Este documento apresenta uma prova da disciplina Direito, Gênero e Igualdade da PUC-SP com duas questões. A primeira pede para discorrer sobre a importância da interseccionalidade entre os eixos de opressão, dando Angela Davis e Kimberlé Crenshaw como exemplos. A segunda solicita analisar a música "Maria da Vila Matilde" de Elza Soares e mostrar como os estudos de gênero contribuem para o entendimento e enfrentamento da violência doméstica.
Este documento apresenta uma prova da disciplina Direito, Gênero e Igualdade da PUC-SP com duas questões. A primeira pede para discorrer sobre a importância da interseccionalidade entre os eixos de opressão, dando Angela Davis e Kimberlé Crenshaw como exemplos. A segunda solicita analisar a música "Maria da Vila Matilde" de Elza Soares e mostrar como os estudos de gênero contribuem para o entendimento e enfrentamento da violência doméstica.
Este documento apresenta uma prova da disciplina Direito, Gênero e Igualdade da PUC-SP com duas questões. A primeira pede para discorrer sobre a importância da interseccionalidade entre os eixos de opressão, dando Angela Davis e Kimberlé Crenshaw como exemplos. A segunda solicita analisar a música "Maria da Vila Matilde" de Elza Soares e mostrar como os estudos de gênero contribuem para o entendimento e enfrentamento da violência doméstica.
Faculdade de Direito Opt. Direito, Gênero e Igualdade
Professora : Silvia Pimentel
Professoras convidadas: Alice Bianchini, Beatriz Pereira, Adriana Gregorut,
Luanda Pires e Thayná Yaredy
Equipe: Amanda Cabral, Dione Almeida, Izabella Ribas, Larissa Ferraz, Maria Vitória Figueiredo, Maria Mendes, Jennifer Ernesto, Núbia Tavares, Ana Carolina, Tais Nader e Marina Gama
Aluno: Giovanni Almeida RA:00319311
PROVA 2º BIMESTRE - 2022.2
(1) Discorrer sobre a importância da interseccionalidade entre os diversos eixos de
opressão e desigualdade, dando exemplos. (5,0 pontos)
R: A interseccionalidade é o primeiro conceito que abrange, no campo do debate
social, as várias formas de opressão vividas na sociedade, considerando a violência de gênero, raça, classe, orientação sexual etc. em um debate que não seja sobre um tipo específico de opressão ou violência, mas tratando todos esses fatores, frutos da sociedade capitalista, dentro de um campo unificado. Angela Davis, uma das principais autoras que tratam da interseccionalidade, exemplifica, em sua obra “Mulheres, Raça e Classe”, que uma mulher branca não sofre a mesma opressão que uma mulher negra, que a primeira, apesar de sofrer com a sociedade patriarcal, não enfrenta a estrutura racista herdada de uma sociedade escravocrata, e, na maioria dos casos, também não precisa lidar com os componentes de classe, já que, por conta da já citada estrutura racista, as populações negras são historicamente e materialmente desfavorecidas ao que se compare com as populações brancas. Outra grande teórica do conceito de interseccionalidade é a Kimberlé Crenshaw, professora e pensadora feminista que explica que, apesar de diferentes, as violências estruturais muitas vezes estão interligadas, como no exemplo de mulheres negras, de baixa renda e que sejam parte da comunidade LGBTQIA+, que, além de precisarem confrontar o patriarcalismo, ainda precisam sobreviver ao racismo, ao preconceito de classe e à LGBTQIA+ Fobia. O conceito de interseccionalidade é importantíssimo para o debate público justamente por contemplar todos os tipos de opressão causada pela estrutura capitalista, que por sua vez é racista, classista, LGBTQIA+Fóbica etc., dentro do próprio feminismo, que por muitos anos suas correntes dominantes ignoraram essas questões.
(2) Levando em conta os conceitos apresentados no semestre, o conteúdo das aulas e
a respectiva bibliografia, ouvir atentamente a música: Elza Soares - Maria da Vila Matilde - (CD A mulher do fim do mundo) . Depois, a partir dela, demonstrar como conhecer os estudos de gênero pode contribuir para o entendimento e enfrentamento à violência doméstica. (5,0 pontos)
R: Os estudos de gênero já começam a sua contribuição para o entendimento e
enfrentamento à violência doméstica quando apontam que, na esmagadora maioria dos casos, a violência é cometida por um homem contra uma mulher, como na própria música de Elza Soares (que já foi vítima de violência doméstica). A partir disso, os estudos de gênero se tornam essenciais para entender como que a sociedade forma essa estrutura que permite a violência doméstica acontecer da forma que acontece, podendo ser considerada violência de gênero, inclusive, já que existe um padrão claro quanto à maior parte das vítimas de violência doméstica e seus algozes, padrão esse apontado por estes estudos. Ao apontar tal padrão, os estudos de gênero também incentivam a mulher vítima de violência doméstica a denunciar seu agressor, como no caso da música de Elza, onde o eu-lírico é representado por uma mulher que, cansada de ser violentada por seu parceiro, anuncia que irá ligar para o número180, que é justamente o da Central de Atendimento à mulher, amplamente divulgado por campanhas de estudos de gênero que procuram incentivar as vítimas de violência doméstica à denunciar seus agressores.