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DE E S T U D O S B ÍBL ICO S

M A IS D E 3 0 0 T E R M O S
D E F IN ID O S D E F O R M A C L A R A E C O N C IS A
&
Vida
E d ito ra d o g ru p o D ire ç ã o e x e c u tiv a
E u d e M a r t in s
ZONDERVAN

H a r p e r C o l l in s
G e rê n c ia a d m in is tra tiv a
■ G il s o n Lo pe s

E d ito r a f ilia d a a S u p e rv is ã o de p ro d u ç ã o
Sa n d r a L e it e
C â ma r a B r a s il e ir a

d o L iv r o
G e rê n c ia d e c o m u n i c a ç ã o e m a r k e t i n g
S é r g io P a v a r in i
A s s o c ia ç ã o B r a s il e ir a

d e E d it o r e s C r is t ã o s
G e rê n c ia e d ito ria l
F a b ia n i M e d e ir o s
A s s o c ia ç ã o N a c io n a l

d e L iv r a r ia s
S u p e rv is ã o e d ito ria l
A l d o M en e z e s
A s s o c ia ç ã o N a c io n a l

e L iv r a r ia s E v a n g é l i c a s
C o o rd e n a ç ã o e d ito ria l
A s s o c ia ç ã o B r a s il e ir a
Ju d s o n C a n t o • obras de interesse g era l
d e M a r k e t in g D ir e t o
A l d o M e n e z e s • obras teológicas e de
referência
R o sa F e r r e ir a • Bíblias
S il v ia J u s t i n o • obras e m língua
portug uesa e espanhola;
obras in fa n tis e ju v e n is
A r t h u r G . Pa t z i a &
A n t h o n y J. P e t r o t t a
Tr a d u ç ã o

P E 0 RO W A Z E N D E F REITAS

DE E S T U D O S B ÍB L IC O S

M A IS D E 3 0 0 T E R M O S
D E F IN ID O S D E F O R M A C L A R A E C O N C IS A

V id a
O utros dicionários da coleção

© 2 0 0 2 , d e A r th u r G . P atzia e A n th o n y J. P a tro tta


D icionário de religiões e crenças m odernas
T ítu lo d o original * P ocket dictionary
o f biblic al studies
edição p u b lic ad a pela In te rV a rs ity P re ss

(D o w n ers G rove, Illinois, e u a )

Todos os direitos em líng ua portuguesa


reservados p o r

Edit o r a Vida
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P r o ib id a a r e p r o d u ç ã o p o r q u a is q u e r

M E FO S, SA LV O EM BR E V ES C IT A Ç Õ E S , C O M

IN D IC A Ç Ã O D A F O N T E .

T odas as citações bíblicas foram extraídas


d a N o v a Versão In tern a cio n a l (n v i ),

© 2001, pu blic ad a p o r E d ito ra V ida,


salvo indicação e m con trá rio .

D a d o s In te r n a c io n a is d e C a ta lo g a ç ã o n a P u b lic a ç ã o (cip )
(C â m a ra Brasileira d o L ivro, S P , Brasil)

P atzia, A r th u r G . -
D ic io n á rio d e e stu d o s b íb lico s / A r th u r G . P atzia, A n th o n y J . P e tro tta ; tra d u ç ã o
P e d ro W azen d e F reitas — S ã o P au lo : E d ito ra V id a , 2 0 0 3 .

T ítu lo o rig in a l: P o c k e t d ic tio n a ry o f b ib lical stu d ies


E d iç ã o d e b o lso

ISBN 8 5 - 7 3 6 7 - 7 4 8 -1

1. B íblia — E s tu d o e e n s in o — D ic io n á rio s I. P e tro ta , A n th o n y J ., 1 95 0-


II. T ítu lo .

0 3 -2 8 0 2 ________________________________________________________________ c o p 2 0 0 .3

ín d ic e para ca tá lo g o s is te m á tic o
1. D ic io n á rio s : E s tu d o s b íb lic o s 2 0 0 .3
2 . E s tu d o s b íb lico s: D ic io n á rio s 2 0 0 .3
P r e fá c io

E s ta ob ra , c o m a p r o x im a d a m e n te 5 0 0 v e r b e te s, e stá
d e aco rd o co m o p ro p ó sito g lo bal da sé rie d e d icio n ário s
d e b olso da In te rV a rsity P ress ao fo rn e c e r b rev es d efin iç õ e s
d e te rm o s im p o rta n te s e p alav ra s-c h a v e q u e o e s tu d a n te
e n c o n tra e m c u rso s in tro d u tó rio s e livros d e iniciação ao
N T e AT. A g ra d ec em o s aos alu n o s q u e , ao longo d e an os
d e e n sin o , e v id e n c ia ra m o d e s c o n h e c im e n to , co m o lh are s
in q u isitiv o s, o u fo ram corajosos o s u fic ie n te para e rg u e r a
m ão p ara r e c e b e r a lg u m a e x p licação q u a n d o nós, p ro fe sso ­
res, u sam o s te rm o s q u e era m fam ilia re s ao nosso m u n d o
d e e s tu d o s b íb lico s, m as e ram e stra n h o s a eles.
N o ssa lista d e v e rb e te s se e x p a n d iu e se c o n tra iu ao
lo n go dos m e se s e n q u a n to c o n sid e rá v a m o s q u ais te rm o s
se ria m ú te is aos e s tu d a n te s e n v o lv id o s em e s tu d o s b í­
b licos. T e rm o s b íb lico s co m u n s, n o m e s , lu g ares e o u tro s
tó p ic o s q u e p o d e m se r e n c o n tr a d o s e m u m d ic io n á rio
b íb lic o fo ram e v ita d o s u m a v e z q u e , d e u m lado, d e s e ­
ja m o s focalizar os te rm o s q u e se relac io n am ao estudo da
B íb lia. D e o u tro lad o , o v o c a b u lá rio m ais e sp e c ia liz a d o
d e várias a b o rd a g e n s d e e stu d o s b íb lico s, das lín g u as g reg a
e h e b ra ic a o u d a e x e g e s e , foi e v ita d o e m pro l d e te rm o s e
c o n c e ito s m ais gerais.
D icio n á rio d e e s tu d o s bíblicos 6

F o ca liza m o s os te rm o s e m p o rtu g u ê s , m as n o c a m p o
d o s e s tu d o s b íb lic o s , n e c e s s a r ia m e n te d e p a ra m o s co m
te rm o s b a se a d o s e m h eb raico , g re g o e latim , e in clu ím o s
aq u i a lg u n s d e s s e s . A lista ta m b é m a p re s e n ta te rm o s e
e x p re ssõ e s a le m ã s, q u e tê m sid o u tiliz ad o s e m te x to s e
c o n v ersaçõ es e m in g lês co m o palav ras “e m p re s ta d a s ” . N o s
casos e m q u e foi n e c e ssá rio o u ú til refe rir-se às lín g u as
b íb lic as, tra n slite ra ç õ e s foram p ro v id e n c ia d a s ta n to p ara
os q u e e stão e s tu d a n d o as lín g u as b íb lic as q u a n to p ara os
q u e a lm eja m ad q u iri-la s p o s te rio rm e n te . M a n te r o d ic io ­
n ário d e b o lso e m se u s lim ite s ta m b é m sign ifica o m itir a
m aio ria das re fe rê n c ia s b ib lio gráficas. L iv ros, d icio n ário s
e o utro s tra b a lh o s d e re fe rê n c ia n os d arão essas in fo rm açõ es
em a b u n d â n c ia . A p e q u e n a lista d e ab re v ia tu ra s re lac io n a
as m ais c o m u m e n te u sa d as e m liv ro s-tex to s e d e o b ras d e
refe rê n c ia , e p r e te n d e ser aju d a a d icio n a l aos e s tu d a n te s .

R e fe r ê n c ia s c r u z a d a s
E ste d icio n ário d e b olso usa o s e g u in te siste m a d e r e fe r ê n ­
cias cruzad as:

• A p alav ra e m V ER SA LETE in d ic a q u e u m a e n tr a d a ou
u m tó p ic o o u p alav ra sim ilar a p a re c e ta m b é m e m o u tro
lu g ar no livro.
• O “v.” , s e g u id o p o r a ssu n to co lo cad o e n tr e p a rê n te s e s ,
p o d e se r u s a d o e m v e z d a c a ix a -a lta p a ra o rie n ta r os
leito re s m ais c la ra m e n te p ara tó p ic o s relacio n ad o s.
• R e fe rê n c ia s c o m “v. tb .” ao final d a e n tra d a d o v e rb e te
d ire cio n am os leito re s a tó p ico s relacio n ad o s.
• U m a e n tr a d a se m d e fin iç ã o será s e g u id a p o r “v.” e o
n o m e d a e n tra d a e m q u e a d e fin iç ã o será e n c o n tra d a .
7 P r e f á c io

Som os gratos ao dr. D an iel G. R eid , e d ito r sênior d e livros


acadêm icos e d e referên cia da InterV arsity Press, p ela visão
no lan çam ento da série d e dicionários d e bolso, a direção na
seleção do c o n te ú d o d esta obra e o en co rajam en to para co m ­
p letar a tarefa. E sp eram o s q u e c ad a leitor seja b en eficiad o
por e ste m aterial.

Ar t hur G . P a t z ia
A n t h o n y J. P e t r o t t a
M e n lo P ark , C a lifó rn ia
A
acádio. C o m u m en te refere-se à linguagem do povo sem ita q ue
habitava a baixa M e s o p o tâ M IA , o nd e a cidade-Estado Acade
se localizava. O acádio tam bém é geralm ente usado pelos di­
aletos babilónico e assírio. O idioma adotou a escrita CUNEI-
FORME silábica. Por fim, a língua de A cade substituiu a antiga
língua SUMÉRIA, m esm o ten d o o sum ério continuado a ser
usado nas escolas de escribas. Textos em acádio apareceram
no terceiro m ilênio e continuaram até o primeiro m ilênio a.C.
acróstico. Form a poética em que as letras iniciais de cada linha
formam um a palavra, frase ou alfabeto. Por exem plo, o salmo
119 está estm turado ao redor das 22 letras do alfabeto hebraico
(oito linhas para cada letra). Os acrósticos são algumas vezes
entendidos com o artifícios m nem ónicos, mas são mais pron­
tam ente en ten d id o s com o artifícios literários e estéticos por
m eio dos quais os autores podem usar o lim ite da forma para
contribuir ao tem a. N o caso do salmo 119, um HINO em lou­
vor à T o r á , o autor usa as 22 letras para mostrar a total sufici­
ência da T o r á .
A .E .C . “antes da era com um ” . T erm o equivalente ao tradicional
a.C., m as sem im plicações teológicas ou cristãs. A “era co­
m um ” é a época “com um ” (ou a mais abrangentem ente com ­
partilhada por) a ju d eu s e cristãos. E ssa designação é mais
apropriada q u e a.C. em meios acadêmicos ou con versações
q u e envolvam cristãos e judeus.
a f o r i s m o . Breve definição (grego aphorism os), afirmação, dito
expressivo ou formulação de um a verdade. Exem plos bíbli­
cos de aforismos incluem Provébios 22.6 (“Instrua a criança
segundo os objetivos que você tem para ela, e m esm o com o
passar dos anos não se desviará deles” ) e M ateus 6.21: (“Pois
á g o ra 10

o n d e e s tiv e r o s e u te s o u ro , a í t a m b é m e s ta rá o s e u c o ra ç ã o ” .
(V. tb . PROVÉRBIO.)
ágora. Praça central das cidades gregas, geralm ente traduzida
por “m ercado” , cercada por prédios públicos, tem plos, lojas
etc. U m a vez q u e m uitas pessoas visitavam a ágora para negóci­
os, compras, leitura e assembléias públicas, ela serviu de lugar
ideal para a proclamação do Evangelho (v. At 16.19; 17.17).
A gostin h o (354-430). Bispo de H ipona Régia, no N o rte da
África (atual Bona, na Argélia) de 395 a 430 d.C. Além d e ter
escrito obras im portantíssimas com o Confissões, A doutrina cris­
tã e A cidade de Deus, Agostinho, com o A t a n á s i o , foi peça-
chave no estabelecim ento dos lim ites do CÂNON bíblico ado­
tado pelo Terceiro C o n c í l i o DE C a t a r g o , em 397. E m razão
de sua inteligência excepcional, d e seu discernim ento espiri­
tual e d e sua exposição das verdades cristãs, tem sido cham a­
do de “o maior escritor de língua latina” .
a g o s t i n i a n a , h i p ó t e s e . O pinião d e AGOSTINHO na qual a or­
dem canônica dos evangelhos (M ateus, Marcos, I Aicas e João)
é a ordem cronológica real em q u e foram escritos.
agraphon. T erm o grego (pl. agraphá) para declaração não-escrita
atribuída a Jesus, mas q u e não é encontrada nos evangelhos
canônicos. E n tre os exem plos do N T estão Atos 20.35 ( “... lem ­
brando as palavras do próprio S en h o r Jesus q u e disse: ‘H á
m aior felicidade em dar do q u e e m receb er’” ), IC oríntios
11.24,25, a variante textual d e L ucas 6.5, algum as possíveis
declarações d e textos APÓCRIFOS neotestam entários com o o
Evangelho de Tomé e o Evangelho de F ilipe e alguns fragm entos
de p a p i r o s .
akedah. V ÃQECÃH.
Albright, W illiam F o x w ell (1891-1971). Estudioso do AT e
arqueólogo americano. Albright usou a pesquisa arqueológica
11 a le g ó ric o , m é to d o

para estabelecer a Bíblia em u m patam ar historicam ente sóli­


do. E procurou, e m particular, revelar a fidedignidade dos
patriarcas e das leis e tradições mosaicas. Foi um crítico de
W e l i A IAliSEN e da CRÍTICA DA FONTE, e por isso recebeu apoio
de m uitos estudiosos conservadores na América e em outros
lugares. T in h a u m conhecim ento sem paralelos das línguas e
culturas do antigo O riente Próximo. Albright foi reconhecido
por m uitos com o o “deão da arqueologia bíblica”.
a l e g o r i a . Estilo literário em q ue a história é contada pelo q ue
significa em d etrim ento de como ela é por si mesm a. O s per­
sonagens, e algum as vezes, os eventos e lugares são interpre­
tados com o idéias abstratas ou personificações de figuras his­
tóricas, o q u e tira o foco da identidade do personagem ou da
natureza do próprio evento. Por exem plo, na história de N atã
e da ovelha, o anim al por si só não é o objeto da história, m as
antes a personificação de Bate-Seba (2Sm 12.1-14). D a m es­
ma forma, a vinha na parábola d e Isaías é Israel (Is 5.1-10).
Algumas das parábolas de Jesus têm obviam ente certos aspec­
tos alegóricos (p. ex., a parábola do sem eador, as de M t 13, M c
4 e L c 8). G eralm ente, em alegoria, a questão não é tanto q u e
cada item signifique alguma coisa, m as q u e a alegoria com o
um todo transm ita virtude, imperfeição ou exem plo de per­
sonagem , ou p o r v ezes, u m a p esso a ou e v e n to histórico
correlato. (V. tb. METÁFORA.)
alegórico, m étodo. M étodo de interpretação de texto pelo qual
os personagens, eventos e lugares têm significado “mais pro­
fun d o ” do q u e seu sentido literal. O m étodo alegórico foi
especialm ente em pregado em textos difíceis (p. ex. o “sacri­
fício de Isaque” e m G n 22) ou em textos q u e não m antive­
ram a m esm a força para leitores posteriores (p. ex., para os
cristãos, o tem plo ou as leis quanto à alim entação receberam
novos sentidos à luz da pessoa e obra d e Jesus). Esses textos
A le x a n d rin a , E sco la 12

r e c e b e r a m n o v a v id a o u s ig n ific a d o m a is a m p lo , to r n a n d o - o s
m a is a c e s s ív e is o u r e le v a n te s a o s n o v o s c o n te x to s . O p e r ig o d o
m é to d o a le g ó ric o é a a g re s s ã o a o te x to , a o fo rç a r c o r r e s p o n ­
d ê n c ia s q u e n ã o s e re la c io n a m o u c o n c o r d a m n a t u r a l m e n t e
c o m e le . (V. tb. TIPOLOGIA.)

A lexandrina, E scola. Abordagem alegórica na interpretação


do texto bíblico que, com a ESCOLA A n t i o q u e n a (abordagem
literal), exerceu grande influência d urante a ERA PATRÍSTICA
(c. 100-750 d.C.). A escola Alexandrina, enraizada na filosofia
p latô nica e h e rd e ira das trad ições ex e g é tic as d e FlLO e
O r ÍGENES, descobriu símbolos da verdade divina nos perso­
nagens e eventos retratados na Bíblia. Essa escola tam b ém
d e fe n d e u u m curso d e ação e teologia cristã q u e com fre­
qüência foi além do próprio texto. O s adeptos em pregavam o
M ÉIO D O ALEGÓRICO de interpretação, q u e foi um a tentativa
d e tratar os term os do AT para o uso cristão; a abordagem
adotou a convicção q u e toda Escritura é divinam ente inspira­
da, e portanto, eventos históricos ensinam verdades divinas, e
as passagens in telectu alm en te desagradáveis (p. ex., passa­
gens com linguagem antropomórfica e outras afins) não d e ­
vem ser enten did as literalm ente. (V. tb. SENSUS PLENIOR.)
alfa e ôm ega. Prim eira (alfa) e últim a (ômega) letra do alfabeto
grego. A frase “E u sou o Alfa e o Ô m ega” é usada por D eu s
(Ap 1.8; 21.6; v. Is 44.6; 48.12) e por Jesus Cristo (Ap 22.13; v.
tb. 1.17; 2.8). Q uando atribuída a Jesus, a frase o aponta com o
com eço (prim eiro) e fim (últim o) d e todas as coisas, desig-
nando-o ta m b é m com o Criador, e com o o objeto final d e
todo o universo (R m 11.36; E f 1.10).
a l i a n ç a . Analogia mais am plam ente utilizada na Bíblia para o
relacionam ento en tre D eu s e seu povo (outras analogias in ­
cluem pai— filho, pastor— rebanho). O relacionam ento d e ali­
ança (heb. Ifrít, gr. diathekê), com o concebido no AT, é um a
13 a lta c rític a

relação bilateral na qual D eus oferece aos filhos de Israel con­


dição especial en tre as nações da terra. E le será seu D eus,
concedendo-lhes identidade e bênçãos, e eles serão o seu povo,
obedecendo às estipulações da aliança (a TORÁ). C om freqüên­
cia, se faz m enção à natureza assim étrica da aliança — q u e é
D eu s com o soberano e o povo com o vassalo. C o n tu d o , a
m utualidade da aliança é na maioria das vezes figurada, cada
parte com obrigações e responsabilidades (envolvendo as b ê n ­
çãos e obediência). O AT retrata num erosas alianças (com N oé,
Abraão, M oisés, D avi e a N ova Aliança), m as estas nunca são
enum eradas; antes, são construídas um as sobre as outras e
p ree n c h em o q u e é en te n d id o p ela analogia do relaciona­
m ento de aliança. O s profetas do AT vislumbraram especial­
m ente a N ova Aliança, q ue se estenderia e aum entaria o q ue
já era inerente nesse relacionam ento q u e D eus tinha com seu
povo (v. Jr 31). (V. tb. SUSERANIA, TRATADOS DE.)
aliança, ren ovação da. Celebração representativa da renova­
ção anual (Ano-Novo) da ALIANÇA de Israel com Y a h w e h , ga­
rantindo paz e prosperidade ao povo. Alguns estudiosos (p. ex.,
Sigm und MOWINCKEL) fazem essa sugestão com base nos cha­
mados salmos de entronização (SI 93; 97; 99) e nas antigas e
com uns celebrações do Ano-N ovo q u e estavam associadas à
entronização do rei, ou como em U G A R Ínco, à m orte e ascen­
são d e Baal.

alta crítica. T erm o q u e se refere ao estudo crítico dos textos


bíblicos, especialm ente a avaliação d e questões como autoria,
data, fontes e com posição. O term o se originou com J. G.
E i c h h o r n e contrastava com CRÍTICA TEXTUAL, ou BAIXA. E n ­
tre os intérpretes conservadores, o term o “alta crítica” com
freqüência im plica imposição das pressuposições m odernas,
científicas, ao estudo das Escrituras. Esses termos não são mais
am plam ente usados por estudiosos. (V HISTÓRICA, CRÍTICA.)
am an uen se 14

am anuense. Pessoa que, com o escriba ou secretário, era e m ­


pregada para transcrever com base e m ditado ou em carta
resum ida (do latim m anu, mão). T ércio é intitulado o “escri­
tor” de Rom anos (16.22). Paulo tam bém utilizou outras p es­
soas, e ele atrai atenção ao fato ao dizer q u e está encerrando a
carta pela própria m ão (v. IC o 16.21; G1 6.11; Cl 4.18, 2 'Is
3.17). Silvano é identificado como am anuense de Pedro (IP e
5.12). E sta prática de usar secretários (v. Jr 36.4) p od e ser a
razão por diferenças d e estilo e linguagem em algum as das
cartas neotestam entárias atribuídas a Paulo e Pedro.
A m a i n a , t a b u i n h a s de. T abuinhas q u e consis­
c u n e if o r m e s

tiam na m aior parte de cartas diplom áticas encontradas e m


Tell el-Am am a , no rio Nilo. Foram descobertas em 1887 por
um a m ulher q u e cavava a lama em busca de fertilizante. E s­
tes textos, datados durante o reinado d e A quenáton (c. 1350-
1334 a.C.), representam a vida política e socioeconômica no
antigo O rien te Próxim o, incluindo C anaã e Síria, an tes da
chegada dos israelitas do Egito. Ê d e grande interesse aos
estudiosos bíblicos a m enção d e apiru, u m povo q u e morava
em Canaã na E ra do Bronze R ecente (1550-1200 a.C.) e algu­
mas vezes identificados como hebreus. Provavelm ente eram
fugitivos ou refugiados de algum tipo, um a vez q u e a palavra
foi usada mais em sentido social do q u e étnico.
am arração de Isaque. (V ÂQ EEfiH .)
Amenemope, Im tnição de. T exto D i d á t i c o do novo reino egípcio
(c. 1567-1085 a.C.). Esse texto exalta mais o desenvolvim en­
to do com portam ento disciplinado e m odesto do q u e das h a ­
bilidades políticas. Provérbios 22.17— 23.11 é tido por m uitos
estudiosos com o d e p e n d e n te d os provérbios eg ípcios d e
A m enem ope. O estilo e a linguagem são notavelm ente sim i­
lares, m esm o q u e os provérbios bíblicos estejam delineados
pelo contexto d e fé israelita, e não pelo ensinam ento egípcio.
15 a n f ic tio n ia

Por exem plo, o provérbio contra roubar os pobres e oprim ir


os aflitos é explicado em Provérbios 22.23 (“pois o S e n h o r
será o advogado deles” ) o q u e não ocorre no texto egípcio.
(Um a característica das prescrições bíblicas é a “parte causal” ,
em q u e um m otivo é fornecido com o m eio de instrução; v.
tb. T o r á . )
‘am ^hiarets. Expressão hebraica q u e significa literalm ente “povo
da terra” . M esm o q u e haja referências ao povo da terra no AT
(E d 4 .4 ; 10.2; N e 10.30 ,3 1; Jr 1.18; 3 4 .1 9 ; 3 7 .2 ; 4 4 .2 1 ), os
intérpretes têm dado mais atenção a este grupo na literatura
rabínica, um a vez q u e parece esclarecer textos como João 7.49:
“... essa ralé q u e nada en ten d e da lei é m aldita” . A maioria
dos estudiosos questiona a antiga interpretação segundo a qual
o “povo da terra” diz respeito a pecadores impuros, não m e ­
recedores da salvação, q ue foram então excluídos da adoração
na SINAGOGA.
a m o r a í t a s . D esigna os instrutores RABÍNICOS tanto da Palestina
quanto da Babilônia do século III ao VI d.C. (o term o hebraico
significa “oradores” ou “intérpretes” ). Esses rabinos m an ti­
veram a M lX N Á com o autoridade para a própria regulam enta­
ção e procuraram elucidar as discussões nesse sentido. A inter­
pretação m u d o u o foco do conceito d e adoração no tem plo
(que foi destm ído em 70 d.C.) para adoração na SINAGOGA e
em casa, com ênfase na oração e m oralidade, não ao CULTO.
a n f i c t i o n i a . M odelo utilizado para explicar a organização social
das tribos de Israel antes da m onarquia. Esse modelo, basea­
do principalm ente na analogia com as antigas ligas sacras gre­
gas, concebe Israel com o um a confederação de doze tribos
organizadas em volta do culto a Y a h w e h , seu D eus, cuja ado­
ração se localizou em um santuário central (p. ex., prim eiro
em S iquém e depois em Siló). É questionável se o m odelo
anfictiônico explica ad equ ad am en te a organização social de
a n ic ô n ic o 16

Israel ou é a analogia mais clara. C ontudo, o relato bíblico da


origem israelita reflete q u e as tribos d e Israel foram organiza­
das ao redor d e instituições e crenças religiosas com uns.
anicônico. T erm o q ue significa “sem representação”. E usado
para descrever a tradição israelita, na qual D eus não podia ser
representado por qualquer im agem (v. Ê x 20.4).
an ôn im o. L itera lm e n te “sem n o m e ” (do grego a , “se m ” +
onoma, “n om e” ). Peça de literatura em q u e não se identifica
o autor pelo nom e é considerada anônim a. O s quatro evange­
lhos, por exem plo, provavelm ente circularam an o n im am en ­
te por aproxim adam ente cinqüenta anos antes q u e os nom es
correntes d e M ateus, Marcos, Lucas e João fossem associados
a eles. O livro de H ebreus tam b ém circulou como d ocu m en ­
to anônim o antes do nom e de Paulo ser vinculado a ele por
certo tem po. O s livros históricos do AT e muitos dos salmos
não têm nom es ligados a eles. (V. tb. PSEUDONÍMICO.)
antilegom ena. D e acordo com Eusébio, os livros do N T (H b,
2Pe, T g , Jd, 1— 3Jo, Ap) cuja canonicidade foi contestada (gr.
anti, “contra” + lego, “falar, dizer” ) pela igreja primitiva, em
oposição aos livros q ue foram aceitos (HOMOLOGOUMENA). (V
tb. CÂNON.)

antinom iano. T erm o q ue designa crentes da igreja prim itiva


q ue pensavam erroneam ente q u e a salvação por m eio da fé
em Jesus Cristo os libertava de todas as obrigações morais e
q ue poderiam pecar im p u n em en te (gr. anú, “contra”, + riomos,
“lei” ). O problem a do antinom ismo é apresentado em passa­
gens do NT, como Romanos 6.1-11 e ljoão (v. ljo 1.9,10). Alguns
e stu d io so s associam essa a titu d e a form as p rim itiv as d e
G NOsnciSM O, em que o conhecimento era posto acima da ética.

A ntíoquena, E scola. M é to d o d e i n te r p r e ta ç ã o d a s E s c ritu ra s ,


que com a E s c o l a Al e x a n d r in a , e x e r c e u g r a n d e in f lu ê n c ia
17 a n tr o p o m o r f is m o

d u ra n te a ERA PATRÍSTICA (c. 100-750 d .C.)- A E sc o la


A ntioquena construiu a herm enêutica baseando-se em prin­
cípios aristotélicos e foi profundam ente influenciada pela for­
te população judaica em Antioquia. E m oposição ao sistem a
ALEGÓRICO da E s c o l a A le x a n d r in a , os antioquenos em p re­
garam o q u e cham aram de theoiia ( “reflexão, contem plação” ),
q ue significava para eles u m sentido mais profundo do texto
do q u e um a abordagem sim plesm ente histórica, m as ainda
firm em ente enraizada no sentido literal e contexto histórico
do antigo Israel. Essa abordagem está próxim a ao e n te n d i­
m ento atual d e TIPOLOGIA, um a vez q u e se refere à ordenação
q ue D eus d e u à história (em contraste com a visão mais sim ­
bólica do MÉTODO ALEGÓRICO praticado em Alexandria). (V.
tb. SENSUS PLENIOR .)

a n títese s. N os estudos do NT, os seis contrastes entre M oisés e


Jesus no serm ão do m onte em M ateus 5.21-48. C ada antítese
é introduzida pela fórmula: “Vocês ouviram o q u e foi dito”
seguida pela resposta antitédca: “M as e u lhes digo”.
a n t í t í p o . (V. TIPOLOGIA.)

a n t r o p o m o r f i s m o . N a Bíblia e na teologia, é u m recurso de


linguagem no qual são atribuídos a D eu s característica ou em o ­
ções hum anas (conhecidas por ANTROPOPATISMO). Por ex em ­
plo, referências ao “braço direito” , ou ao “assento” nos céus,
ou ao “riso” d e D eu s freq ü en tem ente tratadas como antropo­
morfismo e com o reflexo do p en sam en to “rudim entar” so­
bre D eus. C ontudo, o antropomorfismo pode ser visto com o
a linguagem da im anência — a proxim idade e a relação de
D eus com sua criação. Assim, D eus “andar” pelo jardim quando
soprava a brisa do dia (G n 3.8) nada tem q ue ver com a atri­
buição de um a “forma hum ana” a D eus, mas com a m aneira
de expressar o envolvim ento dele com o m undo. N o caso de
antropopatismo (p. ex. a ira ou o riso de D eus), a descrição não
a n tr o p o p a tis m o 18

é “irracional” ( “acesso em ocional” ), mas pode ser interpreta­


da com o parte da resposta divina ao com portam ento hum an o
e parte d e sua vontade pela criação. D eus, em certo sentido,
pode de fato considerar algum p ensam ento ou ação “engraça­
do” ou a causa d e “ira” (v. SI 2.4,5). A dificuldade e m lidar
com antropomorfismos é ilustrada pelo q u e querem os dizer
quando dizem os “D eus fala” ou q u e “D eus ouve” . Estaría­
mos dizendo q u e D eus tem cordas vocais e ouvidos, ou estam os
dizendo q u e essa linguagem reflete como D eu s se relaciona
com as pessoas, em que o dar e o receber da linguagem falada
e ouvida caracterizam o relacionamento? (V. tb. METÁFORA.)
a n t r o p o p a t i s m o . (V. ANTROPOMORFISMO.)

a p a r a t o c r í t i c o . N otas de rodapé encontradas no texto crítico


da maioria das edições do AT hebraico e N T grego. Essas notas
citam várias fontes m anuscritas e variantes q u e apóiam ou
diferem do texto im presso. Versões correntes da Bíblia em
português por vezes indicam nas notas de rodapé im portan­
tes diferenças textuais com a frase “alguns dos m anuscritos
antigos o m item ” ou “alguns dos manuscritos adicionam ” . (V.
tb. TEXTUAL, CRÍTICA.)
a p o c a l i p s e . L iteralm en te “d esv e n d a m e n to ” ou “revelação” .
O term o é em pregado nas palavras iniciais do últim o livro da
Bíblia: “Revelação (<apokalypsis) d e Jesus Cristo” (Ap 1.1). T em
sido usado tam b é m pelos in térpretes para descrever certas
porções “revelatórias” do livro d e D aniel, de passagens com o
Isaías 24— 27 e Marcos 13, e alguns livros não-canônicos. (V.
tb. APOCALÍPTICO; APOCALIPTICISMO.)
a p o c a l í p t i c o . T erm o usado para descrever o GÊNERO literário e
visão de m u n d o em q ue os segredos sobre o m u nd o celestial
e o Reino d e D eu s (e o fim do m undo) são revelados. Esses
segredos são, em geral, entregues por m eio de sonhos e visões
ou por m ensageiros sobrenaturais (p. ex., anjos) e são expres­
19 a p ó c rifo s

sos em símbolos vívidos ou METÁFORAS. Obras apocalípticas


floresceram d u ran te o período greco-rom ano (c. 200 a.C. a
200 d.C) e não estão limitadas aos livros bíblicos, m as eram
parte da cu ltura mais abrangente do m u n d o m editerrâneo.
( ]om freqüência na literatura apocalíptica é fornecida admoes­
tação para q u e a audiência se m an ten h a fiel e pcrsevere. A
com unidade é notificada q u e experim entará um tem p o de
sofrim ento, m as q u e será seguido p ela defesa dos justos e
punição dos m aus. (V. tb. APOCALIPSE; APOCALIPTICISMO.)
apocaliptísmo. G eralm ente usado para descrever o grupo soci­
al c especificam ente a ideologia e as crenças dos q u e adotam a
perspectiva APOCALÍPTICA. A origem do pensam ento apoca­
líptico bem com o as influências recebidas são debatidas, vari­
ando da profecia à SABEDORIA MÂNTICA e ao MITO. N a tradição
judaica, a escatologia apocalíptica contrasta com a escatologia
profética (na qual os eventos futuros desdobram -se d e d e n ­
tro da história hum ana, com o em M q 4.1-4), com a prim eira
salientando a interrupção do curso norm al dos eventos h u ­
m anos realizada por D eu s ou seus agentes, com freqüência
revelando o fim da p resen te ord em m undial e a ressurreição
dos q u e p erm an ecerem fiéis. Apocalipticismo testifica o go­
verno d e D e u s sobre a história, q u e fornece ao fiel estrutura
de ação em vez d e aceitação passiva ou desespero em um
tem po de conflito e perseguição. (V. tb. APOCALIPSE; APOCA-
LÍPTICO.)

apócrifo. G eralm en te usado com o adjetivo para descrever os


APÓCRIFOS ou qualquer texto ou peça q u e tenha autoridade
ou a u te n tic id a d e duvidosas. A história da com posição da
S e p t u a g i n t a , com o registrada na C a r t a d e A r i s t é i a s , por ex em ­
plo, é considerada apócrifa.
apócrifos. N o m e dado à coleção d e livros q ue foram considera­
dos com co nteúdo “escondido” ou com verdades “secretas”
a p o ria 20

(do gr. apokryto , “esconder, ocultar” ). O s livros apócrifos são


considerados canônicos pelos católicos rom anos e pelas igrejas
ortodoxas, mas não são incluídos nas Escrituras judaicas e na
maioria das protestantes. O s apócrifos do AT incluem livros
q ue são ainda considerados im portantes para o judaísm o e o
protestantism o, com o 1 e ZMacabeus e Sabedoria de Salom ão ,
m esm o q u e não sejam considerados canônicos. Esses livros
estão em condição distinta dos evangelhos, cartas e literatura
apocalíptica APÓCRIFA, escritos en tre os séculos II e VI d.C., e
não fazem parte d e qualquer CÂNON cristão. (V. tb. DEUTERO-
( ANÔNICX)S, I ,IVR( K; N a C I l,\\ l\lAI )l, BIBIJOTECA DE; OXIRRINCO,
PAPIROS DE; EVANGELIIO.)

apodíctica, lei. Form a de lei caracterizada por en dereçam ento


pessoal, em m aneira imperativa d e disposição “Vocês não d e ­
vem ” . G eralm ente, não são fornecidos circunstâncias aten u ­
antes ou detalhes, e as conseqüências não são especificadas,
como em Ê xodo 20.13: “N ão m atarás” . E contrastada pela lei
CASUÍSTICA.

aporia. N a c r í t i c a d a f o n t e dos evangelhos, é um term o téc­


nico q u e indica transições ap aren tem en te abruptas ou inconsis­
tências estruturais q ue resultam da tentativa do autor d e in­
corporar m aterial d e d iferentes fon tes e m u m único d o cu ­
mento. O discurso de despedida de Jesus em João 14— 16 é
considerado por alguns in térpretes com o co ntendo diversos
tipos de alteração estrutural desse tipo.
apostólica, parúsia. A idéia de m esm o q u e Paulo não esteja
p resente pessoalm ente em algum a das igrejas, a autoridade
apostólica está, entretanto, p re sen te ou deveria ser sen tid a
tanto pela carta q ue escreve à igreja (v. R m 1.8-15; 15.14-33;
IC o 4.14-21; 2Co 12.14— 13.13; F m 22) quanto por m eio de
um enviado designado, T im ó teo (IC o 4.17-20; F p 2.19-24;
lT s 2.17— 3.13).
21 a ra m a ís m o

a p o t e g m a . Transliteração do grego “falar livrem ente a opinião”


(pl. apophthegmata). N os estudos dos evangelhos (particular­
m en te a CRÍTICA DA FORMA), o term o foi usado por R ud o lf
B u l t m a n n para os ditos proverbiais e d e sabedoria de Jesus,
transm itidos oralm ente, mas q ue foram colocados em u m con­
texto histórico quan d o os autores escreveram os evangelhos
(v. M c 3.1-6; 7.1-23; 10.17-22; 12.13-17). M artin D ibelius usou
o term o paradigm a para o m esm o tipo de material; Vincent
Taylor USOU “ IIISTÓRIA DE PRONUNCIAMENTO” . (V. tb. CHRP.IA.)
(kiedah. T erm o RABÍNICO referente à história e à interpretação do
“sacrifício” d e Isaq u e por Abraão (G n 22; ÂQÉDÃH significa
“amarração” d e Isaque). N o relato, D eu s instrui Abraão para
sacrificar seu único filho, Isaque, no m o nte Moriá, com o teste
da fé e da perseverança do patriarca. Abraão foi o b ed ien te a
esse teste extrem o, e a bênção a Abraão é reiterada não por
causa da obediência, mas como reafirmação da promessa e do
reconhecim ento do valor da obediência hum ana (Gn 22.15-
18). Essa história é repleta de tradição para judeus, cristãos e
m uçulm anos, e é usada para reflexões teológicas em diversos
temas, com o obediência, martírio e providência divina.
A q u in o, T om ás de (1225-1274). Teólogo italiano e m onge
dom inicano da Idad e M édia cuja sistematização da teologia
em sua Sum a teológca (um a síntese da filosofia aristotélica e fé
cristã) se tornou o ensino oficial aceito pela Igreja Católica
Romana. Sua erudição bíblica está presen te nos sermões, ex­
posições e com entários tanto do AT quanto do NT.
aram aísm o. Influências da gramática, form a e conteúdo da lín­
gua aramaica nos textos gregos. N o N T, influências aramaicas
(ou semíticas) são observadas nas parábolas de Jesus e na inter­
pretação {MIDRAXE) das histórias e conceitos do AT (p. ex., L c
24.21 pega o tem a da “libertação” e evoca um m idraxe q u e
identifica M oisés com o u m dos q u e “libertariam Israel” ).
a r e to lo g ia 22

Aramaísmos são especialm ente notados no uso de term os com o


Abba, “pai” (v. M c 14.36; R m 8.15; G1 4.6) e Tabita, n o m e
aramaico (v. At 9.36). (V. tb. MARANATA.)
aretologia. T erm o q u e descreve milagres, poderes so brenatu­
rais, grandes obras, atos d e pod er e qualidades de virtude d e
um deus ou u m “h om em divino” (gr. arete, “virtude” ). N os
estudos dos evangelhos, refere-se aos milagres e relatos mira­
culosos de Jesus nos quatro evangelhos. (V tb. DIVINO, HOMEM.)
a r i a n i s m o . C rença dos adeptos dos ensinos d e ÁRIO.

A rio (c. 256-336). Teólogo alexandrino (Egito) da igreja pri­


m itiva q u e acreditava q u e Jesus, m esm o sendo co m p leta ­
m en te hum an o e o mais elevado ser criado, não era totalm en­
te divino pois não com partilhava da m esm a substância q u e
D eus. A crença d e Ario ( a r i a n i s m o ) foi declarada h erética
pelo C o n c í l i o d e N i c é i a , em 325 d.C.
A ristáas, Carta de. D ocum ento q u e supostam ente descreve as
circunstâncias q u e envolveram a tradução do Al' para o grego.
O autor, Aristéias, provavelm ente ju d e u q u e vivia em A lexan­
dria no século III a.C., escreveu um a carta a seu irmão, Filócrates,
inform ando q u e 72 delegados, seis d e cada tribo d e Israel,
foram enviados a Ptolom eu II, rei do Egito, para traduzir a L ei
( Torá ) para sua biblioteca, q u e continha livros d e todo o m u n ­
do. A tarefa, de acordo com o docum ento, foi com pletada em
72 dias, e todos os tradutores concordaram com a tradução
final. A história tem m uitos elem entos concretizados, m as a
tradução do AT para o grego foi d e encontro às m uitas necessi­
dades dos ju d eus de fala grega q u e viviam em Alexandria. A
tradução, iniciada no século III a.G , não foi com pletada até o
século i. (V. tb. a p ó c r i f o ; SEPTL'AGINTA.)
A será. N o m e d e um a divindade m aterna cananita, a com pa­
nheira do deus E l e a contraparte do deus Baal. N a Babilônia
ela era conhecida como a “dam a da volúpia” e em outros lu­
23 A t a n á s io

gares por sen ap etite sexual. As referências bíblicas a Aserá


geralm ente dizem respeito a postes d e m adeira (postes ído­
los) ou árvores associados a instituições CULTUAIS proibidas (v.
E x 34.13), especialm ente a prostituição ritual (v. Os. 4.12-14).
A acusação profética d e adoração a Aserá é te stem u n h o da
sedução q u e esta prática proporcionou ao longo da história de
Israel.
asm oneus, dinastia dos. N o m e da família de sacerdotes e reis
m acabeus q u e governaram Israel d e 160 a.C. até a tom ada
pelos rom anos de Jerusalém em 63 a.C. O relato dos asm oneus
é contado e m / e 2 M acabeus. O n o m e “asm o n eu ” não é
usado nesses textos, m as é utilizado por Josefo, outra fonte
histórica im portante para os eventos q u e levaram ao dom ínio
dos asm oneus. O nom e parece vir d e um antigo nom e p red e­
cessor, hashmônay (gr. asmònaios em Josefo). Sob a dinastia dos
asm oneus, o reino d e Ju d á este n d e u suas fronteiras a um a
extensão igual às q u e o rei Davi estabeleceu durante seu rei­
nado. N o final, a dinastia dos asm oneus foi vítima das facções
competitivas q u e tinham surgido na região sob seu governo, e
obviam ente, pelo poder do novo Im pério R om ano q u e trou­
xe “paz” a um a região em q u e os governos “h elenísticos”
tinham sido incapazes de manter. (V. tb. PAX ROMANA.)
A tan ásio (c. 296-373). Teólogo e apologista da igreja prim i­
tiva q u e foi treinado na escola CATEQUÉTICA d e Alexandria.
C onhecido principalm ente por sua oposição à doutrina h eré­
tica de A rio , ele tam b ém d esenvolveu diversos princípios
im portantes d e interpretação bíblica. C om o bispo d e A le­
xandria, dedicou grande parte d e sua 39.a carta comemorativa
(festival) às igrejas para anunciar a data da Páscoa em 367 d.C.
e arrolar os livros do AT e do N T q u e ele considerava q u e d e­
veriam ser CANÔNICOS. Essa lista de livros foi adotada como
base do T erceiro C o n c ílio DE C a ta r g o , em 397 d.C.
a te s ta ç ã o m ú ltip la , c rité rio d e 24

a t e s t a ç ã o m ú ltip la , c r i t é r i o d e . ( Critério para descobrir a au­


tenticidade das afirmações de Jesus. A pressuposição implícita
neste critério é q u e se palavras e feitos similares d e Jesus são
atestados m ultip lam en te em d iferentes fontes nos EVANGE-
LHOS (Marcos, Q, M, L), provavelm ente são autênticas. (V. tb.
COERÊNCIA, CRITÉRIO DE; CRITÉRK) DE Al JTENTK2DADR; I5IÍSSE-
MELHANÇA, CRITÉRIO DE.)

A .IJ.C . Abreviatura do latim ab urbe condita, ou anno urbis conditae


(literalm ente “da fundação da cidade” ), referindo-se à fu n ­
dação da cidade de Roma. Dionísio, m onge cita, considera o
início da era cristã como relacionada à fundação da cidade de
Roma, q u e datou em 754 a.G. Dionísio errou: foi em 750 a.C.
D essa forma, tem os o inusitado fato do nascim ento d e Jesus
ser atualm ente datado em 4-6 a.C.
a u t ó g r a f o . M anuscrito original ou docum ento da obra de um
autor (gr. autographos, “escrito pela própria m ão” ). U m a vez
q u e n en h u m autógrafo d e q u alq u er livro bíblico foi desco­
berto, os estudiosos devem trabalhar com cópias posteriores,
a u t o r s u g e r i d o . T erm o da crítica da narrativa q u e faz distinção
entre a pessoa q u e é apresentada no texto e o autor real. O
autor sugerido é criação do autor real, e o caráter do prim eiro
está su b e n te n d id o e e m b u tid o no texto. O autor sugerido
escreve para o leitor sugerido. Km alguns casos, o term o “au ­
tor sugerido” é usado quando a autoria d e certo docum ento é
questionada. E rud ito s q u e d uv id am da autoria paulina d e
Efésios, por exem plo, podem escolher falar de u m autor su ­
gerido em vez d e Paulo.

B
b a b i l ó n i c o , e x í li o . Período de tem p o d esd e a destruição do
primeiro tem plo (587 a.C.) e da deportação do rei Z ed equ ias
25 B ar K okhba

e outros à B abilônia até o edito d e C iro q u e perm itiu aos


judeus retornarem à terra de Israel e reconstruir o tem plo em
538 a .C (v. 2C r 36.22,23). O reino do N o rte (Israel) havia sido
conquistado pelos assírios e seus habitantes deportados em
721 a.C. O s profetas, Oséias e Am ós e m particular, haviam
anunciado a destm ição em razão das práticas idólatras desse
reino. M iquéias e Isaías, contem porâneos de Oséias e Amós,
disseram q u e o m esm o ocorreria com Judá, o reino do Sul, se
persistissem nos m esm os caminhos. O exílio babilónico teve
efeito decisivo na teologia da Bíblia. A perda dos sím bolos
nacionais — terra, tem plo, reino — colocou em perigo a id en ­
tidade de Ju d á com o povo de D eus. A resposta do povo à crise
foi a aceitação da acusação profética contra a idolatria e o “re­
torno” à fé da ALIANÇA. O exílio foi visto tanto com o punição
(pelos pecados; L m 1.5) quanto prom essa (que D eus não aban­
donaria seu povo; L m 3.21-24). M uitos ju d eu s p erm an ece­
ram nas novas terras e não retornaram à terra de Israel. (V. tb.
D iá s po r a .)

baixa crítica. Crítica textual. O term o foi desenvolvido por J.


G. ElCHHORN em contraste com a ALTA CRÍTICA, q u e investiga
criticam ente as questões de autoria, datas, fontes e com posi­
ção. N e n h u m dos dois term os te m sido usado em estudos
recentes.
B ar Kokhba. Ju d eu zelote (nom e hebreu: Shirríôn ben Kôkav)
q ue liderou a segunda revolta judaica (132-135 d.C.) contra os
romanos. Alguns estudiosos sugerem q u e o nom e adquirido
Bar K okhba (aramaico, tam bém na forma bar Kôkba), “filho
da estrela” era título messiânico derivado d e N úm eros 24.17,
q ue afirma q u e “um a estrela procederá de Jacó, de Israel su­
birá u m cetro” . N a literatura RABÍNICA, u m trocadilho aviltante
de seu nom e descreve-o como Bar Koziba, “filho da m en ti­
ra”, em virtude da frustração de suas aspirações messiânicas.
B a r t h , K a rl 26

Barth, Karl (1886-1968). Teólogo suíço e pai da neo-ortodo-


xia. Talvez o mais influente teólogo do século XX, salientou a
transcendência d e D eus que, apesar disso, revelou-se e m Je ­
sus Cristo. Foi educado por estudiosos liberais da época, mas
em seu fam oso com entário d e R om anos, escrito e n q u a n to
exercia o pastorado após a Prim eira G uerra M undial, rom peu
com o liberalismo e buscou redescobrir a realidade da sobera­
nia de D eus com o foi testem un h ada pelos apóstolos e profe­
tas. O maciço Church dogpiatics [Dogmática da igreja] co ntém
m uitos exem plos detalhados e instrutivos sobre sua EXEGESE
das Escrituras.
bat-qôl. H ebraico “filha da voz” . O term o é usado pelos ju d e u s
para referir-se à voz celestial, m as é distinto de profecia, q u e é
recebida por interm édio de alguém em u m relacionam ento
já ex isten te com D eus. U m ex em plo neotestam en tário d e
bat-qôlé a voz divina ouvida no batism o d e Jesus (M t 3.17; M c
1.11; L c 3.22).
Baur, F erdinand C hristían (1792-1860). Professor d e his­
tória da igreja e teologia d o g m átic a na U n iv e rsid a d e d e
T ü b in g en , A lem anha, d e 1826 a 1860. Baur desenvolveu a
radical abordagem HISTÓRICO-CRÍTICA da Bíblia que, e n tre
outras coisas, questionava os relatos sobrenaturais das origens
do cristianismo, a unidade do CÂNON e a autoria apostólica da
maioria das cartas do NT. Aplicou a filosofia d e G. W. E H egel
(tese— antítese— síntese) à história da igreja prim itiva ao pro­
por q ue a oposição entre o judaísm o cristão de Pedro (tese) e
o cristianismo gentio de Paulo (ANTÍTESE) levou à reconcilia­
ção (síntese) na igreja católica prim itiva do século II d.C. (V.
tb. T ü b i n g e n , e s c o l a d e .)
B ed a (c. 673-735). O “pai da história inglesa” e um dos h o ­
m ens mais versados da época. Q u an do o continen te entrou
na E ra das Trevas, a igreja em Ú m bria do N orte, o nd e B eda
27 b í b l ic a , c r ít ic a

vivia, beneficiou-se da erudição provinda da Itália (trazida por


Teodoro d e Tarso, arcebispo de C antuária) e da devoção da
igreja celta. B eda é conhecido pelos escritos e erudição, inclu­
indo com entários d e m uitos livros bíblicos, com o os evange­
lhos de Marcos e Lucas.
Benedidus. N o m e tradicional latino atribuído à profecia de Zacarias
com respeito a João Batista (Lc 1.68-79). E m latim, a prim eira
sentença inicia com Benedictus D om inus Deus Israel [Bendito
seja o Senhor Deus de Israel], mas continua com o hino de louvor
a D eus pelas prom essas ALIANCÍSTICAS e em favor do seu povo,
e como prognóstico do papel profético d e João Batista. (V. tb.
M AG N IFIC AT;N U N C D IM im S.)

B ernardo de G laraval (c. 1090-1153). E lo q üen te pregador


m edieval e fundador de 68 m onastérios por toda a Europa.
C om o intérprete, é mais conhecido por seus serm ões sobre o
C ântico dos Cânticos. Esses serm ões alcançaram extensa au­
diência ao instigar a im agem sensual relacionando-a à experi­
ência afetiva e pessoal do amor de D eu s por nós e do nosso
amor a ele. P or m eio da ALEGORIA, o SENTIDO LITERAL foi
transferido para o desejo por Cristo (e união com ele).
bíblica, crítica. Aplicação do m étodo e julgam ento racional ao
estudo do texto bíblico pela perspectiva de perceber os dife­
rentes estágios d e composição e as diferenças literárias d entre
os livros bíblicos. O term o é usado tam b ém d e forma mais
geral para referir-se à atual interpretação do texto bíblico. A
crítica bíblica, com o interpretação distintiva, tem sido pratica­
da desde quan d o as com unidades aceitaram prim ariam ente o
texto com o autoridade; contudo, a crítica bíblica tom ou u m
novo rum o no século XVIII com o estudo da Bíblia com o “e m ­
p reen d im en to ” científico e não necessariam ente pela pêrs-
pectiva da fé. Os m étodos e abordagens têm se multiplicado
desde o princípio, m as a pressuposição implícita de q u e a Bí-
B íb lic a , M o v im e n to d a T e o lo g ia 28

blia deve ser lida como qualquer outro livro perm anece, usan-
do-se os m étodos históricos e literários para julgar a origem e
significado do texto. U m perigo da crítica bíblica reside na
perda potencial d e um a leitura d istin tam en te teológica do
texto com o a Palavra d e D eus. (V. tb. B íb lica, M o v i m e n t o
d a T e o l o g ia ;c r ít ic a c a n ô n ic a .)

Bíblica, M ovim en to da T eologia. Após a S eg u n da G uerra


M undial, u m grupo de estudiosos procurou encontrar u n i­
dade dentro da Bíblia por m eio das pressuposições básicas e
padrões d e pensam ento do texto, m esm o q u e cada autor 011
livro possa expressar esses padrões em diferentes palavras 011
imagens. O m ovim ento acolheu a CRÍTICA BÍBLICA e suas con­
clusões, m as ainda procurou restabelecer a dim ensão teológi­
ca nas Escrituras. A revelação divina na história tornou-se o
ponto central do em p re en d im e n to , m esm o a HISTÓRIA DA
SALVAÇÃO, mais do q ue qualquer evento verificável, ten h a sido
a chave para o evento (a distinção tem sido considerada mais
nitidam ente para alguns do q u e para outros). A teologia bíbli­
ca, para esses estudiosos, era um a forma de mostrar a impor­
tância e a relevância perm an en te da Bíblia para o cristão. O s
leitores foram encorajados a p ensar “hebraicam ente” e sali­
entar tem as e conceitos; deveriam transportar-se para o “m u n d o
bíblico” e suas categorias, e não pensar em term os abstratos
das categorias gregas. O m ovim ento foi severam ente criticado
em seus pontos centrais, m esm o por pessoas d e d en tro do
m ovim ento (p. ex. Brevard C h i l d s ), e sua influência en fraque­
ceu-se. C on tu d o, abordagens recentes ao estudo da Bíblia,
especialm ente a CRÍTICA CANÔNICA, buscaram recuperar a n e ­
cessidade d e leitura teológica, ao m esm o tem po e m q u e evi­
taram o perigo da colocação d e m entalidade bíblica ou unida­
de tem ática en tre os Testam entos.
biblicismo. T erm o depreciativo q u e descreve a adesão não-crí-
tica e inquestionável à Bíblia e à interpretação literal dela.
29 B o r n k a m m , G ü n th e r

bibliolatria. 'lè rm o pejorativo usado para expressar um a atitu­


d e de pessoas q u e focalizam m uita atenção na Bíblia, como um
livro a ser venerado e idolatrado em si mesmo, e esquecendo dos
aspectos m ais im portantes da Bíblia, com o a revelação de
D eus transm itida pela autoria hum ana.
binitarismo. D outrina q ue nega a divindade do Espírito Santo
ao defini-lo com o um poder impessoal do Pai e do Filho, q u e
ju n to s co m p artilh am a m esm a essên cia e substância. In i­
cialm ente, a doutrina estava ligada à íntim a associação d e D eu s
Pai com Je su s, o F ilh o, em te x to s co m o R o m an o s 4.24,
2 C o rín tio s 4 .1 4 e I T im ó te o 2.5,6. G o m o tal, d ife re do
trinitarismo, q u e afirma a divindade das três pessoas da T rin­
dade (Pai, Filho e Espírito). E m debates sobre a adoração dos
cristãos prim itivos, a devoção cristã inicial a D eu s Pai e ao
Filho é algum as vezes descrita com o binitária ou com o tendo
“contorno binitário” .
birkü-ham m tm . Lit., “a bênção dos h ereges” , mas geralm ente
visto como um a “maldição” contra os ju d eus cristãos q u e fo­
ram expulsos das sinagogas quan d o aum entaram as tensões
entre ju d eus cristãos e incrédulos (v. Jo 9.22; 12.42; 16.2). As
18 bênçãos q u e foram lidas em algum as sinagogas incluem
esta frase: “Para os apóstatas, não há mais esperança. E no
julgam ento, o reino da arrogância logo será destruído. Bendito
sejas Tu, ó Senhor, que humilhas o orgulhoso” .
B o m k a m m , G ünther (1905-1990). Estudioso alemão do N T
q u e en sin o u p rin c ip a lm e n te e m H e id e lb e rg , A lem anha.
E m bora tenha sido aluno de R ud o lf BuLTMANN, não seguiu o
ceticismo radical de seu m estre com relação ao Jesus histórico
(v. BUSCA IX) J e s u s h i s t ó r i c o ). A significativa monografia de
B om kam m , Jesus de N azaré (1960), procurou dem on strar a
continuidade en tre Jesus de Nazaré, como apresentado nos
evangelhos, e o Cristo da fé, com o crido e proclamado pela
B r u c e , F r e d e r ic k F y v ie 30

igreja. T am b ém foi u m dos primeiros estudiosos a aplicar os


princípios da CRÍTICA DA REDAÇÃO ao Evangelho d e M ateus.
B ruce, F red erick F y v ie (1910-1991). Prolífico e influente
estudioso evangélico britânico q u e consum iu a maior p a n e da
carreira acadêm ica na U niversidade d e M anchester, na Ingla­
terra. C onhecido pelos m uitos com entários d e livros do NT,
tam bém prestou grande contribuição ao estudo do AT, à teo ­
logia bíblica, história do N T e à história do CÂNON.
B ultm ann, R u d o lf (1884-1976). Estudioso alemão do N I ' q u e
teve notável carreira d e ensino na U niversidade de M arburgo
(1921-1951). Foi talvez o mais influente estudioso do N T do
século XX, e seus estudos, q u e refletem a influência da teolo­
gia dialética e da filosofia existencialista, com preen dem gran­
de lista d e tem as, incluindo HERMENÊUTICA, o JESUS HISTÓRI­
CO, a CRÍTICA DA FORMA, a teologia joanina, a teologia paulina,
a teologia do N T e a escola da HISTÓRIA DA RELIGIÃO. (V. tb.
APOTEGMA; DESMITIFICAÇÃO; HISTORIE.)

b u sca do J esu s histórico, a. Busca acadêm ica para se desco­


brir a figura real, histórica, de Jesus q u e está por trás dos rela­
tos dos EVANGELHOS. O term o é tirado do título inglês do fa­
moso livro de A lbert SCHWEITZER, The questofhistoricalJesus [A
busca do Jesus histórico\. Essa frase tornou-se referência para
diversas e progressivas tentativas d e escrever um relato histo­
ricam ente confiável sobre Jesus. O relato q ue essa escola pro­
cura tem sido até m esm o classificado por períodos: A Velha
Busca (1778-1900); “N en h u m a Busca” (1900-1940); a N ova
Busca (1940-1980); e a Terceira Busca (1980-presente). E sta
últim a busca, cunhada por N . T. W right, procura e n te n d e r
Jesus p rim eiram ente dentro do contexto da cultura judaica
do século I e te n d e a confiar m enos no CRITÉRIO DE AUTENTI­
CIDADE (particularm ente no CRITÉRIO DE DESSEMELHANÇA) do
q u e em ver Jesus como personagem digno de aceitação histó­
rica do século I do JUDAÍSMO PALESTINO.
31 c a ris m á tic o

C
cânon. T erm o referente à condição d e autoridade da formação
e coleção final dos livros bíblicos (o term o significa “vara de
medir, padrão” ). A ordem desses livros algumas vezes difere
(v. Tanak para a ordem hebraica do cânon) e os livros q u e o
com põem variam (o cânon católico co ntém os APÓCRIFOS, q u e
são algumas vezes chamados d e “deuterocanônicos” ), m as a
lista de livros do cânon é sancionada com o a norm a da qual a
doutrina e a prática são derivadas. O cânon judaico foi discuti­
do em JÂMNIA/ Yavneh após a prim eira guerra judaica (66-74
d.C.), m esm o q u e as disputas ten h am continuado no século II.
A lista dos 27 livros do cânon do N T recebeu a condição de
autoridade por A ta n á s io , bispo d e Alexandria, no século IV.
D essa forma, cânon refere-se aos próprios livros ou à função
de autoridade na com unidade de crentes e testem unhá-lhes
a adaptabilidade e estabilidade das Escrituras. Canonização
refere-se ao processo pelo qual esses escritos se tornaram reco­
nhecidos com o autoridade única. (V. tb. CONCÍLIO DE C a rta g o ;
DEI JTER( X «VNÔNICOS, LIVROS.)

canônicos, evangelhos. O s quatro evangelhos q ue circularam


por todas as igrejas do m u n d o M editerrâneo, foram em segui­
da reunidos e finalm ente canonizados pela igreja no T E R C E I­
RO C o n c í l i o d e C a r t a g o em 397 d .C . (em oposição aos evan­
gelhos APÓCRIFOS).
canto fúnebre oriental. (V. LAMENTO, SALMOS DE.)
carism a. T erm o derivado do grego charis (“dom, graça” ) e usa­
do no N T para descrever vários dons espirituais (charism ata )
presentes na igreja, com o línguas, profecia, sabedoria, conhe­
cim ento e fé (v. R m 12.6-8; IC o 12.8-10; IP e 4.10,11).
carism ático. Pessoa q u e possui e m anifesta qualquer dos dons
espirituais (v. CARISMA). C on tu d o, no uso popular com um ,
c a s u í s ti c a , le i 32

descreve a pessoa com dom de GLOSSOLALIA, ou “línguas” .


T am bém é usado para alguém com personalidade forte e e n ­
cantadora, q u e é capaz de inspirar a dedicação de outros. N o
AT, o “Espírito do S e n h o r ” sobre certos indivíduos perm itia
q ue profetizassem (v. Jz 3.10; N m 11.25, 29; Is 42.1; 62.1,2; J1
2.28,29; 7 x 12.10).
casuística, lei. Form a de lei caracterizada por um a condição “s e ...
então”, na qual a ação e as conseqüências são estipuladas, e as
considerações ou circunstâncias atenuantes são especificadas,
llm exem plo é Êxodo 21.12,13: “Q u em ferir um h om em e o
matar terá q ue ser executado. 'lòdavia, se não o fez intencional­
m ente, m as D e u s o perm itiu, designei um lugar para o n d e
poderá fugir” . Contrastá-se com a LEI APODÍCTICA
Gtiálog) devidosevirtudes. Lista d e m ales e virtudes feita pelos
escritores do NT. Esse dispositivo, encontrado na filosofia estóica,
foi adaptado e utilizado por diversos escritores do N T no con­
texto de instrução ética. C om freqüência, os term os Lasterkatalog
(lista d e m ales) e Tugendkatalog (lista de virtudes) aparecem
em estudos bíblicos com o palavras em prestadas do alemão. O
N T contém extensas listas ou catálogos d e m ales (p. ex. R m
1.29-31; G1 5.19-21; E f 5.3-5) e virtudes (p. ex. 2Co 6.6,7; G1
5.22-26; F p 4.8).
C artago, C oncílio d e . (V. C o n c íl io d e Ca r t a g o .)

catequese, catequético. M aterial moral e religioso em form a


oral ou escrita para instrução d e fiéis em matérias d e fé e ética
dentro do contexto com unitário religioso (do gr. katêcheo, “in­
formar, instruir, ensinar” ). Seções d e D euteronôm io, dos evan­
gelhos (esp. M t) e da literatura epistolar foram usadas origina­
riam ente para este fim. (V. tb. PARÊNESE.)
cativeiro, epístolas do. T erm o usado para as cartas d e Paulo
consideradas com o tendo sido escritas durante sua prisão (pri­
m eiram ente em Roma, mas alguns argum entam e m C esaréia
33 C h i l d s , B r e v a r d S.

e Efésios, tam b ém cham adas epístolas da prisão). Para m uitos


estudiosos, essas cartas incluem Efésios, Filipenses, Colos-
senses, Filem on, 1 e 2T im óteo e Tito.
c a tó lic a s, ep ísto la s. D esig n ação d e se te cartas n e o te sta -
m entárias (T g, 1 e 2Pe, Jd, 1, 2 e 3Jo) e m razão de não terem
sido endereçadas a um a igreja específica, ao contrário das car­
tas paulinas, mas para cristãos em geral (católico significa “ge­
rai” ou “universal” ). Por exem plo, T iago escreveu às “doze
tribos da D ispersão” (1.1), e IP edro é endereçada aos “exila­
dos da Dispersão” (1.1) de várias províncias romanas. A epís­
tola aos F lebreus não está incluída p o rq u e é en d ereçad a a
um a audiência particular, m esm o q u e não possamos identificá-
la com precisão.
catolicism o primitivo. T erm o técnico dos estudos do N T base­
ado na hipótese q u e a igreja prim itiva se desenvolveu d e um a
COMUNIDADE CARISMÁTICA vagam ente organizada sob a dire­
ção do Espírito Santo na era apostólica para um a com unidade
formal ou “institucionalizada” na era pós-apostólica, especial­
m en te em áreas com o organização da igreja, doutrina, lide­
rança e sacramentos. As Epístolas Pastorais são co m u m en te
propostas com o exem plos desse desenvolvim ento posterior.
(V. tb. F r ü h k a t h o u z j s m u s .)
G eia do Senhor. (V. E u c a r is t ia .)

Ghilds, B revard S. E rudito am ericano do AT. É mais conheci­


do pela crítica do M o v i m e n t o d a T e o l o g i a B í b l i c a , do qual
fazia parte, e pela defesa da CRÍTICA CANÔNICA, m esm o q ue
evite os term os com o metodologia. O interesse de Child está
e m apresentar um a interpretação co eren te do texto bíblico
como Escritura sagrada tanto para a igreja quanto para a SINA­
GOGA. É a “form a” do texto canônico — seu escopo e propó­
sito — q ue guia a interpretação, e não a metodologia ou teoria
particular da pré-história do texto.
chereia 34

chreia. T erm o técnico (pl. chreiai) usado em retórica no grego


antigo para afirmações incisivas e ditos curtos (EPIGRAMAS),
para ações sobre ou em honra a alguém im p o rtan te e q u e
sejam úteis para a vida diária. CJireia significa algo “in d isp en ­
sável” e “necessário” . P arte dos estudiosos crê q u e a igreja
prim itiva ad aptou certos ditos e ações d e Jesus ao form ato
chreia (v. M c 1.14,15; L c 3.10,11; 19.45,46; Jo 4.43,44).
cinism o. M ovim ento filosófico fundado por D iógenes d e Sínope
(c. 400-325 a.C.) e era mais de u m estilo de vida do q u e um a
escola d e princípios filosóficos. Seu fundador recebeu o nom e
“D iógenes, o C ão” (“cínico” deriva do grego kynon , “cão” )
em virtude d e seu com portam ento sem constrangim ento em
público. O s “cínicos” viviam “d e acordo com a n atu reza” ,
salientando m ais a sim plicidade e a frugalidade da vida do
q u e a luxúria.
C irilo de A lex a n d ria (375-444). Patriarca d e A lexandria e
exegeta excepcional da ESCOLA ALEXANDRINA. Cirilo aderiu
firm em ente ao MÉTODO ALEGÓRICO, mas, em virtude d e seu
contato com JERÔNIMO e a E s c o l a A n t i o q u e n a , tam b é m se
preocupou com o sentido literal do texto bíblico. Para Cirilo,
en tretanto, o sentido literal derivava do sen tido do objeto
q ue significava e não apenas das próprias palavras. D esse m odo,
para ele, o sentido espiritual com freqüência era o sen tido
“literal” da passagem, um a vez q u e tudo, em u m texto, po­
deria ter sentido além do sim ples significado do term o. Por
exem plo, d e acordo com Cirilo, quando o profeta M iquéias
diz “ E l e será a sua paz” (M q 5.5) está se referindo ao próprio
Cristo e não sim plesm ente à paz produzida por Cristo.
Giro. L íd er da associação m ilitar dos exércitos da Pérsia e da
M édia q u e conquistou a Babilônia em 593 a.C. A Babilônia
experim entava u m período de instabilidade quando N abonido,
o últim o monarca e defensor do deus-lua Sin, enfrentava opo-
35 c ó d ig o d e s a n tid a d e

sição dos sacerdotes de M arduk, a divindade babilónica prin­


cipal. Ciro tirou vantagem dessa ruptura e “adentrou a Babi­
lônia sem batalhar” , talvez ajudado pelos sacerdotes q u e recep-
cionaram-no e m nom e d e M arduk e escreveram um a entusi­
asmada inscrição sobre sua vitória. Ciro declarou paz a todos,
em itindo u m edito aos judeus em exílio para q ue retornassem
à sua terra e reconstrifíssem o tem p lo (2Cr 36.22,23). Isaías
cham a Ciro d e “pastor” do S enhor (44.28) e seu “u ngido”
(45.1). (V. tb. BABILÓNICO, EXÍLIO; DlÁSPORA.)
C lem ente de A lexan d ria (c. 155-220). P rim e iro e s tu d io s o a
s e to r n a r n o t á v e l n a ERA PATRÍSTICA (c. 100-750 d .C .) . F o i
e m p o s s a d o c o m o o p rin c ip a l d a e s c o la c a te q u é tic a d e A le x a n d ria
e m 190 d .C ., o n d e e s c r e v e u a m a io ria d e su a s o b ra s. A p e s a r
d e s e r c o n h e c id o m a is p e lo s e s c rito s te o ló g ic o s , e s c r e v e u u m
c o m e n tá rio d a s E s c ritu ra s n o s m o ld e s d a ESCOLA ALEXANDRINA.
T a m b é m é c o n h e c i d o p o r t e r sid o p ro fe s s o r d e O r ÍGENES.

códice. D ocu m en to em formato d e livro (em oposição ao for­


mato de rolo) d e m anuscrito antigo ou m esm o de papiro ou
pergaminho. O códice foi usado prim eiram ente pelos rom a­
nos para negócios e transações legais, m as tam bém foi utiliza­
do pela igreja primitiva para coletar e guardar manuscritos do
N T em um único volume.

código da a lia n ça Designação feita por estudiosos m oder-nos


para o código d e lei encontrado em Ê xodo 21— 23, tam b ém
cham ado LlVRO DA ALIANÇA. O term o é algumas vezes usado
para o docum ento encontrado no tem plo pelos rei Josias q u e
resultou em suas reformas (v. 2Rs 22; 2C r 34).
código de santidade. Designação dada por estudiosos às leis
encontradas e m Levítico 17— 26. A lguns estudiosos p o stu ­
lam q u e essas leis circularam d e form a in d e p e n d e n te do
Pentateuco e foram escritas talvez no últim o período da m o­
narquia. A denom inação “C ódigo d e Santidade” deriva do
c ó d ig o fa m ilia r 36

refrão “Sejam santos porque eu, o S e n h o r , o D eu s d e vocês,


sou santo” (L v 19.2 etc.). D e acordo com a H ip ó te se D o ­
cum entária, o Código d e Santidade advém da FONTE SACER­
DOTAL [P],
c ó d i g o f a m i l i a r . Regras ou tabelas encontradas no N T e na lite­
ratura grega q u e lidam com os relacionam entos dom ésticos
entre m arido e m ulher, crianças e pais, escravos e m estres, no
lar ou na igreja (E f 5.21— 6.9; C l 3 .1 8 -4 .1 ; IP e 2.18— 3.7).
E m m uitos aspectos, as regras do N T correspondem às estru­
turas sociais do século I, m as e m virtude d e serem cristãos,
incorporam princípios d e responsabilidade m útua, respeito,
am or e sinceridade. O term o alemão, H austafeln , é usado com
freqüência em estudos e com entários do NT.
c o e r ê n c i a , c r i t é r i o d e . U m dos critérios utilizados pelos e stu ­
diosos da Bíblia para d eterm in ar a au ten ticid ade d e certas
declarações de Jesus. Seriam consideradas autênticas as q ue
“com binam ” ou “concordam ” e m forma e conteúdo co m m a­
terial estabelecido por outros princípios com o o CRITÉRK ) DE
DESSEMELHANÇA e ATESTAÇÃO MÚLTIPLA. (V. tb. CRITÉRIO DE
AUTENTICIDADE.)

c o i n é . Língua com um grega do período do N T (em oposição ao


grego ático da era clássica) e o tipo d e grego usado pelos escri­
tores do N T.
CbmmaJoharmeum. Variante textual em ljo ão q u e deveria ser
excluída do texto (gr. kõm m a , “pedaço q u e d ev e ser corta­
do” ). A controversa variante textual ocorre e m ljo ã o 5.7,8
(“H á três q u e dão testem unho: o Espírito, a água e o sangue;
e os três são u n ân im es” ) e foi inserida no tex to grego por
E r a s m o . Foi posteriorm ente incluída na K ing Jam es Version.
As palavras em grifo não são autênticas e deveriam ser “corta­
das”, ou seja, não deveriam estar incluídas no NT.
c o m p a r a t i v o , m i d r a x e . (V. in t r a b íb l ic a , e x e g e s e .)
37 c o n flito , re la to do

C om p osto. T ex to constituído q u e é baseado em diferen tes


fontes ou textos. N o N T, 2Coríntios e Filipenses são algumas
vezes descritos com o textos compostos, porque alguns estud i­
osos acreditam q u e incorporaram mais d e um a fonte (cartas,
no caso) ao texto final.
C oncílio d e C artago. Terceiro C oncílio de Cartago, em 397
d.Cl, q u e provavelm ente foi o prim eiro concílio da igreja a
endossar os 27 livros q ue constituem o CÂNON do NT.
C o n c í l i o de J â m n i a . (V. JÂMNiA, C o n c íl io d e .)

C oncílio de Jerusalém . Encontro dos líderes da igreja prim iti­


va, com o Tiago, Pedro, Paulo, vários apóstolos e anciãos em
Jerusalém por volta d e 49 d.C. (At 15.1-35). Foi um a reunião
crucial no desenvolvim ento da igreja prim itiva pois legitim ou
a missão de Paulo e Barnabé para os gentios. Ao fazer isso, o
Concílio reconheceu q ue os gentios poderiam se tornar cren­
tes sem aderir à lei mosaica, m esm o ten d o sido exortados a
“Q u e se abstenham de com ida contam inada pelos ídolos, da
im oralidade sexual, da carne d e anim ais estrangulados e do
sangue” (At 15.20; v. G1 2.1-14; NOÉTICA, a l i a n ç a ).
C oncílio d e N icéia . Concílio ecum ênico convocado pelo Im ­
perador C onstantino em 325 d.C. para lidar com a controvér­
sia ariana. (V. tb. Á r i o ; A r i a n i s m o .)
C oncílio de Trento. Concílio teológico (1545-1563) da Igreja
Católica R om ana organizado para responder ao desafio teoló­
gico q ue surgiu da Reforma protestante. Além do d ebate de
vários tem as teológicos, o concílio tam b ém fez vários p ronun­
ciam entos sobre o texto bíblico, sua interpretação e o CÂNON
das Escrituras. O concílio aceitou o cânon do AT reconhecido
por judeus e protestantes, mas tam b ém incluiu alguns livros
dos APÓCRIFOS.
conflito, relato do. Breve narrativa nos evangelhos q u e regis­
tra um pronunciam ento de Jesus em u m contexto d e conflito
C o n s ta n tin o 38

com alguém , geralm ente um a ou mais autoridades religiosas,


como escribas e fariseus (v. M t 12.1-8; 21.23-27; 23.1-39). U m a
expressão intim am ente relacionada é diálogo de controvérsia,
como no confronto de Jesus com Satanás durante a tentação
(M t 4.1-11 e paralelos).
C onstantino (c. 288-337 d.C .). Prim eiro im perador rom ano
cristão. Buscou unificar a igreja e expandir sua influência. E m
330 d.C. estabeleceu C onstantinopla como capital na cidade
grega d e Bizâncio.
C on zelm an n , H a n s (1915-1989). Erudito alem ão do N T . É
m u ita s v e z e s asso ciado a G u n te r BoR N K A M M e E r n e s t
K â s e m a n n com o “pós-bultm annianos” q u e rom peram com
seu professor R udolf BULTMANN em ceno núm ero de assun­
tos, especialm ente quanto à credibilidade do Jesus histórico
apresentado nos evangelhos (v. A busca pelo Jesus histórico). Por
m eio d e se u trab alh o p io n eiro n a CRÍTICA DA REDAÇÃO,
C onzelm an n produziu seu m ais famoso livro: D ie M itte der
Zeit ( 1954, literalm ente “O centro do tem p o ” , traduzido de
form a infeliz para o inglês com o The theology o f S t. L uke [A
teologia de são Lucas], (1960). N essa obra, ele alega q u e Lucas
substitui a ESCATOLOGIA de Marcos do retorno im in en te do
Filho do H o m em por um a perspectiva mais arraigada na his­
tória da igreja dem onstrada na obra bíblica d e dois volum es,
L u ca s— At o s .

corporação, personalidade de. Idéia de que no antigo Israel o


indivíduo tin h a ligação estreita com a com unidade. D e s te
m odo, alguém poderia responder pelo grupo, com o nos sal­
mos, nos quais um indivíduo, “e u ” , (em geral u m rei, Davi)
responde pela nação de Israel. Alguns estudiosos, com o William
R obertson Sm ith, u nem essa noção com a teoria da psicologia
hebraica, na qual cada indivíduo se misturava quase q u e de
forma fluída com o grupo. A teoria hoje é am plam ente desa-
39 C r is ó s to m o , Jo ã o

creditada, mas noções revisadas da personalidade de corporação


continuam a representar certo papel no estudo bíblico, um a
vez q ue é am plam ente reconhecido q u e nas culturas bíblicas
a com unidade era considerada, no m ínim o, mais im portante
que o indivíduo.
mrpus. Corpo (do latim corpus significa “corpo”; pl. corporà) ou
coleção d e escritos de u m tipo específico. D esse m odo, no
NT, nos referimos ao corpus paulino e corpus joanino para tratar
da literatura atribuída a Paulo e João, respectivam ente. O uso
do term o p od e variar entre estudiosos contem porâneos. Por
exem plo, os q u e questionam a autoria d e certas cartas p odem
referir-se a u m corpus paulino e outro deuteropaulino.
credo. M anifesto formal ou confessional de fé, geralm ente ex­
traído da vida RELIGIOSA/CULTUAL d e com unidades de crentes
(latim credo, “e u creio” ). N o A'F, credos resum idos envolvem
tem as como o Êxodo, a conquista da Terra Prom etida, a ALI­
ANÇA do Sinai, e outros similares (v., p.ex., D t 6.1-11, 20-24;
20.5-9; Js 2 4 .2 b -1 3 ; IS m 12.8; SI 78; 105; 135; 136).
D euteronôm io 26.5 ( “E ntão vocês declararão p erante o S e­
n h o r , o seu D eus: O m eu pai era u m aram eu errante. E le

desceu ao Egito com pouca g ente e ali viveu e se tornou um a


grande nação, poderosa e num erosa” .) é considerado o credo
mais antigo do AT. N o NT, declarações de fé aparecem como
fórmulas fixas, em diversos lugares, por exem plo, em lC oríntios
15.3-5 ( “Pois o q u e prim eiram ente lhes transm iti foi o q u e
recebi: q ue Cristo m orreu pelos nossos pecados, segundo as
Escrituras, foi sepultado e ressussitou no terceiro dia, segun­
do as escrituras, e apareceu a Pedro e depois aos doze” ). (V tb.
F p 2.5-11 e l T m 3.16.)
C risóstom o, J o ã o (c. 354-407). Bispo d e C onstantinopla que
se destacava pela excelente pregação (Chrisostomos [gr.] signi­
fica “boca d e ouro” ). Pertencia à E s c o l a A n t i o q u e n a e foi,
c ris to fa n ia 40

talvez, o m ais destacado preg ad o r da ERA PATRÍSTICA. Sua


EXEGESE p od e ser encontrada na série de serm ões pregados
principalm ente na C atedral d e Antioquia. Eram caracteriza­
dos pela aplicação moral e espiritual do sentido literal das E s­
crituras. Crisóstom o com freqüência anunciava as lições para o
culto seguinte e encorajava a congregação para q u e as lesse,
obtendo assim, m elhor com preensão do sermão.
cristofania. Aparição ou m anifestação d e Cristo a seus discípu­
los, como depois da Ressurreição (M t 28.1-10,16,17; M c 16.9-
14; L c 24.13-49), na Transfiguração (M t 17.1-8; M c 9.2-8; Lc
9.28-36) e a aparição do Senhor a Paulo no cam inho de D a­
masco (At 9.3-16).
cristológicos, títulos. D iversos títulos atribuídos a Jesu s d e
N azaré no n t , com o Cristo, Senhor, Filho de D eus, Filho do
H om em , M essias, Salvador e Servo. Esses títulos servem de
padrão para a definição da natureza e missão de Cristo; co ntu ­
do, para o e n te n d im e n to c o m p le to da cristologia n eo tes-
tamentária, outros fatores tam b ém devem ser levados em conta.
critério de autenticidade. T erm o genérico referente aos vários
testes q u e os estudiosos do N T utilizam para determ inar a au­
tenticidade histórica de declarações d e Jesus nos evangelhos.
(V tb. COERÊNCIA, CRITÉRIO DE; DESSEMELHANÇA, CRITÉRIO DE;
ATESTAÇÃO MÚLTIPLA, ("RTTÉRIO DE.)

critica can ôn ica. A bordagem q u e busca interpretar os livros


bíblicos com respeito à condição d e autoridade e co ntexto
teológico dentro da Bíblia. Salienta mais a forma final do tex­
to bíblico do q u e o estado inicial de composição ou transm is­
são (m esm o q u e o reconhecim ento dos estágios represente
papel integral em certas utilizações dessa abordagem). A lém
disso, a crítica canônica argum enta q u e o objeto da interpreta­
ção bíblica é a reflexão teológica dentro da com unidade cristã.
Por exem plo, a Torá e os evangelhos tê m um a função especi­
41 c rític a d a f o n te

al no CÂNON. E les estão separados com o primeiros e funda­


m entais; por esta razão, os PROFETAS no AT e Paulo no N T
devem ser lidos à luz da Torá e dos evangelhos, respectiva­
m ente, m esm o q u e os Profetas e as cartas paulinas possam
an teceder a form a atual da Torá e dos evangelhos. A crítica
canônica considera a Bíblia com o Escritura, com o os escritos
de autoridade da co m unidade da fé, e incorpora a reflexão
teológica com o p a rte da leitu ra do tex to . (V. tb. C H IL D S ,
Br ev a r d S .)

crítica da co m p o siçã o . T erm o técn ico extraído do alem ão


Kompositionsgeschichte, q u e assim com o a CRÍTICA DA REDAÇÃO,
salienta o papel criativo, teológico e literário dos evangelistas
na composição dos quatro EVANGELHOS.
crítica da fonte. A bordagem textual q u e busca descobrir as
fontes literárias d e u m docum ento. Pressupõe-se q u e certos
textos bíblicos foram subm etidos a um extenso processo de
adição e com posição, tanto oral q u an to escrito. Críticos da
fonte exam inam u m texto a fim de descobrir evidências de
fontes com base na linguagem e estilo, uso de nom es divinos,
relatos duplos e qualquer discrepância interna ou d entre pas­
sagens. N o estudo do AT, o cam po mais proem inente de críti­
ca da fonte tem sido o Pentateuco. O s críticos observam, por
exem plo, q u e G ênesis 1— 2 A a usa o n om e 'élohim quando se
refere a D eu s, e é um a narrativa o rd en ad a e resum ida da
criação, com a hum anidade, h om em e m ulher, com o o clímax
dela. E m contraste, G ênesis 2 usa Y a h w e h êlo/rím , e é u m
relato (e não um a narrativa dia a dia) e te m Adão sendo criado
primeiro, antes d e Eva. D essa forma, os críticos da fonte con­
cluem q ue existem duas fontes diferentes, a SACERDOTAL (P)
e a JAVISTA (j), respectivam ente. N o estud o dos evangelhos, os
críticos utilizam os quatro evangelhos, especialm ente os três
SINÓPTICOS, para compará-los e n tre si a fim de construir as
c ro n is ta 42

fontes literárias utilizadas. A crítica da fonte relaciona o pro­


blem a da disparidade entre os estilos e narrativas a um único
docum ento, m as não responde às questões de com o essas nar­
rativas atualm ente se encaixam em um a composição unificada.
(V. tb. DOCUMENTÁRIA, HIPÓTESE; HIPÓTESE DAS QUATRO FON­
TES; HIPÓTESE DAS DUAS FONTES.)

cronista. Autor dos livros d e Crônicas (e talvez Esdras e N e e -


mias). Crônicas, escrito após o EXÍLIO BABILÓNICO, dram atiza a
história de Israel, de Adão até o fim da monarquia; Esdras e
N eem ias descrevem os eventos q u e envolveram o retorno à
terra e a reconstrução do tem plo. O cronista tinha profunda
preocupação com o tem p lo e a m onarquia, e in terpreta as
bênçãos e punições como justiça retributiva das ações dos reis.
N esses livros, os discursos e orações dos reis e profetas são
em pregados de forma a quase formar u m sermão, o q u e con­
tribui para a estrutura total do livro. O cronista inspira e per­
suade seus leitores a seguir a Torá, especialm ente no q u e está
centrada na adoração no templo.
crnx interpretam . Passagem essencial ou intrigante q u e req u er
resolução e se torna o ponto central d e d eb a te (o term o é
latino para “cruz” ou “torm ento” de interpretação). Por ex em ­
plo, Jesus disse: “D esde os tem pos de João Batista até agora o
reino dos céus é tom ado por esforço, e os q ue se esforçam se
apoderam d ele” (M t 11.12). E sta e outras passagens têm apre­
sentado extensos problem as para tradutores e in térp retes e
influenciam em como en tendem os o Reino de D eus.
C u llm a n n , O s c a r (1 9 0 2 -1 9 9 9 ). E ru d ito alem ão do N T .
C ullm ann lecionou na U niversidade de Strasbourg e é lem ­
brado e apreciado especialm ente pela insistência em q u e J e ­
sus Cristo deve ser entendido à luz da HISTÓRLA. DA SALVAÇÃO
divina inteira (v. Heilsgeschichte) — conceito desenvolvido em
Cristo e o tempo e Salvation in history [Salvação na história ]. Sua
43 ,
Damasco Documento de

cristologia — C hristianity o f the New Testament [Cristianismo do


N ovo Testamento] — é descrita com o “cristologia funcional” ,
porque C ullm ann focalizou mais na obra do q u e na natureza
e no ser de Cristo.
culto, cultus. T erm o usado para a adoração pública e m geral,
especialm ente às festas, rituais e sacrifícios no serviço a D eus
ou aos deuses. Popularm ente, é usado com o designação pejo­
rativa para os novos m ovim entos religiosos [no contexto am e­
ricano], mas os estudiosos o em pregam com o term o descriti­
vo para qualqu er tipo de adoração. Por exem plo, a distinção
entre animais puros e im puros no PENTATEUCO era um a dis­
tinção de culto (ritual), u m lem brete diário aos ju d eus vigi­
lantes a serem “santos” ; as leis de alim entação eram memoriais
d e santidade e da prática desta, e preparavam a pessoa para a
adoração ao Senhor m esm o em questões m undanas com o as
refeições diárias e para separar pessoas das práticas profanas
q u e afastavam da adoração.
cuneiform e. Estilo d e escrita na qual u m tablete de barro ou
cera era inscrito por u m in stru m en to d e m olde, resultando
em padrões “cu n h ad o s” (latim cuneus) q u e representavam
símbolos e sílabas. Esse m étodo de escrita era a forma padrão
por todo o antigo m u nd o m editerrâneo iniciado em 3100 a.C.
M esm o q u e a form a alfabética de escrita tenha surgido em
aproxim adam ente 1700 a.C., a m aneira cuneiform e continuou
a ser usada até o século I a.C. M uito da história e tradição do
antigo O riente Próxim o está preservada em textos cuneifor-
mes. (V tb. HIERÓGLIFOS.)

D
Damasco, Documento de T rê s docum entos (porções em siríaco,
u m a do Testamento de L evi e o Documento de Damasco ) e n ­
D e c á lo g o 44

contrados n a GENIZA (aposento de arm azenagem ) de um a anti­


ga SINAGOGA no Cairo em 1896 e publicado em 1910 sob o
título d e Fragm ents o fa zadokite w ork [Fragmentos de um a obra
zadoquita\. O mais proem inente destes docum entos é cham a­
do de D ocumento de D amasco, porque Dam asco é m encionada
diversas vezes, m as tam b ém é cham ado Cairo/ D am asco (C D)
em virtude do local de sua descoberta. Cópias do d ocum ento
tam b ém foram encontradas em QUMRAN e são designadas
como QD. O docum ento contém adm oestação e um a série d e
leis, e m enciona o M estre da Justiça, de q uem se crê ser um a
figura de fundação da com unidade essênia de Q um ran.
D ecálogo. Declaração resum ida, proibições am plam ente nega­
tivas (literalm ente “dez palavras” deka logoi, mas co m u m en te
conhecidas por D ez M andam entos) encontradas em Ê xodo
20.1-17 e (com p equenas variações) em D euteronôm io 5.6-
21 q ue servem de sumário da T o r á . O Decálogo tem influen­
ciado g randem ente a filosofia ocidental e o p ensam ento éti­
co, m as seu propósito era dar ao povo de D eus iden tid ade no
RELACIONAMENTO DE ALIANÇA q u e D eu s estabeleceu no m on­
te Sinai após o êxodo do Egito. Seu caráter especial p o d e ser
percebido d e diversas formas, mais notavelm ente, q u e essas
palavras foram transm itidas d iretam e n te ao povo d e D e u s
sem a m ediação de Moisés, d iferen tem en te de outras leis do
PenTA T E U C O . A lém disso, te m u m nom e especial: o term o
D ecálogo deriva da designação hebraica encontrada e m Ê xodo
34.28 (asereth advarhn, “dez palavras/ coisas” ). O s aspectos ca­
racterísticos do Decálogo, as breves e negativas proibições
(“N ã o ...” ), apontam para sua natureza especial, assim com o o
en dereçam ento pessoal e a ausência d e punições específicas a
violações. A enum eração dos D ez M andam entos varia dentro
d e diferentes com unidades da fé. O Decálogo é descrito com o
um dom d e D eus e expressão de sua vontade, não com o códi­
go de ética abstrato. (V. tb. APODÍCTICA, LEI; CASUÍSTICA, LEI.)
45 d e s c o n s tr u ç ã o

d e c l a r a ç ã o d o m i n i c a l . D erivado do latim D ominus (Senhor),


é um a referência a qualquer declaração atribuída a Jesus, como
“E u sou a luz do m u nd o ” (Jo 9.5).
d e m i u r g o . D ivindade inferior ou subordinada q ue se acredita
ser a responsável pela criação do m u nd o material. Nos escritos
de FILO, o term o é muitas vezes usado nos debates da criação,
mas apenas para contrastar o D eus Criador (ktistês) com o mero
“artesão” (demiurgos). N o pensam ento GNÓSTICO, o termo refere-
se a um ser ignorante e inferior q ue é o criador do m undo m ate­
rial mas que é m enos do que u m deus suprem o (v. M a r c i ã o ).
denisli. Exposição hom ilética das Escrituras no judaísm o RABÍNICO
(a raiz hebraica significa “buscar” por conseguinte “expor” ).
Os rabinos desenvolveram regras e técnicas para chegar ao uso
não-literal d e um texto bíblico para o propósito de aplicações
éticas e práticas. O term o é usado em contraste a PESHAT, o sig­
nificado com um do texto. (V. tb. MIDRAXE.)
d e s c o n s t r u ç ã o . A bordagem textual q u e não é tanto m étodo
cjuanto reconhecim ento ou filosofia d e como o texto funcio­
na. G eralm ente, considera-se q u e o texto tem significado cla­
ro, mas em desconstrução, o seu propósito declarado é in d e­
term inado, um a vez q u e o ponto d e vista do texto está oculto.
Por exem plo, nos capítulos d e abertura de Jó, a doutrina da
“justiça retributiva” (v. LE X TALIONIS) parece ser aceita por to­
dos: Jó é um a pessoa justa e ele é d evidam ente recom pensa­
do por sua justiça. N os poem as seguintes, a doutrina é questi­
onada, se não rejeitada de fato. Finalm ente, no epílogo, Jó é
restaurado, o q u e parece arruinar todo o questionam ento da
d o u trin a nos p oem as. A lguns arg u m en tariam q u e o livro
“desconstrui” a doutrina e então desconstrui a própria des­
construção. D esconstrução está in tim am ente associada ao p e n ­
sam ento pós-m oderno, q ue salienta a pluralidade e a diversi­
dade em textos e nas visões do m undo.
d e m ic o lo g iz a ç ã o 46

dem itologização. Term o técnico (alemão Entm ythologisierung)


geralm ente associado à herm enêutica de R udolf BULTMANN.
O m étodo d e B ultm ann era extrair antigos elem en to s m íti­
cos do texto, com o anjos, dem ônios, universo d e três celebri­
dades, o nascim ento virginal, ressurreição e outros, com o reali­
dades objetivas e interpretar a linguagem mitológica existen-
cialm ente, q u e seria, perg u n tar o q u e estes m itos revelam
sobre a existência hum ana.
d essem elh a n ça , critério de. C ritério de au ten ticid ad e pela
qual declarações de Jesus são julgadas como autênticas se fo­
rem “d essem elh an tes” , ou seja, d iferentes ou sem paralelo
e m declarações ou crenças co m un s à igreja prim itiva ou ao
judaísm o antigo. (V tb. COERÊNCIA, CRITÉRIO DE; CRITÉRIO DE
AUTENTICIDADE; ATESTAÇÃO MÚLTIPLA, CRITÉRIO DE.)

d euterocanônicos, livros. Livros q u e não estão incluídos no


CÂNON h e b ra ic o m as q u e são e n c o n tra d o s n o AT g reg o
(<S e p t u a g i n t a ; l x x ) . Esses livros são co m u m e n te cham ados
APÓCRIFOS, e m alguma extensão fazem parte do cânon católi­
co rom ano das Escrituras. O s reform adores protestantes, se­
guiram M a r t i n h o L tT E R O , e aceitaram apenas os livros q u e
eram encontrados no cânon hebraico, mas o C O N C ÍL IO DE
T r e n t o , da Igreja Católica R om ana, em 1546 d.C., decla­
rou os APÓCRIFOS (com a exclusão d e 1 e 2E sdras, Oração de
M anassés e 3 e 4Macabeus) com o canônicos. D esse m odo, o
adjetivo deuterocanônico, q u e significa literalm ente “segun­
do cânon”, p o d e ser en tendido de forma pejorativa pelas co­
m unidades cristãs q ue incluem esses livros em seus cânones
das Escrituras.
D eu tero -Isaías. (V S e g u n d o I s a ía s ; I s a ía s , a i i t o r i a m ú l t l p i „a i d e .)

deuteronom ista. D e acordo com a HIPÓTESE DOCUMENTÁRIA,


o(s) autor(es) da fonte D do PENTATEUCO. A fonte D é essen­
47 d e u te ro p a u lin o

cialm en te a m atéria-prim a d e D eu tero n ô m io , em bora sua


perspectiva possa ser encontrada e m Josué, Juizes e nos livros
d e Sam uel e Reis. Considera-se q u e essa fonte preserva tradi­
ções q ue circularam no reino do N o rte, provavelm ente em
círculos proféticos, antes da q u ed a d e Samaria em 721 a.C.,
mas q u e não foi transcrita até o EXÍLIO BABILÓNICO. A então
cham ada fonte D em prega estilo altam ente retórico, prolixo e
PARENÉTICO, exortando o povo de D e u s à pureza na adoração
e à obediência em am or no RELACIONAMENTO DE ALIANÇA com
D eus. (V. tb. DEUTERONOMÍSTICA, HISTÓRIA; DOCUMENTÁRIA,
HIPÓTESE.)

d eu teron om ística, história. D esig nação feita à obra do(s)


autor(es) responsável por D euteronôm io e à história d e Israel
com o narrada e m Josué, Juizes, S am uel e R eis (PROFETAS
ANTERIORES). M artin N o t h argum enta q u e a similaridade d e
linguagem e tem as destes livros apontam para u m indivíduo
em vez de m últiplos autores (com o na CRÍTICA DA FONTE, q ue
posiciona diversos autores, ou a visão tradicional q ue Sam uel
e Jerem ias escreveram de Josué a Reis). Estudiosos q u e se­
guem esta perspectiva têm falado atualm ente sobre um a “E s­
cola D euteronôm ica” em lugar de u m único autor, mas a uni­
dade e a perspectiva teológica ainda estariam preservadas. D e
acordo com essa visão, o historiador deuteronom ista interpre­
ta a história d e Israel por m eio das lentes da obediência ou
desobediência à ALIANÇA, com o expresso em D euteronôm io,
e selecionou o material de acordo com esses princípios. (V. tb.
DOCUMENTÁRIA, HIPÓTESE.)

deuteropaulino. Significa “segundo [de deuteró\ Paulo” . O ter­


m o é usado e m estudos do N T para epístolas atribuídas a Pau­
lo, m as cuja au toria é q u estio n ad a e m v irtu d e d e fatores
lingüísticos, teológicos e históricos (p. ex. 2Ts; Cl; Ef; 1 e 2T m ;
T t). (V. tb. PSEUDEPÍGRAFOS; PSEUDONÍMICO.)
D e z M a n d a m e n to s 48

D e z M andam entos. (V D ec á l o g o .)

D iáspora. R eferência aos judeus q u e vivendo fora da terra de


Israel, e m lugares com o Egito, Ásia M enor, M esopotam ia,
geralm ente por meio de coação d e um a nação conquistadora,
como no EXÍLIO BABILÓNICO (os ju d eu s com freqüência usarão
o term o galüt, q ue significa “cativeiro, exílio” ). D e fato, a his­
tória dos ju d e u s na Diáspora é m ais extensa do q u e a da per­
m anência em u m Estado judaico na Palestina. A escravidão
egípcia dos israelitas é o PARADIGMA para o exílio judaico e a
esperança q ue D eus reunirá seu povo novam ente (D t 30.3-5).
Diatessaron. Antiga narrativa contínua da vida de Cristo baseada
nos quatros evangelhos, com posta por volta de 170 d.C. por
T aciano (c. 120-173), apologista cristão da Síria. O n o m e
D iatessaron é derivado do grego dia tessaron , “por m eio d e
quatro [evangelhos]”. O Diatessaron foi extensam ente utiliza­
do pelas igrejas siríacas por diversos séculos até a ordenação de
finalm ente substituí-lo pela coleção de quatro evangelhos.
diatribe. N a Antigüidade, era a forma dc retórica identificada
por p equ en o s discursos éticos, questões retóricas, diálogos e
discurso argum entative, na qual o autor ou orador d eb atia
com um a pessoa imaginária (interlocutor) para instruir a audi­
ência. A pesar de utilizado inicialm ente por escolas filosóficas
como a E s t ó i c a e C ín ica, algumas de suas características es­
tão refletidas no N T (v. R m 6.1-4; 12— 15; G1 5 e 6; E f 4— 6).
didache. T erm o q ue se refere ao ensino (gr. didache) ou instrução
da igreja primitiva, distinto da pregação (gr. kerygma).
L M a q u ê . M anual ANÔNIMO de instrução da igreja (tam bém co­
nhecido por O ensino dos doze apóstolos), que, acredita-se, foi
escrito e n tre 85-150 d.C., possivelm ente na antiga Síria. Era
um a coleção singular de declarações dos cristãos prim itivos e
instruções litúrgicas para adoração, batismo, eucaristia e lide­
49 d is c u r s o d e d e s p e d i d a

rança da igreja. Suas três divisões incluem um a seção nos “dois


cam inhos” (1.1— 6.2), um m anual d e regras da igreja (6.3—
15.4) e um encerram ento A PO CA LÍFFIC O (16.1-8).
d i d á t i c o . Adjetivo usado para versos ou textos q ue buscam ins­
truir (v. didache), com freqüência com intenção moral, ou para
influenciar a conduta. M uitos PROVÉBIOS são denom inados
declarações didáticas por c r í t i c o s d a f o r m a . Provérbios 19.17
é um exem plo: “Q u em trata b em os pobres em presta ao Se-
n i IOR, e ele o recom pensará” .

d i s c u r s o , a n á l i s e d e . E o estudo da estm tura de unidades co­


erentes de texto q u e têm um contexto distinguível. Focaliza
como a língua é usada em um texto e inclui subdisciplinas de
lingüística textual, q u e exam inam a coesão textual e o d esen ­
volvimento do argum ento, além da pragmática, q ue estuda a
interação en tre o discurso e as pressuposições q ue perm ane­
cem não articuladas. N a busca desses objetivos, a análise de
discurso envolve os cam pos da RETÓRICA, antropologia, soci­
ologia, sem iótica, c r í t i c a l i t e r á r i a e c r í t i c a d o l e i t o r -
REAÇÃO.

d i s c u r s o d e d e s p e d i d a . T erm o técnico q u e descreve o GÊNE­


RO bíblico e da literatura extrabíblica q u e retrata discurso de
d espedida d e alguém prestes a m orrer (com freqüência in­
cluindo instruções e alertas) a u m grupo de m em bros da fa­
mília, amigos ou discípulos. E sses discursos foram proferi­
dos por Jacó (G n 48 e 49), M oisés (D t 31— 34) e Josué (Js 23
e 24). O T e s t a m e n t o s d o s D o z e P a t r i a r c a s é exem plo notá­
vel na literatura PSEUDOEPÍGRAFA do AT. E xem plos do N T
incluem os discursos de d esp ed ida d e Jesus aos discípulos
(Jo 13— 17) e a d esp ed id a d e P aulo aos anciãos de E feso
(At 20.17-38). A palavra alem ã Abschiedsrede é g era lm en te
( “discurso d e d e sp e d id a ” ) m an tid a nas traduções inglesas
dos originais alem ães.
d ito g ra fia 50

d it o g r a f i a . Duplicação não-intencional de um a letra, palavra, fra­


se ou sentença no processo de cópia de manuscrito. For ex em ­
plo, o texto massorético de 2Reis 7.13 repete um a frase inteira
“pois toda a multidão de Israel q u e ficou aqui de resto terá a
m esm a sorte da multidão dos israelitas” , enquanto a SEPTUAGINTA
e outros textos e traduções mais antigas om item a segunda ocor­
rência. E m alguns manuscritos gregos, a duplicação é encontra­
da em passagens como Marcos 12.27; Atos 19.34; e lTessalo-
nicensses 2.7. (V tb. HAPLOGRAFIA; HOMEOTELEUTO.)
d iv i n o , h o m e m . Pessoa ou líder espiritual dotado de poderes
miraculosos manifestos por m eio de milagres, cura, exorcism o
e coisas sem elhantes. N o antigo m u nd o m editerrâneo, um
filósofo neopitagórico cham ado Apollonius d e 'ly a n a (c. 98
d.C.), representava esse tipo de indivíduo, cham ado d e theios
aner. Exageros posteriores de sua vida e conduta de virtude
foram m uitas vezes usados por anticristãos para compará-lo a
Jesus. Q u an do estudiosos do N T fazem referência a “h om em
divino cristologicam ente” , geralm ente, focalizam os poderes
miraculosos da pessoa e ministério de Jesus. (V tb. ARETOLOGIA.)
d o e e t i s m o . Antiga heresia cristã surgida no século l q u e negava
a com pleta natureza hum ana d e Jesus e por co n seg uin te a
realidade dos seus sofrimentos e morte. E m outras palavras,
Jesus apenas “parecia” (gr. dokeo “parecer, supor” ) ser D eu s
to talm en te encarnado. U m bom exem plo de tentativa para
com bater esta heresia está em ljo ã o (p. ex. 1.1-4; 4.1-3).
d o c u m e n t á r i a , h i p ó t e s e . Teoria sobre as origens e com posição
do P e n t a t e u c o . Esta hipótese surgiu durante o século XVIII
como resultado d e novos m étodos d e estudo do texto (v. CRÍ­
TICA DA f o n t e ). Postula q u e e m vez da autoria mosaica do
P en tateu co , o livro atravessou u m processo d e com posição
durante séculos, nos quais várias fontes foram com piladas ao
texto final. O questionam ento da autoria mosaica não é novo,
51 D o d d , C h arles H arold

um a vez q u e na Idad e M édia, o com entarista Ibn Ezra colo­


cou em dúvida a idéia d e q u e M oisés não fora o único autor
do Pentateuco. N o século XYIII, a nova m etodologia (m edir e
em pregar o conhecim ento pelo m étodo empírico) providen­
ciou as ferram entas analíticas para a crítica q u e sustentava a
hipótese de autoria única. A penas no século XIX é q u e Julius
W e l l h a u s e n , fundam entando-se na obra de K. H. Graf, reu­
niu não apenas a análise literária m as tam b ém o e sq u em a
histórico para explicar as fontes, um a abordagem RELIGIONSGE-
SC HlCHíU CHE. A chave principal na reconstrução histórica foi a
suposição q u e os profetas eram inovadores da religião m ono-
teísta e q u e os sacerdotes com as práticas CULTUAIS vieram
após os profetas e suas dem andas éticas. W ellhausen identifi­
cou quatro fontes em sua ordem histórica: JAVISTA (j), ELOÍSTA
(E), DEI i t e r o n o m i s t a ( d ) e a SACERDO TAL (p). Essas fontes são
c o m u m en te cham adas com o JEDP. R e cen tem en te, a h e g e­
monia da hipótese docum entária tem se desgastado pelo fato
de m uitos estudiosos encontrarem enredos e tem as unifica­
dores nas histórias do P entateuco. A maioria dos estudiosos
ainda utiliza a hipótese docum entária com o seu ponto inicial
de discussão, m as a atenção voltou-se para a natureza da narra­
tiva hebraica e com o as palavras e tem as u nem histórias e tó­
picos. (V. tb. LITERÁRIA, CRÍTICA.)

Dodd, C harles H arold (1884-1973). Estudioso britânico do


N T . Foi, com freq ü ên cia, d en o m in ad o principal estudioso
britânico do N T do m eio do século XX. Seu legado inclui obras
sobre as parábolas, a pregação na igreja primitiva e o quarto
evangelho. The interpretation o f the F orth G ospel [A interpretação
do quarto evangelho\ (1953) é considerado seu m elhor livro.
C ontudo, sua ênfase na ESCATOLOGIA REALIZADA nas palavras
e feitos de Jesus tem sido criticada pela falha em considerar a
dim ensão futura da ESCATOLOGIA do NT.
d o x o lo g ia

d o x o l o g i a . N o N T, forma de louvor, bênção ou glória a D e u s


(gr. doxa “louvor, glória” + lego “falar” ) usada no contexto de
adoração e co m freq ü ên cia term in ad a com um “A m é m ” .
F ilipenses 4.20 oferece um exem plo: “A nosso D e u s e Pai
seja a glória para todo osem pre. A m ém ” (v. Rm 1.25; 16.27;
E f 3.21; l T m 1.17; Ap 1.6; 7.12).
Driver, S am u el Rolles (1846-1914). Estudioso britânico do AT
e de hebraico. Driver m ediou a em dição crítica alemã para um a
mais vasta audiência de fala inglesa. G anhou respeito por sua
moderação, argum entação lúcida e tratam ento relevante da
Bíblia. É mais conhecido pela obra Hebnrn a n d English lexicon
ofthe O ld Testament [Léxico hebraico e inglês do Antigo '['estamento\
e seus com entários de Gênesis, D euteronôm io e Jó.
D trH . Abreviatura de História D euteronom ística (ingl. Deuterc >-
nom istic History).
d u p l a , t r a d i ç ã o . N o estudo dos evangelhos, refere-se ao fato
de declaração similar de Jesus aparecer duas vezes nos evan­
gelhos — um a vez em um contexto do evangelho de M arcos
e um a segunda vez em M ateus e Lucas. Isto, supostam ente,
dem onstra q u e M ateus e Lucas utilizaram um a segunda fon­
te para as declarações de Jesus ( q ).

e b i o n i t a s , e b i o n i s m o . Seita judeu-cristã q u e foi m encionada


prim eiram ente nos escritos d e IRENEU, u m pai da igreja do
século II. T anto o grego ebionaioi quanto o latim ebionaiá são
transliterações do hebraico e aramaico da palavra “o p o b re” .
Os ebionitas possivelm ente se estabeleceram a oeste do Jordão,
adotando o estilo de vida ascético e salientando a com pleta
observância da lei mosaica, reduzindo, por conseguinte, o sig­
nificado da pessoa e obra de Cristo.
53 E ic h r o d t, W a lth e r

Ebla. C idade cujas m inas foram encontradas em Tell M ardikh,


ao sul de Aleppo, na Síria. As escavações da colina com eçaram
em 1964, e por conseqüência mais de quatro mil textos foram
encontrados. Apesar de não ter sido m encionada na Bíblia, a
cidade era grande e im portante para o antigo O riente Próxi­
mo, tendo sido habitada desd e o terceiro até o prim eiro m ilê­
nio a.C. Inicialm ente, os estudiosos pensavam q u e os textos
encontrados e m E b la tinham relevância direta nos estudos
bíblicos (afirm ações foram feitas em referência a Sodom a e
Gomorra e nom es bíblicos), m as a maioria dos estudiosos atu­
alm ente adota avaliação mais m odesta, q u e esses textos m e­
lhoram o c o n h ecim en to geral da linguagem sem ítica e da
herança cultural dos vizinhos de Israel (esp. a cultura síria c.
2400-1600 a.C.) cm vez de oferecerem referências diretas a
caracteres ou práticas bíblicas.
E.C. “Era C o m u m ” (i.e., com um a cristãos e judeus). Essa abre­
viatura é com freqüência preferida em m eio acadêmico e em
conversações com participação de ju d eu s e cristãos em vez do
term o derivado do cristianismo d.C. (V tb. A.E.C.)
E ieh h o m , J o h a n n Gottfried (1752-1978). Pai das m oder­
nas “introduções” bíblicas. L ecionou o AT, NT, LÍNGUAS SEMÍ­
TICAS e literatura e cultura e a relação com a história m undial.
Apesar de aceitar a noção da revelação divina das Escrituras,
reservou-se ao direito de interpretar a revelação por m eio do
conhecim ento m oderno. Aplicou a nova CRITICA HISTÓRICA à
Bíblia, traçando o desenvolvim ento histórico da literatura em
vez de seguir a ordem tradicional do CÂNON.
Eichrodt, W alther (1890-1978). E rudito alemão do AT q ue
buscou restab e le ce r a leg itim id ad e da teologia v etero tes-
tam entária. C om binou a pesquisa literária e histórico-crítica
como princípio sistemático para obter u m quadro coerente e
com preensível da f é no AT. E ichrodt argum entou q u e as uni­
e is e g e s e 54

d a d e s das crenças do AT (q u e havia e n fra q u ec id o sob o


questio n am en to levantado pela CRÍTICA HISTÓRICA) são e n ­
contradas na idéia de a l i a n ç a . Sua O ld Testament theology [Teo­
logia do Antigo Testamento], q u e estruturou em três partes —
D eu s e o Povo, D eu s e o M undo, D eu s e o H o m em — é
considerada um a das mais influentes obras de teologia q ue
em ergiram do M ovim ento de Teologia Bíblica. (V. tb. R a d ,
Ge r h a r d v o n .)

e i s e g e s e . Interpretação do sentido para o texto em vez d e inter­


pretação d e u m sentido do texto (EXEGESE).
ekklesiíi. T erm o grego geralm ente traduzido por “igreja”, “reu­
nião” , “assem bléia” ou “congregação” . Fora das E scrituras
p o d e ser u sa d o p ara q u a lq u e r g ru p o q u e se re ú n e ; na
S e p t u a g i n t a por vezes refere-se ao q a h a l d e Israel (o povo de
Israel reunido para ouvir a Palavra de D eus). N o N I' se tornou
u m term o padrão para igreja.
e l o ís ta . D e acordo com a HIPÓTESE DOCUMENTÁRIA, o(s) autor(es)
da fonte E do PENTATEUCO q u e prefere(m ) a palavra elohim
quando se refere a D eus. A existência de um a fonte E separa­
da e contínua tem sido vista crescen tem en te na atualidade
com o problem ática, e críticas de fonte têm com freqüência se
inclinado a elim iná-la ou tratá-la com o u m ajuste editorial.
M as na formulação clássica da H ip ó tese D ocum entária, e e n ­
tão cham ada fonte E, é considerada com o tendo sido escrita
no reino israelita do Norte, talvez já no século IX. A ênfase em
lugares com o Betei, o uso de “H o reb e” para o m onte Sinai e
os paralelos en tre M oisés e Elias sugerem essa origem . O s
relatos refletidos em E com eçam com o cham ado d e Abraão e
term inam com a m orte de M oisés. Teologicam ente, a ALI­
ANÇA se posiciona como o centro da perspectiva eloísta, e a
obediência à aliança é superior. D eve-se “tem er” a D eus, o
q u e exige tan to respeito q uan to obediência. Para o eloísta,
55 e n tro n iz a ç ã o , s a lm o s d e

todo o povo seria profeta, com o Abraão, Jacó, José e Moisés:


“Q u em dera todo o povo do S e n h o r fosse profeta e q u e o
SENHOR pusesse o seu Espírito sobre eles!” (N m 11.29).

e m e n d a . Correção feita ao m anuscrito baseada nas considera­


ções da crítica textual. São feitas g eralm ente quan d o existe
um a leitura superior seja de outro m anuscrito ou versão mais
antiga. Um exem plo de em enda poderia ser a correção de erro
óbvio do escriba (DITOGRAFIA; HAPLOGRAFIA etc.) ou a solução
textual para texto particularm ente difícil q ue aparentem ente
faz pouco ou qualqu er sentido sem algum tipo de em enda.
Essa correção posterior é cham ada de em en da “conjectural” ,
porque não existe apoio textual para tal; antes, repousa no ju l­
gam ento do(s) estudioso(s). (V tb. TEXTUAL, CRÍTICA.)
encóm io. L ouvor ou elogio entusiasm ado (gr. enkomion). Origi­
nariamente, essas frases poéticas eram usadas por Pindar, po­
eta lírico grego (c. 518-C.438 a.C.), para celebrar vitórias mili­
tares e atléticas.
Enoque, l i v r o s d e . Livros PSEUDEPÍGRAFOS atribuídos a E n o q u e
(v. G n 5.21-24), d e natureza gran d em ente APOCALÍPTICA. Os
livros e x iste n te s são co n h ecid o s a tu a lm e n te com o 1 ,2 c
3Enoque. M esm o q u e haja uns poucos fragm entos gregos e
aramaicos de 1Enoque, o único m anuscrito com pleto está pre­
servado em etíope, q u e era considerado escritura sagrada na
E tiópia (2E noque está p reservado em eslavo, 3E noque em
hebraico). U m a referência em Judas 7 ao material encontrado
em 1Enoque indica q ue a literatura era conhecida — e talvez
considerada até m esm o de autoridade — por alguns cristãos
no século I. M ais tarde, entretanto, essa literatura foi rejeitada
pela igreja e a maioria das cópias se perdeu.
Ensinodosdozeapóstolos. (V. D id a q u ê .)

e n t r o n i z a ç ã o , s a l m o s d e . Salmos q u e falam da exaltação ou


entronização do Senhor. U m exem plo d e tem a de entronização
Enuma Elish 56

é visto cm Salmos 97.9: “Pois tu, S e n h o r , és o Altíssimo sobre


toda a terra! E s exaltado acima d e todos os deuses!” . O s sal­
mos de entronização (47; 93; 96— 99) com partilham duas ca­
racterísticas: conclam am as nações e a criação ao louvor de
Ya h w e h , e dão a razão para o louvor (algo q ue o Senhor tem
feito ou algum atributo seu). (V tb. ALIANÇA, RENOVAÇÃO DA;
HINO.)

E nunui E lish. T ex to babilónico da criação q u e relata com o o


deus M ard uk m atou a divindade T iam at e em seguida criou
o m u n d o e suas partes desm em bradas. H erm ann G U N K EL
argum enta q u e a história bíblica da Criação em G ên esis é
d e p e n d e n te d esta narrativa, esp ecialm en te pelo fato da or­
dem das coisas criadas nos dois relatos serem notavelm ente
similares. C ontudo, os estudos mais recentes evitam a argu­
m entação pela dependência; as diferenças entre as duas histó­
rias são tão surpreendentes quanto as sem elhanças. F ragm en­
tos do E num a E lish foram encontrados em m eados do século
XIX, e o relato pode ser datado até o segundo m ilênio a.C.

épico. T erm o usado por críticos literários para longos poem as


narrativos q u e tratam de assuntos vastos ou sérios. Esses p oe­
mas são escritos em estilo elevado e centram -se em um a figu­
ra heróica (com freqüência quase divina) em que de suas ações
d e p e n d e o destino de um povo. O term o é expandido por
alguns estudiosos para referir-se mais m odestam ente às obras
q u e exibem espírito épico no tratam ento de assunto im por­
tante. N e ste sentido, o livro de Jó p od e ser classificado com o
épico, m as o todo do realismo dom éstico das histórias bíblicas
e o papel do Senhor no assunto da criação resistem à form a
épica clássica. (V. tb. LITERÁRIA, CRÍTICA.)
epifania. M anifestação divina (gr. epiphanâa, “aparecer, m ani­
festar” ) à h um anidade. N o AT, por exem plo. D e u s “apare­
ceu” a Adão e E va (G n 1—3), Abraão (G n 17.1), M oisés (Ê x 3)
57 Erasm o, D e sid é rio

e assim por diante. N o NT, epifania refere-se a várias ocasiões


em q ue Jesus apareceu à h um anidade (Lc 1.78,79; Jn 1.1-18;
2 T m 1.10; T t 2.11-14) e aparecerá novam ente em seu retor­
no (2Ts 2.8; l T m 6.14). A igreja cristã celebra a F esta da E p i­
fania em 6 de janeiro (doze dias após o Natal), com em orando
a m anifestação d e Jesus aos gentios por m eio da visita dos
magos (M t 2). (V. C r i s t o f a n i a .)
e p i g r a f i a . () estudo e interpretação de inscrições antigas com o a
Ped r a M o a b it a .

e p i g r a m a . (V. p r o v é r b io .)

e p i s c o p a d o . Sistem a de governo eclesiástico do cristianism o


dirigido por bispos (gr. episkopeo “supervisionar, tom ar conta
d e ” ). As referências do N T a bispos indicam líderes q ue pro­
porcionam cuidado e supervisão na igreja (F p 1.1; lT m 3.2-7;
T t 1.7-9; IP e 2.25).
e p ô n i m o . T erm o usado para a pessoa cujo nom e representa as
características do grupo, geralm ente os seus descendentes (gr.
epi+onoma “n om e e m ” ). E m G ênesis 12— 50, os patriarcas são
algumas vezes cham ados epônim os, já que, por exem plo, Esaú
está explicitam ente identificado com o E dom , e cada filho de
Jacó é identificado com as tribos d e Israel ( “Israel”, q u e signi­
fica “o q ue lutou com D eu s”, é propriam ente um a m udança
de nom e depois d e Jacó lutar com D eus; v. G n 32.22-32).
E rasm o, D esidério (c. 1466-1536). H olandês, estudioso bí­
blico, PATRÍSTICO, filólogo e CRÍTICO TEXTUAL. E le traduziu,
editou e interpretou grande núm ero d e manuscritos gregos e
latinos. Foi reconhecido com a publicação da primeira edição
crítica do N T grego em 1516, em Basel, Suíça, texto q u e foi
revisado diversas vezes em anos posteriores. O s tradutores da
King James de 1611 confiaram m aciçam ente no texto grego de
Erasmo e de outras edições de sua obra. (V tb. T e x t u s R e c e p t u s .)
e s c a to lo g ia 58

e s c a t o l o g i a . T erm o derivado do grego q u e significa o estud o


(ou crença sobre) os últim os tem p o s (gr. eschatos “últim as coi­
sas” ). L in g uag em e p en sam en to escatológico estão espalha­
dos no A T e N T , e no S e g u n d o T e m p lo do ju d aísm o e na
antiga literatura cristã. N o AT, en contram os o p e n sa m en to
escatológico especialm ente nos P r o f e t a s , com o uso das fra­
ses “D ia do S E N H O R ” e “naquele dia” . Para os profetas israelitas,
esse dia seria u m tem po de julgam ento divino pela d eso b edi­
ência de Israel (Am 5 .1 8 - 2 0 ) . C on tu d o, os profetas tam b ém
vislum braram u m tem po de restauração no julgam ento q u an ­
do o REM A N E SC EN T E retornaria à terra de Israel em fidelidade
c o bediência a D eu s (Os 1 4 .1 - 7 ) . A restauração inauguraria
um tem p o d e paz no qual a lei do Senhor instruiria todos os
povos (M c 4.1-4). A escatologia do N T assimila essa im agem e,
por m eio da combinação com o PE N SA M E N T O APO CA LÍPTIC O, as
expande para tratar do tem p o e m q u e D eus realizará o fim da
velha era e o com eço da nova, q u an d o m esm o a própria m orte
não terá poder e D eus habitará no m eio da criação (Ap 2 1 .1 -
5 ). (V. tb. PARUSIA; REALIZADA, ESCATOLOGIA.)

E s c r i t o s . Terceira seção do CÂNON hebraico, cham ada K ETÜVlM


em hebraico. (V tb. T a n a k .)

e s s ê n io s . U m a d a s s e ita s ju d a ic a s (à p a r te d e fa ris e u s e s a d u c e u s ,
e n tr e o u tr o s ) q u e e x is tia m n a P a le s t in a d u r a n te o p e r ío d o d o
N T. P o r m o tiv o s q u e p e r m a n e c e m o b s c u ro s , o s e s s ê n io s n ã o
s ã o m e n c i o n a d o s e s p e c i f i c a m e n t e n o N T , m a s JO S E FO d e s c r e ­
v e - o s e m s u a s o b r a s . C o m a d e s c o b e r t a d o s r o lo s d o m a r M o r ­
to , e m 1 9 4 7 , e s tu d io s o s r e n o v a r a m o in te re s s e n o g ru p o , já
q u e u m d o s r o lo s e r a o R E G U L A M E N T O DA C O M U N ID A D E , q u e
d e ta lh a v a a s p rá tic a s d a c o m u n i d a d e d e Q u m r a n . O re la c io ­
n a m e n to e x a to e n tr e a c o m u n id a d e d e Q u m ra n (m a r M o rto )
e o s e s s ê n io s a in d a e s tá e x p o s to à c o n je c tu r a (Jo se fo m e n c io n a
d o is g r u p o s d e e s s ê n io s , e m u m h a v ia c a s a m e n to e n o o u tr o
59 e tio lo g ia

não). D os fragm entos conhecidos q u e se pode juntar, parece


q u e os essênios viam a si m esm os com o o verdadeiro Israel
q u e aderiu estritam en te à ALIANÇA feita com D eus. Alguns
p odem ter se separado co m pletam ente d e qualquer forastei­
ro (m esm o d e outros judeus), ainda q u e participassem na ado­
ração no tem plo de forma limitada.
esteia. Pilar d e pedra em com emoração a um evento. Esse pilar
pode ser entalhado e inscrito com um a descrição celebratória
do evento com em orado, g eralm ente um a vitória militar. (V.
tb. M e r n e p t á , E s t e l a d e ; M o a b i t a , P e d r a .)
estruturalism o. M éto d o de estudo q u e com partilha aspectos
dos estudos literários mas q u e alarga seu escopo ao incluir não
apenas os relatos m as tam b ém os elem en to s lingüísticos e
culturais. As estruturas de interesse do estruturalism o estão
agrupadas em conjuntos e esquem atizadas em pólos opostos
(ou “opostos binários” tam b ém cham ados de “estruturas pro­
fundas” ) q ue estão enraizadas na experiência hum ana univer­
sal (bom / m au; h o m em /m u lh er; vida/ m orte). E m vez d e
tentar encontrar o significado in erente das palavras ou consi­
derações em si, os estm turalistas exam inam a m aneira na qual
os hom ens dão form a a seus p en sam entos e expressões. A
m etodologia surge da antropologia social de G laude L évi-
Strauss e foi aplicada a outras literaturas por A. J. Greim as e à
literatura bíblica por Roland Barthes.
e t i o l o g i a . R elato (SAGA) q u e narra a origem do nom e d e u m
lugar, de um a tribo ou de um ritual. Por exem plo, a criação da
m ulher em G ênesis 2 é vista com o um a etiologia do casam en­
to “Por essa razão o h om em deixará pai e mãe, e se unirá à sua
m ulher, e eles se tornarão um a só carne um a só carne” (G n
2.24). A história d e Jacó nom eando o lugar onde teve o sonho
de um a escada q u e alcançava os céus e de D eus reiterando a
prom essa a Abraão (G n 28.10-22) pode ser vista com o um a
e u c a ristia

etiologia do nom e Betei (“casa de D eu s” ), q ue fora outrora


cham ada de L u z (G n 28.19). (V. LENDA.)
eucaristia. O utro term o para G eia do Senhor. T irado do ver­
bo grego eucharisteo (“dar graças” ), referindo-se à oração de
agradecim ento oferecida ao corpo e sangue de C risto (v. IC o
11.23-26). As referências mais antigas ao sacram ento com o
eucaristia estão no DiDAQUÊ 9.1, Inácio (P hld 4) e JUSTINO
M á r t i r (A pol 1.66).

E usébio (c. 260-340). Bispo de Cesaréia, com um cntc m enci­


onado com o o “pai da história da igreja” em virtude d e ter
escrito H istória eclesiástica. Essa história consiste em dez livros,
e cobre eventos e a doutrina cristã da igreja desd e a era apos­
tólica até o tem p o de C O N S T A N T IN O . A obra de E usébio faz
p an e dos estudos bíblicos por diversas razões, mas com mais
freqüência pela evidência q u e fornece sobre o q u e os cristãos
dos primeiros séculos pensavam sobre a autoria e CANONICID ADE
dos livros do N T .
evangelho. T erm o derivado do grego euangelion (“boas novas” )
e dessa form a é referência à m ensagem cristã. Marcos inicia
seu relato d e Jesus com “Princípio do evangelho \arche tou
euangeliou] de Jesus Cristo” (M c 1.1) e logo então este, e os
outros relatos d e Jesus feitos por M ateus, Lucas e João foram
cham ados com o um ou o(s) Evangelho(s). O s quatro evange­
lhos, com o atualm ente os conhecem os, eram A NÔ NIM O S, ou
seja, p ro v av elm ente circularam por ap ro x im ad am en te cin­
qüen ta anos antes q ue os nom es específicos de M ateus, M ar­
cos, Lucas e João fossem associados a eles.
evangelhos sinópticos. (V. SIN Ó PTICO S, EVANGELHOS.)

exaltação de C risto. T erm o sinônim o da ascensão e ressur­


reição d e Cristo. Lucas, por exem plo, usa tanto ressurreição,
ascensão ou exaltação quanto continuação à cruz. E m outras
61 hxodo

partes do NT, a exaltação afirma q u e Jesus está entronizado


com o Senhor da glória nos céus com D eu s (E f 1.20; 2.6; F p
2.9; 11b 7.26).
e x e c r a ç ã o , t e x t o s d e . M aldições a inimigos escritas em utensí­
lios, q ue depois eram despedaçados. N o Egito, arqueólogos
encontraram vasos quebrados (c outros materiais), a maioria
deles datados do R eino M édio (c. 2100-1800 a.C.) nos quais
os nom es dos inimigos egípcios estavam inscritos. U m a mal­
dição (ou execração) era lançada ao inim igo ao se escrever seus
nom es nos vasos, q u e eram despedaçados em seguida. O s
nom es encontrados e m alguns dos fragm entos indicam q u e o
Egito interagia ou então controlava G anaã durante esse perío­
do (m enção feita a Asquelon, Ecron, H azor e Jerusalém ).
e x e g e s e . Interpretar um a passagem nos próprios term os desta
(gr. exegeomai, “conduzir, extrair” ). G eralm ente refere-se mais
especificam ente à explanação versículo a versículo, frase a fra­
se. O objetivo da exegese é analisar passagens cuidadosam en­
te, a fim de q u e as palavras ou intenções do texto estejam tão
claras quanto possível. A especulação não é apreciada, mas a
atenção ao significado, forma, estrutura, contexto (histórico e
bíblico) e teologia da palavra é o q ue se busca. A exegese te n ­
de a ser mais descritiva do q ue prescritiva; contudo, m uitos
leitores se engajam na exegese da Bíblia com o propósito maior
de encontrar direção para as questões espirituais, e desse m odo
a relevância se torna parte da tarefa d e interpretar a passagem.
(V. tb. E1SEGESE; H ER M EN Ê U T IC A .)

e x ílio . (V. B a b i l ó n i c o , e x í l i o ; D i á s p o r a .)

Ê x o d o . L ibertação dos israelitas da escravidão no E gito para


u m a nova terra (v. E x 3.1-12). H istoricam ente, é difícil re­
construir a m ovim entação do povo de D eu s na ida e saída do
Egito porque faltam referências aos israelitas na história egíp­
cia. C ontudo, este é o evento definitivo no trato divino com
e x o rta tó rio 62

os israelitas e continua a ser fonte d e relevância teológica para


judeus e cristãos.
exortatório. E nsino caracterizado por dar conselhos ou exorta­
ções. (V tb. PARÊNESE.)

fem inista, herm enêutica; fem inista, crítica. A bordagens à


interpretação q u e se iniciam com m enor preocupação com o
texto bíblico do q u e com os aspectos do fem inism o com o
visão de m undo. R econhece q u e as m ulheres têm sido mar­
ginalizadas pelos hom en s ao longo da história. O u seja, as
m ulheres não têm tido acesso a posições d e autoridade e, por­
tanto, não tê m tido influência adequ ad a nas estruuiras e pa­
péis sociais. A crítica fem inista adota diferentes abordagens ao
texto, m as a estratégia principal é expor os meios pelos quais
as m ulheres têm escrito e a co nseq üen te justificativa para es­
ses textos. A CRÍTICA BÍBLICA fem inista abrange tanto as q ue
buscam e expõem as m uitas formas q u e as m ulheres são su­
primidas na Bíblia (m esm o quando um a m ulher tem nom e,
com freqüência te m pouca ou n e n h u m a voz d e expressão;
por exem plo, a história de Sara ten d o d e passar por irmã de
Abraão) até as q u e pensam que, m esm o em um texto dom i­
n a n te m e n te m asculino, elem en to s “p ró-m ulheres” p o d em
ser encontrados e utilizados. A abordagem fem inista, então,
não apenas busca en te n d e r o q u e está sendo dito a respeito
da m u lh er no texto, m as ta m b é m avalia o texto à luz dos
interesses fem inistas.
Fértil, C rescente. A terra q u e vai dos rios T igre e E ufrates no
Golfo Pérsico, passando pela Palestina e m ar M editerrâneo, e
desce até o rio N ilo no Egito. O egiptólogo J. H. B reasted
F í lo n d e A lex a n d ria

cunhou o ternio em 1917 em virtude dessa área formar massa


de terra em formato de arco ou meia-lua. O s rios Tigre, Eufrates
e N ilo sãò as fontes d e fertilidade, provendo água para a agri­
cultura e com odidades associadas (lã, couros, linho etc.). Por
conseguinte, as terras se tornaram d en sam ente povoadas e o
com ércio floresceu. O C rescen te F értil tornou-se tam b ém
lugar d e m uitas batalhas dos reinos pelo controle das rotas
comerciais ou pela independência das práticas opressivas das
dinastias q u e se desenvolveram . A história da Bíblia apresen­
ta-se contra esse cenário social, político e econômico, no qual
Israel é a terra pela qual os reinos egípcios e m esopotâm icos
passavam.
fertilidade, culto da. Adoração d e deuses q ue p rom etem co­
lheitas abundantes em resposta aos sacrifícios de seus adeptos.
A agricultura tinha im portância central na vida do antigo Ori­
e n te Próximo, e a produtividade da terra foi com freqüência
associada às crenças religiosas e práticas CULTUAIS. N o estudo
do AT, os textos UGARÍTICOS q u e se centram no deus Baal
simbolizam a ligação entre a fertilidade da terra e a ab un d ân ­
cia d e chuva. O relato de Elias e os profetas de Baal (lR s 18)
reflete a influência desse pensam ento em Israel e a oposição
profética a isso.
Festschrift. Coleção d e obras acadêmicas publicadas para com e­
morar ou honrar u m estudioso d e destaque, geralm ente lançada
na data de aniversário ou encerram ento d e sua carreira acadê­
mica. O term o alem ão é com binação de duas palavras: Fest
(celebração) e Schrift (escrito).
F ílon de A lexan d ria (c. 20 a.C . a 5 0 d.C .). Ju d eu helenístico
q u e era filósofo, estadista, exegeta e contem porâneo de Jesus
e Paulo. Sua diplomacia foi exibida na liderança da delegação
a R om a para reclam ar sobre levantes contra a co m unidade
helenístico-judaica em Alexandria. A delegação obteve algum
fo rm a , c rític a d a

sucesso. Sua im portância para os estudos bíblicos reside em


m uitos de seus escritos filosóficos, q u e incluem com entários
de G ênesis e Ê xodo em particular. O uso do MÉTODO ALEGÓ­
RICO de interpretação por F ílo n influenciou g ra n d e m e n te
intérpretes cristãos (p. ex. ( j I EMKN' IL I )ií Al JEXANI)RIA, O r Í( iENES
e A g o s t i n h o ). Seus com entários tam b ém são im portantes
em virtude d e preservar as interpretações de seus predecesso­
res, m esm o q u e não especifique d e q u em está se valendo.
form a, crítica da. Abordagem interpretativa q ue busca desco­
brir a TRADIÇÃO ORAL q ue está inserida nos textos escritos q ue
possuím os e classificá-las em certas categorias ou “formas” (ale­
mão Fotmgeschichte “história das formas” ). Essas formas literá­
rias (LAMENTOS, HINOS etc.) são consideradas com o ten d o for­
ma particular no S lT Z im L e b e n ( “am b iente de vida” ) na qual
se originaram. Por exem plo, o salmo Z4 tem a forma d e liturgia
de abertura e p ode ter se originado com a cerim ônia na qual a
arca era trazida ao tem plo, ou com o festival anual no qual a
ENTRONIZAÇÃO do Senhor era celebrada. O salmo, entretanto,
funciona igualm ente bem com o q ualquer abertura sim bólica
ao am biente de adoração (p. ex., uso por H andel desse salmo
em seu oratório, o Messias). N o estudo do NT, estudiosos da
crítica da forma, com o M artin D ibelius, R udolf BliLTMANN e
Vincent Taylor classificam as declarações de Jesus em catego­
rias com o PARAI )IGMAS, LENDAS, PARÁBOI AS, relatos d e MILAGRE
e relatos de PRONUNCIAMENTOS. A crítica da form a é útil na
identificação de diferentes formas de literatura (v. GÊNERO) e
dos elem entos típicos dessas formas (realçando, d este m odo,
as diferentes maneiras em q u e os autores usam tais formas),
mas é mais especulativa e com m en o r êxito no estabeleci­
m ento do am b iente de vida dessas formas. (V. tb. FRAGMEN­
TÁRIA, H i p ó t e s e ; G a ttu n g ; o r a i . , t r a d i ç ã o . )

FormgeschidÉe. V c r i t ic a d a f o r m a .
65 Gattung

fó rm u la s p ré -p a u lin a s. Expressões, frases, confissões, C RED OS,


MATERIAL D E H IN O S e outros q ue são encontrados por todas as
cartas paulinas m as q u e foram herdados da igreja primitiva. O
próprio Paulo escreveu q ue recebera (paralam bano ) um cor­
po de tradição e depois transm itiu-o (paradidom i) ã sua con­
gregação pessoalm ente em suas cartas (p. ex. R m 1.3-5; 4.24,25;
10.9,8; F p 2.5-11; 1T m 3.16 PARÁDOSIS).
F r a g m e n tá ria , H ip ó te se . Teoria usada no contexto de d ebate
da formação de docum entos bíblicos, com o o PE N T A T E U C O e
os EVANGELHOS. Para o Pentateuco, é teoria alternativa para a
l IIPÓ TESE D OCU M EN TÁ RIA q ue sustenta q u e em vez do P en ta­
teuco ter sido com posto tom ando-se por base poucos docu­
m entos (j, E, D , P ), cada um destes sendo um a obra literária
contínua com perspectiva particular, ten h a sido com posto com
base em num erosos e variados fragm entos de tradição escrita.
Para os evangelhos, estudiosos sugerem q u e os discípulos e
outros seguidores d e Jesus lem bravam de um a quan tid ad e
significativa das palavras e obras d e Jesus. Mas, antes q u e essas
testem u n h as oculares m orressem , seria necessário ouvir os
relatos deles novam ente. Esses “fragm entos” podem ter sido
coletados e categorizados de acordo com a forma e o conteú ­
do. (V. tb. FORMA, CRÍTIC A DA; ORAL, TRA DIÇÃ O.)
F riiiikatliolizism us. (V. c a t o l ic is m o PR IM ITIV O .)

Gaítmig. Padrão textual convencional (composto de peque-nas


unidades identificáveis cham adas form as) q ue pode ser classi­
ficado com outros do m esm o tipo. O term o alemão G attung é
usado para essa classificação geral ou gênero (p. ex. SAGA, L E N ­
DA, EVANGELHO), enquanto um a unidade m enor convencio-
geena 66

nal é cham ada d e forma (p. ex. HINO, RELATO DE MILAGRE,


RELATO DE PRONUNCIAMENTO, ORÁCULO DE IX)R). U m term o
correlato, Gattungsgeschichte, refere-se ao estudo bíblico dessas
classificações ou gêneros. D essa forma, Gattungsgeschichte (“his­
tória do gênero” ) deve ser diferenciado de Fonngeschichte, um a
vez q u e esta focaliza unidade m en or q u e era originariam ente
de natureza oral. (V. tb. FORMA, CRÍTICA DA; GÊNERO; GÊNERO,
CRÍTICA DO.)

geern. “Vale de H in o m ” (heb. gê-hmnom\ gx.geenna; latim gehenná),


é um a ravina a sudoeste de Jerusalém q u e se conecta com o
Vale de Kidron e um a imagem de destruição dos ímpios. N o
AT, um lugar o n d e as crianças eram sacrificadas e queim adas
ao deus M olo q ue (2Rs 23.10; 2C r 28.3; 33.6), m as tam b ém
era um lugar o nd e o lixo e anim ais mortos eram queim ados.
N o N T, geena é um a im agem gráfica da punição de destruição
dos ím pios (M t 5.22; 10.28; 23.33; M c 9.43-47; v. Is 66.24) e
desse m odo é com freqüência traduzido por “inferno” .
g ê n ero . T erm o usado por críticos literários para se referir a es­
pécies ou formas literárias (do francês é a palavra para “esti­
lo”). As questões de assunto, estrutura e estilo são levadas em
conta na identificação do gênero. O s autores neotestam entários
em pregam os gêneros de EVANGELHO, de CARTA e APOCALÍPTICO,
entre outros. (V. tb. GÊNERO, CRÍTICA DO.)
g ê n ero , c rític a d o . A bordagem textual q u e busca classificar a
literatura cm formas ou espécies. Classificações de gênero são
num erosas e variadas, abrangendo da tragédia e com édia até o
lírico e a sátira. O s critérios de classificação são variados, e deve-
se tom ar cuidado ao classificar os gêneros literários da Bíblia,
um a vez q u e não existem trabalhos teóricos em poética do
período bíblico, q u e expliquem com o os vários gêneros lite­
rários foram em pregados. Ademais, u m a m era classificação não
é necessariam ente útil, a m enos q u e algum com entário sobre
67 G ilg a m e s h , E p ic o d e

sua relevância seja incluído. Todavia, o estabelecim ento do


gênero de um a passagem p od e ajudar no en ten d im en to ou
para evitar um a m á com preensão das Escrituras. Por ex em ­
plo, um en ten d im en to do salmo 51 com o exem plo do gênero
d e lam e n to p o d e ria aju d ar o leito r a não focalizar m u ito
d etalhadam ente elem entos bibliográficos do sobrescrito. E m
um esforço em conectar as palavras do salm o a eventos na vida
de Davi, o leitor poderia perder a óbvia natureza de lam ento
e p e n itê n c ia do salm o, b e m com o a ch am ad a em o tiv a à
contrição q u e o salmo está buscando para os leitores aceita­
rem. A crítica do gênero busca classificar as passagens e textos
d e acordo com a forma, estilo e conteúdo; e presum e ser essa
classificação essencial para o en ten d im en to do texto.
gm iza. Câm ara ou quarto de arm azenagem (despensa) nas anti­
gas SINAGOGAS para guardar cópias velhas ou ainda não usadas
dos textos sagrados. (V. DAMASCO, DOCUMENTO D E .)
gem im . Professores RABÍNICOS na Babilônia de m eados do século
VI a m eados do século VII d.C. O s ju d eu s da DlÁSPORA confia-
vam -lhes o estabelecim ento das questões d e fé e prática. Eles
estabeleceram o T a l m u d e b a b iló n ico com o o padrão textual aci­
ma do T a l m u d e p a le stin o .
Gesduchte. (V. H i s t o r i e .)

Gilgam esh, É pico de. Relatos envolvendo o famoso rei MESOPO-


TÂMICO, Gilgam esh, q u e viveu durante o terceiro m ilênio a.C.
O s relatos lidam com o destino da hum anidade, com a vida e
a morte, e outras questões, m as é a narrativa de u m dilúvio
q u e tem cham ado a atenção da maioria dos estudiosos bíbli­
cos e acendido m uitos debates sobre a singularidade do relato
bíblico. O s relatos d e Gilgamesh passaram por várias revisões
e têm sido encontrados por todo o antigo O riente Próxim o
(incluindo em M egido e Israel). O s estudiosos estão, em ge­
ral, mais cautelosos atualm ente no estabelecim ento de cone­
g lo s a 68

xões com os relatos bíblicos, m as essas narrativas extrabíblicas


adicionam o en ten d im en to do contexto cultural bíblico e dessa
forma p odem ajudar no e n te n d im e n to dc palavras, formas,
costum es e assuntos,
glosa. N o m e dado a palavras, frases ou verbos q u e prim eiro
apareceram com o esclarecimentos e coneções nas m argens de
um texto, mas q u e foram adicionados e incorporados posteri­
orm ente ao próprio texto. Por exem plo, o esclarecim ento q ue
um escriba acrescentou à m argem de João 5.3,4, com respeito
ao m ovim ento da água no tan q ue d e Betesda, foi finalm ente
acrescido ao texto em diversos m anuscritos (v. notas de rodapé
da NewRevisedStandardVersiori).
glossolalia. O fenôm eno do discurso extático (do gr. g/ossa
“lín­
gua” + laleo
“falar” ) q u e ocorreu a prim eira vez no dia de
Pentecostes (At 2.1-13) e em ocasiões subseqüentes na igreja
primitiva (v. At 10.44-46; 19.6). O apóstolo Paulo refere-se ao
falar em “vários tipos dc línguas” com o um dos dons espiritu­
ais (IC o 12.10, 28) e como legítim a manifestação d e inspira­
ção profética no culto de adoração d e Corinto (IC o 12— 14).
C ontinuam a existir perguntas en tre os estudiosos se é um a
língua especial d e anjos, alguma língua estrangeira d esconhe­
cida ou um dialeto d e língua conh ecid a (At 2.6). A lgum as
tradições eclesiásticas acreditam q u e esse fenôm eno cessou
com a era apostólica e não deveria ser desejado ou buscado
hoje, e n q u an to outros acreditam e m sua m anifestação con­
tem porânea e encorajam os q u e tê m o dom a praticá-lo.
gnosis. Substantivo grego q u e significa “conhecim ento” (verbo
gtnosko“conhecer” ). (V. tb. G N Ó STICO ; G n o s t i c i s m o . )
gnosticism o. E m sentido am plo, é um a religião com plexa e
um m ovim ento filosófico q ue floresceu en tre o século I a.C e
o século IV d.C., q u e alegava q u e o verdadeiro en ten d im en to
de D eus, do e u e da salvação vem m ed iante revelação especi­
69 g u e r r a s a n ta

al e conhecim ento. U m a vez q u e não existe um único sistem a


gnóstico com o tal, não há u nanim idade entre os estudiosos
em sua definição e ensino. M as, se tratando do século I, é
com um referir-se ao gnosticismo com o heresia cristã prim iti­
va q u e salientava principalm ente o conhecim ento revelado
d e forma particular acima do q u e está geralm ente disponível
a todas as pessoas por m eio das Escrituras. U m a vez q u e o
gnosticismo não tinha se tornado u m m ovim ento significati­
vo até depois da época do NT, tem sido com um nos estudos
do N T referir-se a um protognosticismo ou a um gnosticismo
incipiente no prim eiro século do cristianismo.
g n ó s t i c o . A depto do GNOSTICISMO, ou alguém q ue atribui um a
q u a n tid a d e in co m u m d e valor ao co n h ecim en to espiritual
esotérico.
G riesbach-Farm er, hipótese. Teoria sobre a composição dos
evangelhos q u e afirma q ue M ateus, em vez de Marcos, foi o
primeiro evangelho a ser escrito, e q u e fora usado por Marcos
e Lucas na com posição de seus evangelhos. E sta teoria foi
proposta inicialm ente por J. J. GRIESBACH, e caiu em descré­
dito por estudiosos, m as foi então retom ada por William Farmer.
(V. tb. AGOSTINIANA, HIPÓTESE; HIPÓTESE DAS QUATRO FONTES;
IIIPÓTESE DAS DUAS PONTES.)

G riesbach, Joh an n Jakob (1745-1812). Erudito alemão do


NT. Griesbach era conhecido pelas im portantes contribuições
à ciência da crítica textual, incluindo correções ao TEXTU S
RECEPTUS e por cunhar o term o EVANGELHOS SINÓPTICOS. (V.
tb. GRIESBACH-FARMER, HIPÓTESE.)
G uanará. (V T a l m u d e .)

g u e r r a s a n t a . Devoção total a Y a
h w e h por meio do holocausto

ou sacrifício (heb. kerem ) de todas as pessoas, animais e bens


tom ados e m batalha d uran te a conquista d e C anaã após o
êxodo do Egito (v. D t 7.1,2). Josué 6 é o exem plo principal da
G u n k e l, H e rm a n n 70

guerra santa executada pelos israelitas. U m a vez cjue a guerra


era um a am eaça e realidade sem pre presente no m u nd o anti­
go, o term o gfierra santa tam bém é usado por estudiosos para
ressaltar o fato d e que a guerra não era exclusivam ente política,
mas vinculada à vida e prática religiosas dos israelitas e de outros
povos. E m Israel, a guerra santa estava associada ao REI ACIO­
NAMENTO DE ALIANÇA que era político e CULTUAL; rituais reli­
giosos eram realizados em preparação e na condução da guerra
(D t 20). A noção de guerra santa, contudo, não deve ser tom a­
da no sentido de que os israelitas do passado pensavam que
YAHWEH sem pre lutaria em seu favor já que, se não vivessem de
acordo com a aliança, poderiam experim entar o julgam ento de
Ya h w e h por m eio da guerra de invasores estrangeiros.

G unkel, H erm a n n (1862-1932). E rudito alemão do REUGIONS-


GESCHICHTLICHE SCHULE e pioneiro da c r í t i c a DA FORMA. Tra­
balhou inicialm ente no m étodo d e crítica da forma em dois
comentários d e influência de Gênesis e posteriorm ente de Sal­
mos. Buscou dem onstrar q ue os relatos e poem as do AT to­
maram forma originariamente na TRADIÇÃO ORAL do povo, an­
tes destas obras terem sido transcritas, expandidas e editadas
em período posterior. (V tb. M o w i n c k e l , SlGMUND [1884-1965].)

h a g a d a k D esignação para o conteúdo não legal do T a l m u d e e dos


MIDRASHIM (palavra hebraica q u e significa “narrações” ou “re­
citais” ). Esses comentários, incluindo ensino moral, especula­
ção teológica, relatos, declarações, orações e outros, buscam
explicar algum problem a textual ou aplicar o tex to a nova
situação. N o uso atual, hagadah, (tb. escrito agadalí) é usado
para referir-se à cerim ônia da Páscoa. (V tb. HALACA.)
71 hapax legomenon

h a g i ó g r a f a . (V. K t ü v ím .)

h a l a c a . Decisões legais do judaísm o RABÍNICO q ue funcionam


com o regras definitivas ou m andatórias (o term o hebraico sig­
nifica “andar” ) q u e apontam a forma d e todos os aspectos da
prática judaica (v. E x 18.20). A tradição das decisões legais se
iniciou na própria Bíblia, com D euteronôm io (“Segunda L e i” ),
q u e fu n cio n a co m o “c o m e n tá rio ” das leis a n te rio re s do
P e n t a t k u c O . Foram levadas adiante com Esdras e com as
tradições dos escribas depois do EXÍLIO BABILÓNICO e codifica­
das pelos rabinos no T a lm u d e , O processo d e decisões legais
da vida e práticas judaicas continuou por m eio de com entários
e outros escritos. D esse modo, halaca é a aplicação contínua
da T o r á .
H am urábi, Código de. O mais extenso dos códigos legais desco­
b erto s do an tig o O rie n te P róxim o. H a m u ráb i foi rei da
Babilônia em m eados do século XVIII a.C. O Código de H am urábi
parece ser compilação e reforma das leis existentes. Essas leis
cobrem q uestõ es crim inais e civis, e o código co n tém u m
prólogo e um epílogo relatando sua procedência. A influência
do Código de H am urábi no antigo O riente Próxim o é evid en ­
te, já q ue cópias foram encontradas por toda a região e [datan­
do] diferentes períodos. As sim ilaridades de forma e co nteú­
do com as leis bíblicas são notáveis, assim com o as diferenças
tam bém o são, particularm ente no contexto das leis bíblicas
com o parte do êxodo e da ALIANÇA no Sinai e as sentenças
[que revelam] os motivos para m uitas das leis. (V. tb. CASUÍS-
TICAS, LEIS; T o r á .)

hapax legomenon. Expressão grega (pl. hapax legomena) q u e signi­


fica algo q u e foi dito apenas um a vez. C erta palavra, por exem ­
plo, pode ocorrer apenas um a vez em todas as cartas de Paulo
e ser cham ada de hapax legomenon. O conceito tem se tornado
im portante com relação à autoria de certas cartas paulinas em
h a p lo g ra fia 72

q ue um alto n úm ero d e hapax legomena em um docum ento


p od e sugerir q u e Paulo não ten h a sido o verdadeiro autor.
Efésios, por exem plo, contém 51 hapax legomena, palavras não
encontradas nas cartas de Paulo com autoria não disputada.
h a p l o g r a f i a . Erro m anuscrito do copista d e omissão d e um a
letra, palavra ou frase, geralm ente e m circunstâncias em q u e
letras similares, palavras ou frases são adjacentes (vizinhas) um a
às outras (em contraste com DITOGRAFIA). Por exem plo, em
ISam uel 9.16, o T E X T O M a s s o rÉ T IC O apresenta: “E u ten h o
visto m eu povo” , onde a SEPTUAGINTA apresenta: “E u ten h o
visto a aflição do m eu povo” . U m a vez q u e é a terceira ocor­
rência de “m eu povo” no versículo, e um a vez q u e “aflição
d e ” com partilha d e letras similares [em hebraico] q u e “m eu
povo”, alguns estudiosos sugerem q u e “aflição d e” foi inad­
vertidam ente om itida na transmissão do texto (a frase “aflição
do m eu povo” tam b ém ocorre em E x 3.7). C erto núm ero de
manuscritos gregos do N T om ite um a das duas frases “te m o
Pai” encontradas em IJoâo 2.23. D uas longas omissões em
M ateus 5.19,20 podem ser em virtude da repetição de “Reino
dos céus” q u e ocorrc três vezes nesses versículos. (V tb. HO-
m e o t e l e u i t ; > ; t e x t u a i ,, (JRÍTICA.)

harm onia (dos evangelhos). O bra q u e visa harm onizar os re­


latos dos quatro evangelhos. A lgum as vezes, “h arm onia” é
usada de forma sinônim a com SINOPSE dos evangelhos ou evan­
gelho paralelo, m as a função da harm onia é inter-relacionar os
relatos dos evangelhos em u m a única e contínua narrativa
sobre Jesus. Sinopse é um a ferram enta para o estudo crítico
dos evangelhos q u e estabelece as várias PERÍCOPES d e M ateus,
Marcos e Lucas (e algumas vezes João) em colunas paralelas
para análise e com paração detalhadas. A té onde se sabe, o
DiATESSARON, d e Taciano (c. 170) foi a mais antiga tentativa de
prover harm onia dos evangelhos.
73 h e b ra ic a , B íblia

H a m a c k , A d o lf v o n (1851-1930). H istoriador eclesiástico,


ex eg eta bíblico e teólogo alemão. H am ack ten to u d esv in ­
cular a exegese das declarações dogmáticas e teológicas da igreja
por m eio da retirada da “casca” com o propósito de descobrir
a “essência” do evangelho. Provavelm ente, é mais conhecido
pelo livro popular: W hat is C hristianity [O que é cristianism ó\
(1900), em q u e afirmava q u e a essência do ensino de Jesus
p od e ser reduzida à paternidade d e D eus, o parentesco da
h um anidade e o valor infinito da alma hum ana. Seu trabalho
acadêm ico é ilustrado pela obra d e três volum es H isto/y o f
dof f na [História do dognia] (1880-1889; 1896-1899).
hassidim. N o judaísm o antigo, foi o grupo q u e se opôs ao H E L E N IS -
M O durante a revolta dos asm oneus, (.IM acabeus 2.42-48). E m
épocas mais recentes, os hassidim foram u m m ovim ento de
renovação judaica iniciado em m eados do século xvili na E u ­
ropa Oriental (o term o hebraico significa “os piedosos” ). G e ­
ralm ente se refere a qualquer u m q u e siga fielm ente a HALACA,
as decisões legais para os judeus com o u m todo. A literatura
hasídica, especialm ente as narrativas H O M ILÉTIC A S, é m uito
popular entre ju d eu s e religiosos.
Hmtplbriífe. Tèrmo alemão (lit cartas “chefe” ou “principais” ) que
se refere, geralm ente, às quatro cartas dc Paulo: Romanos, 1 e
2Coríntios e Gálatas. E sse term o não deve ser confundido
com a lista das sete cartas am plam ente consideradas na atuali­
dade como cartas paulinas “autênticas” , q u e incluem Filipen-
ses, ITessalonicenses e Filem om e mais as quatro H auptbriefe
(m esm o na perspectiva mais radical d e F. C. B a u r , as quatro
H auptbriefe foram, d e fato, as únicas cartas paulinas au tên ti­
cas). (V. tb. D EU TEROPAU LIN O; PAULINAS, H OM O LOG OU M ENA .)
H austafdn. (V. CÓ D IG O FAMILIAR.)

h e b ra ic a , B íblia. AT. O t e r m o Bíblia Hebraica te m s id o e m p r e ­


g a d o e m a n o s r e c e n te s c o m o te n ta tiv a ta n to d e s e r d e s c ritiv o
Heilsgescfiichte 74

quanto dem onstrar mais respeito ao judaísm o, um a vez q u e


“a t ” carrega conotações de ter sido suprim ido pelo N T. Al­
guns estudiosos, entretanto, argum entam q ue os term os AT e
N T revelam a im portância da m orte e ressurreição d e Jesus
Cristo, e dessa forma a distinção e n tre antigo e novo ainda
tem seu lugar na teologia cristã. (V. tb. T a n a k .)
H éls^sdm ite. T erm o alemão geralm ente traduzido por “história
da salvação” ou “história da redenção” . (V. tb. CULLMANN, O s-
CAR; SALVAÇÃO, HISTÓRIA DA.)

helenism o, h elen ização. Influência cultural iniciada com Ale­


xandre, o G rande (334 a.C.), na qual a cultura grega (idéias,
costum es, governo, arquitetura, língua, religião etc.) se espa­
lhou por todo o m u nd o m editerrâneo e foi aceita por m uitas
culturas e sociedades não-gregas. A Palestina, p. ex., foi “h ele­
nizada” em larga extensão durante essa época. A maioria dos
judeus na DlÁSPORA foi identificada com o “judeus helenísti-
cos” em virtude d e falarem o grego, terem adotado m uitos
costum es gregos e usado a SEPTUAGINTA com o E scritura (v.
“helenistas” em At 6.1). (V. tb. HELENÍSTICO, JUDAÍSMO.)
h e l e n í s t í c o , j u d a í s m o . Designação para um tipo de judaísm o
(ou judaísm os) q u e adotou m uitos valores da cultura e língua
grega. FÍLO N de Alexandria (c. 20 a.C. a 50 d.C.), por e x em ­
plo, foi u m ju d eu helenístíco estudioso q ue buscou interpre­
tar o AT por m eio da utilização da filosofia grega e EXEGESE
ALEGÓRICA O apóstolo Paulo foi ju d e u helenístíco em virtu­
de de ter nascido e ter sido criado na cidade judeu-helênica
de Tarso (v. HELENISMO). E im portante reconhecer q u e todos
os ju d eus d uran te o período intertestam entário foram influ­
enciados pela cultura grega de algum a forma, e sendo assim,
judaísm o helenístíco designa vários níveis de aceitação.
henoteísm o. E nvolvim ento com u m d eus sem negar a exis­
tência d e outros deuses. A crença parece ser evidenciada algu­
75 H e x a te u c o

mas vezes na religião dos patriarcas e suas famílias e provavel­


m en te existiu na cultura popular da história mais recente de
Israel. Por exem plo, M iquéias 4.5 apresenta: “Pois todas as
nações andam , cada um a em nom e dos seus deuses, m as nós
andarem os em n om e do S e n h o r , o nosso D eus, para todo o
se m p re” .
h e r m e n ê u t i c a . A disciplina q ue estud a teorias d e interpreta­
ção. O term o h e rm e n êu tic a foi usado p rim eiram en te com
respeito aos m étodos interpretativos e às discussões da inter­
pretação bíblica; atualm ente, o term o te m uso mais abran­
gente, como a teoria e arte d e interpretação de qualquer tex­
to. Essa consideração filosófica mais am pla da herm enêutica
tem introduzido certas tensões nos m odos mais tradicionais
d e interpretação dos textos bíblicos, mas tam b ém tem pro­
duzido discussões frutíferas sobre o ato de leitura em geral, a
natureza e autoridade dos textos, e a relação en tre teoria e
prática. (V tb. EXEGESE.)
H é x u p la . Arranjo e m seis colunas d e O RÍG ENES (no século III
d.C.) das várias traduções gregas do AT lado a lado com o texto
hebraico e a transi iteração do hebraico para as letras gregas
feita pelo próprio Orígenes. E x ceto por alguns fragm entos,
esse texto foi perdido, m esm o q u e porções maiores sobrevi­
veram na H éxapla siríaca , um a tradução siríaca da obra de
O rígenes q u e data do século VII d.C. A H éxapla oferece ev i­
dências im portantes para o estabelecim en to do texto hebraico
d urante a ERA PATRÍSTICA. (V. tb. SEPTUAGINTA; TEXTUAL, CRÍ­
TICA.)

H e x a t e u c o . O s primeiros seis livros do AT, vistos como en tid a­


de literária integrada. Alguns estudiosos argum entam q u e o
livro de Josué deve ser agrupado ao PENTATEUCO, dessa forma
perfazendo seis (hex) livros em vez dos cinco da divisão tradi­
cional. E stes seis livros têm unidade baseada nas considera-
h ie r ó g lif o 76

ções da CRÍTICA DA FORMA (p. ex., a repetição de breves cre­


dos; v. D t 26.5-11 com Js 24.1-28) e na inclusão das tradições
de conquista q u e com pletam a prom essa da terra a Abraão.
C ontudo, o papel canônico do P en tateu co testifica a unidade
adicional q u e a divisão tradicional não deve ser negligenciada,
pois é o lugar o nd e os fundam entos da fé bíblica são dem on s­
trados na eleição, ALIANÇA, lei e libertação. (V tb. PENTATEUCO;
T o r á .)

hieróglifo. Escrito pictorial. D erivado do term o grego q u e sig­


nifica “sinal sacerdotal” , os hieróglifos originariam ente se re­
feriam aos escritos religiosos egípcios. M as tam bém com eçou
a ser usado para se referir a qualqu er escrito pictórico. O uso
de figuras para representar objetos pode se tornar enfadonho,
em virtude do grande volum e d e sinais necessários. O “prin­
cípio de rébus” , e m q ue um sinal é lido com o u m som em vez
de u m significado, finalm ente expandiu a am plitude da es­
crita e levou ao sistem a alfabético d e escrita q u e a maioria das
culturas utiliza atualm ente.
H i l l e l . Rabino proem inente do final do século I a.C. e início do
século I d.C. I Iillel, o Ancião, foi praticam ente contem porâ­
neo de Jesus e Paulo, e na tradição rabínica foi considerado a
pessoa mais influente da história pós-bíblica judaica, com fre­
qüência com parado a M oisés e Esdras. A tradição afirma q u e
era o líder dos fariseus (30 a.C. a 10 d.C.) assim com o o presi­
d en te do Sinédrio. Suas perspectivas da lei foram continua­
das por seus seguidores (a casa ou escola de Hillel) e prevale­
ceram depois da destruição d e Jem salém em 70 d.C. (V. tb.
SHAMMAI.)

hino. Louvor a D eu s que descreve a m udança de ventura da


doença ou perigo para a libertação ou vitória, ou sim plesm en­
te relata a m ajestade e a b enevolência de D eus. D as duas
formas mais com uns de salmos do AT (hinos e LAMENTOS), os
77 h ip ó te s e d a s q u a tro fo n te s

hinos têm a form a m enos complexa. Baseados cm estilo, es­


trutura, conteúdo e ânimo, os hinos tê m forma de três partes,
en quanto os lam entos são formados de seis partes. O s hinos
iniciam com cham ado ao louvor, seguido do(s) motivo(s) para
o louvor e concluindo com u m retorno à convocação inicial ao
louvor. O salm o 117, o m ais curto dos salmos, é um bom
exem plo d e hino. C ada um dos cinco livros do SALTÉRIO ter­
m ina com um hino, e o Saltério com o u m todo term ina com
cinco hinos. A designação hebraica do Saltério é se fe r fh illim ,
q u e significa “livro dos louvores” , n o m e apropriado para o
material de hinos. O s hinos p o d em incluir agradecim entos,
salmos reais, SALMOS DE ENTRONIZAÇÃO, e qualquer salmo q ue
com partilhe form as similares com o padrão básico d e hino.
São encontrados fora do Saltério, por exem plo, o cântico de
M oisés (E x 15). T a m b é m são encontrados no N T , o nd e os
mais significativos estão no evangelho d e Lucas (MAGNIFICAI;
1.46-55; B e n e d i c t u s 1.68-79; G lo ria , 2.14; N u n c d im iitis , 2.29-
32). Outras passagens do N T indicam q u e cantar, na form a de
salmos, hinos e cânticos espirituais (IC o 14.26; E f 5.19; Cl
3.16) era parte im portante da adoração cristã primitiva. E stu ­
diosos têm identificado certas passagens no N T (E f 1.3-14; F p
2.6-11; Cl 1.15-20; l T m 3.16) com o material hímnico.
hipótese das du as fontes. Teoria q u e tenta explicar a com po­
sição dos EVANGELHOS SINÓPTICOS afirmando q ue M ateus e
Lucas usaram materiais de duas fontes distintas (Marcos e Q).
A teoria está fu n d am en tad a no fato d e M ateu s reproduzir
aproxim adam ente 90% d e Marcos, Lucas reproduz cerca de
57% d e Marcos, e q u e existem aproxim adam ente 230 versículos
em M ateus e L ucas q ue podem ser atribuídos à fonte Q.
hipótese das quatro fontes. T am bém conhecida como HIPÓ­
TESE DOS QUATRO DOCUMENTOS, é a teoria de q ue OS EVANGE­
LHOS SINÓPTICOS estão baseados em quatro fontes distintas.
h ip ó te s e do s q u a tro d o c u m e n to s 78

N o estudo das fontes q ue os evangelistas usaram para com por


os evangelhos, B. H . Streeter expandiu a HIPÓTESE DAS DUAS
FONTES e propôs que, além d e M arcos e Q, houve tam b ém as
fontes M e L, q u e representam o material q ue é exclusivo de
M ateus e Lucas, respectivam ente.

hipótese dos quatro docum entos. (V. tb. HIPÓTESE d a s QUA­


TRO FONTES.)

hipótese Graf-W ellhausen. (V. DOCUMENTÁRIA, HIPÓTESE.)


H istória da R eligião, E scola da. Escola (alemão S c h u lé ) ou
m ovim ento escolar do final do século XIX e início do XX q ue
buscou interpretar o judaísm o e o cristianismo com respeito a
seu am biente religioso e legado histórico mais amplo. Esses
estudiosos, q u e eram em sua m aioria alem ães (com o H.
G u n k e l , W . Bousset, R. R eitzenstein, W . W R ED E, R. B u l t -
MANN, W . H eitm üller) argum entavam q ue judaísm o e cristi­
anismo em prestaram conceitos, linguagens e práticas d e ou­
tros m ovim entos religiosos. Assim, por exem plo, a cristologia
cristã prim itiva em prestou o m ito gnóstico pré-cristâo do “ho­
m em prim itivo” , e que havia an teced en tes nas religiões de
mistério para o batism o cristão. Esse m ovim ento ficou co nh e­
cido tam b ém por R e U G IO N SG E SC H IC H TLIC H E SC H U L E .

histórica, crítica. Abordagem textual q u e busca descobrir “o


que realm ente aconteceu” . O m é to d o h istó rico -críú co refere-se
ao esforço d e reconstruir o contexto e significado histórico de
u m texto. E sta abordagem , caracteristicam ente, resp o nd e a
perguntas sobre a o rig em dos textos (v. CRÍTICA DA FONTE) p re­
ferivelm ente sobre a forma final (v. CRÍTICA CANÓNICA). T am ­
bém procura encontrar o s ig n ific a d o o r ig in a / do texto, o q u e
significava aos prim eiros leitores antes dos leitores atuais e
su bseqüentes. O “verdadeiro” significado da passagem é o
sentido q u e as palavras tinham no contexto histórico, e não o
79 Historie, historisch

q u e a igreja ou outra autoridade possa dizer com respeito a


u m texto. A questão final sobre autoridade é a força m otriz
por trás da crítica histórica: críticos históricos buscavam o estu ­
do sem preconceito, crenças ou credos prévios; buscavam ser
observadores neutros com respeito ao sentido do texto. A crítica
histórica tem recebido críticas em anos recentes por um a vari­
ed ade de razões, sendo um a dessas a de q u e seus adeptos não
têm sido históricos ou críticos o suficiente. D a m esm a forma,
toda a questão da “neutralidade” na interpretação te m sido
severam ente criticada à luz das preocupações pós-m odernas
em com o lemos os textos (v. DESCONSTRUÇÃO; CRÍTICA DO LEI-
TOR-REAÇÃO). C ontudo, a crítica histórica é inestim ável em
dizer o q ue u m texto pode ou não pode significar, mais do q ue
ele significou. P o d e ser corretiva nos abusos de interpretação,
ou pode limitar o núm ero dc interpretações. C ontudo, dizer
cjue um texto significa algo exige apenas a questão de quais
propósitos alguém tem ao ler um texto, e o propósito “histó­
rico” não é o único q ue alguém p od e ter ao ler um texto. (V.
tb. TIPOLOGIA.)
histórico, Jesus. (V. b u s c a d o J e s u s h i s t ó r i c o . )
H istorie, histofisdu N a teologia alemã, particularm ente nos escri­
tos d e R udolf B u l t m a n n sobre Jesus e os evangelhos, distin­
ções im portantes foram feitas entre diversos conceitos em ale­
mão q ue são difíceis de distinguir em português. “História”
(alemão Historie-, adj. historisch) é usado para descrever histori­
cam ente fatos objetivos (datas, lugares etc.) q ue p od em ser
verificados por m eio do estudo e pesquisa, como “Jesus era
u m ju d eu q ue viveu no primeiro século” . Geschichte, em con­
trapartida, é usado para indicar eventos de relevância históri­
ca, alegações q ue são historicam ente (no sentido historisch) não-
verificáveis, com o “Jesus é o Filho de D eu s” . O famoso título
do livro de M artin Kahler, The so-called historical [historische]
h icita 80

Jesus and the historie [geschichtliche] biblical Ghristt [0 assim cha­


mado Jesus histórico (historische) e o Cristo bíblico histórico (geschi­
chtliche)] representam os dois term os separados u m do outro,
hitita. Povo d e origem indo-européia, cuja influência se espa­
lhou da Ásia M enor por todo o LEVANTE durante o segundo
m ilênio a.C. O s hititas aparecem nos relatos dos PATRIARCAS
(G n 23), da C onquista de Canaã (Jz 3.5,6) e m esm o d urante a
m onarquia (2Sm 11 e 12). O s tratados hititas são considerados
por m uitos estudiosos como o m odelo da ALIANÇA do AT.
hom eoteleuto. Literalm ente, “final similar” . N a cópia d e m a­
nuscritos, finais similares eram com freqüência ocasiões para
erros de visão, nos quais palavras ou m esm o linhas inteiras
foram omitidas. U m exemplo é João 17.15 no manuscrito CÓDI­
CE Vaticano, em q u e um escriba om ite um a linha inteira do
texto. (V. tb. DITOGRAFIA; HAPLOGRAFIA; TEXTUAL, CRÍTICA.)
hom ilética. Disciplina q ue lida com a preparação, estrutura e
entrega d e serm ões (HOMILIAS).
homilia. Term o adicional para sermão ou discurso proferido d en ­
tro do contexto de adoração na SINAGOGA (At 13.13-41) ou na
igreja primitiva. A ênfase está mais na exortação e interpreta­
ção das Escrituras para crentes do q u e a proclamação (KERYGMA)
do e v a n g e l h o para não-cristãos. Alguns estudiosos sugerem
q u e as homilias dos cristãos primitivos podem estar incluídas
em cenos livros do NT, como Efésios, H ebreus e Tiago.
homologoumena. N as categorias de E u s é b i o do CÂNON do N T, são
os livros q u e foram reconhecidos pela igreja por Escrimra. Pa­
ra ele, os homologoumena (gr. homologeo “confessar, reconhecer
publicam ente” ), os escritos reconhecidos pela igreja com o E s­
critura em seus dias, incluíam os quatro evangelhos, Atos, ca­
torze cartas d e Paulo (incluindo H eb reus) IP edro, ljo ã o e
talvez Apocalipse. (V. tb. ANTILEGOMENA; PAULINAS, HOMOLO­
GOUMENA)
81 im p re c a tó rio s , salm o s

H ort, F en ton J o h n A n th o n y (1828-1892). Crítico textual


britânico notável. M uito da obra d e H ort está associada a seu
colega, Brooke F. W estcott, com q u e m ele colaborou em im ­
portante texto crítico do N T grego, The New Testament in the
o rignalgreek, with introduction a n d appendix [0 N<roo Testamento
emgrego original, com introdução eapêndice] (1881). Foi u m grande
contribuinte para a English Revised Version [Versão Revisada In ­
glesa] de 1881.

Ibn E z r a (1092/1093-1167). Intérprete ju d e u conhecido pela


erudição e atenção ao “sentido co m u m ” (PESHAT) do texto.
Seus comentários, especialm ente de Isaías e da T o r á , anteci­
param m uitos dos interesses atuais dos comentaristas. (V. tb.
Is a ía s , a u t o r ia m ú l t ip l a d e ;d o c u m e n t á r ia , h ip ó t e s e .)

im precatórios, salm os. Salmos q u e conclam am D eus a d es­


truir os inim igos do povo d e D eu s, tam b ém cham ados de
salmos de maldição ou de vingança. São perturbadores ou até
m esm o repulsivos a alguns leitores atuais (p. ex. SI 137.9 “F e ­
liz aquele q ue pegar os seus filhos Babilônia e os despedaçar
contra a rocha!” ). Algumas pessoas extirpam esses versículos
pela omissão na leitura ou uso dos salmos, especialm ente na
adoração, ou argum entam q u e foram suplantados pelo cha­
m ado neotestam entário para o am or aos inimigos. Outros vêem
esses salmos com o expressões honestas de profundos senti­
m entos e argumentam que como ot'ações a Deus, perm item que
o salmista apresente sua ira a D eus. N essa últim a perspectiva,
D eu s tratará com os inimigos em justiça e misericórdia, ha­
vendo então possibilidade para reconciliação e restauração.
In á c io 82

Inácio (c. 35-1 0 7 d.C .). Pai da igreja primitiva, bispo d e An-
tioquia. E screveu certo núm ero d e cartas às igrejas da Ásia
M enor com o tam b ém a Rom a, o nd e foi martirizado pelo im ­
perador Trajano. Suas cartas revelam diversos desenvolvim en­
tos da teologia cristã do período apostólico até o século II d.C.
indusiio. T erm o técnico referente ao enquadram ento ou fecha­
m ento (latim “confinam ento” ), no qual a idéia ou frase inicial
d e um a passagem é repetida no final. Por exem plo, o salm o 8
inicia (v. 1) e term in a (v. 9) com: “S e n h o r , S enhor nosso,
como é m ajestoso o teu nom e em toda a terra!” (v. SI 1; E z
25.3-7; Am 1.3-5), dessa form a reforça a im portância dessas
palavras.
intertextualidade. F en ô m en o e m q u e todos os textos estão
envolvidos e m interação com outros textos, q u e resulta em
u m princípio interpretativo d e q u e n e n h u m texto p o d e ser
visto com o isolado ou in d epen d ente. Essa interação é especi­
alm en te verdadeira na literatura bíblica, já q u e cada docu­
m ento ou texto é parte autoconsciente de um a corrente de
tradição. O estud o da intertextualidade dá atenção aos frag­
mentos, ou “ecos”, dos textos mais antigos q u e aparecem em
textos mais novos, exam inando passagens q u e com partilham
palavras e tem as. G eralm ente, o estudo da intertextualidade
bíblica focaliza mais o processo pelo qual os textos bíblicos fo­
ram retrabalhados e as diferenças en tre esses textos: são esten ­
didos, em seu significado, m as tam b ém transpostos ou m esm o
refutados. A ênfase te n d e a explorar mais a pluralidade de
possíveis interpretações do q u e a conformidade de interpreta­
ções. (V. tb. INTRABÍBLICA, EXEGESE.)
intrabíblica, exegese. A bordagem textual q u e busca tratar a
reinterpretação e reaplicação d e texto bíblico mais antigo por
m eio de u m mais novo. A descoberta da exegese intrabíblica
é mais desenvolvida no estudo do AT, grandem ente em virtu-
83 Ire n e u

de do magnífico estudo de M. Fishbane, B iblical interpretaúon


in anáent Israel [.Interpretação bíblica no antigo lsrael\ (1985).
Citações diretas são a aplicação mais óbvia deste m étodo, mas
a exegese intrabíblica tam b ém observa as GLOSAS em u m tex­
to, o arranjo do m aterial em sua forma p resente e o uso das
palavras, tem as e tradições em outros textos. Por exem plo,
um estudo acadêm ico de exegese intrabíblica pode exam inar
a relação entre Isaías 2.2-4, Joel 3.10 e M iquéias 4.1-3, ou o
uso q u e Oséias faz das tradições d e G ênesis 32 com respeito a
E saú e Isaque. E sta abordagem com partilha aspectos com o
interpretar “Escritura à luz da Escritura” , mas salienta mais o
relacionam ento literário e histórico do q u e o espiritual ou te­
ológico. Alguns estudiosos usam o term o “m idrash com para­
tivo” com o eq u ivalen te aproxim ado a exegese intrabíblica.
(V tb. INTERTEXTUAIJDADE.)
ipsissim a verba Jesu. L atim de “as próprias palavras d e Jesu s” .
Estudiosos têm tentado descobrir nos evangelhos as declara­
ções autênticas de Jesus. Ipsissim a verba Jesu designa as pala­
vras q ue foram mais provavelm ente ditas por ele. (V tb. CRI­
TÉRIO DE AUTENTICIDADE; IPSISSIMA VOXJESU.)

ipsissim a voxJesu. L atim de “a própria voz d e Jesus” . U m estu ­


dioso poderia concluir q u e m esm o as palavras d e Jesus em
questão poderiam não ser suas próprias palavras (ipsissim a ver­
ba), elas poderiam expressar sua m en te, intenções e sentidos;
ou seja, alguém as o uve na própria “voz” de Jesus. (V. tb.
CRITÉRIO DE AUTENTICIDADE; IPSISSIMA VERBA JE SU .)

Ir e n e u (c. 135-c. 2 0 2 ). Pai cristão prim itivo, nascido em


Esm irna na Ásia M enor, Ireneu foi posteriorm ente bispo de
Lião e viajou por todo o Im pério Romano. D urante o últim o
quarto do século II, o cristianismo ortodoxo contendia com o
GNOSTICISMO pelos corações e m en tes do povo. A principal
obra d e Ire n e u foi C ontra as heresias, na qual desafiava os
iro n ia 84

GNÓSTICOS por sua falsa interpretação das Escrituras. Para


Ireneu, a verdadeira interpretação está de acordo com “a re­
gra de fé da igreja”, seu testem u n h o a Cristo e sua conformi­
dade à pregação apostólica.
iro n ia. Afirmação na qual o sentido im plícito das palavras difere
do uso explícito destas. Q uando Elias disse aos profetas de
Baal no m o n te C arm elo “G ritem m ais alto [...] já q u e ele é
um deus. Q u e m sabe está m editando, ou ocupado, ou viajan­
do. Talvez esteja dorm indo e precise ser d espertado” (lR s
18.27) estava sendo irônico —■ele não crê q ue os deuses deles
são de fato deuses, e os profetas não passarão no teste. O peri­
go da ironia é ela não ser notada. O livro de Jonas, por m eio de
m uitos relatos, é u m tratado irônico d e justiça (e graça); é o
relato de Jonas, não os oráculos d e Jonas como encontrados
em outros livros proféticos. O problem a de m uitos tratados
contem porâneos de ironia na Bíblia é q u e a ironia, o “sarcas­
m o” (H . D av en po rt), é en con trad o em todo lugar e p o d e
significar sim plesm ente algo não pretendido ou sim plesm en­
te estranho. E ste problem a é especialm en te crítico na con­
juntura atual, e m q ue a intenção do autor é m enosprezada.
Para ser capaz d e encontrar ironia em um texto, o leitor deve
ser capaz de confiar no q ue é dito e discernir o m otivo pelo
qual o q u e foi dito não é o q u e se p rete n d e dizer. N o N T,
Jesus usa a ironia ao lidar com os escribas e fariseus em M ateus
23 (esp. no v. 32) e Paulo recorre à ironia em suas discussões
com os d e C orinto (v. IC o 3 e 4).
Isaías, autoria múltipla de. E o problem a da autoria m últipla
e da composição do livro de Isaías. Os estudiosos críticos do
final do século XVm postularam três Isaías baseados nos dife­
rentes estilos, tem as e am bientes (ainda q u e já no início da
época m edieval, com entaristas com o I b n E z r a observaram
diferenças d e estilo). O prim eiro Isaías era o Isaías d e Jem sa-
85 ja v i s ta

lém , q u e e sc re v e u no sécu lo VIII a.C .; o se g u n d o Isaías


(D eutero-Isaías) foi identificado com os capítulos 40— 55, nos
quais o am b iente EXÍLICO era pressentido; o Terceiro-Isaías
(Trito-Isaías) identificado nos capítulos 56— 66, refletia tem as
de u m am biente pós-exílico na terra de Israel. M uitos estud i­
osos q u e m an têm a m últipla autoria d e Isaías não mais salien­
tam as diferenças e individualidade dos três “Isaías” ; antes,
argum entam com o as partes contribuem ao todo literário, es­
pecialm en te e m com o os tem as são tom ados e usados em
contextos posteriores.

Jâm nia, C o n c ílio de. Concílio RABÍNICO realizado em JÂMNIA


(tb. escrita Yavneh), na Palestina. Q uando os judeus fugiram
de Jerusalém d uran te a Prim eira Revolta Judaica (66-70 d.C.),
m uitos foram a JÂMNIA, cidade na planície da costa da antiga
Palestina, ao sul d e Jope, sob a liderança do rabino Yohanan
ben Zakkai. U m a escola foi estabelecida ali, e por m eio de
encontros por diversos anos, m uitas questõ es acerca da re­
construção do judaísm o foram discutidas. (M uitos estudiosos
atualm ente duvidam q ue um “concílio” foi feito, mas certa­
m en te os debates aconteceram .) Para os cristãos, os debates
com respeito aos livros da B í b l i a H e b r a i c a foram o aspecto
mais im portante já q u e esses debates levaram à canonização
final da terceira seção, os Escritos, das Escrituras Hebraicas.
(V. tb. CÂNON.)
javista. D e acordo com a HIPÓTESE DOCUMENTÁRIA, é o autor da
fonte J (j do alem ão jahw ist) do PENTATF.UCO, caracterizada por
sua preferência pelo nom e Yai iw e i l quando se refere a D eus.
O javista narra a história de Israel da origem da h um anidade e
J liD P 86

proliferação do pecado nos primeiros capítulos d e G ênesis até


o cham ado d e Abraão, a libertação por meio de M oisés e a
culm inação desse relato como revelação de Y a h W EB no m on­
te Sinai. A fonte J é considerada por alguns com o tendo sido
escrita no início do período m onárquico (séc. X a.C.). O javista
é visto com o u m hábil contador d e histórias com um to q ue
teológico profundo e distinto. N a perspectiva javista, a h um a­
nidade está pro p en sa a transgredir os lim ites estabelecidos
por YAHWEH, m as em vez de sim plesm ente usar m edidas p u ­
nitivas, YAHWEH busca proteger a hum anidade da destruição.
O javista te m sido considerado por alguns com o o prim eiro
grande teólogo em Israel. (V. tb. I X x i u m e n t á r i a , H i p ó t e s e .)
J E D P . (V. DOCl JMENTÁRIA, h ip ó t e s e .)

Jerem ias, J o a ch im (1900-1979). E studioso alem ão do N T.


Jerem ias consum iu a maior parte de sua carreira acadêm ica na
Universidade de G õttingen (1935-1968). Acreditava q u e o N T
deveria ser interpretado dentro do am b ien te lingüístico e his­
tórico do século I e q u e o Jesus histórico, como descoberto nos
evangelhos, é im portante à fé cristã. Am bas as convicções são
dem onstradas a d eq u ad am en te n o E ucharistic words o f Jesus
\P alavras eucarísticas de Jesus] (1955), Teologia do N ovo Testa­
mento: a pregação de Jesus (1971) e /li parábolas de Jesus (1954).
Jerônim o (c.3 4 7 -4 2 0 ). Pai da igreja prim itiva e estudioso bí­
blico. Foi u m dos mais interessantes e com plexos e n tre os
pais da igreja prim itiva, sendo incom parável em extensão,
profundidade e versatilidade no aprendizado. N ascido d e pais
cristãos na Itália, foi a Rom a aos doze anos estudar grego, la­
tim, retórica e filosofia. Posteriorm ente, viajou para o oriente
e estudou hebraico, finalm ente chegando a Belém, onde m orou
o restante d e sua vida. O seu m éto d o d e interpretação era
estabelecer a sua nova tradução do hebraico lado a lado com a
SEPTUAGINTA e com entar cada trecho. Interpretou cada versículo
87 Jo a n in a , C o m m a

literalm ente valendo-se das fontes RABÍNICAS e então inter­


p retava cada versículo e sp iritu a lm e n te p ela utilização da
Septuagjnta e de O R ÍG E N E S . A tradução de Jerônim o da Bíblia
hebraica e grega chegou até nós com o VuLGMA.
Jerusalém , C oncílio de. V. C o n c í l i o d e J e r u s a l é m .
Jesu s, Sem inário. G rupo de estudiosos (aproxim adam ente de
50 a 75) q u e g eralm ente se encontram duas vezes por ano
para debater questõ es sobre o Jesus histórico. São popular­
m en te conhecidos por votar a autenticidade das declarações
d e Jesus de acordo com um a escala de probabilidade. D ife­
rentes códigos de cores correspondem a cada nível; verm elho
indica q ue Jesus proferiu um a declaração específica; rosa para
a possibilidade d e Jesus ter dito algo parecido com aquilo;
cinza para significar q u e um a declaração talvez seja a idéia de
Jesus mas não suas palavras; e preto para indicar q ue Jesus não
disse aquilo. O grupo tem tam b ém incluído o apócrifo E va n ­
gelho de Tomé em seu estudo. O resultado d e seu trabalho tem
sido publicado em The fiv e Gospels: the search fo r the authentic
w ords o f Jesus [Os cinco evangelhos: pesquisa sobre as pa la vra s
autênticas de Jesus] (N ew York: M acmillan, 1993).
Jesus, tradição de. As declarações e relatos de Jesus com o fo­
ram dissem inados e transm itidos e m forma oral e escrita. O
term o é usado com freqüência em estudos contem porâneos
sobre Jesus nos quais os estudiosos ten tam traçar o desenvol­
v im ento e id en tid ad e das transform ações das declarações e
relatos de Jesus com o foram transm itidas. Esta investigação
inclui questões com o se e em qual extensão os escritos de
Paulo ou Tiago revelam acesso à tradição d e Jesus. Para alguns
estudiosos, com o os do Seminário Jesus, a investigação move-
se além da literatura canônica para incluir obras como o E van­
gelho de Tomé. (V. tb. TRADIÇÃO, CRÍTICA DA.)
Joanina, C om m a. (V. COMMA JOHANNEUM.)
J o s e f o , F lá v io 88

Josefo, F lávio. Historiador judeu. Josefo viveu no século i (c.


37/38-110 d.C.), e suas obras são im portante fonte para o e n ­
tendim ento do m u nd o histórico e religioso da Palestina d u ­
rante o dom ínio romano. Josefo foi recm tado à luta contra os
romanos pelas forças judaicas na Galiléia, foi feito prisioneiro,
e posteriorm ente se tornou cidadão romano. Seus escritos in­
cluem L im a autobiografia (Vida), um a apologia ao judaísm o
(Contra A pion), um a história dos ju d eus da criação do m u nd o
até a guerra judaica contra os rom anos (Antigüidadesjudaicas) e
u m relato da guerra contra R om a (Guerras judaicas). Alguns
estudiosos duvidam da confiabilidade de sua obra, já q u e se
mostra sem critério em suas fontes mais antigas, nas quais ele
confia fortem ente; contudo, se m an tém como um a inestim á­
vel fonte d e inform ação sobre a c o m u n id ad e na P alestina
durante o período helenístico. Seus escritos foram mais valo­
rizados por cristãos do que judeus, pois m enciona João Batista
e Jesus. T a m b é m ap ren d em o s m u ito do q u e ocorreu em
Massada durante a P r im e ir a R e v o l t a J u d a ic a por m eio de
seus escritos.
Jubileu, A n o do. E o ano no qual se conclui o ciclo de sete anos
sabáticos nos quais a “liberdade” era proclamada para todos
(pessoas, posses e terra) e a restauração das posições iniciais era
concedida. L evítico 25 estabelece as regulam entações com
respeito à posse da terra e de escravos. A terra e as pessoas não
deveriam ser possuídas por outros hom ens, pois am bas per­
tencem ao Senhor (24.23,42). O solo deveria ter u m “sabático”
a cada sete anos, mas no qüinquagésim o ano (7x7+1), a pró­
pria terra deveria ser entregue d e volta ao seu dono original.
D a m esm a forma, u m escravo, alguém contratado em virtude
de dívida, poderia ser resgatado por u m parente ou pela oca­
sião do ano de Jubileu. O profeta E zeq u iel ta m b é m falou
acerca d e u m ano d e “descanso” , quando a propriedade era
devolvida a seu dono (Ez 46.16-18), e a im agem é usada no
89 ju d e u s , c ristão s

NT da m esm a forma quando Jesus usa as palavras de Isaías


61.1,2 (“O Espírito do S e n h o r está sobre m im [...] para p re­
gar boas novas aos quebrantados, enviou-m e a curar os q u e ­
brantados d e coração [...] a apregoar o ano aceitável do S e ­
n h o r ” ) na SINAGOGA em N azaré (v. L c 4.18,19).

Judaica, R evolta. G uerra judaica contra R om a em 66-70 d.G.


M esm o q u e haja certo núm ero d e revoltas judaicas contra o
pod er estrangeiro por toda a história (assírios, babilónicos, gre­
gos), a mais aludida na história bíblica é aquela contra R om a
iniciada em 66 d.G., q ue levou à destruição de Jerusalém e do
tem p lo em 70 d.C. sob o general rom ano Tito. A segunda
revolta contra Rom a, conhecida por R e v o l t a d e B a r K o k h b a ,
ocorreu em 132-135 d.C. (V. tb. ZELOTES.)
ju d aizan tes. G ru po d e cristãos ju d e u s q u e acreditavam q u e
todos os cristãos gentios deveriam “viver como ju d e u s” (G1
2.14) por meio da adoção dos costum es judaicos. M esm o q u e
a palavra “ju d aizan te” não apareça no N T , as tentativas de
“judaizar” entraram em conflito com a insistência d e Paulo
q ue a salvação “não é por obras da lei mas, m ediante a fé em
C risto Jesu s” (G1 2.16). E im po rtan te e n te n d e r q u e Paulo
jamais encorajou os CRISTÃOS JUDEUS a abandonarem seu m odo
judaico de vida e a identidade nacional, m esm o ten d o sido
acusado falsam ente de tê-lo feito (At 21.21).
judeus, cristãos. Ju d eu s q ue foram discípulos de Jesus ou se
converteram ao cristianismo pela confissão de Jesus com o o
Messias e foram batizados “no nom e de Jesus” (At 2.38). Al­
gum as vezes este grupo de cristãos judeus primitivos é descri­
to com o cristãos palestinos em virtude do m ovim ento estar
g ran d em ente confinado à Palestina. Parece q u e eles, sob a
liderança de T iago (At 15.1-35; 21.17-26), especialm ente os
que moravam ao redor de Jerusalém , m antiveram m uito de
suas tradições e crenças judaicas — em outras palavras, conti-
J u s tin o M á rtir

nuaram a viver da m aneira judaica e não viam necessidade de


fazer cessar os costum es judaicos e m virtude da conversão ao
cristianismo. E provável q u e alguns desses cristãos ju d e u s/
palestinos, os cham ados de JUDAIZANTES pelos autores atuais,
insistiram q u e Paulo exigisse dos convertidos gentios a o bed i­
ência às leis judaicas além de depositarem a fé em Jesus Cristo
(G1 2 e 3 ). (V tb. EBIONITAS.)
Justino M ártir (c. 100-165). O prim eiro grande apologista da
igreja. A P rim dra apoiof f a , escrita d e R om a por volta d e 155
d.C. ao im perador Antonino Pio (138-161), apresentava e in­
terpretava a fé cristã m ediante o d eb ate das falsas acusações
de im oralidade levantadas contra a igreja. E m outras obras,
Justino buscou reconciliar as idéias d e fé e razão. E le, com
alguns d e seus discípulos, foi denunciado como cristão e ex e­
cutado em virtude de recusar-se a sacrificar a Roma.

K
K ásem ann, E m s t (1906-1998). Estudioso alemão do NT. T ev e
u m longo período de ensino na U niversidade de T iib in g en.
Em bora ten h a sido pupilo d e BlJLTMANN, diferenciava-se por
ter sido o m en tor d e diversas publicações, incluindo The quest
o fhistoricalJesus [i4 busca do Jesus histórico\. C om outros estud i­
osos pós-bultm annianos (BORNKAMM, C o n z e l m a n n , Ebeling,
Fuchs), procurou criar um a p on te en tre o Jesus terreno e o
Jesus proclam ado pela igreja. A teologia de Paulo, especial­
m en te as doutrinas da justificação e da retidão, e a centralidade
da cruz (THEOLOGIA CRUCIS) são os pontos centrais da obra de
Kãsem ann.
kenosis. É o “esvaziam ento” de Cristo na encarnação. O verbo
grego kenoo ( “esvaziar” ) ocorre na declaração cristã e m Fili-
91 K itte l, G e rh a rd

penses 2.6-11, q u e afirma q u e Cristo “m as esvaziou-se, a si


m esm o, vindo a ser servo” (F p 2.7). O problem a cristológico
q u e surgiu com respeito à interpretação desse versículo cen ­
traliza-se na questão se “esvaziar” significa q ue Jesus tem p o ­
rariam ente “d eixou” o exercício d e certas prerrogativas divi­
nas ou se ele deixou certos atributos divinos.
kerygma. D o substantivo grego kerygma, q u e significa o q u e é
pregado (verbo kerysso) como o EVANGELHO. Kerygma, dessa
forma, se refere tanto ao co nteúdo q u an to ao ato de pregar
(IC o 1.21). Alguns estudiosos contem porâneos do N T conti­
nuam a seguir ou modificar a proposta de C. H. D o d d q u e o
conteúdo principal do kerygma declarava que: 1) a era messiânica
predita pelos profetas chegou; 2) o cum prim ento da era m es­
siânica é dem onstrado pela vida, m orte e ressurreição d e Je ­
sus; 3) pelo valor d e sua ressurreição, Jesus é o Senhor exalta­
do; 4) a presença do Espírito Santo na igreja é o sinal da pre­
sença de D eu s com seu povo; 5) Cristo voltará com o Juiz e
Salvador do m undo; e 6) o cham ado ao arrependim ento in­
clui oferta d e perdão d e pecados e o recebim ento do Espírito
Santo com o garantia da salvação.
K‘ti<vim. E a terceira seção do CÂNON hebraico, os E s c r i t o s (tb.
conhecido pelo nom e latino, hagrographa). Essa seção com pre­
e n d e Salm os, Jó, Provérbios, os “L ivros F estiv ais” (heb .
M egillÔ T. R ute, C ântico dos Cânticos, Eclesiastes, L a m en ­
tações e Ester), Daniel, Esdras, N eem ias, e l e 2Crônicas. (V.
tb. T á N A K .)
Kittel, G e r h a r d (1 888-1948). E rud ito alem ão conhecido prin­
cip alm en te por editar os nove volum es do Theologisches Wör­
terbuch zum Neuen Testament (1933-73) traduzido para o in ­
glês por G eoffrey W. Brom iley por Theological dictionary o f
the New Testam ent \D icionário teológico do N ovo Testam ento ]
(1964-74).
Koheleth 92

Kohdíth. N o m e hebraico para Eclesiastes. (V. tb. QOHELET.)


koinonku Palavra grega q u e significa “com panheirism o, parce­
ria, com partilhar” . Lucas indica q u e koinom a foi um a das marcas
distintivas da igreja primitiva, em q u e foi vivida na adoração,
especialm ente no compartilhar do “partir do pão” (At 2.42).
K idtgfsdm JtlidieSJm le. (V. M lT O K RlTUAL, ESCOLA IX).)
kyrios. Term o grego traduzido por “Senhor, mestre, dono” q u an ­
do usado com o forma de atribuição. N a teologia do N T, é o
título dado a Jesus como conseqüência d e sua ressurreição e
exaltação: “D e u s o fez Senhor [kyrios] e Cristo [christos]” (At
2.36). Tornou-se term o com um para expressar o senhorio de
Cristo no m u n d o greco-rom ano (R m 10.9; F p 2.11). (V. tb.
CRISTOLÓGICOS, TÍTULOS.)

L , t r a d i ç ã o . M aterial q ue é encontrado unicam ente no evange­


lho de Lucas. N a proposta d e B. H. Streeter da hipótese das
quatro fontes, L significa o material q u e é exclusivo ao evan­
gelho de Lucas, com o a parábola do bom samaritano (L c 10.29-
37) e o filho pródigo (15.11-32).
l a m e n t o , s a l m o s d e . Queixa ou petição a D eus feita por in­
divíduo ou com unidade em virtude de sofrimento, opressão
ou até m esm o da negligência divina. Lam entos, talvez m e ­
lhor representados como “queixas” (alemão Klagé) são um a
das d u as form as d e salm os (H IN O S e la m e n to s) q u e são
distinguíveis com base no estilo, estrutura, co nteúdo e âni­
mo. O s lam entos têm estrutura mais com plexa q u e os hinos.
Iniciam com u m cham ado por D eus, seguido pela descrição
da necessidade ou queixa, um p edido por ajuda, pelas razões
93 Leitm otiv

pelas quais D e u s deve intervir, um a afirmação de confiança e


um a oração d e conclusão. O s lam entos encerram canções tris­
tes e queixas, en tre outros GÊNEROS. O salmo 13 é um belo e
breve exem plo d e lamento.

llisterkltuúog. (V. CATÁLOGO DE VÍCIOS E VIRTUDES.)


latínism o. Palavra ou constm ção gramatical derivada do latim.
Latinism os são encontrados no N T, especialm ente nos evan­
gelhos e em Atos (gr. kenturiont lat. centurion\ gr. praitorion / lat.
praetorium ). A interpretação bíblica está repleta de latinismos.
Por exem plo, a palavra lexicon (dicionário) deriva do latim
lexis, “palavra” .
lecionário. D a palavra latina para “leitor” , é um a coleção de
passagens da Escritura e outros materiais litúrgicos usados na
adoração pública e na devoção particular. Lecionários, geral­
m en te organizados e usados de acordo com os calendários ecle­
siásticos e seculares, foram originados na igreja primitiva. E n ­
tre outras coisas, os cristãos primitivos forneceram evidências
úteis para os estudiosos na busca d e reconstruir o texto grego
primitivo da Bíblia.

Leitm otiv. Palavra alem ã q u e se refere à im agem , qualidade, ação


ou objeto q u e ocorre periodicam ente em um a narrativa, poe­
ma ou oráculo (literalm ente “tem a/ motivo-guia” ). O L e itm o tiv
pode ser simbólico, mas pode tam bém fornecer coerência à
narrativa e sustentar um tem a básico de narrativa. Por ex em ­
plo, nos relatos dos PATRIARCAS, os tem as do mais novo suplan­
tar o mais velho ou da esposa passar por irmã são incorporados
à arte narrativa e contribuem para o significado do relato. N o
caso do mais jovem suplantar o mais velho, não é a primazia
d e nascim ento, m as a promessa e propósito de D eus q u e d e ­
term inam por m eio de q uem as bênçãos de D eus virão. (V.
tb. LITERÁRIA, CRÍTICA; L e IW O R T .)
le ito r - re a ç ã o , c r ític a d o

l e i t o r - r e a ç ã o , c r í t i c a d o . Abordagem literária ao texto q u e se


m ove do autor para o leitor para p reen ch er as lacunas do tex ­
to. E m sua form a mais radical, esta abordagem considera o
sentido não da estrutura e das palavras do texto, m as sim o
ponto d e en co n tro en tre o leitor e o texto. Por essa razão,
neste m étodo, o leitor é com freqüência o “criador” do signi­
ficado, já q u e no ato da leitura, p o d e fazer o q u e deseja do
q u e estão lendo. Por exem plo, u m leitor poderia encontrar
defesa para u m estilo de vida vegetariano nos capítulos inici­
ais d e Jó, no qual os animais dom ésticos representam impor­
tante papel na econom ia agrícola da época, mas q u e não são
explicitam ente referidos com o criados para consum o de car­
ne. O livro não está d efen d e n d o o vegetarianism o, m as os
leitores com esses interesses poderiam encontrar apoio para
sua posição. O s interesses e preocupações do leitor se tom am
o ponto central da interpretação, mais até do q ue o inten to ou
propósito do autor. (V. tb. DESCONSTRUÇÃO.)
l e i t o r s u g e r i d o . T erm o da crítica da narrativa q ue faz distinção
entre o leitor sugerido em um texto e o leitor real. O leitor
sugerido tem o perfil de leitor q u e m elhor entenderia e res­
ponderia ao texto, algum as vezes cham ado d e leitor ideal.
M esm o quan d o os leitores são identificados com o “todos os
santos em Cristo Jesus [...] em Filipos” (F p 1.1), a crítica da
narrativa exam inará cuidadosam ente o texto em busca d e in­
dicações d e leitores sugeridos no texto. Isto é mais proveito­
so na leitura d e Efésios, onde não se sabe ao certo se os verda­
deiros leitores estavam , de fato, ligados a um a igreja particular
em É feso ou às regiões em volta. D e forma mais com um ,
textos narrativos, com o o quarto evangelho, convidam os lei­
tores a detectar o leitor sugerido.
là tw o rt. Palavras q u e ocorrem periodicam ente de forma signi­
ficativa em um a perícope ou em u m relato extensivo, poem a
95 l e v i r a to , c a s a m e n t o d e

ou oráculo (literalm ente do alem ão “palavra guia” ). Ao seguir


a repetição da palavra e os diferen tes usos da ocorrência, o
intérprete pode alcançar o significado do texto, algumas vezes
com resultados im pressionantes. N o AT, não é sim plesm ente
um a palavra, m as a forma e variações da raiz q u e p odem ser
exploradas para expressar nuanças d e significado. Por ex em ­
plo, nas conseqüências do dilúvio, o radical vida é repetido de
várias formas, salientando tanto a destm ição quanto o resgate
ou renovação da vida (G n 6.9— 8.19). (V. tb. LITERÁRIA, CRÍTI-
CA■,L e it m o t iv .)

lenda. G ê n e r o literário similar à SAGA mas q u e salienta mais o


caráter e os dons do personagem central da história. 'P ende
para a exortação, cham ando os leitores para um curso d e ação.
Por exem plo, as histórias de José e D aniel em cortes estran­
geiras focalizam o caráter destes indivíduos e apelam pela fi­
delidade e sabedoria em situações difíceis. Q uando estudio­
sos falam d e relato com o lenda, não estão necessariam ente
julgando sua historicidade; estão principalm ente falando do
gênero. (V. ETIOLOGIA.)
I^evante. Terras da costa do leste do m ar M editerrâneo (que
incluem a Palestina/ Israel, Síria e Líbano). Situado ao redor
do deserto sírio, o L ev ante era im portante tanto para o con­
trole do E gito q u a n to da M esopotâm ia, já q u e foi a única
massa d e terra pela qual o comércio p ôd e ser conduzido ra­
zoavelm ente. (V. tb. F é r t i l , C r e s c e n t e . )
levirato, casam en to de. Instituição do antigo Israel q ue pre­
servava os direitos d e herança d e um hom em q u e tivesse
morrido sem filhos. Por ocasião da m orte de um hom em , a
obrigação do irmão mais velho era casar-se com a viúva e ter
filhos q ue levariam o nom e e se tom ariam o herdeiro do m a­
rido m orto (D t 25.5-10). E sta instituição tam b ém providen­
ciaria prestígio para a viúva. O livro d e R ute pressupõe a ins-
lé x ic o %

tituição (R t 3.13); Boaz resgata tanto o cam po quanto R ute,


d e form a q u e se fazia uso do “parente remidor” em algumas
vezes para a pessoa. O relato tam b ém sugere q ue a sim ples
herança não era a única questão, já q u e tanto N oem i quanto
R ute estavam mais interessadas com a vida na com unidade
do q ue com os direitos estabelecidos pelas estruturas sociais,
m esm o os direitos sendo fruto natural da nova posição social
(R t 4.1-10).
léxico. E m estud o bíblico, é a designação com um para u m dici­
onário de palavras em hebraico, grego ou latim.
lex talm nis. T erm o latino q u e significa “lei da retribuição” . O
term o é aplicado caracteristicam ente às leis do Al' incorpora­
das com o princípio da “proporção fixa” de justiça não basea­
da na condição ou dinheiro mas do GÊNERO: “olho por olho,
d en te por d e n te ” . M esm o q u e isso pareça um a form a severa
de punição, deve-se ter em m en te q u e a penalidade não esta­
va especificada com base na condição social, mas era aplicada
igualm ente a todos (em contraste com, p. ex., CÓDIGO D E HamU-
RÁBÍ). Lim itava a punição não pela exigência de grande q u an ­
tia em retribuição. Era um princípio legal, e não um princípio
para relacionam entos interpessoais.
libertinagem. (V. ANTINOMISMO.)
Lightf(X)t, Josep h B arber (1828-1889). E m d ito britânico do
NT. Foi bispo d e D urham e era conhecido pela paixão h erm e­
nêutica na interpretação do texto bíblico dentro do contexto
de línguas e culturas do tem po em q u e foram escritos. Além
de ser um estudioso brilhante, d efen d eu diversas causas para
a igreja, com o o m inistério leigo e a participação fem inina na
liderança. Sua obra The Christian m inistry [O m inistério cristão ]
no com entário d e S t. Paul's epistle to P hilippians \C arta de são
Paulo aos filipenses\ (1897) p erm an ece u m m anifesto p erd u ­
rável sobre o assunto.
97 locus classicus

literária, crítica. A bordagem textual bíblica q u e reconhece sua


natureza literária e busca interpretá-la com o tal. A crítica lite­
rária procura interpretar o todo de um a obra literária, seja sal­
mo, narrativa q ue se desenvolve em diversos capítulos (p. ex., o
relato de Jacó ou José) ou um livro (Jó). Seu objetivo é ver as
partes em função do todo, não sim p lesm en te com o partes
individuais. M uitos críticos literários chegam a dizer q u e a
obra literária deve ser interpretada dentro e de si m esm a, sem
referência a q ualq u er reconstrução histórica. A própria obra
contém em sua maioria, se não toda, a informação para inter­
pretá-la. Por exem plo, o relato do casam ento de Oséias com
G om er pode ser visto como um a parábola do relacionam ento
en tre D eu s e seu povo e não necessita ser tom ado com o casa­
m ento “histórico” , com o problem a implícito para se explicar
a situação desconfortável de D eu s pedir q u e Oséias se case
com um a prostituta. Discussões sobre o enredo, personagens
e tem as são o q u e interessa ao crítico literário, e não questões
de autoria e data d e composição. O perigo de algumas formas
de crítica literária é p erder de vista o contexto histórico desses
relatos. A evidência dessas narrativas é q u e D eus está agindo
nesses eventos e vidas; não são apenas enredos e personagens
expressando em ações o seu destino. A bordagens literárias
mais antigas, ainda am plam ente em pregadas, procuram m os­
trar com o a composição literária chegou a existir e quais fontes
estão por trás da obra em questão. (V tb. HISTÓRICA, CRÍTICA;
FONTE, CRÍTICA DA.)

L iv r o d a A lia n ç a . (V CÓD IGO DA A l ia n ç a .)

liv ro dos D oze Coleção dos doze PROFETAS MENORES, q ue consis­


te em Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, M iquéias, N aum ,
H abacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias. (V. tb. IYvÍÍM .)
locus dassicus. T erm o latino referen te ao “lugar clássico” . N o
estudo bíblico, locus classicus refere-se à passagem das Escri­
98

turas q u e m elhor ilustra u m princípio, doutrina ou en te n d i­


m ento de u m conceito bíblico. Por exem plo, M iquéias 6.8 —
“... o q ue o SENHOR exige: pratique a justiça, am e a fidelidade
e ande h um ild em en te com o seu D e u s” ■ — é um a passagem
crucial no en ten d im en to do q u e D eu s requer do RELACIONA­
M E N T O D E ALIANÇA so b a T o r Á . D a m e s m a fo rm a ,
D euteronôm io 18.15-22 é a passagem q u e m elhor apresenta
o q u e u m verdadeiro profeta d ev e ser. N o N T, a citação de
Jesu s do AT e m L u cas 10.27 é u m locus classicus p ara o
discipulado cristão: ‘“A m e o Senhor, o seu D eus, de todo o
seu coração, d e toda a sua alma, de todas as suas forças e de
todo o seu e n te n d im en to ’ e ‘am e o seu próxim o com o a si
m esm o’” . Rom anos 3.21-26 é um resum o clássico do e n te n ­
dim ento d e Paulo da justificação pela fé.
log km . N o estudo do NT, é um term o técnico q ue significa um a
declaração sucinta de Jesus (pl. logia). E com freqüência usado
para declarações reunidas de docum entos hipotéticos com o Q
q u e an tecedem os EVANGELHOS escritos. P a p ia s , um pai da
igreja prim itiva (c. 70-160 d.G.) é citado por EUSÉBIO com o o
q ue sustentava q u e “M ateus com pôs os logia (ta Ioga) na lín­
gua hebraica e cada u m interpretava segundo a capacidade”
(Eusébio, H istória eclesiástica 3.39.16).
L u cas— A to s. O bra de dois volum es de Lucas, o evangelho de
Lucas e o livro d e Atos.
L utero, M artinho (1483-1546). Reform ador do século XVI.
Lutero, q u e é reconhecido com o o iniciador da Reforma, le­
cionou a Bíblia na U niversidade d e W ittenberg por m uitos
anos. Seu estudo das Escrituras, a influência de AGOSTINHO
em sua teologia, e a observação do misticismo de seus dias
finalm ente levaram -no ao rom pim ento com a Igreja R om ana.
A teologia “reform ada” d e L u te ro centrava-se e m sola fid e
(som ente a fé), sola gratia (som ente a graça) e sola Scriptura
99 m a c a b e u s , re v o lta d o s

(som ente a Bíblia). É célebre no ram o d e estudos bíblicos


pela tradução da Bíblia para o alem ão (com pletada em 1534).
Publicou estudos bíblicos q u e incluíam exposições d e Sal­
mos, Romanos e Gálatas. Sua Preleções em G álatas é considera­
da especialm ente com o obra de teologia profunda.

ix x . (V. S e p t v a g in t a .)

M
M, tradição. M aterial de evangelho q u e é encontrado unica­
m en te no evangelho de M ateus. N a proposta de B. H. Streeter,
da hipótese das quatro fontes, M significa o conteúdo q u e é
exclusivo de M ateus, com o a genealogia e certos eventos q ue
envolvem o nascim ento de Jesus (M t 1 e 2) assim com o certas
parábolas (p. ex., 13.44-46; 20.1-16).
m acabeus, revolta dos. São os líderes e a revolta judaica, q u e
recebeu seu nom e, contra os selêucidas. E m 167 a.C., M a ­
tarias, o pai d e Judas M acabeu (aramaico “o martelo” ) liderou
um a revolta contra Antíoco IV Epifânio. Antíoco havia profa­
nado o tem plo pelos sacrifícios a deuses pagãos (o SACRILÉGIO
TERRÍVEL) e tinha decretado interdição contra diversas leis ju ­
daicas (guarda do sábado e circuncisão). Judas sucedeu a seu
pai, q ue m orreu no com eço da rebelião, e por volta d e 165
a.C. o tem plo foi recuperado e rededicado com um a celebra­
ção de oito dias (atual H annukah). O q ue começara como re­
belião para reobter liberdade religiosa finalm ente levou à luta
pela independência nacional, q ue foi atingida sob João Hircano,
o filho do irmão de Judas, Simão, em 135 a.C. A dinastia dos
m acabeus é tam b ém conhecida com o por ASMONEUS (o nom e
d e u m predecessor dos macabeus).
m a g ia 1(X)

m a g i a . T en tativ a d e invocação, controle e m anipulação dos


poderes sobrenaturais (bons ou m aus) para a ordem d e um a
pessoa por m eio do uso de certas fórm ulas ou execução de
rituais. Algumas vezes tam bém cham ada dc feitiçaria ou bru­
xaria, a m agia era prática com um por todo o m undo do antigo
O riente Próximo, M editerrâneo e greco-romano. O s israelitas
foram advertidos contra essas práticas (D t 18.10,11). O N T
identifica Simão, u m adivinho em LSamaria (At 8.9) assim com o
o utro s in d iv íd u o s q u e p ra tic av am a feitiçaria e m E fe so
(19.18,19).
m á g i c o . Q u em sc envolve com MA(;iA.

M agnifiait. C ântico d e Maria em louvor a D eus. O term o é deri­


vado do latim M a g n ific a i a n im a m ea D o m in u m (“A m inha alma
engrandece ao Senhor” ), frase d e abertura do cântico d e lou­
vor de M aria depois de, com Isabel, sua prima, terem com par­
tilhado da alegria sobre o nascim ento de Jesus (Lc 1.46). Es­
tudiosos têm observado que o HINO é m oldado da m esm a for­
m a q u e o cântico de Ana (IS m 2.1-10) e q u e a linguagem
segue o estilo àaSEPTUAGlNlA. (V tb. B e n e d i c i v s ; N u n c D i m i t t i s .)
M a i o r e s , P r o f e t a s . Isaías, Jerem ias e Ezequiel. A distinção entre
profetas m aiores e MENORES foi encontrada prim eiram en te
nas igrejas latinas e refere-se ao tam anho e não ao valor dos
livros. (V. M e n o r e s , P r o f e t a s .)
m a i ú s c u l o . (V. UNCIAL.)

m â n t i c a , s a b e d o r i a . Pipo de sabedoria sem elhante à divinização


que é associada às cortes reais e tem plos no m undo antigo. Os
hom ens sábios, ou conselheiros, trabalhavam com o princípio
q u e as coisas da terra e as do céu correspondem , e q u e é
possível aprender a interpretar os “sinais” (diversos fenôm e­
nos com o entranhas, corpos celestes e outros) para predizer
eventos ou tram ar um curso de ação. Apesar da Bíblia proibir
101 Marcos, Evangelho secreto de

a maioria dessas práticas (p. ex., astrologia), José e D aniel são


algumas vezes associados a esse tipo d e sabedoria em virtude
de interpretarem sonhos para o faraó e para o rei respectiva­
m en te.

M m ual de disáplina. (V R e g u l a m e n t o d a C o m u n i d a d e .)

m anm ata. Expressão aramaica m a r a n a ’ t a ’ transliterada para o


grego, q u e significa “Vem, Senhor nosso!” (IC o 16.22; D i d a -
QUê 10.6) ou possivelm ente “nosso Senhor veio” {m a ra n 'a ta ').
O c o n te x to cristão p rim itiv o d e uso d e sse te rm o p ro v a ­
velm ente teria sido a celebração da EUCARISTIA, na qual a p re­
se n ç a d o S e n h o r e ra in v ocad a. Jo ão u sa o te rm o esca -
tologicam ente quando term ina Apocalipse com a petição gre­
ga “Vem, Senhor Jesus” {erchou K yrie le so u , 22.20).

M a rc iã o (c. 100-165 d .C .). H erege, Marcião, líder da igreja


de Rom a, foi excluído da igreja por volta d e 144 d.C. pela
rejeição do AT, pela visão não convencional de D eu s e pelas
contradições q u e via entre o AT e o N T. Prefaciou sua edição
das Escrituras com um a série de A n tith eses [ANTÍTESES], q u e
ressaltavam a incom patibilidade da lei e o EVANGELHO e as
diferenças entre a natureza de D eu s no AT e no N T. Sua lista­
g em de dez cartas d e Paulo (na qual cham a Efésios de E p ís to ­
la a o s laodicenses) é a mais antiga lista conhecida na atualidade.

M arcos, Evangdho secreto de. E v a n g e l h o a p ó c r i f o . É um a for­


m a com binada do evangelho d e M arcos, conhecida apenas
por um a carta escrita supostam ente por C l e m e n t e d e A l e x a n ­
d r i a na qual cita duas passagens do evangelho (M orton Sm ith

é a p a re n te m en te o único estudioso a ter visto a cópia m a­


nuscrita da carta d e C lem ente, em 1958, em um m onastério
na Palestina). A maioria dos estudiosos crê q u e esta obra não
é nada mais q u e um a imitação do EVANGELHO CANÔNICO de
Marcos, com posto para sustentar certas iniciações esotéricas.
mashal 102

mashal. T erm o hebraico geralm ente traduzido por “provérbio”


mas q u e cobre u m a variedade de form as literárias desd e es­
cárnio até PARÁBOLA. H abacuque 2.6 exemplifica a diversida­
d e de uso: N ão levantarão, pois, todos estes contra ele um
provérbio, u m dito zom bador (m asal). (V. tb. PROVÉRBIO.)
M assorá. N otas marginais q ue foram transm itidas com o texto
tradicional da Bíblia hebraica. O term o hebraico masôrah sig­
nifica “tradição” , portanto, o term o p o d e ser usado para as
regras q u e governam a transmissão do texto. (V tb. MASSORETAS;
T f x w s RííCEPTUS. )

m assoretas. C opistas e estudiosos q u e preservaram o texto tra­


dicional da B í b l i a HEBRAICA (o term o hebraico significa “tra­
dicionalistas” ). E sses estudiosos foram responsáveis por trans­
mitir o texto consonantal, pela compilação das vogais e acen­
tos e anotar outras notas textuais q u e ajudam os leitores e
salvaguardam a integridade do texto. É difícil datar a obra dos
massoretas d e form a precisa, m as p rovavelm ente iniciaram
seu trabalho já no século VII d.C. O s massoretas mais famosos
foram os da família Ben Asher, q u e foram responsáveis pelo
mais antigo CÓDICE conhecido pelos estudiosos, o Códice do
Cairo, q u e co ntém os PROFETAS, datado d e 895 d.C. (V. tb.
MASSORÁ; TeX TU SR eC E P TU S.)

m aterialista, crítica. T am bém cham ada d e crítica política, é


abordagem q u e v ê o texto com o u m produto físico q u e foi
produzido e guardado por causa d e interesses e poder dos q u e
foram beneficiados por ele. O s textos vieram a existir em
certas épocas da história e em contextos socioeconômicos em
particular. A crítica materialista busca identificar os q u e mais
se beneficiaram d e um texto, com o os ricos e poderosos. A
interpretação m aterialista focaliza mais a origem h um ana do
texto bíblico e ten d e a relativizar a autoridade do texto. M es­
mo em textos com o o Decálogo, os críticos materialistas sus-
103 m e n s a g e ir o , fó rm u la d o

ten tam q u e o texto visa os direitos dos hom ens casados q u e


d etin h a m p ropriedades e eram respeitados o suficiente na
sociedade para dar testem u n h o falso e verdadeiro. A crítica
materialista está g eralm ente associada a teólogos da liberta­
ção, q u e procuram com binar a teologia com interesses socio-
políticos. Q uestões d e classe e GÊNERO são a linha d e frente
dos interesses dos críticos materialistas.
m á x i m a . (V. a f o r is m o ; p r o v é r b io .)

M gillôt. O s “Livros Festivais” da Bíblia H ebraica (R ute, C ântico


dos Cânticos, Eclesiastes, Lam entações, e Ester). (V tb. T a n a k .)
M em ep tá, E steia de. Esteia em com emoração à vitória q u e o
faraó egípcio M ern eptá (ou M eneptá, c. 1213-1203 a.C.) con­
quistou contra os “Povos do M ar” . E sta esteia, levantada no
tem plo do faraó em Tebas em 1209 a.C., fornece a mais anti­
ga referência não-bíblica sobre Israel: “Israel está depredada;
sua se m e n te não” . A esteia d e M e rn e p tá é im po rtan te na
determ inação da data do êxodo e da conquista, ainda q u e
apenas em sentido comparativo no tem p o da esteia, “Israel”
estava na terra d e Canaã. Isto não nos ajuda a descobrir q u an ­
do Israel deixou o Egito ou a rota tom ada, o q ue representa
um problem a peren e para os historiadores.
M enores, Profetas. O s doze livros proféticos (mais curtos em
extensão do q u e os PROFETAS M a i o r e s ) , q ue incluem Oséias,
Joel, Amós, O badias, Jonas, M iquéias, N au m , H ab acuque,
Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias. (V. LlVRO DOS D O ZE .)
m ensageiro, fórm ula do. T erm o usado pelos c r í t i c o s d a f o r ­
m a para classificar as palavras “Assim diz o Senhor” , q u e repe­
tid am en te ocorrem no discurso profético para introduzir os
oráculos proféticos. As palavras “assim diz” eram em geral
usadas pelos mensageiros no O riente Próximo para a com u­
nicação oral e foram adaptadas pelos profetas para indicar a
M e sa , E s te ia d e 104

autoridade e origem divina da m ensagem . Por exem plo, cada


oráculo d e Am ós contra as nações inicia com essa fórmula (1.3,
6,9,11,13; 2.1,4,6; v. N a 1.12; Ag 1.2).
M esa, E steia de. (V. tb . M o a b i t a , P e d r a . )
M esopotâm ia. Região “entre os rios” — do Eufrates até o oes­
te e do T igre até o leste. H istoricam ente, a região foi dividida
pelo im pério assírio do norte e o im pério babilónico do sul,
ainda q u e culturalm ente, os habitantes com partilhassem lín­
gua, panteões, leis e relatos similares. A região se tornou im ­
portante em g ran d e extensão em v irtu de do aluvião criado
pelos rios. O rico solo perm itia a agricultura, q u e requeria
organização social básica para criar um sistem a d e canais a
partir dos rios. U m a vez q u e os canais foram desenvolvidos,
um a vida m ais sed en tária p od eria florescer. N esse ponto,
surgiram ta m b é m registros escritos. (V. tb. AcA D E; F é r t i l ,
C r e s c e n te .)

m essiâ n ico , seg red o . T erm o a p a re n te m e n te c u n h ad o p or


William W rede com a publicação do livro {The m essianicsecret
in the Gospels) [O segredo messiânico nos evangelhos] (Alemanha,
1901). W rede acreditava q u e os tem as d e silêncio de Marcos
(v. 1.34, 44; 3.11,12; 5.43; 8.27-30) eram um a construção teo­
lógica com a in tenção d e resolver u m dilem a teológico da
igreja primitiva: se Jesus era o M essias todo o tem po, com o a
igreja afirmou posteriorm ente após a ressurreição, por q u e os
discípulos e seus seguidores não reconheceram isso ao longo
do seu ministério? P or m eio dessa argum entação, W rede e n ­
fraqueceu a visão dos q ue alegavam q u e o evangelho de M ar­
cos era o mais fidedigno historicam ente e poderia ser confiável
para a “reconstrução” da história d e Jesus. O termo, en tretan ­
to, tem sido usado tam bém pelos q u e acreditam q ue a fideli­
dade de Marcos refere-se à estratégia real de Jesus de ocultar
sua identidade.
105 midraxe

m e tá fo ra . N o uso geral, é um a comparação implícita, na qual as


características, qualidades ou ações d e algum a coisa são aplica­
das à outra (p. ex., falar d e D eus com o pastor). U m a análise
mais sofisticada da metáfora revela dois elem entos: o teor é o
sujeito ao qual a palavra m etafórica é aplicada; o veículo é a
própria palavra metafórica (p. ex., D eu s é o teor, e o pastor é
o veículo). U m a análise adicional indaga com o a metáfora atinge
seus propósitos, se é por substituição (com o forma decorativa
de dizer algo q u e poderia ser afirmado d e forma mais literal),
por m eio de efeito emotivo (sua im portância está em m enos no
q u e diz e m ais no im pacto q u e te m na audiência) ou por
m eio do incremento (com o veículo cognitivo singular q u e per­
m ite a um autor dizer algo q u e pode ser dito de outra forma).
Jan et Soskice argum enta em M etaphor a n d reli&ous langjiage
[.M etáfora e lingtiagem religiosa] (1985) q u e um realismo teoló­
gico cauteloso explica m elhor como a linguagem é usada q uan ­
do se fala sobre D eus. D essa forma, por exem plo, referir-se a
D eu s como pai, guerreiro ou com o im agem d e um a m ãe é,
de fato, dizer algo sobre a natureza d e D eus. C ontudo, quão
experim ental e inadequada a linguagem p od e ser para se di­
zer algo com preensível sobre D eus.

m e tá te s e . Transposição (“m udança d e lugar” ) de letras, pala­


vras ou frases d urante o processo d e cópia d e manuscritos à
mão. E m Marcos 14.65, por exem plo, elabon ( “tom ar” ) apare­
ce com o ebalon ( “lançar” ) em alguns manuscritos. (V tb. TEX­
TUAL, CRÍTICA.)

m idraxe. Form a específica de exposição bíblica judaica ou o GÊ­


NERO caracterizado por essa forma. O term o m idraxe é um a
forma do verbo hebraico darash , “buscar, investigar” . O ter­
m o recebe sobrecarga de significados. M ais basicam ente, se
refere aos antigos com entários judaicos sobre a Bíblia q u e
em pregam ABORDAGEM HOMILÉTICA à interpretação na qual
m ila g re , re la to d e 106

relatos e parábolas prevalecem sobre proposições. D essa for­


ma, m idraxe é u m m éto do d e in terp retação (antológico e
hom ilédco) d e textos q ue m antiveram u m papel de autorida­
d e dentro do judaísm o. Por exem plo, os TARGUNS, o T a LM U D E
e outras coleções d e interpretação das Escrituras q ue contêm
com entários de m idraxe (p. ex. PlRQÊ ’AVÔT) são textos com
autoridade dentro do judaísmo. T am b ém se encontram ele­
m entos de m idraxe dentro da Bíblia: Crônicas tom a relatos de
Josué— 2Rcis e os retrabalha em estilo “sermônico” definido
(v. EXEGESE INTRABÍBLICA), e M ateus compila diversas profe­
cias q ue revelam Jesus como o M essias a respeito de q u em
“M oisés, Davi e os Profetas” falaram.
m i l a g r e , r e l a t o d e . Relato que descreve a ocorrência de um mila­
gre de Jesus, de Paulo ou de outro personagem bíblico. O term o
tam bém é usado em sentido técnico para os relatos de análise
dos EVANGELHOS pela CRÍTICA DA FORNIA. (V tb. ARETOLOGIA.)
m im etism o. Interpretação da realidade em textos literários (do
gr. mimesis, “im itação” ). M im etism o tem a ver com u m estilo
particular no qual um incidente é relatado. Por exem plo, na
antigüidade clássica, um estilo nobre era usado apenas para
incidentes nobres (p. ex. tragédia era escrita em linguagem
estilizada). O realism o m oderno, ao contrário, d esenvolveu
variedades d e formas para retratar as faces m utáveis da vida
m oderna. A Bíblia com freqüência retrata a vida diária por
um a m istura d e estilos, mas ao contrário do realismo m oder­
no, em prega figuras ou TIPOLOGIA, na qual eventos e pessoas
através do te m p o e até m e sm o além do te m p o (céu) se
c o n ec ta m u m a s co m as o u tra s d e n tro do p la n o d iv in o .
M im etism o, portanto, refere-se a com o representar aco nte­
cim entos e m um texto.
m inúsculo. E m estudos textuais, o term o é atribuído a letras
minúsculas, cursivas ou corridas. E ste estilo de escrita foi usa­
107 m is t ic is m o merkavah

do extensivam ente por volta dos séculos IX e X d.C., substitu­


indo o antigo estilo UNCIAL.
m i s t é r i o . N o NT, algo qu e era previam ente escondido, mas q u e
tem sido revelado com o parte da ação salvífica de D eu s (do gr.
mysterion). A maioria das ocorrências neotestam entárias dessa
palavra está na coleção paulina, q ue com freqüência lida dire­
tam en te com a salvação dos gentios e o papel apostólico de
Paulo com o revelador deste mistério. Efésios 3.3, por e x em ­
plo, afirma: “isto é, o m istério q u e m e foi dado a conhecer por
revelação” , (v. R m 16.25; E f 3.9; Cl 1.26,27).
m i s t é r i o , r e l i g i õ e s d e . N o m e dado a diversas seitas religiosas de
origem antiga e de tendências e práticas sincréticas cjue pre­
valeceram do século VIII a.C. até o século IV d.C. O term o
mistério advém do fato destas seitas praticarem iniciações se­
cretas. Algumas das mais populares religiões de m istério d u ­
rante o período greco-romano incluíam os mistérios eulesinos,
dionisíacos e o mitráicos ( M i t r a ) e os de Isis e Osíris. E stud i­
osos têm debatido longam ente sua relação com a fé cristã, em
virtude de serem m uito populares d urante os primeiros sécu­
los d.C. e com partilharem práticas e vocabulários similares ao
cristianismo. (V. tb. HISTÓRIA DA RELIGIÃO, ESCOLA DA.)
m i s t i c i s m o m e rk a v a h . M isticismo judaico centralizado no “car-
ruagem -trono” (heb. merkaoa, “carruagem ” ) de Ezequiel 1 e
Isaías 6. Essas visões de E zeq uiel e Isaías, com o relato da
criação em G ênesis, formaram a base para a antiga especula­
ção sobre a ascensão aos céus e a “carruagem -trono” sobre a
qual D eu s se assenta. N a tradição judaica raram ente é encon­
trada qualquer indicação de q u e os místicos se tornam “u m ”
com D eus, m esm o q u e experim entem transformação extática
en quanto apreen d em esses mistérios divinos. Alguns v êem a
influ ên cia m ística do m erkavah nos com entários d e P aulo
concernentes a seu arrebatam ento ao “terceiro céu” (v. 2Co
m it o 108

12.2-4). O significado do misticismo merkauah é com freq ü ên ­


cia esten d id o para incluir q u alq u er especulação m ística no
cam po celestial.

m ito. Relato, geralm ente relativo às ações de seres sobrenatu­


rais, q u e serve para explicar por q u e o m u n d o é com o é e
estabelecer a base lógica das regras pelas quais as pessoas vi­
vem em determ inada sociedade. N o grego clássico, os m itos
eram sim plesm ente histórias ou tramas, sejam verdadeiras ou
falsas; no uso popular atual, os mitos são vistos com o o ideal e
geralm ente entendidos como falsos. M ito tem se tornado um
term o pro em in en te para os estudiosos, mas é usado em um a
diversidade de maneiras, de forma q u e se deve tom ar cuida­
do para e n te n d e r em q ue sentido está sendo em pregado (m i­
tos podem ser, entre outras coisas, arquétipos literários, faláci­
as am p lam ente arraigadas ou m esm o m undos realísticos ou
até imaginários). A extensão na qual pode se dizer q u e a Bí­
blia contém m itos d ep e n d e do sentido preciso atribuído ao
termo. Por exem plo, o relato dos “filhos de D eu s” casando
com as “filhas dos h om en s” (G n 6.1-4) é visto por alguns
como um a história fascinante de deuses casando-se com h u ­
manos, para outros com o u m relato da realidade pro fu nd a­
m ente estabelecida do mal no m u n d o e a capacidade h um ana
de participar desse mal, e ainda por outros, como alusão histó­
rica a antigos reis exercendo o direito da “prim eira n o ite ”
sobre as m ulheres q u e foram dadas em casamento. Brevard
CHILDS argum enta em favor da presença de “m itos falidos”
na Bíblia (M yth a n d rea/ity in the O ld Testament., 1960 [Miro e
realidade no Antigo Testamento]) afirmando q ue a realidade do
AT da atividade redentora de D eu s está em contradição com o
mito no sentido d e que, nos mitos, a realidade se encontra no
processo da natureza, e não na atividade d e um D e u s trans­
cendente. M ito p ode ser um term o depreciativo quan d o usa­
109 M ix n á

do por estudiosos, mas deve-se estar alerta ao sentido q u e um


estudioso em particular atribui ao termo.

M ito e Ritual, E sco la do. G m po de estudiosos caracterizados


por abordagem ao AT q ue busca explicar um texto com base
na religião com parativa, esp ecialm en te nos padrões fu n d a­
m entais q ue perm eiam as religiões do antigo O riente Próxi­
mo. Essa escola surgiu pelo interesse e escritos de antropólo­
gos britânicos, m as foi adotada especialm ente por estudiosos
escandinavos da escola de Uppsala, q u e levaram adiante as
teorias. E sta abordagem vê o CULTO com o central no e n te n d i­
m ento da maior parte do AT, argum entando q ue as práticas e
perspectivas do culto formam a base dos textos religiosos, mais
do q u e interesses doutrinários ou até m esm o éticos. D essa
forma, os rituais de culto asseguram o bem -estar do povo, e os
relatos (M ITOS) recitados d u ran te esses rituais revelavam o
ím peto original e geralm ente sazonal para o ritual. Por ex em ­
plo, Sigm und M OW INCKEL buscou explicar diversos salmos
com relação a festivais israelitas esp ecífico s (A no-N ovo;
ENTRONIZAÇÃO etc.) e não sim plesm ente com base em suas
formas literárias (v. FORMA, CRÍTICA DA). Estudiosos dessa esco­
la sustentam q u e é possível conseguir um retrato fiel das cren­
ças bíblicas nos ritos e festivais israelitas em relação ao seu
m eio cultural. (V. tb. HISTÓRIA DA RELIGIÃO, ESCOLA DA.)

M itra . Antigo d eus persa. O m itraísm o, a adoração d e M itra


(como o deus sol em sua forma romana), se espalhou rapida­
m en te por todo o Im pério R om ano durante o século I, talvez
em virtude de ter sido adotado por m uitos soldados romanos.

Mbrná. Coleção de m aterial legal judaico baseado nas discussões


e in terp re ta çõ e s das leis bíblicas p elo s rabinos. O term o
hebraico mishnah significa “estudo” ou “repetição”. A ntes de
ser transcrito no final do século II d.C., este material existia
M o a b ita , P e d ra 110

em FORMA ORAL. O s rabinos buscavam nele a aplicação das leis


bíblicas a u m novo am b ien te, m ais n o tav elm e n te em um
am biente e m q u e não havia mais tem plo e por conseguinte
sem sacrifícios. O M ixná é o centro d e outra tradição rabínica
fundam ental q u e está conservada no T a l m u d e .

M o a b ita , P e d r a . M onum ento em com emoração à cam panha


do rei m oabita M esa contra o rei israelita Onri (v. 2Rs 3). A
ESTELA foi d e sco b e rta em 1868 e é d atad a d e aproxim a­
d am ente 835 a.C. A inscrição está e m m oabita, língua idên ti­
ca ao hebraico bíblico do período. A Pedra M oabita fornece
aos estudiosos fonte de informação concernente à língua e à
história de Israel à parte do texto bíblico e m enciona o D eu s
de Israel, Y a h w e h .

m o n o l a t r i a . (V. HENOTEÍSMO.)

M o w in c k e l, S igm und (1884-1965). Estudioso escandinavo


do NT. M ow inckel é mais conhecido pela aplicação e extensão
do MÉTODO FORMAL-CRÍTICO de H erm an G üN K E L. E m seu
influente livro The Psalm s in IsraePs worship [Os Salm os na ado­
ração de Israel], M ow inckel refina a classificação das formas
literárias dos salmos e apresenta a h ipótese q u e os salmos q ue
falam do rein ad o de YAHWEH e ra m p a rte d e festivais d e
ENTRONIZAÇÃO celebrados a cada ano no culto do antigo Israel.
A obra de M ow inckel (e G u n k el) continua a influenciar o
atual estudo crítico dos salmos bíblicos, no qual a interpreta­
ção é buscada na forma literária (LAMENTO; HINO) e na vida
cultual d e Israel, e não nos eventos históricos encontrados em
muitos dos sobrescritos dos salmos.

M uratório, Cânon. C ó d i c e q u e co n tém um a lista de 22 livros


aceitos pelas igrejas no tem po e m q u e foi escrito. Foi nom ea­
do por L. A. M uratori, q ue o descobriu em 1740. Estudiosos
discordam se essa lista rem onta a 200 ou 400 d.C.
111 N ev t ’tm

N
N a g H am m ad i, B iblioteca de. Coleção d e docum entos de
papiros coptas encontrados próxim o a N ag H am m adi, cidade
do alto Egito. Essa im portante coleção d e 52 textos em doze
códices (existem fragm entos de um 13.° CÓDICE) foi desco­
berta cm um jarro em 1945-1946. Os textos estão datados do
século IV, mas são cópias de docu m en to s gregos mais antigos,
do segundo século e do início do terceiro. A maioria d eles é
GNÓSTICA em natureza e, como docum entos primários, escla­
recem significativam ente o m ovim ento religioso conhecido
por GNQSTICISMO.
narrativa, crítica da. Abordagem textual bíblica q ue salienta
os aspectos narrativos. A crítica da narrativa está interessada no
enredo e caracterização, não na confiabilidade histórica ou te ­
ológica de um a passagem . Por exem plo, L u c a s — A t o s é o
relato de Jesus e da igreja primitiva, e enquanto o relato tem
por verdadeiro q u e certos eventos aconteceram , o q ue é in te­
ressante desse tipo d e crítica é a seleção e o esboço desses
eventos. M esm o livros não-narrativos — os proféticos, por
exem plo — tê m subestrutura em narrativa: a subestrutura de
M iquéias é q u e o D eu s da ALIANÇA d e Israel agirá na história,
trazendo juízo m anifesto e finalm ente, libertando seu povo.
A crítica da narrativa vê a narrativa com o fundam ental na ex­
periência hum ana. (V. tb. AUTOR SUGERIDO; LEITOR SUGERIDO;
LITERÁRIA, CRÍTICA.)

N estíe, Eberhard (1851-1913). E rudito alemão q u e é mais


conhecido pelo texto crítico Greek New Testament, publicado a
primeira vez em 1898 e atualm ente e m sua 27.a edição.

N v i m i . Segunda parte do CÂNON hebraico, os Profetas A nterio­


res e Posteriores (heb. rfv fim “profetas” ). O s Profetas A nte­
N ic é ia , C o n c ílio d e 112

riores incluem Josué, Juizes, 1 e 2Samuel, 1 e 2Reis. Os Profe­


tas Posteriores incluem Isaías, Jerem ias, Kzcquicl e os D oze
(O séias, Jo e l, A m ós, O b a d ia s, Jo n a s, M iq u é ia s, N a u m ,
Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias). (V. tb. T a n a k .)

N icéia, C oncílio de. V. C o n c íl io d e N ic é ia .

N ico la u de L ira (1270-1349). Intérp rete m edieval da Bíblia.


E studou hebraico e se familiarizou com os comentários judai­
cos, particularm ente os de R a s h i ( e le podia citar interpreta­
ções judaicas contrárias às dos pais da igreja primitiva). Seu
interesse no sentido literal em vez do alegórico m uitas vezes o
fez receber altas considerações por alguns comentaristas atuais,
um a vez q u e levava em consideração o sentido “místico” de
um a passagem quando essa estava fundam entada no literal.
Seu comentário das Escrituras foi o primeiro a ser impresso.
noétiea, aliança. A l i a n ç a q u e D eu s fez com N o é (G n 9), N o
pensam ento judaico, um a vez q u e a aliança noétiea foi feita
com toda a criação e não exclusivam ente com os filhos d e
Israel, os gentios são responsáveis apenas em seguir as estip u ­
lações dessa aliança, e não da aliança mosaica. A aliança noétiea
é m uito simples, sem a com plexidade e sutileza das alianças
mosaica e davídica, já q ue testifica o com prom isso e relaciona­
m ento divino ao processo natural e d e governo da criação (o
arco-íris se tornou o “sinal” da aliança). (V. tb. JERUSALÉM,
Co n c íl io d e .)

nomma sacra. “N o m es sagrados”, em latim. N a cópia de antigos


manuscritos do N T , nom es e títulos sagrados, como D eus, Je ­
sus, Cristo e Filho, foram abreviados ou contraídos para eco­
nom izar espaço e tem p o (p. ex, D eus: qeoV = QS; Cristo:
CristoV = CS).

N oth , Martin (1902-1968). Estudioso alem ão do AT. N o th é


afamado pela teoria da H i s t ó r i a D e u t e r o n o m í s t i c a , na qual
113 O c id e n ta l, te x to

D euteronôm io não seria a seção conclusiva do PENTATEUCO,


mas vim prefácio à história d e Israel relatada em Josué, Juizes,
1 e 2S am u el e l e 2R eis. T a m b é m d e fe n d e u a teoria da
ANFICTIONIA do sistem a de doze tribos de Israel.

N )vim i TesUmentum. T ítu lo latino para o N r.


N um dim ittis. T ítu lo latino para a oração de Simeão. O título foi
tirado das duas primeiras palavras da tradução latina da oração
d e Sim eão na ocasião da dedicação d e Jesus no tem plo em
Lucas 2.29-32: N une dim ittis servum tuum Domine (“Agora, Se­
nhor, desp ed e em paz o teu servo” ). E debatido se isto reflete
a tradição com respeito às palavras d e Simeão ou se é adapta­
ção d e hino judaico antigo. (V. tb. B E N E D Ic r u S ; MAGNIFICAI.)
N u z i, textos de. Textos ACÁDIOS encontrados em N uzi, no norte
do Iraque. Esses textos (descobertos em 1925-1941) têm re­
presentado im portante papel no estudo comparativo do m u n ­
do do AT no segundo m ilênio a.G. O s textos de N uzi incluem
mais de quatro mil docum entos CUNEIFORMES q ue abrangem
questões legais, costum es sociais e MITOS. Algumas das práti­
cas assem elham -se a costum es q u e encontram os nas narrati­
vas PATRIARCAIS e códigos legais do PENTATEUCO, incluindo
práticas d e herança e casam ento. E sses textos, en tretanto,
devem ser usados com cautela para qualquer tentativa d e es­
tabelecim ento d e datas para os patriarcas, um a vez q u e as leis
e costum es q u e os textos apresentam eram parte do am bien­
te geral do antigo O riente Próxim o q u e se estenderam até o
prim eiro m ilênio em certo grau.

O cidental, texto. N a CRÍTICA TEXTUAL do N T, é o nom e dado


por Brooke F. W ESTC O TT e F en to n J. A. H O R T à família de
Oikoumene 114

manuscritos com características textuais similares q u e tinham


um a PROVENIÊNCIA ocidental (p. ex, alguns manuscritos greco-
latinos, Vetus L atina , e citações dos pais latinos). E conhecido
pelas modificações de outras tradições textuais, especialm en­
te as adições ao livro de Atos dos Apóstolos.
oikoumene. Palavra grega usada para o m undo, para terra habi­
tada e para o GÊNERO hum ano. D o term o derivou-se a palavra
ecumenismo — o desejo de reunir e unificar o m undo habita­
do, ou mais especificam ente, todos os q u e crêem cm Jesus
Cristo (Jo 17.21; IC o 12.12-20; E f 4.4-6).
ô m e g a . (V. a l fa e ô m eg a .)

oráculo de calam idade. Form a de discurso profético q ue an u n ­


cia um juízo im inente. Por exem plo, Amós adverte Israel “Ai
d e vocês q u e anseiam pelo dia do S e n h o r ! Será dia de trevas,
não de luz” (5.18).
oráculos contra as nações. M ensagens divinas transm itidas a
um profeta para m anifestar juízo contra um a nação estrangei­
ra. Por exem plo, o livro de Amós é iniciado com um a série de
juízos contra as nações ao redor d e Israel e Judá (Am 1.3— 2.3;
v. Is 13— 23 ; Jr 4 6 — 51). Esses oráculos encorajaram e confor­
taram Judá e testificaram a soberania d e D eu s “Q uanto a você,
não tem a, servo m eu , Jacó [...] E u o salvarei d e u m lugar
distante” . (Jr 4 6 .27 ). O bsen'e, entretanto, q ue Amós encerra
seus oráculos contra as nações com palavras estendidas e dirigidas
tanto contra Ju d á q uanto contra Israel (Am 2 .4-11). S en d o
assim, Judá e Israel eram mais culpados do q ue as outras na­
ções já q ue tinham sido libertos do E gito por D eus e recebido
a T o r á para guiá-los (Am 2.4,10).
oral, tradição. Relatos, poemas, ensinos, declarações e outros
q ue são passados adiante preferivelm ente d e form a oral em
vez d e forma escrita. N a Antigüidade, a oralidade era a ferra-
115 o ssá rio

m en ta p red o m in ante para dissem inar e preservar a cultura.


M esm o no período helenístico, quando os textos escritos cres­
ceram significativamente, a audição d e um texto era grande­
m en te valorizada (p. ex., Rm 10.17). O uso de recursos m n e ­
m ónicos (de m em ória), expressões retóricas e estruturas d e
repetição facilitou a transmissão dessas tradições e a preserva­
ção d e sua integridade, ainda q u e a liberdade tam b ém era
exercida para se adaptar e salientar elem entos. A tradição oral
tem um benefício q u e os textos escritos não possuem , um a
vez q u e o orador e a audiência p od em responder um ao outro
d iretam en te.
O rígen es (c. 185-254). Pai da igreja primitiva. Foi u m dos
primeiros e mais influentes m em bros da e s c o l a A l e x a n d r i n a .
N asceu no Egito e estudou sob os auspícios de C L E M E N T E DE
A l e x a n d r i a . O rígenes finalm ente estabeleceu um a escola em
Cesaréia, o nd e pregou e escreveu proficuam ente, ainda q ue
apenas fragm entos d e suas obras ten h am sobrevivido. C om o
estudioso bíblico, é afam ado pela obra d e CRÍTICA TEXTUAL,
na qual organizou diversas traduções da Escritura lado a lado
em colunas na obra conhecida com o a HÉXAPLA. C om o co­
m entarista e teólogo, sobressaiu-se na interpretação alegóri­
ca das E scritu ras. O livro 4 d e seu De principiis lida com
herm enêutica, explicando o uso literal, moral e alegórico das
Escrituras.
ossário. E squife entalhado em pedra calcária ou m adeira usado
para guardar os ossos (latim ossurarius) dos mortos. Alguns desses
esquifes receberam inscrições ou decorações, dessa forma pro­
v endo indícios de crenças sobre a m orte e a vida após a morte.
Os ossuários eram usados para um segundo sepultam ento após
a decom posição da carne do primeiro. E sse costum e prevale­
ceu d esd e a E ra do Ferro (o tem po de m onarquia em Israel)
até o período do NT.
ós tr acos 116

óstracos. Fragm entos de cerâmica reciclados para a inscrição d e


anotações, listas e até m esm o breves hinos ou máximas religi­
osas. Esses fragm entos estend em o en ten dim en to da antiga
PALEOGRAFIA, gram ática e sintaxe hebraica, e esclarece o tipo
d e sociedade na qual foram encontrados. For exem plo, os
docum entos d e L aquis são ostracas q u e fornecem aos estudi­
osos vislum bre da situação da língua e da cidade de L aquis
logo antes d e sua destruição por Nabucodonosor, em 586 a.C.
Oxirrinco, papiros de. Coleção d e m ilhares de antigos frag­
m entos de PAPIROS do AT e do N T , além de literatura APÓCRIFA
e PSEUDOEPÍGRAFA. Os papiros foram descobertos por A. S.
H u n t e B. I'. G renfell em O xirrinco (atual Benesa) no alto
Egito em 1897 e 1907. O s fragm entos datam do século II ao
VII d.C . e foram escritos em grego, latim , egípcio, copta,
hebraico e siríaco.

Paixão, N a rrativa da. Relato dos evangelhos dos eventos q u e


envolveram o sofrim ento e m orte (i.e., paixão) de Jesus. A
narrativa da Paixão inicia com a tram a judaica contra a vida de
Jesus d u ran te a F esta dos Pães Asm os e term ina com seu
sepultam ento (M t 26 e 27; M c 14 e 15, L c 22 e 23). M uitos
críticos da form a sugerem q ue as “narrativas da paixão” foram
os primeiros relatos da vida de Jesus.
paleografia. E stu d o da história e do desenvolvim ento da escri­
ta antiga. A paleografia é usada para decifrar e datar antigos
textos e é útil para a CRÍTICA TEXTUAL no estabelecim ento do
tem po e da origem dos textos.
palestino, judaísm o. Tipo de judaísmo localizado dentro das fron­
teiras da Palestina desenvolvido aproximadamente de 200 a.C.
117 p a ra d ig m a

a 200 d.C. E studos recentes sobre o judaísm o falam de juda-


ísmos em vez d e u m judaísm o e têm descoberto q u e os ju ­
deus na Palestina não estavam isolados das idéias helenísticas.
(V. tb. JUDEUS, CRISTÃOS.)
palestinos, cristãos. (V JUDEUS, c r is t ã o s .)

panteísm o. C rença de q ue D eu s e a criação são essencialm ente


idênticos. A Bíblia retrata D eus com o Criador, e dessa forma
nega explicitam ente o panteísm o, já q u e D eu s está separado
da criação (G n 1).
Papias. Pai da igreja primitiva (c. 70-160 d.C.), bispo de H ierá-
polis, na Frigia. E lem brado por afirmar q u e Marcos era “intér­
p rete” (henneneutes) d e Pedro e q u e M ateus com pôs “os logia"
na língua hebraica. (V. LOGION.)
papiro. Palm eira aquática alta q u e cresce no delta do N ilo no
Egito e era usada com o material de escrita de m esm o nom e.
O papiro foi a principal superfície d e escrita ao longo de todo
o m u nd o m editerrâneo do século IV a.C. até o século vil d.C.
O s prim eiros m anuscritos gregos do N T foram escritos em
papiro. A palavra papel deriva do grego papyros e do latim
papyrus.
parábola. Form a literária com um encontrada no AT (heb. m ashal)
e no N T (gr. p a r abole). Parábolas são relatos curtos e sim ples
com o fim de com unicar um a verdade espiritual ou um a lição
moral pelo uso de exem plos ou com parações da vida diária,
com o nas parábolas de Jesus nos EVANGELHOS. N o AT, m ashal
tam bém abrange am pla variedade d e significados, com o pro­
vérbios, enigmas, ALEGORIAS e símiles. (V tb. PROVÉRBIOS.)
paradigm a. E m estudos bíblicos, o term o refere-se tanto a nar­
rativas m odelo quanto a narrativas breves. Abraão, por e x em ­
plo, é retratado com o u m m odelo (paradigma) de fé, já q u e
seguiu o cham ado d e D eus sem questionar ou hesitar (v. G n
parádosis t j8

12; 22). Km estudos dos EVANGELHOS, o term o refere-se a


breves relatos contados por Jesus para afirmar um princípio
ou m odelo de ação. Estudiosos também utilizam a frase “m u ­
dança de paradigma” para indicar uma troca de m odelos dc
perspectivas. Por exemplo, uma mudança d e paradigm a tem
ocorrido nos estudos bíblicos de formas mais antigas de CRÍTI­
CA LI 1 k r á r i a (p. cx., CRÍTICA DA f o n t e ) para formas mais no­
vas (p. ex., ( -RÍIICA DA NARRATIVA ou até mesmo CRÍTICA FEMI­
NISTA). (V. tb. APOTEGMA; PRONUNCIAMENTO, RELATO DE.)

parádosis. ( .ostumes ou crenças que são transmitidas (gr.paradosis,


tradição ), como a “tradição dos anciãos” a q u e os evange­
lhos se referem (M t 15.2,3; M c 7.5,13) ou a “tradição h um a­
na” q u e Paulo contrasta com a revelação de Cristo (Cl 2.8).
Paulo valorizava as tradições cristãs que recebeu (paralam bano)
de seus antigos predecessores cristãos e depois “en trego u ”
(paradidom i) às suas congregações (ICo 11.23-25; 15.3,4).
p a ra lelism o . Característica de versos paralelos na poesia hebraica.
O paralelismo tem o efeito de dizer “o mesmo de outra [for­
ma] ((... S. I >ewis) por meio de pensamento ou im agem no
verso inicial ser explicado no(s) verso(s) subseqüente(s). N o
sé cu lo XVIII, R o b e rt L o w th iden tificou trê s form as d e
paralelismo: sinônimo, em que o segundo verso reproduz o
primeiro; antitético, em que o segundo verso está em con­
traste com o primeiro; e sintético, em que o segundo verso
amplia o pensam ento do primeiro. A püesia hebraica é iluso­
riam ente d e tradução fácil em virtude do caráter paralelístico,
já q ue as várias formas de equacionar um verso ao outro po­
d em funcionar no nível sonoro, da forma e até m esm o da
estrutura gramatical. Estudos recentes têm salientado m ais a
sutileza da comparação estabelecida entre os versos e a neces­
sidade de considerar todos os aspectos lingüísticos, do q u e
apenas o co n teú d o q ue está em paralelo. Por exem plo, Jó
119 pa rê ne s e

5.14 apresenta: “As trevas vêm sobre eles em pleno dia; ao


meio-dia, eles tateiam como se fosse noite” . “D ia” e “noite”
são um par de palavras de contraste com um , e aqui ocupam a
m esm a posição no hebraico (prim eiro e não por último, como
apresentado). C ontudo, os outros pares d e palavras “dia” e
“m eio-dia” , “trevas” e “noite” — ocupam posições opostas,
m as têm significado similar (os verbos, d e fato, ocupam a po­
sição central em cada verso, e cada verso é com posto d e ape­
nas três palavras hebraicas). O poem a inicia com “dia” e ter­
m ina com “m eio-dia”, mas entre eles estão as “trevas” e “noi­
te ” . D essa forma, o poem a foi construído de forma com pacta
e artística ao redor d e im agens similares e de contraste q u e
estão em paralelo um a com as outras.
parataxe. Sentenças ou frases unidas sem relacionamentos d e
subordinação. Parataxe é um a construção característica da nar­
rativa hebraica, na qual as ações estão ligadas com u m sim ples
“e” (heb. waw). Por exem plo, Jonas 1.3 literalm ente apresen­
ta: “E Jonas se dispôs [...] e tendo descido [...] e achou [...] e
pagou f...] e em barcou” . A m esm a construção pode ser obser­
vada no evangelho d e Marcos, q u e em prega um a parataxe
com ka i (p. ex. M c 14.37). Parataxe tam b ém é usada para
d escrever o estilo narrativo q u e M arcos em prega, no qual
PERÍCOPES são justapostas lado a lado sem conexão im ediata
aparente, ainda q u e um a leitura cuidadosa as possa discernir.
parênese. T erm o técnico q ue se refere aos vários tipos de exor­
tações ou adm oestações. N o estu d o do N T, o term o geral­
m en te se aplica às exortações morais e éticas dadas aos cren­
tes. E m diversas ocorrências, Paulo sim plesm ente refere-se a
instruções ou ensinos transm itidos sem n en h u m a indicação
d e seu co nteúd o (IC o 11.2; F p 4.9; Cl 2.6,7; 1 Ts 4.2; 2Ts
2.15; 3.6). M as e m outros lugares, ex istem longas seções
PARENÉTICAS d e acordo com as necessidades da congregação.
p a r e n te re m id o r 120

N o estu d o do AT é usada para a abordagem serm ôniea d e


Crônicas e os oráculos dos profetas.
parente remidor. (V. LEVIRATO, CASAMENTO l )E.)
pergaminho. T am b ém cham ado d e velino; couro de caprinos,
carneiros ou outros anim ais esp ecialm en te preparados para
uso com o superfície de escrita. O s pergam inhos foram usados
já no século II a.C. O s mais com pletos manuscritos do N T q u e
sobreviveram foram escritos em pergam inho.
parúsia. Transliteração do grego parousia , q u e significa “vinda,
chegada” e refere-se caracteristicam ente à segunda vinda e a
presença (pareim i) de Cristo e o fim dos tem pos (IC o 16.22;
Ap 22.7, 12, 20). (V. tb. E9CATOLOGIA.)
Pastorais, Epístolas. Term o coletivo para 1 e 2T im óteo e Tito.
Já q u e no século XVIII estas cartas foram cham adas Epístolas
(ou Cartas) Pastorais em virtude da natureza pastoral dos con­
selhos dados a T im ó teo e Tito, am bos líderes de igrejas pau-
linas q u e lidavam com questões com o liderança, ordem na
igreja, falsos ensinam entos e a conduta moral dos crentes.
patriarcal, história. Relatos de G ênesis 12— 50 q u e narram a
vida dos patriarcas e matriarcas d e Israel. Esses relatos poderi­
am ser m elhor nom eados como “narrativas” mais do q u e com o
“histórias” , já q u e m uitos dos eventos envolvem experiências
pessoais com D e u s e vida familiar, em vez d e eventos “políti­
cos” q u e estariam relatados nos anais dos povos ao redor.
patrística, era. T e m p o dos pais da igreja, aproxim adam ente de
C lem ente d e R om a até B e d a (c . 100-750 d.C.). O s escritos
desses teólogos têm sido considerados por m uito tem po com o
autoridade p ela igreja. Foi so m e n te na Reform a, especial­
m ente com o surgim ento dos estudos críticos no século XVIII,
q ue esses escritos foram seriam ente desafiados. A interpreta­
ção patrística é caracterizada por v er a Escritura com o um a
121 pax romana

pessoa, com um corpo e um a alma. O “corpo” são as palavras


do próprio texto, o sentido literal (SENSUS UTERALJS) e a “alm a”
são o “sentido espiritual” das palavras, o sentido moral e m ís­
tico (SENSUS PLENIOR).
P aulina, Escola. G m p o hipotético d e associados e seguidores
d e Paulo. O s proponentes da hipótese DEUTEROPAUUNA su­
gerem q u e durante a vida de Paulo — e até m esm o depois de
sua morte — alguns de seus colaboradores mais próximos (p. e x
Lucas, T im ó teo , T íquico, O nésim o) poderiam ter form ado
algum tipo de escola teológica na qual a teologia e o legado d e
Paulo seriam discutidos em grande extensão. Efeso é geral­
m en te o local proposto com o sua mais provável localização,
em virtude de Paulo ter passado três anos ensinando ali (At
19.8-10; 20.31) e por ser a cidade o nd e T im óteo estava traba­
lhando quando 1 e 2T im óteo foram escritas,
p aulin as, h o m o lo g o u m en a . C artas d e Paulo reconhecidas
u niform em ente por Escritura nos primeiros séculos da igreja.
Homologoumena é um a forma da palavra grega homologeo, “con­
fessar, professar” . E usébio usou o term o HOMOLOGOUMENA para
todos os livros do N T q u e considerava reconhecidos com o E s­
critura pela igreja em seus dias. O term o algumas vezes apare­
ce em discussões do CÂNON do NT.
paulinism o. E xpressão ou formulação teológica característica
do apóstolo Paulo,
paulinista. Pessoa q u e deu continuidade ao legado de Paulo.
O s livros considerados DEUTEROPAULINOS são com freqüência
atribuídos a u m paulinista, alguém familiarizado com a teolo­
gia e os escritos paulinos (PAULINISMO) e dessa forma continu­
ariam a herança paulina. (V. PAULINA, E s c o l a .)
p a x rom ana. L iteralm ente “paz rom ana” . A p a x romana descre­
v e a condição política d e paz no Im pério R om ano d esd e o
tem p o d e C ésar Augusto até m eados do século II d.C.
P e ntate uco 122

P entateuco. Prim eiros cinco livros da Bíblia: Gênesis, Êxodo,


Levítico, N ú m eros e D euteronôm io. (V. tb. T o r á e T á N A K .)
perícope. T erm o técnico para um a seção ou unidade literária
curta q u e m an té m a integridade m esm o quando “retirada”
ou “separada” (gr. perikoptó) de um a narrativa mais extensa.
Com freqüência, a perícope é o foco d e EXEGESE. E m alguns
casos, refere-se às unidades básicas dos EVANGELHOS q u e rela­
cionam um a declaração ou ação d e Jesus e ela provavelm ente
circulou separadam ente na igreja prim itiva antes dos evange­
listas incorporarem -nas às narrativas maiores.
pesha t. Term o hebraico para o significado “m anifesto” de um a
p assa g e m . P eshat c o n tra s ta co m D E R A SH , o sig n ific a d o
homilético. Peshat e derash correspondem aproxim adam ente
ao sentido literal e espiritual da E scritura na interpretação
cristã. O peshat foi desenvolvido especialm ente pelo grande
com entarista ju d e u da época m edieval R a s h i , q u e tam bém
influenciou su b seq ü e n te m en te a interpretação cristã da Bí­
blia. Peshat e derash, m esm o sendo d iferentes em sentido e
conteúdo, foram com freqüência em pregados lado a lado e
não d evem ser considerados opostos, m as com diferentes pro­
pósitos na tarefa da interpretação. (V. tb. SEN SU SU TERAU S; SEN -
SUS PLENIOR.)

pesher. D a palavra hebraica q ue significa “interpretação”, é um


estilo d e com entário encontrado especialm ente nos ROLOS IX)
MAR M ORTO, nos quais um versículo das Escrituras é interpre­
tado com referência à própria época e situação do intérprete,
q ue geralm ente são vistas como os últim os dias. Por exem plo,
o com entário d e H abacuque 1.4 encontrado em QuM RA N sa­
lientava o ím p io Sacerdote e o M estre da Justiça, duas proe­
m in e n te s figuras na c o m u n id ad e. T a m b é m en co n tram o s
exem plos d e pesher no N T. Por exem plo, em Atos 2.16-20
Pedro diz q u e o q u e estava acontecendo com o m ilagre do
123 p la to n is m o

“falar em línguas” foi o q u e Joel tinha dito séculos antes (J1


2.28-32; V. tb. At 4.11 = SI 118.22; E f 5.31 = G n 2.24).
Peshita. T radução siríaca da Bíblia (literalm ente, “versão sim ­
ples” ). A Peshita foi fortem ente influenciada pela SEPTUAGINTA
e pelo T a rC U N S . A data da Peshita poderia ser já do século II
d.C., m esm o q u e pareça provável q u e a tradução ten h a se
estendido por u m período de tem p o e foi realizada por vários
tradutores. C ontudo, as influências da Septuagm ta e dos Targuns
com plicam o estab elecim en to d e u m a data. D iscordâncias
com o se os tradutores eram cristãos ou ju d e u s continuam .
U m a vez q u e o texto reflete u m hebraico original m uito pró­
xim o ao T e x t o M ASSO RÉTICO , a Peshita contribui em grande
proporção tanto e m com o um a passagem era entendida pela
com unidade, q uan to para o conhecim ento a respeito da trans­
missão textual da Bíblia. (V. tb. TEXTUAL, CRÍTICA.)
P irqêauôt. Coleção d e máximas da M lX N Á q u e salientam a inteli­
gência e sabedoria dos sábios (o term o hebraico significa “di­
tos/ ética dos pais” ). T am b ém apresenta um a cadeia de auto­
ridade de M oisés até os profetas, e dos profetas até os hom ens
da G r a n d e S i n a g o g a . O livro era um a leitura popular no
sábado e é usado pelos ju d eu s atu alm en te para a instrução
geral. U m a declaração famosa de Hillel, um rabino do século
I: “ S e eu não for por m im m esm o, q u e m será por m im ? E
q u a n d o eu sou por m im m esm o, o q u e sou eu? E se não
agora, quando?” .
p laton ism o. S istem a filosófico baseado na obra do filósofo
ateniense Platão. O m ovim ento filosófico cham ado platonism o
iniciou-se d e fato com a Academia q u e Platão estabeleceu em
387 a.C. e com os pupilos q u e o sucederam após sua m orte
e m 347 a.C . A p esa r do p lato n ism o in clu ir d o u trin a s d e
metafísica, lógica e ética, sua influência ao pensam ento oci­
dental inclui tam b ém o conceito de “formas” e imortalidade.
plerona 124

Platão ensinou q u e qualquer coisa criada é cópia im perfeita


de um a form a eterna e transcendente, a mais elevada forma
“do B em ” . A penas após a libertação da alm a do corpo na m orte
será possível contem plar a verdade em sua forma mais pura.

plerom a. T erm o grego traduzido por “p le n itu d e ” ou “p erfei­


ção” . E usado no N T para referir-se à plen itu de dos tem pos, o
tem po certo (G1 4.4, E f 1.10), a “com pleta inclusão” dos ju­
deus (R m 11.12) e gentios (R m 11.25), a totalidade do ser de
“D eu s” e d e “C risto” (E f 3.19; 4.13; Cl 1.19; 2.9), assim com o
a igreja (E f 1.23). Alguns estudiosos acreditam q u e este era
um term o técnico do cristianismo GNÓSHCO.

Plínio, o J o v em (c. 61/62-113 d.C .). A dm inistrador da pro­


víncia rom ana da Bitínia d u ra n te o governo do im p erad o r
rom ano T rajano (98-117 d.C .). S u a c o rresp o n d ên cia com
Trajano é relevante para os estudos do N T em virtude da des­
crição de crentes em sua área com o u m tipo de seita supersti­
ciosa q ue se encontrava regularm ente para adoração (E p. 10.96).

preâm bulo. A bertura de um a carta, q u e inclui o nom e do re­


m eten te e do destinatário assim com o um a saudação. M uitas
das cartas p a u lin a s in iciam d e ss a form a, p o r e x e m p lo ,
Colossenses 1.1,2: “Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, pela vonta­
de d e D eus, e o irmão Tim óteo, aos santos e fiéis irmãos em
Cristo q u e estão em Colossos: A vocês, graça e paz da parte de
D eus nosso Pai e do Senhor Jeus C risto” .

preexistência. N a cristologia do N T , é a idéia d e q u e C risto


tinha existência divina antes de sua encarnação. E m algumas
tradições judaicas, encontram os a crença q u e a sabedoria divi­
na estava ativa antes da criação (Jó 28.20-27; Pv 8.22-31). N a
filosofia PLATONICA grega, encontram os a idéia de q ue a alm a
existia antes d e sua habitação corporal. N o s estudos do N T e
na teologia, a preexistência geralm ente refere-se à crença q u e
125 p ro s é lito

o Filho de D eus, a segunda pessoa da Trindade, existia eter­


nam ente nos céus com D eus Pai antes da encarnação como
Jesus de Nazaré. M esm o q u e a palavra preexistência não ocor­
ra no NT, o conceito é deduzido d e diversos textos (Jo 1.1,14;
3.13; 6.38, 62; 10.30; IC o 8.6; F p 2.6; Cl 1.15; H b 1.1,2).

primeva, história. Relatos apresentados em Gênesis 1— 11 q ue


narram as origens e a história inicial da hum anidade — criação,
N oé e a tone de Babel — levando aos relatos dos PATRIARCAS.

P rofetas A nteriores. (V. M vTím .)


Profetas, A nteriores e Posteriores. A segunda seção do CÂNON
hebraico, N v T im . (V. tb. T a n a k .)

P rofetas Posteriores. (V. N v f n n .)


Prom etida, Terra. A terra d e C a n a ã . U sada especialm ente no
pensam ento judaico para salientar a ligação das promessas di­
vinas aos patriarcas (v. G n 12.1).

pronunciam ento, relato de. N a CRÍTICA DA FORMA dos EVAN­


GELHOS, é o n om e dado por V incent Taylor aos breves relatos
ou narrativas contadas por Jesus com o objetivo de fazer “pro­
nunciam ento” de algum tipo. U m bom exem plo é a questão
a respeito do pagam ento de tributos a C ésar (M c 12.13-17),
em q u e o relato em oldura o pronunciam ento: “D êem a C ésar
o q u e é de César, e a D eus o q u e é d e D e u s” (12.17).

prosélito. Pessoa q u e se tom a convertido a outra doutrina reli­


giosa e m em bro dessa com unidade. M uitas leis do AT reco­
nhecem os direitos e privilégios dos “forasteiros” ou “estran­
geiros residentes” dentro do judaísm o, m esm o q ue não esteja
claro se esses grupos eram considerados judeus “com pletos”
ou “plenos” . M ateriais RABÍNICOS posteriores (MlXNÁ) descre­
vem u m processo d e conversão q u e requ er o estudo da lei,
circuncisão para os hom ens, batism o por imersão e o sacrifício.
proto-evangelho 126

Existem diversas referências a prosélitos (proselytos) no N T (v.


At 2.11; 6.5; 13.43). O s prosélitos devem ser diferenciados dos
então cham ados gentios tem en tes a D eu s (theosebes) q u e eram
a tra íd o s ao ju d a ís m o (p r o v a v e lm e n te e m v ir tu d e d o
m onoteísm o e altos padrões éticos) m as q u e não se tornaram
adeptos da totalidade da fé e vida judaica (v. “adoradores de
D eu s”, At 16.14; 18.7). Judeus e pagãos convertidos ao cristi­
anism o deveriam crer em Jesus C risto e ser batizados “em
nom e de Jesus C risto” (At 2.38).

p m to -e v a n g d h o . A prim eira, ou m ais antiga, declaração do i í v a n -


G E L H O (gr .pm tos, “prim eiro” )e m G ênesis3.15, em q u e D e u s
rep reen d e a se rp e n te por m eio da predição de q u e o d e s­
ce n d e n te d e E va iria esm agar a descen d ên cia do mal. D e s­
de o século II esse versículo te m sido visto tradicionalm ente
com o o prim eiro vislum bre do evangelho d e q u e o propósi­
to de D e u s na criação seria cu m prid o apesar da q u e d a da
h u m an id ad e.
proto-Lucas. N a HIPÓTESE DAS QUATRO FONTES proposta por
B. H. Streeter, proto-Lucas é um d ocum ento hipotético q ue
Streeter acreditava ter sido com posto do material Q e L ape­
nas, e q ue existia antes da versão corrente do Evangelho de
Lucas.
proto-M ateus. Versão hipotética d e M ateu s q u e alguns estu ­
diosos pensam ter existido antes do evangelho CANÔNICO de
M ateus. N ão é, necessariam ente, o suposto original aramaico
q ue está por trás d e nossa versão grega.
proveniência. L u gar de origem d e u m docum ento. Por ex em ­
plo, alguns estudiosos alegam a procedência palestina ou síria
do quarto EVANGELHO; outros optam pela Ásia M enor.
provérbio. D ito popular breve, q u e resu m e u m dito d e sabe­
doria sobre algum a experiência h um an a com um : “U m centa­
127 p s e u d ôn im o

vo econom izado é u m centavo g anho” . O s provérbios com


freqüência parecem ser lugar com um ou m esm o enfadonhos,
mas ao com eçar a considerá-los “p equ en o s poem as” e imagi­
nar o “relato” q u e está sendo retratado no provérbio, p odem
se tornar poderosos e esclarecedores. O s provérbios bíblicos
— algumas vezes cham ados de epigram as ou AFORISMOS, já
q u e são com freqüência refinados e diretos (espirituosos ou
satíricos) — são planejados com o instruções para a “arte de
viver b e m ” e convidam o leitor a olhar o m u nd o por um a
perspectiva d e fé distinta: o “tem or do S e n h o r ” . Por ex em ­
plo, Provérbios 26.9 apresenta: “C om o ram o de espinhos nas
mãos do bêbado, assim é o provérbio na boca do insensato” .
O q u e está sendo ilustrado é um fanfarrão bêbado com u m
arbusto espinhoso com o espada — assim é a palavra sábia nas
mãos do tolo! O s provérbios exigem tanto habilidade quanto
discernim ento para descobrir a arte d e viver bem (v. Pv 1.2-7
e 1— 9 de forma geral). N o N T , observe M ateus 6.21 (“por­
q u e o nd e está o seu tesouro, aí estará tam b ém o seu coração” )
e 26.52 ( “Pois todos os q u e em p u n h am a espada, pela espada
morrerão” ). (V. tb. AíASHAL; PARALELISMO.)
pseudepígrafos. C oleção de antigos escritos judaicos e helenísti-
cos q u e foram transcritos durante o período intertestam entário
mas q u e não fazem parte do AT canônico ou dos APÓCRIFOS (v.
Jam es C harlesw orth, org., The Old Testament Pseudoepigrapha
[Pseudepígrafe do Antigo Testamento], 2 vols.). Essa coleção in­
clui vários tipos d e literatura, algum as atribuídas a persona­
gens bíblicos, com o Enoque, Esdras, Baruque, Elias, Abraão,
Isaque e Jacó, m as q u e na realidade são pseudônim os.
p seu d ôn im o. A legação falsa (gr. pseudos) d e autoria d e um a
obra literária, e na literatura judaica geralm ente é u m grande
personagem do passado distante. A Sabedoria d e Salom ão
passa por com o ten d o sido escrito por Salomão, mas evidênci­
Q, fo n te 128

as sugerem q u e foi um ju d eu q u e falava grego q u e escreveu


m uitos séculos após Salomão. O s diversos livros de E n o q u e
alegam ter sido escritos pelo antigo e enigm ático personagem
d e m esm o n om e (G n 5.21-24). A prática de escrever pseudoni-
m am en te era co m u m na A ntigüidade, e m uitos estudiosos
argum entam q u e certos livros do N T (p. ex. Efésios) são p seu ­
dônimos. (V. tb. DEUTEROPAULINOS.)

O, f o n t e , d ocum ento hipotético q u e consiste em um a coleção


d e declarações d e Jesus. Q é um a abreviatura do alemão Quelle,
“fo n te ” . N a H IPÓ TESE DAS DUAS F O N T E S d o PROBLEMA
SINÓPTICO, Q responde pelas declarações d e Jesus q u e são co­
m uns a M ateu s e Lucas, mas q u e não são encontradas em
Marcos (aproxim adam ente 230 versículos). N ão existe acordo
geral entre os estudiosos sobre a origem, data e PROVENIÊNCIA
ou perspectiva teológica d e Q.
q d w a h tm e r. Regra d e interpretação RABÍNICA q ue afirma q u e o
que é verdadeiro em um caso d e m en or im portância é ainda
mais verdadeiro e m um caso de m aior im portância. E sta é
um a formulação rabínica do ditado latino a m inori a d m aius
“do m enor para o maior” .
ifin a lu T erm o hebraico para lam en to usado para m étricas 3:2
encontradas algum as vezes nos lam entos bíblicos. N esses la­
m entos o prim eiro dos versos paralelos (v. PARALELISMO) é mais
longo, com três tônicas, enquanto o segundo verso tem ap e­
nas duas. E ste padrão dá ao verso u m se n tim e n to d e ser
arritmado. E xiste u m problem a na identificação desse padrão
m étrico: ta m b é m encontram os lam en to s q ue, na v erdade,
têm um padrão 3:3 e m vez do mais com um 3:2. M uitos estu­
129 q u ia s m o

diosos questionam a existência de m étrica na poesia hebraica


em virtude dos m uitos problem as e divergências de identifi­
cação métrica.
Q uhdet. T e rm o hebraico q u e significa “preg ad o r” (ta m b é m
grafado Koheleth) e é o nom e hebraico para o livro d e Ecle-
siastes.
Q uarta Filosofia. N o m e atribuído por Josefo à “seita da filo­
sofia judaica” . Josefo, no contexto de descrição das três seitas
judaicas proem inentes — fariseus, saduceus e essênios — fala
d e um a “quarta filosofia” q u e se originou com Judas Galileu
(Antigüidades dos judaicas 18.1.6, §§23-25). Alguns estudiosos
consideram q u e ele usa Q uarta Filosofia para se referir aos
zelotes. O utros sugerem q ue provavelm ente se refere ao gm -
po dos fariseus q u e defendiam a resistência à opressão e con­
trole estrangeiro por m eio da obediência à Türá em vez da
revolta armada.
quiasm o. D erivado da letra grega chi (que é transcrita de forma
parecida com o X), é o artifício retórico no qual os versos para­
lelos d e um texto estão dispostos e m padrão de X, com o A-B-
C-B’- a ’ (nesse caso o centro do quiasm o é C, e em cada p arte o
verso A corresponde ao verso a ’ e assim por diante). Por ex em ­
plo, u m padrão “quiástico” (sem o elem ento C) pode ser ob­
servado em Marcos 2.27 e dem onstrado da seguinte forma:
A: o s á b a d o fo i fe ito

B: p a ra o h o m e m

B’: e n ã o o h o m e m

a ’: p a ra o s á b a d o

O padrão pode ser tão simples com o n este versículo, ou mais


elaborado com o em u m poem a, parábola ou livro inteiros. Ao
u sar e sse artifício, o au to r p o d e m o strar p ro g r e s s ã o d e
Qu m r a n 130

p ensam ento e intensificação de significado. Q uiasm o é um a


forma de “disposição” de palavras e tem as.
Q u m r a n . Local ao norte da costa do m ar M orto cujas ruínas
estão associadas aos rolos descobertos em 1947 por pastores
em busca d e suas ovelhas. A antiga com unidade q u e viveu
em Q um ran produziu m uitos dos ROLOS DO MAR MORTO. (V.
tb. ESSÊNIOS.)

R
rabínico, judaísm o. Sábios judaicos (“rabino” = “m estre” ) re­
presentados na M lX N Á , T a l m u d e e tradições de MIDRAXE q u e
foram coletadas e transcritas nos prim eiros séculos da era cris­
tã, assim com o as crenças e práticas q u e foram definidas por
esses escritos. As origens desses rabinos p odem datar do p erí­
odo persa (séc. V a.C.) com o surgim ento dos escribas, m as sua
condição d e autoridade não em ergiu até a destruição de Jeru ­
salém no século I d.C. e a radical reorientação da vida judaica
que se seguiu após as ausências da adoração no tem plo e da
hierarquia política e sacerdotal.
Rad, Gerhard v o n (1901-1971). Estudioso alemão do N T . A
habilidade de Von R ad em com binar a pesquisa acadêmica, fé
vibrante e bela oratória fizeram dele um dos mais am plam en­
te lidos e respeitados teólogos do AT do século XX. E afam ado
pelo com entário d e G ênesis e pela obra d e dois volum es (O ld
Testament theology)[Teologa do Antigo Testamento], na qual sali­
enta a vitalidade das diferentes tradições para serem ouvidas e
postas em práticas como palavra d e Y a h w e h para cada nova
geração. D iferen tem en te de W alter ElCH RO D T, Von Rad deli­
neou sua teologia do AT mais ao redor da história das tradições
131 r e daç ão , cr ítica da

do q u e de u m tem a central. A im portância do CULTO na for­


m ação das crenças e das afirmações confessionais na transm is­
são d e fé foi de interesse primário para Von Rad.
R as Sham ra, textos. (V. UGARÍTICOS.)
R ashi (1040-1105). O rabino Solomon ben Isaac (Rashi) é o
m ais famoso intérprete judaico da Bíblia. Seus com entários
criteriosos e estilo elegante o fizeram ganhar renom e en tre os
com entaristas cristãos. Influenciou grandem ente todos os tra­
dutores su bseqüentes da Bíblia. Seu com entário sobre a T o r á
foi o prim eiro a ser im presso em hebraico (1475).
realizada, eseatologia. E a idéia d e q u e o reino de D eu s no
ensino de Jesus não é futuro, m as foi “realizado” na pessoa e
missão de Jesus. O term o é atribuído a C harles H. D o d d , q u e
desenvolveu esse en ten dim en to particularm ente em sua obra
acadêmica sobre as parábolas. A maioria dos intérpretes tem
criticado a posição d e D odd com o m uito extrem a, argum en­
tando q u e m esm o q u e o reino d e D eu s esteja p resen te na
vida e m inistério d e Jesus, todavia, aponta para um a consu­
mação final e futura do reino; em outras palavras, o reino é
tanto “já q uanto ainda não” . (V. tb. ESCATOLOGIA; PARÚSIA.)
recensão. E xam e d e um a edição mais antiga d e um docu-m ento.
O term o é usado especialm ente na CRÍTICA TEXTUAL do AT e
do N T, mas por vezes é usado por críticos literários para falar
dos estágios d e transmissão d e um texto. T ecnicam ente, to­
dos os m anuscritos são recensões dos AUTÓGRAFOS originais.
redação, crítica da. Abordagem a u m texto que busca revelar
com o os autores ou editores selecionaram, ajustaram e adap­
taram as fontes na composição de um a obra. Esta abordagem
geralm ente focaliza em unidades literárias maiores em vez de
versículos individuais e com freqüência vê os editores dos
livros bíblicos mais com o com piladores do q ue autores em
liedaktio nsgeschirhte 132

suas próprias alegações. N o caso dos EVANGELHOS, a crítica da


redação pode ser m uito útil em mostrar, por exem plo, com o
M ateus usou M arcos e quais propósitos tinha em m ente, des­
d e q u e possam os distribuir os dois textos lado a lado e usar
Lucas com o pon to de comparação posterior. A crítica da reda­
ção tam bém busca revelar as intenções d e pontos de vista dos
livros ou m esm o d e um a série deles (p. ex., LUCAS— A t o s ;
I IlSTÓRIA DEUTERONOMÍSTICA). (V tb. TENDÊNCIA, CRITICA DA.)

R e d a k tim sg sd ú d ú e . (V. r e d a ç ã o , c r í t i c a d a .)

redator. Pessoa q u e escreve ou adapta fontes literárias na com ­


posição de um a obra literária. (V. tb. REDAÇÃO, GRÍTICA DA.)
Regulamento da Comunidade. D o cu m en to q u e registra as crenças
e regras da co m un id ad e de Q u m r a n . O Regulamento da comu­
nidade (iQS), cham ad o p rev iam en te M anual de disciplina, é
um dos docum entos mais conhecidos dos ROLOS DO MAR M o r -
T O e é um a valiosa fonte para o en ten d im en to do sistem a de
crenças d e um a das diversas seitas do período neotestam entário.
R eim arus, H erm a n n Sam uel (1694-1768). E rudito ilumi-
nista alemão. Foi citado por A lbert Schw eitzer por iniciar a
Bi JSGAIX) J e s u s i i i s t ó r i c o . R eim arus abraçou o deísm o inglês
e escreveu m uitos ataques racionalistas pung en tes à ortodoxia
e à fé cristã. A maioria de seus m anuscritos perm aneceu não-
publicada até q u e G otthold E . L essing os coletou e publicou
como The Wolfenbiittel Fragnients [Fragmentos de Wolfenbüttel\.
R eino de D e u s. O dom ínio de D eu s sobre o povo d e D e u s e
sobre toda a natureza criada. D u rante o período do segundo
templo, os ju d eu s pensavam acerca do reino de D eus focali­
zando em D eu s se tornar o Rei e d efen d en d o a nação judaica
pela derrota dos inimigos e introdução de um período d e paz.
O reino de D eu s foi o foco principal do ensino d e Jesus (M t
6.33; M c 1.5; L c 6.20), em q u e o reino é apresentado na pes-
133 r e tór ic a , cr ítica

soa e ensino d e Jesus (Lc 10.9; 17.21) m esm o q u e aguarde a


consum ação futura (L c 13.29; 22.18).
R d i^ o n ^ e s d m M ic h e S d n d e . (V. H i s t ó r i a d a R e l i g i ã o , E s c o l a . )

r e m a n e s c e n t e . R estante íntegro do povo de D eus q ue sobre­


viveu ao juízo ou catástrofe. R em an escente é o tem a princi­
pal q u e percorre todo o A T e o N T e é encontrado na literatura
judaica extrabíblica assim com o na literatura do antigo O rien ­
te Próximo. O tem a pode referir-se à preservação da vida das
am eaças de m orte (p. ex. fogo ou fome), à preservação dos
fiéis em m eio à apostasia (lR s 19.14-18; R m 11.1-6) e à salva­
ção do verdadeiro povo de D eus, m esm o em face de tem o ­
res, am eaças ou conflitos. Assim, q u an d o D eu s julga Israel,
ele salva o rem an escen te (Is 10.20,21; S f 3.12,13), q u e é a
base da esperança.
r e t ó r i c a , c r í t i c a . A bordagem textual bíblica q ue se interessa
pela forma com o a linguagem é usada em um texto para per­
suadir um a audiência. Estilo, estru tu ra e figuras de lingua­
gem têm efeito sobre a audiência ou sobre o leitor do texto, e
a crítica retórica focaliza em com o essas “retóricas” funcionam
em vez de focalizar no am biente histórico de um a narrativa
ou d e um poem a. N o A T, esta abordagem tem obtido sucesso
em narrativas em q u e LE ITW O R T o u L e i t m o t n (“palavra-guia” ,
“tem a-guia” ) ocorre periodicam ente por todo o relato e é usa­
da em diversas formas (p. ex., o term o “irmão” ocorre sete
vezes em p equ en as passagens com respeito a Gaim e Abel
para salientar a perturbadora anim osidade dos dois). E tam ­
bém particularm ente útil em poesia, na qual a seleção consci­
en te e inconsciente de palavras e im agens — e a rejeição de
palavras ou im agens alternativas — cria um a im pressão no
leitor. Por exem plo, M iquéias 2.6-11 usa várias formas da pa­
lavra bebida para atingir os q ue zom bam do profeta e o acu­
sam de b e b e r/ profetizar: os zom badores q ue profetizaram
r o lo s d o m a r M o r to 134

pelo vinho vão “em briagar” o povo (M q 2.11). N os estudos


do N T, diversos estudiosos têm ten tad o interpretar as cartas
do N T d e acordo com antigas categorias d e retórica. Estas ge­
ra lm e n te in c lu e m : I) in tro d u çã o (exordium)\ 2) narração
narratio
(i ); 3) proposição ( propositio
); 4) confirmação (probaúo );
5) refutação (refutatio)\
e 6) conclusão ( peroratio). A crítica da
retórica focaliza o efeito das palavras d e um a passagem em
um a audiência, ou seja, como essa passagem foi planejada para
persuadir sua audiência para u m ponto d e vista particular.
rolos do m ar M orto. Coleção d e aproxim adam ente 850 m a­
nuscritos judaicos (a maioria fragm entada) descobertos por
pastores em 1947 em cavernas próxim as à costa do m ar M or­
to. Estes rolos representam todos os livros bíblicos, com exce­
ção de Ester, assim como muitos não-bíblicos, incluindo co­
mentários e paráfrases de livros bíblicos, e obras litúrgicas e
ESCATOLÓGICAS. O s rolos têm ajudado os estudiosos no esta­
belecim ento do texto bíblico hebraico com o era séculos antes
do texto M assorético, q u e era an terio rm en te o m anuscrito
disponível mais antigo (v. MASSORETAS, CRÍTICA TEXTUAL).
C om igual im portância, os rolos têm trazido luz ao judaísm o e
cristianismo primitivos ao desvendar o pensam ento e a práti­
ca de u m grupo específico dentre a diversidade de perspecti­
vas tjue existiam dentro do judaísm o naqu ele tem po. As co­
m unidades q u e preservaram esses textos eram ascéticas com
respeito às leis de pureza e escatológicas com respeito à histó­
ria e o governo de D eus. (V tb. ESSÊNIOS; QUMRAN.)

sacerdotal, b ên ção (N ú m ero s 6.24-26). Texto no qual o S e­


nhor instrui M oisés (e os sacerdotes) a abençoar o povo.
135 Sachkritik, Sachexegese

sacerdotal, fonte. D e acordo com a HIPÓTESE DOCUMENTAL, é a


designação da fonte do Pentateuco q u e reflete as tradições e
as perspectivas teológicas dos sacerdotes. D esignada P ([do
inglês Priestly source]), esta fonte inicia com a criação do m u n ­
do (G n 1) e se esten d e até Josué. D atar a fonte sacerdotal tem
sido [um a tarefa] difícil, e em anos recentes alguns estudiosos
têm postulado um a fonte H ([do inglês Holiness, “santidade” |),
q u e se alega ser responsável pelo desenvolvim ento posterior
dos interesses sacerdotais, dessa forma contribuindo para pontos
de vista am p lam en te d ivergentes sobre a data de P para o
século V lll ou VI. A característica d e P é a crença em u m único
1)eus, sem oposição de qualquer outros poderes divinos ou
demoníacos. Q ualquer “am eaça” a D e u s vem de hum anos,
que, recebendo o livre-arbítrio, desafiam a D eu s por m eio de
pecados morais e rituais. Essa am eaça à santidade p od e até
m esm o m over D eu s de seu tem plo. N o sistema simbólico da
santidade, Israel escolhe a vida ou a m orte e por meio disso es­
colhe agir a favor ou contra D eus. A restauração é possível por
meio do sistem a ritual, dessa forma restaurando a pessoa à co­
m unidade e a com unidade a D eus. (V tb. CRÍTICA DA FONTE.)

SíuJibitík,Sadiexeftse.Crítica do conteúdo ou da substância. Ambos


os term os derivam do substantivo alem ão Sache, q u e significa
“coisa, objeto ou substância de m atéria” . O term o é geral­
m e n te traduzido por “crítica do conteúdo” ou “exegese teo­
lógica” . N este sentido, a interpretação ou exegese de u m tex­
to é determ inada pelo en ten dim en to da intenção real ou por
sua lógica interna (Sache). Estudiosos têm observado q u e este
processo d e interpretação cria um ciclo herm enêutico no qual
as partes do texto são interpretadas à luz do todo, e o todo à
luz das partes. U m problem a surge, entretanto, q u an d o os
estudiosos descartam aspectos d e u m texto que são considera­
dos contrários à verdadeira intenção do texto.
s a c rilé g io te rrív e l 136

sacrilégio terrível. A expressão extraída da profecia de D aniel


(v. D n 11.31; 12.11) na qual o profeta afirma q u e o tem plo
seria usado para algum tipo de ato abom inável e repulsivo no
futuro. Alguns estudiosos sugerem q u e isso seja referência à
contam inação do tem plo por Antíoco Epifânio em 167 a.C.,
sacrificando um a porca no altar (IM acabeus 1.54); outros sus­
tentam q ue se refere à destruição do tem plo em 70 d.C. (v.
M t 24.15,16; M c 13.14); alguns afirm am q u e o “sacrilégio”
ainda não foi realizado, mas foi predito e m 2Tessalonicenses
2.3,4, na qual, na rebelião vindoura, os “sem -lei” assumirão o
papel divino no tem plo — o ato final de sacrilégio q ue marca
o início do fim dos tem pos.
s a g a . GÊNERO narrativo q ue é episódico e focaliza mais a histó­
ria familiar ou u m herói do passado q u e a história política. A
saga deriva da TRADIÇÃO ORAL e tem pouca descrição do con­
texto anterior, m as trata o relato am p lam ente em term os das
ações dos personagens. As NARRATIVAS PATRIARCAIS (G n 12—
3 6 ) são exem plo de sagas, ou narrativas familiares. (V. LENDA;
ETIOLOGIA.)

s a l m o s d e g r a t i d ã o . (V. h in o .)

s a l m o s d e q u e i x a s . (V. l a m e n t o , s a l m o s d e .)

Saltério. Coleção com pleta dos salmos. O Saltério é dividido


em cinco livros: 1— 41 (Livro l); 42— 72 (Livro li); 73— 89
(Livro III); 90— 106 (Livro IV); e 107— 150 (Livro v).
s a l v a ç ã o , h i s t ó r i a d a . História da redenção; plano divino para
a salvação n a h istó ria . E a tra d u ç ã o d o te rm o a le m ã o
Heilsgeschichte, q u e não se refere a um a metodologia, m as ao
princípio teológico d e ver as Escrituras com o o relato do pro­
gresso da obra red en to ra de D e u s na história. D ifere, por
exem plo, de olhar as Escrituras com o u m a série de textos-
prova para a elaboração de um a doutrina ou um a tentativa de
137 s ap ie nc ia l, cr is tolog ia

discernir cridcam ente a história “verdadeira” dos eventos “re­


ais” ( H i s t o r i e ) por trás da história da salvação. (V. tb. B í b l i c a ,
M o v i m e n t o d a T e o l o g i a ; C u l l m a n n , O s c a r .)

sam aritano, P entateuco. T ip o d e PENTATEUCO desenvolvido


aproxim adam ente em 100 a.C. pela com unidade samaritana.
O s sam aritanos (que rom peram com os judeus algum tem p o
antes do período do N T ) jamais aceitaram os PROFETAS e ES­
CRITOS com o Escritura da m esm a forma q u e os ju d eus o fize­
ram. E x iste m m ilhares d e diferen ças e n tre o P e n ta te u c o
sam aritano e o P entateuco judaico, m as a maioria delas apre­
senta questões de gramática ou de formação das palavras. O
relacionam ento entre os dois textos é debatido e inclui q ues­
tões d e com o o texto hebraico foi transm itido e o com plexo
relacionam ento entre os diversos “judaísm os” do período do
N T . In te re s s a n te m e n te , o tip o d e “ inscrição te x tu a l” do
P en tateu co sam aritano foi encontrado en tre os m anuscritos
bíblicos descobertos em Q u m r a n . (V. tb. TEXTUAL, CRÍTICA.)
sapienciais, salm os. Poem as escritos com propósitos ed uca­
tivos, com características de LITERATURA SAPIENCIAL. A m aio­
ria dos CRÍTICOS DA FORMA reconhece q u e nem todos os p oe­
mas no Saltério advêm de am bientes CULTUAIS; alguns vêm
da tradição sapiencial e são usados prim ariam ente para PROPÓ­
SITOS DIDÁTICOS. Por exem plo, o salmo 1 não segue a forma
d e LAMEN IX) nem de IIINO, mas adverte seus leitores a “delei­
tar-se” no estudo da T o r á , a instrução de D eus. Existe tam ­
bém ênfase na doutrina dos DOIS CAMINHOS — a vereda e o
resultado dos justos e ímpios.
sapiencial, cristologia. Identificação de Jesus com a Sabedoria
divina personificada em certos textos judaicos e do AT (p. ex., Jó
28; P v 1.20-23; 8.1-36; Sabedoria 7.7— 9.18; Eclesiástico 24).
M ateus parece ser o primeiro escritor do evangelho a identifi­
car Jesus desta forma (11.16-19,25-27; 12.42; 23.34-39). João
sa p ie n c ia l, lite ra tu ra 138

apresenta Jesu s com o o Verbo incom parável, ou Sabedoria


de D eu s (Jo 1.1-18). A ntes disso, P aulo identifica C risto com o
a sabedoria d e D e u s para o q u e crê (IC o 1.30; Cl 1.15-20; v.
H b 1.1-3).
sapiencial, literatura. Literatura bíblica caracterizada pela ins­
trução baseada na experiência, na tradição e “na forma com o
o m u nd o funciona” em vez de salientar a revelação divina
direta com o fonte da verdade (com o na T o r á ou nos profe­
tas). E sta coleção literária tem suas raízes na Antigüidade, tam ­
bém ligada a Salomão (lR s 4.29,30), é por um lado marcada
pelas observações dos sábios, m as tam b ém pelas observações
de g ente com um (pais, pessoas inteligentes). A literatura sa­
piencial existia por todo o antigo O riente Próximo m uito an­
tes de Israel entrar em cena (p. ex., instruções egípcias datan­
do de m eados do terceiro m ilênio a.C.). O s GÊNEROS e FOR­
MAS deste tipo d e literatura variam d e sim ples PROVÉRBIOS até
ensaios e reflexões sobre justiça e morte, assim como fábulas e
debates. O s livros bíblicos sapienciais são tradicionalm ente
identificados com o Provérbios, Jó e Eclesiastes (Cântico dos
Cânticos tb. é incluído em algumas listas), Eclesiástico e Sa­
bedoria d e Salom ão nos APÓCRIFOS. T a m b ém encontram os
forte influência da sabedoria nos salmos (p. ex., SI 1) e em
m uitos outros livros (p. ex., os relatos de José em G ênesis e
D aniel e seus amigos, aos quais alguns adicionariam o livro de
Ester). D efin ir e delim itar a literatura sapiencial é m u itas
vezes problem ático. A sabedoria está aberta a todos, já q u e
visa instruir as pessoas a viver um a vida b em ordenada, q u e
reconhece os cam inhos e intenções d e D eu s para sua cria­
ção. Já q u e a sabedoria instrui por m eio d e “palavras há­
beis” , p or esta razão re q u e r h ab ilid ad es d e interpretação,
paciência e desejo d e busca das riquezas desse tipo d e vida
(Pv 1.2-6). A contribuição de Israel para essa literatura anti­
ga e internacional é a declaração d e q u e a sabedoria tem sua
139 s e c tá r i o , j u d a í s m o

fonte em D eus, o “tem or do S e n h o r ” (P v 1.7). (V. tb. A m e n e -


m o pe , I n s t r u ç ã o d e .)

Schleierm acher, Friedrich D aniel E m st (1768-1834). E s­


tudioso alem ão com freqüência citado com o o pai da teologia
liberal m oderna ( The Christian faith ), [A fé cristã] 1821-1822; 2.
ed., 1830-1831. E le procurou encorajar as pessoas q u e rejeita­
ram a religião com fundam entos racionais a assumir um a apre­
ciação mística e psicológica de D eus por m eio da experiência.
É criticado por reduzir a religião ao subjetivo “sentim ento de
d e p e n d ê n c ia” .
S ch w eitzer, A lb ert (1 8 7 5 -1 9 6 5 ). Filósofo, teólogo, físico,
músico e estudioso bíblico conhecido pelo livro q u e marcou
sua época (The quest ofthe historical Jesus [A busca do Jesus histó­
ricoI) (alemão Von Reimarus zu Wrede: âne Geschichte der Leben-
Jesu Forschung \De Reimarus a Wrede:pesquisa da história de vida
de Jesus] (1906) e por seu trabalho com o m édico missionário
em L am b arén é (Gabão). Schw eitzer alegava q u e Jesus era
um profeta APOCALÍPTICO equivocado q u e se sentia escolhido
por D eu s para pren u n ciar o final da história. C on tu d o, d e
acordo com Schweitzer, Jesus falhou nessa missão e m orreu
com o um m ártir desiludido.
sectário, ju daísm o. Idéias ou m ovim entos dentro do judaísm o
q u e se apartaram da norm a (latim secta “parte, facção” ). N o
N T, seita (gr. hairesis) é usada para descrever os fariseus (At
15.5; 26.5), saduceus (5.17) e os cristãos primitivos (24.5, 14;
28.22). A com unidade de QUMRAN é citada, algumas vezes,
com o um a form a adicional de judaísm o sectário. A tualm ente,
a maioria dos estudiosos reconhece q u e o JUDAÍSMO PALESTINO
do sécu lo I era p lu ralista e q u e n ão havia u m ju d a ísm o
monolítico, normativo. Por essa razão, ao lidar com esse perí­
odo, é preferível falar de judaísm os ou tipos de judaísm o em
vez d e judaísm o.
S e g u n d o Isaías 140

Segundo Isaías. Isaías 40— 55, considerado por m uitos estudi­


osos com o escrito por u m autor d iferen te do q u e escreveu
Isaías 1— 39 (Prim eiro Isaías) e 56— 66 (Terceiro ou Trito-
Isaías). T am b ém é conhecido por “D eutero-Isaías” . O estilo,
o tem a e o am b ien te desses capítulos diferem dos capítulos
precedentes e seguintes e sugerem aos críticos q ue tenham
sido escritos d uran te o EXÍLIO BABILÓNICO (587-537 a.C.), bem
depois do período histórico do profeta Isaías no oitavo século
antes de Cristo (V. tb. I s a ía s , a u t o r i a MÚLTIPLA DE; T e r c e i r o
Isa í a s .)

Segundo Tem plo d o judaísm o. Período da história e literatu­


ra judaica desd e o tem po em q ue o segundo tem plo foi fina­
lizado por volta d e 516 a.C., até a q u e d a d e Jerusalém e des­
truição do tem plo de H erodes pelos romanos em 70 d.C. N a
atual pesquisa dos acadêmicos, e ste term o tem substituído
g ra d u a lm e n te o term o m ais c o m u m “P erío d o In te rte sta -
m en tário ” .
sem itas. N o m e latinizado para os filhos de “S em ” e para as
línguas q u e eles falavam (v. G n 10.21-31). As línguas sem íticas
estão separadas em três ramos. As línguas ACÁDIAS abrangem
os ramos a oeste; os do sul são especialm ente as línguas árabes;
e ao norte incluem as línguas cananita, hebraica, UGARÍTICA e
aramaica. O s semitas, não tanto pela unidade cultural quanto
pela lingüística, transm itiram à civilização o alfabeto e o D ECÁ ­
LOGO, entre outras realizações.

sem itism o. Palavra ou construção gramatical característica das


línguas sem itas (p.ex. hebraico e aram aico). E n con tram os
sem itism o na SF.FW AGINTA e no N T em virtude da interseção
do grego com as culturas sem itas d u ran te esse período. As
narrativas sobre a infância de Jesus em Lucas (Lc 1 e 2), por
exem plo, são notáveis pelos sem itism os. (V. tb. ARAMAÍSMO;
HELENISMO, HELENIZAÇÃO; SEMITAS.)
141 sensus plenior

sensus literalis. T erm o latino que significa “sentido literal” . ()


sentido literal ou manifesto de um a passagem pode parecer
óbvio para alguns, m as n en h u m outro problem a incom oda
tanto os estudiosos da Bíblia. D esd e o século XVIII, o sentido
literal tem se reduzido ao sentido original d e um a passagem
em seu contexto histórico. Esta redução, entretanto, tem trans­
formado a leitura bíblica em pouco m ais do q ue um a p esqui­
sa histórica, com a descoberta do sentido d e um a suposta situ­
ação original da passagem. O problem a é q u e o descobrir tal
situação original é grandem ente especulativo, já q ue o conhe­
cim ento destes contextos está em constante m utação e as ex­
planações desse am biente m udam com maior freqüência ain­
da. O sentido m anifesto d e qualquer texto d ep en d e do con­
texto com base no qual o intérprete analisa o texto. U m con­
texto p od e ser lingüístico ou histórico, para estar certo, m as
tam bém pode contar com fatores literários, culturais e teoló­
gicos. Por exem plo, a interpretação cristã d e Isaías 53 te m u m
contexto diferente para os judeus, em virtude de a perspecti­
va cristã ser m oldada pelo sofrim ento e m orte d e Jesus. O s
cristãos p odem bem perceber as palavras de Isaías de form a
mais am pla em significado q ue não é tão ev id ente para al­
g uém q u e não crê na m orte e ressurreição de Jesus. Algumas
discussões re c e n te s sobre o p roblem a, esp ecialm en te por
Brevard CHILDS, buscam recuperar o sentido literal levando
em consideração o escopo, o propósito e intenção da passa­
gem com o E sc ritu ra , e não sim plesm ente com respeito a um a
suposta situação original. (V. th. B í b l i g a , M o v i m e n t o d a T e ­
o l o g i a ; CRÍTICA CANÔNICA; PESHAT, SENSUS PLENIOR.)

sensus plenior. T erm o latino que significa “o sentido mais am ­


plo” . Esse é u m sentido adicional ou mais profundo d e um a
passagem em que, possivelm ente, o autor não intencionava
dar, mas q u e à luz d e outros textos bíblicos (em particular
S ep tu a g in ta 142

textos do N T e interpretações cristológicas) ou doutrinas foi,


d e algum a forma, a intenção d e D eus. Sensus plenior surgiu
como um conceito na primeira parte do século XX, mais esp e­
cialm ente en tre teólogos católicos rom anos, com o um esforço
d e articular novas classificações para os sentidos das Escrituras.
O SENSUSUTERAUS (sentido literal) tem sido reduzido à sua
referência histórica e gramatical, e era necessário um a nova
classificação q u e se referisse às verdades da interpretação q u e
estavam “a lém ” do sentido superficial d e um a passagem .
Sensus plenior é u m a tentativa d e dar peso às interpretações
q u e ganham significado à luz da revelação posterior ou dos
ensinam entos da igreja.

Sepãuiginta. Tradução grega da BÍBLIA HEBRAICA. Essa tradução


grega foi em p reen d id a por ju d eus d e fala grega d e Alexandria
do século ui ao li a.C. A tradição relatada na C a r t a d e A r j s t é i a s
era q ue 72 estudiosos judeus (Septuaginta vem do term o lati­
no para “setenta” , a abreviatura LXX é o num eral rom ano para
setenta) com pletaram a tradução em 72 dias, trabalhando se­
paradam ente e a convite de Ptolom eu II Filadelfo (285-246
a.C.). A Septuagm la é superior para os estudiosos bíblicos tan­
to por ser testem u n h o do texto hebraico quanto pelo e n te n ­
dim ento d e com o certas palavras e textos eram vistos durante
o P e r í o d o t o S e g u n d o T e m p l o . (V. tb. t e x t u a l , c r í t i c a . )
s e p t u a g i n t i s m o . Palavras ou frases com características do AT grego
(/XV) e usadas pelos escritores do N T, com o Lucas em Atos
2.14, 15-39 e 3.12-26.
S e r v o , C â n t i c o s d o . Textos encontrados em Isaías 40— 55 q u e
tratam do “Servo do S e n h o r ” q u e iria sofrer pela redenção
de Israel. N a tradição judaica, o Servo é geralm ente identifi­
cado mais com o próprio Israel do q u e com u m indivíduo. N a
tradição cristã, o Servo é um a das principais im agens q u e Je­
sus usa para falar d e sua missão messiânica. Por exem plo, Je ­
143 S lteol

sus disse: “Pois n e m m esm o o Filho do Flom em veio para ser


servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por m ui­
tos” (M c 10.45; v. Is 53.10-12).

S h am m ai. M estre rabínico e líder do início do século I (c. 50


a.G. a 30 d.C.). Sham m ai interpretou e aplicou a lei judaica
d e form a m ais rígida do q u e seu correlativo, H lL L E L . Sua
perspectiva prevaleceu, de forma geral, até antes da destrui­
ção do tem plo em 70 d.C. Seus seguidores são identificados
com o a “casa” ou “escola” d e Sham mai.

skkinah. Glória ou presença de D eu s, especialm en te em sua


h ab itação em Jeru sa lém . A p alavra skkin a h é u m te rm o
hebraico, porém não é bíblico. Era um a palavra usada pelos
rabinos para salientar o relacionam ento en tre D eu s e Israel.

shm a . L iteralm ente “O uve!” ; é a palavra inicial e, desta forma,


o título da oração diária judaica. Essas palavras de oração são
encontradas em D eu teron ô m io 6 .4 : “O uça, ó Israel: O S e ­
n h o r , o nosso D eus, é o único S E N H O R ” . O slím a não é apenas

um a oração, m as u m credo da doutrina judaica, de q u e D eu s


é um , e q ue se deve guardar os m andam entos, e q ue D eus
recom pensará os q u e observarem a T o r á e punirá os q u e a
desobedecerem . Estas palavras, em geral, são as primeiras q u e
as crianças judias aprendem . M uitos m ártires ju d eus recita­
vam esses versos com o suas palavras finais.
s/fmoneh-esreh. “As D ezoito Bênçãos” ou orações diárias, usadas
pelos adoradores ju d eus já no prim eiro século d.C., provavel­
m e n te nas SINAGOGAS.
Sheol. Habitação dos mortos. É a palavra mais com um no AT para
se referir à habitação dos mortos. O term o é desconhecido na
literatura das culturas ao redor de Israel. N o AT, a pessoa q u e
morria descia à “sepultura” (Is 14.15) e ao lugar das “som bras”
(]ó 26.5). T odos são iguais no Sheol (Jó 3.11-19) e nin gu ém
S iã o 144

retorna de lá (Jó 7.9). N o Sheol, os m ortos não louvam a D eu s


(SI 6.5). M orte, túm ulo, Sheol, juízo e vida além da m orte são
realidades na Bíblia, mas não foram desenvolvidos em m uitos
detalhes, m esm o q u e o N T revele mais sobre a vida após a
m orte à luz da ressurreição de Jesus. N o N T, os com entários
são breves e sugestivos, m as não desenvolvidos de forma com ­
pleta (como o são m esm o na literatura judaica extrabíblica).

Sião. M onte na cidade de Jerusalém associado a Davi e ao tem ­


plo. Sião é rico e m sim bologia e teologia. E m Sião, D eu s
escolhe tornar sua presença visível no tem plo, e a construção
do santuário reflete o caráter da criação em G ênesis 1. Sião
testem unha o senhorio de D eus, não apenas sobre Israel e as
nações, m as sobre o próprio cosmo. É em Sião q u e a TORÁ de
D eus instrui os povos da terra (Is 2.2,3; M q 4.1,2). E m Sião, o
tem po sagrado (sábado) e o espaço sagrado (tem plo) se u nem
(v. SI 132.13,14). O s salmos co n têm cânticos (ou HINOS) de
Sião (v. SI 46; 48; 76; 84; 122; 132; 147).
sinagoga. Assem bléia ou lugar d e assem bléia d e ju d eu s para
oração, estudo e adoração. O term o sinagoga deriva da palavra
grega synagoge, significando tanto o grupo de pessoas q u e se
congrega q uan to o lugar o nde congregam (v. EKKLESIÁ). N o
NT, vem os o povo ju d eu usar a sinagoga com o lugar de oração,
estudo e adoração (L c 4.16-30; At 13.15; 14.1; 15.21; 17.1-3)
assim com o um lugar para aplicar a justiça (M c 13.9; Jo 9.22;
12.42; 16.2; A t 22.19; 2Co 11.24). A sinagoga se tornou um
m odelo para as igrejas nos lares do cristianism o primitivo.
Sinagoga, a G rande. Assembléia (heb. krieset) de rabinos ilus­
tres q ue transm itiram os ensinam entos da T o r á . A G rande
Sinagoga é m encionada na AÍ1XNÁ (m. ’A vot 1.1,2) e no T a l m u d e .
Tradições afirmam q ue consiste em 85 ou 120 hom ens, q ue
se iniciou com Esdras no século VI a.C. (v. N e 8 e 9) e encer-
rou-se com Simão, o Justo, por volta de 200 a.C. A em dição
145 s in ó p tic o , p ro b le m a

crítica tem q uestio n ado se a G ran d e Sinagoga algum a vez


existiu. (V. tb. s ô f e r I m .)
sincretism o. M istura d e várias e, com freqüência, contraditó­
rias, doutrinas e práticas de diversas religiões em um sistema,
ou a sim ples adaptação e assimilação de idéias e práticas em
um a religião (gr. syn+krasis, “mistura, com binação” ). T anto o
judaísmo q uanto o cristianismo estiveram suscetíveis ao sincre­
tism o e foram rep etidam en te adm oestados por seus líderes
(profetas, apóstolos etc.) a m anter ortodoxia doutrinária e p u ­
reza ética.
Sinédrio. C onselho ou A ssem bléia (gr. synedriori) dos líderes
judaicos. Ainda q u e os evangelhos e Atos em preguem este e
outros term os para designar vários tipos d e concílios e cortes
judiciais (v. M t 5.22, 26, 59; M c 13.9; 14.55; 15.1; L c 22.66; At
5.21), apenas o tratado Sinédrio m M lX N Á refere-se ao “G rande
Sinédrio”, um corpo de 71 m em bros responsáveis pelas deci­
sões finais em disputas legais.
sinopse (dos evangelhos). Livro q ue organiza o m aterial para­
lelo dos Sinópticos (M ateus, Marcos e Lucas) e algumas vezes
o Evangelho d e João, em colunas verticais para q ue os leitores
observem rapidam ente as diferenças e similaridades en tre eles.
O term o vem do grego syn (‘junto” ) e optikos (“ver” ), ou seja
“vendo ju n to ” ou “ver ao m esm o tem p o ” . U m exem plo é o
de Kurt Aland, Synopsis o f the fo u r Gospe/s [Sinopse dos quatro
evangelhos\ (U nited Bible Society, 1985).
sinóptico, problem a. O “problem a” é d e como considerar as
similaridades e diferenças q u e existem en tre os três EVANGE­
LHOS S i n ó p t i c o s . O term o é atribuído a J. J. G r i e s b a c h (1745-
1812). A maioria dos estudiosos atualm ente crê q ue Marcos
foi o primeiro E v a n g e l h o a ser escrito e q u e M ateus e Lucas
usaram Marcos com o um a fonte, com um a fonte de declara­
ções identificada com o Q. (V. tb. HIPÓTESE DAS DUAS FONTES.)
S in ó p tic o s , e v a n g e lh o s 146

Sinópticos, ev a n gelh os. EVANGELHOS d e M ateus, M arcos e


Lucas. Esses três evangelhos são notáveis pelas similaridades
(usam m uito do m esm o material) e portanto, “vêem juntos”
o relato de Jesus. (V. th. G r i e s b a c h , Johann Jakob; SINOPSE
|dos evangelhos); SINÓPTICO, PROBLEMA.)
S itz i?n Leben. Expressão alemã traduzida por “am biente de vida”
ou “situação d e vida” . S itz im Leben é um term o técnico usado
especialm ente pelos críticos da forma para se referir ao am bi­
en te social d e vida de Israel, de Jesus ou da igreja primitiva
q ue perm itia q u e surgissem parábolas, lendas, profecias, ensi­
nos éticos, fórmulas litúrgicas, e outros. C om respeito a Jesus,
por exem plo, pode-se perguntar: Q ual era o S itz im Leben da
igreja primitiva q u e levou à reconciliação, proclamação e apli­
cação das declarações d e Jesus?
sociocientífica, interpretação. Aplicação de teorias sociológi­
cas, antropológicas, políticas e socioculturais aos textos bíbli­
cos como propósito de en ten der m elhor a natureza de Israel
ou do cristianismo primitivo. E sta abordagem tem se tornado
popular em estudos atuais do antigo Israel, de Jesus, de Paulo
e da igreja prim itiva. Diversos tópicos têm sido proveitosa­
m en te explorados, com o relacionam entos en tre h o m e m c
mulher, as estruturas familiares e dom ésticas, códigos d e p u ­
reza, honra e vergonha, e relacionam entos en tre em pregado­
res e clientes.
sôferim. Escribas e estudiosos (heb. “escribas” ) do Período do
Segundo Tem plo. O s sôferim interpretaram a TO RÁ e prom ul­
garam a Torá ORAL. Funcionavam com o p onte entre os profe­
tas e os fariseus, apesar de pouco se saber sobre eles até o tem ­
po dos fariseus. Esdras é, em geral, visto com o o prim eiro es­
criba, e Simão, o Justo, da G r a n d e S i n a g o g a , com o o últim o.
Strauss, D avid Friedrich (1808-1874). Controverso estudi­
oso alemão. O brilhante e provocativo livro d e sua autoria, L ife
147 S u m é ria , s u m é rio s

o fJesus critically exam ined [A vida de Jesus exam inada criticamen­


te] (2 vols., 1835-1836), foi especialm ente controvertida pela
designação d e q u e qualquer aspecto sobrenatural nos evan­
gelhos — com o milagres, anjos e dem ônios — como MITOLÓ­
GICO. A im popularidade d e sua proposta levou-o a ser transfe­
rido do sem inário protestante da U niversidade de T ü b in g en
para o departam ento de obras clássicas, e daí para a U niversi­
d ad e de Z u riq u e e finalm ente ao abandono da teologia. (V.
tb. B u l t m a n n , R u d o l f .)

Su cessão, N a rrativa da. N anativa da transferência d e reino


de Davi para Salomão. A troca d e um a confederação TRIBAL
teocrática (na qual D eu s governa) para u m governo d e u m rei
trouxe m uitas m udanças sociais, políticas e religiosas na vida
do povo d e D eus. O retrato sincero d e Davi mais propria­
m ente, e os eventos d e m udança estão registrados em 2Sam uel
9— 20,1 Reis 1 e 2 , com lem brete e m 2Sam uel 6 e 7 q u e esta
palavra d e D eu s entregue por m eio do profeta N atã q u e é a
base de esperança para Israel, e não os descendentes d e Davi
com seus erros freqüentes.

Sum éria, sum érios. P an e mais baixa do sul da M esopotam ia.


E difícil discernir um a cultura sum éria distinta, m esm o q u e
m uitos estudiosos ten h am ten tad o fazê-lo. A região era por
um lado p raticam ente bilíngüe d esd e o seu período históri­
co m ais an tig o (terceiro m ilên io a.C .) com o sum ério, por
outro lado, distinto do ACÁDIO, u m a língua sem ita (m esm o
q u e m uitas palavras sum érias ten h a m sido tiradas do acádio).
E m m eados do segundo m ilênio a.C., o sum ério estava sen ­
do usado p rim ariam ente para propósitos literários e religio­
sos, e dessa form a p erm anece com o um a im portante língua
no e n te n d im e n to atual das formas e GÊNEROS dos textos do
antigo O rien te Próxim o e com o u m “segundo plano” para o
estud o do AT.
s u s c ra n ia , tr a ta d o s d e 148

s u s e r a n i a , t r a t a d o s d e . T ipo d e tratado en tre um suserano,


ou monarca poderoso, e um vassalo, ou um rei subalterno. N a
Ultima Era do Bronze (1550-1200 a.C.), o im pério hitita (lo­
calizado ao leste da Turquia) tentou controlar seus vizinhos do
sul (Síria atual) por m eio de tratados. Estes tratados ou alian­
ças entre o suserano e o vassalo form aram a base para o relaci­
o nam en to político. Form as d e tratados sim ilares tê m sido
descobertas em textos neo-assírios datados do século VII a.C.
Alguns estudiosos postulam q ue a ALIANÇA entre Israel e seu
Rei, YAHWKH, e stá estru tu ra d a com b ase n e stes tratad os
suserano-vassalo d e partes desiguais. O utros observam as di­
ferenças en tre estes tratados e a aliança (csp. em Êxodo): a
ausência dc maldições, a preponderância de bênçãos, as bases
fraternais, e a função didática sobre os aspectos legais nas ali­
anças bíblicas.

T
t a b e l a d a s n a ç õ e s . Lista das nações d e G ênesis 10. Essas na­
ções são descritas com o os descen d en tes d e N o é q u e cum pri­
ram a bênção do Senhor de “sejam férteis, m ultipliquem -se
e encham a terra” (G n 9.1). A tabela das nações tom a a forma
d e um a genealogia segm entada, na qual os d escendentes se
diversificam, em vez de um a genealogia vertical, na qual o
filho segue o pai por diversas gerações (geralm ente unido a
um a prom essa d e D eus, p. ex., Abraão, Isaque e Jacó). A tabe­
la das nações tam b ém relata a diversificação de povos (e pode,
portanto, ser ETIOLÓGICA em natureza) por todo o m u n d o
m editerrâneo e além deste.
T a c i a n o . (V DlATESSARON.)
149 Tanak

Tdm ude. C om pêndio definitivo da lei RABÍNICA q u e estabelece


as crenças c práticas do judaísmo. N a tradição judaica, quando
D eu s d eu a T o r á a M oisés no m o nte Sinai, ele a deu em duas
formas: a Torá escrita e a Torá ORAL. A Torá escrita consiste
nos cinco primeiros livros da Bíblia, o PENTATEUCO. Já a Torá
oral refere-se a discussões posteriores e as regulam entações
d e pon to s da lei com o circunstâncias m utáveis ditadas, e
estas foram transm itidas o ralm ente com o tradição d e gera­
ção a geração. A M i x n á (“estud o ” ), escrito em hebraico, foi
codificada no século II d.C., a G uem ará ( “co m p lem en to ” ),
com entário da M ixná , foi escrita em aramaico e codificada em
duas formas, o da Babilônia e o de Jerusalém , durante o sécu­
lo VI d.C. Juntas, M ixná e Guemará form am o(s) Talmude{s). A
Torá e o Talmude formam a base para a fé e a prática do ju d a­
ísmo ortodoxo.
tanaítas. M estres rabínicos, do term o aramaico para “estud o ”
ou “repetição” . O vocábulo designa os rabinos cujas ativida­
des se esten d eram aproxim adam ente en tre os anos 20-200
d.C. Seus predecessores foram os grandes rabinos H lL L E L e
S h a m m a i. O s tanaítas foram responsáveis pelo registro inicial
da M i x n á e de outros textos MIDRÁXICOS. (V. tb. r a b í n i c o , j u ­
d a ís m o ; T a i m u d e .)

Tanak. Acrônimo (tb. T a n a kh ) para as Escrituras hebraicas: T o r á


(Lei), N v V ÍM (Profetas), K T O vÍM (Escritos) — [TaNaK]. Já no
século II a.C. encontram os referências à T o rá (ou “M oisés” ) e
aos Profetas com o escritos d e autoridade (v. CÂNON), m as a
seção final, os Escritos, perm aneceu amorfa até pelo m enos o
final do século I d.C. Lucas 24.44 refere-se à “L ei de Moisés,
nos Profetas e nos Salmos” como um a divisão em três partes.
E m 2E sdras 14.45,46 tem os 24 livros, en q u an to Jerônim o
conta 22, referentes ao m esm o núm ero d e letras do alfabeto
hebraico (diferentes contagens p o d em ocorrer d ep e n d e n d o
Targum 150

de quais livros estão combinados; p. ex., Esdras e N eem ias são


vistos com o u m único livro). A o rdem tam b ém p od e variar,
especialm ente nos Escritos, nos quais encontram os ou C rôni­
cas ou Salmos encerrando a seção. A ordem MASSORÉTICA se­
gue com um en te este padrão: Jorá (G ênesis— D euteronôm io);
N 'vV hn (Profetas Anteriores: Josué— Reis, com exceção de
Rute; e os Profetas Posteriores: Isaías, Jeremias, Ezequiel e os
D oze os Profetas M enores, com exceção de D aniel e L a m e n ­
tações) e K 'tüvím (os livros restantes, incluindo D aniel, L a ­
m entações e R ute, com Crônicas com o conclusão).

Targum. Tradução e interpretação oral e escrita em aramaico da


BÍBLIA HEBRAICA (palavra hebraica q u e significa “paráfrase” ;
pl. targüm tm ). Q u a n d o os ju d e u s re to rn a ra m do EX ÍLIO
BABILÓNICO, o aramaico se tornou a língua com um do povo.
D esta forma, q u an d o as Escrituras eram lidas nas SINAGOGAS,
o leitor (n fturgm an , “in térp rete” ) provia paráfrases em ara­
maico. Estas paráfrases foram transm itidas continuam ente e
escritas no início d o século III d.C. P or volta do século V, dois
targuns tornaram -se o padrão: Targum Onqelos da T o r á , e o
Targum Yonatan dos Profetas. O s targuns são im portantes tes­
tem unhas do texto bíblico em seu período inicial d e trans­
missão, mas e m virtude da liberdade em expandir o texto, são
igualm ente im portantes ao revelar com o o texto era interpre­
tado pela com unidade judaica. (V. tb. TEXTUAL, CRÍTICA.)

te n d ê n c ia , c rític a d a . M etodologia q u e tenta discernir as te n ­


dências dos d ocum entos do NT. O m étodo está associado com
Ferdinand C. B a u r (e a Escola de T ü BINGEN), q u e analisou a
origem, data e caráter dos escritos do N T por m eio da Tendenz
( “tendência, objetivo, inclinação” ) do autor. A Tendenz d e Lucas
em Atos, por exem plo, era criar u m retrato irênico da igreja
por m eio da minimização das diferenças en tre Pedro e Paulo.
(V. tb. REDAÇÃO, CRÍTICA DA.)
151 tenninus a quo

Teodoro de M opsuéstía (c. 350-428). Pai da igreja primitiva.


T ã o grande foi a influência d e T eodoro sobre a Igreja O rien­
tal q u e mais tarde os com entaristas atribuíram -lhe o título “O
exegeta abençoado” . N asceu em um rico lar na cidade de
Antioquia, e com João CRISÓSTOMO foi educado pelo em i­
n ente filósofo Libânio. Teodoro abandonou a vida secular e
ingressou na vida monástica. M em bro proem inente da E s c o ­
l a A n t i o q u e n a , a exegese de T eodoro é marcada pelo co­

nhecim ento do hebraico (em bora ele ten h a se baseado quase


q u e exclusivam ente na tradução da Septuaginla), pela familia­
ridade com as circunstâncias históricas dos hebreus e pelo cla­
ro en ten d im en to do idioma bíblico (em parte, por causa de
seu treinam ento em retórica). Escreveu u m tratado, q u e não
sobreviveu, Contra os alegoristas.
teofania. L iteralm ente “manifestação divina” . As teofanias na
Bíblia são geralm ente acom panhadas por sinais físicos: trem or
de terra, nuvem , fogo ou outros m eios visíveis de m anifesta­
ção. Por exem plo, quan d o D eu s aparece a M oisés na sarça
arden te (Ê x 3) ou quan d o o profeta M iquéias anuncia q u e
D eu s está vindo e as m ontanhas se derreterão e os vales se
fenderão (1.4). U m a teofania revela o poder de D eu s e o seu
envolvim ento com o m undo, assim com o sua aprovação (ou
desaprovação) a eventos ou pessoas.
Terceiro Isaías. O s capítulos 56— 66 de Isaías, q ue m uitos es­
tudiosos acreditam terem sido escritos por um autor diferen­
te do Segundo Isaías (40— 55) ou do Prim eiro Isaías (1— 39).
T am bém é cham ado de Trito-Isaías. O estilo é distintivo nos
porm enores, e os tem as e am biente destes capítulos sugerem
um am biente pós-exílico na terra da Palestina. (V tb. BABILÓNI­
CO, e x íl io ; Is a ía s , a u t o r ia m ú l t ip l a d e .)

tetm inus a quo. Expressão latina usada e m discussões cronológi­


cas para designar o m om ento inicial (lit., “limite a partir do
term inus a d quern 152

qual” ) em q u e u m evento pode te r ocorrido ou um d ocu ­


m ento pode ter sido escrito.

terminus a d quem. Expressão latina usada em discussões cronoló­


gicas para designar o últim o m o m ento (literalm ente “lim ite
ao qual” ) em q u e um evento pode ter ocorrido ou um docu­
m ento pode ter sido escrito. Por exem plo, 5/ 4 a.G. e 33/ 34
d.C. marcam o TERMINUS A QUO e o te rm in u s a d q uem , respecti­
vos da vida d e Jesus.

T ertuliano (c. 1 5 5 /160-225/250). O prim eiro pai da igreja


(de Cartago, norte da África) a escrever em latim. E conheci­
do pelo s escrito s ap o log ético s (A pologia), teológicos (I)e
baptism o) e ascéticos. Sua obra Aduersus M aráonem [C ontra
M am ão] revela sua oposição ativa ao herege M a r c i ã o . N o s
seus estudos bíblicos, Tertuliano afirmou a unidade das Escri­
turas judaicas e cristãs e a regra d e fé (regula fides) da igreja
apostólica.

Testamaxto dos D oze Patriarcas. D ocu m en to PSElJDEPÍGRAFO (c.


109-106 a.Cl), provavelm ente inspirado e m odelado pela d es­
pedida de Jacó a seus doze filhos (G n 49) e a bênção final de
M oisés a Israel (D t 33). Esse livro co ntém encorajam ento m o­
ral, consolações espirituais e predições d e bênçãos divinas e
punições q u e aguardam o povo d e D eu s na era m essiânica
futura. A obra te m considerável valor histórico e teológico
para o estudo do N T . (V. tb. DISCURSO DE DESPEDIDA)

testimonia. Coleção hipotética de textos do AT usados pelos cris­


tãos primitivos para fins apologéticos e homiléticos. A possibi­
lidade da testim onia cristã primitiva está baseada no uso pelos
escritores do N T d e certas passagens para com plem entar seus
argum entos apologéticos e teológicos ou apoiar certas crenças
sobre a pessoa e propósito de Jesus no cum prim ento do AT.
Tal testimonia pode ter circulado d e forma oral como parte do
153 te x tu a l, c rític a

ensino e pregação cristã primitiva antes de ser incorporada à


obra do autor. A única coleção q u e sobreviveu dessas escritu­
ras vem dos ROLOS IX) MAR M o r i í ): Testimonia é um a série de
citações do AT dem onstrando as expectativas messiânicas da
com unidade de QUMRAN. M ateus faz uso extensivo d e cita­
ções do AT, o q u e sugere — m as não prova — a possibilidade
de um a coleção in d ep en d en te q u e ele poderia ter usado com o
referência. Paulo usou um a coleção de textos prova do AT de
várias fontes: Salmos e Isaías em suas discussões sobre a reti­
dão em R om anos 3.10-20; Oséias, Isaías e outros quando dis­
cutiam sobre os gentios (v. R m 9.24-33; 15.9-12). R om anos
1.17 e Gálatas 3.11 usam H ab acu qu e 2.4 para mostrar q u e a
justificação é pela fé. Finalm ente, IP ed ro 2.6-8 se u n e a Isaías
8.14 e 28.16 quan d o trata da salvação.
São as quatro letras do nom e de D eus no judaís­
T e tr a g r a m a .
m o (gr. tetragrammaton “palavra d e quatro letras” ). N a tradi­
ção judaica, o santo nom e d e D eu s não é pronunciado, e as
quatro letras são escritas sem vogais com o YHWH. N os textos
judaicos atuais o nom e de D eu s é diversas vezes representado
ou por “D ’u s” ou por HaShem, “o N o m e ”, em lugar das q ua­
tro letras e é com freqüência pronunciado Adonai, “Senhor” .
(V. tb . Y a i iw e h , y h w h .)

Tetrateuco. O s prim eiros quatro livros da B í b l i a h e b r a i c a , consi­


derados unidade integral. E m vez d e dividir a Torá em cinco
livros, alguns estudiosos sugerem q u e os primeiros quatro li­
vros são um a coleção e q ue de D euteronôm io a 2Reis (HISTÓ­
RIA DEUTERONOMISTA) formam um a unidade integral adicio­
nal. C ontudo, a relevância teológica do Pentateuco não deve
ser negligenciada por considerações teológicas e literárias.
t e x t u a l , c r í t i c a . Disciplina acadêmica q u e procura estabelecer
o texto de form a mais próxima do original quanto possível ou
provável (tam bém conhecida por BAIXA CRÍTICA). Já q u e não
Textus Receptus 154

tem os mais n e n h u m m anuscrito original ou AUTÓGRAFO, os


estudiosos d ev em escolher e avaliar as cópias restantes com
suas variantes textuais. Por exem plo, erros com um en te ocor­
rem quando as letras são confundidas (em hebraico o d a le t e
o resh são facilm ente confundíveis), quando letras e palavras
são omitidas (HAPLOGRAFIA; HOM EOTELEUTO) ou escritas mais
de um a vez (DITOGRAFIA) e quan d o as letras são invertidas
( m e t A t e s e ) o u justapostas com base em textos ou palavras
paralelas. A crítica textual não apenas seleciona d en tre m a­
nuscritos e fragm entos os erros dos copistas, mas tam b ém con­
sidera as traduções mais antigas (com o a VULGATA ou a P e s h itÁ )
e LEGIONÁRIOS por seus testem unhos sobre o texto. Por ex em ­
plo, a SEPTUAGINTA algumas vezes tem um a perspectiva q u e
parece mais antiga ou mais próxim a ao q u e os estudiosos p e n ­
sam ser o texto original da BÍBLIA HEBRAICA e p odem formar a
base de um a e m en d a (correção d e u m texto q u e aparenta ter
sido corrom pido na transmissão). N ão é sem pre claro, e n tre ­
tanto, quan d o u m a tradução antiga preserva u m texto dife­
rente ou verte um a palavra ou versículo para um a forma mais
com preensível. A crítica textual é vista com freqüência com o
a mais objetiva d e todas as críticas bíblicas e m v irtu d e de
haver regras claras q u e governam o estabelecim ento dos tex­
tos. C ontudo, julgam entos com respeito a qualquer interpre­
tação textual en volvem u m e le m en to d e interpretação, de
forma q u e as discordâncias p erm anecem . (V. tb. ROLOS DO
m a r M o r t o ; T a r g u m .)

Textus Receptus. Expressão latina q u e significa “T exto R ecebi­


do” . N o estudo do AT, o term o é por vezes usado livrem ente
para referir-se à S eg u n d a Bíblia R abínica d e Ya‘aqov b e n
Hayim , publicada n o século XVI. E ste texto tam b ém contém
o TARGUM, ou tradução aramaica, da BÍBLIA HEBRAICA, e os mais
im portantes com entários judaicos (RASHI, Kimchi, I b n E z r a
etc.). Edições críticas mais recentes optam pelo texto de Ben
155 típ ic a , c e n a

Asher (CÓDIC E Leningradense) com o m enos eclético e mais


confiável (os princípios sobre os quais o texto de Ben Asher
está baseado são mais consistentes do q u e o texto d e Ben
Hayim). O term o é usado mais freq ü en tem en te nos estudos
do N T para referir-se ao texto grego d e E r a s m o , de 1535. A
versão KingJam es, ou A uthorized (inglês), está baseada no Textus
Receptus. O Textus Receptus é am p lam ente criticado hoje devi­
do à precipitação com a qual foi produzido e pelo alto grau de
d ep en d ên cia d e textos mais novos em vez d e m anuscritos
gregos mais antigos. (V. tb. TEXTUAL, CRÍTICA.)
thaos aner. (V. a r e t o l o g ia ; d m n o , h o m e m .)

thetdogia cruas. T erm o (literalm ente “teologia da cruz” ) usado


por M artinho L u tero para enfatizar a auto-revelação divina
no sofrim ento e na cruz d e Cristo.

theologoumenon. Expressão originária do grego e do latim q u e


significa “falar sobre D eu s”. O term o geralm ente refere-se ao
ato d e historiar afirmações teológicas derivadas mais da esp e­
culação sobre aspectos divinos e inferências lógicas da revela­
ção q u e dados baseados em evidências históricas. Por ex em ­
plo, a genealogia de Jesus e o nascim ento virginal são classifi­
cados por alguns com o theologoumena derivadas de crenças de
q ue Jesus era o filho de Davi e o Filho de Deus.
terapeutas. G rupo misterioso de ju d eu s q u e operavam curas e
milagres (do grego therapeuo, “curar” ) m encionado por Fílon.
D e forma geral, m as não unânim e, são classificados com o um
ram o dos ESSÊNIOS por suas crenças e práticas aparen tem en te
similares, com o ascetismo, celibato e vida comunitária.
típica, cena. C ena em um relato q u e serve de convenção lite­
rária para outras cenas. C enas paralelas ou repetitivas, com o a
amarga rivalidade entre a esposa estéril e a esposa ou concubina
fértil (Sara e Hagar; Ana e Penina), p od em ser vistas com o
tip o lo g ia 156

parte da TRADIÇÃO o r a l de narrativas, com o diferentes fontes


(de acordo com a CRÍTICA DA FO N TE) 011 com o convenções
literárias, ou seja, com o parte de um a obra literária ou narrati­
va bíblica. Por m eio d e um a cena típica, um autor pode insti­
gar as expectativas do público e refazer essa expectativa ao
variar essas convenções. Toda cultura tem convenções literári­
as q ue se valem dessas variações. “E ra um a vez” e “E m um a
galáxia, distante, m uito distante” são exem plos m odernos dessas
convenções. (V. tb. LE ITM O TIV, L e i t w o r t .)
tipologia. C om parações bíblicas e cios estabelecidos cntrc pes­
soas, eventos, objetos e instituições d e um período bíblico e
outros de outro período, especialm ente entre os do AT com os
do NT. O term o deriva da palavra grega typos, q u e significa
“im pressão, marca, im agem ” e, por extensão metafórica, c
um exem plo ou modelo. A tipologia é em pregada pelos auto­
res bíblicos para revelar a continuidade dos planos de D eus, o
“d esen h o m aior” da história da redenção. A interpretação
tipológica é um a tentativa de detectar tipos no texto bíblico,
e assim com o a INTERPRETAÇÃO ALEGÓRICA, sofre pelos exces­
sos de alguns d e seus adeptos. U m tipo é um a pessoa, evento,
objeto ou instituição inicial; a pessoa, evento, objeto ou insti­
tuição correspondente ou posterior é cham ada ANTÍTIPO. Por
exem plo, Paulo retrata Cristo com o o antítipo de Adão cm
Rom anos 5.12-21: “... Adão, o qual era um tipo daquele q u e
haveria d e vir” (R m 5.14). A tipologia deve ser diferenciada
da INTERTEXTUALIDADE, ainda q u e algum a sobreposição seja
natural. O s tipos não são essencialm ente cronológicos e certa­
m en te não-causais ou opostos. Antes, a tipologia trabalha com
o pressuposto da singularidade do plano divino no qual todos
os eventos e pessoas são parte e reflexo d este plano. D esta
forma, o elem en to “horizontal” (paralelo ao plano histórico)
não é tão im portante quanto o elem en to “vertical” , no qual
os fatos destes eventos são vistos em um a estrutura maior da
157 to p os

realidade divina. Ademais, a interpretação tipológica cristã tem


seu cu m p rim en to na pessoa e obra d e Jesus Cristo; não é
sim plesm ente as correspondências q u e ocupam essa interpre­
tação, mas o cum prim ento d e tais correspondências na vida,
morte e ressurreição de Jesus. E m vez d e um a correspondên­
cia artificial en tre cada pessoa e instituição do AT com Jesus —
e a quase redução dessas pessoas e instituições a m eras som ­
bras — um a tipologia verdadeiram ente teológica vê os ev en ­
tos e personagens transfigurados e aperfeiçoados e m Jesus.
D essa forma, o sacrifício de Isaque, o “filho am ado” de Abraão,
em G ênesis 22 é selecionado no N T com o um tipo d e Cristo,
o filho am ado q u e D eu s d eu por todos. A atividade redentora
divina em u m evento vem para a conclusão do segundo. Am bas
as ocorrências são reais e concretas, m as transcendem um a
correspondência m eram en te causal e significam o progresso
da atividade redentora de D e u s na criação.
toledoth, fórm ula de. A fórmula “E stas são as gerações/ descen­
d en tes (heb. tô td ô t) d e ” é rep etid a em G ênesis com o u m
artifício estrutural. Essa fórm ula reforça o tem a principal do
início e continuidade da raça hum ana. A primeira ocorrência
da fórm ula é em G ênesis 2.4 e serve de ligação entre a criação
do cosmo (G n 1) e a história da hum anidade (G n 2 e 3); ao
longo d e todo o texto ela marca pontos d e junção e desenvol­
vim entos dentro da narrativa.
T om ás d e A q u in o. (V A q u in o ,T o má s d e .)

topos. T em a de citações p resente e m formas literárias e de orató­


ria, incluindo cartas. N o NT, encontram os topoi (pl. d e topos)
como afirmações PARENÉTICAS estendidas (ou ensaios e m m i­
niatura) sobre tem as e tópicos específicos. U m topos é dife­
rente de exortações éticas vagas e sutis, em virtude d e sua
estrutura retórica distinta q u e com freqüência segue o padrão
da injunção, da base lógica, da discussão e possivelm ente da
T o rá 158

analogia. E n tre os exem plos incluem -se as discussões de P au ­


lo sobre o Estado (R m 13.1-7), sobre com er certos alim entos
(R m 14.1-23), sobre a vida cristã à luz do eschaton vindouro
(lT s 5.1-11); a discussão de Tiago sobre a acepção de pessoas
(T g 2.1-13) e sobre a língua (T g 3.1-12) e o guia d e Pedro
para o viver santo (IP e 1.13-16).
T o rá . Prim eira parte do CÂNON hebraico, q u e corresponde ao
PENTATEUCO. É tradicionalm ente traduzido por “lei” basea­
do na tradução grega da palavra hebraica “tô ra K ’ n a Sb.FlVAG lNTA ,
n om o s. T entativas mais recentes d e tradução usam “instru­
ção” com o form a de evitar associações teológicas e judiciais
com a lei, e para reconhecer que tô ra h significa mais do q u e lei
em um sentido judicial, restrito. A T o rá inclui tudo o q u e os
prim eiros cinco livros da Bíblia contêm : saga, leis, cânticos,
genealogias etc. O term o tam bém pode ser usado para desig­
nar o AT com o um todo, incluindo até m esm o o TALMUDE, d e
m aneira q u e tem o sentido da revelação total de D eus e não
apenas m andam entos ou leis. Instrutivas são as passagens com o
Salmos 1.2, no qual os justos se “deleitam ” na T orá, e os sal­
mos 19 e 119, q u e são poem as extensos sobre o valor da T orá.
A T orá estabelece os fundam entos da fé israelita e funciona
como a norm a para julgar todas as experiências su bseqüentes
com Deus. (V. tb. PENTATEUCO; TANAK.)
Tòsseftá. T erm o aramaico q ue significa “adições” (com freq ü ên ­
cia no plural, T osafot). São um a série d e com entários sobre a
M lX N Á escritos por rabinos do século II ao IV d.C.

tradição, crítica da. A bordagem textual q u e busca explicar as


m aneiras pelas quais as diversas tradições históricas se d esen ­
volveram sobre o curso de sua TRADIÇÃO o r a l . Por exem plo,
relatos q u e circularam em diferentes ciclos dos PATRIARCAS
p o d e m fin alm en te te r sido reun id o s e colocados em u m a
unidade maior, ou os oráculos q u e um profeta proferiu d u ­
159 tra d ic io n á rio

rante a crise com a Assíria p odem ter sido expandidos para a


utilização d uran te a crise babilónica. O s ensinos de Jesus e
narrativas, da m esm a forma passaram por vários estágios d e
tradição oral antes de receberem a form a final. A crítica da
tradição ten ta traçar essas tradições ao longo dos diversos está­
gios até a compilação ou redação final. (V tb. FORMA, CRÍTICA
d a ;Je su s , t r a d iç ã o d e ; r e d a ç ã o , c r ít ic a d a .)

t r a d i ç ã o d o s d o i s c a m i n h o s . T em a d e instruções cristãs m o­
rais antigas q u e desenvolve a METÁFORA dos dois cam inhos ou
m odos d e vida. A h u m an id ad e te m a escolha d e viver de
m odo virtuoso ou licencioso; m anifestar as obras da carne ou o
fruto do Espírito; viver na verdade ou na perversidade, na luz
ou nas trevas. E ste tem a é ev id en te no AT, na literatura de
Q[ i m r a n e especialm ente nas seções PARENÉTICAS do N T (p.ex.,
G1 5.13-26; E f 4.17— 5.20; T g 4.1-10; IP e 4.1-6; 2Pe 2.1,2).
O DiDAQUÊ tam b ém tem um a longa seção sobre o “cam inho
da vida” e o “cam inho da m orte” (1.1 — 6.2). (V tb. SAPIENCIAIS,
SALMOS.)

t r a d i c i o n á r i o . Pessoa ou grupo d e pessoas q u e preservam e


repre-sentam um a tradição ou tradições. M ichael F ish b ane
faz a útil distinção entre traditum , o conteúdo da tradição, e
traditio, a m aneira pela qual a tradição é transm itida (Biblical
interpretation in anáent Israel \Inter[)retação bíblica no antigo Is­
rael], 1985. Tradicionários não reproduzem sim plesm ente a
tradição, m as a recolocam em prática de m aneira nova e origi­
nal. O livro d e Crônicas é u m exem plo óbvio d e reproces-
sam ento d e fontes tradicionais (esp. 1 e 2Sm, 1 e 2Rs) e m ui­
tos estudiosos argum entam q u e M ateus e Lucas têm Marcos
como fonte primária. Podem os tam b ém ver esse processo no
aspecto legal: D euteron ô m io 5.12-15 apresenta o aconteci­
m ento do Ê xodo como motivação para a guarda do sábado,
enquanto Ê xodo 20.8-11 faz referência à criação.
Traditionsgeschichte 160

Tmditionsgesdndtie. T erm o alemão traduzido por “história tradi­


cional”. (V. tb. TRADIÇÃO, CRÍTICA DA.)
t r a n s f i g u r a ç ã o . A contecim ento registrado nos três EVANGELHOS
SINÓPTICOS (M t 17.1-8; M c 9.2-8; L c 9.28-36; v. 2Pc 1.16-18)
no qual a aparência d e Jesus passa por um a m etam orfose (gr.
metamorphoo “ter a forma m udada, transform ada” ). N os rela­
tos dos EVANGEI.1 los sobre a transfiguração, Elias e M oisés con­
versaram com Jesus, as vestes dele se transfor-maram em u m
branco ofuscante, e a voz de D eus foi ouvida de um a nuvem
dizendo: “E ste é o m eu Filho am ado em q u em m e agrado.
O uçam -no!” (M t 17.5). E ste acontecim ento foi um a dem on s­
tração prévia da glória de Jesus após a ressurreição.
Trento, C oncílio de. (V. CON CÍLIO DE T r e n t o .)

t r i b a l , c o n f e d e r a ç ã o . (V. ANFICTIONLV)

t r i p l a , t r a d i ç ã o . M aterial com um aos três EVANGELHOS SINÓP­


TICOS. E ste term o evita a alusão às fontes com o as das teorias
das DUAS OU QUATRO FONTES.
Trito-Isaías. V. ( T e r c e ir o Is a í a s .)
T ü b i n g e n , E s c o l a d e . S eguidores d e F erd in a n d C . B a u r ,
centrados na U niversidade de T ü b in g en , q u e adotaram sua
interpretação do cristianism o prim itivo e seus princípios de
interpretação bíblica. M esm o tendo sido am plam ente critica­
do pelo ceticismo histórico e pelas pressuposições radicais, “o
fantasma de Baur” continua vivo em alguns círculos.
Tugendkakúog. (V. CATALOGO DE VÍCIOS E VIRTUDES.)

U g a r ite , u garítico. C id a d e -E sta d o situ a d a ao n o rte da costa


da Síria (Ras S ham ra dos dias atuais) d u ran te a U ltim a E ra
161 U rm a rkus

do B ronze (1550-1200 a.C.), e língua sem ítica do noroeste


d esta cultura. O d escobrim ento dos textos de Ras Sham ra
em U garite forneceu aos estudiosos as evidências mais diretas
e com pletas da língua, literatura e religião cananita d u ran te
o te m p o dos antigos israelitas, e u m a v ez q u e o ugarítico é
m uito sim ilar ao antigo hebraico e a outras línguas cananitas,
provê valiosas inform ações sobre o significado d e palavras
obscuras do AT e das práticas religiosas e culturais dos vizinhos
d e Israel. C o m o e m todo estu d o com parativo, deve-se ex er­
citar a cautela sobre q u e tipo d e conclusão p od e ser esboçada;
tanto as sim ilaridades q uan to as diferenças d ev em ser contra­
balançadas na avaliação final.

u n c ia l. L etras m aiúsculas ou de fôrma, q u e eram características


dos m anuscritos gregos escritos em PERGAMINHO (velino) do
século u i ao IX ou X d.C.

IJrevangdium . E v a n g elh o p rim itiv o o u original (alem ão U r


“prim eiro, original, prim itiv o ” ). O te rm o rep re se n ta um a
te n ta tiv a d e a lg u n s e s tu d io s o s a le m ã e s d e e x p lic a r o
PROBLEMA SINÓPTICO ao propor q u e u m EVANGELHO e m
h ebraico o u aram aico foi u sado co m o fon te por M ateu s,
M arcos e L u c as para escrev er seu s relatos. As sim ilaridades
e diferen ças nos Sinópticos são algum as vezes explicadas
e m term o s d e RECENSÕES gregas d esse U revangelium . (V.
tb. H IPÓ TESE DAS QUATRO FO N TES; HIPÓTESE DAS DUAS
Fo n t e s .)

LJrgmemde. T erm o alem ão com freqüência usado quando se dis­


cute sobre a igreja primitiva (U r “primitivo” + Gemeinde “con­
gregação, com unidade” ) pelo fato d e a palavra captar m elhor
a essência da igreja primitiva q ue o vocábulo Kirche (“igreja” ).
Urmarkus. Versão primitiva do EVANGELHO de Marcos (alemão
U r “prim itivo” ). E ste nom e foi dado por H . J. H o ltzm ann
va ticin iu m ex eventu 162

em 1863 a u m a fon te literária h ip otética ( Urforrn) q u e ele


acreditava q u e M arcos tivesse usado para escrever o evange­
lho (e q ue não continha as passagens d e Marcos que M ateus e
Lucas om item ). Essa hipótese não encontrou apoio en tre os
estudiosos, e não existe evidência d e q u e esse d ocu m en to
exista. A maioria dos estudiosos afirma q u e o evangelho de
Marcos está baseado principalm ente em TRADIÇÕES ORAIS so­
bre Jesus q u e poderiam , por exem plo, ter procedido dos após­
tolos, particularm ente de Pedro. (V. tb. (JREVANGEUUM.)

V
vaticinium ex eventu. E xpressão latina (pl. vaticinia ex eventu )
traduzida literalm ente por “profetizar d e u m resultado” . E m
outras palavras, u m vaticinium ex eventu não seria v erd ad ei­
ram ente um a predição, mas um a profecia colocada nos lábios
da personagem d e um a narrativa à luz de um evento q u e de
fato já aconteceu. N os EVANGELHOS, por exem plo, alguns in­
térpretes têm alegado q u e ocorreram vaticinia ex eventu nas
declarações de Jesus, como a predição da destm ição do te m ­
plo (M t 24.2; M c 13.2; L c 19.43,44; 21.6,22; v. tb. M c 10.38,39;
14.28; L c 19.42). Amós 5.1-3 lam enta a qued a de Jem salém
como um fato realizado m esm o q u e ainda não tivesse aconte­
cido durante a vida dele.
V e lillO . (V. PERGAMINHO.)
Nos esaidos textuais, denota a tradução da Bíblia do hebrai­
v ersã o .

co e grego para outras línguas como o latim, siríaco e etíope.


virtudes, Catálogo d evid o s e. (V. C a t á l o g o D E VÍCIOS E VIRTU D ES.)

\Srlage. F o n te literária ou protótipo (alem ão “o q u e p reced e” )


q ue se encontra por trás da redação final de um texto bíblico.
163 W eltanschauung

N os escudos dos evangelhos, por exem plo, Lucas e M ateus


p odem ter usado um a cópia prim itiva (Vorlagé) de Marcos q ue
diferia em algum aspecto do M arcos CANÓNICO q ue possuí­
mos atualm ente. N os estudos do AT, J, E, D e P (v. HIPÓTESE
DOCUM ENTÁRIA) são vistas co m o as Vorlagen (fo n tes) do
Pentateuco. As Vorlagen de 1 e 2Crônicas é 1 e 2Sam uel e l e
2Reis. (V. tb. UREVANGEUUM; URMARKUS.)
M dgata. Tradução latina da Bíblia feita por JERÔNIMO no século IV
d.C. (latim vulgo “tornar com um , acessível” ). E caracterizada
pela adesão à hebraica veritas (o texto hebraico do AT) em vez
d e se em basar na SEPTUAGIW A o u outras traduções gregas. Ela
se tornou, desta forma, um a testem u n h a adicional do estado
do AT hebraico e do N T grego nos séculos su b seq ü en tes ao
período do N T. (V. tb. TEXTUAL, CRÍTICA.)

W ellhausen, Julius (1844-1918). E rudito alemão do AT. Trans­


formou a situação de estudo do AT com a obra sobre a datação
das fontes no PENTATEUCO. A HIPÓTESE DOCUMENTÁRIA não se
originou com ele, mas ele com binou a análise literária com a
abordagem da HISTÓRIA DA RELIGIÃO q u e capturou a im agina­
ção dos estudiosos e definiu o d ebate a partir de então. Para
W ellhausen, os profetas eram os verdadeiros inovadores da
religião israelita com a noção de “m onoteísm o ético” . As leis
CULTUAIS do P entateu co apareceram posteriorm ente no d e­
senvolvim ento da religião israelita, m arcando um a m udança
para o legalismo q ue não era parte da m ensagem original.
WHtcmschcmmg. T erm o alem ão q u e significa “cosmovisão, filo­
sofia de vida, ideologia” . Usado por vezes nos estudos bíblicos
W estco tt, B rooke F oss 164

para designar a totalidade da perspectiva cultural, filosófica, e


teológica d e um texto.

Westcott, B rook e F o s s (1825-1901). Estudioso do N T e críti­


co textual inglês. W estcott e F en to n J. A. H o r t são mais co­
nhecidos pelas relevantes contribuições à ciência da CRÍTICA
TEXTUAL do NT. A edição de W estcott-H ort do N T grego ( The
New Testament in the originalgreek, w ith introduction a n d appendix
[O N ovo Testamento no grego original, com introdução e apêndice],
1881) dem orou 28 anos para ser finalizada. N ela, os autores
identificaram quatro principais tipos de texto (siríaco, ociden-
tal, alexandrino e neutro) e estabeleceram os princípios da
crítica textual. W estcott, I lort e LlG H T FO O T formaram o trio
de C am bridge em virtude de seu com prom isso similar ao es­
tudo crítico, lingüístico e estudo exegético das Escrituras.

W e es àgm tlich geschefm ist. Frase alem ã traduzida por “com o de


fato aconteceu” . É algumas vezes citada com o slogan p a r a ca­
racterizar a pressuposição p redom inante entre os historiado­
res dos séculos XIX e XX de q u e a história p od e s e r reconstruída
da forma com o ocorreu originariamente.

VMssemfarfi. T erm o alem ão para ciência, conhecim ento ou in te­


ligência. Algumas vezes é utilizado nos estudos bíblicos para
denotar a aplicação do MÉTODO HISTÓRICO-CRÍTIGO (conside­
rado “científico” na acepção alemã) ao estudo das Escrituras.

Wrede, W illiam (1859-1906). E s tu d io s o a le m ã o d o N T. É c o ­


The m essianic secret in the
n h e c id o e s p e c i a l m e n t e p e lo liv ro
Gospels [O segpedo messiânico nos evangelhos] ( 1 9 0 1 ) . S e u s e s t u ­
d o s c o m A d o lf H a r n a c k e A lb re c h t R its c h l fo ra m in f lu e n te s
p a ra s e u p a p e l n o d e s e n v o lv im e n to d a R e lig io n s g e s c h ic h tlic h e
S c h u le [ E s c o l a d a H i s t ó r i a d a R e l i g i ã o ] n a U n iv e r s id a d e
d e G õ t t i n g e n . (V. t b . M e s s i â n i c o , S e g r e d o ; b u s c a d o J e s u s
h is tó r ic o , a; S c h w e itz e r, A lb e r t.)
165 Z e lo te s

Y
Y ah w eh , Javé, Iavé, Y H W H . N o m e aliancístico q u e D eu s
revelou a M oisés no m onte Sinai (E x 3.7-15). E le te stem u ­
nha o relacionam ento especial d e D e u s com seu povo Israel e
seu com prom isso de agir em seu favor por m eio de suas obras
de salvação. Esse nom e é considerado sagrado pelos judeus,
q u e o tran screvem usando apenas as consoantes Y hw h (o
TETRAGRAMA) e o substituem por Adonai, “Senhor” , em vez
d e proferir o n o m e verdadeiro. E stud io so s m o dernos te n ­
d em a afirmar q u e Yahweh é a pronúncia original do nom e
divino (anteriorm ente pronunciado Jeová).
Yavneh. (V. J â m n i a , C o n c í l i o d e . )

y iiw i i. (V. Y a h w e h , Ja vé , Ia v é , Yh w h .)

Z
zadoquitas, d ocum entos/ fragm entos. V. DO CUM ENTO DE D a -
MASCO.

zelotes. M ovim ento revolucionário judaico. O nom e vem do


grego zelotes, pessoa repleta d e zelo, dem onstrando devoção
fervorosa a um a causa. O s zelotes eram u m partido político
judaico, cuja devoção à teocracia e à T o r á levaram a violentos
conflitos contra a ocupação romana da Palestina. Suas provo­
cações contra os romanos adiantaram o cerco e a destruição de
Jerusalém e m 70 d.C.
r

H U Ui
DE E S TU D O S BÍBLICOS
5 S Íí

Estudar a Bíblia é sempre gratificante, mas nem por isso deixa


de ser uma tarefa que requeira tempp e aplicação. Além disso,
o estudo de qualquer área acaba por desenvolver uma
nomenclatura própria. Isso acontece também com os estudos
bíblicos, com termos que podem soar difíceis e complicados.

0 Dicionário de estudos bíblicos é o guia ideal para todo


estudante da Bíblia Sagrada. Sempre com informações práticas
e concisas, você encontra mais de 300 definições sobre a
terminologia da área de estudos bíblicos,como termos gregos
e latinos, termos alemães, tipos de crítica bíblica, termos
literários, termos de crítica textual, teorias etc. Certamente, este
livro é uma ferramenta útil para ler textos teológicos,
decodificar palestras e escrever seus trabalhos e dissertações.
Uma obra indispensável a todo seminarista e estudante da
Palavra de Deus.

Arthur G. Patzia é professor de Novo Testamento e diretor


acadêmico do Fuller Northern Califórnia, nos E UA.
Anthony J. Petrotta é professor de Antigo Testamento do
Fuller Northern Califórnia, nos EUA.

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Categoria:Teologia/Referência

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