Você está na página 1de 13

1

CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIRETO - UNIAVAN

PROJETO DE PESQUISA - TCC

Acadêmica: Stéfany Casarin Macedo Conceição


Orientador: Paulo Ferrareze Filho

Balneário Camboriú
2022
2

SUMÁRIO

1. IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO..................................................................................3
2. OBJETO.............................................................................................................................4
3. OBJETIVOS.......................................................................................................................4
3.1 OBJETIVO GERAL..................................................................................................4

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS....................................................................................4

4. JUSTIFICATIVA..............................................................................................................4
5. MÉTODO DE PROCEDIMENTOS................................................................................5
5.1 MODALIDADE DE PESQUISA...............................................................................5
5.2 MÉTODO DE ABORDAGEM..................................................................................5
5.3 OBJETIVOS................................................................................................................6
5.4 TÉCNICAS DE PESQUISA.......................................................................................6
6. ORDENAÇÃO DO TEMA EMBASAMENTO TEÓRICO..........................................6
7. EMBASAMENTO TEÓRICO.........................................................................................7
8. CRONOGRAMA...............................................................................................................9
9. REFERÊNCIAS.................................................................................................................9
3

1. IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO

1.1 TÍTULO PROVISÓRIO:


Tratamento do sujeito perverso no Direito Penal brasileiro

1.2. ACADÊMICO(A):

1.2.3 Nome: Stéfany Casarin Macedo Conceição


1.2.3 E-mail: stefanycasarin@outlook.com
1.2.4 Telefone para contato: (47) 99639-3452

1.3 ORIENTADOR:

Paulo Ferrareze Filho

1.4 Curso de Direito do Centro Universitário UNIAVAN

1.4.1 Trabalho de Conclusão de Curso

1.4.2 Linha de Pesquisa: Direitos Fundamentais, Políticas Públicas e Sistemas de


Justiça

1.5. DURAÇÃO DA PESQUISA

1.5.1. Início: Fevereiro de 2023

1.5.2. Término: Dezembro de 2023


4

2. OBJETO

2.1 TEMA:

Direito e Psicanálise

2.2 DELIMITAÇÃO / RECORTE DO TEMA:

Análise da (im)putabilidade e a recepção do sujeito perverso no sistema penal brasileiro

2.3. PROBLEMA:

Qual é o tratamento dispensado ao sujeito perverso, enquadrado nos artigos 121 e 213, do
Código Penal pelo sistema penal brasileiro?

2.4. HIPÓTESE: (possíveis respostas à pergunta-problema)

A primeira hipótese do presente artigo é em relação ao tratamento da culpabilidade


dispensado ao sujeito perverso no ordenamento jurídico atual. Diante disso, no caso do sujeito
perverso ser considerado imputável, ele será penalizado pela justiça, uma vez que ele tem
plena consciência de suas ações e desvios das normas impostas pela sociedade.
A segunda hipótese relaciona-se com a inimputabilidade do sujeito perverso, sendo
assim, ele não será responsabilizado penalmente (periculosidade) pelas ações cometidas, haja
vista que ao tempo da infração penal, o sujeito perverso não tinha o discernimento necessário
para compreender o ato criminoso que estava praticando, bem como as consequências de seus
atos.
Dessa forma, o sujeito inimputável pode ser classificado como doente mental, ou
portador de desenvolvimento mental incompleto ou retardado, que no momento da conduta
criminosa não tinha condição de entender o caráter ilícito de seus atos, sendo assim, será
isento de pena, contudo, poderá ser sancionado de outra maneira, através da medida de
segurança, que tem como objetivo realizar o tratamento do agente, a fim de torná-lo apto a
conviver em sociedade, sem voltar a cometer crimes.
5

3. OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL (TEMA)

Pesquisar a recepção da perversão no sistema penal brasileiro e refletir sobre a


(in)imputabilidade do sujeito perverso

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS (DELIMITAÇÃO DE TEMA)


(cada objetivo específico se transformará em um item do artigo)

a) Conceitualizar a perversão para a psicanálise


b) Analisar o tratamento dispensado ao sujeito perverso pelo Direito Penal brasileiro
c) Analisar o caso do “Maníaco do Parque”

4. JUSTIFICATIVA
(Pq é importante pesquisar o tema que eu escolhi)
(qual é urgência?)

Conforme aponta Dany-Robert-Dufour, se nos tempos de Freud a psicanálise girava


em torno das neuroses, nossos dias apontam cada vez mais para uma centralidade das
perversões que, na concepção do autor, passaram a se tornar ordinárias.
Assim, é de suma importância que seja aprofundando o estudo dessa estrutura
clínica, especialmente considerando os impactos dessa centralidade para o Direito Penal.
Sabidamente, os crimes cometidos por sujeitos perversos são os mais horripilantes,
haja vista que os perversos, uma vez desprovidos de sentimento de culpa, são capazes de
cometer crimes com requintes de crueldade e que atentam contra a dignidade humana em
todas suas dimensões. Dessa maneira, pode ser visto o grau de maldade do sujeito perverso, o
qual apresenta um risco à sociedade em que está inserido, pois cada vez mais ocorrem crimes
bárbaros em diversos lugares, cometidos por estes sujeitos que são totalmente frios e cruéis
com suas vítimas.
Sendo assim, é primordial realizar um estudo de caso que englobe o tema perversão,
uma vez que dessa forma poderá ser analisado o comportamento do sujeito perverso, bem
como será visto acerca da possibilidade deste sujeito ser ressocializado na sociedade. No
6

presente trabalho foi escolhido o caso do “Maníaco do Parque”, um dos crimes que mais
marcou a história no país, tendo em vista a crueldade do assassino perante suas vítimas.
Portanto, o tema escolhido é crucial para o Direito, tendo em vista a complexidade de
aplicar as sanções penais em face dos sujeitos perversos, uma vez que há um impasse em sua
aplicação.

5. MÉTODO DE PROCEDIMENTOS

A natureza da pesquisa se constitui por ser básica, à abordagem aplicada é a


qualitativa, com objetivo explicativo, e os procedimentos técnicos a serem utilizados são o
estudo de caso e a bibliográfica.

5.1 MODALIDADE DE PESQUISA

Este projeto de pesquisa é de natureza básica, uma vez que não possui quaisquer
objetivos comerciais. Assim, foi escolhido este tipo de produção pela inclinação puramente
científica sem nenhum interesse comercial, tendo como objetivo principal obter novos
conhecimentos acerca do tema escolhido.

5.2 MÉTODO DE ABORDAGEM

O método de abordagem que embasará o artigo será o qualitativo, tendo em vista que
a análise de dados a ser realizada não envolverá medição ou apresentação de resultados
exatos.

5.3 OBJETIVOS

O objetivo aplicado à pesquisa é de natureza explicativa, haja vista que visa


identificar os fatores que determinam, bem como que contribuem para a perversão do ser
humano.

5.4 TÉCNICAS DE PESQUISA


7

Em relação ao desenvolvimento do projeto pesquisa, serão utilizadas as técnicas de


estudo de caso e bibliográfica. Dessa forma referente ao estudo de caso será analisado o caso
concreto do maníaco do parque. No tocante a parte bibliográfica será desenvolvida
principalmente a partir de doutrinas e artigos pertinentes ao direito penal e a psicanálise,
sendo estes retirados nas bases de dados Scielo e Google Acadêmico, entre outros.

6. ORDENAÇÃO DO TEMA EMBASAMENTO TEÓRICO

1. INTRODUÇÃO
2. O SUJEITO PERVERSO
2.1 O CONCEITO DE PERVERSÃO
2.2 O DESEJO PERVERSO
2.3 A PERVERSÃO SÁDICA
3. RESPONSABILIDADE PENAL DO SUJEITO PERVERSO
3.1 CULPABILIDADE
3.2 IMPUTABILIDADE, SEMI-IMPUTABILIDADE E INIMPUTABILIDADE
3.3 DA IMPUTABILIDADE DO SUJEITO PERVERSO
3.4 ESPÉCIES DE PENA
4. ANÁLISE DO CASO DO MANÍACO DO PARQUE
4.1 CASO MANÍACO DO PARQUE
5. CONCLUSÃO
6. REFERÊNCIAS

7. EMBASAMENTO TEÓRICO

2. O SUJEITO PERVERSO

O presente tópico buscará conceitualizar a perversão dentro do campo psicanalítico,


expondo as diferenças cruciais entre as três estruturas clínicas propostas por Freud (neurose,
psicose e perversão), bem como objetiva resenhar o livro “O desejo perverso” de Mario Flaig
para destacar, no final, o conceito e os traços principais da perversão sádica.

2.1 O CONCEITO DE PERVERSÃO


8

O conceito de perversão abrange um campo muito amplo, tendo em vista que através
dele são compreendidos diversos comportamentos, práticas, fantasias, desejos, os quais
relacionam-se com a norma social e automaticamente a uma norma jurídica. O significado de
perversão conhecido popularmente está ligado à prática sexual, a arte erótica, com relação a
um sujeito “tarado” ou “degenerado”, conforme contextualizado no livro dicionário da
psicanálise.
Nesse sentido, segue abaixo a visão de Elizabeth Roudinesco e Michel Plon acerca da
perversão:
1
Termo derivado do latim pervetere (perverter), empregado em psiquiatria e pelos
fundadores da sexologia para designar, ora de maneira pejorativa, ora valorizando-
as, as práticas sexuais consideradas como desvios em relação a uma norma social e
sexual. A partir de meados do século XIX, o saber psiquiátrico incluiu entre as
perversões práticas sexuais tão diversificadas quanto o incesto, a homossexualidade,
a zoofilia, a pedofilia, a pederastia, o fetichismo, o sadomasoquismo, o travestismo,
o narcismo, o auto-erotismo, a coprofilia, a necrofilia, o exibicionismo, o
voyeurismo e as mutilações sexuais (...) (ROUDINESCO & PLON, 1988, p. 583-
584).
Na visão de Roland Chemama a perversão seria um tipo de experiência de uma paixão
humana, e o desejo estaria relacionado a um objeto inanimado.
2
A perversão não é uma simples aberração da conjunção sexual em relação aos
critérios sociais estabelecidos. Ela coloca em ação o primado do falo, realizando
uma fixação do gozo em um objeto imaginário – frequentemente errático – em lugar
da função fálica simbólica, que organiza o desejo por intermédio da castração e da
falta. A perversão isola a função do objeto, em sua relação com o complexo de
castração, enquanto esse objeto é enunciado como a causa que dita a dialética do
desejo no neurótico. S. Freud observou “que a predisposição às perversões era a
predisposição original e universal da pulsão sexual” (Três ensaios sobre a teoria da
sexualidade, 1905). Essa proximidade é a razão da dificuldade de separar de forma
distinta a especificidade da perversão em sua generalidade (CHEMAMA, 1995, p.
162).
Entretanto, Sigmund Freud aborda que a perversão estaria ligada a ideia de um desvio
em matéria de sexualidade, determinando que a sexualidade perversa não teria limites, seria
um desvio em relação a uma pulsão, uma fonte, um determinado objeto ou um alvo. Destes
termos Freud dividiu em dois tipos de perversões, primeiro as perversões do objeto e segundo
as perversões do alvo, definições das quais serão vistas mais adiante. Freud, ainda criou três
1
ROUDINESCO, Elizabeth & PLON, Michel. Dicionário de psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.
2
CHEMAMA, Roland. Dicionário de psicanálise. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1995.
9

estruturas clínicas na psicanálise, a neurose, a psicose e a perversão, as quais serão explicadas


no decorrer do trabalho.
Conforme visão de Paulo Ferrareze Filho:

3
Ainda que no senso comum denomine-se o perverso como psicopata, a psicanálise
chamará de perversão o conjunto de características comuns aos sujeitos que estão a
meio caminho entre a realidade (neurose) e a loucura (psicose). Freud afirmava que
a neurose é o negativo da perversão, ou seja, aquilo que um neurótico recalca, o
perverso expressa-o diretamente em sua conduta libidinal. (FERRAREZE. 2022, p.
50).
Os perversos não respeitam as leis impostas a sociedade, estes criam suas próprias leis,
tendo em vista que suas ações são movidas por seus mais profundos desejos, sempre em busca
de seu próprio gozo.
O desvio de comportamento ocasionado pela perversão começa a dar os primeiros
sinais ainda na infância, e se desenvolve no decorrer da vida adulta, desde o nascimento o
indivíduo está em uma busca consciente ou não de satisfazer seus prazeres, sem se importar
de forma alguma com as regras da sociedade.
Tendo como algumas de suas características a ausência de sentimentos, de culpa,
medo, vergonha, impulsividade, tendência à sedução e à mentira, egocentrismo, falta de
responsabilidade, tendência a ser vingativo, entre outras.
A perversão está presente cada vez mais na sociedade, sendo demonstrada como uma
condição comum nos indivíduos, assim, se origina em grande parte da população o desejo
perverso, sendo uma busca a qualquer preço por algo que irá saciar seu objeto inanimado.
Segue abaixo a visão de Charles Melman sobre a perversão que está presente no
espaço natural em que o ser humano está inserido:
4
Seria preciso dizer que se talvez nem sempre vemos claramente a perversão é
porque não apreendemos bem que ela se tornou o nosso espaço natural. O
funcionamento social hoje certamente é muito mais regido pela perversão, isto é, a
recusa em fazer da subjetividade daquele com quem lidamos o menor entrave ao
exercício de um poder ou de um gozo, não importando o fato de que ele ek-sista. O
que importa é que ele realize sua tarefa e isso sem nenhum limite, sem nenhuma
barreira, sem fronteira. Esse tipo de dispositivo parece fazer parte de nossa fisiologia
moderna ao ponto de mal sabemos de que maneira estamos imersos, tanto a
perversão se tornou nosso meio de imersão. (MELMAN, 1999, p. 63).
3
FERRAREZE FILHO, Paulo. Curso de Psicologia do Direito. 2.ed. São Paulo, Editora Tirant lo Blanch,
2022.
4
MELMAN, Charles. Le pervers suprême. Paris: Cahiers de 1’ Association Freudienne Internationale, 1999.
10

Diante do exposto, conclui-se que a perversão está inserida no espaço natural da


sociedade, ao ponto do ser humano está totalmente imerso nessa nova realidade.

2.2 O DESEJO PERVERSO

O desejo tem como objeto específico o inanimado, conforme palavras de Mario Fleig:
5
Na particularidade da presença do inanimado se desenha, talvez a especificidade da
estrutura do desejo perverso: o dever de negar radicalmente a alteridade do outro,
especialmente seu caráter de ser vivo, e, como corolário, o dever de instrumentizá-
lo. (FLEIG, 2008, p. 17).
O desejo do ser humano tem uma base por si só perversa, uma vez que advém na
dependência de um objeto cuja captura pode ser de duas formas, imaginária ou real, ambas
visam à ocorrência do gozo, por meio do objeto de desejo.
Nesse sentido, “O objeto de gozo se apresenta sempre sobre um fundo de ausência e
de incerteza, que torna o matriz da culpa e da impotência que são formas comuns de suportar
a diferença sexual e a castração”. (FLEIG, 2008, p. 34-35).
“A perversão e o desejo perverso estão determinados então por um modo particular de
gozo, no que diz respeito ao sujeito constituído no contexto da ciência moderna, e por isso
concerne a todos nós”. (FLEIG, 2008, p. 109).
Assim, o prazer que advém do desejo, pode ser chamado também de gozo, uma vez
que seria uma satisfação inconsciente, obtida pelo sujeito em seu movimento em torno do
objeto inanimado, visando sua satisfação.
Em vista disso, Jacques-Alain Miller disserta:
6
Lacan especializou progressivamente o termo gozo para qualificar a satisfação dita
inconsciente, a satisfação da qual não se sabe. De tal forma que aqui, neste nível,
nada de falta, mas sem dúvida podemos extrair de Freud a noção de que o
funcionamento do que ele chama de aparelho psíquico conduz, invariavelmente à
insatisfação. Porém, ao mesmo tempo, encontramos nele a demonstração de isso
goza sempre. (MILLER, 2016, p. 13).
Em relação à etimologia da palavra desejo vem do latim, dessa forma:
7
A etimologia nos ajuda nesse caso: a palavra desejo vem do latim, desiderium, que
por sua vez, decorre do verbo desiderare, formado do prefixo de mais o verbo

5
FLEIG, Mario. O Desejo Perverso. Porto Alegre, Editora CMC, 2008.
6
MILLER, J.-A. Percurso de Lacan: uma introdução. Rio de Janeiro: J. Zahar Ed. 2016.
7
FLEIG, Mario. O Desejo Perverso. Porto Alegre, Editora CMC, 2008.
11

siderare. Siderare em português siderar, refere-se ao movimento dos astros, a sua


sideração, em rotas eternamente imutáveis. Assim, a desideração ocorre quando há
uma ruptura do roteiro fixo e a saída da rota supostamente dada pela natureza. A
desideração, ou seja, o desejo, é idêntica à quebra da versão tida como natural, é
uma perversão ou inversão. É nesse sentido que o ser humano, pelo fato de estar
submetido à linguagem, é um perverso polimorfo, sempre exposto à deriva
provocada pela desideração e que somente encontra um frágil amparo nos meandros
das palavras, visto que também essas não se encontram livres da perversão dos
sentidos nas infinitas formas de equivocação. (FLEIG, 2008, p. 62).
Portanto, pode ser analisado que o desejo é uma perversão ou inversão, a qual afeta os
indivíduos de diferentes formas.
O objeto inanimado é o que falta para o sujeito, o qual entra em uma busca para
encontrá-lo, assim se constitui o desejo. Desse modo Mario Fleig explica o objeto inanimado:
8
O sujeito, lançado nas vias de desideração, jamais pode se assegurar de seu ser e
não ser buscando uma ancoragem na cadeia significante a outro, não lhe restando
senão a condição de ser um puro corte entre os significantes. Essa sustenção acaba
não sendo o suficiente, necessitando então de um objeto, que é o objeto que lhe falta
e por isso se constitui o desejo. Mas esse objeto também leva o selo formal do corte,
ou seja, é um objeto impossível de ser determinado em sua essência. (FLEIG, 2008,
p. 63).
O objeto visa satisfazer o desejo próprio do sujeito, este é tomado em seu estado de
natureza, assim, a partir dos efeitos da ciência os objetos sofrem transformações. Diante disso
o objeto irá mobilizar o sujeito na busca da satisfação exigida pela pulsão, contudo, a
satisfação plena nunca irá ocorrer, resultando em um busca incessante por isto, esta busca do
sujeito, é a busca pelo desejo no Outro.
Nesse sentido, Mario Fleig conceitua “(...) O desejo do perverso se situa no Outro,
abrindo para o deslocamento e inversão da relação meio e fins: os fins justificam os meios”
(...) (FLEIG, 2008, p. 108).
Nas palavras de Charles Melman na entrevista realizada com Mario Fleig, no tocante
ao desejo perverso:
9
O sujeito perverso é sempre alguém que trás um progresso, alguém que está
animado pela inteligência dos fenômenos e que faz a denúncia da lei. Primeiro,
porque a lei precisa sempre ser transposta para que o desejo possa ser realizado. Ou
seja, toda realização do desejo supõe, em geral, uma ultrapassagem da lei. Em
segundo lugar, o que diz o perverso, com sua inteligência, é que ele sabe qual é o
8
FLEIG, Mario. O Desejo Perverso. Porto Alegre, Editora CMC, 2008.
9
FLEIG, Mario. O Desejo Perverso. Porto Alegre, Editora CMC, 2008.
12

verdadeiro objeto do desejo. É por isso que ele faz o catálogo dos diversos objetos
causa do desejo. Então, o perverso se apresenta habitualmente como sendo ao
mesmo tempo, o herói do intelecto e o herói do desejo, o que lhe dá seu caráter
fascinante. (...) Ilustra constantemente, que transgredir a lei não terá nenhuma
consequência particular sobre ele. Então, o perverso se apresenta sempre como um
homem de progresso e libertador, e é isso que constitui seu charme e seu sucesso.
(FLEIG, 2008, p. 159).
Dessa maneira, foi analisado que o desejo surge necessariamente de Outro, uma vez
que o sujeito perverso realiza uma busca para encontrá-lo e assim se satisfazer, entretanto essa
satisfação nunca será plena, o que ocasiona na busca incessante pelo objeto inanimado do
desejo.

2.3. A PERVERSÃO SÁDICA

A perversão sádica se trata do comportamento caracterizado pelo prazer em ver os


outros sofrerem, sendo a busca pelo prazer sexual do sujeito através de tortura, flagelos e
humilhações físicas e morais a um terceiro. Assim, este tipo de perversão está diretamente
relacionado a pulsão de vida (sexual) e a pulsão de morte.
A pulsão de vida está relacionada a sexualidade, uma vez que conforme Freud
explicou, logo após o nascimento já é desenvolvido na criança elementos psíquicos de cunho
sexual, ou seja, a libido, que estaria ligado a relação do bebê com a pessoa que desempenha a
função materna em sua vida, e assim automaticamente cria-se uma rivalidade com a pessoa
que desempenha a função paterna. Este fenômeno é chamado de Complexo de Édipo.
Contudo, a pulsão de morte é uma compulsão à repetição que se dá por conteúdos já
vivenciados, que retornam ao consciente do indivíduo, seria uma perda da realidade, como
exemplo disso é o masoquismo.
A perversão sádica é ligada a satisfação grandiosa na tortura vivenciada por outrem,
através dessa satisfação pode ocasionar diretamente em situações dolorosas que o indivíduo
pode estar cometendo, e sendo até mesmo penalizado por isto.

8. CRONOGRAMA
13

setembro

novembr

dezembr
outubro
agosto
março

junho

julho
maio
abril

o.o

o.o
Exemplo: Escolha do tema, X
delimitação, pergunta
problema......
Exemplo: procedimentos X
metodológicos
Exemplo: Embasamento X
teórico

9. REFERÊNCIAS

ABREU, Michele O. De. Da imputabilidade do Psicopata. Rio de Janeiro: Lumen Juris,


2021.

LOPES JUNIOR, Aury. Direito processual penal. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. 15. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2016.

GOBBO, André et al. Metodologia do trabalho acadêmico. Balneário Camboriú, Editora


Avantis, 2012.

FERRAREZE FILHO, Paulo. Curso de Psicologia do Direito. 2.ed. São Paulo, Editora
Tirant lo Blanch, 2022.

FLEIG, Mario. O Desejo Perverso. Porto Alegre, Editora CMC, 2008.

ROUDINESCO, Elizabeth & PLON, Michel. Dicionário de psicanálise. Rio de Janeiro:


Jorge Zahar, 1998.

CHEMAMA, Roland. Dicionário de psicanálise. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1995.

MELMAN, Charles. Le pervers suprême. Paris: Cahiers de 1’ Association Freudienne


Internationale, 1999.

MILLER, J.-A. Percurso de Lacan: uma introdução. Rio de Janeiro: J. Zahar Ed. 2016.

Você também pode gostar