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1. INTRODUÇÃO À PUBLICIDADE

1.1. O QUE É A PUBLICIDADE?

A publicidade é uma técnica de comunicação destinada à difusão de um produto


ou serviço através dos diferentes meios de comunicação, com o objetivo de
motivar o público a consumir.

Esta é a definição mais comum de "publicidade", embora talvez os grandes


publicitários não sejam amigos de tais linhas ortodoxas e assépticas, já que a
criatividade é uma das habilidades fundamentais no desenvolvimento dessa profissão
com sucesso. Portanto, usaremos também abordagens diferentes e definições
visionárias como a que fazia o personagem de Don Draper, o protagonista de Mad
Men:

“A publicidade é baseada em uma coisa: felicidade. E você sabe o que é


felicidade? Felicidade é o cheiro de um carro novo. É a liberdade do medo. É um
outdoor na beira da estrada que grita que o que você está fazendo é certo. Você
está certo.”

Embora, naturalmente, a publicidade nem sempre é apreciada por todos, muitas vezes
poderemos encontrar alguns críticos ilustres. É o caso de George Orwell, que a definiu
como:

"A publicidade não é mais do que o ruído de um pau batendo na lixeira.”

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Para nós, a diferença entre como é “vendido" um conceito e o outro, quase poderia
constituir uma definição da publicidade em si mesma. Para alguns é a ideia de algo que
pode ser irritante: as imagens de consumo que se intrometem em um jornal ou as
pausas publicitárias que quebram o ritmo cinematográfico. Para outros, pode supor
uma porta para a imaginação: um espaço para criar algo memorável e que, durante
um instante, consiga levar a felicidade ao público.

1.2. PUBLICITÁRIO vs. PUBLICISTA


Existe um sofisticado à volta do nome apropriado para os profissionais da publicidade,
mas qual é a forma certa?
Tecnicamente, entendemos "publicitário" como a pessoa que exerce publicidade,
enquanto "publicista" seria a pessoa que escreve para o público, geralmente sobre
vários assuntos. Entendemos, portanto, que o termo publicista é mais ambíguo, uma
vez que se refere a qualquer pessoa que escreve para certo público, como poderia ser,
um jornalista ou um escritor. No entanto, os principais dicionários também aceitam o
significado de uma pessoa que trabalha em publicidade para o termo publicista, por
isso podemos considerar que ambas as formas são válidas.
O debate ainda está aberto, uma vez que o setor mais purista da publicidade defende
com unhas e dentes o seu título de "publicitário", enquanto a maioria da sociedade
tem cunhado como bom o termo "publicista". É paradoxal que aqueles que vivem para
que as pessoas lembrem o nome de centenas de produtos, não tenham sido capazes
de concordar e consolidar a sua própria "marca pessoal" para a identificação da
profissão. Em todo o caso, ao longo dessas páginas, vamos utilizar o termo
“publicitário”.

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1.3 HISTÓRIA DA PUBLICIDADE


Como não podemos entender o presente sem conhecer o
passado, antes de mergulhar-nos nos elementos que
compõem a publicidade como a entendemos hoje, é
necessário uma viagem no tempo para descobrir onde se
encontra a origem desta forma de comunicação e qual tem
sido a sua evolução histórica.
Embora a definição mais habitual de publicidade implique diretamente o surgimento
dos meios de comunicação, o que levaria ao aparecimento da imprensa, é necessário
voltar alguns milhares de anos atrás para encontrar os primeiros germes do que agora
conhecemos como publicidade.
Muitos especialistas apontam para um papiro egípcio de mais de 3000 anos
encontrado em Tebas, onde era oferecida uma recompensa por encontrar um escravo
fugitivo. Este papiro, que ainda está preservado no Museu Britânico, é considerado por
muitos como a primeira manifestação de publicidade, já que o texto finalizava
oferecendo “um pedaço de ouro para quem o levar para a loja de Hapu, o tecelão,
onde se encontram os tecidos mais belos, feitos a gosto de cada um”. No entanto, é
considerado um texto escrito para ser lido, dado o analfabetismo predominante entre
os seus cidadãos.

1.4 O CANAL ORAL


Em seus primórdios, a comunicação com caráter persuasivo e comercial foi realizada
principalmente pelo canal oral. Na Antiguidade, os comerciantes anunciavam seus
produtos gritando nos primeiros mercados, feiras e lojas. Os pregoeiros também
anunciavam a chegada de novos barcos às aldeias, muitas vezes acompanhados por
músicos que avivavam suas mensagens. Estas práticas chegariam até a Idade Média,
onde atingiriam seu máximo esplendor.
A figura do pregoeiro não se limitava a um trabalho informativo sobre os produtos,
mas adornava seu discurso para alcançar seus propósitos. O nível de persuasão

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evoluiria para criar a figura do "charlatão", a pessoa que trabalhava para o vendedor,
encarregada de deslumbrar os compradores através do uso da sua incisiva oratória.
Na Grécia antiga, era habitual a publicidade oral ou por meio da declamação dos
arautos ou Kérux, que não só disseminava mensagens políticas ou religiosas, também
o fazia sobre as virtudes dos produtos, serviços e até mesmo pessoas, como aconteceu
em uma prática tão habitual como a venda de escravos:
“Nada me obriga a vender, ó cidadãos, eu sou pobre, mas não devo nada a ninguém.
Olhe para este jovem: ele é branco e bonito da cabeça aos pés. Admire seus olhos e
cabelo preto! Ele ouve perfeitamente pelos seus dois ouvidos e vê perfeitamente pelos
seus dois olhos. Eu garanto sua frugalidade, honestidade e mansidão. Ele pode falar
um pouco de grego, cantar e encher de alegria um banquete.” (Discurso recolhido pelo
historiador Edouard Feltaine).

1.5 O CANAL ESCRITO


Quanto ao canal escrito, podemos encontrar na Grécia antiga, em torno de 480 aC, o
primeiro meio de propaganda, conhecido como “axônios” (paralelípidos), feitos de
madeiras pintadas de branco nas quais se escrevia, ou cilindros de madeira chamados
Kyrbos. A maior parte das mensagens escritas faziam referência ao governo, mas havia
também algumas mensagens comerciais.
Também encontramos os primeiros sinais e cartazes para indicar onde se encontravam
alguns lugares religiosos e lojas. Esse é um dos primeiros usos dos sinais com
simbolismos para que os habitantes soubessem localizar determinados
estabelecimentos. Algo que não está longe dos sinais que hoje ainda indicam a
proximidade de uma farmácia, um restaurante ou um posto de gasolina.
Na Roma antiga, existiam os chamados "alba" e "libelli", uma espécie de papiros ou
superfícies brancas que eram colocadas em lugares diferentes e serviam para
comunicar informações oficiais e comunicados de caráter comercial como a venda de
escravos, espetáculos ou moradias. Para reutilizá-los, eram pintados e o processo,
repetido.

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Ainda mais surpreendente era a técnica ainda atual: o graffiti. Eram, em realidade,
desenhos ou breves escritos com os que os habitantes exigiam ou protestavam por
algum direito. Algo que brilhantemente parodiaram os Monty Python em seu filme A
vida de Brian, e, embora possa surpreender a muita gente, tem uma base histórica
absolutamente real.
Como curiosidade, este tipo de graffiti foi às vezes também utilizado para assuntos
mais comuns, como declarações de amor, desenhos eróticos, ou exibições de virilidade
e de escárnio. Parece que pouco mudamos. E, claro, voltando à questão que nos ocupa,
havia também referências comerciais, especialmente em termos de bordéis, que foi o
lugar que reuniu o maior número de graffiti.

1.6 A CHEGADA DA IMPRENSA


No século XV a invenção da imprensa por parte de Johannes Gutenberg revolucionou
a comunicação: já nada seria como antigamente. A chegada desta invenção implicava
a possibilidade de multiplicar exponencialmente a difusão de qualquer mensagem.
A imprensa envolve a criação de almanaques que contêm elementos publicitários
destinados a uma audiência em massa e através de um meio de comunicação. Pela
primeira vez, temos todas as peças do tabuleiro e ficamos já perto da atual definição
de publicidade.
Em primeiro lugar, a imprensa foi monopolizada quase inteiramente pela Igreja, mas
ao longo dos anos (e séculos), foram-se ampliando os seus horizontes. A produção em
série ganhou mais liberdade e a imprensa foi um avanço para a disseminação do
conhecimento entre os cidadãos, além de ser usada como um método de anunciar a
chegada de novos produtos e descobertas. Com a recente necessidade de informação,
surgem os primeiros jornais.
O cartaz começa a tomar força como um método de divulgação de mensagens e é
usado para a difusão de espetáculos ou para o alistamento militar. Algumas dessas
campanhas usaram estratégias chamativas, como que o sargento podia convidar para

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beber a qualquer um que se alistasse. Algo próprio das estratégias da publicidade


contemporânea.
Pouco a pouco, os cartazes foram evoluindo e neles se experimentam novas
tipografias, alinhamentos de textos, sublinhados e dá-se forma aos primeiros conceitos
fundamentais de publicidade que veremos no próximo capítulo. Além disso, existem
outros fatores, como a rotulagem nos produtos para identificá-los e diferenciá-los. São
os primeiros passos que conduzem à Era das marcas.

1.7 . A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL


A Revolução Industrial produzida no final do século XVIII supõe um impulso enorme
para as possibilidades do mundo da publicidade. Este é um momento de enormes
mudanças: expansão econômica, êxodo rural, progresso, crescimento de mercados,
movimentos sociais, aumento da produção e da atividade econômica, etc.
Como resultado, surgem novas concepções econômicas que marcam o mercado, como
o liberalismo econômico ou a lei da oferta e da procura. A produção em série e a
invenção da ferrovia revolucionam conceitos como tempo e espaço, tornando a
produção muito mais rápida e as distâncias mais curtas.
A informação torna-se poder e as novas
necessidades de conhecimento levam ao
surgimento de jornais cada vez mais plurais,
com maior difusão e direcionados para
diferentes públicos. A publicidade começa a
segmentar e procurar o seu público-alvo. Por tal
motivo, os jornais dirigidos às classes ricas
ofereciam serviços como clubes de alto standing
ou corridas de cavalos, enquanto aqueles que se concentravam no proletariado
promoviam produtos como álcool ou sabonetes.
As grandes empresas começam a fabricar em velocidades nunca vistas e com custos
mais baixos, o que torna prioritário o fato de poder vender todo o material gerado e

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informar as pessoas de seus preços e serviços. O resultado dessas mudanças são as


primeiras agências responsáveis pela publicidade e o setor se profissionalizou com a
aplicação de novas técnicas e objetivos.
Esta revolução deu uma volta de 180 graus às abordagens comerciais. Imaginemos, por
exemplo, uma pequena loja de sapatos que sempre vendeu modelos de fabricação
própria e que de repente começou a produzir sapatos fabricados em série. Sua antiga
forma era escassa e artesanal e de repente passou a multiplicar-se e a ser oferecido
em diferentes tamanhos ou cores.
Mas a concorrência direta também entrava em jogo com uma loja que poderia vender
exatamente os mesmos sapatos e na mesma cor, algo impensável antes da produção
em série. Como poderia diferenciar-se de uma outra loja cujo produto era o mesmo?
A resposta era oferecer o melhor serviço, os melhores preços e, claro, a melhor
publicidade.

1.8 . HISTÓRIA DO CARTAZ


Os cartazes adquiriram uma enorme popularidade por causa de sua simplicidade
formal e habilidade para atrair a atenção. Numa primeira etapa, o seu uso estava
limitado às propagandas religiosas ou aos espetáculos populares, mas com o
surgimento da imprensa e dos avanços tecnológicos que permitiam uma tiragem muito
mais importante, os cartazes teriam uma função mais comercial.
As técnicas iniciais eram muito básicas e davam todo o seu destaque à imagem devido
à baixa alfabetização, limitando o uso do texto à repetição de poucas palavras-chave
que o público pudesse associar com um produto.
A idade de ouro do cartaz se produz na segunda metade do século XIX e implica um
salto qualitativo na forma de compreender a publicidade, graças à genialidade de
grandes pintores e artistas que foram apaixonados por esta forma de vanguarda, como
Manet, Toulouse-Lautrec, Jules Chéret ou Alfons Mucha.
Esta forma de publicidade estendeu-se pelas grandes cidades do mundo, apesar de
gozar o seu máximo esplendor nas ruas de Paris: cartazes em viagens, vitrines, grandes

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armazéns, carruagens, etc. As técnicas e formas evoluíam e, além dos produtos mais
tradicionais, como espetáculos, exposições ou medicamentos, foram incorporados
novos artigos que estavam em consonância com o hedonismo do Paris do final do
século XIX: perfumes, vestidos, joias, licores ou vinhos.
Além de uma evolução das técnicas de litografia ou o uso da cor, incorpora-se o uso do
slogan atraente e encontramos novos temas como a introdução da sensualidade, a
imagem das mulheres e o componente sexual como uma reivindicação dentro do
mundo dos cartazes.

1.9. SÉCULOS XIX E XX


Os séculos posteriores à Revolução Industrial trouxeram consigo o caminho para a
profissionalização da publicidade, que passou de ser um ofício isolado a estabelecer-
se como uma profissão com a criação das primeiras agências.
Neste tempo, começam a desenvolver-se as bases da publicidade atual e se investiga
a reação do espectador perante um anúncio. Como chamar a sua atenção, criar slogans
que pudessem ser memorizados, analisar o número de vezes de exposição necessários
para que um cliente retenha o nome de uma marca, etc. Além disso, a aparência das
revistas integra a linha que foi desenvolvida no mundo dos cartazes, com uma
publicidade muito colorida e com novas concepções de design e tipografias. Estas
revistas sabiam como olhar para o seu público-alvo e tratavam temas especializados,
tais como moda, culinária ou entretenimento.
São desenvolvidos mais e mais conteúdos e mais espaços publicitários, que se tornam
uma ótima maneira para a mídia ser autossuficiente. A necessidade de informação é
cada vez maior e o número de publicações aumenta de forma constante. No entanto,
há uma certa tendência naquela época a usar uma linha sensacionalista para captar a
atenção do público. Podemos ecoar a famosa frase do "nunca deixe que a verdade
estrague uma boa manchete." É por isso que os editores tiveram que estabelecer os
primeiros códigos de controle.

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Da mesma forma, a publicidade também participou ativamente na venda de produtos


e serviços de incerta reputação, apoiando-se em falsos estudos ou promessas que hoje
pareceriam absurdos ou mesmo perigosos, como a recomendação de beber whisky
para o tratamento do fígado ou rins e os cremes de beleza com rádio para que a pele
brilhara na obscuridade. Não se deve esquecer que a Coca-Cola continha até 1902 uma
pequena dose de cocaína e começou a ser comercializada como um medicamento para
a dor de cabeça patenteada pelo farmacêutico John Pemberton.
O contexto econômico e social que começou na Revolução Industrial continua seu
curso e aumenta a riqueza, o liberalismo econômico, o declínio dos preços, o consumo,
a alfabetização e os hábitos de leitura. Além disso, existem avanços como a melhoria
das técnicas de impressão, a redução do custo do papel, o desenvolvimento da
fotografia ou a melhoria do processo de distribuição.
O trabalho das agências de publicidade nos EUA cresce exponencialmente ao ponto de
triplicar a sua atividade entre o final do século XIX, até o crash de 1929. As agências
começaram a trabalhar diretamente para as mídias, adquirindo e revendendo espaços
publicitários, mas logo se tornaram independentes e foram trabalhar diretamente com
as marcas para que estas deixassem todo o peso da publicidade em suas mãos.
É neste momento em que nascem as primeiras grandes marcas como Levi's, Kelloggs
ou Coca-Cola, as quais conseguem que os consumidores associem as marcas a uma
garantia de qualidade. A publicidade avança para um estilo mais simples e direto,
desenvolvem-se campanhas mais criativas que buscam a veracidade em suas
mensagens. Aparecem associações e federações preocupadas que o conteúdo da
publicidade seja realista e se afaste do charlatanismo do passado.
Há também novas formas de publicidade, ou novas localizações, como as vitrines e a
publicidade direta no mesmo ponto de venda, obrigando as pequenas lojas a integrar
os princípios da publicidade para atrair seus consumidores. Além disso, as etiquetas e
embalagens são cada vez mais melhoradas.
A evolução do mercado e o surgimento de novos produtos desconhecidos, amplia os
objetivos. Neste caso, não era apenas que o público se apaixonasse por um produto,

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também era necessária, em primeira instância, uma função explicativa para que as
pessoas a entendessem.
As Guerras Mundiais abalam de maneira descomunal a economia e a sociedade,
comportando uma mudança de paradigma no uso da publicidade. Os anúncios deixam
de estar ao serviço do produto para tornar-se uma arma em mãos dos governos e sua
função torna-se mais propagandista. Os resultados da persuasão publicitária são um
sucesso retumbante entre a população americana quando se trata de exaltar o
patriotismo, a coragem e, especialmente, no recrutamento dos membros para o
exército com slogans como: “Americanos sempre lutam pela liberdade”, “Nós vamos
vingar Pearl Harbor, nossas bandeiras vão fazê-lo”, “Unidos vamos vencer” ou
“Defenda o seu país”.
O crash de 1929 também implica outro golpe duro para a economia. Muitos
empresários têm de fechar seus negócios e, portanto, sua publicidade. Porém, aqueles
que permanecem ativos tentam livrar-se a todo custo do estoque e a publicidade dá
um passo para trás, recuperando uma parte do charlatanismo e as falsas promessas
utilizadas no século anterior.

1.10. MEIOS DE COMUNICAÇÃO


O rádio implica um passo gigantesco para a circulação de informações, para a procura
de entretenimento e como forma de fazer publicidade. As marcas optam pelo
patrocínio desses espaços para ganhar a confiança dos ouvintes. Os produtos mais
expostos eram aqueles que mais se utilizavam como o tabaco ou detergentes e aqueles
que envolvem preços elevados, tais como carros ou eletrodomésticos.
Na verdade, existiam faixas bem definidas, como é o caso das donas de casa que
ouviam os romances narrados pela manhã e ao meio-dia que se transformaram num
alvo muito interessante para os publicitários do sabão daquele tempo. Era tal o
número dos anúncios desta classe que este gênero foi finalmente conhecido como
Soap Opera (soap em inglês significa sabão). Um termo que ainda hoje continua a ser
usado.

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Os anunciantes logo pediram vozes reconhecidas, intervenções de estrelas e


personagens da mídia para anunciar seus produtos. Outro aspecto foram os jingles,
que eram canções especificamente criadas para os anúncios, difíceis de esquecer, onde
o produto a vender era o protagonista.
O nascimento do cinema implica uma nova forma de compreender o entretenimento,
impensável até então, embora seja verdade que a publicidade não pode terminar de
explorar este meio, porque o modo de financiamento se produzia pelo pagamento da
entrada. Apesar disso, alguns dos grandes gênios que o cinema trouxe, como os irmãos
Lumière ou George Méliès, sabiam fazer curtas-metragens especiais para marcas
importantes como Evian, Moët & Chandon ou sabonetes Sunlight.
No entanto, foi a chegada da televisão que permitiu que as técnicas cinematográficas
fossem colocadas ao serviço da publicidade. As empresas ansiavam ser conhecidas e a
televisão tinha um alcance enorme, o que implicou uma mudança drástica na
concepção da publicidade. Em primeiro lugar pelo número de agências, que aumentou
consideravelmente, mas principalmente porque os anunciantes foram obrigados a
abandonar os designs antigos, capacitando-se na transmissão de mensagens através
de imagens em movimento.
A forma inicial de exposição das marcas na televisão foram os espaços patrocinados
em que o anunciante tinha uma presença constante dentro do conteúdo,
condicionando a sua qualidade. Um dos maiores exemplos para ilustrar o poder que o
anunciante tinha sobre o espaço era o caso de Camel. Esta marca foi um patrocinador
de notícias americanas que proibiu qualquer notícia que houvesse referência à
proibição de fumar, e até se recusou a emitir notícias em que apareceram pessoas
fumando charutos, exceto no caso de Winston Churchill.
O ponto de viragem em relação aos espaços patrocinados seria marcado pelo batom
Hazel Bishop, que, depois de não conseguir pagar o custo de um espaço patrocinado,
ofereceu a possibilidade de fazer um pequeno spot independente da programação.
Este exemplo foi logo seguido por muitos outros comerciantes e permitiu às cadeias
de televisão obter muito mais dinheiro por causa da sua curta duração e também

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deixar de submeter-se às imposições das agências para ter mais liberdade nos seus
conteúdos.

1.11. EVOLUÇÃO DA PUBLICIDADE


A evolução da publicidade continua seu curso para uma disciplina mais teórica e
analítica que tenta compreender não só o mercado, mas também a psicologia do
consumidor e sua capacidade de responder aos estímulos propostos por um anúncio
para incitar à venda.
O desenvolvimento dos argumentos também se torna mais complexo, abandonam-se
fórmulas baseadas em argumentos simples e “simpáticos”, muitas vezes
acompanhados por slogans com uma rima fácil, para permitir os argumentos que
movam o consumidor.
Além da publicidade tradicional, também conhecida como "above the line", são
desenvolvidas estratégias alternativas como o product placement, merchandising,
aplicações para celulares, vídeo games, ações de marketing, patrocínios e várias outras
formas de publicidade não convencional ou “below the line".
Tudo isso dá origem a uma profissionalização da publicidade, que cada vez conta com
mais pessoal especializado no processo criativo. E a coisa mais interessante é que esta
profissionalização não ocorre apenas em agências de publicidade, também acontece
nos próprios anunciantes. Enquanto no passado eles limitavam-se a ser guiados pelos
anunciantes, hoje em dia a maioria têm bem definidos os seus objetivos, seu
posicionamento e seu público-alvo.
Atualmente, a Internet tem sido uma verdadeira revolução nas formas de comunicação
focada em novas audiências, produtos, redes sociais e celulares, que forçou à
publicidade a reinventar-se para continuar crescendo.

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1.12. DEZ GRANDES PUBLICITÁRIOS

Para terminar este capítulo, queremos fazer uma pequena homenagem e citar
brevemente alguns dos mais importantes publicitários de todos os tempos, que
colocaram as bases do que hoje conhecemos como publicidade. Porque, embora seus
anúncios sejam história, provavelmente estes pioneiros da publicidade ainda
permanecem como autênticos estranhos e seus nomes sejam desconhecidos.

▪ Walter Thompson (1847-1928). Criador da agência J. Walter Thompson (JWT),


considerado um dos pioneiros na aplicação de técnicas publicitárias e
considerado por muitos como o criador da agência de publicidade moderna.

▪ Stanley Resor (1879-1962). Dirigiu a companhia J. Walter Thompson. Foi um


revolucionário em termos de disposição de equipamentos e estratégia de
trabalho conjunto. Defensor da pesquisa e da criação de equipes com perfis
muito diversificados.

▪ Albert Lasker (1880-1952). Presidente de Lord & Thomas. Conhecido pela


habilidade com os clientes e por considerar os redatores como as partes mais
valiosas de uma agência, sob a filosofia de “escrever textos que vendam o
produto”.

▪ Harry McCann (1880-1962). Fundador da HK McCann, que se tornaria McCann


Erickson, uma das mais importantes agências de hoje. Consolida o conceito de
"total marketing" em que a agência regula diferentes disciplinas: relações
públicas, pesquisa e promoções.

▪ Leo Burnett (1891-1971). Criador da agência Leo Burnett. Trabalhou para


algumas das marcas mais conhecidas do mundo, sempre defendendo a ideia da
construção de marca a partir da tenacidade, o tempo e o talento (os três "T") e
caracterizado pela busca de mensagens credíveis e emotivas.

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▪ Raymond Rubicam (1892-1978). Pioneiro publicitário, criador da Young &


Rubicam. Destacava-se pela sua criatividade, a introdução de conceitos
inovadores, o uso do design e a responsabilidade social como publicitário.

▪ Bill Bernbach (1911-1982). Co-fundador de Doyle Dane Bernbach. Conhecido


pelos princípios de tocar antes o coração que a cabeça dos consumidores e
procurar ser sempre diferente.

▪ David M. Ogilvy (1911-1999). Fundador de Ogilvy & Mather Worldwide. Uma


das figuras mais revolucionárias e populares do setor, considerado como o pai
da publicidade moderna. Destacava pela sua criatividade, seu trabalho de
pesquisa, sua disciplina e os grandes resultados das suas campanhas.

▪ Philip Kotler (1931). Conhecido como o pai do marketing moderno, tem escrito
inúmeros livros e tem sido consultor para grandes empresas. Um dos maiores
visionários em termos de técnicas de estratégia comercial.

▪ Luis Bassat (1941). Presidente da Bassat Ogilvy (associada a Ogilvy & Matter).
Premiado como melhor publicitário espanhol do século XX e autor de vários
livros, incluindo El libro rojo de la publicidad (1993). Um livro cuja leitura
recomendamos fortemente e cujas linhas não deixaremos de citar nestas
páginas.

Esta tem sido uma seleção dos 10 publicitários mais relevantes, mas há muitos outros
certamente fundamentais na compreensão da publicidade atual: Claude Hopkins, Al
Ries, Alfred Erickson, Jack Trout, Stan Rapp, Ned Doyle, Maxwell Dane, George Batten,
Jacques Séguéla, Marion Harper Jr. e Rosser Reeves, entre outros. Para obter mais
informações sobre qualquer um deles e outros, é possível consultar o site:
www.lahistoriadelapublicidad.com/protagonistas.php

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