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HISTÓRIA DA PUBLICIDADE E

PROPAGANDA
AULA 1

Prof. Patrick Diener


Prof. Otacilio Vaz
CONVERSA INICIAL

“Alguém pode ter respondido que estudar história é fundamental para que
não se cometa os mesmos erros do passado, mas pense comigo: essa “história
da publicidade” que você vai ver nos próximos conteúdos diz respeito
exatamente à sua carreira e à sua escolha profissional”.
Olá, aluno(a)! Seja muito bem-vindo(a)!
Aqui você vai acompanhar o desenvolvimento da história da publicidade
e da propaganda no mundo e também no Brasil.
Será uma viagem bem interessante! Então, vamos começar!

CONTEXTUALIZANDO

A sua primeira experiência com o estudo da história provavelmente foi lá


no colégio, quando você teve que estudar a história do Brasil, a história do
mundo e a história da civilização ocidental.
Nós não tínhamos escolha, éramos obrigados a estudar história e você
deve ter se perguntado: “qual a razão para se estudar história?”.
Com esse tipo de conteúdo, você não somente passa a ter fundamentos
melhores para conhecer seu próprio ofício, mas também tem uma visão global
do que já foi criado, de como a mídia já foi usada e mais importante: passa a ter
condições de vislumbrar as razões da propaganda contemporânea ser do jeito
que é hoje e tem utensílios suficientes para fazer projeções do que a publicidade,
a propaganda e a mídia podem vir a ser em um futuro próximo.
Pense que você está estudando a história da publicidade para melhorar
os seus próprios conhecimentos gerais, e que assim você melhora o
conhecimento de quem está ao seu redor também, sejam colegas de trabalho,
chefes ou subordinados.
Além disso, você vai perceber, quando estudarmos a história da
publicidade no Brasil, que ela também ajudou a formar a nossa identidade. Isso
é muito importante para você se reconhecer, não somente como profissional,
mas também como cidadão.

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TEMA 1 – SURGIMENTO DA PUBLICIDADE NO MUNDO

Apesar de a publicidade, como a conhecemos atualmente, ter surgido no


século XIX, a história da publicidade está ligada intimamente com a história do
comércio.
Por milhares de anos as pessoas têm trocados bens e serviços. Há mais
de 3000 anos antes de Cristo os fenícios desenvolveram o comércio e a
expansão de suas rotas por meio das navegações para vender especiarias,
metais e tecidos. Como eles começaram a vender, inclusive para a China,
precisavam, então, ter um modo padrão de escrita. Graças a essa necessidade
desenvolveram métodos para arquivar o que era escrito. Além disso, o uso de
dinheiro facilitava as transações.
Muitos países ao redor do mundo possuíam seus mercados,
principalmente próximos a portos. Graças a isso, regiões como da Babilônia se
especializaram em vendas. Comerciantes da Babilônia contratavam homens
para noticiar em voz alta a chegada de novos navios que traziam carregamentos
de especiarias, vinhos, joias e outros produtos. Muito parecido com hoje, que
vemos nas feiras de frutas e verduras os feirantes anunciando seus produtos e
preços para os transeuntes, em uma prática mais tarde conhecida como pregão.
Na Grécia antiga, em Roma e no Egito também foram encontrados papiros
que continham informações sobre objetos achados e perdidos, o que era uma
forma de anúncio.

Saiba mais

Se quiser saber mais sobre papiros, acesse:


http://sdi.letras.up.pt/uploads/pdfs/Papiro.pdf. Acesso em: 11 maio 2021.

Mas uma das mais antigas formas de propaganda são os outdoors. Eles
traziam principalmente mensagens políticas pintadas em paredes ou pedras, que
eram deixadas em lugares de alto tráfego de pessoas. Em Pompéia, por
exemplo, esses outdoors anunciavam eventos como: peças teatrais, torneios
esportivos e competições.

Dica de Leitura

Leia o livro Uma História da Publicidade, disponível na nossa Biblioteca


Virtual Pearson.

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Saiba mais

Confira o vídeo a seguir que trata da história da publicidade em 60


segundos. Produzido pela ADOBE. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=7d3VAYGnXjY. Acesso em: 11 maio 2021.

Os comerciantes e artesãos também penduravam placas de madeira


esculpidas ou pintadas em frente ao seu comércio, geralmente com o símbolo
da sua profissão com a imagem do que vendiam. Essas formas de propaganda
serviram para promover os pequenos negócios.
Com o desenvolvimento do comércio, a Europa se tornou a primeira
região a se industrializar. Mas...mesmo assim, a maioria da população ainda era
analfabeta. Por isso as placas de identificação do comércio traziam imagens
correspondentes ao serviço. Por exemplo: o desenho de uma bota, ou sapato,
na placa em frente ao sapateiro! Entendeu agora?
Em um mercado, por exemplo, a placa teria imagens de frutas e verduras.
Já os componentes do clero usavam as paredes da igreja para dispor
cartazes com anúncios de atividades. Depois os professores e palestrantes
passaram a usar o mesmo espaço para divulgar seus serviços!!!
Essa grande concentração de pessoas nas cidades europeias causou o
desenvolvimento da mídia, levando à criação de revistas e jornais que
expandiam suas propagandas além dos mercados das pequenas vilas, mas este
já é um assunto para o próximo tema.

TEMA 2 – A PUBLICIDADE NA ARÁBIA, EGITO, ÁSIA E ÁFRICA

No Egito, o papiro era usado como a mídia padrão para posters e


cartazes, já as entidades comerciais tendiam a usar paredes pintadas para
divulgação de seus eventos.
Na verdade, há relatos de pinturas em paredes como forma de divulgação
ou propaganda também na Índia, já há 4000 anos antes de Cristo. Esse é um
exemplo da evolução da mídia por meio de diferentes culturas.
A cultura árabe é intrinsecamente associada com o Islamismo e é por essa
razão que o conservadorismo religioso tem raízes muito fortes nas práticas
comerciais associadas dos países árabes. Há uma grande influência da religião
na indústria da publicidade.

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Por exemplo: conforme o Islã, é desejado que uma mulher se vista de
maneira modesta, cobrindo o seu corpo. Portanto não é comum vermos
mulheres nas propagandas dos países árabes. Uma solução? Criar anúncios
que mostrem somente os olhos das mulheres. Elas eventualmente aparecem em
alguns anúncios, mas em número muito menor se comparados com os dos
países ocidentais. É por esse motivo que o papel da mulher na indústria da
publicidade do mundo árabe chama muita atenção de pesquisadores e
estudiosos do meio, principalmente do mundo ocidental.
A maior preocupação dos publicitários muçulmanos é como a mulher será
mostrada nos anúncios em termos de sua ocupação profissional. Deseja-se que
estas sejam principalmente tarefas domésticas. É por essa razão que as
mulheres em propagandas árabes raramente aparecem trabalhando fora.

Saiba mais

Veja, aqui, alguns exemplos de comerciais feitos para a indústria árabe


de queijos:
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=zJ0S-
sruSDQ&feature=youtu.be>. Acesso em: 12 maio 2021.

Vários comerciais fazem uso da cultura muçulmana para apelar aos


sentimentos dos consumidores. Pode-se ver, com frequência, o retrato de
feriados tradicionais da cultura islâmica e também por meio das vestimentas
tradicionais dos personagens representados nos anúncios.
Mais um exemplo! A propaganda – que está logo a seguir – mostra um
homem jejuando durante o ramadã (período de um mês durante o qual os
muçulmanos jejuam durante o dia). Ele sente fome enquanto espera pelo pôr do
sol, para que possa, só então, comer um frango do restaurante anunciante.

Saiba mais

Confira o vídeo, aqui, sobre o homem jejuando no ramadã:


<https://youtu.be/JX1jh7QdrpY>. Acesso em: 12 maio 2021.

Mostrar preços em comerciais dos países árabes é considerado rude e


muito direto. Uma maior ênfase é dada à imagem ao invés do significado. Ainda
com respeito à religião, cães são considerados “animais sujos” por isso nunca
são vistos em comerciais. Qualquer substância que leve ao vício é proibida pelo

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Islamismo, desse modo propagandas de drogas ou álcool (ou mesmo mostrar
um copo vazio de champanhe) não são permitidas nos países de cultura árabe.
O Egito, mesmo mantendo tradições islâmicas, apresenta anúncios menos
rígidos do que os países que seguem a Sharia (leis do país fundamentadas na
religião).

Saiba mais

Assista ao comercial que mostra a mulher dominante numa disputa do


casal: <https://youtu.be/fYsLDhDRUeI>. Acesso em: 12 maio 2021.

As grandes agências já estão na Ásia há muitos anos. A agência J.W.


Thompson abriu o seu primeiro escritório na Índia em 1921. A McCann-Erickson
abriu o seu escritório em Tóquio em 1960. Outras redes de agências abriram
suas filiais na Ásia principalmente nos anos 1970 e 1980. No entanto a cultura
da publicidade na Ásia não é tão recente assim. Já durante a dinastia Zhou –
também conhecida como Chou, Chow e Jou, – na China, o governo usava as
moedas cunhadas com a face do imperador para divulgá-lo.
A publicidade moderna e a mídia na China foram praticamente
implementadas por ocidentais. Os primeiros jornais e revistas contemporâneos
foram fundados por expatriados no século XIX. Em 1918, um jornalista
americano, Carl Crow, abriu o primeiro escritório dedicado exclusivamente à
propaganda na China. Marcas multinacionais e comerciantes locais precisavam
anunciar e o americano estava na hora certa e no lugar certo para ajudá-los.
Tendo trabalhado na China por muitos anos ele conseguia negociar com clientes
internos e recém-chegados da Europa ou dos Estados Unidos.
Ele comprava espaços nos jornais e revistas de toda a China e se engajou
em pesquisas de mercado; estudando o comportamento do consumidor, seus
hábitos de gastos e fornecendo essas informações para os seus clientes.
O campo da publicidade continuou a crescer na China até a guerra de
1937, quando as marcas estrangeiras foram banidas. As agências de
propaganda internacionais só voltaram para China no final da década de 1970,
devido à sua política de “portas abertas”.
Em anos mais recentes o cenário da mídia asiática testemunha mudanças
sem precedentes, graças à desregulamentação da mídia, o que revitalizou a
mídia impressa e eletrônica. Pode-se dizer que, hoje, a Ásia é um dos mercados
que mais crescem em mídia no mundo.

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Os comerciais de TV japoneses contemporâneos tentam enfatizar o
impacto emocional sendo bastante rápidos e dinamicamente editados. Esses
comerciais apresentam, em sua maioria, palavras simples, rápidas, músicas,
jingles (mensagens publicitárias em forma musical) e personagens marcantes. A
meta é se destacar entre os outros comerciais.
Pode-se dizer que o comercial ocidental é mais racional do que o asiático.
Enquanto a publicidade ocidental é estratégica e direcionada ao mercado, a
publicidade asiática é instintiva e direcionada à mídia.
A necessidade de criar impacto instantâneo explica outro aspecto muito
conhecido da propaganda japonesa: o uso de estrelas de Hollywood para vender
produtos dos mais diversos, como cerveja, refrigerantes, whisky, joias, perfumes
e carros.
Em 2004, o Festival de Publicidade de Cannes, a maior premiação de
publicidade mundial, finalmente apresentou o seu primeiro presidente asiático
vindo da agência Ogilvy & Mather, da Índia. Em termos de criatividade,
entretanto, a Tailândia é quem se sobressai em toda a Ásia. O país tem grande
número de premiações em Cannes.
O continente africano é muito diverso e tem diferenças grandes entre o
norte (com países como Marrocos) e o Sul (com a África do Sul, colonizada por
ingleses).
O primeiro jornal da África do Sul foi o bilíngue “Gazeta da Cidade do
Cabo”. Ele já trazia anúncios em 1800, e seus proprietários eram negociantes de
escravos. Treze meses após o seu lançamento, o governo do país tomou conta
de toda a mídia impressa, incluindo a Gazeta da Cidade do Cabo.
As agências de propaganda geralmente estão envolvidas em campanhas
eleitorais, mas poucas delas têm a oportunidade de trabalhar para a eleição de
Nelson Mandela. Esta é a razão pela qual a TBWA se destaca nos anos 1990.
A agência faz campanha para lançamento de Nelson Mandela no
Congresso Nacional, na primeira eleição multirracial do país. A campanha foi tão
bem-sucedida que Mandela convidou a agência para participar das
comemorações pós-eleições. A questão das diferenças raciais na África é
abordada em alguns de seus comerciais. Um deles mostra, por exemplo,
pessoas negras e brancas bebendo juntas em um bar. Entretanto, esses
comerciais não refletem a realidade. Passam a ideia de uma África unida ou de
como as agências gostariam que fosse o continente.

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Saiba mais

Veja a seguir, para ilustrar, uma compilação de comerciais japoneses,


bem interessante! Disponível em: <https://youtu.be/xieT5yY8VLE>. Acesso em:
12 maio 2021.

Com tantas culturas, atitudes, línguas, diferentes níveis de educação e


pobreza, há pouco espaço para a publicidade mais complexa. Os investimentos
locais escassos e restritos também acabam direcionando a publicidade africana
para uma abordagem mais direta e simples.

TEMA 3 – A PUBLICIDADE NA IDADE MÉDIA

A Idade Média durou entre os séculos V e XV depois de Cristo. Foi


marcada por guerras como as cruzadas e a subordinação do estado e da ciência
à religião.
A publicidade escrita para a população em geral, comentada
anteriormente, quase desapareceu durante a idade média. Isso porque o número
de analfabetos cresceu muito com o declínio do Império Romano e a tomada do
poder pela religião. Consequentemente, muitos dos anúncios voltados ao grande
público passaram a ser baseados em imagens.
Outro modelo de anúncio para a grande população que não sabia ler era
feito pelos "gritadores". Pessoas contratadas para gritar promoções em frente a
tavernas e bares, por exemplo.
No que diz respeito aos impressos, a propaganda medieval mais rara
também é a menor. Mede aproximadamente 8 por 14 centímetros (um pouco
maior que um cartão de crédito) e, como muitos outros artefatos históricos,
quanto menor o objeto mais fácil dele ser escondido ou guardado, e maior suas
chances de ser preservado. Estamos falando de um pequeno cartão de papel no
qual consta uma propaganda de um escrivão.
Encontrada dentro um livro religioso que ele produziu em 1477, é o que
chamaríamos hoje de uma filipeta ou um flyer, feito para ser distribuído pela
cidade e que continha inscrições em latim e inglês, pedindo para que esse papel
fosse compartilhado. Essa é uma das mais antigas propagandas impressas em
inglês e diz muito sobre sua época.
Ainda que também muito rara, o tipo de anúncio mais encontrado do
período medieval é a chamada “folha de propaganda”, feita por mestres da

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escrita medieval. Indivíduos que sabiam escrever eram muito valorizados na
época, tanto intelectualmente como financeiramente. Eles eram capazes de
duplicar qualquer peça escrita desde cartas curtas até livros inteiros, e faziam
isso por dinheiro.
Durante os três últimos séculos da Idade Média, a demanda por livros
cresceu rapidamente, em parte por causa do barateamento das suas produções.
Os escrivães colocavam estas folhas de propaganda no meio dos livros, falando
sobre seus serviços e divulgando suas capacidades de reprodução da escrita.
Com o eventual crescimento do número de leitores, cresceu também a
demanda por materiais impressos. Os profissionais da imprensa e escrivães
tomaram para si a produção de livros que antes era dedicada somente às
abadias (comunidades cristãs). Eles começaram a ter lucro a criar o mercado de
livros como conhecemos hoje.
Eles também passaram a divulgar, não somente seus serviços de cópia
de livros, mas também seus serviços de alfabetização. Em muitos desses
panfletos pode-se ler frases como “se você quer aprender a escrever me
procure”.
A melhor maneira de um produtor de livros divulgar as suas habilidades
era por meio dos próprios livros e não somente por panfletos ou filipetas. Cada
página servia como uma demonstração das qualidades do artesão.
Alguns escribas colocavam nas páginas finais de seus livros anúncios
sobre seus serviços nas quais eles, explicitamente, pediam atenção do leitor à
ótima qualidade do manuscrito que os leitores acabaram de folhear.
Em um desses livros da idade média pode-se ler as seguintes frases em
suas últimas páginas: “Se alguém mais quiser um livro tão bonito como esse,
procure-me em Paris ao lado da Catedral de Notre Dame”.
A mensagem conquistava o leitor e é o que hoje poderíamos chamar de
spam: uma mensagem indesejada de divulgação incluída em um material
qualquer.
Truques de marketing, tais como usar letras bem desenhadas, coloridas,
chamativas, e o uso de spam para atrair clientes, mostraram que algumas das
ferramentas usadas pela propaganda medieval são tão efetivas hoje como há
600 anos.

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TEMA 4 – A PUBLICIDADE NA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Quando os produtos eram feitos à mão por artesãos locais em pequenas


quantidades, não havia muita necessidade do uso de propaganda. Compradores
e vendedores, muitas vezes, eram conhecidos pessoais e o comprador podia ter
contato direto com a manufatura do produto e o seu processo de produção;
especialmente para itens como roupas (que eram feitas sob medida) e comida
(feitas com ingredientes simples e não processados).
Embalagens e marcas eram desconhecidas e desnecessárias antes da
Revolução Industrial. Entretanto, uma vez que os avanços tecnológicos
possibilitaram a produção de massa de sabonetes, louças, roupas e muitos
outros produtos, a conexão pessoal entre comprador e vendedor foi
descontinuada em muitos casos.
Ao invés de vender diretamente das suas casas para os consumidores
locais, os fornecedores procuraram produzir em fábricas, muitas vezes longe de
suas casas, podendo ser até mesmo em outros países. Isso criou a necessidade
de mais propaganda, pois as novas formas de produção permitiam às empresas
a fabricação em larga escala. Os produtores precisavam explicar e recomendar
os seus produtos aos consumidores que nunca viram pessoalmente.
Os produtores (a procura de mercados mais distantes) estavam
começando a competir entre si, portanto precisavam criar uma marca para seus
produtos de modo a distingui-los uns dos outros e criar recomendações de
massa para dar suporte à produção em grande quantidade e ao novo modelo de
consumo. Os jornais impressos se tornaram a maneira ideal de propagar essas
ideias por meio de anúncios.
As novas tecnologias também faziam esses jornais ficarem mais baratos,
serem melhor distribuídos e terem impressão mais frequente. Eles possuíam
mais páginas, portanto podiam mostrar mais e maiores anúncios com
descrições, assim como preços.
Na metade do século XIX, avanços tecnológicos possibilitaram ilustrações
a serem incorporadas às propagandas, assim como mais tarde a cor passou a
ser também uma opção. Os anunciantes começaram a adicionar texto abaixo
das chamadas, descrevendo, assim, os seus produtos, usando uma narrativa
persuasiva.

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Nos anos 1880 a propaganda já tinha força própria e era focada na criação
de desejos e necessidades na população crescente, de modo a criar mercado
para certos itens.
Os homens de negócios queriam anunciar os produtos por meio de uma
linguagem perspicaz designada a influenciar os potenciais compradores a
perceber a necessidade de possuir tais artigos.
Evidências disso são vistas no grande número de utensílios domésticos
anunciados, como: fornos de cozinha, máquinas de lavar e máquinas de
costurar, produzidos nessa época e enquadrados dentro da categoria de
“utensílios domésticos modernos”.
Confira o anúncio de uma máquina de costura a seguir:

Figura 1 – Anúncio de máquina de costura

Fonte: CC-20.

As propagandas da época tinham um apelo especial às mulheres,


detalhando como a posse de tal fogão, por exemplo, era garantia da redução do
seu trabalho na cozinha e, consequentemente, de maior tempo disponível para
cuidar da sua família (de acordo com os valores e padrões daquela época). As
mulheres eram, de certo modo, as principais consumidoras desse novo mercado.
Ao criar desejos e necessidades em uma população consumista, a
propaganda foi fundamental no pavimento do sucesso do capitalismo. O
fundador da companhia de automóveis Ford foi também o pioneiro da linha de
montagem. A produção em massa de produtos acessíveis ao consumidor, com

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bons salários aos trabalhadores, revolucionou a economia e o mercado
publicitário.
Veja um anúncio para uma montadora de carros, graças à criação da linha
de montagem da Ford.

Figura 2 – Anúncio para montadora de carros

Fonte: CC-20.

Os homens de negócios da época propagavam a ideia de que as famílias


deveriam ser nucleares, com moral rígida, e com mães submissas. Muitas das
propagandas vistas nesse período prometiam para as donas de casa a economia
ao se utilizar este ou aquele produto, acrescentando um tom de ciência à arte do
gerenciamento doméstico.
Esse tipo de mensagem também era muito comum no começo do século
XX e durante a Primeira Guerra Mundial. A economia doméstica, em teoria,
proporcionava às donas de casa fazer o dinheiro render mais, para que, então,
a família pudesse comprar outras inovações tecnológicas, por exemplo:
automóveis, rádios e refrigeradores.
A lógica era que com essas novas tecnologias a vida seria muito mais fácil
para ambos, tanto dona de casa como para sua família; além de prover capital
para o crescimento constante da economia.

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Um bom exemplo dessa economia baseada no consumo das mulheres é
encontrado na forma de propagandas em revistas, jornais e panfletos.

TEMA 5 – A PUBLICIDADE NO SÉCULO XX

As formas de propaganda começaram a se expandir sobremaneira no


começo do século XX, e juntamente com o seu aumento vieram melhores
esforços para fazer a propaganda se tornar mais efetiva. Portanto é interessante
pensar sobre a relação entre a indústria da publicidade e da mídia de massa, em
particular a imprensa, o rádio a televisão e, mais tarde, a internet.
Ideias de montar agências de publicidade começaram a surgir logo no
início do século, na França, onde os publicadores de jornais consideravam a
aceitação de anúncios diretamente dos clientes como inaceitável. Ao invés disso,
eles vendiam espaços para empresas que revendiam esses espaços para
anunciantes. Mais tarde esse conceito foi adotado também por agências de
publicidade americanas.
A publicidade americana tomou um rumo diferente no início do século XX,
quando os negócios procuraram as agências para ajudá-los a vender os seus
produtos no exterior.
Várias agências de publicidade dos Estados Unidos abriram
departamentos para produzir anúncios em espanhol e traduzir anúncios feitos
primeiramente em inglês, com a intenção de mandar esses anúncios para alguns
jornais e revistas da América Latina. Entretanto, a falta de pesquisa e
informações sobre os hábitos de consumo desses países faziam os anúncios
ineficazes.
Para tentar contornar esses problemas, algumas agências acabaram
abrindo escritórios no exterior, com equipes locais.
O crescimento do rádio e televisão como mídia de entretenimento no
século XX também atraiu anunciantes novos. Esses meios começaram a
competir com a mídia impressa pela verba anual dos anunciantes. As agências
de publicidade não achavam, no início, que o rádio se tornaria um meio de
comunicação importante. Entretanto, pouco tempo depois, eles reconheceram
as novas possibilidades que o rádio trazia. Passaram não somente a colocar
anúncios em programas de rádio, mas também nomear alguns programas com
a marca do anunciante.

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As funções das agências tiveram que ser reinventadas, muitas vezes,
tendo que escrever tanto os comerciais como os roteiros dos programas de rádio.
As estrelas do rádio frequentemente liam os comerciais durante os seus
programas. Essa mistura entre programas de rádio e propaganda continuou até
o advento da televisão.
Por outro lado, os jornais permaneceram como a mídia dominante para
pequenos negócios e clientes locais. Por exemplo: mercados, lojas de
departamento, concessionárias de automóveis, e outros pequenos provedores
de serviços.
Com o grande investimento da verba em rádio, a partir dos anos 1920, as
pessoas passaram a preferir ouvir os comerciais ao invés de somente lê-los. As
propagandas de rádio permitiram aos criativos se libertar do texto escrito e
expandir a sua forma de comunicação também por meio de música, jingles e da
palavra falada.
Quando o rádio passou a ser transmitido em rede, no final dos anos 1920,
o potencial de alcance das propagandas radiofônicas foi potencializado e os
negócios da propaganda passaram a se misturar com os negócios da produção
de programas. Uma vez que a prática de patrocínio de programas se
popularizou, cada programa de rádio passou a ter o seu próprio patrocinador
individual. Em contrapartida, recebiam menções da sua marca durante a
transmissão dos programas e, ao contrário do que acontecia em jornais ou
revistas, os comerciais em rádio não podiam ser “pulados”.
As propagandas durante o período de guerra focavam principalmente em
manter o consumidor interessado e leal às marcas, mesmo que fosse difícil de
satisfazer as necessidades desses mesmos consumidores. Outro papel
assumido pela propaganda durante a Segunda Guerra Mundial foi o de promover
o patriotismo e o apoio à guerra. Alguns anúncios pediam para o público ajudar,
inclusive financeiramente, com doações para a guerra.
Veja como a TV influenciou a publicidade:

• O ponto principal para a história da publicidade, durante os anos 1950, foi


parecido com o que aconteceu antes (nos anos 1920) com rádio, devido
ao aparecimento de um novo meio de comunicação: a televisão. A TV
comercial se desenvolveu logo após a Segunda Guerra Mundial. No final
dos anos 1940, cidades como Nova York, Chicago e Los Angeles já
tinham estações de TVs operantes.

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• O progresso da televisão influenciou tanto o rádio como a mídia impressa.
O rádio passou a ser um meio usado principalmente por anunciantes
locais e as revistas passaram ser destinadas a públicos distintos e
segmentados, com anúncios destinados a esses nichos.
• Os comerciais de televisão nos anos 1970 passaram por grande
aperfeiçoamento, tornando-se visivelmente diferentes dos produzidos até
então. Muito disso graças à transmissão de melhores sinais de televisão,
sem tantas interferências, imagens mais realistas e também à adição de
cor a tv.

TROCANDO IDEIAS

Para os futuros publicitários, uma dica!


Confira mais detalhes da “História da Publicidade e Publicidade” aqui:
<http://www.guiadacarreira.com.br/carreira/historia-publicidade-e-
propaganda/>.
Em seguida, troque ideias com os seus colegas de curso lá no fórum!

NA PRÁTICA

Pesquise na web sobre o desenvolvimento das mídias de massa, e suas


transformações ao longo do tempo. E como a publicidade se adaptou ao
processo.

FINALIZANDO

É fundamental ao publicitário contemporâneo não apenas saber sobre as


linguagens e tecnologias do seu tempo, mas saber que houve toda uma trajetória
de transformações, que permitiram termos o mercado publicitário atual.

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