Você está na página 1de 37

INTRODUÇÃO À CITOLOGIA: A CÉLULA 2

MICROSCOPIA 5

O microscópio óptico ou de luz 5

O microscópio eletrônico 7

CÉLULAS EUCARIÓTICAS X CÉLULAS PROCARIÓTICAS 8

CÉLULAS ANIMAL E VEGETAL 12

MEMBRANA PLASMÁTICA: CARACTERÍSTICAS E FUNÇÃO 13

SOLUÇÃO: SOLUTO E SOLVENTE 15

TRANSPORTE ATRAVÉS DA MEMBRANA: TRANSPORTE PASSIVO 16

Difusão Simples 16

Difusão facilitada 17

Osmose 18

TRANSPORTE ATIVO: A BOMBA DE SÓDIO E POTÁSSIO 20

TRANSPORTE POR VESÍCULAS 22

ENVOLTÓRIOS EXTERNOS À MEMBRANA PLASMÁTICA: GLICOCÁLICE E PAREDE CELULAR 23

ORGANELAS E ESTRUTURAS CITOPLASMÁTICAS 26

O CITOPLASMA 27

OS RIBOSSOMOS 29

O RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO RUGOSO (RER) OU ERGASTOPLASMA 30

O RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO LISO (REL) OU NÃO GRANULOSO 31


COMPLEXO DE GOLGI (OU APARELHO DE GOLGI) 32

LISOSSOMOS 32

PEROXISSOMOS 33

MITOCÔNDRIAS 34

NÚCLEO 34

VACÚOLOS 35

PLASTOS 35

DIGESTÃO CELULAR E APOPTOSE 36

Agora que você já estudou o módulo 2 e conhece a base molecular da


vida, vamos nos dedicar a estudar a unidade fundamental dos seres vivos: a
célula. E para iniciarmos a nossa viagem pelo mundo celular vou te contar
algumas curiosidades.

O corpo humano apresenta, em média, 60 trilhões de células. Se


considerarmos que cada célula tem o comprimento médio de 30 µm e
organizarmos todas em uma fila, seria possível percorrer a distância entre a Lua
e a Terra (400 000 km) 4,5 vezes.

Você é uma pessoa alta ou baixa? A diferença entre você e o seu amigo
mais alto não é o tamanho das células e sim a sua quantidade. Então, se você
mede 1,74 m terá menos células em seu corpo do que uma pessoa que mede
1,95 m. E a última curiosidade é sobre a capacidade de reposição celular do
nosso corpo. A pele é o maior órgão do nosso corpo e apresentam inúmeras
células epiteliais na sua estrutura. A cada sete dias estas células são renovadas
para manter o nosso corpo protegido.

INTRODUÇÃO À CITOLOGIA: CÉLULA


Há 500 anos atrás a existência das células era desconhecida. A primeira
pessoa a observar os microrganismos foi o comerciante Anton van
Leeuwenhoek, que usava lentes para observar tecidos. Leeuwenhoek
desenvolveu lentes com uma boa capacidade de aumento. Na mesma época,
por volta do ano 1665, o famoso Robert Hooke, utilizando um microscópio
composto (com mais de uma lente e iluminado com uma vela), observou a cortiça
de árvores.

2
Hooke descreveu pequenas
cavidades no interior das cortiças, dando o
nome de célula (diminutivo latino de Cella
que significa “lugar fechado”). Mas o que
Hooke observou, foi apenas a parede
celular, pois a cortiça é um tecido vegetal
morto,ou seja, onde as células não estão
mais presentes.

A cortiça é encontrada na casca (súber) de sobreiros, árvores da espécie


Quercus suber. Este material é leve e um ótimo isolante, isso se deve ao fato de
ser composta por suberina (um tipo de lipídio) que se deposita na parede celular.
As células desse tecido morrem pela presença da suberina, que em fases
adiantadas do desenvolvimento celular passa a impedir a entrada de nutrientes.
A cortiça pode ser extraída da árvore que tem entre 25-30 anos de idade e entre
os meses de Junho e Agosto. Hoje este material, utilizado na produção de rolhas,
está sendo substituído por materiais sintéticos.

Color Plate 1. Tree characteristics: (a) Trunk with virgin bark, (b)
detail of the bark after extraction, (c) acorns. Photos: (a) J. G.
Pausas, (b) E. Chirino, (c) F. Selvi. James Aronson, João S. Pereira,
and Juli G. Pausas (Ed.), Cork Oak Woodlands on the Edge
Ecology, Adaptive Management, and Restoration, Society for
Ecological Restoration International, 2009.

3
Em 1820 o botânico Brown, descobriu um “pequeno corpo” presente no
interior de algumas células, que nomeou núcleo. E como isso iniciaram
questionamentos sobre como estas estruturas biológicas surgem. Na busca por
esta resposta, em 1838, outro botânico, o Schleiden conclui que a célula é a
unidade básica dos seres vivos e um ano mais tarde o zoólogo alemão Schwann
generalizou esse conceito também para os animais. Juntos eles desenvolveram
a TEORIA CELULAR que afirma:

1. Todos os seres vivos são formados por células;


2. A célula é a menor unidade viva;
3. Células sempre surgem de outras células;

Mas e os vírus? Como classificá-los segundo a teoria celular? Sem


dúvidas estas estruturas não apresentam organização celular. Porém, isso não
é motivo suficiente para não considerar que ele é um ser vivo. Na comunidade
científica há pesquisadores que defendem que vírus são seres vivos e outros
que defendem que não são.

Os pesquisadores que afirmam que os vírus não são seres vivos utilizam os
seguintes argumentos:

- São acelulares e portanto contrariam a Teoria Celular;


- Não tem potencial bioquímico, ou seja, não realizam reações químicas
por conta própria;
- Só se reproduzem quando estão no interior de outra célula (parasitas
intracelulares obrigatórios).

Já os pesquisadores que afirmam que os vírus são seres vivos utilizam os


seguintes argumentos:

- Vírus realizam atividades complexas, como enganar nosso sistema


imunológico e causar doenças;
- Presença de material genético (RNA ou DNA) com capacidade de
transmitir suas características para os descendentes;
- Capacidade de evolução: o material genético viral sofre alterações
ao longo do tempo.

4
As 60 trilhões de células que formam o nosso corpo surgiram de apenas
UMA célula: o zigoto, formado pela união entre o óvulo e o espermatozoide. O
tamanho médio de uma célula animal fica em torno de 10μm e 30μm (5 a 10
vezes menor do que o olho humano pode ver), e por isso para a citologia é
fundamental o uso de microscópios.

MICROSCOPIA
O poder de resolução do olho humano é de 0,1mm, o equivalente a 100μm
(100 micrometros). Isso quer dizer que se desenharmos dois pontos com a
distância de 0,1mm entre cada um ainda será possível identificar cada um deles.
Mas se a distância entre eles for menor que 0,1mm precisaremos de ajuda para
enxergá-los separadamente. Isso quer dizer que qualquer objeto ou estrutura
menor que 0,1mm só será visualizada por humanos se algum dispositivo com
lentes de aumento for usado. E no caso da biologia esse dispositivo é o
microscópio que pode ser óptico ou eletrônico. Veja na imagem abaixo que
estruturas podemos ver utilizando os microscópios ou apenas os nossos olhos:

5
O microscópio óptico ou de luz
O microscópio de óptico utiliza luz para a formação das imagens, assim
como nosso olho. A diferença entre ele e nossos olhos está no poder de
resolução e na capacidade de aumento. O poder de resolução do olho humano
é de 100μm, enquanto que do microscópio óptico de luz é de 0,2 μm (equivalente
a 0.002000000mm). Isso quer dizer que se desenharmos dois pontos com uma
distância de 0,2 μm entre si a olho nu não será possível diferenciá-los, mas
utilizando um microscópio isso será possível.

Os microscópios ópticos são compostos por apresentarem lentes


oculares e objetivas que proporcionam o aumento das imagens em até 1500x.
As lentes oculares (aumento de 10x) são aquelas em que colocamos os nossos
olhos para enxergar e as objetivas (aumento pode variar de 4-100x) são as que
ficam próximas do objeto observado.

Bizu: O aumento do tamanho da imagem se dá pelo conjunto de lentes


convergentes (estudadas em física).

Observe a imagem de um microscópio óptico:

Para que as imagens sejam formas uma fonte


de luz é necessária e deve passar pelo
condensador. Ao chegar na platina os raios de
luz incidirão em uma lâmina que contém o
material a ser observado. Esse feixe de luz
passará pela objetiva que está sendo utilizada,
e pelo tubo alcançando as oculares. A luz chega
ao olho do espectador que consegue ver a
estrutura com aumento. O foco da imagem que
está sendo vista pode ser ajustado utilizando o
macrométrico (ajuste grosso) e o micrométrico
(ajuste fino), eles irão mover a platina para baixo
e para cima.

6
A visualização do material só é possível se este passar por um processo
prévio de coloração. Resumidamente é necessário fixar o material biológico na
lâmina, para isso costuma-se utilizar algum tipo de álcool. E então é a vez do
corante, que é aplicado e permanece em contato por alguns minutos. Após o
excesso de corante é removido e quando a lâmina está seca pode ser levada ao
microscópio.

O material a ser observado fica sobre a lâmina, que


é colocada na platina, logo abaixo das lentes
objetivas. Dependendo do material a ser
observado é necessário que seja utilizado tipos
específicos de corantes ou fixadores.

Existem alguns corantes que podem ser utilizados na microscopia ótica,


a decisão de qual corante utilizar depende de a estrutura que se quer observar
ter ou não afinidade por ele. Como exemplos podemos citar a hematoxilina e a
eosina.

O microscópio eletrônico
Este microscópio é consideravelmente mais caro e talvez você que está
saindo do Ensino Médio nunca tenha visto um. Mas se for estudar na graduação,
algum curso da área de biológicas, pode ter a sorte de chegar perto de um. Ao
contrário do microscópio óptico, o eletrônico não depende da luz para formar
imagens, e sim de um feixe de elétrons que chegará até o objeto. E no lugar de
lentes estão presentes bobinas que funcionam como eletroímãs que desviam o
feixe de elétrons para que ele alcance o objeto.

Bizu: Este fenômeno é estudado em física, na parte de eletromagnetismo.

O poder de resolução é muito maior que o do olho. A tecnologia utilizada


pelo microscópio eletrônico permite a formação de imagens que são 1 milhão de
vezes maiores do que o menor objeto que nossos olhos conseguem ver. A
formação de imagens no ME depende também de um computador, que irá
processar as informações recebidas e traduzi-las em uma imagem.

7
Existem quatro tipos de microscópios eletrônicos:

1. Microscópio Eletrônico de Transmissão (MET): produzem imagens quando


o feixe de elétrons atravessa uma fina fatia da amostra. Este tipo produz as
maiores ampliações entre todos os modelos de microscópios eletrônicos.
2. Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV): produzem imagens
tridimensionais. Depois que os elétrons passam pela amostra os dados
eletrônicos são digitalizados com o objetivo de formar as imagens com
profundidade.
3. Microscópio Eletrônico de Reflexão (MER): mecanismo de funcionamento
similar ao MEV, mas para formar imagens recolhem elétrons retroespalhados
ou dispersos após atingirem a amostra.
4. Microscópio Eletrônico de Transmissão e Varredura (METV): mescla os
mecanismos de funcionamento do MET e MEV.

Microscopia Eletrônica de Transmissão. Imagens da questão 42 na prova de vestibular UFSC,


2015. Disponível em: <http://revistapesquisa.fapesp.br> Acesso em: 10 ago. 2014.

Microscopia Eletrônica de Varredura. Ovos de Lepidoptera. J Madruga, A Specht, LMG Salik,


MM Casagrande. The External Morphology of Mythimna (Pseudaletia) sequax (Lepidoptera:
Noctuidae), Neotropical Entomology, 2019.

8
CÉLULAS EUCARIÓTICAS X CÉLULAS PROCARIÓTICAS

Todos os seres vivos, com exceção dos vírus, são formados por células.
As células podem ser classificadas em procarióticas ou eucarióticas. Os
primeiros seres vivos que existiram no planeta Terra eram procariontes, portanto
as primeiras células que surgiram eram procarióticas. Milhões de anos se
passaram e surgiram as células eucarióticas, nas próximas páginas vamos
compreender este processo e aprender a diferenciar os tipos de células.

Quando falamos sobre células utilizamos os termos procarióticas e


eucarióticas. Para caracterizar os seres vivos utilizamos os termos procariontes
e eucariontes. A terminação "ente" significa ser, por isso esses dois termos
caracterizam os seres vivos em si e não apenas as estruturas celulares.

A estrutura de uma célula procariótica é muito mais simples do que a de


uma célula eucariótica. Mas isto não quer dizer que o segundo tipo é mais
evoluído que o primeiro, já que ambos existem ao mesmo tempo no planeta. Ou
seja, tem as condições necessárias para se manterem vivas e se reproduzirem
garantindo a sua perpetuação no contexto ambiental atual.

Ao analisarmos com atenção


uma célula procariótica vamos
perceber a existência de uma
membrana plasmática, citoplasma,
material genético livre no citoplasma
e alguns ribossomos para síntese
proteica. Os ribossomos são
estruturas que também estão
presentes nas células eucarióticas.

O plasmídeo é uma estrutura encontrada nas células procarióticas. É


material genético extra-cromossômico, ou seja, que não está no cromossomo
bacteriano. Nele estão os genes associados à resistência bacteriana aos
antibióticos que permitem o desenvolvimento das superbactérias.

9
As células eucarióticas apresentam o sistema de endomembranas, um
conjunto de organelas (menor parte funcional da célula) que tem sua origem
explicada pela endossimbiose. Veja passo a passo como este processo
aconteceu:

1. Em um ancestral procarionte a membrana plasmática sofreu


invaginação aprisionando enzimas e outras substâncias, ou seja,
foi projetada para o interior do citoplasma;
2. Surgem as seguintes organelas com o processo de invaginação:
retículos endoplasmáticos e núcleo (com o passar do tempo as
demais organelas membranosas são formadas);
3. Um organismo procarionte aeróbico e heterotrófico é internalizado
pela célula, a relação estabelecida beneficia as duas células. A
eucariótica fornece abrigo e facilita o acesso à diversas
substâncias. A procariótica transforma-se na mitocôndria e passa
a produzir energia (ATP) para a célula;
4. Um organismo procarionte fotossintetizante é internalizado e mais
uma relação que beneficia as duas células é estabelecida. O novo
organismo dá origem aos cloroplastos (e demais plastos) e assim
surge a precursora da célula vegetal.

10
Ao final deste processo evolutivo a célula eucariótica terá a seguinte aparência:

Como exemplos de organismos procariontes podemos citar as bactérias


e as arqueobactérias (organismos capazes de habitar ambientes com condições
extremas). E de organismos eucariontes podemos citar dos mamíferos às
amebas: protozoários, fungos, plantas e animais.

Agora fique atento à duas informações importantes:

Os ribossomos, apesar de alguns


materiais didáticos identificarem estas estruturas
como organelas, elas não são. Não estão
envoltos por membrana, a sua estrutura
consiste em proteínas acopladas.

Se você afirmar que a única diferença


entre células procarióticas e eucarióticas é a presença de núcleo no segundo
tipo está cometendo um erro conceitual. Além da presença do núcleo, as células
eucarióticas também apresentam outros compartimentos internos revestidos por
membrana (organelas). Por isso, o correto é afirmar que as células
eucarióticas apresentam sistema de endomembranas. Em breve iremos
aprofundar nossos conhecimentos sobre as organelas.

11
CÉLULAS ANIMAL E VEGETAL

No estudo da biologia celular é importante que a gente saiba comparar e


diferenciar a célula animal da célula vegetal. Ambas são eucarióticas, ou seja,
apresentam sistema de endomembranas. As estruturas comuns são: membrana
plasmática, núcleo celular, ribossomos, retículo endoplasmático liso e rugoso,
complexo golgiense, mitocôndrias, citoesqueleto, lisossomos e peroxissomos.
Compare atentamente as imagens a seguir e visualize as estruturas comuns:

Mas há características que são exclusivas das células vegetais e você


pode observá-las na tabela:

12
Bastante informação, certo? Há três diferenças que você precisa guardar
no seu cérebro sem dúvidas:

- Plastos: organelas para armazenamento de substâncias; os


cloroplastos apresentam clorofila e realizam fotossíntese;
- Parede celular de celulose: revestimento e proteção;
- Grandes vacúolos: armazenamento de substâncias;

MEMBRANA PLASMÁTICA: CARACTERÍSTICAS E FUNÇÃO

A membrana plasmática é o envoltório celular comum a TODAS as


células. E realiza três funções muito importantes para a homeostase (equilíbrio)
da célula:

1. Revestimento da célula;
2. Proteção da célula;
3. Seleção das substâncias que entram e saem da célula
(permeabilidade seletiva).

A estrutura e composição da membrana plasmática é que permite que


estas funções sejam realizadas, por isso é importante que você saiba reconhecer
suas propriedades químicas e biológicas. Quimicamente dizemos que é uma
estrutura lipoprotéica, por apresentar lipídios e proteínas na sua composição,
moléculas de colesterol e glicocálice.

13
A estrutura da membrana plasmática foi desvendada por Singer e
Nicholson em 1972. Estes pesquisadores, após seus estudos, concluíram que a
estrutura alvo de suas pesquisas é um mosaico fluido. Isso se deve ao fato de
as proteínas presentes poderem trocar de posição, por isso a fluidez do mosaico
composto de proteínas e outras substâncias.

Ao analisarmos com atenção o desenho anterior é possível perceber a


existência de duas camadas de fosfolipídios. Estas são moléculas de lipídios que
tem caráter anfipático, isso quer dizer que parte da molécula é polar e hidrofílica
(tem afinidade com a água) e parte da molécula é apolar e hidrofóbica (não tem
afinidade com a água).

A parte hidrofílica dos fosfolipídios fica em contato com o meio extracelular


e o citoplasma, já que ambos apresentam grandes quantidades de água. As
caudas hidrofóbicas estão no meio da membrana plasmática em contato com
proteínas ou pequenas moléculas que transitam pela membrana plasmática,
como gás carbônico ou gás oxigênio.

As moléculas de água podem transitar pelas camadas da membrana


plasmática. O caráter hidrofóbico das caudas não impede o processo, só faz com
que ele seja um pouco mais demorado. Há também uma proteína denominada
Aquaporina (poro de água) que permite a passagem de moléculas de água mais
rapidamente, portanto a célula não tem seu abastecimento comprometido.

O colesterol, gordura presente exclusivamente nos animais, tem um papel


essencial na manutenção da estrutura da membrana. Ele contribuiu para manter
a integridade da bicamada de fosfolipídios e a fluidez de toda a estrutura.

O glicocálice é formado por glicolipídios e glicoproteínas. São


carboidratos associados a lipídios e proteínas que contribuem para o
reconhecimento celular e adesão entre células vizinhas.

As proteínas encontradas na membrana plasmática podem ser


classificadas como integrais ou periféricas. As integrais atravessam a bicamada
de um lado até o outro, é o que acontece com as proteínas canais, como as
aquaporinas. E as periféricas são as que não atravessam a bicamada de um lado
até o outro.

14
Agora vamos estudar como são selecionadas as substâncias que passam
pela membrana plasmática e quais os tipos de transporte que existem.

SOLUÇÃO: SOLUTO E SOLVENTE

Para estudar os tipos de transporte que acontecem através da membrana


plasmática precisamos entender alguns conceitos: solução, soluto, solvente,
hipotônico, isotônico e hipertônico.

A solução é uma mistura homogênea composta


por soluto (exemplo o açúcar) e solvente (exemplo a
água). Em outras palavras, o soluto é o que é
dissolvido, e o solvente o que dissolve. Na imagem a
seguir observa-se o soluto em amarelo e o solvente em
azul.

As soluções podem ser comparadas com relação a sua concentração, ou


seja: a quantidade de soluto em relação ao solvente. Observe:

As duas primeiras soluções da imagem são isotônicas, observe que


ambas apresentam a mesma quantidade de soluto. A terceira solução, se
comparada às duas primeiras, têm uma quantidade menor de soluto, por isso
dizemos que é hipotônica. A quarta solução apresenta uma maior quantidade de
soluto e, portanto, identificamos como hipertônica.

Existem três tipos principais de transportes através da membrana:


transporte passivo, transporte ativo e transporte por vesículas, vamos estudar
detalhadamente cada um deles.

15
TRANSPORTE ATRAVÉS DA MEMBRANA: TRANSPORTE PASSIVO
Os transportes do tipo passivo recebem esse nome por não gastarem
energia (moléculas de ATP) para que as substâncias transitem pela membrana
plasmática. São três os tipos de transportes passivos que iremos estudar:
difusão simples, difusão facilitada e osmose.

Difusão Simples
A difusão é o processo de passagem de uma substância do ambiente
hipertônico (maior concentração) para o meio hipotônico (menor concentração)
até que as concentrações entre os dois meios atinjam um equilíbrio. Quando os
dois meios atingem a mesma concentração o trânsito de substâncias continua
acontecendo, conforme partículas saem da célula, novas irão entrar.

O processo de difusão acontece do meio hipertônico para o hipotônico,


e por isso podemos dizer que é a favor do gradiente de concentração.
Portanto não demanda energia, já que a passagem da substância acontece
espontaneamente e não precisa "ser forçada" com a participação de moléculas
de energia.

A difusão simples envolve a passagem de soluto através da bicamada


lipídica da membrana plasmática. É dessa maneira que moléculas como o gás
oxigênio (O2) e o gás carbônico (CO2) circulam entre o meio intracelular e
extracelular.

16
É por meio da difusão simples que as trocas gasosas são realizadas nos
nossos pulmões. Nos alvéolos pulmonares há passagem de gás oxigênio para
os vasos sanguíneos. E a passagem de gás carbônico para o interior dos
alvéolos pulmonares para eliminação na expiração.

Difusão facilitada
A difusão facilitada também envolve a passagem de soluto pela
membrana plasmática. Neste caso há participação de uma proteína canal que
permitirá o trânsito de solutos como a glicose e aminoácidos.

Observe a imagem a seguir. A insulina se liga ao receptor e assim a


proteína transportadora de glicose se abre. A glicose entra na célula e assim
poderá ser utilizada para a produção de ATP.

A difusão foi tema de uma questão do ENEM em 2019, veja:

(ENEM 2019) Uma cozinheira colocou sal a mais no feijão que estava
cozinhando. Para solucionar o problema, ela acrescentou batatas cruas e sem
tempero dentro da panela. Quando terminou de cozinhá-lo, as batatas estavam

17
salgadas, porque absorveram parte do caldo com excesso de sal. Finalmente,
ela adicionou água para completar o caldo do feijão.

O sal foi absorvido pelas batatas por:

a) osmose, por envolver apenas o transporte do solvente.


b) fagocitose, porque o sal transportado é uma substância sólida.
c) exocitose, uma vez que o sal foi transportado da água para a batata.
d) pinocitose, porque o sal estava diluído na água quando foi transportado.
e) difusão, porque o transporte ocorreu a favor do gradiente de
concentração.

As batatas absorvem de forma passiva o sal em excesso do feijão,


à favor do gradiente de concentração. O transporte passivo de soluto
acontece por difusão.

As aquaporinas são proteínas do tipo canal que permitem a


passagem de água pela membrana plasmática. O trânsito de moléculas
de água com auxílio dessas proteínas é uma difusão facilitada.

Osmose
A osmose, ao contrário da difusão, é a passagem de solvente. Ou seja, a
passagem de moléculas de água se dá por esse processo. Não envolve gasto
de energia e acontece do meio hipotônico para o meio hipertônico.

A água passa do meio com grande quantidade de solvente, para o meio


com pequena quantidade de solvente. Veja a imagem a seguir:

18
Agora, além de você estar por dentro do conceito de osmose, é essencial
saber como isso funciona nas células. Se mergulhamos uma célula vegetal e
animal em soluções hipertônicas e hipotônicas elas irão se comportar de
maneiras diferentes.

Se colocarmos células vegetais ou animais em contato com soluções


isotônicas o volume das células não irá mudar. A mesma quantidade de água
que entra é a que sai.

Ao mergulhar uma hemácia em uma solução hipotônica veremos a


entrada de água até o momento em que a membrana plasmática não irá
aguentar a pressão exercida pelo líquido no interior e a célula estoura. A célula
animal não apresenta mecanismos que a protegem da lise celular. Quando uma
célula vegetal é mergulhada em uma solução hipotônica ele se enche de água,
que se acumula no interior de um vacúolo. A lise celular não acontece, quando
a membrana plasmática chega ao limite da parede celular a entrada de água é
interrompida.

As hemácias quando mergulhadas em uma solução hipertônica perderão


água, assim como as células vegetais. As células ficarão murchas ou crenadas.
Isso é o que acontece quando as folhas de uma planta estão murchas, ao
fornecer água as células voltam ao seu estágio de turgidez normal.

Quando temperamos a salada com sal, criamos um ambiente externo


hipertônico. As folhas de alface por exemplo, perdem água para o meio externo
e ficam murchas.

19
TRANSPORTE ATIVO: A BOMBA DE SÓDIO E POTÁSSIO

O transporte ativo mais cobrado no ENEM e vestibulares é a Bomba de


Sódio e Potássio e é neste que vamos nos concentrar nos próximos parágrafos.
Além desta bomba, existem também a de iodo e cálcio, mas não costumam ser
temas das questões das provas que são o nosso objetivo.

Esta bomba envolve gasto de energia (ATP) por ocorrer contra um


gradiente de concentração. O seu objetivo é fazer com que íons de potássio
(K+) entrem na célula e íons de sódio (Na+) saiam. Só que a concentração de
potássio é maior no meio intracelular, enquanto que a do sódio é maior no meio
extracelular, portanto o ATP se faz necessário.

A bomba que permite o trânsito dos íons é uma proteína integral, ou seja,
que atravessa a membrana plasmática de um lado ao outro. O processo ocorre
em 3 etapas:

1. Três Na+ se ligam em sítios específicos da proteína


transportadora;
2. Uma molécula de ATP é convertida em ADP e um fosfato. O fosfato
se liga à bomba e esta se abre para o meio externo. Os íons de
sódio são liberados.
3. Dois K+ se ligam à bomba. O fosfato se desliga da proteína
transportadora e os íons são liberados para o interior da célula.

20
A concentração de potássio será maior no interior da célula. E isso é
essencial para que a célula se mantenha viva e funcionando corretamente. O
potássio contribuiu para a síntese de proteínas e respiração celular (quebra da
glicose para produção de ATP). A eliminação de íons de sódio contribuiu para a
manutenção do equilíbrio osmótico. Caso os dois íons permanecessem no
interior da célula haveria a entrada de água em excesso (por osmose) e a célula
poderia estourar.

A bomba de sódio e potássio também é indispensável aos neurônios. Ela


garante que estas estruturas continuem funcionando corretamente e conduzindo
mensagens nervosas pelo nosso corpo. A bomba mantém a carga positiva na
parte externa do neurônio e negativa no seu meio intracelular. Quando a célula
nervosa recebe um impulso nervoso a carga é temporariamente invertida, e a
bomba de Na+ e K+ restabelece a carga padrão após a passagem do estímulo.

A bomba de sódio e potássio mantém a


carga positiva fora e negativa dentro
(polarizada), em uma célula excitável, isso
permite o impulso nervoso.

21
TRANSPORTE POR VESÍCULAS

Até o momento estudamos o movimento de pequenas moléculas pela


membrana plasmática. Porém moléculas ou partículas grandes também
precisam transitar entre o interior e exterior das células, mas elas não passam
pelas proteínas ou pela bicamada de fosfolipídios.

O trânsito dessas substâncias envolve a formação de vesículas e a


deformação da membrana plasmática. O transporte por vesículas pode ser
classificado em endocitose (entrada de substâncias na célula) e exocitose (saída
de substâncias na célula).

A endocitose pode ser de dois tipos: fagocitose ou pinocitose. A


FAGOCITOSE é o processo de entrada de partículas sólidas com a emissão
de pseudópodes. Estes "falsos pés"são projeções do citoplasma que empurram
a membrana plasmática e envolve a partícula sólida. Este processo é comum
nas células do sistema imunológico, para eliminação de organismos
patogênicos. Também é realizado por organismos unicelulares na obtenção de
alimentos, como por exemplo as amebas.

A PINOCITOSE é o processo de entrada de partículas dissolvidas sem


a emissão de pseudópodes. Este processo acontece na maioria das células
eucarióticas.

A EXOCITOSE é o processo que envolve a saída de substâncias


produzidas pela célula a partir de suas reações metabólicas. A eliminação de
substâncias pode ser um processo de excreção ou secreção. A excreção, ou
defecação celular ou clasmocitose, é importante para eliminação dos
resíduos celulares. Já a secreção envolve a eliminação de produtos
glandulares, como leite ou suor.

22
Veja na imagem a seguir como o processo de fagocitose e exocitose
acontecem em uma célula fagocitária:

Com o transporte por vesículas concluímos nossos estudos sobre a


passagem de substâncias para o interior e exterior da célula. Agora prepare-se
que vamos estudar os envoltórios celulares externos à membrana plasmática.

23
ENVOLTÓRIOS EXTERNOS À MEMBRANA PLASMÁTICA: GLICOCÁLICE
E PAREDE CELULAR

Os revestimentos celulares externos à membrana plasmática podem


contribuir ajudando a manter a célula protegida ou permitindo a identificação de
células vizinhas. Vamos estudar o glicocálice e a parede celular, compreender a
estrutura e importância de cada um deles.
O GLICOCÁLICE ou GLICOCÁLIX está presente nas células animais.
Externo à membrana plasmática forma uma malha protetora. Quimicamente é
composto por carboidratos que podem estar associados aos fosfolipídios ou
proteínas que recebem o nome de glicolipídios ou glicoproteínas.

Suas funções principais são reconhecimento celular, adesão entre as


células e a troca de informações. O reconhecimento celular permite às células
vizinhas reconheçam se fazem parte do mesmo tecido e espécie. No caso de
serem detectadas células estranhas elas serão eliminadas com ação do sistema
imunológico. Os diferentes tipos sanguíneos estão associados ao glicocálice.
Indivíduos do tipo A e do tipo B apresentam glicoproteínas diferentes, enquanto
que indivíduos do tipo O não apresentam glicoproteínas ( vamos aprofundar esse
assunto na genética).
A adesão entre as células se dá pela malha que se forma pelos
carboidratos do glicocálice. Forma-se um emaranhado que mantém as células
próximas umas das outras.

24
A troca de informações contribui para que a produção de substâncias
seja regulada e também o processo de divisão celular. Por exemplo, pelo
glicocálice uma célula pode comunicar a outra que a produção de uma
determinada proteína precisa ser intensificada. No caso da divisão celular, o
glicocálice permite uma célula compreender que já está encostando em outra e
portanto não há mais espaço para se multiplicar de forma organizada (esse
controle é perdido no caso dos tumores).

A PAREDE CELULAR é um revestimento que está ausente na célula


animal, mas pode ser encontrada em diferentes organismos com composição
diferente:

- Plantas: celulose (carboidrato)


- Bactérias: peptidoglicano (carboidrato)
- Fungos: quitina (carboidrato)
- Protistas (algas): sílica
A função desta estrutura é dar rigidez para as células. A parede celular,
ao contrário da membrana plasmática, não seleciona que substâncias podem
entrar ou sair das células. Por isso dizemos que esta estrutura é permeável.
Analise com atenção a imagem a seguir, que detalha a estrutura de uma
parede celular vegetal:

Observamos que a parede celular vegetal é formada por duas camadas


de celulose (cadeia de carboidratos) e entre elas está a lamela média. Esta
camada intermediária é adesiva e elástica, contribui para que as células vegetais
permaneçam unidas. A comunicação entre as células não é interrompida pela
presença da parede, já que esta apresenta plasmodesmos formados durante a

25
mitose. São canais de comunicação citoplasmática que permitem o trânsito de
substâncias.
Nas células vegetais jovens, há apenas uma parede celular fina e flexível,
a PAREDE CELULAR PRIMÁRIA. Ela é elástica o suficiente (composta apenas
por celulose) para permitir o crescimento celular. Após o crescimento forma-se
a PAREDE CELULAR SECUNDÁRIA, que pode conter outros componentes
além da celulose, como a lignina e a suberina.
As outras paredes celulares iremos estudar quando aprofundarmos
nossos conhecimentos sobre os seres vivos nos próximos módulos.

ORGANELAS E ESTRUTURAS CITOPLASMÁTICAS

Reveja a imagem de uma célula eucariótica e suas principais estruturas


citoplasmáticas.

As células eucarióticas são mais complexas que as procarióticas. Isso se


deve ao fato de possuírem diversas organelas. Cada uma apresenta uma ou
mais funções específicas. A sua complexidade permite que estas células se
organizem em tecidos, órgãos, sistemas e organismos multicelulares. Lembre-
se que não existem organismos procariontes multicelulares, eles são apenas
unicelulares.
Nas próximas páginas vamos estudar as principais estruturas e organelas
das células eucarióticas e as funções que desempenham. Vamos começar pelo
citoplasma.

26
CITOPLASMA

Esta parte da célula fica localizada no espaço entre a membrana


plasmática e o núcleo celular. Sua composição consiste de citosol, organelas e
estruturas. O citosol é a parte líquida, composta por água, substâncias
inorgânicas e orgânicas (macromoléculas como RNA, aminoácidos e proteínas).
As organelas são os órgãos da célula, revestidas por membrana plasmática. As
estruturas não apresentam o revestimento de membrana plasmática, são os
ribossomos e citoesqueleto

O CITOESQUELETO, como o nome dá a entender, é o esqueleto da


célula (cito). Portanto, contribuiu para a sustentação das estruturas celulares e
sua movimentação. São três os tipos: microtúbulos, microfilamentos e
filamentos intermediários. Veja as características de cada um deles:

1. Microtúbulos: formados pela


proteína tubulina. Contribuem
para a sustentação da célula e
participam da formação dos
centríolos. Estes são formados
por 9 trios de microtúbulos e têm
importante papel na formação dos
fusos mitótico/meiótico e dos cílios
e flagelos.

Os cílios podem ser


encontrados em protozoários ciliados
como o Paramecium sp. E também em
células do corpo humano, como por
exemplo, as células epiteliais da
traquéia. Nesse caso não contribuem
para a movimentação das células e sim
para a eliminação de impurezas. Os
flagelos podem ser encontrados nos

27
espermatozoides de várias espécies do reino animal ou então em protozoários
como o causador da doença de Chagas.

2. Microfilamentos: formados pela actina, uma


proteína intracelular abundante nos eucariotos.
Contribuem para a movimentação celular e dão
consistência à porção mais externa do citoplasma
(ectoplasma). Participam da formação dos
pseudópodes que permitam o processo de
fagocitose:

Nas células musculares podem se associar à


miosina e contribuir para o processo de
contração. Nas células do intestino delgado
também exercem um papel essencial na
formação das microvilosidades
(especializações celulares que aumentam a
absorção de nutrientes).

E nas células vegetais atua na ciclose. A


movimentação do citoplasma e das organelas
acontece pela presença dos microfilamentos. Esse
fenômeno pode ser observado ao microscópio óptico
com células da planta aquática Elodea sp., que
apresenta folhas extremamente finas.

28
3. Filamentos Intermediários: são formados por
diversas proteínas, entre elas a queratina.
Contribuem com a adesão entre as células e com
proteção mecânica, podem estar presentes em
diversos tipos de tecido, principalmente no tecido
epitelial que forma a nossa pele e reveste outras
estruturas do corpo humano.

RIBOSSOMO

Os ribossomos são estruturas encontradas nos seres procariontes e


eucariontes. Não apresentam revestimento de membrana plasmática e são
formados por proteínas e RNA ribossômico.
São responsáveis pela produção de proteínas. No interior da célula
eucarionte podem estar livres no citoplasma ou aderidos ao retículo
endoplasmático rugoso. Nas células procariontes não ficam aderidos a nenhuma
estrutura.

Sua estrutura é formada por duas subunidades: uma maior e outra menor.
O ribossomo só é uma estrutura funcional quando as duas subunidades estão
unidas.
Os ribossomos das células procarióticas são diferentes dos das células
eucarióticas. As subunidades são classificadas com relação ao peso molecular.
No caso dos procariontes as subunidades têm pesos diferentes (50S e 30S) do
que as subunidades dos eucariontes (60S e 40S).

29
Os antibióticos, medicamentos utilizados para combater infecções
bacterianas, atuam nos ribossomos das bactérias. Por isso, podem apresentar
efeitos colaterais que envolvam as mitocôndrias dos animais (incluindo os
humanos). Lembre-se que nossas mitocôndrias surgiram a partir de organismos
procariontes.

A diferença entre as células foi tema de uma questão da Instituto Federal do


Ceará em 2019, dá uma olhada:

(IFCE 2019) A Biologia é a ciência responsável por estudar a vida. Nesse


sentido, a constituição celular surge como característica básica dos seres vivos.
Conhecer as células e diferenciar os tipos celulares é importante para entender
a forma como os seres vivos se desenvolveram e evoluíram no planeta. As
bactérias, por exemplo, são constituídas por células procarióticas, enquanto os
fungos são formados por células eucarióticas. São elementos presentes em
células procarióticas:

a) citoesqueleto, DNA, RNA e carioteca.


b) ribossomos, RNA, mitocôndria e núcleo.
c) membrana plasmática, citoplasma, DNA e ribossomos.
d) membrana plasmática, membrana nuclear, DNA e citoplasma.
e) membrana plasmática, citoesqueleto, retículo endoplasmático e
cloroplastos.

A resposta correta é a letra C. As células procarióticas apresentam


membrana plasmática, citoplasma, DNA e ribossomos.

Agora vamos estudar cada uma das organelas:

RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO RUGOSO (RER) OU ERGASTOPLASMA

Esta organela é formada por sacos achatados de membrana plasmática com


ribossomos aderidos em sua superfície. É responsável por produzir proteínas
que serão exportadas da célula para outros locais do corpo ou que irão
compor a membrana plasmática. Encontra-se perto do núcleo da célula, desta
forma o RNA mensageiro, que será utilizado para a produção de proteínas não
precisa percorrer grandes distâncias até chegar aos seus ribossomos.

30
Células secretoras, ou seja, que produzem proteínas que serão
exportadas, apresentam grandes quantidades de RER. Como exemplo podemos
citar as células pancreáticas, que produzem insulina e glucagon (contribuem
para controlar a glicemia). Ou então as células produtoras (caliciformes) de muco
das nossas vias respiratórias, que produzem em grande quantidade
glicoproteínas.

RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO LISO (REL) OU NÃO GRANULOSO

O REL é uma organela formada por tubos de membrana plasmática. Ao


contrário do RER não apresenta ribossomos aderidos na sua superfície. Nas
células encontra-se perto do RER.
Apresenta duas funções: síntese de lipídios e desintoxicação. Os
lipídios produzidos podem ser do tipo fosfolipídeos e formar a membrana
plasmática, ou podem ser esteroides. Os esteroides são os lipídios que formam
os hormônios sexuais, como por exemplo, a testosterona, o estrogênio e a
progesterona. Células das gônadas masculinas e femininas apresentam
grandes quantidades de REL.
A função de desintoxicação no nosso corpo é realizada pelo fígado. Por
isso os hepatócitos (células do fígado) apresentam grandes quantidades de
REL. Estas organelas são as responsáveis, por exemplo, por metabolizar o
álcool das bebidas alcoólicas, medicamentos e outras toxinas. Pessoas que
ingerem bebidas alcoólicas em excesso apresentam grandes quantidades de
REL neste órgão para metabolizar tudo que é ingerido. A quantidade de REL é
que faz com que algumas pessoas sejam mais resistentes ao álcool do que
outras. O consumo excessivo pode forçar demais o fígado e resultar em cirrose.

31
COMPLEXO DE GOLGI (OU APARELHO DE GOLGI)

O Complexo de Golgi ou Golgiense é formado por vesículas de


membrana plasmática. Podemos dizer que atua como o correio da célula. Sua
função é receber as proteínas produzidas pelo RER, modificá-
las, endereçá-las e enviá-las para seus locais de ação ou armazená-las
temporariamente.
Esta organela apresenta duas faces: a cis e a trans. A face cis é a que
recebe as vesículas que chegam do RER, enquanto que a face trans é a que
elimina as vesículas secretoras com as proteínas já processadas.
Os lisossomos são organelas com função digestiva e que são formadas
pelo complexo de Golgi. Os acromossomas também são produzidos por esta
organela. São estruturas presentes nos espermatozoides e que em seu interior
apresentam hialuronidase. Esta é uma enzima essencial para o processo de
fecundação, ajuda a romper as barreiras que protegem o gameta feminino.

32
LISOSSOMO

Os lisossomos são organelas arredondadas que têm origem no


Complexo Golgiense. No seu interior encontram-se proteínas com função
enzimática, produzidas no RER.
Atuam no processo de digestão celular que pode ser de dois tipos:

1. Heterofagia: digestão de uma substância ou


estrutura externa à célula, como por exemplo
uma bactéria. Os lisossomos se unem à vesícula
fagocitária ou fagossomo e assim o vacúolo
digestivo se forma.
2. Autofagia: digestão de uma substância ou estrutura da própria célula,
como por exemplo uma organela que envelheceu e não será mais
utilizada.

PEROXISSOMO

Os peroxissomos são organelas que em seu interior apresentam a


enzima catalase. Esta proteína enzimática faz a
digestão da água oxigenada (H2O2) em hidrogênio e
água. A água oxigenada, ou peróxido de hidrogênio é
muito tóxica para a célula, por isso deve ser quebrada.
Estas organelas também são responsáveis pela
produção dos ácidos biliares no fígado e por
metabolizar cerca de 25% do álcool das bebidas
alcoólicas ingeridas. Além disso, contribuem para a produção de bainha de
mielina que reveste os axônios dos neurônios e facilita a transmissão dos
impulsos nervosos.

33
Bizu : assistam ao filme O óleo de Lorenzo! Nele você verá a luta de um pai e
uma mãe para ajudar seu filho a superar uma doença associada aos
peroxissomos.

MITOCÔNDRIA

As mitocôndrias são as organelas responsáveis pela respiração celular.


Ou seja, realizam uma série de reações químicas que quebram a molécula de
glicose para liberação de energia e formação de moléculas de ATP.
A respiração celular é um processo metabólico aeróbio, ou seja,
acontece na presença do gás oxigênio. Suas etapas são: glicólise, ciclo de
Krebs e cadeia respiratória. Ao passar por esse
processo cada molécula de glicose produzem de 36 - 37
ATPs. Vamos aprofundar nossos conhecimentos sobre
esse processo quando estudarmos o metabolismo
celular.
Lembre-se que as mitocôndrias têm sua origem
explicada pela hipótese da endossimbiose. Para relembrar como esse
processo se deu e as evidências que permitem afirmar que ele aconteceu releia
o tópico "Células Procarióticas e Eucarióticas" deste material.

NÚCLEO

O núcleo é a maior organela das células eucarióticas.


É formada pela carioteca ou envelope nuclear e pela
cariolinfa, onde estão mergulhadas moléculas de material
genético e proteínas.

O material genético encontrado no núcleo, que é responsável pela


hereditariedade e controle da atividade celular, é o DNA. Muitas reações
químicas acontecem no citoplasma celular, e muitas substâncias que ali estão
presentes poderiam prejudicar o DNA, gerando mutações que poderiam
prejudicar as células e seres vivos. Por isso é vantajoso ele estar restrito ao

34
núcleo. No próximo módulo vamos aprofundar nossos estudos sobre essa
organela.

VACÚOLO

Os vacúolos são encontrados principalmente nas


células vegetais. São grandes e podem ocupar cerca de
80% do volume celular. Há células animais que podem ter
vacúolos, mas são raros e de pequeno tamanho.
A membrana plasmática que envolve os vacúolos
nas células animais recebe o nome de tonoplasto. No
seu interior encontra-se uma solução ácida com íons inorgânicos, açúcares,
aminoácidos e em alguns casos proteínas e enzimas digestivas. Estas organelas
contribuem para a regulação osmótica, apresentam água no seu interior (reveja
a parte sobre Osmose neste material).

PLASTO

Estas organelas membranosas são encontradas em


células de plantas e algas. Assim como as mitocôndrias
têm a sua origem explicada pela endossimbiose. Podem
ser de dois tipos:

1. Cromoplastos: apresentam pigmentos no seu interior. Os cloroplastos


apresentam clorofila e são responsáveis pela fotossíntese.
2. Leucoplastos: pigmentos ausentes, armazenam substâncias de
reserva, como por exemplo o amido.

35
DIGESTÃO CELULAR E APOPTOSE

Os processos de digestão celular e apoptose acontecem pela ação dos


lisossomos. Estas organelas, conforme já vimos nas páginas anteriores,
apresentam proteínas produzidas pelo RER e são montadas pelo Complexo de
Golgi. As proteínas lisossomais tem função enzimática e podem ser classificadas
como hidrolases ácidas. Para que assuma a sua forma ativa e possam realizar
os processos digestórios o pH no interior das organelas deve ser de
aproximadamente 5,0.
Vamos analisar a imagem ao
lado e compreender como o
processo de digestão celular
acontece. O processo pode ser
autofágico (quando uma
estrutura da própria célula está
sendo digerida. Ou pode ser
heterofágico (quando uma
estrutura de origem externa está
sendo digerida).
O lisossomo primário (que
ainda não participou de
processos digestivos) é liberado
pelo complexo de Golgi. Ao se
unir a um fagossomo ou pinossomo forma-se o lisossomo secundário ou
vacúolo digestivo. As enzimas agem sobre a estrutura de origem extracelular
e esta é digerida. Ao final do processo o vacúolo residual se funde à membrana
plasmática e os resíduos são eliminados por exocitose (clasmocitose).
Quando o processo é autofágico o lisossomo secundário recebe o nome
de vacúolo autofágico. A autofagia pode acontecer quando há necessidade de
eliminar organelas presentes em excesso ou envelhecidas. A heterofagia
acontece quando algum organismo ou estrutura externa à célula precisa ser
digerida, é o que acontece nas células do sistema imunológico ao fagocitarem
antígenos como bactérias, por exemplo.

36
A apoptose, ou autólise positiva, é a morte celular programada. Este
processo é diferente da necrose, que envolve a morte de células e tecidos na
presença de alguma toxina ou ausência de suprimento sanguíneo. Este
processo envolve o gasto de moléculas de energia (ATP) e é controlado pelos
genes presentes na célula.
Este processo biológico permite, por exemplo, o desaparecimento da
cauda dos girinos e também das membranas interdigitais nos humanos e em
outras espécies do Reino Animal.
A apoptose é um processo biológico que
contribuiu para a homeostase dos tecidos. Ela é
responsável por controlar a quantidade de células
que formam um tecido, se há excesso de células
elas serão eliminadas. O mesmo acontece com as
células que envelheceram ou então com células que
apresentam erros no seu material genético. Quando
estas células, com mutações prejudiciais, não são
eliminadas pelo processo de apoptose, dizemos que
um processo cancerígeno está acontecendo no organismo.
A autólise negativa é uma morte celular não programada. É o que
acontece, por exemplo, na silicose. Esta condição afeta principalmente
mineiros, que nos túneis e galerias das minas podem inalar sílica. Esta
substância se acumula nos pulmões, especificamente nos alvéolos pulmonares.
A sua presença faz com que as células sejam rompidas, assim como os
lisossomos. As enzimas lisossomais passam a destruir todo o tecido pulmonar,
causando insuficiência respiratória e baixa oxigenação do sangue. Esta condição
não tem cura, o recomendado é tratar o paciente para diminuir os sintomas e
prevenir infecções respiratórias.

37

Você também pode gostar