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Nome:Maria eduarda alves reis

Período 10*

Lei de contravenção penais

A Lei das Contravenções Penais (Decreto-Lei nº 3.688/41) é uma lei publicada


na forma extinta de decreto-lei, a qual prevê disposições sobre as contravenções
penais, que são consideradas uma espécie do gênero infração penal.
Insta salientar que tal lei foi publicada no ano de 1941, quando vigorava o Estado
Novo, governo ditatorial de Getúlio Vargas, sob a égide da Constituição Federal
de 1937, a qual foi outorgada quando o então Presidente da República aplicou o
golpe de Estado.
Com o decorrer do tempo, o Brasil passou por períodos ditatoriais e
democráticos, até chegar à Constituição atual de 1988, sendo que, as leis
anteriores a ela têm que ser recepcionadas, ou seja, analisadas se compatibilizam
ou não com a Carta Magna.
Com isso, a Lei das Contravenções Penais não se compatibiliza com a
Constituição Federal atual, ou seja, não foi recepcionada materialmente, por ser
proveniente de um período autoritário e cerceia várias liberdades individuais e
fere os princípios do Direito Penal Mínimo 
Para isso, utiliza-se de leis, geralmente sistematizadas em um modelo codificado,
denominado Código Penal, para descrever condutas proibidas e impor as
respectivas sanções quando um indivíduo realiza a conduta típica.
Ou seja, há o preceito primário, a conduta proibida e logo em seguida há o
preceito secundário, a respectiva sanção cominada abstratamente. Com isso, os
indivíduos têm ciência de que tal conduta é vedada e, devido ao caráter
intimidatório da pena, buscarão se abster de realizar tais atos.
Assim, o Direito Penal tem uma grande função preventiva, podendo ser geral
quando inibe pessoas de realizar as condutas descritas nos tipos penais e
específica, quando aplica a pena abstrata a indivíduo concretamente.
Insta salientar que o Direito Penal moderno é guiado por certos princípios
norteadores, os quais visam a evitar a inflação legislativa penal e conter o natural
ímpeto legislativo de controlar todos os fatos sociais com sanções penais.
Dentre eles, há o Princípio da Intervenção Mínima, Princípio da Lesividade ou
Ofensividade e o Princípio da Adequação Social, que serão analisados
oportunamente.
Assim, ao analisar toda a legislação penal, deve-se observar se o diploma legal
está em consonância com estes princípios básicos.
No presente caso, a lei em enfoque é a Lei de Contravenções Penais (Decreto-lei
nº 3.688 de 3 de outubro de 1941). A doutrina costumeiramente divide as
infrações penais em crimes e contravenções penais, sendo que aos primeiros são
cominadas as penas de detenção e reclusão e às segundas as penas de multa e
prisão simples.
Logo, não há distinção ontológica entre crime e contravenção, pois a
diferenciação reside basicamente na pena em que é cominada. Porém, ao analisar
as contravenções em si, percebe-se que se trata de infrações penais de menor
gravidade e, consequentemente, com pena reduzida.
Aliás, ao analisá-las, percebe-se seu reduzidíssimo grau de reprovabilidade, de
modo que poderia ser tutelado por outros ramos do Direito menos invasivos à
pessoa.
Portanto, é de se notar que a Lei de Contravenções Penais não está em
consonância com os princípios do Direito Penal, o que será aprofundado na
monografia.
Ademais, como o referido diploma legal é anterior à atual Constituição, quando
esta foi promulgada, ocorreu o fenômeno da recepção das leis anteriores que se
coadunam com a nova ordem constitucional.
Para que haja a recepção, é necessário que a lei seja formalmente válida à luz da
Constituição em que ela foi feita e seja materialmente válida de acordo com a Lei
Maior.
Posto isso, o tema abordado será a não recepção da Lei de Contravenções
Penais à luz da Constituição da República Federativa do Brasil. Ou seja, será
abordado que tal diploma legal não se coaduna com o sistema legal vigente,
considerando os princípios que norteiam o Direito Penal atual.
Assim, na monografia será defendida a tese de que a Lei de Contravenções
Penais não foi recepcionada pela nova Constituição, por estar materialmente
contrária a esta, sendo este um dos requisitos para a recepção.
Ou seja, por violar os princípios inerentes à Constituição, positivados nela ou de
caráter supralegal, a Lei de Contravenções Penais não foi recepcionada,
quedando-se inconstitucional no ordenamento jurídico vigente
Ademais, o presente trabalho se justifica porque a criminalidade é um problema
que assola a sociedade brasileira, assim, deve-se elaborar uma política criminal
eficaz, que atenda às demandas sociais. Com isso, dada a importância social das
leis penais, deve-se sempre ponderar se estas estão em consonância com a lei
maior, a Constituição Federal. No caso das contravenções penais, estas colidem
frontalmente com os princípios constitucionais, além de ter condutas aceitas
socialmente e por isso necessita ser repensadas, revogando-se as condutas
aceitáveis atualmente e tutelar de maneira administrativa condutas pouco lesivas
aos bens jurídicos.
Além disso, o presente trabalho tem por objetivo geral demonstrar que a Lei de
Contravenções Penais se manifesta inconstitucional (não recepcionada). E, para
tal fim se buscará analisar em qual contexto histórico do país a norma foi criada,
esclarecer quais são os requisitos da recepção de uma norma à luz de uma nova
Constituição, apontar os princípios do Direito Penal moderno, além de propor
meios alternativos de tutelar bens jurídicos de forma menos invasiva.
Para a realização desta monografia, foram feitas pesquisas bibliográficas, de
forma a buscar respaldo teórico e acadêmico nos grandes pensadores do Direito
que eternizam suas teorias e ponderações nas suas clássicas obras doutrinárias.

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