Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1
Lei n. 10.576/2017 impactando na sobrevida de uma rede de supermercados, o Maciel
1. DESCRIÇÃO DO CASO
A crise econômica dá-se por uma mudança brusca e repentina no sistema econômico de
um determinado País, Estado ou região em que se observa um momento de estabilidade e
crescimento seguido de escassez de produção e de recursos; as flutuações na economia de um
Estado são comuns e até esperadas, chamadas de ciclos econômicos porque há a alternância de
fases de expansão, depressão, recessão e recuperação no sistema econômico. O Brasil tem
passado por uma crise desde 2014 em decorrência de várias medidas do governo de prover o
crescimento nacional mas que culminaram, após anos, na desestabilidade da economia
brasileira com queda principalmente acentuada na produção de bens, investimentos no país e
aumento de impostos na tentativa de equacionar esse desnível mas ocasionando inflações,
desempregos e falta de investimentos diante da insegurança econômica instalada. No
Maranhão, semelhantemente, a crise instaurada nacionalmente teve reflexos no Estado, e em
vários segmentos empresariais inclusive no ramo supermercadistas. Surge uma Lei n. 10.576,
de 10 de abril de 2017, um programa de incentivo ao desenvolvimento dos centros de
distribuição (CD) no Estado do Maranhão, sendo regulamentada pelo Decreto n. 33.674, de 04
de dezembro do mesmo ano; vigorando em 2018, a qual discorre sobre o programa e os
incentivos fiscais dos centro de distribuição no Maranhão, os requisitos (altíssimos) e os
benefícios fiscais deste, norteando o objetivo principal, defendido na lei, de constituir um
vigoroso polo atacadista de geração de emprego e renda no estado. Em seguida, ocorre um
grande conflito social e no meio empresarial sobre a possibilidade desta última ter ocasionado
uma crise no setor supermercadistas do Maranhão em que evidencia o beneficio legal e,
consequentemente expansão exclusiva, de apenas uma rede de supermercados em detrimento à
acentuada dificuldade de operacionalização da atividade econômica e fechamento de outras
1 Case apresentado à disciplina de Direito Empresarial, da Unidade de Ensino Superior Dom Bosco – UNDB.
2 Aluna do 3° Período, do Curso de Direito, da UNDB. Turma DT03AV.
3 Professor Mestre, orientador.
pequenas e grandes empresas no Maranhão. Então, questiona-se há crise na área
supermercadista no Maranhão?
2.2.1. Instaurada crise no Brasil, e por conseguinte houve reflexos naturalmente no Estado do
Maranhão, a Lei 10.576/2017 somente intensificaria os problemas já enfrentados no ramo de
supermercados, agravou a crise econômica vivida, causando expansão exclusiva de uma rede
de supermercados, a saber o grupo Mateus, em desfavor das demais empresas no mesmo ramo
de atuação, inclusive do grupo Maciel, que vem sofrendo o fechamento de várias de suas lojas.
A Lei 10.576/2017 fere os princípios constitucionais e empresariais, conforme Silva (2005), a
de livre concorrência, prevista no artigo 170, inciso IV, da Constituição Federal de 1988, como
um dos princípios da ordem econômica, é uma manifestação da liberdade de iniciativa, e para
assegurá-lo, a constituição prevê̂ que a lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à
dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros
(artigo 173, §4o), busca-se harmonizar a economia para isso com respeito aos princípios como
livre iniciativa, livre concorrência, direito de propriedade privada, função social da empresa e
o principio da própria preservação da empresa. Ocorreu que em março de 2017 foi aprovado na
Assembleia o Projeto de Lei 234/2017, que beneficiava os centros de distribuição (CD) no
Maranhão com alíquota de apenas 2% no ICMS e o projeto estabeleceu que apenas empresas
com mais de R$ 100 milhões de patrimônio poderiam ser beneficiadas com esse incentivo
fiscal, todavia apenas o Grupo Mateus, que até então já era um CD sólido e vigoroso, e já goza
de incentivos fiscais, poderia ter mais esse beneficio; o Grupo Mateus está estruturado e com
diversas lojas em São Luís e nos interiores, com esse novo “incentivo” com a redução de 18%
para os 2% de ICMS, aumentaria o seu poder de investimento, desenvolvimento e expansão,
em detrimento aos demais empresários desse ramo, causando uma concorrência desleal no ramo
de supermercadistas do Maranhão. Entende-se que por vezes esse principio de liberdade de
concorrência é mitigado vez que o Estado pode intervir quando julgar necessário pelas questões
econômicas averiguadas não para prejudicar ou monopolizar um grupo de atividade econômica
e sim em defesa da população que é o alvo primordial nesse princípio porque deve caber a
soberania do consumidor na escolha entre as empresas que irá escolher para a aquisição dos
produtos, bens ou serviços necessários, e é salutar haver concorrência, sem esta, não há o que
se optar, e perde-se o crescimento daquele ramo de negócio, só o fato de ter apenas um grupo
de supermercado num determinado mercado dominando aquele nicho de negócios é por si só
evidência de crise instaurada, porque não há o que se falar em concorrência nessas
circunstâncias. Esse panorama tem se observado no Maranhão, que expressivamente outras
redes de supermercados vem fechando, e ficando exclusivamente de um grupo supermercadista.
A economia é cíclica e apresenta certos períodos de instabilidade, padrão normal do sistema
capitalista vigente, mas o fato de fatores de crise econômica serem visivelmente percebidos no
Maranhão pode de pronto confirmar que existe uma crise econômica na rede de supermercados
pois observa empresas fechando, menor lucratividade, aumento da taxa desemprego, menor
consumo das famílias e falência e queda de investimentos. Apenas o grupo Mateus se mantém
estável nesse mercado e mantendo sua atividade, mas daí estamos vendo um possível
monopólio. No Brasil, inclusive, tem um órgão competente, o CADE, Conselho Administrativo
de Defesa Econômica, criado pela Lei nº 12.529, de 30 de novembro de 2011, para analisar e
decidir sobre fusões, aquisições, incorporações dentre outras questões nocivas a livre
concorrência. Para Barbosa (2010), o fim mediato das leis concorrenciais é, certamente, a
defesa do consumidor, uma vez que ele é o destinatário final de tudo o que é colocado no
mercado, a concorrência desleal vai de encontro com esse princípio. As leis concorrenciais
devem primariamente defender e regular as relações entre as empresas na economia de
mercado, ela exerce uma função secundária de proteção ao consumidor, em situações que este
corre risco de ser confundido e enganado por práticas de concorrência desleal. Não caberia ao
governo do Estado gerenciar a concorrência entre redes de supermercados tampouco a
constituição não permite esse tipo de intervenção, mas evidentemente essa Lei veio em
beneficio, dentre os atuais grupos existentes, trazer preferência e privilégios a um grupo em
detrimento dos outros causando a impossibilidade de crescimento dos outros grupos. No ramo
empresarial, todos os empresários devem estar em igualdade de condições, independentemente
se um deles tem poder econômico mais fraco, tem que ser uma concorrência entre iguais, num
mesmo patamar de igualdade; a legislação prevê, inclusive, tratamento favorecido em favor das
empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e
administração no País (Art. 170, IX, CF/1988) e não concessões de vantagens para quem já é
economicamente forte; tal princípio não fora respeitada e causou desnível no ramo
supermercadista do Maranhão.
2.2.1.1. Qual a natureza e em que consiste a alegada crise do setor supermercadista do
Maranhão. A crise instaurada se deu por outras leis que concede privilégios e benefícios
distintamente, inclusive de isenção de ISS que o grupo Mateus obteve, desnivelando os grupos
empresariais e interferindo na livre concorrência, na soberania popular, propiciando inclusive
um possível monopólio no ramo supermercadista do Maranhão.
2.2.1.2. Em que medida a promulgação da Lei estadual n. 10.576/2017 agravou tal situação?
Traria agravamento diante da atual crise pois o benefício previsto em Lei permitiria uma
tributação seria infimamente menor para os CD, em detrimento aos supermercadistas restantes,
ou seja, o grupo Mateus teria ainda mais poder de investimento, crescimento e expansão, preços
baixos, poder de negociação com fornecedores e domínio desse ramo de atuação.
2.2.1.3. Quais os argumentos do governo justificariam a edição dessa Lei e quais os efeitos
desta Lei na economia estadual? Trazer investimentos para o Maranhão e um polo de centros
de distribuição no estado com consequente efeitos de geração de emprego e renda.
2.2.2.2. Em que medida a promulgação da Lei estadual n. 10.576/2017 agravou tal situação?
Não agravou, gerou impacto social, boatos, e distorção da realidade, mas não interferiu em si
no sucesso ou fracasso desses estabelecimentos.
2.2.2.3. Quais os argumentos do governo justificariam a edição dessa Lei e quais os efeitos
desta Lei na economia estadual? Possibilidade de trazer novos investimentos para o Maranhão,
incentivo ao desenvolvimento de Centros de Distribuição, firmando compromisso para tornar-
se um centro de distribuição no estado com consequente benefícios em contrapartida
investimento no estado e crescimento e aquecimento no mercado interno.
RODRIGUES, Daniel Almeida; BARROSO, Thyciana Maria Brito; ALVES, Juliana Ribeiro.
Princípios da livre iniciativa e da livre concorrência: intervenção estatal no domínio
econômico. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/58775/principios-da-livre-iniciativa-e-
da-livre-concorrencia-intervencao-estatal-no-dominio-economico/1. Acesso em 22 de Abril
de 2018.
SILVA, José Afonso. Curso de direito constitucional positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros,
2005.
PEREIRA, Henrique Viana. A função social da empresa. Belo Horizonte, 2010. 121f.
https://www.youtube.com/watch?v=0yxsDBmgDaE