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na contemporaneidade.
- De orientação marxista, buscou em suas obras e em sua militância empregar uma postura
crítica, que permitisse descortinar as complexidades da realidade brasileira e dialogar com
teóricos para além do marxismo, o que garantiu amplitude às suas reflexões
- A obra da autora pode ser dividida em dois momentos: no primeiro, marcado pela
investigação do trabalho feminino (final da década de 1960 até o final dos anos 1980),
analisou a desvalorização das mulheres a partir de estudos empíricos e análise de dados.
- Entre seus textos destacam-se os estudos sobre as trabalhadoras têxteis e as empregadas
domésticas: Emprego doméstico e capitalismo, 1978; Do Artesanal ao Industrial: a exploração
da mulher, 1981; Mulher Brasileira: opressão e exploração, 1986. Essas obras dão continuidade
à tese sobre o alijamento da mulher no mercado de trabalho da A mulher na sociedade de
classes: mito e realidade, 1969.
- No segundo momento, iniciado no final dos anos 1980 e que se estende até o fim de sua
vida, em 2010, dedicou-se a estudar a questão da violência contra as mulheres. Sobre o
tema, destacam-se as obras: O Poder do Macho, 1987; Mulher Brasileira é Assim, 1994;
Violência de gênero: poder e impotência, 1995; Gênero, Patriarcado e Violência, 2004.
- Heleieth Saffioti partiu em 14 de dezembro de 2010 e nos deixou uma vasta produção
intelectual.
Nesse sentido, compreendemos que as relações assimétricas de poder entre homens e
mulheres sempre produzem novas formas de violência, empregando toda a capacidade
imaginativa para forjar maneiras cruéis de punir e de dominar os corpos femininos.
- Dentro das relações de gênero, a violência funciona como uma estratégia de
manifestação do poder masculino e de conformação/dominação das mulheres.
- “[...] No exercício da função patriarcal, os homens detém o poder de a conduta das categorias
sociais nomeadas, recebendo autorização ou, pelo menos, tolerância da sociedade para
punir o que lhes apresenta como desvio.” SAFFIOTI,2001, p.115)
- Com isso, alcançamos a compreensão de que a violência contra as mulheres é
um fenômeno onipresente em todas as sociedades que operam de acordo com a lógica
patriarcal, o que remete à maioria esmagadora das sociedades conhecidas.
- A violência é um instrumento para a perpetuação das relações desiguais de poder.
- Em nossas sociedades, homens e mulheres são socializados para enquadrarem-se e
reproduzirem os papéis sociais impostos. Para a manutenção da ordem patriarcal, homens
e mulheres devem atuar de acordo com os estereótipos imaginados.
SANTOS, Cecília MacDowell; IZUMINO, Wânia Pasinato. Violência contra as mulheres e violência
de gênero: notas sobre estudos feministas no Brasil. EIAL-Estudios Interdisciplinarios de América
Latina y el Caribe, v. 16, n. 1, 2005.
Especificamente durante o período pandêmico, entre 2020 e 2021, 7.691 vidas femininas foram perdidas no
país.
No período, estima-se que 745 mulheres que sofreram agressões, foram identificadas como Mortes Violentas
com Causa Indeterminada.
Feminicídios: de 0,43 para 1,2 por 100 mil habitantes, a partir 2019.
A edição 2023 do Relatório Atlas da Violência mostra que, enquanto a taxa de homicídios, da população em
geral, apresenta queda, a de homicídios femininos cresceu 0,3%, de 2020 para 2021.
2601 mulheres negras foram vítimas de homicídio no Brasil, em 2021, o que representa 67,4% do total de
mulheres assassinadas e 4,3 para cada 100 mil.
1,8 % maior é o risco de uma mulher negra sofrer violência letal, na comparação a uma mulher não negra.
Brasil tem cerca de 822 mil casos de estupro a cada ano, dois por minuto. Pesquisa do Ipea aponta que
apenas 8,5% dos crimes são registrados pela polícia e 4,2% pelo sistema de saúde.
Conforme os registros 82,7% dos abusadores são conhecidos das vítimas e 17,3%, desconhecidos.
Entre as crianças e adolescentes com idade até 13 anos, os principais autores são familiares (64,4% dos
casos) e 21,6%, conhecidos da vítima,
Uma em cada três brasileiras com mais de 16 anos sofreu violência física e sexual provocada por
parceiro íntimo ao longo da vida. São mais de 21,5 milhões de mulheres vítimas de violência física ou
sexual por parte de parceiros íntimos ou ex-companheiros, representando 33,4% da população
feminina do país.
O autor da violência é conhecido da vítima na maior parte dos casos (73,7%). O que mostra que o
lugar menos seguro para as mulheres é a própria casa – 53,8% relataram que o episódio mais grave de
agressão dos últimos 12 meses aconteceu dentro de casa. Esse número é maior do que o registrado na
edição de 2021 da pesquisa (48,8%), que abrangeu o auge do isolamento social durante a pandemia de
covid-19.
Outros lugares onde houve episódio de violência foram a rua (17,6%), o ambiente de
trabalho (4,7%) e os bares ou baladas (3,7%). Sobre a reação à violência, a maioria (45%)
das mulheres disse que não fez nada. Em pesquisas anteriores, em 2017 e 2019, esse
número foi de 52%.
pesquisa Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil. Realizado pelo Fórum
Brasileiro de Segurança Pública, - 2022
A faixa de rendimento domiciliar per capita é um dos fatores que mais influenciam na
vulnerabilidade de mulheres à violência. As mulheres que estão na faixa salarial de até 1 salário
mínimo (SM) são as que possuem as maiores incidências de agressões físicas, especialmente as
mulheres negras. Para as mulheres brancas, a incidência diminui entre as faixas salariais de 1 a 8
SMs, aumentando na faixa de mais de 8 SMs. No caso das mulheres negras, o aumento da faixa
salarial é acompanhado pela diminuição da incidência da ocorrência de agressão.
PEREIRA, Rafael Rodrigues. A importância da concepção de sujeito implícita na Ética do Cuidado. Winnicott
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SPINELLI, Letícia Machado. A Ética Do Cuidado de Carol Gilligan: Denúncia e Resistência. Thaumazein:
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MISSAGIA, Juliana. Ética do cuidado: duas formulações e suas objeções. Blogs de Ciência da Universidade
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