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Resumo:
O presente artigo mostra o trabalho produzido a partir da pesquisa “As
Novas Tecnologias e a Contação de Histórias em Sala de Aula” realizada
como exigência do curso de Pós‐graduação em Educação, Ciência e
Tecnologia, do Departamento de Educação da Universidade do Estado da
Bahia, Campus VII – Senhor do Bonfim. Nela, se investigou as impressões e o
trabalho de professoras Contadoras de História da rede pública municipal
de ensino de Senhor do Bonfim‐BA acerca do uso das novas tecnologias em
sala de aula durante o processo de contação de histórias possibilitando uma
discussão sobre a tecnofobia e apontando possibilidades de interrelação da
Contação de Histórias e a Tecnologia.
Palavras‐chave: Contação de histórias, novas tecnologias, tecnofobia.
Abstract:
This paper shows the work produced from the survey "The new technologies
and Storytelling in the Classroom" held as a requirement of post‐graduate
degree in Education, Science and Technology, Department of Education,
University of Bahia , Campus VII ‐ Senhor do Bonfim. It was investigated the
impressions of teachers and work storytellers of municipal public schools in
Senhor do Bonfim‐BA on the use of new technologies in the classroom
during the process of storytelling allowing a discussion of technophobia and
pointing out possibilities of interrelation of Storytelling and Technology.
Palavras‐chave: Storytelling, new technologies, technophobia.
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se tem acesso através da internet, nos proporciona um debate sobre os diversos
“lugares” de construção do conhecimento humano.
Dessa forma, pensando na contação de história, como poderíamos enxergar
uma relação com as Novas Tecnologias? Nesse sentido, buscou‐se com esse trabalho
conhecer e analisar a atuação de professoras contadoras de histórias da rede
pública de ensino da cidade de Senhor do Bonfim, BA, e as inquietações delas
quanto ao uso das novas tecnologias, identificando os recursos tecnológicos que as
mesmas dispõe em sala de aula, seu uso e as relações teórico‐metodológicas com a
contação de histórias visando observar como essas professoras percebem a relação
entre contação de histórias e o uso das tecnologias em sala de aula.
Assim, o foco na atuação dessas profissionais poderá nos levar à outras
interpretações sobre esses encontros entre a evolução tecnológica e a contação o
ato de se contar histórias, já que essa é bastante antiga.
A prática de contar história se desenvolveu bastante desde o fim do século
passado até os nossos dias. Talvez seja porque os contos de fadas, mesmo que
partindo de situações reais e concretas da vida infantil, estejam sempre envolvidos
no maravilhoso, lidando com emoções que qualquer criança já viveu. BETTELHEIM
(2000) afirma que a maior contribuição dos contos de fadas se dá em termos
emocionais, realizando concretamente quatro tarefas: fantasia, escape,
recuperação e consolo. Ajudando no desenvolvimento da capacidade de fantasia
infantil, fornece fugas necessárias, falando aos medos internos da criança, às suas
ansiedades e ódios, ensinando‐lhe, por exemplo, sobre como vencer a rejeição
(como em João e Maria), ou os conflitos edípicos com a mãe (como em Branca de
Neve), ou a rivalidade com os irmãos (como em Cinderela).
A escola pode, portanto, se apropriar das histórias infantis com o intuito de
ajudar a criança a resolver seus próprios conflitos, mesmo quando para a escola
eles parecem fúteis. É o que faz a história estimulante, que proporciona a criança
coragem para que ela enfrente suas dificuldades pessoais. As interpretações
adultas, por mais corretas que sejam, acabam impedindo a oportunidade que a
criança teria por si só de enfrentar com êxito uma situação difícil e real.
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Por isso é que alguns teóricos repudiam os contos de fadas “adocicados”,
“pasteurizados” por Walt Disney (SISTO, 2001), em que a ausência dos conflitos
essenciais, tira todo o significado e revelação, fazendo‐lhes perder a dimensão
simbólica.
Uma história é feita, na cabeça do ouvinte, pela construção de expectativas,
frustrações, reconhecimento e identidades. Dessa forma, pensando na introdução
de novas tecnologias em tal prática, a utilização de recursos audiovisuais para a
realização de uma releitura dos contos tradicionais não pode ter como ambição a
substituição do ritual da contação.
O ouvinte, enquanto aguarda a história vai tecendo sua teia de
possibilidades: eu já conheço essa! Será que vou gostar do final? Bem que o final
poderia ser diferente! etc. E é nesse momento que, segundo Camargos (apud
JOLIBERT, 1994), colocam‐se em ação diferentes operações encadeadas e em
crescente complexidade e isso independe do recurso, pois mesmo a história sendo
apresentada através da exibição de um vídeo, por exemplo, não impede que tais
inferências aconteçam.
Tais prazeres precisam ser transportados para a sala de aula através de uma
utilização consciente e planejada dos recursos tecnológicos na contação de
histórias. Geralmente, a escola os utiliza apenas como instrumentos de disciplina e
sem nenhum objetivo aparente. Os educadores poderiam se apoiar na fantasia, que
é peculiar aos contos de fadas, e na curiosidade, que é suscitada pela tecnologia,
como pretexto para uma aprendizagem significativa.
O que se vê, no entanto, são profissionais temerosos quanto à utilização
desses recursos dentro de sala de aula.
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É importante que se pense a tecnologia como uma nova visão de mundo e de
construção “on‐line’ de experiências, o que não se resume a apenas contar
histórias com outra ferramenta:
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O professor, quando passa a contador de história, vai além de ser humano e
transcende seu próprio Ser. Faz do exercício de contar a sua maneira de falar,
deixa de ser pessoa simplesmente e adentra em um mundo que só a criança
compreende. Nesse momento, ele aproveita essa potencialidade comunicativa
favorecida pela contação para despertar o desejo pela leitura, afinal quando há
encantamento o aluno inconscientemente se predispõe a compartilhar os saberes.
Fica assim, explícita a necessidade de criação de um novo olhar sobre a
instituição escolar. Não se admite mais que a escola represente uma mera listagem
de técnica ou uma metodologia para ser utilizada pontualmente, sem nenhuma
possibilidade de interação entre ela, a fantasia, e os alunos. Os contos fomentam a
possibilidade de vida cooperativa, interativa e talvez fraterna; mas o que importa
na verdade é esse clima favorável à aprendizagem, que a maioria das escolas acaba
por ignorar.
Contudo, a escola não é a única responsável pela negação do valor dos
contos. Há um histórico de desvalorização dos mesmos desde o seio familiar, não
há um incentivo à leitura, não se conta mais casos nas rodas de fogueiras, ou nas
soleiras das portas. Essas, são culturas, brincadeiras de infância que “já não
importam mais”. Por isso, a escola precisa unir forças com as famílias e até outros
grupos sociais, na tentativa de valorizar e salvar o que ainda resta do belo,
educativo e fantasioso nos contos de outrora.
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Nem todos os pais participam da mesma maneira da escola e do sucesso
escolar de seus filhos. Cabe a nós, professores, procurarmos caminhos múltiplos,
que permitam que cada um encontre o seu lugar.
A família e a escola necessitam entender que enquanto o conto diverte a
criança também a esclarece sobre si mesma, possibilitando‐lhe atribuir significados
a sua existência.
São ímpares, não como forma de literatura, mas como obra de arte
integralmente compreensível para a criança, como nenhuma outra forma
de arte o é, o significado do conto é diferente para cada pessoa, e
diferente para a mesma pessoa em vários momentos de sua vida.
(BETTELHEIM, 2000 p. 20).
O Professor e a Tecnologia
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Observando o pensamento de Paul Virilio, em entrevista ao site Notre Site
Français, do portal estadao.com.br, percebemos as diversas visões que se deve ter
em relação à tecnologia. Falando de seu livro, A bomba informática, Virilio diz,
por exemplo, que a Internet é, ao mesmo tempo, a melhor e a pior coisa do
mundo. Porque ela é comunicação e essa é inevitavelmente a pior e a melhor das
coisas, pois é o veículo da língua e da informação, portanto é o pior e o melhor. E
se a Internet é um aparelho de comunicação global, ou melhor, que visa ser global,
a ameaça dessa rede é comparável à ameaça de uma comunicação interlinguística
(CORREA, 2007).
Para ilustrar esse processo de evolução da tecnologia e essa procura pela
facilidade das coisas, Virilio (1996) diz que “O Homem sempre seguiu a lei do
menor esforço”. Mesmo com o pensamento global focado no avanço tecnológico,
ele afirma ainda que o teatro e a dança são as duas únicas linhas de resistência à
virtualização: não há globalização sem virtualização. O teatro e a dança, por sua
vez, têm necessidade de apresentar o corpo; Então são as artes do corpo por
excelência. Por isso, é preciso preservá‐las, porque se as deixarmos desaparecer na
virtualização, se não preservarmos os corpos de atores e dançarinos, provaremos
que as novas tecnologias são exterminadoras dos corpos não apenas através do
desemprego, da miséria, mas também da referência à corporalidade, isto é, à
própria teatralidade.
Comparando a visão de Virilio com a de Pierre Levy, por exemplo,
percebemos no primeiro um certo pessimismo em relação ao avanço tecnológico,
principalmente quando direcionado ao desenvolvimento da comunicação, o que
diverge de uma perpecetiva de Levy (1999, p. 118‐119) que vê o ciberspaço como
não totalitário e dissolvidor de paradigmas. Nessa perspectiva, pensar a inclusão
digital não pode nos remeter apenas ao acesso às informações de uma maneira
mais abrangente, através da internet por exemplo. Se faz necessário questionar
sobre o acesso qualificado à tecnologia observando a relação de protagonismo
social, segregração dos excluídos dos novos recursos e dos analfabetos
tecnológicos.
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Partindo desses princípios, é importante que se tenha muito claramente o
que vem a ser tecnologia. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 2007. p.
135) a define como estudo das técnicas, isto é, da maneira indicada de se executar
qualquer tarefa. A história da tecnologia é a história milenar dos esforços do
homem para dominar, em seu proveito, o ambiente material. Recursos tecnológicos
são, assim, os produtos da tecnologia, qualquer objeto criado para facilitar o
trabalho humano. Portanto, a roda, o machado, utensílios domésticos, televisão,
livro, telefone, trator, relógio, são recursos tecnológicos, assim como motores,
engrenagens, turbinas, cabos e satélites.
Nessa perspectiva, a inserção de recursos tecnológicos tende a provocar dois
sentimentos imediatos entre os educadores: aceitação e rejeição. A proposta de
equipação das unidades escolares como forma de melhorar a qualidade da
educação, principalmente nas escolas públicas, já é rotina. Entendamos como
equipação o processo de entrega de equipamentos nas escolas sem a devida
preparação dos profissionais. Ter vários recursos tecnológicos não corresponde
necessariamente à garantia de uso pedagogicamente qualificado. Dessa forma é
possível encontrarmos educadores que dominam o uso dos equipamentos e
enriquecem às suas aulas, uma vez que esses recursos não são apenas reprodutores
de conteúdo, mas sim, novas possibilidades de experimentações estético‐
educacionais. Por outro lado, podemos também perceber outra parcela desses
profissionais que chegam à temer os equipamentos, numa relação quase que
tecnofóbica, que impede o uso tecnológico qualificado.
Para Valle (2002, p. 7), educar com tecnologia não é uma tarefa fácil. A
cultura escolar é excessivamente baseada no texto impresso e na cultura oral, de
modo que a incorporação de novas linguagens (plásticas, musicais, gestuais ou
tecnológicas) torna‐se um desafio. Por outro lado, o ato de inserir a tecnologia na
escola, por si só não garante uma melhor qualidade na educação ofertada, uma vez
que práticas tradicionais podem ser reproduzidas com o uso dos recursos
tecnológicos. Com referência a Morin, a autora ainda cita que as tecnologias de
comunicação não mudam necessariamente a relação pedagógica. As tecnologias
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tanto servem para reforçar uma visão conservadora, individualista, como uma visão
progressista.
Mattos (apud Valle, 2002 p. 11) destaca que o conceito de Tecnologia
Educacional relaciona‐se com inovação no processo educacional, através da
viabilização de novas teorias, conceitos, idéias e técnicas. Pode ser entendida
como toda e qualquer aplicação, utilização sistemática de conhecimentos
científicos ou de outra natureza a situações ou problemas educacionais.
Nessa perspectiva, a inserção das novas tecnologias no contexto escolar se
torna mais importante na construção de novos conhecimentos do que simplesmente
a utilização desses apenas como uma modernização do velho quadro negro e do giz.
O fato de se ter acesso às diversas ferramentas não qualifica as construções
de novos conhecimentos, pois não se trata da incorporação pura e simples das
tecnologias em sala de aula, nem somente da atuação dos professores. Trata‐se de
promover aprendizado aliando todos estes vetores (VALLE, 2002 p. 11).
Para Sancho (apud Valle, 2002 p. 11) as próprias escolas são uma tecnologia,
uma solução à necessidade de proporcionar educação a todos. Se concebermos a
própria Educação como Tecnologia, perceberemos profissionais mais preocupados
com os recursos tecnológicos. Nessa relação, o pensamento exclusivo em como se
desenrolar uma aula torna‐se mais importante do que a relação de processo ensino‐
apredizagem.
Metodologia
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Nesse tipo de pesquisa o processo é bem mais valioso que o produto. Bogdan
e Biklen (apud Lüdke e André, 1982), referencia que o pesquisador libera atenção
especial às nuances do discurso, ao significado que as pessoas pesquisadas dão as
situações envolvidas.
A atividade de campo foi dividida em dois momentos: aplicação de
questionário e entrevista. O questionário utilizado por nós foi divido em duas
partes: na primeira, foram apresentadas três questões referentes ao perfil dos
entrevistados; já a segunda, contém sete questões sobre sua prática, no que diz
respeito à contação de histórias e tecnologias.
O questionário foi elaborado com o objetivo de detectar como as professoras
percebem os temas em tela e sua aplicação objetivou compreender as rotinas de
trabalho para facilitar assim a coleta de dados.
No segundo momento, foi realizada uma entrevista em que as professoras
falavam de suas experiências e práticas em relação à contação de história e de suas
relações profissionais com as tecnologias disponíveis para o desenvolvimento de seu
trabalho.
Como amostra, escolhemos um grupo de 10 professoras que trabalham na
rede pública municipal de ensino de Senhor do Bonfim e que desenvolvem um
trabalho com contação de histórias desde o ano de 2004.
Para evitar a identificação das entrevistadas, substituimos os nomes por
pseudônimos (Professora A, Professora B). Como não é objetivo nosso o confronto
das respostas, os pseudônimos serão colocados, inclusive ultrapassando a
quantidade referente à 10 (dez) letras, que seria exatamente a quantidade de
entrevistas e questionários aplicados.
Nas escolas onde trabalham, essas profissionais têm à sua disposição diversos
recursos audiovisuais e multimídia (DVD, TV, Computador, Aparelho de som,
retroprojetor, quadro negro, entre outros). As Instituições onde trabalham
atendem a alunos desde a educação infantil até a 8ª série.
A maioria dos alunos eram de classe média‐baixa, oriundos da periferia do
município e da zona rural, e viviam em situação de risco social. Dessas unidades
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escolares, duas possuiam laboratório de informática que serviam tanto para os
alunos quanto à comunidade.
Análise de dados
Professora A ‐ “São momentos de prazer, onde o ouvinte pode viajar pelo mundo
mágico da fantasia”.
Professora B ‐ “É proporcionar uma viagem imaginária pelo mundo da fantasia e ao
mesmo tempo despertar o gosto pela leitura.”
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ler, o professor tem antes que gostar de ler. Falar com entusiasmo e emoção de
suas leituras (...) pensar a leitura como necessidade pessoal.
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Para o grupo pesquisado o objetivo da contação de histórias é alcançado
apenas quando o aluno desenvolve habilidade de leitura. Assim, esquecem que a
aquisição de habilidades, inclusive a de ler, fica destituída de valor quando o que
se aprende a ler não acrescenta nada de importante a nossa vida. Pois, segundo
Betelheim (2000 p.14), os contos de fadas transmitem importantes mensagens a
mente consciente, à pré‐consciente, e a inconsciente, em qualquer nível que
esteja funcionando no momento. As histórias também validam as dificuldades que a
criança possa estar enfrentando e em alguns momentos apontam saídas para a
superação de tais problemas. Enfim, a contação de histórias, transcende o
momento de leitura.
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Professora V “Não acredito ser possível. A partir do momento que a contação de
história se junta com a tecnologia, a mesma perde seu verdadeiro objetivo e
valor.”
Professora X “A tecnologia foi tirando o gosto pelo ouvir histórias.”
Professora Y “Não acho legal, a imaginação é fundamental na contação de
histórias. Com a chegada da tecnologia as pessoas estão sem imaginação.” (sic)
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esses outros profissionais, a contação serve apenas como distração em sala de aula.
É interessante perceber que a contação de histórias, apesar de toda importância no
contexto escolar, chega num momento em que só é valorizada, como tal, pela
própria professora‐contadora e os alunos que participam daquele momento.
É importante salientar que o professor é o principal responsável pela quebra
do pensamento de que a tecnologia irá substituir os momentos da contação de
história ou, até mesmo, o profissional em sala de aula. Tem‐se que entender que os
recursos audiovisuais servem para reforçar o trabalho e para incrementar o que foi
programado na prática docente.
O fato de os depoimentos mostrarem a tecnologia como um “inibidor da
criatividade”, nos obriga entrar em uma discussão mais específica sobre este tema.
Segundo Lowenfeld (apud ANDRADE, 2007), “A interação da criança com o seu meio
proporciona os recursos para a evolução do pensamento”, sendo assim, se a
tecnologia está inserida no contexto de vida das crianças, por exemplo, podemos
afirmar que ela poderá auxiliar nesse desenvolvimento. Mesmo porque, pela
primeira vez, são as crianças as que melhor dominam um novo aparato tecnológico
e estão na ponta do processo transformador que atinge, cada vez mais, áreas da
vida cotidiana (AMARAL, 2003 p.45).
O que se percebe, na verdade, é que a falta de formação específica para
aplicação das diversas ferramentas tecnológicas em sala de aula acaba por gerar
um pré‐conceito em relação às novas tecnologias. Por essa reflexão podemos
imaginar que cada ser cria a partir de suas experiências, (re) elabora seus
princípios de vida e frui esteticamente no meio. É possível eleger a tecnologia
como uma ferramenta de estímulo às produções que estão além de nossa
materialização mental.
Com o uso da tecnologia, o professor poderá amplificar os estímulos em sala
de aula, através de documentários, discussões sobre a criação de desenhos
animados, filmes futuristas entre outras questões que irão provocar o aluno a criar,
pois “os estímulos são o alimento da inteligência”. (ANTUNES, 2001 p. 18)
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Considerações Finais
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bairro, na casa dos alunos coloca em questão o significado da alfabetização digital.
Dessa forma, muitos profissionais se vêem à mercê do modismo e não conseguem
(ou não podem) re‐significar suas propostas e seus objetivos frente à tecnologia.
Não bastasse isso, percebe‐se no senso comum o costume de que o novo
anula o velho; que o digital não é aconchegante e que o professor será substituído
pela máquina. O não conhecimento à cerca da utilização dos recursos tecnológicos
limita as ações com tais recursos a aulas extras, geralmente “ministradas” por
técnicos especializados ou por qualquer pessoa que saiba “manejar aquela coisa”.
Se pensarmos por este ângulo, podemos perceber que o tratamento dado à
tecnologia em sala de aula assemelha‐se ao que é dado geralmente ao ensino da
arte, que, apesar de ter sua importância reconhecida, geralmente é conduzido por
profissionais que “têm o jeito pra coisa”, que já façam isso no dia‐a‐dia ou mesmo
aqueles que já estão próximos de se aposentar (BITENCOURT, 2004). O que vemos é
que esses recursos chegam até os alunos por outras rotas e para outros fins,
principalmente diversão, o que torna o uso dessas ferramentas em sala de aula
extremamente monótonas.
Por fim, acreditamos ser possível uma relação entre contação de histórias e
novas tecnologias desde que sejam respeitadas as particularidades de cada um;
planejando como os dois serão utilizados em sala de aula; compreendo que tanto
contação de histórias quanto as novas tecnologias podem nos ajudar a construir
conhecimentos e não apenas repeti‐los ou exibi‐los.
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¹ Licenciada em Letras (UFRN), Mestre em Educação (UFES), professora efetiva da Universidade do Estado de Pernambuco /
Faculdade de Formação de Professores de Petrolina – UPE/FFPP – e‐mail: isva‐modesto@uol.com.br (Orientadora)
² Pedagoga, Especialista em Educação, Ciência e Tecnologia, Técnica em assuntos educacionais do Instituto Federação
Baiano de Educação, Ciência e Tecnologia – Campus Senhor do Bonfim IF– e‐mail: janetebatistarocha@hotmail.com.
³ Pedagogo, Especialista em Educação, Ciência e Tecnologia, Professor do Instituto Federação de Educação, Ciência e
Tecnologia do Sertão Pernambucano – Campus Floresta – e‐mail: ricardo.bitencourt@gmail.com
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