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DOCÊNCIA
E SABERES
Instituições, História,
Memória e Experiências
Volume II
Volume II
Editora Ilustração
Cruz Alta – Brasil
2021
Copyright © Editora Ilustração
CATALOGAÇÃO NA FONTE
E24 Educação, docência e saberes [recurso eletrônico] : instituições,
história, memória e experiências / organizadores: Ana Maria
Franco Pereira, César Evangelista Fernandes Bressanin, Maria
Zeneide Carneiro Magalhães Almeida. - Cruz Alta : Ilustração,
2021.
v. 2 : il.
ISBN 978-65-88362-78-5
DOI 10.46550/978-65-88362-78-5
1. Educação. 2. Formação de professores. 3. História. 4.
Memória. 5. Pandemia (COVID-19). I. Pereira, Ana Maria
Franco (org.). II. Bressanin, César Evangelista Fernandes (org.).
III. Almeida, Maria Zeneide Carneiro Magalhães (org.).
CDU: 37
Responsável pela catalogação: Fernanda Ribeiro Paz - CRB 10/ 1720
2021
Proibida a reprodução parcial ou total desta obra sem autorização da Editora
Ilustração
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Conselho Editorial
PREFÁCIO����������������������������������������������������������������������������������������13
Jocyléia Santana
APRESENTAÇÃO����������������������������������������������������������������������������15
César Evangelista Fernandes Bressanin
Ana Maria Franco Pereira
Maria Zeneide Carneiro Magalhães de Almeida
SOBRE OS AUTORES�������������������������������������������������������������������439
PREFÁCIO
Jocyléia Santana
Doutora em História/PPGE/UFT
Palmas-TO, abril de 2021.
APRESENTAÇÃO
1 Introdução
1 Essa instituição foi “criada e dirigida por enfermeiras inglesas, foi a primeira escola
Nightingale organizada no Brasil” (SILVA, 1989, p. 76).
24
Educação, Docência e Saberes - Volume 2
científico.
Essa elucidação de fatos históricos ilumina e oportuniza o
entendimento de lacunas e pontos obscuros que são evidenciados
ao longo do tempo possibilitando análises e reflexões acerca da
memória e do ensino da Enfermagem no Brasil e, especialmente em
Goiás, bem como em cidades goianas, como foi o caso da cidade
de Rio Verde.
Estabelecendo uma conexão entre o ensino de enfermagem
no Brasil e a implementação da Escola de Enfermagem Cruzeiro
do Sul na região sudoeste de Goiás, coloca-se em cena um ator
importante para essa compreensão, o médico norte-americano Dr.
Gordon e seu projeto missionário, a saber, estabelecer na cidade de
Rio Verde a Escola de Enfermagem Cruzeiro do Sul e, o Hospital
Evangélico de Rio Verde.
Parte-se, então, do pressuposto de que a conjunção de
um retrato dinâmico das partes que formam o todo perpassa suas
aparências, alcançando o âmago da realidade mundial, nacional
e local. No entanto, ao analisar o cenário da implementação da
Escola de Enfermagem na cidade de Rio Verde, é preciso, a priori,
redesenhar os moldes do sistema nightingaleano de enfermagem
implantado no Brasil, compreendendo, dessa forma, como um
ponto de partida no advento da Enfermagem moderna em nosso
país.
Para tanto, esta comunicação tem como propositura a
reconstituição e a preservação da história e da memória do Ensino
de Enfermagem em Goiás e especialmente na cidade de Rio Verde,
para elucidar essas questões o estudo se propôs a investigar como se
deu a trajetória de formação da enfermeira rio-verdense na Escola
de Enfermagem Cruzeiro do Sul, no período delimitado de 1937
a 1969. O marco inicial corresponde à data de implantação da
segunda Escola de Enfermagem no Estado de Goiás e o ano de
1969, corresponde à última turma de enfermeiras formadas por
essa instituição, após as prerrogativas da Lei nº 5. 692, de 11 de
27
Educação, Docência e Saberes - Volume 2
agosto de 19715.
A busca da reconstituição e preservação da história e
memória do ensino de Enfermagem em Rio Verde é determinante
para a descoberta e a análise de informações acerca da evolução
e do aperfeiçoamento do ensino de enfermagem. Torna-se tão
fundamental quão importante a contribuição dos precursores desta
história, a descrição desta para o ensino de Enfermagem, assim
como os direcionamentos e as condições de desenvoltura deste
ensino, além de fomentar reflexões para a observação criteriosa dos
fatos que ocorreram no passado, para a formação da enfermeira
nessa cidade.
Assim, esse estudo busca identificar informações que revelem
e acrescentem dados sobre a formação da enfermeira entre o fim da
década de 1930 até meados da década de 1960. A evolução do ensino
de Enfermagem e a contribuição de Enfermeiras formadas por
esta instituição educativa, a qual formava mulheres, nesse período
delimitado de pesquisa, não apenas goianas, mas sim, mulheres
de várias regiões do país, revelaram que as enfermeiras formadas
por essa instituição foram pioneiras na evolução deste processo de
ensino e aprendizagem da profissão, e assim, ajudaram na escrita
e na análise da instalação da escola e de toda sua trajetória, como
também foi possível identificar aspectos importantes construídos
e contextualizados na evolução sócio histórica do ensino de
Enfermagem em Rio Verde, bem como em Goiás.
se então, que
[...] a Escola vem se desenvolvendo e nesses ânos tem passado
por ela, 45 alunas, sendo que 9 se diplomaram, em três turmas,
e 24 desistiram expontaneamente, ou por não se adaptarem
à profissão, ou por motivos particulares. Outras, que não
poderam preencher ás finalidade do Curso, foram dispensadas
pela Escola. Como vimos, em geral, só 50% tem vencido os
obstáculos, mas isso não é de se admirar, porque na verdade
“Muitos são chamados e poucos escolhidos” (PROSPECTO
DA EECSE, 1944, p. 2).
Visando garantir essa performance, a Escola seguiu o modelo
de residência, inaugurado com a Enfermagem Moderna, no século
XIX, o qual além de ter objetivos práticos, como o de facilitar o
estudo e os estágios, servia também para controlar a conduta das
alunas, de modo a garantir o perfil desejado da enfermeira, que
compreendia pessoas sérias, dedicadas, modestas e cumpridoras do
dever. Assim, o sistema de internato era importante à medida que
preservava a conduta das alunas, ao segregá-las do mundo e mantê-
las sob permanente vigilância.
No entanto, de acordo com a Lei 775 de 1949, o Regimento
Interno e Didático correspondente ao ano de 1952, aprovado em 1º
de julho do mesmo ano, em seu Art. 13º, alínea c, nos informa que
o “atestado de idoneidade moral, de preferência do chefe espiritual
da Igreja a que pertence, seja qual fôr o credo religioso”, deveria
ser apresentado como documento obrigatório no ato da matrícula
(PROSPECTO DA EECS, 1952, p. 10).
Em outra fonte analisada, de maneira criteriosa, foram feitas
referências ao Prospecto referente ao ano de 1953, o qual se difere
do de 1952 apenas em alguns aspectos. No quesito finalidade,
a visão foi ampliada. A preocupação, nesse ínterim, foi com a
formação da enfermeira, que havia sido estendida à profilaxia e não
só aos cuidados com os doentes, conforme a regulamentação do
Decreto nº 27. 426, de 14 de novembro de 1949, que regulamenta
os cursos de enfermagens e de auxiliar de enfermagem (BRASIL,
1949). Em seu Art. 1º, o “Curso de Enfermagem” tinha por
finalidade a formação profissional de enfermeiros, mediante ensino
38
Educação, Docência e Saberes - Volume 2
4 Considerações finais
Referências
LEIS E DECRETOS
1 Introdução
1 Dom Emanuel Gomes de Oliveira foi o sétimo bispo de Goiás, governando a Igreja
Católica de 1923 a 1955.
48
Educação, Docência e Saberes - Volume 2
3 OLIVEIRA, Dom Emanuel Gomes de. Carta a Madre Inspectora das Filhas de Maria
Auxiliadora. Goyaz, 04 de abril de 1934. 2 páginas. Arquivo do Instituto de Pesquisa
e Estudos Históricos do Brasil Central.
55
Educação, Docência e Saberes - Volume 2
4 OLIVEIRA, Dom Emanuel Gomes de. Carta ao Núncio Apostólico Dom Bento.
Goyaz, 19 de maio 1942. Arquivo do Instituto de Pesquisa e Estudos Históricos do
Brasil Central.
5 BENTO, Dom. Núncio Apostólico no Brasil. Carta a Dom Emanuel Gomes de
Oliveira. Rio de Janeiro. 01 de junho de 1943. Arquivo do Instituto de Pesquisa e
Estudos Históricos do Brasil Central.
56
Educação, Docência e Saberes - Volume 2
6 STEIN, Frei Paulo. Delegado Geral dos Frades Menores do Brasil. Carta à Dom
Emanuel. Divinópolis, 6 de junho de 1943. Arquivo do Instituto de Pesquisa e
Estudos Históricos do Brasil Central.
57
Educação, Docência e Saberes - Volume 2
7 OLIVEIRA, Dom Emanuel Gomes de. Carta ao Revmo. Sr. Pe. Frei Mateus, Provincial
Franciscano. Anápolis, 17 de junho 1943. Arquivo do Instituto de Pesquisa e Estudos
Históricos do Brasil Central.
58
Educação, Docência e Saberes - Volume 2
8 HOEPERS, Frei Mateus. Carta ao Exmo. Revmo. Sr. Dom Emanuel. São Paulo, 25
de junho de 1943. Arquivo do Instituto de Pesquisa e Estudos Históricos do Brasil
Central.
9 OLIVEIRA, Dom Emanuel Gomes de. Carta ao Revmo. Sr. Pe. Frei Paulo Stein,
Delegado Geral dos Franciscanos no Brasil. 28 de junho 1943. Arquivo do Instituto de
Pesquisa e Estudos Históricos do Brasil Central.
60
Educação, Docência e Saberes - Volume 2
10 HOEPERS, Frei Mateus. In: The Provincial Annals. Province of the Most Holy Name
Order of Friars Minor. Vol. IV, n. 01. New York, 1943. p. 158. Arquivo da Custódia
Franciscana do Santíssimo Nome de Goiás.
61
Educação, Docência e Saberes - Volume 2
protestantes.
Em 24 de agosto de 1943 frei Mathias Faust11 respondeu
Dom Emanuel, comunicando-lhe que seriam enviados nove frades
sacerdotes e cinco frades irmãos para formarem o Comissariado12,
e para cuidarem de quatro paróquias e do Ginásio Arquidiocesano
de Anápolis. Alguns dos sacerdotes que viriam já tinham prática
no trabalho em freguesia e também no campo da instrução sendo
professores nos colégios franciscanos. Agora era necessário aguardar
a licença do governo brasileiro para que os frades norte-americanos
chegassem a Goiás – sobretudo, diante da dificuldade que os
Estados Unidos empunhavam para a saída de seus compatriotas em
período bélico. Enquanto isso, os frades se ocupariam com a tarefa
de aprender a língua portuguesa.
Com o desejo de agilizar a parte burocrática para liberação
legal dos frades, Dom Emanuel foi ao Rio de Janeiro para mediar
junto à Coordenação de Assuntos Interamericanos do governo dos
Estados Unidos da América. Dom Emanuel encontrou-se com Sr.
Frederick Hall, da divisão de informação, no Instituto São Francisco
de Sales, para tratar do assunto, o qual se prontificou em ajudá-lo
nessa mediação com o governo norte-americano. O mesmo pedido
foi enviado também ao Ministro da Justiça, para que os trâmites
pertinentes fossem agilizados (NATTIER JR, 1943)13.
Toda mediação política e legal que Dom Emanuel fez para
acelerar a liberação e vinda dos franciscanos norte-americanos a
Goiás demonstrava tão grande desejo da parte dele para que essa
congregação religiosa chegasse a Anápolis para sua nova missão.
11 FAUST, Frei Mathias. Carta à Dom Emanuel do Delegado Geral dos Franciscanos nos
Estados Unidos. Nova Iorque, 24 de agosto de 1943. Arquivo do Instituto de Pesquisa
e Estudos Históricos do Brasil Central.
12 O comissariado era formado pelos freis: Fr. Paul Seibert, o responsável pelo
comissariado, Fr. John Granahan, Fr. Philip Kennedy, Fr. Christopher Neyland, Fr.
ConallO’Leary, Fr. Andrew Quinn, Fr. Dunstan Carroll, Fr. Bernard Tainor, Fr. James
Schuck; os irmãos: Fr. Celsus Gansen, Fr. Anselm Donahue, Fr. Damian Carney, Fr.
John Krieg, Fr. Gabriel Hughes.
13 NATTIER JR, Frank. Carta à Dom Emanuel do Coordinator of Inter-American Affairs.
Rio de Janeiro, 15 de setembro de 1943. Arquivo do Instituto de Pesquisa e Estudos
Históricos do Brasil Central.
62
Educação, Docência e Saberes - Volume 2
16 OLIVEIRA, Dom Emanuel Gomes de. Carta ao Revmo. Sr. Pe. Frei Paulo Seibert,
Comissário Provincial. Campinas 04 de novembro de 1943. Arquivo do Instituto de
Pesquisa e Estudos Históricos do Brasil Central.
64
Educação, Docência e Saberes - Volume 2
mesmo tempo, nos leva a crer que a via utilizada para tal fim seria
a educação.
Percebemos que todos os esforços por parte da Igreja Católica,
para se consolidar em Anápolis com mais força, principalmente no
campo educacional, exigiu dela muito empenho também quanto
a fatores burocráticos internos, para que tudo se encaminhasse de
maneira legal e, assim, esta pudesse alcançar sua finalidade última:
uma proposta educacional consistente que se contrapusesse à dos
protestantes.
4 Considerações finais
17 OLIVEIRA, Dom Emanuel Gomes de. Carta ao Núncio Apostólico no Brasil. Goiânia,
20 de abril de 1949. Arquivo do Instituto de Pesquisa e Estudos Históricos do Brasil
Central.
18 CHIARLO, Dom Carlo. Carta do Núncio Apostólico no Brasil a Dom Emanuel. Rio de
Janeiro, 21 de julho de 1950. Arquivo do Instituto de Pesquisa e Estudos Históricos
do Brasil Central.
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Educação, Docência e Saberes - Volume 2
Referências
Ancha Quimuenhe
Jonas António Francisco
1 Introdução
delegações da UP9.
5 Considerações finais
Referências
1 Introdução
6 Considerações finais
Referências
1 Introdução
2 Para tal empreendimento utilizaremos das edições do Folha do Oeste dos anos
de1953 a 1970. Estas estão disponíveis no CDMGR e Casa Benjamim C.
Teixeira.
3 Pode ser descrito pelos seguintes aspectos: 1) Impessoalização; 2) Institucionalização;
3) Ausência de assinatura e de elementos biografizantes; 4) Uso da variedade padrão
de linguagem; 5) Interação entre uma instituição e indivíduos-leitores; 6) Busca e
cobrança por uma coerência enunciativa; e 7) Ineditismo textual (ALVES FILHO,
2006).
4 Para os autores, o editorial é um “espaço opinativo reservado à instituição
jornalística, no qual a empresa apresenta suas posições acerca de diversos assuntos,
é, provavelmente, o gênero que melhor ilustra a tensão entre interesses públicos e
privados no Jornalismo” (ALVERNE, MARQUES, 2015, p. 121).
5 Bahia (1990) afirma que a “página editorial é também uma comprovação do que
o jornal – acima de qualquer outro veículo – faz da função opinativa. A separação
definitiva entre notícia tende a demonstrar na página editorial a crença na utilidade
da opinião” (BAHIA, 1990, p. 121).
115
Educação, Docência e Saberes - Volume 2
11 Campos e Souza (2016), no artigo “Ensino superior nas páginas do Diário dos
Campos (1947-1950)”, afirmam que o Diário dos Campos constituiu-se em um lócus
importante para divulgação e conformação das ideias se ações que desencadearam a
criação de Faculdades na cidade. Os autores acrescentam que o ensino superior em
Ponta Grossa é resultante de um conjunto de fatores, do cenário nacional e estadual,
que constituíram as condições para o estabelecimento do ensino superior em Ponta
Grossa. No entanto, não “pode ser compreendida sem a atuação das lideranças
culturais e de políticos de âmbito local e regional que defenderam o processo de
interiorização de instituições universitárias” (CAMPOS; SOUZA, 2016, p. 288).
127
Educação, Docência e Saberes - Volume 2
6 Considerações finais
Oliveira.
Referências
Fonte
1 Introdução
2 Memória e história
4 Considerações finais
Referências
Jul/2009.
BARROS, José de Assunção. Memória e história: uma discussão
conceitual. In: Tempos históricos – Dossiê: História, cinema
e música. Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Campus
Marechal Cândido Rondon. Centro de Ciências Humanas,
Educação e Letras. Colegiado do curso de História –v.15,
N. 01. Ano XIII. 1º semestre. Marechal Cândido Rondon:
EDUNIOESTE, 2011. (p. 369-400)
BURKE, Peter. O que é História Cultural?. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar, 2005.
BURKE, Peter. A História como Memória Social. In: O mundo
como teatro-Estudos de Antropologia Histórica. Lisboa: Difel.
1992. Disponível em: http://muna.tripod.com/17.html. Acesso
em: 04/10/2019.
BURKE, Peter. A Escola dos Annales 1929-1989: A Revolução
Francesa da Historiografia. São Paulo: Fundação Editora da
UNESP, 1997.
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Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/psicologia/
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FOUCAULT, Michel. Arqueologia do Saber. Trad. Luiz Baeta
Neves. 5a edição. Rio de Janeiro: Forense Universitária. 2008.
LE GOFF, Jacques. «Memória» in Memória e História.
Campinas: Unicamp, 1990. p.423-483.
LEROI-GOURHAN, A. Le geste et la parole, 2 vol. Paris: A.
Michel, 1964-1965 [Lisboa: Edições 70, 1981-83]
HALBSWACHS, Maurice. Mémoire Collective. Paris: PUF,
1950 (Memórias Coletivas. São Paulo: Centauro, 2006).
NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos
lugares. Projeto História. São Paulo: PUC-SP. N° 10, p. 12.
1993.
143
Educação, Docência e Saberes - Volume 2
1 Introdução
Fonte: Organizado por: José D’Assunção Barros (UFRJ). Disponível em: www.
historiaeparcerias.rj.anpuh.org. Acesso em 27/11/2020
151
Educação, Docência e Saberes - Volume 2
5 Considerações finais
Referências
1 Introdução
para tamanha tragédia que não parou por aí. Este trauma ainda
não havia sido superado quando sobreveio mais um impactante
abalo, desta vez no continente europeu: outro incêndio, responsável
por destruir uma parte da Catedral de Notre Dame em Paris,
construída no século XII. Acontecimentos como esses deixam
marcas irreparáveis, remetendo a Adorno (1995), quando ele fala
da barbárie.
Nesse contexto, é importante considerar o que fazem
muitas instituições escolares quando não preservam os registros
documentais, descartando-os sem levar em consideração a memória
de tantas pessoas que por ali passaram. Outro fator relevante é a
forma de guardar e conservar os arquivos escolares que, apesar de
sua importância, são acomodados em condições insalubres.
Contudo, para justificar a importância da preservação de
fontes históricas nos arquivos escolares, analisada na contradição
entre memória e esquecimento de instituições de ensino, vale a
pena se atentar para o que diz Mogarro:
O arquivo escolar, garante, em cada instituição, a unidade, a
coerência e a consistência que as memórias individuais sobre a
escola, ou os objetos isolados por ela produzidos e utilizados,
não podem conferir, por si sós, a memória e a identidade que
hoje se torna fundamental construir (MOGARRO, 2006,
p.77).
Vale observar que, “[...] a história das instituições
educacionais é facilitada quando a escola mantém o seu arquivo
histórico organizado [...]” (PEREIRA, 2007, p. 88).
Contudo, não se pode deixar de lembrar que a primeira
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Lei n.º 4.024 de
1961, passou a exigir das instituições escolares a organização de um
arquivo para a conservação de seus documentos (RIBEIRO, 1992).
Entretanto, até hoje, muitas escolas não se atentam em
conservar os seus arquivos e seus registros documentais. Isso tem
dificultado as pesquisas dos historiadores da educação que buscam
nas memórias escolares diversos tipos de materiais os quais são
produzidos por pessoas que ajudaram a construir o espaço da escola.
169
Educação, Docência e Saberes - Volume 2
Para Souza,
[...] A despeito de diversas tentativas e iniciativas de organizar
instituições voltadas para a guarda da memória local e
regional, temos conseguido fazer pouco, ou quase nada, se
considerarmos a dimensão e a riqueza do nosso patrimônio
histórico e o crescente processo de destruição a que se encontra
submetido (SOUZA, 2011, p. 127).
Para Le Goff,
O documento não é qualquer coisa que fica por conta do
passado, é um produto da sociedade que o fabricou segundo
as relações de forças que aí detinham o poder. Só a análise do
documento enquanto monumento permite à memória coletiva
recuperá-lo e ao historiador usá-lo cientificamente, isto é, com
pleno conhecimento de causa (LE GOFF,1996, p. 545).
Apesar da importância dos documentos para o conhecimento
do patrimônio cultural e histórico, os pesquisadores ainda se
deparam e lidam com muitas dificuldades para desenvolver as
pesquisas históricas. Tais pesquisas muito ajudariam a compreender
o presente no universo escolar, resgatar fatos e acontecimentos do
passado, avaliá-los e buscar novos direcionamentos em busca de
melhorias para educação.
O professor Justino Magalhães confirma:
A construção da história de uma instituição educativa visa,
por fim, conferir uma identidade cultural e educacional. Uma
interpretação do itinerário histórico, à luz do seu próprio
modelo educacional. A história de uma instituição educativa
constrói-se a partir de uma investigação coerente e sob um
grau de complexidade crescente, pelo que à triangulação entre
os historiadores anteriores, à memória e ao arquivo se deverá
contrapor uma representação sintética, orgânica e funcional da
instituição, o seu modelo pedagógico (MAGALHÃES, 1999,
p. 72).
As instituições escolares são compostas de vários registros de
caráter administrativo, pedagógico e histórico, que são exigidos pela
parte administrativa e pelo cotidiano burocrático, que perpassam
inclusive seu domínio pedagógico. Olhando a instituição escolar,
elas são portadoras de documentos fundamentais para compreensão
170
Educação, Docência e Saberes - Volume 2
[...]”.
Entretanto, pode-se ir mais a frente, no uso do arquivo
escolar e na busca da compreensão e da explicação da existência
histórica de uma instituição. Segundo a hipótese de Magalhães
(1999), deve-se,
[...] sem deixar de integrá-la na realidade mais ampla que é o
sistema educativo, contextualizá-la, implicando-a no quadro
de evolução de uma comunidade e de uma região, [...] por
fim sistematizar e (re) escrever-lhe o itinerário de vida na sua
multidimensionalidade, conferindo um sentido histórico
(MAGALHÃES,1999, p. 64).
Todo esse quadro poderá contribuir para um pesquisador
de História da Educação, para que as pesquisas e a luta pelo direito
de acesso aos documentos e arquivos sejam asseguradas, garantindo
a formulação do conhecimento. A conservação, organização,
manutenção, pessoas qualificadas e material adequado, classificação
são alguns itens que não podem faltar para viabilizar o acesso à
História da Educação e à comunidade de forma adequada.
Os arquivos escolares são também um lugar de memória e
não podem ser considerados apenas um depósito de documentos.
Eles guardam memórias que contribuem na elaboração do
passado e estabelecem uma relação com o presente. É comum
que instituições escolares, nem sempre valorizem os acervos que
possuem, colocando-os em depósitos insalubres.
O ideal para essas instituições seria desenvolver uma política
pública para conservação da documentação e dos testemunhos do
valor que possuem patrimônio cultural: “[...] o patrimônio escolar
não pode ser visto como um conjunto de objetos folclóricos de
um passado que se desconhece, mas tem que ser integrado na
transformação dos contextos escolares e da relação da docência com
a cultura [...]” (FELGUEIRAS, 2005, p. 98).
172
Educação, Docência e Saberes - Volume 2
3 Considerações finais
Referências
1 Introdução
4 Considerações finais
Referências
1 Introdução
2 O PABAEE foi uma das ações do Programa Ponto IV. Este foi a primeira proposta
de assistência técnica bilateral dos EUA para países subdesenvolvidos. O programa
enfatizava o lado técnico do ensino primário, na suposição da didática e dos materiais
adequados.
197
Educação, Docência e Saberes - Volume 2
Quadro 02. A formação dos professores primários das instituições estaduais em Porto
Nacional (1969)*
6 Considerações finais
Referências
Fontes
1 Introdução
formativo específico.
Assim, de caráter qualitativo e natureza bibliográfica, este
trabalho possibilita uma apreensão científica a partir da análise
crítica das concepções propostas e a problematização da temática,
relevante para o campo pedagógico e epistemológico da educação.
camponeses.
Nesse pensamento, Caldart (2002, p.22) esclarece que:
“[...] não há como verdadeiramente educar os sujeitos do campo
sem transformar as circunstâncias sociais desumanizantes, e sem
prepara-los para serem os sujeitos destas transformações”. Diante
disso, o autor nos leva a refletir sobre a educação do campo visando
à construção dos sujeitos conscientes de suas condições, sendo
capazes de se posicionar em prol dos interesses dos camponeses,
para uma sociedade mais justa combatendo as injustiças frente a
uma sociedade reprodutora de desigualdades.
Segundo Nascimento (2004, p.2). “um grande desafio a ser
vencido na realidade social do meio rural são os muitos conceitos
que qualificam ou desqualificam os habitantes do campo”. Dessa
forma, as escolas públicas localizadas no campo, e até mesmo o
próprio Governo, por muito tempo consideraram e de certa forma
ainda consideram esses sujeitos e o seu modo de viver como maneira
atrasada.
Falar ou pensar a educação na concepção de campo significa
assumir uma visão dos processos sociais; na área dos movimentos
sociais demonstra-se um vasto alargamento das questões de lutas;
na política pública está relacionado entre uma política agrária e
uma política de educação, ou política de saúde, ou de educação.
No entanto, na reflexão das dimensões pedagógicas a concepção de
campo significa discutir a arte de educar, bem como os processos
de formação humana, partindo da consciência de um ser humano
concreto e historicamente situado. (CALDART, 2002).
Portanto, constatam-se que a educação no/do campo advém
de lutas antigas, através de movimentos sócias como já mencionado
anteriormente, a educação oferecida aos camponeses, tem que ser
de maneira igualitária àquela mesma oferecida para os filhos de
família rica, a educação não pode ser seletiva, o sistema educacional
precisa funcionar de maneira que o ensino seja oferecido para todos
e não somente a uma determinada parte da sociedade.
Segundo Teixeira (1971, p.22), “[...] se tomarmos o ponto
220
Educação, Docência e Saberes - Volume 2
5 Considerações finais
humana.
Referências
1 Introdução
1 O povoado nasceu com o surto da construção da Rodovia BR-14, hoje Belém- Brasília
ou BR-153. Foi José Ribeiro Torres o seu fundador, que instalou-se na localidade em
1958 ao lado do acampamento da Companhia Nacional, empreiteira da construção
da rodovia. Motivados pela novidade e entusiasmo, a ele se reuniu um aglomerado de
moradores. Foi a Lei Estadual nº 4.716, de 23 de outubro de 1963, que o emancipou
politicamente, com o topônimo de Paraíso do Norte, desmembrando do Município
de Pium, no antigo norte do estado de Goiás. Com a criação e instalação do estado do
Tocantins, o Decreto Legislativo nº 01/89, de 1 de janeiro de 1989, art. 4º, alterou o
nome de Paraíso do Norte de Goiás para Paraíso do Tocantins.
2 Vilani Costa, professora e pioneira da cidade de Paraiso do Norte-Goiás que lutou
pela criação da primeira unidade de ensino da localidade, nomeada hoje de Escola
Estadual Deusa Moraes.
229
Educação, Docência e Saberes - Volume 2
tempos distintos:
Figura 1 – Tempos distintos de uma instituição escolar
2 Trajetórias e conquistas
do Tocantins.
Os estudos sobre a trajetória da unidade escolar pesquisada
revelaram a importância de uma educação de qualidade oferecida à
comunidade. Nota-se que a comunidade escolar da Escola Estadual
Deusa Moraes é contemplada com este quesito tão instigado no
campo da educação, a qualidade, que não se revela unicamente em
números e prêmios, mas no cotidiano escolar.
Nota-se que, desde sua criação em 1964, a instituição
primou por um trabalho exímio mantendo a interação entre a
comunidade escolar e as famílias, como também, a excelência no
ensino. Trabalho esse que, permanentemente, teve o reconhecimento
e validação pela sociedade local e pelo sistema educacional.
Ao analisar fotos, documentos e redigir a trajetória da
Escola Estadual deusa Moraes pôde-se reconhecer as singularidades
carregadas de afeto, interesses, significados e conhecimentos
produzidos pelos alunos através de suas experiências propiciadas
pelo corpo docente, pedagógico, gestor e administrativo da
Escola, atividades desenvolvidas em que cada pessoa desenha sua
participação ao seu modo, com interação em conjunta da equipe
escolar.
Assim,
[...] criar outros entendimentos sobre o passado, propicia
novos olhares do presente e por extensão novas práticas. A
história vivida não tem mais a exigência de ser pensada em
termo de totalidade única. As fontes documentais escritas,
orais, iconográficas, arqueológicas não são mais consideradas
como reflexos verdadeiros ou falsos do passado. Antes,
representam formas de como certos grupos, segmentos, classes
se permitiram pensar, sentir, sonhar, desejar, determinados
acontecimentos, algumas experiencias, certos períodos.
Desse modo, todo documento, em face das suas múltiplas
especificidades como registro, também é e foi uma forma de
produção daquele presente que será passado. Nele há marcas
individuais e sociais, numa imbricação impossível de se
desfazer, mesmo se tivermos a quimera do saber onde inicia
um e termina o outro. (MONTENEGRO, 2005, p. 15)
238
Educação, Docência e Saberes - Volume 2
3 Memórias
4 Considerações finais
Referências
Fontes orais
1 Introdução
2 Marcos históricos
1 Jesuítas eram padres pertencentes a uma ordem religiosa católica chamada Companhia
248
Educação, Docência e Saberes - Volume 2
4 “As ementas à Constituição de 1967 não eram suficientes aos anseios democráticos
da população brasileira, assim em novembro de 1986 foram escolhidos deputados
e senadores para elaboração de uma nova constituição. Em 1988 foi promulgada a
nova carta constitucional. Carta esta que ampliava os direitos dos cidadãos ao incluir
leis trabalhistas, estender o direito a voto aos analfabetos e jovens aos 16 e 18 anos,
considerar a tortura e o racismo como crimes inafiançáveis” (SAVIANI, 2006, p.132).
251
Educação, Docência e Saberes - Volume 2
3.1 A escola
5 A escola que tratamos aqui é o local onde ocorre a educação sistemática e intencional
(PIMENTA; GONÇALVES, 1992, p. 82).
252
Educação, Docência e Saberes - Volume 2
6 A escola para o acolhimento social tem a sua origem na Declaração Mundial sobre
Educação para Todos, de 1990, e em outros documentos produzidos sob o patrocínio
do Banco Mundial.
256
Educação, Docência e Saberes - Volume 2
4 Considerações finais
Referências
A HISTORICIDADE DA EDUCAÇÃO DE
SURDOS1
1 Introdução
do pecado”.
Acreditando na filosofia de que o ser racional seria aquele
que fala oralmente, o surdo que distante da oralidade, mantinha
um “corpo sinalizante”, era visto como irracional, primitivo,
privado de alfabetização e instrução. Aristóteles ensinava que
os que nasciam surdos por não possuírem linguagem, não eram
capazes de raciocinar, desta forma, para o autor os surdos seriam
doentes mentais e constituíam um perigo público (COSTA, 2010).
Encontramos em estudos literários bíblicos menções
de situações em que Jesus, protagonista dos evangelhos, tinha
contato direto com pessoas surdas e inclusive “retirava” seu estado
de “mudez” de forma com que essas pessoas passavam a ouvir e
falar, característica das pessoas “normais”. (BÍBLIA, Lucas 11 a
14). Conforme Stornilo e Balacin (1998), acreditava-se que um
corpo deficiente era uma “Oficina do Diabo” e milhares de surdos
e deficientes não “curados”, eram queimados na “fogueira da
inquisição” pois, conforme o evangelho, “nem este pecou nem seus
pais, mas é necessário que nele se manifestem as obras de Deus”
(BÍBLIA, João 9, 3).
A partir de então, um novo pensamento se inicia partindo do
olhar “cristão”, pelo qual constrói-se uma nova cultura social, pois
as pessoas com deficiência passam a ser vistas como instrumentos
de Deus para se repensar sobre suas próprias práticas, atitudes e
pecados. Tal pensamento atinge as pessoas da sociedade de forma
que já não se exterminava mais, surgia um sentimento de piedade,
pois o maior pecado seria matar uma criatura que também era
instrumento divino. (HONORA; FRIZANCO, 2009).
Com este novo olhar piedoso, as pessoas com deficiência
passam a ser cuidados pelos Abades, Padres e Madres, nos espaços
religiosos, e desde então surgiram as Santas Casas de Misericórdia
que abrigariam os desfavorecidos e abandonados sem ainda uma
educação formal, com um olhar assistencialista, ou seja, os surdos
eram acolhidos, mas ainda sem instrução.
268
Educação, Docência e Saberes - Volume 2
(ARANHA, 2006).
Com a chegada do Marquês de Pombal, em 1759, os jesuítas
foram expulsos do Brasil, desestruturando assim todo o modelo
educacional vigente. O ensino dos jesuítas já era questionado
pela população; eis a Era Pombalina. Em Portugal, Marquês de
Pombal reforma o sistema de ensino, criando as aulas régias (aulas
específicas de Latim, Grego, Filosofia) supervisionadas pelo Diretor
Geral de Estudos, figura responsável pela coordenação da educação
e pagamento dos professores. Ainda conforme Aranha (2006),
no Brasil, o legado deixado pelos jesuítas continuou assumindo
as mesmas atividades dos mestres, ou seja, as aulas régias não se
desvincularam do ideal jesuíta.
No decorrer do século XIX constitui-se a educação nacional.
É neste período que se concretiza cada vez mais a intervenção do
Estado com ações que estabelecem a escola elementar universal,
leiga, gratuita e obrigatória.
No período imperial, a educação era classista, oferecia
uma pequena instrução aos filhos homens dos colonos brancos.
A educação do povo não era laica, nem pública e estava à deriva.
O número de analfabetos aproximava a 85% da população. O
governo imperial abandonou a educação do povo e preocupou-se
em criar escolas para cegos e surdos, organizando alguns Institutos
para este atendimento. Ribeiro (1984, p. 46) ressaltou: “Vale
dizer, o importante na ótica do Imperador eram os ceguinhos, os
surdinhos e os mudinhos. A eles e não ao povo é que D. Pedro
queria carinhosamente acolher”.
A partir do século XX, idealiza-se a educação democrática,
compreendendo a formação do cidadão como um todo, nos
seus aspectos morais, cognitivos e comportamentais. Começam
a surgir os maiores desafios da educação, desde a efetivação das
condições igualitárias até a inclusão. (CRESPO, 2010). É apenas
com o surgimento do documento da Declaração dos Direitos
Humanos, que as pessoas com deficiência começaram a exercer seu
papel de cidadão, com seus direitos e deveres ativos na sociedade.
270
Educação, Docência e Saberes - Volume 2
4 Considerações finais
Referências
1 Introdução
para experiências.
O ‘Festival para Ser Criança’, não exclui ninguém, pois
todas as crianças participam.
As edições são feitas dentro de temáticas: Brincadeiras
Populares, Ginástica Geral, Ginástica Artística, Atividades
Circenses, Atividades Aquáticas, Brincadeiras Indígenas e
Afrodescendentes já foram executadas. Outro ponto de importante
destaque é que para que o festival aconteça são montados grandes
grupos, os quais são compostos por crianças de todas as turmas.
Ao final, há sempre algo que elas gostam: picolés, frutas e bolas
já foram distribuídos à todas que participaram. Ainda quando
criança, a “liberdade” nos recreios, era sempre esperada. Certa vez,
a brincadeira estava tão envolvente que não ouvi o som do sinal que
encerrava a tal “liberdade”, recomeçando as aulas. Quando percebi
que só restava eu e mais dois amigos naquele imenso pátio vazio foi
uma situação marcante. Dentre deste contexto, percebe-se que [...]
“o jogo (aqui entendido no contexto do brincar) é diametralmente
oposto à seriedade” (HUIZINGA, 2014, p. 8).
Em relação ao Festival ora citado, a alegria que pulsa durante
o evento, para além de visível, é algo contagiante. A criatividade com
que desenvolvem suas participações é encantador. Soares (2006, p.
2) aponta que território construído por liberdades e interdições,
é revelador de sociedades inteiras, o corpo é a primeira forma de
visibilidade humana.
Da mesma forma Santin (2001, p. 25) argumenta que:
A preservação da capacidade criativa é fundamental para
o desenvolvimento da criança. É uma maneira de resistir às
imposições da ordem racional, inimiga maior da “desordem”
da fantasia, e uma garantia para que o adulto preserve seu
potencial inovador lúdico.
Entretanto, independe do gênero daquele (a) que atua
profissionalmente nos ambientes escolares, acredita-se que o que
importa é a forma como é encarada a prática docente, pelo (a)
docente. Pois, se vivemos em uma sociedade plural, não podemos
permitir singularidades nos espaços sociais, sobretudo naqueles
298
Educação, Docência e Saberes - Volume 2
Referências
1 Introdução
4 Considerações finais
Referências
A EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE NO
CONTEXTO DA PANDEMIA DA COVID-19
1 Introdução
Sendo esta uma doença em que a vacina ainda não está disponivel
em Moçambique, a prevenção é a melhor opção. Pese embora
alguns países como Inglaterra, Portugal, E.U.A e Brail ja tenham
iniciado o processo de vacinação. No contexto moçambicano, as
medidas preventivas podem contribuir para reduzir a chance de
infeção ou de disseminação da Covid-19 (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 2020):
- Lavar a mãos regularmente com água e sabão ou usar o álcool
em gel. Pois desta forma caso o vírus esteja nas mãos poderá ser
facilmente combatido.
- Manter a distância social de melo menos 1 metro entre as
pessoas. Pois quando as pessoas tossem ou emitem qualquer
fluido poderá contaminar quem estiver próximo, caso a pessoa
esteja infetada pelo Covid-19.
- Evitar os aglomerados, pois quando as pessoas estão nessas
situações, dificilmente se mantem, a distância social de 1
metro.
- Evitar tocar os olhos, nariz e boca, pois por via das mãos estas
estão em contato com várias superficies e poodem facilmenmte
estar contamiunadas. E desta forma transfere-se o virus poara
o nariz, boca ou olhos.
Adotar medidas de proteção tem sido então a principal
campanha da OMS e orgãos de comunicação social. Após tossir,
cobrir a boca com o cotovelo ou lenço de papel que de seguida deverá
ser descartado imediatamnete e as mãos devem ser higienizadas
frequentemente. Ficar em casa e praticar o isolamento social mesmo
que não tenha nenhum sintoma, e caso saia de casa usar a máscara,
tem sido o modus vivendi de maior parte da população nos últimos
10 meses1.
Importa ainda confiar em fontes seguras de transmissão
de informação sobre a Covid-19 como a Organização Mundial de
Saúde ou os serviços de saúde local ou nacional (Instituto Nacional
de Saúde orgão tutelado pelo Ministério da Saúde, no caso de
1 Tendo em conta que desde abril de 2020 foi imposto o primeiro Estado de emergência
em Moçambique. E até a data da submissão do artigo, 03 de fevereiro de 2020.
328
Educação, Docência e Saberes - Volume 2
Abordagem Pressupostos
Respostas das
entrevistas Porcentagem
Sim, perdi 25% do meu salário 8 32
Sim, perdi 50% do meu salário 1 4
Continuei a receber o salário na totalidade 14 56
Outra situação 2 8
Total 25 100
80
64
32
20
4
92 92 88
68
32
8 8 12
4 Considerações finais
Referências
em: <https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-
coronavirus-2019/advice-for-public>. Acesso em: 3 jun. 2020.
Capítulo 18
1 Introdução
(BOURDIEU, 2015).
E evidencia ainda o autor que, a adaptação à exigência da
economia ocorre tanto de uma conversão da consciência quanto de
uma adaptação mecânica às restrições da necessidade econômica,
na medida em que os agentes não são o produto das condições às
quais devem se adaptar (BOURDIEU, 2015).
Salienta Bonnewitz que, “o estado intervém como regulador,
cujas decisões de política econômica e social fixam ou modificam
as regras do jogo do próprio campo em questão” (BONNEWITZ,
2003, p.67). E acrescenta ainda o autor, que a presença de um estado
burocrático, impessoal, modifica as estratégias de reprodução,
conferindo assim ao modo de reprodução escolar uma dominação/
autoridade incontestável.
Com a implementação do ensino remoto (ERE) nas escolas
públicas, como uma medida ou estratégia tomada em muitos países
por causa da pandemia da COVID-19, a seleção social que já vinha
se verificando, parece encontrar um terreno fértil, na medida em
que crianças vítimas de tal seleção ficam cada vez mais excluídas,
sugerindo que tais crianças é que não querem a escola. E este
modelo de ensino não é acessível a todos, senão aqueles que detêm
um mínimo de capital econômico e cultural, portanto, o mínimo
de poder sobre os mecanismos que estejam sob seu controle.
Pontuam Bourdieu e Champagne (2015) que, o fracasso
escolar não constitui o único imputável as deficiências pessoais dos
excluídos, mas também a lógica da responsabilidade individual e os
fatores sociais mal definidos, tal é o caso da insuficiência dos meios
escolares.
Aliando ao pensamento dos autores, pode-se associar
que, a crise enraizada no seio da educação escolar é resultado dos
ajustamentos insensíveis e muitas vezes, inconscientes das estruturas
e disposições, uma forma de dar resposta à época que se vive, sem o
olhar da grande maioria desfavorecida.
Bourdieu e Champagne (2015) enaltecem ainda que, este
cenário constitui a lógica de transmissão cultural, que faz com que
352
Educação, Docência e Saberes - Volume 2
4 Um relato de experiência
correspondência.
Finaliza a professora que, a decisão em realizar o ensino
remoto na escola demandou de bastante trabalho, reflexões e
empenho dos profissionais à reorganização do trabalho escolar,
cujo propósito maior era buscar reduzir os impactos ao ensino de
qualidade aos estudantes.
Quanto a questão 2 que trata sobre os problemas enfrentados
no ensino remoto, segundo a professora o maior deles, em sua
rotina de trabalho, é a falta de acesso às tecnologias digitais da
informação e comunicação (TDICs) principalmente por parte dos
alunos, pois, a carência de conectividade dificulta a realização do
ensino. E mesmo que alguns alunos tenham acesso à internet, parte
deles apresentam dificuldades de acompanhar adequadamente as
aulas remotas por precisar compartilhar o celular/computador com
irmãos e pais.
A professora também menciona outros problemas como,
a carência de infraestrutura e o déficit na formação docente para
atuar com o ensino remoto. Diz à professora que logo no inicio da
proposta do ERE ela buscou (e busca) realizar cursos na internet
para aprender sobre TDICs e assim, mediar adequadamente
o processo de ensino. A professora também comenta que os
pais/responsáveis apresentam alguns problemas, como a falta
de experiência e conhecimento com as plataformas usadas nos
encontros virtuais e assim auxiliar os filhos, além de ter dificuldade
em como mediar às atividades propostas, por exigir conhecimento
e técnicas para ensinar. Ademais, há um número significativo de
pais e responsáveis que não conseguem acompanhar seus filhos por
trabalhar período integral.
A professora menciona que o ensino remoto não é uma
alternativa adequada ao ensino presencial para a educação básica.
Pois, os alunos nesta etapa da educação escolar ainda estão em
formação, e a maioria não tem autonomia para administrar o
próprio estudo, necessitando de um mediador. Isso contribui para
que parte dos alunos não se envolva com as atividades propostas.
356
Educação, Docência e Saberes - Volume 2
5 Considerações finais
Referências
1 Introdução
elite.
Os oprimidos, nos vários momentos de sua libertação, precisam
reconhecer-se como homens, na sua vocação ontológica e
histórica de Ser Mais. A reflexão e a ação se impõem, quando
não se pretende, erroneamente, dicotomizar o conteúdo
da forma histórica de ser do homem. Ao defendermos
um permanente esforço de reflexão dos oprimidos sobre
suas condições concretas, não estamos pretendendo um
jogo divertido em nível puramente intelectual. Estamos
convencidos, pelo contrário, de que a reflexão, se realmente
reflexão, conduz à prática (FREIRE, 1987, p. 33).
Quando dizemos isso, o leitor pode até pensar o seguinte:
mas o vestibular, o Exame Nacional do Ensino Médio, o Fies,
assim como outras ações e métodos governamentais de ingresso nas
Instituições de Ensino Superior (IES) públicas, não são abertas a
todos que tiverem interesse? A resposta é sim, são processos abertos
ao público, no entanto são várias outras questões subjetivas e
individuais que faz, com que a classe trabalhadora, por exemplo,
sejam excluídas dessas possibilidades, ainda que seja aberta ao
povo. Ademais reforça o discurso meritocrático que só aumenta
as desigualdades sociais. Vislumbramos nesse momento no país,
o desmonte e a deterioração das Universidades públicas, onde o
governo, a qualquer custo, busca sucatear as IES com ataques e
cortes de verbas sucessivos.
Na década de 1980, a economia brasileira foi marcada por
sucessivas crises em razão do desequilíbrio na balança de
pagamento, descontrole da inflação, aumento da dívida
externa, insucesso de planos econômicos adotados pelo governo
e outros fatores. Ficou conhecida como a década da estagnação
econômica, a década perdida. Esse quadro repercutiu no setor
educacional, tendo havido uma retração de demanda para o
ensino superior (BORGES; CARNIELI, 2005, p.115).
No entanto, 40 anos depois, o que se pode visualizar é
justamente a mesma situação, tivemos uma expansão das IES no
Brasil, bem como o acesso à essas instituições, com os governos
de Luís Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, e agora temos o
sucateamento das Universidades Federais e o corte de políticas
363
Educação, Docência e Saberes - Volume 2
2 Desenvolvimento
Organização Categoria
IES Município
Acadêmica Administrativa
Centro Universitário de Centro Pública
Goiatuba
Goiatuba Universitário Municipal
Centro Universitário de Centro Pública
Mineiros
Mineiros Universitário Municipal
Instituto Federal
Instituto Federal de Educação,
de Educação,
Ciência e Tecnologia de Goiás Goiânia Pública Federal
Ciência e
(IFG)
Tecnologia
Pública
Faculdade de Anicuns Anincus Faculdade
Municipal
Instituto Federal
Instituto Federal de Educação,
de Educação,
Ciência e Tecnologia Goiano Goiânia Pública Federal
Ciência e
(IFGoiano)
Tecnologia
Universidade de Rio Verde Pública
Rio Verde Universidade
(UniRV) Municipal
Universidade Estadual de
Anápolis Universidade Pública Estadual
Goiás (UEG)
Universidade Federal de
Catalão Universidade Pública Federal
Catalão (UFCat)
Universidade Federal de Goiás
Goiânia Universidade Pública Federal
(UFG)
Universidade Federal de Jataí
Jataí Universidade Pública Federal
(UFJ)
Fonte: elaborado para o presente estudo, a partir dos dados do site https://emec.mec.
gov.br/, 2020.
Fonte: imagem do Analisa Dados, seção graduação. Coleta dia 01 de dez. de 2020
(UFG, 2020).
368
Educação, Docência e Saberes - Volume 2
Fonte: imagem do Analisa Dados, seção graduação. Coleta dia 01 de dez. de 2020
(UFG, 2020).
Fonte: Imagem do Analisa Dados, seção graduação. Coleta dia 1 dez. 2020 (UFG, 2020).
372
Educação, Docência e Saberes - Volume 2
Fonte: imagem do Analisa Dados, seção graduação. Coleta dia 01 de dez. de 2020
(UFG, 2020).
salienta que a luta deve ser contínua e constante, pois ainda que
estejamos no século XXI, e inegável que o racismo está presente nas
mais diversas ações do cotidiano. Ultimamente, com a expansão
das mídias digitais a veiculação de notícias pelas redes sociais,
infelizmente muitos tem sido os casos de racismo, expostos pelos
aplicativos de celular, contudo isso apenas revela o que a anos vem
acontecendo e muita das vezes passavam desapercebidos e impunes.
O Brasil construiu, historicamente, um tipo de racismo
insidioso, ambíguo, que se afirma via sua própria negação
e que está cristalizado na estrutura da nossa sociedade. Sua
característica principal é a aparente invisibilidade. Essa
invisibilidade aparente é ainda mais ardilosa, pois se dá via
mito da democracia racial, uma construção social produzida
nas plagas brasileiras (GOMES, 2017, p. 51).
Apesar de lamentável, é comum ouvirmos a frase: “isso é
serviço de preto”, esse é um dito popular de senso comum, que
simboliza um serviço mal feito, ou um serviço braçal que exige
força física, mas que sobretudo ridiculariza uma ação, como se
tudo que é feito por preto é ruim, quando Nilma diz: “um tipo de
racismo insidioso”, entendemos que trata-se do racismo traiçoeiro,
enganador, falso, no qual as pessoas negam serem racistas, mas
utilizam um dito popular como este, e ainda justifica dizendo que
era só uma brincadeira.
Fonte: imagem do Analisa Dados, seção graduação. Coleta dia 08 de dez. de 2020
(UFG, 2020).
Fonte: imagem do Analisa Dados, seção graduação. Coleta dia 09 de dez. de 2020
(UFG, 2020).
378
Educação, Docência e Saberes - Volume 2
Fonte: Imagem do Analisa Dados, seção graduação. Coleta dia 09 de dez. de 2020
(UFG, 2020).
Fonte: imagem do Analisa Dados, seção graduação. Coleta dia 08 de dez. de 2020
(UFG, 2020).
Imagem 09 - Per Capita por Cor/Raça e por Grau Acadêmico – UFCAT / Presencial.
Fonte: imagem do Analisa Dados, seção graduação. Coleta dia 08 de dez. de 2020
(UFG, 2020).
Fonte: imagem do Analisa Dados, seção graduação. Coleta dia 08 de dez. de 2020
(UFG, 2020).
3 Considerações finais
Referências
1 Introdução
seguinte:
Tenho sido um aluno médio, não tenho alcançado a nota
máxima 10, mas tenho ficado em média de 7,5 a 8,0 em outras
disciplinas e 9,0 a 9,5 em matemática. Nossa média é 6,0.
Matemática, Física, Química e Português. Eu já gosto da
matéria do conteúdo então fica mais fácil de entender. Quando
chego em casa por gostar mais estudo, sempre dou uma olhada
no meus cadernos, memorizo mais e fico motivado em estudar
o conteúdo em casa e comentar com os colegas.
Como exposto, dentro de suas possibilidades, o aluno
se saiu bem nas avaliações. O mesmo apresentou facilidade nas
disciplinas de Matemática, Física, Química e Língua Portuguesa.
Pode-se perceber que as três primeiras disciplinas citadas pelo aluno
vão ao encontro do curso que pretendia cursar no futuro, uma vez
que exatas se constitui como uma das bases da Engenharia Civil.
Quando interrogado sobra a EJA, o aluno demostra
uma feição de contentamento, diz recomendar essa modalidade
de ensino, assegura que é uma grande oportunidade para quem
quer concluir uma etapa de ensino e para quem almeja continuar
a estudar como é “o meu caso que vou prestar vestibular para
Engenharia Civil no meio do ano, e daqui alguns anos serei um
engenheiro formado”.
5 Considerações finais
Referências
1 Introdução
9 Consultar: Por amor e por força: as rotinas na educação infantil (BARBOSA, 2006).
408
Educação, Docência e Saberes - Volume 2
Referências
https://doi.org/10.5007/1980-4512.2020v22nespp1177
Sites acessados
ALFABETIZAÇÃO SIGNIFICATIVA
DE ADULTOS ON LINE: LIÇÕES DA
QUARENTENA
1 Introdução
2 Análise e discussão
Relato 1
Neuma, 81 anos, foi indicada por sua amiga Rosilda que
falou que tinha umas professoras da UMA muito boas que
estavam ensinando a ler e escrever. Quando liguei e falei
que era a professora da Rosilda ela achou que era um trote.
Respondeu que não tinha mais idade para estudar. Sua amiga
falou que ela tinha que estudar sim. Liguei pra Neuma que
colocou muita dificuldade, falando que não poderia ficar
muito tempo sentada. Entretanto, acabou aceitando o desafio
de aprender a ler escrever nesta quarentena. Uma semana
depois liguei novamente e propus uma visita pra saber se estava
conseguindo fazer as atividades. Ela aceitou, mas percebi que
estava um pouco desconfortável. Quando pedi o livro para
ver o que ela tinha respondido ela afirmou que só fez uma
atividade de caça-palavra e que tinha umas atividades lá que
era para criança. Leciono há três anos para a EJA e de fato
não há material adequado de alfabetização para os adultos.
Há inúmeros livros para crianças, infelizmente nossos velhos
são deixados de lado. Quando iniciamos com este projeto do
livro de atividades para uma quarentena tínhamos o anseio de
elaborar atividades significativas. Reformulamos os livros para
alcançarem os anseios dos nossos velhos. (ALESSANDRA
VILELA, PROFESSORA, 43 ANOS)
É importante considerar que os alunos da EJA não são
crianças grandes e não podem ser tratados como tal em sala de
aula. “São pessoas com experiências de vida, já bastante recheadas
de saberes. E, ainda que não formais, eles precisam ser levados em
conta”, explica Vera Barreto, Presidente do Vereda - Centro de
Estudos em Educação. Além do mais, usar o material das crianças
pode não despertar o interesse desses alunos. (REVISTA NOVA
ESCOLA, 2018).
Diante disso, para se obter resultados, deve-se ter em
mente ações como: planejamento, organização, metas e métodos
e intencionalidade. A estimulação deve ser adequada, planejada,
diretiva e deve respeitar os limites individuais.
430
Educação, Docência e Saberes - Volume 2
Relato 2
Tenho 56 anos e nasci em Inajá Pernambuco, tenho seis filhos
não tive muita infância comecei a trabalhar muito nova, aos
16 anos eu engravidei e não pude ir para a escola. Quero
agradecer a Alenilda que é minha professora e quero agradecer
a Alessandra porque foi ela quem me chamou e me indicou
e me incentivou a estudar foi a Alessandra, então quero
agradecer demais a ela por ter me convidado e eu já falei pra
ela: Alessandra se eu não fui a escola a escola veio até mim,
porque ela me convidou e eu falei, tá eu vou ver, e esse vou
ver eu acho que nem ia né, mas graças a Deus ele colocou
ela e a Alenilda na minha vida, hoje estou aqui aprendendo
e eu quero continuar aprendendo se Deus quiser. Eu fui esses
dias ao cartório e consegui assinar meu nome completo, não
preciso mais carimbar meu dedo porque já consigo escrever,
eu estou gostando dos ditados que a minha professora posta
todos os dias no grupo do WhatsApp, porque vou juntando
as letrinhas e vou lendo e eu também posso criar as palavras e
fazer, por exemplo, hoje eu fiz tudo com a letra C aí quando
você for fazer o ditado com essa letra eu já fiz e eu vou fazendo
sem me pedir porque fico muito feliz quando eu consigo ler o
que escrevi. (CÍCERA LIMA, ALUNA, 56 ANOS)
Geralmente, o ditado é um método utilizado na educação,
precocemente, com o objetivo de que as pessoas aprendam novas
palavras, embora esse não seja seu único benefício, pois, além desse
objetivo, o ditado auxilia na melhoria e compreensão da leitura,
estimula a criatividade e alimenta a memória.
Sabemos que o ditado é uma ótima forma de alfabetizar
crianças e adultos. Percebemos que a atividade do ditado proporciona
um grande avanço na aprendizagem do aluno, se aplicado como
uma forma de aprendizado. Basicamente, é um método através do
qual o professor lê um texto e os alunos devem escrever o que eles
ouvem, levando em conta não só o vocabulário, mas também, a
colocação adequada de sinais de pontuação.
Nas atividades desenvolvidas para essa população, adotou-
se o método fônico, porque compreendemos que a consciência
fonológica é a chave para aprender a ler línguas ortográficas e
alfabéticas e está fortemente relacionada com aprendizagem da
431
Educação, Docência e Saberes - Volume 2
conhecimento.
As trocas verbais se dão tanto de forma síncrona, por
meio de bate-papo, como assíncrona, por meio de interação no
WhatsApp, entre outras possibilidades de comunicação online, as
quais possuem aspectos qualitativos e quantitativos diferenciados.
Diante disso, o mais importante é o caráter dialógico
das interações verbais, mediadas pelo uso dessas tecnologias. As
tecnologias por si mesmas nada fariam se não fossem as relações
bem sucedidas entre pares, grupos, ou até mesmo, em massa, na sua
maioria, por meio do uso de tais artefatos tecnológicos, quer seja
em tempo síncrono ou assíncrono.
Nas Atividades desenvolvidas com o grupo de participantes
foi prioritário na rotina de mediação pedagógica, o estabelecimento
de uma rotina de trabalho, acessando o grupo de WhatsApp
diariamente, a disponibilização de conteúdos e atividades,
preferencialmente, no mesmo dia da semana, assim os estudantes
terão uma rotina estabelecida com sua disciplina, a cobrança de
prazos estabelecidos, tendo consciência de analisar cada justificativa
apresentada pelos estudantes pelo não cumprimento das atividades,
os retornos constantes aos estudantes, o acompanhamento
periodicamente o acesso dos estudantes no ambiente, bem como a
execução das atividades, a clareza das orientações sobre determinado
período de estudo, indicando o que deve ser feito, onde, em que
prazo e os critérios para a avaliação, a avaliação dos resultados
alcançados pelos estudantes, ressaltando os pontos positivos e onde
podem melhorar.
Entendemos que a aprendizagem deve ser sempre
significativa e com sentido. Quando se traz o que é significativo
e coloca-se de forma compreensiva, ativam-se áreas necessárias
para isso. O que era dor vira prazer, e assim não há desistência
de aprender. Geralmente, quem não tem prazer em fazer é porque
não compreendeu. Se for ativado o prazer, serão acionadas áreas do
sistema límbico e aquelas que ativam a memória, será uma memória
que permanecerá.
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Educação, Docência e Saberes - Volume 2
5 Considerações finais
Referências
ANCHA QUIMUENHE
Possui mestrado em Educação/Formação de Formadores pela
Universidade Pedagógica - Moçambique (2014). De 2012 a
2018, atuou como diretora do curso de administração e gestão
da Universidade Pedagógica - Moçambique. Docente efetiva
da Universidade Rovuma em Nampula (Moçambique) desde
2006. E a partir de 2019 cursa o Doutorado na Pontifícia
Universidade Católica de Goiás (PUC - Goiás). http://lattes.cnpq.
br/0186345200547801
WENDER FALEIRO
Licenciado e Bacharel em Ciências Biológicas, Licenciado em
Pedagogia pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU); Mestre
em Ecologia e Conservação de Recursos Naturais e Doutor em
Educação pela UFU. Pós Doutor em Educação pela PUC-GO.
Atualmente é Professor da Faculdade de Educação e do Programa
de Pós-Graduação em Educação - Universidade Federal de Goiás,
transição para Universidade Federal de Catalão. Líder - Fundador
do Grupo de Pesquisa e Extensão em Ensino de Ciências e
Formação de Professores – GEPEEC – UFCAT/CNPq. E-mail:
wender.faleiro@gmail.com ORCID: https://orcid.org/0000-0001-
6419-296X