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Disfunção caracterizada pela compressão do feixe neurovascular – plexo braquial, artéria e veia subclávia –
na sua passagem pela região cervical, no desfiladeiro torácico, considerada como integrante do grupo LER/DORT.
A literatura registra taxas de prevalência variadas, de 0,3% entre trabalhadores da indústria a 44% em
mulheres trabalhadoras de linhas de montagem (Kuorinka & Forcier, 1995). Entre os fatores causais está o trabalho em
posição forçada com elevação e abdução dos braços acima da altura dos ombros empregando força, flexão e/ou
hiperextensão de ombros, compressão sobre o ombro ou do ombro contra algum objeto e flexão lateral do pescoço.
Os transtornos do plexo braquial podem ser classificados como doenças relacionadas ao trabalho, do
Grupo II da Classificação de Schilling, nas quais o trabalho deve ser considerado como fator de risco, no conjunto de
fatores de risco associados com a etiologia multicausal desses transtornos, particularmente em trabalhadores que
exercem atividades em posições forçadas e/ou com gestos repetitivos.
Ao exame, o quadro pode ser reproduzido por manobras de abdução e rotação externa de braço. Em geral,
durante as manobras há desaparecimento do pulso radial, que, isoladamente, não significa positividade para a presença
de compressão. A compressão costoclavicular também pode reproduzir os sintomas.
A presença de costela cervical com banda fibrocartilaginosa comprimindo o tronco inferior é imperativo
para a caracterização da verdadeira plexopatia braquial compressiva. Qualquer outra queixa de dor na região cervico-
braquial deve ser vista com critério. Somente os casos caracterizados pela compressão do feixe vásculo-nervoso
devem ser considerados.
Segundo Herington & Morse (1995), a síndrome do desfiladeiro torácico é uma anormalidade estrutural
cujo tratamento requer, em geral, apenas uma série de exercícios mantidos por cerca de 6 semanas, para alongar a
musculatura anterior do tórax, fortalecer os músculos da cintura escapular e a parte posterior do tórax, mover a cabeça
e o pescoço para a posição normal (corrigir postura de cabeça fletida ou curvada anteriormente). A correção da posição
usada para dormir deve completar a orientação visando ao melhor controle dos sintomas noturnos. Gordon (1995)
acrescenta que na presença de costela cervical, que costuma aparecer em apenas um dos lados ou na ausência de
resposta ao tratamento conservador, o tratamento cirúrgico estará indicado.
A avaliação da incapacidade decorrente de um quadro de compressão do plexo braquial não é uma tarefa
fácil. Entre as várias tentativas para se organizar, sistematizar, qualificar e, se possível, hierarquizar as deficiências
(em bases semiquantitativas), os indicadores e parâmetros utilizados nos Guides da AMA estabelecem critérios para
classificar e estadiar a disfunção ou deficiência causada pelos transtornos do plexo braquial (que afetam um membro)
em quatro níveis, a saber:
NÍVEL 1: o paciente pode utilizar a extremidade afetada para o autocuidado, para atividades diárias e para sustentar ou
segurar objetos, mas tem dificuldade com a destreza nos dedos da mão;
NÍVEL 2: o paciente pode utilizar a extremidade afetada para autocuidado, pode segurar e apertar objetos com dificuldade,
mas não tem destreza nos dedos;
NÍVEL 3: o paciente pode utilizar a extremidade afetada, mas tem dificuldade com as atividades de autocuidado;
NÍVEL 4: o paciente não pode utilizar a extremidade afetada para autocuidado, nem para as atividades diárias.
Os transtornos do plexo braquial que afetam os dois membros superiores podem produzir deficiência ou
disfunção, cujos indicadores ou parâmetros foram classificados e estagiados em quatro níveis:
NÍVEL 1: o paciente pode utilizar ambas as extremidades superiores, para autocuidado, para segurar e apertar objetos,
mas tem dificuldade com a destreza nos dedos da mão;
NÍVEL 2: o paciente pode utilizar ambas as extremidades superiores para autocuidado, pode segurar e apertar objetos
com dificuldade, mas não tem destreza nos dedos da mão;
NÍVEL 3: o paciente pode utilizar ambas as extremidades superiores, mas tem dificuldade com atividades de autocuidado;
NÍVEL 4: o paciente não pode utilizar os membros superiores.
5 PREVENÇÃO
A prevenção dos transtornos do plexo braquial (11.3.8) relacionados ao trabalho consiste na vigilância dos
ambientes, das condições de trabalho e dos efeitos ou danos à saúde, conforme descrito na introdução do capítulo 18
– Doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo (18.3) relacionadas ao trabalho, deste manual.
Os resultados obtidos podem auxiliar na identificação dos problemas e na definição do caso para fins de
vigilância. Os indivíduos selecionados serão posteriormente avaliados por meio da coleta da história clínica detalhada e
do exame físico. Escalas de limitação ou incapacidade funcional podem ser úteis na estimativa de gravidade. A definição
do caso para fins epidemiológicos é distinta daquela utilizada para fins de diagnóstico clínico e para condução dos casos.
A análise das informações obtidas nas duas etapas da vigilância permitirá a identificação das áreas prioritárias
para as estratégias de prevenção.
O exame médico periódico visa à identificação de sinais e sintomas para a detecção precoce da doença,
por meio de:
• avaliação clínica com pesquisa de sinais e sintomas neurológicos, por meio de protocolo padronizado
e exame físico criterioso;
• exames complementares orientados pela exposição ocupacional;
• informações epidemiológicas.
Entre as entidades nosológicas que acometem os membros superiores estão síndrome do túnel do carpo,
síndrome do pronador redondo, síndrome do canal de Guyon, lesão do nervo cubital (ulnar), síndrome do túnel cubital,
lesão do nervo radial e compressão do nervo supra-escapular. Um outro grupo reúne quadros dolorosos pouco definidos,
porém persistentes, que levam a grande sofrimento dos trabalhadores e dificultam seu trabalho e sua vida pessoal e
social.
As mononeuropatias dos membros superiores podem ser classificadas como doenças relacionadas ao
trabalho, do Grupo II da Classificação de Schilling, nas quais o trabalho deve ser considerado como fator de risco, no
conjunto de fatores de risco associados com a etiologia multicausal dessas neuropatias, particularmente em trabalhadores
que exercem atividades em posições forçadas e/ou com gestos repetitivos.
A seguir, serão caracterizadas cada uma das síndromes que constam da lista.
É a síndrome caracterizada pela compressão do nervo mediano em sua passagem pelo canal ou túnel do
carpo. Está associada a tarefas que exigem alta força e/ou alta repetitividade, observando-se que a associação de
repetitividade com frio aumenta o risco.
As exposições ocupacionais consideradas mais envolvidas com o surgimento do quadro incluem flexão e
extensão de punho repetidas principalmente se associadas com força, compressão mecânica da palma das mãos, uso
de força na base das mãos e vibrações.
Entre os profissionais mais afetados estão os que usam intensivamente os teclados de computadores, os
trabalhadores que lidam com caixas registradoras, os telegrafistas, as costureiras, os açougueiros e os trabalhadores
em abatedouros de aves ou em linhas de montagem.