linguagem de Allport, s iig g ni
ni ffii c a a qu
qu e
ell e
ess a sp
sp eec to s d a personali
c to

dade exclusivos e p e ecc ul arr e s d e cada Individuo e q u e f o r m a m s u a


ul i a
individualidade e l h e d ã o u n i d a d e Interior. P a r a melhor com pre
e n s ã o d e s s e s conceitos. v e r especialmente o livrinho de Allport.
Becoming: Basic C on
o n si
s i de
d e ra
r a ti
ti on
on s f o orr a Psychology of Personality,
N e w Haven: Yale University Press, 1955. E, p a r a u m a discussão da.
diferença teórica ent r e pessoa e personalidade, v e r o trabalho d e
Vanderveldt e Odenwald, Psiquiatria e Catolicismo, Lisboa: E,1ditorial
Aster, Ltda.  1962). pã.gs, 7-19. V e r também   Algumll4 Reflexões
sobre o Conceito Cristão de Pessoa , de P a u l L ou o u is
is L aan
nddss be rg , e m
b e rg
O Sentido d a Ação, Rio: E di
d i t o r a P a z e Terr a Ltda.  1968). p á g s.
7-19, e o trabalho de Josef Goldbrunner, Pastoral P er er so
so n
naa l:
l: P sisi c o
o
logia Profunda y Cur a de Almas, Madrid: Ediclones F a x (1962).
pâgs. 20-32.
2. W. H. Clark, T h e Psychology of Religion: An Introduction to Reli·
g iio
o us
us E x
xpp er
e r ie nc e a n d Behavior, N e w Y o r k : T h e MacMillan Company
ie nc

(1959). pAg. 5.
 
17

cien
enttífica.
ica. Mas h á c e r t a razão de ser n a afirmação de Clark, por
que é difícil ch eg ar a conclusões claras e específicas a respeito de
muitos aspectos do comportamento religioso. E o mistério que p a-
rece envolver a experiência religiosa e s p a n t a o cientista, que, via
de regra, e s t á mais i me di at am en te interessado no estudo de fenô
menos a respeito dos quais possa fazer generalizações que conduzam
a resultados mais objetivos e, sempre que possível, quantificáveis.

O u t r a razão a p r e s e n t a d a por Clark é a f a l t a de adequado t re in o


cien
cientí
tífi
fico
co por parte do erudito religioso. Via de regra, os indivíduos
que escrevem sobre psicologia da religião foram treina do s em se
minários onde rece receb beram excelente equipamen entto para especulações
teóricas, mas quase nada q u an to a métodos empíricos de observa
ção. Talvez s e j a essa uma das razões por que a gr an d e maioria
dos livros existentes no campo da psicologia da religião revelam a
t re
rem
m en
end d a influ ênc ia da te o ria f re reu
u d i an
anaa sobre seus autores.   que
a n a t u r e z a a lt a m e n t e especulativa da teoria de F r e u d parece fazer
ir
irre
resi
pre sist
preferstív
eível
fere elpec
esp
es ap
apel
ecuuelo
oções
la
laçõàesmte
en
ent
teó tecas
óri
rica ds o àerpuedniotosa reelighiuom
soi,ldqeueo,bsceorm
vaoçãdoisseem
mpoís,
rica. Cremos que esse é um dos maiores empecilhos à respeitabili
dade cient1fica da psicologia da religião. Quando lemos livros sobre
a psicologia da religião, n a g ra nde maio ria dos casos, temos a im
pressão de que seus auto res estão a p e n a s t e n t a n d o e n q u a d r a r a
experiência religiosa d entro de u m a das teorias psicológicas, espe
cialmente daquelas menos experimentais e mais especulatívas,
Freud, J u n g , Adler e otto Rank
ank figuram en
entr
tree os preferidos.

Desejamos deixar bem claro que não somos cocont


ntra
ra esses teóricos,
se bem que não concordemos com a m a i o r parte do que eles dizem,
por acharmos que lhes f a l t aé base empírica ou experimental. O que
real
realm menente te queremos dizer que, se a psicologia da religião vai
a l c a n ç a r a respeitabilidade que procura, deve ab ster-s e de compro
missos incondicionais com teorias e envolver-se decididamente no
estudo objetivo do fenômeno religioso, atr av és de métodos cien tí
ficos aceitos pela comunidade científica do mundo moderno. Ou,
como observa Goodenough: A tarefa da psicologia da religião não
é e n q u a d r a r a experiência religiosa nos escaninhos de F r e ud ou de
Jung, n as categorias da psicologia da forma, estímulo-resposta ou
qualquer o u t r a teoria, mas, sim, p ro c u ra r verificar o que os dados
da ex
exppeririên
ênci ciaa religiosa em si mesmos su
sug
gere
erem. 3
não Eamlcatneçro
ceuirao rleusgpaeri,taC
bilalirdkaddeizdequoeutarop
s sircaomloogsiadadapsriecloigloiãgoia aciinedna
tífica por causa de interesse eclesiástico ou por causa do natural
sen
se nti
tim
men
entto do indivíduo de que s ua ex expeperriên
iênciacia religiosa é algo ínti-
mo e privado. Muitos pe nsa m que a experiência religiosa é d ema -
3. E r w i n Rams del l Goodenough T he Psychology of Religious Experien·
ees New York: Basic Book Inc Publishers  1965), pâg X I

 
18

siadam
sia damententee sagrada para ser exposta ao estudo objetivo de um obser-
vador. Acham esses que o estudo objetivo da experiência religiosa
ser i a a p r o f an a ç ã o de algo e x t r e ma m e n t e sagrado. Julgamos des-
necessário dizer quão ridícula é e s t a at i tu de ma mas não podemos
n e g a r que ela existiu e a i n d a existe até mesmo e n t r e líderes re -
ligiosos de g r a n de i nf l uênci a no mundo moderno.
Voltemos agora àquela parte da definição de Strunk que deu
origem ao comentário acima. Se definirmos psicologia da religião
como o estudo científico do comp
omporta
ortame
ment
nto
o religioso do homem se-
gue se logicamente que ela pode e deve ser considerada um ramo
da psicologia geral qu rno é o estudo cíentínco do com-
quee por seu turno
portam
port amen
ento
to huma
humano
no.. Nesse mesmo sentido pode se dizer que apren-
dizagem perpercepç
epção etc. são ramos da psicologia geral. Logicamente
repe
repeti
timo
moss o est
estudo
udo pstcoiõsícc da experíêncía religiosa pert
perten
ence
ce ao
campo da psicologia cient1fica. Na realídade po poré
rém
m esse
esse estu
estudo
do
a i n d a é mais do teólogo que do psicólogo. Mesmo n as gr
gran
and
des uni-
uni-
versidades em que h á um depa depart
rtam
amen
ento
to de teologia psicologia da
religião é est udad a quando muito em cooperação com o depa
deparr tta-
a-
mento
nto de psicologia como função do teólogo e não do psicólogo.
Espera
Esperamo
moss porém
porém que
que em br brev
evee os comp
compên
êndi
dios
os de psic
psicol
olog
ogia
ia
comecem a considerar a psicologia da religião como um dos ramos
reconhe
nhecidos da psi
psicologiia cíentinca geral. Cremos que isso acon-
olog
tneocse rpároqcuesasnodso doas oebssteurdviaoçsãoos edm
o paísriscuanteo cfoom
reemçarmais a bu
em ems a r trm
e iénto
ad
dooss
mais precisos n a investigação do comportamento religioso do ho-
mem e das comunidades religiosas.

 istória d a Psicologia d a  eligião

À se
seme
melh
lhan
ança
ça da psicologia cie
cient
ntíífica
ica mode
oderna a psicologia da
religião tem su a s raízes históricas na filosofia ou n a ch cham
amadadaa psi-
cologia raraccio
iona
nall. Homens como Buda Só Sócrates Pl
Plat
atão
ão Jere
Jeremi
mias
as
Agos
Ag osti
tinh
nho
o Pascal
Pascal sã
são o exem
exempl
plos
os tlpícos de indivíduos que refl
reflet
etir
iram
am
sobre a vida i n t e r i o r e descreveram s u a s próprias observações. O
f r u t o da observação i ntrospect iva desses grandes vultos da huma-
n i d a d e c o ns t i t u i p
po
or assim dizer o primeiro esforço rumo ao e st u-
do psicológico da experiência religiosa.
A h i s t ó r i a da psicologia da religião e s t á t amb ém r el aci onada
com a c h a m a d a teologia filosófica. Os escritores dessa linha se
preocu
preo cupa
para
ram
m com exte extens
nsas
as discussões de teses como: monísmo ver-
sus dualismo; idealismo versus materialismo e empirismo.  l aqui
t amb ém que encontr amos o célebre debate   relação e n t r e o espí -
r i t o e a m a t é r i a. O dualismo i n t e rraacionista de Descartes o p a r a l e -
lismo psicofísico de Leibnitz e o psícomontsmo de Berkeley. que
s ur gi r a m ao tempo como solução do problema a i n d a hoje são dis-

cutidos e s ua infl uência se faz s e n t i r no mundo moderno.


19
 

No e n t a n t o , como observa Seward Hil tner, se nos ativer mos ao


aspecto pura
puramement ntee filosófico-especulativo da psicologia da religião,
correremos o risco de estar fazendo a p e r g u n t a e r r ad a . Na filosp
fia m e n t a l ou pspsícícol
olog
ogía
ía raéíon al, diz ele, poderíamos inqu
raéíonal, inquir
irir
ir sobre
abst
ab strraçõe
açõess que nada têm que ver com o homem de c a r n e e osso.
Na teologia filosófica, poderíamos env er ed ar pelo t e r r e n o de espe
culações metametafí físi
sica
cas,
s, de poucas conse nseqü
qüêências para a compreensão
emp
em pírica do fenômeno religioso. 4

Por razões didáticas, podemos dizer, com Wal t er H. Clark, que


a h i s t ó r i a da psicologia da religião, em s ua concepção mo
mode
dern
rna,
a, se
dese
de senv
nvololveveu u a partir de estudos teóricos dos fenômenos relacionados
com o comportamento religioso e de preocupações de ordem prát prátic
ica,
a,
t a l como se re fl e te m especialme nte nos g r a n d e s movimentos de
saúde ment
mental
al no mundo moderno. Seguiremos esse critério n a apre
senta
entaçã
ção
o deste breve esboço histórico.

Estudos Teóricos. No mundo moderno, uma uma das pr imeir


eir as e mais
expressivas te
tent
ntat
ativ
ivasas de compreensão psicológica do fenômeno r e-
ligioso é o t r a b a l h o i n t i t u l a d o A T r ea t i se Concerning Religious
Affections  1746 , da a u t o r i a do g r a n de pr eg ador Jonathan Edwards.

Jonathan Edwards  1703-1758 foi o p r eg ad or do G r a n d e Avi


vamento Religioso que, surg surgin
indo
do em Massachusetts, espa spalhou
hou-se por
vários estados da Nova I n g l a t e r r a , nos Estados Unidos da América
do Norte. No livro ac i ma citado, Edwards fez vár i as observações
válidas quan
quantoto à na
natt urez
urezaa da experiência religiosa. Essas observa
ções revelam o espírito intui tivo desse g r a n de pregador. Por exem
plo, ele not ou a dif er ença e n t r e a experiência relígíosa e sp ú r i a e a
experiência religiosa genu ína; e n t r e os elementos essenciais e os
elementos secundários ou supérfluos da experiência religiosa. R e-
velou t a mb é m p r o f u n d a compreensão do assunt o ao a f i r m a r , p o r
exemplo, que r aarr aame
mentntee o prob
probll ema
ema ap r esen t ad o pelo p aro qui ano a
seu p a s t o r é o real problema que o aflige. Em geral, diz ele, o
problema discutido é a pe n as um pr e t ex t o para i n i c i a r uma
uma relação
que t o r ne possível a comunicação do real problema que o pr eocupa
no momento.

Em 1799 apar eceu outr o livro que i r i a exercer considerável i n-


fluência no estudo da psicologia da religião. T r a t a - s e da o b r a de
Friedri
Friedrich
ch Schlei
Schleierm
ermach
acher
er  1768-1834 , tl be
ber die Religion: Reden an
die.
di
t í te.
ulGebild
Geb
o Oildete
n Reten
elingiunter eechesVteor aIcths-Cul
on: 8pihren t-C
e rult
n t eT rerdadD
red uzeisdpaiseerm
s). inN gelêssse sloivbroo,
Schleiermacher reage c ont ont r a a i n t e r p r e t a ção
ção i n t e l ec t u al i s t a da n a -
t ur eza da religião e e st ud a a experiência religiosa p a r t i c u l a r m e n t e
do pont o de vi st a do s ent i men to . C o n t r a o intelectualismo   omí
4. Seward Híltner, OI T h e Paychologfca.l Understandlng of Rellgious , Crozer
Quaterly, Vol. X X I V , N9 1  j a n . , 1947), p â g a , 3 - 36.

20
 

nante do tempo, SChlelermacher a r g u m e n t a que a essência da r e-


llglãonão é ne m o raci racioc
ocín
ínio
io ne m a ação, mas, sim, a Intuição e o
sentimento. Para ele, a ex expe
peri
riên
ênci
ciaa religiosa co
con
nsiste es
esse
senc
ncia
ialm
lmen
ente
te
do s e n t i m e n t o de ab soluta dependência de Deus n a vida hu huma
mana
na..
Essa tese, como veremos, foi explorada com o u t ra s intenções por
F r eu
eudd e a lgu n s dos seus seguidores.
Ao ap
apre
ress en
entt ar a religião como autoeonseíêneía im ed
edii a t a e como
sent
se ntim
imen
ento
to de ab abso
solu
luta
ta dep
epen
end ênccia, scníeiermecner sugere, diz
dên
Rich ard Niebuhr, pelo menos qu quat
atro
ro aspectos do problema que exi
gem menção especial.

Em primeiro lugar, o uso do termo autoconsciência sugere que,


para Schleiermacher, a religião tem que ver com a m a n e i r a como
o eu
e u ssee a p r e s e n t a a si mesmo. Religião n ã o é m e r a especulação
intelectual.
  segundo lugar, esse eu p resente a si mesmo nesse modo

deenti
id
idenctida
odade
nsde
ciênor
ciaigin
orig, inal
isal,
to, néão
, n aqueaxlipfeicriaêdnociaouredliegtieorsm
a,inéadoo peour eenmergsíuaas
e objetos específicos existentes no seu próprio universo.
  terceiro lugar, a frase absoluta dependência sugere que
o e u que assim se percebe <isto é, como absolutamente depen
dente> n ã o se a p r e s e n t a a si mesmo como objeto de s ua própria
vontade, mas em virtude de uma causalidade que não pode s e r r e -
duzida aos termos de qualquer conceito específico. O s e n tim e n to
religioso, p o rta nt o, não é derivado de qualquer concepção prévia,
mas é a expressao original de uma relação existencial imediata.
Nota-se, finalmente, que, no conceito de Schleiermacher, reli

g
diêãnocin
a ãdoe éum
proPpordiearmm
enatieorudmoa qiudeéioa, pm
róapsrioo hsoem
n teim
m.e5n to de depen
Em meados do século XVIII Da Davvid Humumee <1711-1776 publicou o
livro The N a t u r a l History of Religion, em que advogou a tese de
que a religião tem s u a s origens no se n t im en t o de medo e ao mesmo
tempo no se n ti me n t o de esperança, evocados pelo conflito en entr
tree as
necessidades do homem primitivo e as forças hostis da n atu atu r ez
ezaa que
o rodeia. Essa tese de Hume tem sido a pre se nta da , a t ra v é s dos anos,
em diferentes roupagens e com ma ior ou menor g r a u de aceitação.
Deixando agora os estudos teóricos das filósofos e dos teólogos,
vamos e n co n tra r, no fim do século XIX, um psicólogo preocupado

coanle
St m ley
Stan pryobHleam
ll a<1844-1924
s de psicol.ogEm
ia da1881
relig
Hiaãlol. cEsseeçp
om osuicaóloegs tou d
é aG
r raanvc1
olnle
versão religiosa em conexão com o problema ce cenn tral
tral da adolescência
- o problema da identidad e de c a d a indivíduo - e chegou à con
clusão de que a conversão religiosa é um fenômeno típico da ado-
5. R l e h a r d Nlebuhr Schleiermacher on Christ an d R e l i g i o n : A New l n -
troduction or k : C h a r J e s S::r1bner s S o n s (1964), pAgs. 182, 184.
N e w Y or

leseêneía. Argumentou ele que o crescente interesse n religião


e s tá in ti ma m e nt e associado com a adolescência como fase do a m maa 
durecimento sexual e da ímpressíonabílídade geral do ser humano.
Em extensas pesquisas en entr
tree adolescentes de várias denominações
Hall descobriu que a média da idade da conversão é dezesseis anos
e que h á  ers t r eH
ligiosa. i taallcopo
rrerta
laaçnt
port ãoo e nat rceonovaem
nto rsãoor sreexliugaiol sea atem
contona
venal
to rsãlo
idardee
ida
sexual ou pelo menos se relaciona com o amadurecimento sexual
da pessoa.

A plausibilldade dessa tese se baseia no fato de que é a p rtir


dessa fase do amadurecimento do ser huma no que ele se torn capaz
de incluir o outro no seu s iste ma de valores e em s ua s relações
com o universo. Este assunto s e r á mais a mpla mente discutido no
capí
pítu
tulo
lo sobre a conversão religiosa.

o primeiro livro intitulado Psicologia da Religião foi publica


do por Edwin Diller Starbuck eem m   899 Essa obra marcou época e
pode s e r considerada o ponto inicial do estudo sistemático da psico
logia da religião no sentido moderno do termo.

Ao tempo de Starbuck o t e m a c e n t r a l de interesse nos estudos


psicológicos do fenômeno religioso era a conversão. A s e me lha nça
de Stanley Hall ccoom quem t r a ba l ho u mais t a r d e n universidade
Clark ele advogou que a conversão religiosa é fe fenô
nôme
meno
no pr
pred
edom
omi
i
nantemente
nanteme nte ad
adol
oleesc
sceent
ntee.

Sabe-se po
porr exemplo que a adolescência é o perlodo em que
o homem proc ur a e define s u próp
ópri
riaa identidade. A conversão
portanto fa
portanto faz-z-se
se nec
necess
essári
áriaa qu
quan
ando
do p r usar a linguagem de K a r e n
Horney o eu ideal é c ont ra s ta do com o eu real e o c ontr as te
se torn chocantemente vívido. Por essa e ou tr a s razões a tese de
Hall e S ta r buc k é essencialmente correta.  st não quer dizer que
só h j coconv
nverersã
são
o reli
religi
gios
osaa n ad adol
oles
escê
cênc
ncia
ia m
mas
as si
sim
m q
que
ue es
esse
se fe
fe
nômeno favorece a ocorrência da conversão religiosa sendo que
mesmo quando ela se dá fora dessa faixa e tá ria a experiência re
ligiosa da conversão tem as características do problema c en
entr
tral
al des
sa fase da evolução do homem.

Segu
Segund
ndo
o St
Starb
arbuc
uck
k h ã três tipos básicos de conversão religiosa
a saber a conversão volitiva a conversão ne gativa ou m e r a s ub 
missão e a conversão gradual. Seu estudo revela ta mbé m que a
vida religiosa daqueles que tiveram uma experiência de conversão
n adolescência não difere fu fund
ndam
ameent
ntaalm
lmen
ente
te da vida religiosa da
queles cuja conversão se deu pelo processo gradual. O que r e a l 
ment
ntee im
impo
port
rtaa é a experiência de conversão. Como esesta
ta conversão
se deu - momentâ nea ou gr a dual - é or di na ri a me nt e de pouca
conseqüência es esp
pecialmente no caso de indivíduos comuns.

22
 

A contribuição de S tarb uck não se limita ao estudo e compreen


são da conversão religiosa. Seu estudo lançou luzes também sobre a
compreensão do desenvolvimento relig ligioso do homem
em.. A experiência
religiosa está s u j ei t a ao processo evolutivo, do mesmo modo que
as demais fases da vida humana. Na criança, por exemplo, S t a r 
buek notou quatro fases de evolução religiosa. A princípio, existe
apenas uma atitu de de conformação ao meio religioso em que a
criança. vive. Essa fase de mera eonrormaçâo é seguida de o u t r a
em que começa a existir uma relação de intimidade com Deus. liI
o caso, por exemplo, de uma das minhas filhas, ent ão com cinco
anos de idade, que me perguntou qual o número do telefone de
Jesu
Jesuss Cr
Cris
isto
to..   r mim, isso revela a realidade de Jesus Cristo e a
intimidade pessoal com o Salvador. Na ter ceira fase, quando a evo
lução religiosa da crian ça é normal, o medo desaparece, dando lu luga
garr
ao amor e à confiança em Deus. Finalmente, vem a fase em que
a cr ian ça começa a distinguir e n t r e o certo e o errado, em o ut r as
palavras, o desenvolvimento de uma consciência moral começa a
manifestar-se.
Na adolescência, as idéias religiosas apaprren
end
did
idas
as n in
infâ
fân
ncia
cia se
esclarecem e se definem melhor n mente da pessoa. As idéias a
respeito de Deus e das obrigações morais do homem tomam nova
forma e significação. Deus t o m a - s e o t e ma central, e os valores
da vida têm primazia n aass preocupações do adolescente.
Na vida adulta, a idéia de mortalidade pessoal t or na- se a n o t a
tônica da vida religiosa do homem. E, na proporção em que a vida
interior se enriquece e amplia, o homem vai-se apegando aos ele
mentos essenciais da religião e abandonando os supérfluos. A esse

afaptroe,seSnhteardro
Ulncoh am
ama
capaítudleo psroobcreesso
o daemsaidmuprelicfiim
caeçnãtoo draelivgiidoas,o qduae p
s erá
er
esá
soa ad adul
ultata..
Podemos dizer, sem medo de er rar , que a maior contribuição
de S tar buck para
para o estudo psicológico do fenômeno religioso é su
su
terseeendseãocad
p uesalqiu
deadae deo
xpceorm
iênpcoiratam
amen
reento
ligto
iosraelidgoioshoo, mbeem
m eco
stm
á osu j e i tcom
a b
leis da evolução.
A obra de S tarbuck tem sido criticada de vários ângulos. Alguns
acham, com c e r t a razão, que ele se preocupou demais com a con
versão religiosa, como se fosse a única forma de comportamento
religioso que ininte
tere
ress
ssaa ao psicólogo. Outros dizem que sua am amos
ostr
traa
não era bem representativa da realidade religiosa que procurou es
tu
tuda
dar,
r, isto é, esses críticos questionam a validade est
stat
atís
ísti
ticca da pes
quisa de Starbuck. A crítica mais forte que se pode fazer a Starbuck,
entretanto, é que ele sugere que a adolescência, to mad a como fe
nômeno
nômen o ps
psic
icol
ológ
ógic
ico,
o, é a causa da conversão religiosa.  l ób óbvi
vio
o que
que
ele ignorou os fatores sociais e culturais que influenciam a conver-

 
 

são relígtosa, nã o só n a adolescêncía, mas em qu al qu er Idade.


Ou t r o s s i m. o que é v erdad e n a adolescêncía no
nort
rte-
e-am
amer
eric
ican
ana,
a, no
que t a n g e à conversão relígtosa, nã o o será ne
nececess
ssar
aria
iame
mentntee no
Brasil ou em o u t r a s partes do m undo.

Outra obra píoneíra do e s t u d o da psíeología da relígíão é a de


George Albert Coe - Th e S p i r i t u a l Life - pu b li c ad a em 1900. Nesse
t r a b a l h o , Coe a p r e ssee n t a o res ult ado de s u a s Investigações em v á r i a s
á r eeaa s do c o m po r t am e n t o reüg reügío
íoso
so,, ínc
íncluí ndo o d e s p e r t a m e n t o r e l i 
luíndo
gioso, a conversão, a cura m il ag ro sa e o significado da espírítualí
dade, O m é r i t o por excelência dessa obra consiste no seu mét odo
de pesquisa. O autor usa um a l i s t a de p e r g u n t a s s e m e l h a n t e s às
té cni cas p r o je t i va s modernas. Além das res pos tas ao questíonárío,
ele tentou verifIcar a validade das respostas por melo de e n t r e v i s 
ta s de amigos daqueles que r e s p o n d e r a m às pe perg rgun
unta
tas.
s. Além disso,
ele usou o método hípnótíco como I n s t r u m e n t o de pesquisa para
estudar a corr orrel
elaação
ção entre sugestionabllldade e a conversão religio
s a dramática ESSe rot, talvez, o prímeíro esforço de es estt uda
udarr e xp eri 
m e n t a l m e n t e cer to aspecto do c o m p o r t a m e n t o relígíoso. Segundo
Coe, existe, de fato, correlação entre sugestíonabílídade e a forma
dramátíea de con convers
versão
ão religIosa.
A pr eocup ação e m p ír t c a de George Coe se revela t a m b é m no
seu livro Th e Psychology   Religion, publ public
icad
ado
o em 1916. Nessa obra
obra,,
Coe preo
preocu
cup
pa-se
a-se com vários aspectos da psícología da rel religIão.   ntre
eles, trata o autor das origens da IdéIa de Deus, bem como da conver
são,
são, des
descob
cobert
ertaa re
reli
ligi
gios
osa,
a, místícísmo, ídéía de Imorta
Imortalid
lidade
ade,, oração, etc.
  ntre os píoneíros no c a mp o da psíeología da relígíâo, entre-

tanto,
Th e Varieties  se R
nenhum nota
no
eltabl
igblll
iollzo
uszouu tanto
Expe
Ex peri
rien como19W
ence
ce 02l)l,llaaínda
m Ja
Jame
mes.
é s.
o livro obra,
Su a
mais
famoso no campo da psícología da rellglão. Essa o b r a é o r es ul t ad o
das Preleções Gifford apr apr ese
esent
ntad
adas
as n a Un
Uniiversidade de Edim dimbur
urgo
go
<1901 1902 . A pr e oc upa ç ão de J a m e s, nesse lívro, são os casos
extt r a ord
ex ord i ná
nárr i o s de ex
exper
períen
íencía
cía re
relí
lígí
gíosa. Através de documentos
osa.
pessoai
oais, pro
procur
curou
ou estudar a e xper íênc ía relígíosa daqueles para
quem re relí
lígí
gíâo
âo existe nã o como há
hábI
bIto
to rotín
otíneí
eíro
ro,, ma s como um a fe
bre aguda .
Nesse livro, revela-se t a m b é m o espírito altamente pragmático
de Wllliam J a m e s . Assim sendo, o valor da experIêncIa religIosa
nã o é medido po r s u a ver
erac
acIIdad
da
Jadm
e eosu, op oqrues u ar e afals
falsId
eIdad
nade
t e e,I mmpaosr t a é o
antes
por s u a funcIonalidade. Para lm
que esta experíêncía sígnífíca para o Indivíduo, os f ru t o s que ela
produz em s u a vida.

Os capítulos sobre a conversão religiosa e o místíeísmo religIo

ssítícação
o fi
figu
gurram
da entre os em
relígíão m a iduas
s I m pcoartteagnot erisa sda- oabrada dem eJn
amt eesadía
s . Suae eal adsa

 
24

men t e do en t i a - é das mais f r u t l f er a s no estudo da psicologia da re


ligião e ai
aind
ndaa hoje exerce considerável influência nesse campo espe
cializado.
A o b r a de William J a m e s s e r á c on st a nt emen t e c i t a d a a t r avé s
do pr esentente livro.
outro pioneiro no campo da psicologia da religião é J a m e s
Bisset t P r l t t t . Em 1907 ele publicou The Psychology 01 Rellgious
Beliel, em que discute a n a t u r e z a da crença religiosa não só nas
c h a ma d a s religiões superiores, como t ambém e ntr
ntr e os povos pr i mi 
teivvoolsu. tivU
omdadocsr eansçpaecrteolsigim
osaai,s ai nct eorm
e sesçaanr t edsa diensfsâancoib
ar, a atérav
oesessatu
nddoo
a j uvent ude e indo a té a velhice.

  ratt chegou à concl


onclus
usão
ão,, contrária à opinião vulgar, de que a
cr en ça religiosa não se basei a em mero interesse pessoal, se for dado
dado
à p a l a vra
vra interesse um sentido de fruiÇão ou de busca de benefícios
imediatos. A mai ori a das pessoas que poderiam ser consideradas
emocionalmente amadurecidas busca a Deus não porque espere re -
ceber dele alguma recompensa, mas pelo p r a z er da ca mar a dag em
com ele. Segundo   ratt isso é verdade especialmente n a prática
da oração. O cr ent e espir it ual ment e maduro ora não para receber
para
u
ammaadudráedcievm
a,osmaesspir itualcm omenutne,ganroscsoam oD
raeçuãso. N
vaai ppreorpdoernçdãoo seem
u qcua-e
ráter u t i l i t a r i s t a e se torna c a da vez mais um processo de í n t i m a
comunhão com o Criador.

Em 1920, ele escreveu The Rellgious Consciousness, que, se segu


gun
n
do Clark, é o livro mais i m p o r t a nt e nesse campo, depois d e T h e
Varieties 01 Religious Experience, de William James. Um dos feitios
mais i nt er es sant es da o b r a de   ratt é que sendo ele mesmo um
homem profun
profundam dament entee religioso, escreveu sobre as
assu
suntntos
os de s ua pró
pria experiência religiosa. Outro aspecto impo import
rtan
antt e de s ua obra é
que t e n t o u e s t u d a r o fenômeno religioso fora de seu próprio am
biente cultural. Assim é que fez pesquisas e estudou aspectos da
religião da fndía. Os cinco capítulos sobre misticismo e a dif er ença
estabelecida e ntr ntr e adoração objetiva e adoração subj eti va fi gur am
como grgranandedess contribuições para o estudo psicológico do fenômeno
religioso.

Sob a i nf luência de Comte, Walter Rauschenbush, e sobretudo


do   óso o Har al d Hõffding, Edward Scribner Ames escreveu The
Psychology of Religious ExExpe
peri
rien
ence
ce  1910 . Ba
Basseado
eado espe
especi
cial
alme
ment
ntee
em dados antropológicos, Ames defendeu a tese de que religião é o
esforço do homem para co cons
nseervar
rvar seus valores sociais. Assim sendo,
para Ames, a idéia de Deus, por exemplo, é um símbolo ou obj e t i 
vação dos valores sociais elaborados pelo homem no decurso de s ua
evol
evoluç
ução
ão soci
social
al..

 
 

Ao c o n t r á r i o da tese de Ames, D u r k h e i m e outros, que vêem n a


religião um fenomeno t i pi picc a m e n t e social, George Malcolm Stratton
defen deu a tese de que a religião tem s u a origem no conflito inte-
r io r que ocorre d e n t r o de c a d a indivíduo. Em seu livro Th e Psycho
logy   Religious Lile 1911), Stratton a p rree se se n
ntt a a experiência re -
ligiosa b a s i c a m e n t e como algo que r e s u l t a de emoções e motivações
conflitivas d e n t ro ro do índívíduo. Ou, no dizer de Stolz, a tese de
Stratton é que a c a r a c t e r í s t i c a c e n t r a l da religião é t e n s ã o i n t e r I o r
causada po r forças antitéticas . 6 Podemos dizer, p o r t a n t o , que
Stratton se a n t e c i p o u aos a u t o r e s de t e o r i a s psicológicas m o d e r n a s
que p r e t e n d e m ex plic ar o fenômeno religioso como dec orrência de
conflitos i n t er i o r es no homem. Algumas dessas te o ri as s e r ã o apre-
s en
en ta
ta d
daa s m a i s t a r d e .

O u tr o t r a b a l h o de certa Influência n a h i s t ó r i a da psicologia da


religião é o de James H. Leuba, A Psychological St Stu
u d y   Religion
 1912 . No t r a b a l h o de Leuba, n o t a m - s e du a s t e n d ê n c i a s : a huma-
n i s t a , segundo a qual ele afirma que a i d é i a de Deus nada. m a i s é
do que um p r o d u t o da i m ag i n a ç ão c r i a d o r a do h o m e m ; e a natura-
lista, segundo a qual ele tentou ex expl
plic
icarar fenô
fenômmen
enos
os religiosos, mos
trando a si simi
mila
larI
rIda
dade
de entre o r e l a t o da experiência m í s t i ca e o r e -
l a t o v erb al de indivíduos sob o efeito de d e t e r m i n a d a s drogas.

Não se pode traçar a h i s t ó r i a da psicologia da religião, sem


m e n c i o n a r a contr ibuição t eó ric a de SIgmund F reud .

Entre os mu i t o s t r a b a l h o s de F r e u d, em que ele dá a s u a i n te


te r -
pretaç
pret açãã o dos fenômenos religiosos, sal sal ien
ientt am
am - se
se dois: To
Tott em
em e Ta Tabu
bu
e O Futuro de u m a n u s ã o . No prí meí ro ensaio, ele tenta explicar
psicologicamente o c o m p o r t a m e n t o do h o m e m primitivo e c h e g a à
conclusão de que h á re rela
laçã
çãoo de si
simi
mila
laririda
dade
de entre as p r á t i c a s re l i 
gIosas do h o m e m primItivo e as v á r i a s formas de n euro se do h o -
mem moderno. Em O Futuro de um a n u s ã o , ele def ende a tese de
que religião é um a ilusão, nã o ne nece
cess
ssaariam
riamenentete porque sej a erra
errada
da,,
ma s p or qu e leva o h o m e m a e v i t a r a dura r e a l i d a d e de suas pró
p r i a s limitações h u m a n a s . A conclusão g er a l a que Freud chegou
é que religIão é uma espécie de neurose obsessiva coletiva, caracte-
rizada pela f u g a da realidade, e que r e p r e s e n t a nada m a i s do que
a p ro j eç ã o de n o s sa i m a g e m paterna da qual dependemos para
nOSSa segur
segurança
ança emociocional.

Um estudo m a i s detido da tese f re u d i an a , no que r e s p e i t a à


religião, revela que ele se pr
pro
o n u n c i o u a respeito de temas multo além
além
de s u a co
commpe
pettêncI
êncIaa e, cons
conseq
eqüeüentntememenente
te,, fez va
vast
stas
as generalizações,
sem qualqu er validade cientlflca, visto que tais generalizações n ão
são ba
base
sead
adas
as em fatos observados. Su a posição teór teóric
ica,
a, po
poré
rém,
m, será

6. K a r l Stolz. T h e Psychology of R el
el ig
ig io
i o us
us L iv
iv in
in g N
Naashv
vll l lle
e: Ablngd<>n
- Cakesbury P r e s s  1937). Jlâg. 132.

 
 

discutida mais ad ia nte, quando falarmos sobre as interp retações


palco
alcoló
lógi
gica
cass do fe
fen
nõm
õmen
eno
o re
reli
lig
gio
ioso
so..
Outro teórico que não podemos ig n ora r é Carl Gustav J u n g
  875-1961). A obra de Ju n g , no que se refere à reli
religi
gião
ão,, carac
caracteriZ
teriZa
a
-se pnunca
mas or c e r tdaeixamoubibgeüm
idacl
deara
. aEssua
clar crevve
eurdad
verd ameira
adei pra
la minte
eterp
in ntrpre
e reta
sotaçã
brção
e oo daossfuenntôo,
meno rel1 10s0. Em certos lugares, parece muito simpático co;; noutros,
parece a p r e s e n t a r uma a titu d e b a s t a n t e hostil ou, pelo menos, ve
lad
adam
ameen te hostil. Ao leitor interessado, recomendaríamos a leit leitururaa
pelo menos de Psicologia e Religião, tr trad
aduz uzid
idaa por Fa
Fauusto
sto Gu
Guiimarãe
arãess
e publicada por Z a h a r Editores, Rio  965).
Na impossib1l1dade de a p r e s e n t a r todas as obras que de certo
modo co
cont
ntri
ribu
buír
íram
am para o desenvolvimento da h ist stó
ória da psicolo
gia da religião, passaremos simplesmente a e n u m e r a r aquelas que
consideramos mais imimpoporta
rtant
ntes
es para es esse
se de
dese
senv
nvol
olvi
vime
ment
nto.
o.

em Em ele apRruedso
que 1923, elnft aOtato ex
ppuebrliicêo
nuciaseruelifgaim
osoasocolim
vroo aD
lgaos aBbesW
oluctee,
a,·
mente s ul p n r i
Para Otto, a t e senso de realidade é ob obje
jetiv
tivame
ament
ntee of
ofer
ere
e
cido como dado p rimário e imediato da consciência não dedu
zfvel de outros dados. A esse dado peculiar de um 'To talm ente
Outro', ele c h a m a o 'numínoso', do l a t i m numen, que signifi
ca a força divina ou poder, atribuído a objetos ou a seres para
quem se olha com reverência.  E sse estado me menn tal
tal é perfeita
m e n te sui generis e irredutível a qualquer outro estado.' Re
p r e s e n t a uma percepção d i r e t a da realidade in depend ente de
outr
ou tras
as formas de conheci cim
m e nt o. 7
Também em 1923, Robert H. Thouless publicou, n a Inglaterra,
um livro Intitulado The Psychology 01 Religion, que exerceu ce cert
rtaa
influên cia no mundo de Ungua inglesa e cujo maio r defeito é a
quase tototatall dependência da teoria freudiana, n a ex expl
plica
icaçã
ção
o ps
psico
icoló
ló
gica do fenômeno religioso.
Elmer T. Clark estudou extensivamente o fenõmeno do Avi
vame
va ment
nto o Religioso, sob
sobrerettudo em s ua relação com a conversão re -
1929,
liingtiiot u
sala de,o eT
mhe Psycphuobllolg
coyu 0o reesluigltiaoduos A
1 R dewsaukaesninpge,sqquuiseassenotom
tolm
ivoru
o
clâssico no gênero.
• A versão inglesa d es es sa
sa o bbrr a se i nt
n t lltt ul
ul a T h
hee Idea of T h . Holy: An ln
quiry Into t h . non·rational facto r In t h e i d e a of t h e divlne a n d I t l re
lation to t h e r a
att io
io na
na l ( T
Trr a
add uç
uç ã
ãoo de John W . Harvey), N e w Y o r k : O x -

forci University Pres s (1982).


7. Paul Jobnson, Ps Psyc ycho
holololJlJY
Y of R.llgion, N e w York: Abingdon Press
(1959), 55.
Nota - E s s a obra existe e m p o r t u g u ê s s o b o titulo Psicologia d a Religião,
tradução de C ar ar lo
lo s C ha ve s e p ub
ha ve ub li
li c
ca el a AS T E , S ã o P a u l o .
a d a p el
1964. Através d e ess tte
e t ra
ra b a
all ho
ho , e nt
nt re
re ta
ta nt
nt o,
o, c it
it ar
ar e
em o s sempre o texto
m os
original, v i s t o q u e a maior parte do presente trabalho foi escrito
quando se u autor se encontrava n os Estados Unidos e a tradução
portuguesa n ão lh e e r a conhecida.

Em 1937 Karl R Stolz pu pub blilico


cou u T he Psychology 01 Religious
Living que exerceu p os it i va i n f l u ê n c i a no campo da e d u c a ç ã o r e -
ligiosa e n a área da psicologia past pastor oralal..

  s ob r as de Paul E. Jo
John
hnso
son
n Psychology 01 Religion e Pe
Pers
rson
ona-
a-
lity a n d Religion são tentativas de i n t e g r a ç ã o de a l g u m a s m o d e r -
na s t e o r i a s de p e r s o n a l i d a d e e da religião. Johnson é um dos auto-
res m a i s bem i n f o r m a d o s no c a mp o da. psíeologta da reli religi
gião
ão mas
a nosso ver toma as t e o r i a s psicológicas como se t o d a s fossem
f a t o s observados e não meros i n s t r u m e n t o s de pesquisa. Como re-
s u l t a d o dessa a t i t u d e ffaaz g r a n d e s generalizações d
diifíceis de ve-
r i f i c a r no m u n d o real.
Em nossos dias o h o m e m que m a i s c o n t r i b u i u para a respeí-
t ab
abililid
idad
adee ac acad
adêê mi
mica
ca da psicologia da religião foi G or d o n W. Allport
Seu livro T h e Individual a n d Bis Religion t e m exercido gr gran
ande
de
i n f l u ê n c i a nos meios ac adê mic os em que se estuda psicologia da
religião. O pr es tí gi o i n t e l e c t u a l do autor é um dos f a t o r e s dessa
grande in
grande infl
fluê
uênc
ncia
ia.. Allport rrec
ecententemement
entee falecido e r a p ro rofe
fess
ssoo r de
psicologia em H a r v a r d e q u a n d o escreveu esse livro e ra Presidente
da Ameri riccan Psychological Association. Allport vo volt
ltaa à tese d e f e n -
d i d a por Williarn James de que a e x p e r i ê n c i a religiosa é algo t i p i -
cament
cam entee in indi
divi
vidu
dualal..   ntretanto ao c o n t r á r i o de J a m e s que por
c a u s a da óbvia i n f l u ê n c i a de S c h l e i e r m a c h e r advogou a p r e d o m i -
nância do sent sentim
imenentoto n a ex
expe
peririên
ênciciaa religiosa Al Allp
lpor
ortt dá ma
mais
is ênfa-
se ao i n t e l e c t o do que ao s e n t i m e n t o n a ex expeperi
riên
ênci
ciaa religiosa. Vol-
t a r e m o s ao s eu trabalho quando tratarmos da evolução da
e x p er i ê nc i a religiosa e s p e c ia
iall m e n te no c ap apii tul
tul o sobre mamatuturi
rida
dadede..

Em 1958 W. H. C l a r k púb licou s e u T h e Psy sych


chol
ologogy y 01 Re
Reli
ligi
gion
on::
An In Intr trod
oduc
ucti
tion
on to Religious Experie
eriennce a n d Behavi or um dos li-
vros mais bem i n f o r m a d o s sobre o as s un t o e que no diz er de a l g u n s
autores é provavelmente um trabalho d efi ni ti vo como obra obra intro-
d u t ó r i a ao est udo da psicologia da religião .. O p r e s e n t e autor muito
deve ao trabalho de Cl ark e p r o c u r a d a r l h e através deste livro
o cr é d i t o que merece.

Lame
La ment
ntav
avel
elme
ment
ntee ne
nest
stes
es últi
último
moss anos nenhuma ob
obra
ra real
realme
ment
ntee
marcante a p a r e c e u no c a m p o da psicologia da religião. O a sp ec to
p r á t i c o dos e st u do s da psicologia da religião es p e c i a l m e n t e o mo-
v i m e n t o pr
prátátic
icoo de psicologia pastoral ou de a c o n s e l h a m e n t o pas-
toral tem p o r a s s im dizer monopolizado este c a mp o de e st u do s e
quase t o d a s as publicações são   caráter nimiamente prático sem
r e ve l a r g rraa nd
nd e p r e o c u p a ç ã o t e ó r i c a .

Recentemente Paul W. P r u y s e r publ icou um livro que cr cremos


nós e x e r c e r á consider ável i n f l u ê n c i a no c a m po da psicologia da
religião. O livro se íntítula A D y na mi c Psychology 01 Religion. A
o b r a foi p u b l i c a d a por Harper Row Pub
ubli
lish
sher
erss N
Neew York  1968>.

 
28

A respeito desse livro diz Seward Hiltner um um dos mais profundos


c on he c e d or e s do a s s u n t o : ESte livro m a r c a r á época do mesmo
modo que o livro de J ame ame s - The Varleties of Religious Experience.
Não h á dúvida de que se tr t de u m a o b r a de fôlego e que n ã o
poder á ser ígnorada pelos estudiosos do assunto.
Estudos P rát icos - Os estudos prát icos da psicologia da reli
gião prod
produ uzi
zirram vários efeitos de prof profun
unda
dass conseqüências n vida
e d o u t r i n a da i g r e j a cristã. E n t r e   resulta
resu ltados
dos pode
podemo
moss mencio
mencio
n r a crescente relação ent
ent rree a religião e a medicina expressa p r-
t i c ul ar men te no movimento de Religião e Saúde Mental t ã o em
voga em nossos dias. A crescente ênfase em psicologia p a s t o r a l e
pr i nci
nci pal
alme
mennt e o chamado tr trei
eina
name
ment
nto
o clíníco do ministério refl e
tem a g r an d e i nf l uênci a dos estudos de psicologia da religião. O utr
utr a
á r e a da educação teológica em que es t a i nf l uênci a se faz s e n t i r
é a da educação religiosa.

O movimento de educação religiosa que é um fenômeno t i p i 


camen
amente te nor
nor t e- amer
mer i cano fo
foi gr and
andeme
ementente influenciado pelo fu
fun
n
cion
onaalismo de   o h n Dewey.   e movimento de educação religiosa
foi a nosso ver um um bom an t í d ot o c ont
ont r a o exagerado otimismo d -
queles que quer iam sal var o mundo nos limites cronológicos de
s u p r ó p r i a geração. A ê n f a s e da educação religiosa não é s a l va r
menos mas a d m i t i r que a salvação completa é a t i n g i d a pelo pro
cesso da educação p r o cristianismo. Ao invés da conversão mo
mentânea requérída no tempo do G r an d e Avivamento a ênfase
a go r a é no processo contínuo da redenção do homem.

Na g r a n de mai ori a dos seminários do mundo moderno o t r e i 


n a m e n t o clínico feito em hospitais de clínicas gerais e em hospitais
de doenças men t a i s é p rte i n t e g r a n t e da educação teológica de
ministros e fut ur os mi nistros da religião.

Em conferência p r o n un c i ad a per
per aant
ntee os supervisores de t rrei
eina
na
mento clínico do ministério do
do Concílio de Treinam
Treinamento
ento Clín
Clínic
ico
o o
Prof. Wayne Oates apr esen to u algumas das maiores contribuições
do t rein
reinam
amen
ento
to clínico do ministério à educação teológica em nos
sos dias. O que se segue r ep r e se n t a essencialmente o que ele disse
naqu el a ocasião se bem que não s e j a m su a s pal av r as textuais.

O t re
rein
inam
amen
ento
to clínico do ministério contribuiu p r d r corpo
ou r epr esent ação concr eta a c er t a s idéias a b s t r a t as . Por exemplo
o conceito de graça pecado perdão culpa etc. pode ser n sala
de aula m e r a abstração porém ao co nt a t o vivo com homens e
mulheres de c a r n e e osso essas p a l a v r a s deixam de ser mer as abs
traç
traçõe
õess poi
poiss vemo
vemoss s u expressão objetiva nas mais var iadas for
mas de comportamento dos indivíduos com quem t rrat
atam
amos
os n vida
real.

O utr
utr a contribuição positiva desse movimento é a quebra da   r-
r e i r a a r t i f i ci al e n t r e estudos teóricos e estudos pr át i cos em educa
ção teológica. Essa dicotomia t en de a desaparecer, n proporção
em que se compreende que o mi ni st ro serve ao homem integral,
mer
eo nm ãoiniasotroh,omemems ucomporeocupaçcãooleçdãeo sdeervvi rár iaaos h
par
pa
om r t es.
es
em. , Aasosim
invséesnddoe,
d i c ot o m i z a r e n t r e p r ob l e m a s m a t e r i a i s e p r o b l e m a s e s p i r i t u a i s ,
os considera como problemas humanos. Em o u t r a s pal avras, o ho
mem age como um todo, Gonseqüentemente, todo e qualquer p r o 
blema que e n f r e n t e r e p r e s e n t a r á relações com t odas as dimensões
do seu ser.
Essa nova perspectiva em educação teológica con tr i bui u t m -
bém p r a ampliação do conceito do sacerdócio individual do cris
tão. Esse conceito se a mpl ia e se t o r na, de certo modo, comunitário.
Quando o p a s t o r tent jud r o homem n solução de dete determ
rmin
inad
adoo
problema e o envia a out ro profissional, p r assisti-lo n á r e a de
s u especialização, ele e s tá , com isso, reconhecendo que o m i ni s
tério desse pro
roffissi
ssiona
onal pode t er significação tão pr
pro
o f unda
unda q uant o o
seu próprio ministério.

O t r e i n am e n t o clínico do ministério a j u d a t ambém o homem a


li vrar - se de ce r t as formas de idolatri a. I d o l a t r i a aqui é def i nid a
em consonância com o Princípio P r o t e st a n t e, de que falou Paul
Tillich, e signi fica a a t i t ude
ude pela qual o homem absolutiza o finito .
Em co ntat o com a realidade da vida, o mini st ro a p r e n d e a ace i ta r
a s u pr ó p r i a finitude, bem como a finitude de seu semel hant e.
Essa aceitação de nossa fi ni tude tem gr ande valor terapêutico, espe
cialmente na redução de tensões emocionais, que levam às neuroses
coletivas do mundo moderno.
Fi nalment e, o tr
trei
eina
name
ment
nto
o clíníco do mi mini
nist
stér
ériio  jud a colo
c r o problema h u m a n o em s u p r óp r i a perspe ctiva - d i a n t e de
Deus.   luz dessa perspectiva, os problemas. huma nos são e nca nca r a
a
dos pelo pr i sma da responsabilidade pessoal do homem p e r a n t e
Deus, e, eventualmente, i ntnter
erpr
preeta
tado
doss pelo pri
pri sma
sma da esper ança, que
 jud o homem a a c e i t a r s u condição hum n sem se torn r cínico
ou apático p e r a n t e a vida.
No ínícío deste século, clérigos e médicos começaram a e s t a 
belecer uma relação mais i nt
ntii ma ent
ent r e religião e medicina. Parece
que uma  dnads Medicine
Religion pr imeiras t 1905
e n t a t ,i v aesscrditeosseporrel aW
c io
orncaem
steen
r,toMécCoom
libvroe
C ar iat , dois clérigos e um médico.
Foi, porém, Anton T. Boisen quem deu gr an d e impulso ao mo
vimento de Religião e Saúde Mental. Talvez se possa dizer, com
propriedade, que Boisen fez,  t é hoje, a maior contribuição p r o
e st r e i t am e n t o das relações e n t r e religião e medicina em geral, e
especialmente entr entree religião e ps
psiiqui
quiatr
atria.

A obra de Bolsen que será


será freqüentemente ci
cita
tada
da atravé
ravéss deste
llvro tem sua origem numa
numa crise pessoal de desajustam.ento emo
cional.
Devido a sério tr
tran
anst
stor
orno
no emocional ddiiagnosticado como esqui
zofrenia do tipo catatõníco Bolsen foi levado a um hospital de
doentes mentais oon
nde depois de várias se
sema
mananass de trat
tratam
amen
ento
to foi
recuperado.
Como resultado dessa pr prof
ofun
unda
da experiência pessoal Boisen se
interessou pelo estudo dos fatQres religiosos nas doenças mentais
e se t o m o u o primeiro capelão prot esta nt e num hospital de doen
tes menta
ntais nos Estados Uni
Unidos
dos.. Esse
Esse h o s p i t a l em Wo
Worc
rces
este
terr Esta
do de Massachusetts - tomou-se o primeiro centro de treinamento
cl1n1co do ntlnlstérlo. Desde então a influência da obra de Bolsen
se tem feito sesent
ntir
ir no campo da educação teológica especialmente
n a ten
tentat
tativa
iva de re
rela
laci
cion
onar
ar rellgião com medicina e pa part
rtic
icul
ular
arme
ment
ntee
com   psiquiatria.
Entre OS muitos livros que Boisen escreveu talvez o mais fa
moso sesejj a The Exploration 01 The Inne
Innerr World  1936 , em que ele
a pre se nt a uma concepção dinãm1ca   s doenças mentais e em
que defende a tese de que a esquizofrenia é uma te tent
ntat
ativ
ivaa à inte
gração ou à unidade do eu . A diferença essencial e nt re o xntstico
e o psicótico diz ele é a direção ou a m ane ira como cada um re
solve seu problema. Fundamentalmente a causa pode ser a mesma
- um se toma  santo outro se t o r n a louco .
Essa nova dimensão a be r t a por Boisen introdUZiu nova meto
dologia nos centros psiquiátricos dos Estados Unidos e eventual
mente p e n e t r a r á no ut r a s áreas do mundo. Como exemplo dessa
influê
influênci
nciaa vem
vemos os que n a Me Menn
nnin
inge
gerr Cl
Clin
inic
ic em Tope
Topelt
ltaa Ka
Kans
nsas
as uumm
dos centros psi siqquiátricos m is respeitáveis do mundo o de depa
part
rta
a
mento de psicologia da religião é p a r t e i nt e gra nt e do funciona
mento dessa instituição.
Também cco
omo resultado dess
ssaa grande obra de Boisen su
surg
rgir
iram
am
várias organizações acadêmicas e vários periódicos que tratam do
estudo cientifico do fenômeno religioso. E nt re 08 periódicos oa
mais conhecidos são Pa storal Psychology e The Jo Jour
urna
nall 01 Pastoral
Care
Ca re.. Da
Dass associações menci
encio
ona
nare
remo
moss The
The So
Soccie
ietty for the 8c
8cie
ient
ntiifto
fto
Stndy 01 Rellgé ion e The Academy 01 Rellgion and Mental Bealth
cujo
cujo ob
obje
jeti
tivo
vo promover a cooperação mais Intima entr
entree ntlnlstros
de religião e psiquiatras.
A noss
sso
o ver o estudo psicológico dos fenômenos religiosos q
qu
ue
começou em bases tão promissoras en
enfr
fren
enta
ta no presente uma crise
 
m
acueitoaçãso
érinaã. o Pcr
oitic
r ica
crit uamdeladteoorieex
axsisptesicaolótg
eincdaêsnqcu
iae pcooumco .dlssemos
cient1ficaaci
ma levam   8 autores nesse campo a simplesmente enq nqua
uaddrar
rar o

fenô me no religioso d e n ntt ro


ro do e s q ue m a dessas t eo ri as . Muitos auto-
res nã o d isiscu
cute
tem
m a tese freu
freudi
diaa na po r exem
empl plo;
o; simpsimple
lesm
smen
ente
te ad
admi-
mi-
te m a v al i d ad e de s e u s po st u la do s e o r e s u l t a d o é que ao invés
de o bs e r va r em e descreverem fa tos eles c o l e t a m e e x p r e s s a m opi-
niões ou dão explicações à b a s e de u m a t e o r i a que aceitam sem
esptríto crltico.
Esperamos entretanto que em breve a psicologia da religião
v e n h a a alcançar m a i o r r e s p e i t a b i l i d a d e a c ad ê mi c a. Isso a c o n t e -
c e r á dizíamos nós qu
quan and d o desenvolvermos m e l ho r e s mét odos de
pesquisa; qu quan
andodo tivermos u m a a t i tu tu d e ma
mais is cien
cientí
tífi
fica
ca para com o
es t u d o do c o m p o r t a m e n t o religioso do h o m e m ; q u a nd o ao i n v és de
apego i n c o n d i c i on a l a q u a l q u e r t e o r i a e x i s t e n t e n a qual enquadra-
remos n o s s a s descobertas começarmos a fo form rmul ular
ar teo
teo r ias
ias ba
base
sead
adas
as
em f a t o s observados com m a i s r i g o r cientIfico e b as e ad os em h i -
póteses te test
stáv
ávei
eis.s.

Métodos de E st u d o d a Psicologia d a Religião

Qualqu
Qual quer er disc
discip
iplilina
na que tenha a p r e t e n s ã o de se r considerada
ci
ciên
ênciciaa terá forç forços
osamamenente
te ddee adotar um a atitude cientlfica n a
i n v es t i g a ç ã o dos f a t o s que c o n s t i t u e m o seu o b j e t o fo rm al . A essa
atitude chama se m ét odo c i e nt í f i c o de inv estigação.
A Psicologia como ciê iênc
nciaia lança mão do m é t o d o ci en tl fi co como
seu p r iin
n c iip
p a l instrumento de pesquisa. B a s i c a m e n t e eessse m é t o d o
consiste n a observação si sist
stem
emátátic
icaa de fatos n a f o r m u l a ç ã o de h i-
póteses qu quee serã
serãoo tes
testad
tadas
as dede pre
prefe
ferê
rênci
nciaa por ex
expe
perim
rimen
enta taçã
çãoo e na
form
formuula
laçção de prínc ríncíípíos
píos gera
gerais
is ou leis psicológicas que se
serã
rão
o se
semp
mpre
re
leis e s ttaa t í s t i c a s ou leis de p ro ba bi li da de .
Até que p ont o entretanto pode se usar esse mét od o no es t u d o
do c o m p o r t a m e n t o religioso? Temos que r e c o n h e c e r que at é hoje
não se conseguiu e l i m i n a r o s u bj e t i v i sm o dos mét odos de pesquísa
em psicologia da religião co como j á se logrou eem m g rraa nd
nd e parte eli-
minar a i n t r o sp e c çã o como método de p esqui sa n a psicologia cíen-
tlfíca em geral. O psicólogo da religião ainda d e p e n d e m u i t o da
íntrospecção.. e suas conclusões a t é a g o orr a são altamente subjetivas
porque b a s e a d a s quase t o t a l m e n t e em r e l a t o s v er b ai s de e x p e -
riências relígíosas que não podem s e r diretamente observadas.

cientEIm ficotesdeo pcoorm


émp o ret acmoemnot odersealifgiioosao qduoemi nsdeiviíndtueor e ses adapseloc oem
s tuundio-
dades religiosas a dvogamos a possibilidade do e s t u d o obj et iv o do
compor
com portam
tament
entoo religioso na s suas m ú l t i p l a s m a n i f e s t a ç õ e s . Se a
objeção é que o psicólogo da religião nã o pode se r objetivo em   u
e s t u d o do c o m p o r t a m e n t o relígícso p or q ue ele p r ó p r i o é religioso
o mesmo a r g u m e n t o p o d e r i a u s a r se
s e mutatis mutandis para dizer
que o psicólogo nã o pode estudar ob obje
jett ivam
ivamen
ente
te o co
com
m po
port
rtam
amen
ento
to
do homem p or q ue ele mesmo é um se r humano.

 
  ._

Voltemos à p e r g u n t a aeima l ev ant ada. Até que ponto a psi-


cologia da religião se e n q u a d r a d en t r o dos padrões cientlficos da
psicologia moder derna?na? Sabemos que a psicologia cientIfica part partic
ici-
i-
pa n d o da n a t u r e z a geral da ciência t em por objetivo a compreen-
são predição e controle do comportamento. Poderemos su por que
a psicologia da religião tenh a mesma pr et en são ? Muitos dizem
que não. A psicologia da religião aao o menos no pres
presen
ente
te estágio nã
não
vai além da p r i m ei r a fase. Isto é n opinião desses autores a psi-
cologia da religião não pode ir além da fase de m e r a compreensão
e descrição do comport amento religioso. Acreditamos en entr
tret
etan
anto
to
que se usar mos métodos cientlficos de observação si stemáti ca t e-
remos boa m ar g e m de predição do co comp
mpor
orta
tame
ment
nto
o religioso. E ssee
preencher mos esses dois requisitos isto é a compreensão e a pr pre-
e-
dição podemos dizer nesse caso que a psicologia da religião se
qual
qu alif
ific
icaa como ciência vi visto que controle se se bem que desejável não
é condição essencial à ciência. Talvez o melh or exemplo disto sej
a ciência astronômica em que se pode observar e predizer ma mas
n ão
ão se pode co n t r o l ar ou m a n i p u l a r experimentalmente.
Apresentaremos a seguir algun
guns dos prin
princcipa
ipais métodos de es-
tudo do compor t ament o religioso t nto do indivIduo q u a n t o de
determ
det ermina
inada
da comu
comuni
nida
dade
de religiosa.
Documentos Pessoais Drakef ord define documento pessoal
como sendo qual qualqu
quer
er documento que de propósito ou não presta
presta i n -
formação a respeito da estrestrut
utur
uraa di nâmica e f uncionament o da vida
m e n t a l de seu autor.
A rigor não
não se pode dizer que documentos pessoais consti t uem
um método p r o pr i am en t e dito porém são o meio mais f r e qü e nt e -
ment
mentee usado p r o estudo psicológico de fenômenos religiosos.
Allport diz em
em seu The Use 01 Per
Person
sonal
al Docu
Documement
ntss   Psycho-
logical Science qu
que em
em virt ude da natu
nature
reza
za alta
altame
ment
ntee subj
ubj etiv
etivaa da
experiência religiosa os documentos pessoais aindaindaa con st it ue m o
meio mais eficaz p r o estudo do comportamento religioso. Essa
af i r m açã o foi f ei t a em  94 e a i n d a hoje expressa um grand randee ver-
er-
dade. Lamentavelmente os os métodos de pesquisa em psicologia da
religião n ão ão têm melhorado tão r a p i d a m e n t e q u a n t o os métodos em
o u t r a s á r e a s da psicologia.
Docu
Do cume
ment ntos
os pess
pessoa
oais
is in
incl
clue
uemm autobi
autobiogr ografi
afias
as diár
diárioioss cartas me-me-
mórias confissões etc. Talvez a auto autobi biog
ogra
rafi
fiaa mais import
importantantee p r
o estudo psicológico da experiência religiosa em todo o mu nd o
ocidental sej o livro de Agostinho Confissões. Nesse livro Agos-
t i n h o r e l a t a a experiência d r a m á t i c a de s u co convnverersã
são
o rel
religio
igiosa
sa
bem como outros aspectos sugestivos de s u exper experiência
iência rel1g
el1giiosa
osa
que o l e v a r a m a uma completa e n t r e g a de sua vida a Deus. O u t r a s
ob r as de c ráter autobiográfico que podem l a n ça ça r luz sobre o pro-
blema religioso de seus autore ores são: As Confissões de   e n Jacques
Rousseau e o Sartor Sartor Resa
Resart
rtus
us de Carlyle.

 
as

William J a m e s e Anton Boisen fizeram amplo uso de  o umen-


tos pessoais no estudo do fenômeno religioso. Boisen por exemplo
estudou ser
ser ia
iame
ment
ntee o Joumal de George Fox e o   iári
iário
o Es
Espi
piri
ritu
tual
al
de Eman
Emanue
uell Swedenborg e a p rtir de dess
sses
es docum
document
entos
os procurou
r e co nst r ui r a experiência religiosa de seus autores.
O problema pr i nc ip al qu an t o ao uso de documentos pessoais
como método de pesquisa em psicologia da religião é s a b e r se eles
podem ser estudados por
por métodos cíentíncos ou melhor como es-
tudá
tudá los
los ci
cien
enti
tifi
fica
came
ment
nte.
e.

R. K. White citado por Clark sugere o método de análise de


valores p r o estudo de documentos pessoais. Esse método con-
si ste essencialmente em a nal
nal i sar
sar o documento con ta ndo as p l -
v r a s que con têm valores de al gu ma ordem e classificando as de tal
modo que se chegue a um p a d r ã o do si st em a de valores do individuo
sob
so b cons
consid
ider
eraç
ação
ão..
Outro método de estudo de documentos pessoais é sugerido por
L. W. Ferguson. O a u t o r fez um estudo completo de todos os dados
biográficos e documentos relacionados com a vida de  on th n
Swift e depois pr eench eu a Escala de Valores de Allport Vemon
como ele supõe que Swift t e r i a preenchido.

Os t r a ba l h os de White de Fe rguson e de outros são louváveis.


No e n t a n t o é fácil verif icar se que documentos pessoais deixam
muito a desej ar como método de pesquisa visto que neles o s u b j e -
tivismo t nto do a u to to r como do i n t é r p r e t e é inevitável.
Questionários   O questionário conserva muit muitas
as das eara
aracter
cterís
ís--
tícas de documentos pessoais. No enta entant
nto
o como método de pesqui-
sa pode ser mais obíetrvo e n ã o dá ao individuo a mesma liberdade
e espontaneidade da r espost a dos documentos pessoais o que equi-
vale a dizer que h á certo cont
contro role
le n investigação do fenômeno que
pr et e n de investigar. E q u a n t o maior o controle n pesquisa mais
precisos serã
serão
o os resultados.
tudoOpq siuceosltóigoincáorio
da a irned
liagiãéo.umA dcoosmiençsatrr u m
dee nSt o
tasrbm
ucaiks úqtueei s dneole esse-
utilizou p r s ua s pesquisas sobre a conversão religiosa e a evolu-
ção psicológica e Leuba qu que investigou a crença nça n imortalidade
e a c r e n ça em Deus por meio de questionários té nossos dias esse
método tem sido dos mais frutlferos.
 vár ias formas de questionários usados em pesquisa no cam-
po da psicologia da religião bem como em pesquisas psicológicas
em geral. Stolz a p r e s e n t a cinco desses tipos de questionários.
O método de escolha múl t i pl a consiste n apr esent ação de um
estimulo n for ma de c e r t a a f i rm ação e n sugestão de vár ias res-

poasitsasa cdeer tiaxdaan.doEsxeem


m ao
ploredsp
e oq
nudeesnttieoneásrcio
olhdeerssaequtieploa: quNea lhe ncpeaprçeãcoe
co
cr
cris
istãtã Deus é:

 
 

a um a for
orçça impe
impess
ssoa
oal;
l;
b a r epr es ent ação i deal da bondade;
c a expressão má x i m a do amor ;
d o p r o t e t o r dos ju sto s;
e o cr i ad or e s u s t e n t a d o r do universo.

o questionário do tipo cer to ou e r r a d o é aquele que faz afir-


maç ão que o respo espond
nden
entte julgar
julgaráá cena ou e r r a d a . Esse tipo de
ques
qu esti
tion
onár
ário
io é parti
particul
cularm
arment
entee útil para medir
edir o conhecimento re -
ligioso   pe pess
ssoa
oa bem
bem como
como s u a cr en ça a respeito de eer t cs p ont o s
dout
do utri
riná
nári
rios
os.. Exemplo:
 rrado
o Evangelho de Marcos foi o primeiro a
ser escrito .
A cr en ç a n a inspi
pirraçã
ação da Blblia sign
signiifi
fica
ca
que Deus mesmo a escreveu e que os seus
auto
au tore
ress fora
foram m meros in
inst
stru
rume
ment
ntos
os passivos n a
s u a p r o d u ç ão .
Out r o tipo de questionário é aquele em que o r espondent e é
convidado a m a r c a r tod as as p al a v r a s de determinado text o que se

rpeoldaeciofonreneccoem
r do
adoasssquu
nat on t osuagoerisdigonip
fieclaodopessiq
mubisoalidzoard. o E
psosre t ami sétopdao-
lavr as. Pede-se po por exemplo que o individuo su bl i n he wdas as
pala
pa lavr
vrasas em dete determ
rmininad
ado o texto que que tenham alguma relação com
s u a expe
experiê riência
ncia re
reli
ligi
gios
osa.
a.
O u t r a técni ca é aquela em que o r espondente é convidado a
comp
comple
lettar cert
certas
as frases.   e tipo de questionário é mais próprio
para a avaliação de conhecimentos teóricos da vida religiosa ma mas
pode ta
tambmbém ém pres
presta
tar-
r-se
se à investigação de a t i t u d e s sobre o f a t o que
se inve
invest
stigiga.
a.
Fi n al ment e existe o tipo de questionário baseado n a associa
ção de p al avr as. Nesse questionário apr apr es e n t a - s e uma
uma l i s t a de pa -
l a v r a s ao respondent e e se lhe pede que r esponda com a p r i m e i r a
p a l a v r a que lhe vier à mente. Esse método é baseado n a t e o r i a de
associação de Carl  un g e exige considerável t r ei no para julgar
corr
co rretetam
amen
ente
te.. Em principio porém pode ser um método válido de
pesq
pe squi uisa
sa psic
psicol
ológ
ógic
ica.
a.  u ng distingue q u a t r o tipos de associação:
Intrínseca ex extrínseca t ona
onall e mista. Mediante vocabulário bem
selecionado podemos tirar conclusões válidas desse tipo de ques
tionário.
Como dissemos acicim
ma o ques
questi
tion
onár
ário
io pode
ode s er excelente instru
m e n t o de pesquisa mas t e m defeitos que n ã o podemos i gnor ar .
E ntr
ntr e esses defeitos diz Clark o método pressupõe a cooperação
do resp
esponde
ndente
nte be
bem como s u a compreensão dos i t e ns do questio
nário qu que obviamente dedepende do seu nivel de inteligência. A

fraseologia dos i t e ns requer alto g r a u de habil idade da p rt do


c o nst
nst r u t o r do questionário; caso contrár io ser ão confusos e pode
rão tr zer result dos ou respost s que não se procur m O m ior
probl ema no uso do questionário porém é s a b e r se ele é repre
sentat
sentativo
ivo estatisti
estatisticamen
camente
te fa
fala
lando
ndo..
Reconh
Reco nhececenendo
do que h á vários prob probllemas
emas técnicos envolvidos n
construção de questionários que possam serv ervir como inst
instru
rume
ment
nto
o de
pesq
pe squiuisasa psi
psicolcológi
ógica aprese
apresenta
ntarem
remos
os a segu
seguiir algu
alguma
mass suge
sugest
stõe
õess
quanto   sua est est r ut
utu
u r a. Essas sugestões que podem s r encontra
das em vários livros que tr t m de métodos de pesquisa sã são su bs
t a n c i a l m e n t e feitas por E r n e s t M. Ligon em seu livro Dimensions
01 Char
Charac acteter.
r.
Informações qua
quant
ntoo ao questionário:
a Titulo descritivo do estudo;
b BrBreve descrição do propósito do estudo;
c Nome da i nsti tu ição que p a t r o c i n a o estudo;
d Nome e endereço da pessoa ou i nsti t uição a quem o ques
tioná
onário deve ser devolvido;
e InI nstruções qu a nt o ao modo como as p e r g u n t a s devem ser
respondidas.
Quanto à fraseologi
giaa devem
vemos obse
observ
rvar
ar os segu
seguin
inte
tess pontos
ntos n
cons
constr
truç
ução
ão do ques
questi
tion
onár
ário
io::
a A per
per gunt
guntaa deve ser f ei t a de modo simples objetivo e espe
cifico;
b Deve-se exigir um mínimo de p a l a vr as p r responder às
perguntas;
c Cada p e r g u n t a deve ser completa em si mesma;
d A formulação da p e r g u n t a não deve s ug e r i r a resposta que
se deseja;
e O vocabulário deve ser bem conhecido pelo respondente a
fim de evi t a r uma r esposta que se não p r ocu r a;
f Os i t e n s devem s r ar
arrr anj
anj ado
adoss em ordem lógica.
 o
Quer
an tteste
qualquer
qualqu o ateb psic
tes cricol
psitéológ
riógi
o idco
e vist
isatloidaédes udo ad
qum
admesitnis
iosntárraiçoãoser
ni sear áváorimesmo
os grupos
e a manip ulação e st at I st i c a dos r esultados tabelados.
Or di nar
nar i ament
ntee o uso do questionário é compl etamentado pela
entr evi sta. O propósito da e n t r e v i s t a é obt er informações maia p r o 
f undas a respeito de certos aspectos do estudo que se faz e que o
questioná
onário não pode oferecer. A entr entrev
evisista
ta toda
odavia
via requ
queer t m -
bém adequado treino p r que cump cumpra ra s u final
nalidade
dade como inst
instru
ru
men t o de pesquisa.

Há dois tipos básicos de e n t r e v i s t a : a e n t r e v i s t a padr onizada


em que a mesma p e r g u n t a é f ei t a a todos os indivlduos que p rti-
cipam do estudo e a entr
entrev evis
ista
ta não di dirr et i va em
em que cada cada individuo

éumlivm
reínpimro dfea l ai nr t esrofberreê nacsisaundtaosp qrte
ue ldo
he pesq
p asqui
pe r euisa
ç asado
mdor.
rr.elevantes com
Ex per imen tação Até que pont o podemos e x p e r i m e n t ar em
religião?   ~ e e óbvio que se defblirmos experimentação como a
rigorosa t éc ni ca de laboratório incluindo o controle adequado de
variáveis que possam i n t e r f e r i r nos resultados da experi ência que
se realiza in n ão podemos f a l a r de método e x pe r i m e n t a l no
estudo psicológico do fenômeno religioso. No e n t a n t o se dermos
mais flexibilidade ao termo expe experirime
ment
ntaç
ação
ão p r com ele si gnigni f i car
car
a observação cont r ololad
adaa e si stemáti ca com o propósito de descobrir
det
eteermin
rminaados
dos fatos e estabelecer generalizações nesse caso pode di-
zer se que é possível a experi mentação no estudo psicológico do fe-
nômeno religioso. Um bom exemplo dessa tent tiv de expe experi rime
men-n-
t ação é o estudo de Coe em que ele usou o hipnotismo p r estudar
a sugestíonabíüdade e sua relação com ce r t as formas d r a m á t i c a s
de conversão religiosa e com o misticismo.
O método recriativo sugerido por Stolz consiste n tent tiv de
r e co n s t r u i r as experiências religiosas do homem primitivo com o
auxUio da antropologia da psicologia social e da psicologia gen é-
tica. Admitimos que os dados antropológicos sobre o homem pri-
mitivo podem ser muito i nt er essantes porém achamos que como
método de pesquisa deixam muito a desejar porque a i nte nte r p r e t a ç ã o
desses dados é al altt ame
ament
ntee subjetiva.
Litera
Lite ratu
tura
ra As gr a nde s obras de l i t e r a t u r a s a g r a d a da hum -
n i d a d e são fontes de excelente inf ormação p r o estudo psicoló-
gico da religião. A Blblia por exemplo pres pr estt a se a estudos psicoló-
gicos como a conversão o poder de cur ar o dom de llngua certos
tipos de pers
person
onal
alid
idad
adee religiosa etc
etc.
1: verdade que muitos psicólogos t e nd e m a r e j e i t a r a valida de de
liter tur como f on t e de inf ormação psicológica. Outros porém
ach am que é possível a pr o ve i t ar a i ntu ição de escritores talentosos
ach
na investigação de fatos psicológicos. Allport por exemplo acha acha
que o escri tor tem c er t a s v a n t a g e n s sobre o psicólogo e que o estudo

rdiaas l idt eer aauto


t utore
au r aresspocdomo
e  j
omou Shak
Shakes pesq
pe
n pear
r espe esqui
are uisa
Dsaostopsic
ps
ieicol
vsológi
kógica
ca.. As
i lohn obras lite
Bunyan li terá
rá--
Ibsen
Goethp e muitos outros podem revelar aspectos bast bastan
antt e sugestivos
da personalidade huma human n a.
O método clínico Por def
definição esse método consiste n obser-
vação cllnica de casos individuais. O método cl nico é um dos mais
deficientes n coleção de dados n s ciências psicológicas. No enta
entanto
nto
ao menos no presente h á muitos aspectos da vida psicológica que
não podem s er investigados por outros métodos.

 
o.

Testes padronizados - Apesar de t odas as deficiências que pos


s am ap apre
rese
sent
ntar
ar,, os teste
estess pad
padron
ronizado
zadoss ainda são os melhores i n s 
t r u me nt os de pesquisa psicológica. O problema é c o n s t r u i r t e st e s
para m e di r o c om por t a me nt o religioso. Trata se de tarefa extre
ma me n t e diflcil. Existem muitos test es que, a p e s a r de n ã o h a v e 
rem sido construídos com o propósito especIfico de medi r o compor
t a m e n t o religioso, servem bem a esse fim. Veja-se a esse respeito
qualquer bom livro sobre teste estess psicológicos, e especialmente a gran-
de obra de O. K. Buros, The Me nt al Measurement Yearbook, publ i
Tanto  
c arodjaetidveoscip
p noco emsecrincuosad
dem an
oos s.n) essas pesoqsuitseasst.esEntre
objetiv
oos s proj
prcojet
om oivos
eti vos
mais usados em pesquisas, no campo da psicologia da religião, e n -
cont
co ntra
ram-m-se
se o Rors
Rorsch
chac
ach h e o ThamatThamaticic Apperce ercepption Test
Test TAT).
Na escolha do método de investigação psicológica, o pesquisa
dor, sempre que possível, deve optar pelo método mais objetivo e
que se p rest e às manipulações est atíst icas, pois a possibilidade de
quan
quanti
tifi
fica
caçã
ção
o empr
empres
esta
ta maio
maiorr respe
espeit
itab
abililid
idad
adee cient1fica à observa
ção do pesquisador.

SU ÁR O

da pPssiiccoollooggiiaa adoa erestlu


igdioão ciéenatlfiacpolicdaoção dopsorpt arím
co m nceínptíoos do
e m
hoém
toedm
os,
quer como indivIduo, quer como membro de u m a comunidade re -
ligiosa.
Comportamento religioso é qualquer ato ou a t i t u d e que tenha
especínca ref erênci a ao sob
sobre
ren
nat
atu
ur al
al..
Religião, do ponto de v is t a do seu estudo psicológico, é um fe
nômeno t ip icamente individual, mas pode e deve ser estudado em
su a expressão social e coletiva.
O estudo psicológico do fenômeno religioso pode s er feito em
qualquer religião ou seit a, em qualquer parte do mundo.   dinâ
mica da experiência religiosa tem aspectos universais e pode ser
estt udad
es udadaa do pont o de vist a psicológico, i ndep
depend
ndeente
ntemente
nte de qua
qual 
quer idéia sect ár i a.
Apesar do esforço de alguns de e n q u a d r a r a psicologia da r elí 
gíão no campo geral da psicologia cientlfica, ainda existem cert certas
as
barr
ba rrei
eira
rass que impedem t a l relação mais Intima. Na proporção, po
rém, em que melhores métodos de pesquisa forem introduzidos no
estudo psicológico do fenômeno religioso, a psicologia da religião
desfrutará status acadêmico mais favorável.
A h i s t ó r i a da psicologia da religião pode ser traçada a partir
de obras teóricas, bem como de t r a b al ho s práticos. Entre as obras
teóricas de ma i o r influência, podemos me nci onar os t r a b a l h o s de
Jonathan Edwards, Frie
Friedr
dric
ich
h Schl
hleeiermacher, David Hume, sta n-
ley Hall, Starbuck, Albert Coe, William James, Rudolf otto James

Leuba Freud Jung p r c i t a r ap en as os mais i mpo r t ant es. Q u a n -


to aos t r a ba l h o s práticos s t que mencionemos a g r a n d e o b r a
de Anton Boisen e o que ele fez p r estabelecer um rela relaçã
ção
o maJs
I n t i m a e n t r e o p si q u i a t r a e o mini str o de religião t como vemos
no movimento de Saúde Ment al no mundo moderno.
No estudo psicológico do fenômeno religioso precisamos de nos
l i b e r t a r de submissão Incondicional a teorias gerais do co mpor t a -
ment o e nos empe empenh
nhar
ar decididamente n coleta de dados cien
cienti
tifi
fica
ca--
ment
me ntee observados que se pres
preste
tem
m à formulação de teori as férteis em
hipóteses testáveis.
Ne nh uma ciência é mel hor do que os métodos de pesquisa por
ela adot
adotad
ados
os.. Os métodos usados no estudo psicológico do fenôme-
no religioso a i n d a não a t i n g i r a m a perfeição t écnica a l c a n ç a d a em
outra
outrass área
áreass de inves
nvesttigaçã
gaçãoo psicológica mas h á si nai s de que nã o
estamos longe de a t i n g i r esse alvo especialmente em ár e a s mais
acess1veis do comp
compor orta
tame
ment
ntoo religioso.
Tradic
Trad icio
ionanalm
lmenente
te tê
têm
m se usado documentos pessoais ques questi
tio-
o-
nários ent
ent r evi stas e o método clinico de observação no estudo psi-
cológico do fenômeno religioso. Expe Experi
rime
ment
ntaç
ação
ão prop propri
riam
amen
ente
te dit
ind não é p r á t i c a generalizada por nos f a l t a r e m os meios a d e -
quados de controle. Sempre que possível porém ela deve s er
estimulada pois dela depende gr ande
andeme
ment
ntee a respeitabilidade ac
aca-
a-
dêmica bem como a eficiência dos estudos psicológicos do compor-
tament
tam ento
o religioso.
 
  pítulo  

NôM NO R LIGIOSO

Definição de Religião   Origens   Religião   Experiência


e l i g w s a Co
Comp
mpor
orta
tame
ment
ntoo Re
Reli
ligi
gios
osoo   In
Inte
terp
rpre
reta
taçã
çãoo Ps
Psi-
i-
cológica do Fenô
Fenôme
meno
no Re
Reli
ligÍ
gÍ 8o
A religião tem sido uma dás c on s t an t e s preocupações da h u -
ma ni da d e desde os seus primórdios. Em quase t odas as c u l t u r a s que
hoje conhecemos o fenômeno religioso est
stáá presente em
em meno
menorr ou
maio
ma iorr escala.

Ao psicólogo da religião i n t er es sa não soment e o f a t o de que


em todas essas cu l t ur a s se e n c o n t r a m formas de comportamento
religioso mas t a mb é m o fato si n g u l a r de que aap p e s a r das g r a n de s
dife
difere
renç
nças
as quanto
quanto às cr enças e prát
prátii c a s dos vários povos h á muitas
similaridades e n t r e elas o que sugere a existência de um f a t o r co-
mum à experiência religiosa de todos os homens. Spinks sugere
que essas semel hanças são devidas a experiências comuns a todos
os mortais. Por exemplo a universalidade das necessidades huma-
nas tanto as de ordem flsica quan to as de ordem espiritual a
tendência à u ni dad e e completação do homem como s er finito que
ê e a consciência da existência de um p oder t r a n s c e n d e n t a l ope-
rante no mundo se bem que de modo Intangível.  

1. G. Stephens Spinkl Psychology a n d R e li li g


gll o
on
n : An Introductlon to   on ·
t m p o r r ~ ViewI B o s t o n Beacon Press pll /li 3.

E tarefa do psicólogo da religião, p o r t a n t o , observar e descre


ver o fenômeno religioso t a l como   se expressa n as mais va vari
ria
a
das formas do compo rtamento h u ma n o . A fim de poder s a b e r
qu
quan
cisando
a do
defde
dete
initerm
r rmin
oinad
ado
teromoco
comp
mpor
reliorta
gitame
ãoment
, nto
exopléicatinddoo coomsoeurelisgiigonsiof,icealdeopre-
no
contexto de s ua disciplina.

Definição d e Religião

Há, lite ralme nte, c en t e n a s de definições de religião. Não temos


o propósito, e n t r e t a n t o , de a p r e s e n t a r uma longa l i s t a de defini
ções. Apresentaremos algumas apenas, a titulo de ilus usttração.
Segundo Leuba, que coletou q u a r e n t a e oito definições de reli
gião, essas definições podem s er classificadas em dois grand es gru
gru

upmos: mdiesftéinriioçõ, esquqeueexeignec airnatme r parertealçigãioã,o ecodm


efoinioçõreescoqnuheecsiumgeenrteom doe
tipo indicado por Schleiermacher, que define religião como o sen-
timen to de absoluta dependência de Deus.
O u t r a m a n e i r a de classificar essas definições é t o m a r por base
o eqlueemednátoênqfuaese sa loise natasp. ecVtoesrifcicoalm
etiovsosaqeuiq bqausiecadmeesntatcea do isastpipecotso:
Individual da religião.
A d e f i n i ç ã o d e S ir J a m e s F r a z e r é p a r t i c u l a r m e n t e s u g e s t i v a
para o psicólogo da religião. Diz ele que religião é a propíeíação

goeumcooncciluirasçoãodade npa ot udreerzesa seupdeariovriedsa ahou m


hoam
n aem. , Cquoem, osese crvêe, ridfiicrai,
segundo essa definição, religião consiste de dois elementos, um teó
rico e um prático, isto é,  a crença em poderes maiores do que o
homem e o desejo de agradar a esses po dere s .s Diz o citado autor,
no mesmo lug a r: ob v iamen te, a fé vem primeiro, pois precisamos
deá-lcor.e rMnaas,eaxisntãêoncsiea r dqeueuma scer er ndçiavilneovean
ant
ot es
homdempràocprá
u ratica
rmaosco
prátic ag
agra
corr ra
es
rres
pond
po ndeent ntee, ela não ser seráá uma religião, mas si simp
mplles
esme
ment
ntee uma teoeollog
ogiia:
a:''
Para Émile Durkheim, religião é um fato essencialmente cole
tivo. Diz ele: Religião é um s i s t e ma unificado de crenças e prá-
ti ca s r e la t iv a s a coisas s a g r ad a s , isto é, a coisas s e p a r a d a s e proibi
das - crenças e p r á t i c a s que unem, numa comunidade mo morral
c h a m a d a igreja, a todos aqueles que a elas aderem. 3
Não se pode negar a significação do aspecto coletivo da reli
gião, porém pa parerece
ce-n
-nos
os óbvio que també tambémm não se pode redureduzi zirr religião  
2. S i r J a m e s Frazer The Golden Bough edição resumida (1952), pâg ,
50, ci t ado p o r Spinks op cit pâg 7.
3. :E:mile Dur khei m T he he E lle en t a r y F o r m s of t h e Religious Life t r a d u -
e m en
zido d o f r a n c ê s p o r J o s e p h W a r d Swaln Londres: George Alten   ;
U n w i n Ltda (1915), p â g 47.

mera experiência coletiva. Dal, p o r que diz Spinks : Qualquer de


finição que s a l i e n t a os aspectos comunitários da religião em s a c r í 
flcio do elemento individual é defeituosa, pois um dos aspectos mais
importa
impo rtant
ntes
es da religião é a apreensão individual de um Poder, Obje
to ou Principio supremo.

Ao c on trário dos que des taca m o aspecto social da religião, te


mos psicólogos, como Gordon Allport e William James, que a p r e 
sentam a religião como algo ti tip
pic
icam
amen ente
te individual. : : ve
verdrdad
adee que
Allport n ã o apresen tou u m a definição formal de religião, mas n ã o
  á düvida de que s u a ê n fa s e é sobre a experiência pessoal. Até o
ti t u lo do livro em que trata es esp
pececiific
icam
ameente do as
assu
sunt
ntoo revela s ua
posição teórica. O livro in inti
titu
tula
la-s
-see The Individual a n d Bi Biss Re
Reli
ligi
gion
on,,
o b r a que s e rá
rá c i t a d a v á ria s vezes n este livro. E William J a m e s dísse

q
a uevidan oresleignitoid
sao cmoanissistaemn
plao cereenm
ça tedremqous e geerxaiisst,e puom
dea-soerddeim
zerinqvuie
slvel e que nossa felicidade su supr
prem
emaa consiste em pormo-nos em har-
m o n i a com essa ordem em que cremos . E, em consonância com su a
posição teórica, diz ele: Religião, p o rt rtan
anto
to,, como eu ag o ra arbitra-
r i a m e n t e vos peço admitir, sig nificará para nós os sentimentos,
acetobseme aexspi em
rieêsnm
cioass edm
e rin
eldaiçvãldoucoos mem
o que qsuoelirtuqduee, sen
sua enq
ejqa uqan
anto
uetoeleses cpe
per
onr
side
sidere rem
m divino.

Uma posição In ter med iár ia é r e p r e s e n t a d a por J. Blssett Pratt


pois, ao def i ni r religião, ele inclui tanto o aspecto coletivo como o

ionudid
veiducaolm
. uD
niidzadeeles: para
Relicgoiãmo oé puom
dear, aot iut updoedesroecsi,alqudee eilnedsivclrdêueoms
exercer controle final sobre seus Interesses e destinos. 8
Mesmo re
reco
con
nhec
eceendo as deficiências de s u a definição, o que se
ri verdade a respeito de qualquer outra, Pratt advoga que ela re -
p
qu r ees ernetliagidão
ois épounm
toas aptoitsuitdiveo
. s. OEram
, dpiz
rimeelier,o alupgaalra, var a deaftiin
tuiçdãeo, diz
t l
como é usa usadada aqui, si
sign
gnif ificicaa o lado responsívo da consciência, en enco con
n
t r a d o em fenômenos como a atenção, o interesse, a expectação, o
sent
se ntimimen ento to,, as te
tend
ndên
ênci
ciasas à rea eaçã
çãoo, etc. A definição, po portrtan
antoto,, susuge
ge
re que religião n ã o é questão de determinado de dep p arta
artam m en
entoto da vida
pslquica, ma ; envolve o homem como um todo.
A outra van vantag
tagem
em desse co
connceito é que ele in d ic a que religião é
Im e d ia ta me n te subjetiva, diferindo, assim, das ciências que dão
ênfase ao conteúdo, ao invés de à a titu de , mas ao mesmo t e m p o ela
4. G Stephens Splnks op cit p ã g , 6.
5. Wll1iam Jamcs Vari tiss of Rsligious Exp ri ncs N e w Yark: T h e
Th
Ne
eww A me
me ri
ri ca n Library or Warld Literature Inc (1958), pA.g. 42.
ca
6. J Bls s ett Pratt Th ~ i g i o u Consciousnell citado p o r Splnks op.
cit., pâg 8.

ind ic a que religião envolve e pressupõe a aceitação do objetivo.


P o r t a n t o , religião é a ti t u d e de um eu para com um objeto em
que ele ge gennui
uina
nam
men
ente
te ac
acreredidita
ta ,7
Através  este livro, e simplesmente como i n s t r u m e n t o de tra-
balho, adotaremos a detíníção de Clark, que diz: Rel1gião é a
experiência I n t i m a do índívíduo, quando ele sente um T r a n s c e n 
dente, e que   expressa em seu comportamento, quando ele ativ ativaa 
mente proeura harmonizar s ua vida com esse Tr Tran
ansc
scen
endden
entete.. 8 Em
nossa concepção, p o rt rtan
antoto,, religião é o ato que te m ref
referê
erênc
ncia
ia espe
cifica ao Tr a n sc e n d e n te . Dai, por que definirmos comportamento
relígíoso como sendo qualquer ato ou a t i t u d e que t e m referência
especínca ao divino ou so b r e n at u ra l .

Origem da Religião

Os estudos de antropologia cu culltu


turral p arecem indi
indica
carr que expres
 õ religiosas existem p r a t i c a m e n t e em todos os nlveis de civili
zação. A religião, p o rt a n to , nasceu com o próprio homem p r é-h é-h i stó
stó 
rico. He
Herbrber
ertt Kühn diz que, a príneípío, a religião se expressava em
mágíca, bruxarias, danças, e nc an ta me nt os , cânticos s a gr ad o s , etc.
Mais tarde, o homem começou a desenvolver formas coerentes de
pensa
sam
mentos, conceitos subjetivos e concepções mágicas do univer iver
so. F ina lme nte , em fase a l t a m e n t e evoluída, ele passou a ela b or ar
explicações mais raci cio
onais do universo, dando, assim, origem à filo
sofia e às formas das ch chamamadadas
as rel1giões superiores. 9

S e r i a dif1cil, cremos nós, dizer qual a fo rma mais p r i mi t iv a do


fe
fenô
nôm
meneno o religioso. Segundo alalg
gun
unss au
auto
tore
res,
s, é possível traçar a ori
gem da religião a começar do conceito de m a n a . M a n a é u m a p a -
lavra polínésía que s ignifica u m
maa força vaga, impessoal, mecânica,
que con tro la os destinos do universo. Parece que em todas as c u lt u 
ra s de que temos conhecimento e em que h á formas de co com
mpo r ta 
mento religioso, a crenç a nu m poder que controla os destinos do
uníverso é básica e universal.
Segundo Edwarard
d Tylor, em seu l vro Religion i n Primitive   u tu-
re, an
anim
imis
ism
mo é a f o rm a básica da rel1gião primitiva. Diz ele: Ani
mismo é, de fato, o fu n d a m e n t o da Filosofia da Rel1gião, desde :l.
rel1gião do sel elv vagem
agem at é a do homem civilizado. E, se bem que,
à p r i m e i r a vista, oferece a p e n a s u m a s uf ici ent e definição daquilo
que se
serr i a o mínímo para poder ser co con
nsid
siderad
erado o relígtão, o animismsmo
o
é p r a t i c a m e n t e suficiente, pois, onde se e n c o n t r a a raiz, os ramos
7. Id. ibid pâg 8.

8. W alter E
Iigious Behavior Noefw Yor k: T hAn
rie n c e Tahned Psychology
Hx p Clark Religion: Introduction t o R ·
e M a cM
cM iill la
la n C o
ommp
paa nv
nv
pAgo 22.
On t h e T rack of Prehiatoric   n
9. H e r b e r t KUhn ( 19 5 8 ), pâg-ll, 184. 185.
citado p o r Spinks o p cit pAgo n.
 

são gera
geralm
lmen
ente
te produzidos. 10 A posição teór ica de Tylor é coeren
te com s u a definição de religião, que é simplesmente fé em seres
espirituais .

Se tomarmos a definição de animismo como sendo a c r e nç a


segundo a qual todas as coisas, a n i m a d a s ou i n a ni m a d a s , estão do
t a d a s de almas pessoais, que ne l a s residem , admitiremos, e nt ã o ,
que o a ním at ís mo s e r i a um passo além do animismo, Animatismo
é a c r e nç a segundo a qual todos ou dete rmina dos objetos im por
tantes estão dotados de vida ou c on têm uma e n e r g i a comunicável
( m a n a ) . Se é s uf ic i e nte m ent e forte para constitui-los em objetos
de m a g i a ou de adoração, são respeitados como veículos de um poder
impessoal ou como capazes de atuar por motivos de tipo pessoal. 11

religOu
Outr
iãotros
. os
Nãvoêeqm uerneamomsa gnega
i agar
ne ar fqourm
e an amariesligpirãiomidt iovahoemeelm
e mpernim
t airtiv
dao
haja algo de magia. Podemos mesmo dizer que ela a i n d a se e nc o n
t r a em, v á r ia s formas i m at at ur
ur a s da religião do homem civilizado. J
possível que Durkh urkhei eim
m tenha certa r az ã o quando vê n a m a gi a o
elemento int e r me di á ri o e nt nt r e ciência e religião. Convém s a l i e n t a r ,

enomean
gtiaandt oif,erqeume tanto
a teseemn ãsou aé odriegetm
odoqudaenfteonseám
vels,eupom
rqéutoedor.eliP
gieãlo
a
magia, o homem tenta co cont
ntro
rola
larr os poderes sobr sobren
enatatur
urai
ais;
s; n a reli
gião, o homem pr oc ur a agradar e pôr-se em h a r m o n i a com os po
deres sobr
sobren enatatururai
ais.
s.

O u t r a f or m a de religião e n c o n t r a d a e n t r e vários povos pr i m i 


tivos é o totemísmo, O t o t e m pode ser uma árvore, um anima l,
um rio ou qualquer outro fenômeno n a ordem natural com que o
homem primitivo se sinta especialmente relacionado. Em tomo
desse t o t e m se c r i a um t a bu, isto é, u m a c r e n ç a n a SU3. intocabili
dade. O t o t e m se toma po port
rtan
antt o, um objeto proibido. J proibido
m a t a r , comer e at é mesmo t oca
oca r nesse objeto sagrado.
A origem do t o t e m é difIcil de explicar. E n t r e as v á ri a s teorias,
e ncontr a mos a de Spencer, que diz que o t ote m s ur gi u como tenta-
t i v a de explicar a concepção e o na s c i m e nt o de um s er vivo. O
totem, p or t a n t o, s e r i a o elemento fertUlzante que p e ne ne t r a no corpo
da fêmea. Para Durkheim o to tott em se or igina da concepção pr i m i t i va
da exístêncía de forças pessoais pre rese
sent
ntes
es em deteetermin
minados
ados objetos.
E, para Murphy, o t ote m é uma extensão do m a na . Diz ele: Como
s i s t e m a religioso primitivo, o t ot e m sur ge do inte res se pelo a l i m e n 
to, pois ele é o a n i m a l ou planta co come
mest
stív
íveí
eíss consi
consider
derado
adoss misteri
misterio
o
sos, mas benéficos. A idéia de p e r t e n c e r ao mesmo s a n g ue ou à

10 . E d w a r d B u r n e t t Tylor R e l i g i o n in Primitive Culture N e w Yorl ;


H a r p e r   Br ot her s P u b J is h e rs (1958), pãg 10 .
11 . Dicionário de Sociologia Rio: Edi t or a Globo (1961), pâg. 23.

 
46

mesma c a r n e do to te m leva o primitivo a s e n t i r seu parentesco com


ele. . . o to tem-d iv ind ad e é o pai ou a n c e s t r a l do clã. 12
concQu
Qual
epçalqu
õquer
es er
reliqguieossaes j amsau ortiga
isa an iggas
anti ems, doa fhist
a tstór
hi o ória
é iaqudea ohu
to
humat enida
mani m dad
é due.m aTan-
das
to assim que W. Robinson Smith o considerou o po nto de partida
de todas as religiões. Mais será dito sobre o assunto quando e s t u 
darmos a i n t e r p r e t a ç ã o de Freud, um pouco a d i a n t e n e s te capítulo.
Para H e r b e r t Spencer, o culto do a nt e p ass ad o é o princípio de
to d a religião. Diz ele:

 Para o selvagem, tudo que t r a n s c e n d e o ordinári o é s o b r e n a 


tural ou divino; o ho mem ext r aor di nár io , s u per i or aos demais.
Esse homem ex exttrao
aord
rdiin ário pode s e r simplesmente o an anceceststra
rall
ma is remoto tido como o fu n d a d o r da tribo; pode ser o chefe
q
dueierosededigsrtianngduee rpeo
prut aç ã o;fôp
sua rçoadee s er
b r aov uirnav; e npotodre de alogo novo.
ser curan-
Então, ao invés de ser um dos membros da tribo, ele pode s er
um e s t r a n h o sup erior que traz arte e conhecimento; ou pode
s er alguém de u m a r a ç a su sup
perio r que dominou pela conquista.
Sendo a prínctpío um ou outro desses considerado com a d dm
mira
ção d u r a n ntt e su a vida, essa a dmira ção aumenta depois de s u a
propícíação a,
m
prorpteic, iaeçãao de espíritosdemesenuos estpeím riitdoo, s,sent odron am- saeiorumdo
a forma
que
estabelecida de culto. Não h á exceção. Usando a frase a d o r a 
ção do an tepa ssad o no seu sentido mais amplo, abr ang en do todo
culto aos mortos, sejam eles do mesmo s an g u e ou n ão , c he ga 
mos à conclusão de que o culto do a nt ep as sa do é a raiz de toda
religião. 13

Investigações mais recentes ind ica m que a tese de Spencer n ã o


é de todo defensável. O culto do an te pa ss ad o d esempenha papel
relativ
relativamen
amente
te ins
insign
ignifi
ifican
cante
te n a religião do homem primitivo.
A personificação da n a t u r e z a e s u a co
cons
nseqeqü
üen
ente
te ad
ador
oraç
ação
ão p a -
recem h aav
v er desempenhado p a p el i m p o r t an
antt e no desenvolvimento
das idéias religiosas do homem. Max Müller propôs u m a explica
ção língüístíca à adoração da n a t u r e z a como uma das formas mais
primitivas da religião. Diz ele que o ho mem primitivo tinha nomes
para objetos individuais, mas nem s empr e tinha um t er mo para
objetos da mesma espécie. Assim sendo, esses nomes ten ten d
dia
iam
m a con
fundir-se. Acrescentando-se a personificação de objetos m a n a , o
resultado foi a combinação de vários deuses em um e a se p a ra ç ã o
de um em multos. Segundo Max Müller, os objetos de culto são de
três
três classes d ist stiin tas
as:: coisas que podem s e r ap
apan
anh
h ad
adas
as com as mãos,
c h a m a d a s fetiches; coisas que podem ser p a rc ia l me n t e a p a n h a d a s ,
mas são demasiado grand es para sere erem lev antadasas,, ch
cham
amad
adas
as deu-

12 . J o h n Murphy L a m p s of Antropology  1943), pág. 4, ci t ado p o r Bpínke


o p . cit. p á g , 42.
13 . H e r b e r t Spencer Principies of Sociology  1 88
88 5 ) . VoI. I, p á g . 411, ci t ado
p o r E . O . James Comparative Religion. N e w York: University P -
perbacks  1961), pâgs , 37, 38.

ses n a t u r a i s ; e coisas que n ã o podem s er a p aan


n h a da
da s com as mãos
como o sol as estr el as etc. E st as são consideradas Gr a nd es Deuses
ac i ma dos quais fica o I nf i ni to. Assim pois a partir da cons
consci
ciên
ênci
ciaa
de poderes que nele eXistem e que vão além de s u a pró própri
priaa cons
consci
ciên
ên
cia o homem primitivo chega a uma uma concepção religiosa d a vida e
do universo.
F i n al m en t e uma das idéias fundamentaJs que de
derr am
am origem à
religião é inegavelmente a i déia do misterioso ou para usar a
ling
linguauage
gemm de otto a i déia do numinoso. Muito a n t e s de o homem
s e r capaz de ver
verbal
balizar s u a concepção de vida e do universo j á indi
c a v a preocupação com o my st er i um t r e m e d u m e t f a sc i n an s que o
envolve.   e myster ium tr trem
emed
edum
um capaz de incuincuti
tirr medo te m tam-
bém o e x t r a o r d i n ár i o poder de atrair o homem. Ou como diz
Spinks a repulsão e a fascinação. são pólos gêmeos das reações do
homem ao es t r a nh o ao tremendo ao sugestivo e ao terr1vel. Vista
desse ângulo po p o r t an t o a religião é a r esp ost a do homem a esse mis
terioso que lhe i nf un de pavor e ao mesmo tempo o f ascina e a t r a i . 14
Até aqui nossa a p r e se nt aç ã o das origens da religião se tem
 limitadp ao c h a m a do homem primitivo. O animismo ou anima-
tismo a magia o totemismo a adoração dos antepassados e a
adoraç
ador ação
ão da natur
natureza
eza são considerados formas pri
primiti
mitiva
vass de religião.
A i déia do numínoso e n t r e t a n t o se bem que eXistindo desde as
f ormas mais element ares de religião não não é l im
im i ta
ta da à religião pri-
miti
mi tiva
va.. Mesmo n as formas mais evoluídas dos conceitos religiosos
e s t a fascinação pelo mistério e s t á presente. O myst er i um é parte
integran
inte grante
te da expe
experi
riên
ênci
ciaa religiosa.
Aprese
Apre sentntararem
emos os a seguir o des
desenvolvimento hist
histór
óric
ico
o das idéias
de Deus no monoteísmo como f o r ma super i or de religião. Convém
n o t a r e n t r e t a n t o que o termo super ior aqui n ão
ão Implica um [uíso
de valor. É usado apena penass para referir-se à religião do homem e
em fase maís a v a n ç a d a de s u a ev
evol
oluç
ução
ão histórica.
histórica.
Quando falamos em Deus estamos usando um termo de car car ac
ac
t er í st í eas bem mais definidas.  s idéias de esplrito ou de mana
são vagas e impessoais; fa falt
lta-
a-lhe
lhess indi
indivi
vidu
dual
alid
idad
ade.
e.   s deuses entre-
t ant
ant o como observa Coe têm individualidade. O homem com eles
se r el aciona por meio de oração e outr
outras
as formas sociais r elat
elatii va
vame
ment
ntee
perr mane
pe anente
ntes ta
tais
is como votos e pactos etc.

É e xt r e ma me nt e diflcll dizer-se como o homem chegou à idéia


de deuses. Talvez o mel hor que se possa fazer é afirmar que a partir
da combinação de vár i as i déias f u nd ame nt a i s o h o me m chegou a
conceber a i déia de deuses i n ~ i v i d u i s Obviamente aaqqui não se
discute o conceito teológico de Revelação po pois por ele Deus se fez
conhecer ao homem p oror s u a própr
própria ia inici
iniciat
ativa
iva..
  G . S t e p h e n s Spinks. op. cit. p â g   46.

 
47

Seguindo a exposição de Stolz meneíonar


naremos as vári as fases da
várias
evolução des
dessa idéia sem preten
pretender
der cont
ontudo qu
que esta sej a ordem

crhonm
n olócontnbuído
gica dos acopntreciamefnotromsaçeãosem
de nt elg aidéia.
r que out r os f a t or es te
Ao que tudo Indica a príncípío o h omem a t r i b u i vida a todos os
seres n n a t u r e z a . Desde cedo ele a p r e n d e u que estes seres n tur is
podem s er benéficos ou maléficos. O e spl r i t o e x i s t e n t e n e s t e s
seres porém é di f eren te de seu espl ri to . Dal a conclusão de que
h á fora do homem forças que c on tr o l a m seu bem- bem-esestt ar
ar e seu destino.
Conseqüentemente h á necessidade não só de c r er nos deuses mas
de descobrir meios de  g r r aos benéficos e expelir os maléficos.
Os deuses obviamente se re
rellaci
acionam
onam com a vida sócio-econômica
dos índívíduos que neles cr êem. Em muitos casos o oss deuses pri-
mitivos er eram
am animais ár árvores ri
rios etc.
etc. A aquisição de ali ment o
teve pape
papell impo
import
rtan
ante
te nesse processo. As forças n tur is benéficas
t a i s como o sol e a chuva f or am n a t u r a l m e n t e t r a n s f o r m a d a s em
deuses e a g r at i dã o pela ceifa a b u n d a n t e deu origem ao sacriflcio
a esses deuses generosos.
Em fase mais a v a n ç a d a de s u evolução o homem começa a
procu
pr ocurar
rar resprespos
osta
tass p r a origem deste universo. A r espost a mais
óbvia é a de que a criação pressupõe um C riador. A cont emplação
da n a t u r e z a e dos mistérios que ela e n c e r r a levou o homem a u m a
explicação religiosa do m un do . Nessa explicação e s t á impl1cita a
idéia de Deus ou de deuses.

Como resultado de s u a s mú lt i pl as relações sociais o homem


chegou à noção do dever. Ao lado do s e n t i m e n t o do dever s ur g e
o s e n t i me n t o de culpa e de s u p r ó p r i a f i ni t u d e. A experiência do
sofrimento da da solidão e da a ngús
ngústt i a é outr o f a t o r social que entr
n formação da idéia de deuses como r es pos ta ao proble ma f und unda
a
m e n t a l do homem.
Uma vez crendo nos deuses ou e ao homem organizá-los h i e 
r ar qu i c a me n t e . Cada deus tem cercer ttaa função especifica e ne m todos
têm a mesma i m p o r t â n c i a . E s t a é a significação bási ca do termo
politeísmo. Ao longo da His Histó
tóri
riaa esses deuses desen senvo
vollver
veram cara
carac c
t er í st ica s cad
cad a vez mais se me l h an t e s ao homem. As peculiaridades
de c a d a um be bem como a rivalidade exi st ent e e n t r e eles são p r e s e r 
vadas n s v ár i as mitologias das quais talvez a mais r i c a e v a r i a d a
seja
se ja a gre greco-r
co-ro omana
mana.. As obras de Homero ap apre
rese
sent
ntam
am o politeísmo
grego n s u forma mais bela e expressiva. Ao que tudo indica a
religião n Babilônia n Asslria e no Egito ant igo n u n c a passou do
estágio do pol politeíeíssmo.
mo.

em suas O as
su povcoonjucdeu
epçõedentr
den
s retre
liegiotosd
aso.s Part
os rtín
Pa píndo
ovdo
os dtaalvaenti
nt
ziguid
gu
daida
s afde
ormsali
sa
aslien
ento
detou-
pu-se
olse
i
teísmo pr evalecent e no seu mundo c u l t u r a l e geográfico esse povo
a t i n g i u a forma mais r e f i n a d a de monoteísmo de que se tem co
nheci
hecime ment ntoo na Histó tóri
riaa.
 
Aparentement e o povo h e b r e u não pulou do politetsmo ao mo-
notetsmo. Houve uma uma forma i n ter med i ári a cham
chamadadaa henoteísmo
ou s e j a a l i a n ç a com um deus p a t r o n o de s u a tribo ou de s u a nação.
P ar ece que esse henoteísmo existiu ao lado da cr ença n a existência
das divindades de outros povos. Os hebreus t e m i a m os deuses das
outras nações ma mas n ã o os adoravam. Essa forma a v a n ç a d a do
políteísmo di diz Stolz é chamada
chamada monoteísmo prát prátic
ico.
o.

Através de Moisés o povo é apr esen tad o a Jeo vá. Como Moisés
chegou a conhecer Jeová é problema p r a t i c a m e n t e insolúvel. P r o -
vavelmente ele abr açou o culto h e no t eí s t a de Jeová dur duran
antt e s ua
per egri nação em Midiã. Sob o comando de Moisés Jeová livrou
ISrael do cativeiro eglpcio e agora faz um pact o com ele para s er o
seu p r o t e t o r . Na terra prprom
ometetid
idaa o pov
povo hebr
hebreueu entra em c on t at o
com outros deuses. A maior ia tenta um si sinc
ncrreti
etism
smo
o mas os prof
profetetas
as
r e s t a u r a m o culto a Jeová. Com a ajuda dos seus gran grande
dess profe
ofetas
o povo de I srael chegou a el abo ra r a cr en ça monoteísta q quue ao
lado de s ua concepção da História como o desenrolar de um pl a no
de DeusDeus constconstit
itui
ui s u a maio
maiorr cont
contri
ribu
buiç
ição
ão para o mu ndo . Segundo
o monoteísmo ético do povo hebreu Deus não é ap e na s o Deus de
I s r a e l . Ele é o único Deus que existe. E o Deus de todo o mundo
e a ele devem adoração e obediência t odas as c r i a t u r a s da terra
O monoteísmo cristão é basicament e o mesmo que encontr amos
nos pr of e t a s de I s r a e l . No cristianismo Deus é a pr e sen t ado como
Pai e o homem se torna filho de Deus por adoção em Jesus Cristo.
Tanto o Velho como o Novo T e s t a m e nt o dão m ai or ênf a s e à Trans-
cendên
cend ênci
ciaa de Deus mas nono   v TeTest
stam
amen
ento
to Deus é apre
aprese
sent
ntadado o
como sendo bondoso e acessível ao homem. Conforme o monoteísmo
cristão Je
Jesus Cristo é a expressão máxi ma da revelação do c a r á t e r
de Deus.

A   xperiência Religiosa

A definição de religião i ntnter


eres
esssa ao pr esen
sent e estudo po
porque de
cerrto modo es
ce estabelece o seu campo de interes
eressse imedi
mediat
ato.
o. A evolução
h ist ór i ca das concepções religiosas t a mbé
mbé m nos interessa porque
vemos at r avés dela que o fenômeno religioso tem assumido e assume
as mais vari adas f ormas. No e n t a n t o do ponto de vist a do psicólogo
da religião o que mais lhe i n t er essa nesse processo é o fenômeno da
experi
experiênc
ência
ia re
reli
ligi
gios
osa.
a.
Há vários tipos de experiências e todas elas podem ser concei-
tuad
tuadas
as como resp
respos
osta
ta a diversos estí
stímul
ulo
os. A psí
psícoüs
coüsíc
ícaa enca
encarr
rreg
egaa se
de d e t e r m i n a r o l i m i ar da consciência d e dete
determi
rminada
nadass real
realid
idad
ades
es
ou sej a o ponto em que o organismo se t o r n a sensível a essa r e a l i -
d ad e . Não cabe aqui u m a discussão da psicoflsica e seus métodos
de pesquisa. A ref erência é f ei t a ap enas para es t i mul ar o l ei t or a
e st
stu
u dar
dar algo sobre tão i m p o r t a n t e ass un t o.
 
Qua uan
ndo se trata de um a exp experi
eriênc
ência
ia senso
sensoria
rial,
l, po r exemplo, nã o
é diflcil determinar os estímulos que a tornam possível, bem como
o tipo de re açã o do organismo a esses estímulos. Em se tratando
poré
rém m, da expexperiê
eriênncia
cia religiosa, n ão é fácil determinar o estímulo
que a p roduz. Albert C. K nud son , cit ado po r Jo John
hnso
son,
n, di
dist
stin
ingu
guee
q u a t r o tipos de experiências: sensorial, estética, m o r a l e religiosa.
Diz ele: O h o m e m possui ca p ac i da de inata para cada um desses
tip
ipoos de expeexperi
riên
ênci
cia.
a. S
Sãão partes da estrutura da natureza huma-
na ú ni ca s e nã o derivadas. A que JoJoh
h n so
son
n a cr
cree s c e n t a : N enh
enh u m a
des sas expe
expeririên
ênci
cias
as pode s e r dedu
eduzid
zida de um a ou redu zida a outra.
A experiência religiosa a p r i o r i é um dom único ou um a potencia
lidade
ade que consiste n ão de con conteú
teúdo especIfico, mas n a capacidade
de t e r ex
exper
periên
iência
ciass religio
religiosas.
sas. 15

De um p o n t o de v i s t a m a i s p ra gm áti co , Frank S. Hi c k m an diz


que as p r in c i pa i s fases da experiência religiosa são a volição, o
s e n t i m e n t o e o p e n s a m e n t o . P o r t a n t o , nesse p a r t i c u l a r , a e xp e ri ê n
cia religiosa nã o é d i f e r e n t e de qua lquer outra experiência
psicológica, pelo menos no que re sp ei t a às su suas as caracaract cter
erls
lsti
tica
cass
fun damentaJs . Como distinguir, e n t ã o , um a ex expeperiê
riênc ncia
ia re
reli
lig
gio
iosasa
de um a n ão-rel relig iosa
sa?? John
Johnso son
n diz que h á tr três
ês cara
caract ctererls
lstl
tlca
cass di
diss
tintas da experiência religiosa: 1 é um a experiência que envolve a
i déi a de valor, um a p refe referê rênc
ncia
ia por in inte
tere
ressse e necessidades dignos
de s e r al alca
cançnçad
ados
os;; 2 t e m u m a re refe
ferêrêncnciaia di
divi
vina
na:: um esforço objetivo
n a direção de um valor sup remo e fo nte de valores ete rno s; 3 é um a
res
respo
re posta
rela sta
laçã
ção soci
sotenc
o pote
po cial
al::ialm
ncia nela se dá o c o nf r o nt o do hom em com o Tu numa
lmen
ente
te cri
criati
ativa.
va. 16

o p r ob l em a cr uci al no estudo da experíêncía religiosa é saber


se h á ou n ã o u m a re
real
alid
idad
adee ob
obje
jeti
tiva
va corr
corres
espo
pond
nden
ente
te a essa per
erce
ceppção
ção.
O psicólogo da religião, enqu enquan
anto
to psicólogo, nã o pode r e s p o n d e r a
essa pergunta.
são típíeas, FreudJoh
Jo h nnega
so
son
n apre
aparese
sen
exni sta
tatên
t rê
rês
c isa redsepoum
stasa, qrueali
e lid
ea dde ade
c eer toú lt
ad mima
odao.
ltim
Para   r po port
rtan
anto
to,, a ex periência religiosa n ão é real, ma s ilusória.
OUo diz que essa re a l i d a d e ú l t i m a existe e, con seqüen temen te, a
experiênc
expe riência
ia relig
religio
iosa
sa é válid a e autêntica. William Ja Jame
mes,s, as
assusumimindndoo
u m a atitude inteiramente pragmática, ne m afirma n e m n e g a a

exis
existê
tênc
nciaia dess
dessaa re real
alid
idad
adee obje
objetitiva
va.. Para ele, a exp
exper
eriê
iên
nci
ciaa religiosa
deve s e r j u l ga
ga da
da pelos f r u t o s que produz n a vida do indivIduo.

Como dissemos acim acima,


a, nã o compete ao psicólogo decidir se h á
ou n ão t a l rea
realid
lidad
adee objet
objetiva
iva.. S u a tarefa é e st
st u
ud
d a r as v á r i a s mani-
festações dessa e xper iênc ia naquele s que a t i v e r a m e i n d i c a r seus
resu
result
ltad
ado
os em suas vidas e os efeitos n a sociedade.
15 . P a u l Johnson Paychology of Religion N e w Y or
or k : A b ln
ln g d o n Pr ess
p â g s , 55, 56.
16. I d . ibid. pág. 57.

 
H á v á r i o s t i p o s de c l a s s i f i c a ç ã o d a e x p e ri
ri êên
n ci
ci a r e li g i o s a . A p r e
e
sent
sentar
arem
emos
os a segu seguir ir duas des dessas sas class
classifi
ifica
caçõçõeses que n o s p a r e c e m
bastante sugestivas.

E r w i n R. G o o d e n o u g b d e d i c a grande parte do s e u livro T h e


Psyo
Ps yohoholo logy
gy 01 ReU ReUgioas Experi
Experien ences
ces à d e s c r i ç ã o dos v á r i o s t i p o s de
e x p e r i ê n c i a r e l i g io s a . Ele r e c o n h e c e que e s s a c l a s s i f i c a ç ã o é pura-
mente d e s c r i t i v a e que nenhuma experiência r e pr pr e
ess en
e n ta en a s um
ta a p en
desses tipo
tipos.
s.
U ma ma f oror ma
ma típí de experiê
experiência
ncia re
reli
ligi
gios
osaa confo
conforme
rme GoodGooden enouough
gh
é a que ele chama legalism o o que d e f i n e como a a c e i t a ç ã o de qual-
quer código que se crê incorporar  o c e r t o os b o n s c os t u m es
a c e i ttaa n d o esse código como norma a b s o l u t a de c o n d u t a . E s s a ati-
tude se torna u m a ex expe
periê
riênc
ncia
ia re
reli
ligi
gios
osaa quan
quando
do p or or h a
av err obedecido
ve
ao código o homem experimenta a s e n s a ç ã o de retidão interior e de
segurança exterior para com o p ró xi m o co com o c e r t o ou com D e u s .
Na expe
experi
riên
ênci
ciaa re
reli
ligi
gios
osaa lega
legali
list
staa o homem revela s e u ajustamento
à s demandas de s u a c u l t u r a . O l egali smo é portanto um t i p o de
reli
religi
gião
ão que t e m po r alvo a s o lu ç ã o de p r o b l e m a s . E basicamente
u m proc
proces esso
so de soci
social
aliz
izaç
ação
ão se m nItida r efef er
er ên
ên c iiaa p e s s o a l ao trans-
cendente. Para tais Indivíduos r elig lig iã o e mora
morall s ão sinônimos. U m a
vez que o homem n ã o pode p o r si m e s m o saber o que é bom 6
n e c e s s á r i o que ele se submeta a determinado código ou lei qu e lh e
diga exatamente o que deve f a z e r . Na e x p e r i ê n c i a r e lig io s a lega-
lista quando o homem obedece à letra do código que ele adota
s en
en tte
e s e b em
em . Quando porém voluntariamente o homem infringe
esse código é perseguido p or terrIvel sentimento de culpa. Note-se
que esse código para tornar se válido precisa s e r mais do que
s i m p l e s e l a b o r a ç ã o p e s s o a l : deve p r o c e d e r do g r u p o d a tribo d a
cultura ou do p r ó p r i o Deus em que o h o m e m c r ê . A expe experi riên
ênci
ciaa
religiosa n o judalsmo e no bramanismo tradicionais é tipicamente
l e g a l i s t a popois o que e s s a s religiões exige m é irres irrestri
trito
to as
assen
senti time
ment
ntoo
a seseusus códigos a seus seus livr
ivros sagr sagrad
adosos..   e titipo
po de expe
experi riên
ênci
ciaa reli
relig
g io
io
s a n ã o se l i mi mi ta
ta entretanto às religiões acim acimaa cicita
tada
das.s. Ver
Ver ific
ificaa -se
-se o
m e s m o em v á r io s ramos do cr crist
istia
iani
nism
smo.o. P or exemplo o puritanismo
de várivárias as d e nom
nom inaina çõe
çõe s protestantes e a demanda de irrestrita obe
d i ên
ên c i a à Igreja no catolicismo tendem a p r o d u z i r um t i p o l e g a l i s t a
de expe
experi riên
ênci
ciaa re
reliligi
gios
osa.
a.
A expeexperi
riên
ênciciaa r eligio sa lega
legali
list
staa torna se mais dlf1cll numa s o -
c i e d a d e c o m p le x a em que h á vá váririos
os códi
código
gos.
s. Da l p o r que m u i t o s se
r e c o l h e m a m o s t e i r o s o n d e p o d e m v ive r em o b e d i ê n c i a às leis de
cada or orde
demm ou g ru rupo
po religioso evit evitaa ndo
ndo as
assim aoao menomenoss parcial-
mente o p l u r a l is
is m o das s o c ie d a d e s ci vi liz a d as .
Mesmo r e c o n h e c e n d o as d e f ic i ên c ia s desse t i p o de e x p e r i ê n c i a
religiosa Goodenough chega à co nc lus ão de que e la n ã o é de t o d o
de spre zível e que n a realidade constíuí a maior parte d a expe-

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