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MICRONUTRIENTES E

FITOQUÍMICOS NA SAÚDE MENTAL

Daniela Seixas
www.danielaseixas.com.br
@dfseixas
MAGNÉSIO
FUNÇÕES DO MAGNÉSIO
➢ Cofator de mais de 600 enzimas

➢ Papel essencial no metabolismo energético


FUNÇÕES DO MAGNÉSIO
DEFICIÊNCIA DE Mg
➢ Maior risco de deficiência em pacientes com diarreia crônica, síndromes de má absorção, doença celíaca, diabetes,
uso de diuréticos, e idosos

➢ Uso crônico de inibidores da bomba de H+

➢ Com o envelhecimento ocorre ↓ absorção e ↑ excreção urinária de Mg (em até 30%)

➢ Na menopausa ↑ o requerimento de Mg

➢ Ingestão insuficiente (pelo baixo consumo de alimentos fonte) é comum

➢ Diabetes: ↑ excreção urinária de Mg: de 25% a 39% dos pacientes com diabetes tem deficiência de Mg

➢ Consumo de álcool (mesmo em doses moderadas) ↑ a excreção renal de Mg e também excreção pelas fezes

➢ Cigarro ↓ as concentrações séricas de Mg

➢ ↑ ingestão de Na, proteína e Ca ↓ a retenção de Mg


DEFICIÊNCIA DE Mg

doi:10.3390/nu12123672
HOMEOSTASIA DO Mg

doi:10.3390/nu12123672
➢ Os níveis séricos de Mg não refletem a reserva corporal de Mg

➢ Pacientes com ↓ reserva corporal de Mg muitas vezes tem níveis séricos normais

➢ Medida mais sensível: determinação da proporção de uma dose-teste retida

➢ ~15% do Mg é retido - normal


➢ ~85% é retido em indivíduos com hipomagnesemia
➢ ~50% em indivíduos com risco de deficiência

➢ Outra possibilidade: Mg eritrocitário


CONSUMO DE Mg NO BRASIL
➢ Estudos que avaliaram o consumo de Mg pela população brasileira (desde a década de 1990 até o ano de 2009)
demonstraram risco de inadequação

➢ Grande variação de consumo, porém a população brasileira consome em média 161,0mg/dia

Recomendação para adultos:


- 400mg/dia para homens
- 310mg/dia para mulheres

Bleil RAT. Dissertação (Mestrado) – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. Piracicaba, 2004. ; Faganello CRF.– Escola Superior de Agricultura “Luiz
de Queiroz”, Universidade de São Paulo. Piracicaba, 2002.
ESTRESSE X MAGNÉSIO
➢ O estresse agudo e crônico ↑ a excreção urinária de Mg e ↓ o Mg corporal (Mg eritrocitário, Mg total e em alguns casos
Mg sérico)

➢ Com o tempo e depleção de Mg, a excreção urinária tende a ↓ (devido à depleção de Mg induzida pelo estresse)

➢ Durante períodos de estresse + restrição de sono (período de exames finais em estudantes universitários) também levaram
a ↓ de marcadores do estado nutricional de Mg
ESTRESSE X RESTRIÇÃO DE SONO
➢ 1 noite com restrição de ➢ 1 mês de restrição de
➢ 1 noite bem dormida
sono (3h de sono) sono (< 60%)

↓ do Mg eritrocitário ↓↓↓ do Mg eritrocitário

doi: https://doi.org/10.1093/advances/nmz082
➢ Revisão que revisita o conceito de “circulo vicioso” do Mg e estresse

↑ eliminação
ESTRESSE
do Mg

↑ susceptibilidade Deficiência
ao estresse de Mg
CÍRCULO VICIOSO Mg X ESTRESSE

doi:10.3390/nu12123672
O primeiro artigo com o potencial ansiolítico do Mg foi publicado em 1921!
NUTRIENTES E SNC

➢ Síntese de serotonina

doi:10.3390/nu12123672
Mg E SNC
➢ Deficiência de Mg: excesso de neurotransmissão glutamatérgica:

➢ Excitotoxicidade, estresse oxidativo e morte neuronal

Alterações da neurotransmissão glutamatérgica: dores crônicas,


enxaqueca, Parkinson, Alzheimer, ansiedade e depressão.

doi:10.3390/nu12123672
➢ Efeito protetor contra o excesso de excitabilidade que causa morte celular (excitoxicidade) com implicação em
diversas doenças neurológicas como:

➢ Ansiedade
➢ Depressão
➢ Doença de Parkinson
➢ Alzheimer

doi: 10.3390/nu10060730
➢ Strong data
➢ Good potential
➢ More research needed
Descrição dos alimentos Mg (mg)
FONTES Cacau em pó (100g)
Semente de abóbora
499
262

ALIMENTARES Grão de bico


½ xícara de castanha do Brasil
146
225
½ xícara de aveia 96
1 xícara de arroz integral 86
Couve (100g) 47
Rúcula crua (100g) 47

25g = 150mg 30g = 120mg 70g = 49mg 20g = 100mg

419mg de Mg 579mg Mg/dia


160mg da dieta (média do brasileiro)
RÁPIDO RESUMO – ESTUDOS CLÍNICOS

➢ Estudo open label com MgCl2 → melhora dos sintomas de depressão (questionário PHQ-9, p < 0,001) e ansiedade
(p < 0,001) após 2 semanas

➢ Pacientes com hipomagnesemia receberam 500mg de óxido de Mg (305mg de Mg elementar) → ↑ dos níveis de
Mg e melhora dos sintomas de depressão
➢ Suplementação de 120mg de Mg (na forma aspartato) ou placebo + fluoxetina (durante 8 semanas) →
medicamento + Mg teve efeitos superiores à monoterapia com fluoxetina

➢ Suplementação de 450mg de Mg elementar (na forma cloreto) ou imipramina em pacientes com DM2
recém diagnosticada e hipomagnesemia (Mg sérico < 1,8mg/dL) → ↑ dos níveis séricos de Mg
➢ Mg foi tão eficaz quanto a imipramina no tratamento da depressão
➢ É comum a deficiência de Mg em pacientes com depressão

➢ Estudos epidemiológicos mostram que um > consumo de Mg ↓ o risco de depressão

➢ É possível que a suplementação de Mg tenha um papel terapêutico, porém mais estudos são necessários

➢ Metanálise de 6 ensaios observacionais (19137 pacientes) mostrou que existe uma possível associação
entre depressão e hipomagnesemia
➢ Adultos com pontuação > 18 no questionário DAASS-42 (Depression Anxiety Stress Scale) e ↓s níveis de Mg receberam
suplementação de Mg (300mg) + B6 (30mg) ou Mg isoladamente

➢ Ambos grupos tiveram melhora clínica igual, mas para um subgrupo de indivíduos com níveis severos/extremos de estresse a
suplementação combinada (Mg + B6) teve efeito mais significativo

➢ A vit B6 tem efeito na síntese de neurotransmissores, pode atuar ↓ o efeitos de glicocorticoides e auxilia na captação celular do
Mg

Pode ser interessante associar Mg + B6 para pacientes muito estressados

doi: 10.1371/journal.pone.0208454
CONSIDERAÇÕES SOBRE O Mg
➢ Diferentes sais de Mg tem efeitos diferentes tecido-específicos?

➢ Resultados pré-clínicos não podem ser diretamente extrapolados para a clínica

➢ Ainda são necessários + estudos para saber qual forma de Mg tem melhor efeito em diferentes condições
clínicas

➢ Doses de suplementação: 100 a 350mg de Mg elementar/dia

➢ Pode ser interessante associar com vitamina B6 (melhor utilizar complexo B)

➢ Aumentar o consumo de alimentos fonte

➢ Avaliar a resposta clínica?


Mg: INTERAÇÃO NUTRIENTE X NUTRIENTE

➢ Zinco: ↑s doses (> 140mg/dia) ↓ a absorção do Mg

➢ Fibras: em estudos pré-clínicos, a ↑ ingestão de fibras ↓ a absorção do Mg, mas em não está claro o quão
significativo isso é em indivíduos saudáveis

➢ Vitamina D: ↑ discretamente a absorção do Mg

➢ Proteína: ↑ a absorção do Mg

➢ Vitamina B6: auxilia a entrada do Mg nas células


ZINCO
PRINCIPAIS FUNÇÕES: Zn
➢ O Zn possui papel catalítico, estrutural e regulatório

➢ Catalítico: existem mais de 200 enzimas dependentes de Zn

➢ Estrutural: estrutura de proteínas e membranas celulares: superóxido dismutase Cu/Zn

➢ Regulatório: proteínas que contém Zn atuam como fatores de transcrição, possuem papel na regulação da
expressão gênica e influenciam a secreção de hormônios

➢ Zinco é essencial para a síntese da proteína ligadora de retinol (RBP), responsável pela mobilização e transporte
da vitamina A do fígado para a circulação

β-caroteno Vitamina A
Retinol redutase
(Zn)
ZINCO X DEPRESSÃO
➢ Pacientes com depressão possuem níveis séricos de Zn ↓s que os controles

➢ Estudos de ressonância com pacientes deprimidos mostram que a depressão ↓ a neurogênese no hipocampo

➢ Existe uma associação entre deficiência de Zn e ↓ da neurogênese no hipocampo

➢ O Zn pode ↑ a expressão do BDNF, que está ↓ na depressão

➢ A suplementação de Zn (isolada ou em combinação com antidepressivos) pode ter efeito benéfico – 7 a 25mg/dia

Swardfager W, et al. Zinc in depression: A Meta-Analysis. Biological Psychiatry, 74(12), 2013.; Lai, J, et al. The efficacy of zinc supplementation ind
depression: Systematic review of randomised controlled trials. Journal of Affective Disorders, 2012.
DOI:10.1016/j.biopsych.2013.05.008
➢ Evidências de 4 ensaios clínicos sugerem que a suplementação isolada de Zn ou como coadjuvante ao tratamento
medicamentoso pode reduzir os sintomas depressivos

➢ Entretanto são necessários mais estudos para confirmar estes resultados

➢ Doses entre 7 – 25mg/dia

https://doi.org/10.1016/j.jad.2011.06.022
➢ ↓s níveis de Mg e Zn são comuns em pacientes com depressão (Zn sérico está reduzido em diversos estudos)

➢ Ambos íons tem um papel importante na depressão

➢ O Mg tem maior potencial de efeito benéfico em pacientes com deficiência

➢ O Zn também tem um potencial clinicamente significativo em ↑ a resposta ao tratamento medicamentoso


(principalmente em pacientes pouco ou não responsivos) na depressão maior

DOI: 10.1684/mrh.2018.0442
➢ 52 indivíduos com sobrepeso ou obesidade foram randomizados para receber 30mg de Zn (gliconato) ou placebo
durante 12 semanas

➢ Houve um ↑ significativo dos níveis séricos de BDNF no grupo suplementado assim como uma ↓ no score BDI
(escala de depressão de Beck) → ↓ em ambos grupos, mas de forma mais significativa no grupo suplementado

➢ Também foi observada uma correlação inversa entre os níveis séricos de BDNF e Zn e a severidade da depressão em
todos os participantes

➢ Conclusão: a monoterapia com Zn melhor o humor em indivíduos com sobrepeso ou obesidade, provavelmente via
↑ dos níveis de BDNF

DOI: 10.1684/mrh.2018.0442
➢ Estudo suplementou camundongos com dose baixa de Zn (15 ppm na água) ou dose alta (60 ppm na água) ou
água controle durante 3 meses

➢ Animais que receberam dose ↑ tiveram prejuízo da memória dependente do hipocampo e ao contrário do
esperado, estes animais tinham déficit de Zn no hipotálamo e ↓ do BDNF

➢ O ↑ do zinco cerebral (via injeção no cérebro) induziu a expressão do BDNF e o efeito foi revertido por meio da
quelação do Zn

➢ O Zn tem um importante papel no aprendizado dependente do hipocampo, memória e expressão de BDNF, porém
a suplementação de ↑ dose induz deficiência de Zn no hipotálamo, prejuízo da memória e aprendizado e déficit
de BDNF

ATENÇÃO PARA A DOSE DE SUPLEMENTAÇÃO!


➢ Zinco (como todo metal de transição) tem potencial pró-oxidante

➢ O Zn participa, juntamente com o Ca e glutamato na cascata de excitotoxicidade

➢ Portanto o Zn é essencial para função neuronal, mas quando em excesso pode funcionar também como uma potente neurotoxina

https://doi.org/10.3389/fnmol.2020.600089
Zn: INTERAÇÃO COM NUTRIENTES
SELÊNIO
Se: PRINCIPAIS FUNÇÕES
➢ Função antioxidante: cofator da glutationa peroxidase (enzima antioxidante)
➢ Metabolismo tireoideano: cofator deiododinase tipo I, responsável pela conversão do T4 em T3
➢ Proteção contra a ação nociva de metais pesados e xenobióticos
➢ Redução do risco de diversas doenças crônicas não transmissíveis
➢ Função neurológica → proteção contra estresse oxidativo nos neurônios
➢ Fertilidade e reprodução
➢ Melhora do sistema imunológico
SELÊNIO
SOD
O- 2 H2O2
Cu/Zn
Mn

FAD Se Fe

Via das pentoses - P


Mg e B1
➢ Revisão sistemática e metanálise de 14 estudos mostrou que os níveis de Se (teciduais e cerebrais) em pacientes com
Alzheimer foram <s que em pacientes sem a patologia

Se

DOI: 10.1007/s12011-018-1492-x
➢ Estudo comparou níveis de Se em controles saudáveis x indivíduos com déficit cognitivo ou Alzheimer

➢ Quanto ↓s os níveis de Se eritrocitário ↑ o déficit cognitivo

Deficiência de Se pode contribuir para o déficit


cognitivo que acompanha o envelhecimento

DOI: 10.1016/j.jtemb.2014.08.009
➢ Estresse oxidativo está relacionado ao prejuízo cognitivo

➢ Indivíduos idosos (~77 anos) com déficit cognitivo consumiram 1 castanha do Brasil* dia (288mcg Se, castanha de uma
fazenda do Amazonas) durante 6 meses (grupo controle não consumiu nada)

➢ Grupo castanha: ↑ da atividade da GPx e melhora em alguns parâmetros dos teste cognitivos (em comparação ao controle)

A castanha do Brasil pode ter um efeito benéfico no


estado nutricional do selênio e cognição

DOI: 10.1016/j.jtemb.2014.08.009
FONTES ALIMENTARES DE Se

Descrição dos alimentos (100g) Selênio (mcg)


Castanha do Brasil ?
Sardinha enlatada 80,9
Atum enlatado 52,5
Fígado de boi 44 Mesmo com ↓ quantidade, a
Coxa de galinha 12 biodisponibilidade é ↑ → 85 a 100%
Gema de ovo 34
Farinha de trigo integral 13,6
Feijão preto 11,9

RDA
Homens: 55mcg/dia Os peixes são muito ricos em Se, mas a biodisponibilidade é de 20 a 50%
Mulheres: 55mcg/dia (provavelmente devido à interação com mercúrio nesses alimentos)
126mcg

187mcg Castanha do Amazonas:


➢ 1/3 de castanha = 100% da RDA (55mcg)
➢ 2,1 castanhas = UL (400mcg)
➢ 4,3 castanhas (crônico) → selenose

5mcg

3,6mcg
Castanha do Mato Grosso:
➢ 15 castanhas = 100% da RDA (55mcg)
➢ 111 castanhas = UL (400mcg)
➢ 222 castanhas (crônico) → selenose

A recomendação de que apenas 1 castanha ao dia atende às recomendações


nutricionais é muito genérica e não pode ser feita!
DOI: 10.1007/s12011-018-1492-x
SUPLEMENTAÇÃO DE Se
➢ Não usar selenito ou selenato de Na → ↓ biodisponibilidade

➢ Selenometionina é a que tem melhor biodisponibilidade (forma presente em alimentos de origem vegetal)

➢ Selenocisteína está presente em alimentos de origem animal, < biodisponibilidade

➢ Doses entre 50 e 150 mcg/dia


FERRO
FERRO

➢ Além do papel como carreador de O2 na Hb, o Feo é cofator na síntese de ATP (CTE), síntese de DNA e é cofator na síntese de
serotonina e norepinefrina

➢ Deficiência de Fe leva a prejuízos físicos e cognitivos em adultos, ↓ da qualidade de vida e humor

➢ Níveis adequados de ferro também são necessários para a síntese do BDNF

➢ Quando os níveis cerebrais de Fe estão muito baixos pode ocorrer ↓ na síntese do BDNF

➢ Excesso de Fe também pode levar a prejuízos cognitivos via ↑ do estresse oxidativo e morte celular
FERRO
➢ Cofator dos citocromos na CTE → Dentre as 40 proteínas que formam a CTE, 12 são dependentes de Fe

➢ A succinato desidrogenase (ciclo de Krebs) também é uma heme-proteína


ABSORÇÃO DO Fe

Cu

B2
DEFICIÊNCIA DE Fe

➢ A deficiência de ferro é a carência nutricional mais prevalente em todo o mundo afetando principalmente lactentes,
pré-escolares, adolescentes e gestantes

➢ Deficiência de ferro → anemia

➢ Importante detectar a deficiência de ferro antes do aparecimento da anemia

➢ Mesmo na ausência de anemia, a deficiência de ferro pode acarretar distúrbios neurocognitivos


ANEMIA DE DOENÇA CRÔNICA/ATLETA
AÇÃO ANTIOXIDANTE DO Fe
AÇÃO PRÓ OXIDANTE DO Fe

↑↑ ferro tecidual é um fator de risco para resistência à insulina e diabetes tipo II


18mg de Fe + 500mg de curcumina
➢ Revisão de 41 ensaios clínicos que avaliaram a relação entre os níveis cerebrais de ferro e cognição

➢ Um ↑ nas concentrações de Fe levou a prejuízo na performance e cognição

➢ ↑s níveis de Fe são prejudiciais para a saúde cognitiva → são necessários + estudos longitudinais para confirmar esta
relação e entender se o Fe ocorre como causa primária ou efeito secundário ao declínio cognitivo
FONTES ALIMENTARES DE Fe
Descrição dos alimentos (100g) Fe (mg)
Mariscos no vapor 22
Semente de abóbora 17
Ostra cozida 8,5
Fígado de galinha cozido 8,5
Fígado de peru cozido 7,8
Fígado de boi cozido 6,3
Pistache 6,8
Melado 8,7
Semente de girassol 5,2

RDA
Homens: 15 mg/dia
Mulheres: 8 mg/dia
CONSIDERAÇÕES FINAIS
➢ Nenhum nutriente atua isoladamente

➢ Existem diferentes formas químicas disponíveis e a biodisponibilidade pode variar muito (desde zero, para
algumas formas químicas como o óxido)

➢ A utilização de antiácidos pode ↓ a absorção de muitos micronutrientes

➢ Cuidado com suplementação de altas doses de um único micronutriente (ex: ácido fólico)
COMPOSTOS BIOATIVOS E SAÚDE
MENTAL - POLIFENÓIS
FITOQUÍMICOS
➢ Compostos químicos presentes nas frutas, vegetais e grãos

➢ Mais de 7000 fitoquímicos já foram identificados e isolados, mas um grande percentual permanece ainda
desconhecido
Taninos Estilbenos

POLIFENÓIS
Antocianinas
Violaxantina
Ácidos
Flavonoides Xantofilas
fenólicos
CAROTENOIDES
Flavonois
Flavonóis
Carotenos

Manganês Potássio MACRONUTRIENTES

MICRONUTRIENTES
Fibras
Folato Vitamina C
PRINCIPAIS MECANISMOS DE AÇÃO
✓ Ação antioxidante e anti-inflamatória

✓ Modulação de receptores e vias de transdução de sinal

✓ Modulação da atividade de enzimas

✓ Modulação da microbiota intestinal

✓ Modulação epigenética: transcrição de miRNA, metilação do DNA e modificação de histonas

✓ Outros?
➢ Os polifenóis podem ajudar na prevenção de doenças da boca por mecanismos antioxidantes e
neutralização/modulação da atividade de enzimas/bactérias/vírus e proteínas

➢ O consumo de polifenóis pode ter efeito protetor conta o câncer de boca

doi:10.1016/j.jdent.2009.02.003
doi: 10.1016/j.biotechadv.2015.02.00
UM ALIMENTO: MÚLTIPLOS MECANISMOS

DOI: 10.1039/d0fo03403g
METABOLISMO DE FLAVONOIDES

CF: Citrus Flavonoids

CF-meta: metabólitos de
flavonoides cítricos

DOI: 10.1039/d0fo03403g
DIFERENÇAS INTERINDIVIDUAIS
XENOHORMESE
HIGH

➢ Tomate orgânico: ↑ de estresse oxidativo


(60% + peroxidação lipídica e ↑ SOD)

+ 55% no teor de vitamina C


+ 139% no teor de ácidos fenólicos
% Sinergia = Efeito teórico – experimental x 100
teórico
+32%

+50%

+85%

+32%
NUTRIENTES E O CÉREBRO
➢ Os autores avaliaram + de 100 artigos que estudaram o efeito do processamento térmico em diferentes classes de
fitoquímicos:

➢ Processamento térmico:

➢ Degradação térmica: ↓ a quantidade do fitoquímico

➢ Amolecimento da matriz alimentar: facilita e extração do fitoquímico


MÉTODOS DE COCÇÃO X FITOQUÍMICOS

CAROTENÓIDES
FENÓIS E GLICOSINOLATOS

Cozimento a vapor Fervura prolongada

< degradação térmica e perda de Cozimento prolongado teve efeito


compostos hidrossolúveis para a positivo na extração dos
água carotenóides
Como os fitoquímicos podem
contribuir para a saúde neural?
PAPEL DA ALIMENTAÇÃO NA NEUROPROTEÇÃO

➢ Controle glicêmico e ↓ da resistência à insulina

➢ Controle da inflamação e da gordura corporal

➢ Modulação da microbiota

➢ Ação antioxidante e anti-inflamatória

➢ Modulação da vasodilatação e fluxo sanguíneo cerebral

➢ Fluidez de membrana e estrutura

➢ Fonte energética alternativa no diabetes e envelhecimento


NUTRIENTES E O CÉREBRO

doi: 10.1016/j.fct.2017.10.023
Disfunção mitocondrial → ↑ EROs

Polifenóis → ↑ a síntese de AOXs principalmente


via AREs e indução de PGC1α

Polifenóis e seus metabólitos


NUTRIENTES E O CÉREBRO
➢ Nurses´Health Study → função cognitiva em 16010 participantes com idade de ~70 anos mostrou que um > consumo de mirtilo
e morango esteve associado com menores taxas de declínio cognitivo

➢ O consumo de berries atrasa o declínio cognitivo em ~2,5 anos

➢ Um > consumo de flavonoides (principalmente das berries) ↓ as taxas de declínio cognitivo em idosos

➢ Estudos epidemiológicos sugerem que um maior consumo de berries confere benefícios cardiovasculares, prevenção do
câncer e melhora cognitiva
➢ Estudos pré-clínicos sugerem que as antocianinas se acumulam no cérebro e também outros tecidos como olhos, mas apenas
após um longo período de consumo

➢ O acúmulo de antocianinas no cérebro sugere que elas podem atuar diretamente em áreas que modulam processos cognitivos

➢ Estudo feito com porcos (modelo compatível com humano para estudar trato digestório) mostrou que após 4 semanas de dieta
suplementada com mirtilo (0, 1, 2 ou 4% p/p) foram detectadas 11 tipos de antocianinas no fígado, olhos, córtex e cerebelo
FITOQUÍMICOS X COGNIÇÃO
➢ Avaliação da ingestão de frutas, vegetais e suco em 27842 indivíduos com seguimento de 4 anos

➢ Um > consumo de vegetais, frutas e suco de laranja teve correlação menor risco de declínio cognitivo com a idade

➢ O consumo diário de suco de laranja (comparado ao consumo de apenas uma


porção/mês) ↓ em 50% o risco relativo de demência
ANTOCIANINAS
➢ 19 adultos saudáveis → 200g de mirtilo fresco (631mg de antocianinas):

➢ 1h depois: tendência para ↑ do BDNF

➢ 2h depois: melhora na performance do teste de reconhecimento de palavras

➢ 5h depois: mesmo resultado

➢ Estudo com crianças saudáveis entre 8 e 10 anos: 200g de mirtilo fresco (143mg de antocianinas), também mostraram efeito
positivo em alguns testes de performance cognitiva
GROSELHA NEGRA
➢ Extrato (467mg) ou suco de groselha negra levou a uma melhor performance em alguns testes de função cognitiva e o suco (o
extrato não) tb inibiu a monoamina oxidase e atenuou a ↓ da glicemia

Watson AW, et al. Acute supplementation with blackcurrant extracts modulates cognitive functioning and inhibits monoamine oxidase-B in
healthy young adults. J. Funct. Foods, 2015.
MECANISMOS
➢ Efeito dos metabólitos de antocianinas na dilatação mediada por fluxo

➢ Um ↑ de 1 a 2% na DMF, ↓ em
10 a 20% o risco CV

Rodriguez-Mateos A, et al. Intake and time dependence of blueberry flavonoid-induced improvements in vascular function: A randomized, controlled, double-blind, crossover intervention study
with mechanistic insights into biological activity. Am J Clin Nutr, 2013.
MECANISMOS
➢ Geralmente o timing da melhora na performance cognitiva coincide com o timing do pico de concentração plasmática

➢ ANTOCIANINAS: pico entre 1 – 2h e novamente 6h depois

➢ CACAU: pico somente 2h depois

➢ FLAVONOIDES CÍTRICOS: pico tardio – entre 5 e 6h (mas alguns efeitos anteriores são devido ao ↑ do fluxo sanguíneo cerebral)
PRINCIPAIS MECANISMOS
➢ ↑ da vasodilação: efeito + rápido → entre 1 a 2h

➢ ↑ da síntese de ON via estímulo à eNOS e inibição da iNOS

➢ ↑ NO também estimula a síntese do BDNF

➢ BDNF está implicado na memória tanto de curta, quanto longa duração

➢ Manutenção da glicemia constante e melhor entrega de glicose ao cérebro

➢ Inibição da MAO e ↑ dos níveis de dopamina


MECANISMOS

➢ 30 indivíduos saudáveis

➢ Extrato de polifenóis de uva e mirtilo (600mg) ou placebo 90min antes de uma bateria de testes de performance
cognitiva durante 1h

➢ Extrato de polifenóis ↑ em 2,5 o escore no teste de subtrações seriadas e teve tendência para melhora nos demais

➢ 100 -7 = 93

➢ 93 – 7 = 86

➢ 86 – 7 = 79...
FONTES ALIMENTARES
➢ Estudo transversal com 968 participantes entre 23 – 98 anos

➢ Consumo frequente de chocolate esteve associado com melhor performance em testes de cognição

➢ Global Composite score, Visual-Spatial Memory and Organization, Working Memory, Scanning and Tracking, Abstract Reasoning,
and the Mini-Mental State Examination
METILXANTINAS: CAFEÍNA E TEOBROMINA

➢ Cacau tem uma razão de ~1:5 cafeína:teobromina


METILXANTINAS
➢ Antagonistas de receptores de adenosina: A1, A2A, A2B e A3

A1, A2B e A3

CAFEÍNA TEOBROMINA
CAFEÍNA X TEOBROMINA

➢ Cafeína: melhora o alerta, atenção e raciocínio lógico, porém pode ↑ ansiedade, agitação e pressão arterial

➢ Teobromina: tem mais efeitos na musculatura lisa, ↑ vasodilatação e menos efeito no SNC, porém tempo de meia-vida >

➢ Alguns estudos relatam que o consumo de teobromina ↑ energia, motivação e alerta (com considerável diferença
interindividual)

➢ A absorção também é mais lenta e o pico é mais tardio (~2,5h)

➢ Tem ação na ↓ da formação de placas β-amilóides e neurotoxicidade

Mendiola-Precoma J, et al. Theobromine-induced changes in A1 purinergic receptor gene expression and distribution in a rat brain Alzheimer’s
disease model. J Alzheimers Dis, 2017.
TEOBROMINA
➢ Teobromina melhora a performance cognitiva indiretamente via um ↑ do fluxo sanguíneo cerebral
✓ Melhora da vasodilatação (NO) → melhor suprimento de O2 e glicose para os neurônios

✓ Interferem com vias de transdução de sinal → melhora da função endotelial e estímulo da angiogênese

Melhora do humor
NEHLIG A. British Journal of Clinical Pharmacology, 2013.
Consumo recomendado
➢ Chocolate com ↑ teor de cacau (> 75%): 30 a 40g/dia

➢ Nibs de cacau: ~10 a 15g/dia

➢ Amêndoas cruas de cacau: ~10g a 15/dia

➢ Cacau em pó (não alcalino): ~10 a 20g/dia

➢ De preferência consumir antes das principais refeições


DESCONTROLE GLICÊMICO
➢ Indivíduos com DM2 tem chance 50% > de desenvolver demência (em comparação a indivíduos com adequado
controle glicêmico)

➢ Mesmo em indivíduos não diabéticos, >s níveis de HbA1c tem correção com > risco de desenvolver demência

➢ GLUT 1 e GLUT3 são os transportadores de glicose no cérebro (difusão facilitada pelo gradiente de concentração)

➢ A hiperglicemia crônica ↓ a captação de glicose pelo cérebro

➢ Conceito descrito pioneiramente em 1958 como “hipoglicemia cerebral relativa”

➢ Inicialmente parece ser um mecanismo protetor contra a toxicidade do excesso de glicose → de forma crônica
leva a um déficit energético cerebral
EFEITO PROTETOR DOS POLIFENÓIS
➢ Inibe os transportadores SGLT1 e
GLUT-2 no intestino

➢ Inibem as α-glicosidases
➢ Estudo comparou o efeito do suco de romã (200mL) e um extrato de romã rico em polifenóis (na forma de
suplemento: 200 ou 400mg) na resposta glicêmica após o consumo de pão

OU
RESPOSTA GLICÊMICA

mesma quantidade de açúcares


CAPTAÇÃO DE 14
D- C-GLICOSE POR CÉLULAS
HepG2 ácido elágico urolitinas
➢ Os polifenóis da romã quando presentes no suco, mas não na forma de suplemento, ↓ a resposta glicêmica pós
prandial ao pão, enquanto que os metabólitos produzidos pela microbiota exibem o potencial de modular a resposta
glicêmica mais tardiamente
CURCUMINA
Curcuminóides

CURCUMA 98%

Curcumina

2%
➢ Curcumina altera a razão de bactérias benéficas/patogênicas, ↑ a abundância de Bifidobacteria, Lactobacilli, e ↓
Prevotellaceae, Coriobacterales, Enterobacteria, and Enterococci
NUTRIENTES E O CÉREBRO
➢ Ação quelante de radicais livres

➢ ↑ da atividade da SOD e catalase

➢ Estímulo da via Akt/Nrf2


➢ Metanálise de 6 ensaios clínicos com um total de 377 pacientes: curcumina ↓ de forma significativa sintomas
depressivos e em 3 ensaios teve efeito ansiolítico. A maioria dos estudos (exceto um que foi open label) tinha baixo
risco de viés

➢ A curcumina parece ser segura, bem tolerada e eficaz para pacientes com depressão → são necessários mais ensaios
clínicos robustos e com maior duração

➢ Metanálise de 9 ensaios clínicos (7 com transtorno depressivo maior e 2 com depressão secundária a uma
patologia), 531 pacientes, mostrou efeito da curcumina na ↓ de sintomas depressivos e ansiedade (p < 0,001)

➢ O tamanho do efeito foi considerado grande


CURCUMINA E SÍNTESE DE BDNF
➢ Curcumina (360mg/dia) ou placebo durante 8
semanas
curcumina

placebo
CONCLUSÕES:

➢ A curcumina tem potencial para ↑ os níveis de BDNF, podendo portanto ser um agente complementar em doenças
psiquiátrias e neurodegenerativas

➢ ↓ número de estudos e amostra pequena


➢ ↑ heterogeneidade
➢ Apenas um estudo utilizou curcumina com ↑ biodisponibilidade
➢ Os outros 3 não especificaram a forma e/ou biodisponibilidade da curcumina
utilizada
BIODISPONIBILIDADE DA CURCUMINA
BIODISPONIBILIDADE DA CURCUMINA
↑ de 2000%

2g de
curcumina
+ 20mg de
piperina

2g de
curcumina
DIFERENTES FORMULAÇÕES DE CURCUMINA
DIFERM NA CAPACIDADE EM ATRAVESSAR A
BARREIRA HEMATOENCEFÁLICA
➢ Uma mistura de curcuminoides foi uma estratégia terapêutica mais eficaz que a curcumina isoladamente
→ os metabólitos da curcumina também tem ação terapêutica
CURCUMA E CURCUMINA
➢ A suplementação de curcumina em uma forma biodisponível tem efeitos benéficos em diversas doenças crônicas não
transmissíveis e possivelmente também na depressão

➢ Mas consumir a curcuma como tempero também pode ter ação funcional – principalmente na prevenção!

Ferver a cúrcuma em água durante 10 min ↑ sua


biodisponibilidade em 12x
CONSIDERAÇÕES FINAIS
✓ Os polifenóis possuem efeitos potencialmente benéficos à saúde via diversos mecanismos (antioxidante, anti-inflamatório,
modulação da expressão gênica e modulação da microbiota)

✓ É muito difícil fazer recomendações específicas de consumo devido à grande diversidade de fitoquímicos, diferentes concentrações
em um mesmo alimento e diferenças interindividuais

✓ Há um longo caminho pela frente para entender não somente os mecanismos de ação, mas quais fitoquímicos e doses são mais
indicados para diferentes patologias

✓ Por enquanto, o caminho mais seguro e eficaz parece ser ter uma dieta rica em fitoquímicos (frutas, vegetais, chá, café, azeite de oliva
e temperos)
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