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BRASÍLIA - DF
2019
UnB – IL – LIP
Profa. Enilde Faulstich
146382 - Política do Idioma / 119857 - Políticas Linguísticas
Período: 2/2019
Aluno(a): Nayara Ferraz Moreira
Matrícula: 16/0037387
PROJETO
1. ASSUNTO ESPECIALIZADO:
Que inglês brasileiro é esse?
2. TEMA PRINCIPAL:
O uso de estrangeirismos e empréstimos lexicais do inglês no campo da
alimentação.
3. OBJETIVOS:
3.1. GERAL:
Apresentar os estrangeirismos e empréstimos lexicais incorporados ao
português brasileiro, relacionados à alimentação.
3.2. ESPECÍFICOS:
3.2.1 Analisar as diferenças entre estrangeirismo e empréstimo lexical;
3.2.2 Examinar palavras do inglês que são usadas amplamente na área
de alimentos no Brasil.
4. CONTEÚDO:
4.1 Diferenças entre estrangeirismo e empréstimos lexicais da língua inglesa no
português;
4.2 Cupcake: etimologia da palavra e uso no português brasileiro;
4.3 Sandwich (sanduíche): etimologia da palavra e uso no português brasileiro;
4.4 Milkshake: etimologia da palavra e uso no português brasileiro;
4.5 Harmonização linguística na integração dessas palavras no português do
Brasil.
5. CONCLUSÃO
Verificar como os termos emprestados irão se comportar ao longo do uso e o
que isso representa para o português brasileiro.
Uma palavra tão utilizada que muitos brasileiros, senão a maioria, devem desconhecer
sua origem. O termo em português ‘sanduíche’ é de origem inglesa da palavra sandwich e foi
nomeado em homenagem à John Montagu, o 4º Conde de Sandwich, que era conhecido por
seu grande gosto em jogar cartas. Esse apreço por jogos o levou a diversas vezes a jogar
incessantemente, de modo que não parava nem para se alimentar com uma refeição completa,
o fazendo arrumar uma alternativa: colocar pedaços de carne dentro de pães como uma
espécie de lanche prático que o permitiria permanecer na mesa do jogo enquanto as partidas
aconteciam. Com essa fama que o sucedeu, o lanche se popularizou como sandwich a partir
do século XVIII em diversos lugares do mundo, incluindo o Brasil.
Já pertencente ao campo lexical do português, o sandwich sofreu alterações
ortográficas para virar o ‘sanduíche’ que é conhecido hoje, mostrando na prática um belo
exemplo de empréstimo linguístico.
Essa palavra teve origem com a combinação das palavras em inglês milk, que significa
‘leite’, e shake, que significa ‘balançar’. Como se trata de uma bebida originalmente norte-
americana e que foi introduzida no Brasil no último século, sua escrita e pronúncia foram
mantidas, configurando um caso de estrangeirismo. Seu nome descreve a forma como a
bebida é feita: leite e sorvete batidos no liquidificador.
No Brasil ainda temos algumas variantes para essa bebida, como ‘batida de fruta’, ‘leite
batido’ e semelhantes, mas essas são feitas com a adição de pedaços de frutas, e como é o
caso do cupcake, diferem da receita original. Dessa forma, o milkshake serviu para introduzir
um elemento que não existia na cultura brasileira e, como se trata de algo recente, não ocorreu
ainda a assimilação da palavra às regras do português, tal como aconteceu como o ‘sanduíche’
que teve séculos para se adaptar e virar parte do vocabulário do português padrão.
De acordo com Faulstich, 2013: “No Brasil, a interação entre falantes do português e de
outras línguas exige ‘representação’ entre as línguas envolvidas, para que haja harmonização
de informação recíproca. Harmonizar línguas é combinar sistemas, de modo que o resultado
seja uma relação abstrata no plano discursivo – a harmonização linguística – que expõe, no
léxico e na gramática, a representação de um bilinguismo explícito por causa da conformidade
conceitual consistente entre signos.” Ou seja, para que exista uma harmonização linguística é
necessário um bilinguismo por parte dos falantes de modo que uma língua não sobreponha a
outra.
Levando isso em conta, os estrangeirismos e empréstimos lexicais analisados nesta
pesquisa poderiam ser considerados pequenas formas de harmonização, em certo nível, pois
como no caso de milkshake e cupcake, eles não apresentaram mudanças em relação à forma
nem à pronúncia, indicando a existência de um certo nível de compreensão desses termos em
inglês por falantes da L1, mesmo que apenas para essas palavras e não da língua de modo
geral.
Em um aspecto geral, no entanto, o fato de empréstimos lexicais e estrangeirismos
ocorrerem no Brasil não ilustram a concretização do fenômeno de harmonização linguística;
apenas mostram o que poderiam ser estágios iniciais dele, caso o bilinguismo explícito
necessário para a existência do mesmo ocorresse.
4 CONCLUSÃO
Ainda existe uma grande discussão acerca do que os empréstimos linguísticos e
estrangeirismos representam para o desenvolvimento do português. De um lado,
pesquisadores mais conservadores acreditam ser uma ameaça em potencial à preservação da
língua, alegando que a adoção de termos estrangeiros desfaz a necessidade de se ter palavras
equivalentes em português, e do outro, linguistas mais otimistas acreditam ser passos no
caminho certo em direção à democratização das línguas de forma natural e sem representar
risco a elas.
É no mínimo curioso, no entanto, como as palavras estrangeiras que adotamos nas
últimas décadas estão sofrendo cada vez menos adaptações para se acomodar ao português;
a maioria dos termos sobre tecnologia, por exemplo, se manteve em sua forma original mesmo
que apresentasse algumas variações de escrita decorrente da não familiaridade dos falantes
de português com a língua a que ela deriva. No caso do milkshake e do cupcake, é questão de
esperar e ver como eles vão se comportar no decorrer do tempo: se vão se solidificar como um
empréstimo linguístico ou não.
De qualquer maneira, o uso de palavras estrangeiras é uma realidade cada vez mais
comum tendo em vista os avanços tecnológicos de comunicação, o que aponta para um futuro
seguindo na mesma direção.
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS