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Índice

Introdução.......................................................................................................................... 7

Definição de Turismo.......................................................................................................... 8

Definição de Turista............................................................................................................ 8
>>> Escola Secundária da Lixa

Turismo Cultural................................................................................................................. 9

Turismo Cultural em Portugal.............................................................................................9

Turismo Industrial.............................................................................................................10

Turismo Industrial em Felgueiras......................................................................................11

Museus............................................................................................................................. 12

Evolução Museológica......................................................................................................12

Museus em Portugal.........................................................................................................14

Museus e Turismo............................................................................................................17

Recursos turísticos e tipologias de turismo em Felgueiras...............................................19

Museus em Felgueiras.....................................................................................................19

Projeto: “Museu do Calçado”............................................................................................20

Objetivos para a criação de um museu do calçado em Felgueiras...................................20

História da evolução do Calçado Mundial.........................................................................21

História do Calçado de Felgueiras....................................................................................26

De Felgueiras para o Mundo............................................................................................28

Empresas de produção de calçado..................................................................................29

Etapas da produção de calçado.......................................................................................29

Design / Modelagem.........................................................................................................29

Corte................................................................................................................................ 30

Costura / Pesponto........................................................................................................... 31

Montagem........................................................................................................................ 32

Solado.............................................................................................................................. 32

Acabamento..................................................................................................................... 33

Partes do Calçado............................................................................................................33

Cabedal............................................................................................................................ 34

Forro................................................................................................................................. 34

Entressola........................................................................................................................ 34

Sola.................................................................................................................................. 34

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Sistema de Armação........................................................................................................34

Talão................................................................................................................................ 34

Palmilha............................................................................................................................ 35

Contraforte....................................................................................................................... 35

Avesso.............................................................................................................................. 35

Couraça............................................................................................................................ 35

Salto................................................................................................................................. 35

Componentes do Calçado................................................................................................35

Principais marcas de sucesso em Felgueiras...................................................................37

Promoção do Calçado......................................................................................................39

Curiosidades.................................................................................................................... 40

Modelos especiais............................................................................................................40

Swear............................................................................................................................... 40

“Museu do Calçado”......................................................................................................... 41

Funcionamento do Museu de calçado em Felgueiras.......................................................41

Estrutura........................................................................................................................... 41

Recursos Humanos..........................................................................................................41

Exposições....................................................................................................................... 42

Sala de exposição permanente........................................................................................42

Salas de exposições temporárias.....................................................................................42

Ateliers............................................................................................................................. 42

Pátio................................................................................................................................. 43

Sala de estudo/ Biblioteca................................................................................................43

Auditório do Maio..............................................................................................................43

Bar.................................................................................................................................... 43

Loja de Recordações........................................................................................................43

Acessibilidades.................................................................................................................44

Famílias............................................................................................................................ 44

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Atividades......................................................................................................................... 44

Promoção do dia dos Museus..........................................................................................44

Visitas guiadas pelas fábricas da região...........................................................................44

Atelier do sapato............................................................................................................... 44

Andar nas nuvens............................................................................................................. 45

Oficina Criativa.................................................................................................................45

Para Famílias................................................................................................................... 45

Exposições Temporárias..................................................................................................45

Serviço Educativo............................................................................................................. 46

Marcações e Tarifários.....................................................................................................46

Promoção do Museu........................................................................................................47

Panfleto............................................................................................................................ 47

Site................................................................................................................................... 48

Redes Sociais.................................................................................................................. 49

Público-alvo...................................................................................................................... 49

Plano Museológico........................................................................................................... 49

Conclusão........................................................................................................................ 50

Bibliografia........................................................................................................................ 51

Webgrafia:........................................................................................................................ 51

Anexos............................................................................................................................. 52

Empresas de Produção de Calçado em Felgueiras..........................................................53

Índice de Figuras

Figura 1- Agentes no âmbito turístico.............................................................................16


Figura 2- Josefinas, Bordado do Vale do Sousa............................................................26
Figura 3- Nobrand, Slippers...........................................................................................26

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Figura 4- Design/ Modelagem........................................................................................28


Figura 5- Corte...............................................................................................................29
Figura 6- Costura/ Pesponto..........................................................................................29
Figura 7- Montagem.......................................................................................................30
Figura 8- Solado.............................................................................................................31
Figura 9- Acabamento....................................................................................................31
Figura 10- Cordões........................................................................................................ 34
Figura 11- Contraforte....................................................................................................34
Figura 12- Sola...............................................................................................................34
Figura 13- Biqueira.........................................................................................................34
Figura 14- Ilhões............................................................................................................ 35
Figura 15- Tipos de Fivelas............................................................................................35
Figura 16- Principais Empresas de Calçado em Felgueiras...........................................36
Figura 17- Descalço em Felgueiras................................................................................37
Figura 18- Sapato Felgueirense para a seleção Nacional..............................................38
Figura 19- Meio de Promoção do Museu.......................................................................45
Figura 20- Site do Museu...............................................................................................46
Figura 21- Meios Sociais................................................................................................47

Introdução

No projeto designado por “Museu do Calçado” o principal objetivo é colmatar as lacunas


em termos e promover e dinamizar o conhecimento na cidade de Felgueiras com um museu.
Como instituição de memória, o Museu do Calçado em Felgueiras terá como missão, a
preservação da experiência histórica, da cultura e das identidades sociais deste território. O

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museu tornar-se-á referência para a população que não tem ainda acesso ao seu património
muitas vezes mais conhecido fora da região do que para aqueles que nele habitam.
O Museu do Calçado é conceptualmente orientado para a história da indústria e do
design do calçado, debruçando-se sobre várias temáticas.
É um museu em contacto com a população local e com os seus públicos e um espaço
de aprendizagem e experimentação.
Dará a conhecer também não só todos os componentes de um sapato como também
todas as etapas de produção, as marcas de calçado Felgueirense, os principais mercados de
exportação e as formas de promoção utilizadas.

Definição de Turismo

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Turismo define-se como "as atividades que as pessoas realizam durante suas viagens e
permanência em lugares distintos dos que vivem, por um período de tempo inferior a um ano
consecutivo, com fins de lazer, negócios e outros”.
A definição de Mathieson e Wall torna-se mais completa, pois consideram que "o
turismo é o movimento temporário de pessoas para destinos fora dos seus locais habituais de
trabalho e residência, as atividades desenvolvidas durante a permanência nesses destinos e as
facilidades criadas para satisfazer as suas necessidades”. Evidenciando, assim, a
complexidade da atividade turística e as relações que esta envolve.
Turismo, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização Mundial
de Turismo (OMT), é a atividade do viajante que visita uma localidade fora de seu entorno
habitual, por período inferior a um ano, e com propósito principal diferente do exercício de
atividade remunerada por entidades do local visitado.

Definição de Turista

Denomina-se turista à pessoa que se desloca para outras regiões ou países com a
finalidade de passar momentos de lazer, conhecer outras culturas, visitar lugares específicos
que estão ausentes na região da residência habitual, etc.
Outro dos conceitos: “Indivíduo ou grupo de indivíduos que se deslocam do seu lugar de
origem (moradia) para realizar viagem superior a 24 horas, usufruindo da infraestrutura do local
visitado, sem fixar residência ou renda, motivados por situações diversas (lazer, descanso,
eventos, atividades culturais, esportivas, dentre outras) ”

Turismo Cultural

Turismo cultural é uma atividade económica que está relacionada a eventos e viagens
organizadas e direcionadas para o conhecimento e lazer com elementos culturais, tais como:
monumentos, complexos arquitetónicos ou símbolos de natureza histórica, além de eventos
artísticos/culturais/religiosos, educativos, informativos ou de natureza académica. Por Turismo
Cultural entendemos os “movimentos das pessoas em busca de motivações essencialmente
culturais, tais como excursões de estudo, teatralizações e excursões culturais, viagens para
festivais e outros eventos culturais, visitas a localidades e monumentos, viagens para estudar a
natureza, folclore ou arte e peregrinações” (OMT,20) A OMT prevê que, até 2020, o turismo
cultural tornar-se-á numa das suas formas de foco.
Isto sugere que existe um enorme potencial de crescimento na procura dos produtos
turísticos com base em valores culturais.

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De acordo com dados da UNESCO, o Turismo Cultural, Natural e Patrimonial é o


“sector do turismo que apresenta um crescimento mais rápido na indústria do turismo”.

Turismo Cultural em Portugal

Em Portugal, o estudo realizado pelo Turismo de Portugal, IP (2014), sobre a Satisfação


dos Turistas que nos visitam, aponta que nossos principais mercados emissores são a
Espanha, França, Reino Unido, Escandinávia, Alemanha e Brasil. A Oferta Natural e Cultural,
através das Paisagens e da Gastronomia e Vinhos, e a Hospitalidade com a Simpatia da
População local, representam os pontos fortes de Portugal, na medida em que são
considerados os touchpoints com melhor performance simultaneamente ao nível da satisfação
e do cumprimento face às expectativas. Ainda de acordo com este estudo, as principais
motivações associadas às viagens realizadas nos últimos 3 anos pelos turistas que nos
visitam, e independentemente do país escolhido, estão sobretudo relacionadas com a praia
(50%), city breaks (40%), visitas a museus e património histórico (39%) e passeios na natureza
(32%). Destacando alguns números:
– 80 % Dos turistas que nos visitam mostram-se muito satisfeitos com a oferta natural e
cultural;
– 65 % Dos turistas visitou monumentos e museus durante as férias em Portugal (73
%muito satisfeitos);
– 45% Dos turistas realizou atividades culturais (67% muito satisfeitos).
Fazendo uma análise, necessariamente sumária, do potencial competitivo de Portugal,
em termos de Turismo Cultural, poderá distinguir-se:
- Património edificado muito diversificado (monumentos, igrejas, sítios, centros
históricos);
– Património imaterial atrativos (tradições, gastronomia, hospitalidade);
– Museus, artes criativas contemporâneas;
– Áreas naturais, paisagens culturais;
– Dimensão territorial adequada;
– Ser um destino europeu próximo.

Turismo Industrial

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O campo do Turismo Industrial é tão diversificado quanto são múltiplas as razões da


sua eclosão. O Turismo Industrial abrange mais ou menos indistintamente os domínios da
tecnologia, da cultura científica, da arqueologia e da arquitetura industrial, da cultura operária,
da investigação de ponta, da produção artesanal, manufatureira, altamente mecanizada ou
informatizada.
O Turismo Industrial enquanto produto turístico apresenta pontos de interesse muito
diversos, indo do sítio onde restam apenas vestígios às grandes empresas onde as visitas são
feitas sob rigorosas medidas de segurança, passando do moinho isolado no campo aos
grandes bairros operários ou às regiões mineiras. O turismo industrial permite viajar até ao
passado, aprender como se faziam as coisas num outro tempo, como se deram as mudanças e
como se fazem na atualidade. Por outro lado, o Turismo Industrial permite desenvolver a
imagem e a notoriedade da marca das empresas, evidenciar as suas competências e os seus
dinamismos, suscitar vocações junto dos jovens e contribuir para uma visão diferente do
mundo empresarial.
Exposto isto o Turismo Industrial pode-se estender em dois tipos, nomeadamente, na
recuperação de antigas fábricas e/ou indústrias funcionando como museus.
O Turismo Industrial também poderá ser promotor de Coesão (económica; social;
territorial) e de desenvolvimentos nos destinos em que é implementado na medida em que
favorece a introdução de rendimentos significativos nas economias locais e/ou regionais que
ultrapassam aquilo que a indústria isoladamente poderia conseguir. O Turismo Industrial
também é uma boa aposta para a requalificação de áreas degradadas e/ou obsoletas que
foram originadas pela falência e/ou desmantelamento de indústrias, pois a restauração destes
antigos edifícios permite transformá-los em núcleos museológicos, núcleos de exposições,
pavilhões de espetáculos, entre outros e trazer nova vida a estes destinos turísticos.

Turismo Industrial em Felgueiras

A base económica de Felgueiras não se concentra, hoje, em apenas uma área. Muito
pelo contrário, a sua diversidade industrial – nas chamadas indústrias tradicionais -tornou-se
uma evidência. À indústria de calçado junta-se a indústria vinícola, a fruticultura, agricultura
biodinâmica, bordados e doçaria.
Já existe em Felgueiras um Roteiro de Turismo Empresarial onde os turistas e
admiradores do turismo cultural podem ver o empreendedorismo mais avançado nas indústrias
do calçado, dos têxteis e da agricultura, e as peças de arte criadas pelas mãos das
bordadeiras, lado a lado com outras tradições e engenhos.

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Deste Roteiro fazem parte algumas empresas, tais como:


Atlanta - Empresa especializada no desenvolvimento e produção de solas par a
indústria do calçado.
Casa do Risco - serviço da Câmara Municipal de Felgueiras e está integrada na
Divisão de Educação, Cultura e Ação Social do Departamento de Serviços da Presidência, de
Polícia Municipal e de Proteção Civil.
Criações Virgínia – Fábrica de bordar. É uma empresa de têxtil lar com maior foco nos
produtos de cama e banho.
Cunha & Freitas – Indústria de calçado. Possui as marcas Broocker ́s e B2B1.
Fábrica de Pão-de-ló de Margaride - A Casa Museu do Pão de Ló de Margaride é de
grande interesse para visita. O turista poderá assistir ou participar da confeção, degustar e
comprar este doce de eleição.
Felmini – Indústria de calçado: produz apenas calçado para mulher.
Hearts - Empresa dedicada à produção do bordado artesanal da Terra de Sousa.
Nobrand – Indústria de calçado. Atualmente, a Nobrand não só prestigia toda uma
indústria constituída por 1300 empresas e responsável por mais de 35 000 postos de trabalho,
como é um dos grandes embaixadores de Portugal na Europa e no mundo.
Quinta da Lixa – Indústria da produção de vinho, hotelaria e restauração.
Quinta de Paderne - Piscina, circuito de manutenção no bosque e wine bar. Loja da
quinta com Vinhos Verdes da quinta, bem como o mel e os legumes da época.
Rosa Sousa - Indústria de fabrico de Doçaria/Sobremesas. A empresa Rosa Sousa
obteve, em 2015, uma Menção Honrosa na Categoria 2 – novas empresas inovadoras do
prémio "Tâmega Sousa Empreendedor”.
Terras de Felgueiras - Caves Felgueiras - Encontra-se assente em 3 principais pilares,
a vitivinicultura, a fruticultura (kiwis) e a venda de fatores de produção quer para os associados
quer para o público em geral.

Museus

Evolução Museológica
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Dos museus tradicionais, tem- se evoluído para novas tipologias de museus, como é o
caso dos ecomuseus, no entanto, alguns autores têm- se dedicado ao estudo e análise da
nova museologia e museologia tradicional.
Para melhor perceber o aparecimento dos museus, é preciso recuar no tempo para
compreender a evolução no que diz respeito à missão do museu. No século XVIII, em tempo
de afirmação do movimento Liberal, foi necessário criar nos indivíduos um sentido comum de
propriedade e identidade nacional, de memória e cumplicidade. Património e Museus surgem,
portanto, como instituições sociais criadas num contexto histórico e epistemológico específico,
e no âmbito de processos políticos em que era importante produzir discursos sobre o passado
que salientassem a singularidade e grandeza dos referentes culturais patrimonializados, bem
como as suas origens remotas e a sua continuidade ao longo do tempo.
Com os novos hábitos de consumo e as características dos indivíduos pós-modernos O
modelo de um museu herdado da modernidade foi assim questionado, em particular no que se
refere à sua abordagem do público e do conhecimento, promovendo a emergência de
propostas que se caracterizam pela atribuição de uma posição central ao individuo e à
comunidade, por alterações nas linguagens museográficas, por transformações no esquema de
comunicação e pela adoção de uma visão global e interdisciplinar dos fenómenos
socioculturais, em articulação com o alargamento do conceito de património e a consequente
substituição da noção de objeto-peça pela objeto-documento.
Se a museologia tradicional se focava essencialmente em mostrar a grandeza dos
países, era direcionada para a pátria, ainda muito identificado com o sistema liberal e a
construção de memória coletiva, com uma dedicação exclusivamente dedicada e orientada
para a sua missão “tradicional”, perdia noutros campos para a nova museologia e museologia
pós-moderna como a falta de valências como, bar, restaurante ou sala de conferências e não
tinha uma estratégia de captação de público.
Atualmente os museus estão reconfigurados (ou devem estar), e a nova museologia
adquiriu novos instrumentos de comunicação com o público, define estratégias de captação de
público (s), deixou de servir para criar identidade nacional e focaliza-se em fornecer
conhecimento científico, tratar temas, utiliza linguagens criativas e elimina as barreiras
construídas pela identidade nacional procurando reconhecer as cumplicidades entre as
comunidades, povos, etnias e tribos, tem uma visão multicultural e global, tal como a sociedade
pós-moderna, no fundo, o seu objetivo é totalmente diferente da museologia “tradicional”. Para
além destes fatores, a nova museologia teve o cuidado de perceber que os museus são
espaços de lazer por excelência, um laser cultural, de conhecimento e ciência. Procura dar aos
seus visitantes mais valências, que permitam permanecer mais tempo no local, ter uma maior
entrada de recursos financeiros e potencializar o museu para o lazer e turismo, projetar o seu

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espólio e permite inclusive o aparecimento de novas profissões ligadas aos museus como
técnicos de turismo, turismólogos ou técnicos de marketing e gestores.
Tornou-se também necessário, tal como para os recursos naturais, inventar o conceito
de desenvolvimento sustentável, que assegure a salvaguarda e a valorização da herança
cultural, local e regional, como meio de garantir a perenidade da cultura e permitir desta forma
um desenvolvimento local sem prejuízo das gerações futuras. Os museus tornam-se
verdadeiros atracões turísticos e excelentes espaços de lazer.
Em jeito de conclusão, “os museus”, conscientes de um mundo cada vez mais
condicionado pela criação de riqueza, ou de recursos financeiros, cria uma dicotomia e uma
nova dialética sobre as funções e objetivos dos museus: manter a sua função tradicional e o
carácter sem finalidades lucrativas ou integrar uma atividade económica (por exemplo, o
turismo) e com isso gerar riqueza, conscientes que isso poderá deixar para segundo plano a
essência destas instituições, passando para o primeiro plano, a venda de bilhetes,
merchandising, criação de novas valências (bar, restaurante), pondo em causa a investigação,
restauro e uma divulgação com efetivo carácter científico e cultural em detrimento de uma
comunicação mais popular para o grande público, com gostos e necessidades diferentes.
Conseguir manter estas duas funções do museu (gerar riqueza e cultura) irá com
certeza continuar a levar a novas mudanças dentro destas instituições, os seus recursos
humanos terão de estar preparados para ligar com a complexidade da atividade turística, e ao
mesmo tempo fazer escolhas sobre o tipo de público-alvo, acarretando com isso os prós e os
contras dessas mesmas escolhas. Algumas vezes essas escolhas poderão estar
condicionadas pelas decisões políticas e estratégias económicas, pondo em causa as escolhas
que os museus querem para si, se eventualmente não seguirem essa orientação poderá
originar outros problemas como por exemplo, a falta de uma linha orientadora homogénea,
criando deficiências e descontextualização do produto final.

Museus em Portugal

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Na legislação Portuguesa, mais especificamente no artigo 3º do Decreto-lei nº 47/2004,


define-se museu como:
“1. Museu é uma instituição de carácter permanente com ou sem personalidade jurídica, sem
fins lucrativos, dotada de uma estrutura organizacional que lhe permite:
a) Garantir um destino unitário a um conjunto de bens culturais e valorizá-los através da
investigação, incorporação, inventário, documentação, conservação, interpretação, exposição e
divulgação, com objetivos científicos, educativos e lúdicos; b) facultar acesso regular ao público
e fomentar a democratização da cultura, a promoção da pessoa e o desenvolvimento da
sociedade”;
“2. Consideram-se museus as instituições, com diferentes designações, que
apresentem as características e cumpram as funções museológicas previstas na presente lei
para o museu, ainda que o respetivo acervo integre espécies vivas, tanto botânicas como
zoológicas, testemunhos resultantes da materialização de ideias, representações de realidades
existentes ou virtuais, assim como bens de património cultural, ambiental e paisagístico”.
Não só o Liberalismo e a sua conceção de unidade nacional e memória comum entre a
sua população deram origem ao aparecimento dos museus, mais tarde, mudanças sociais e a
relevância dada à história e património também reforçou a ideia de que era necessário
salvaguardar o espólio cultural e é com naturalidade que surge também um novo conceito de
património, como em convenções internacionais que está relacionado com o aparecimento da
Nova Museologia e dos Ecomuseus, quer em convenções da UNESCO ou outras como por
exemplo o “I Atelier de Internacional, Ecomuseus e Nova Museologia, Québec, Canadá, 1984”,
e a “Mesa Redonda de Santiago do Chile” em 1977 que trabalhou sobre o aparecimento dos
Ecomuseus à escala global. É evidente que a evolução do conceito de património se vem
construindo há séculos, embora os quadros normativos sejam relativamente mais recentes. As
alterações ideológicas e políticas foram extremamente importantes para que esta evolução
continuasse até aos dias mais recentes. Da tangibilidade que os monumentos transmitem à
valorização do meio natural e do conhecimento humano o conceito foi alargado e completado
com tudo o que efetivamente está relacionado com o património. “Com efeito, grande parte do
significado e do valor cultural de alguns importantes imóveis resulta da relação harmónica que
estabelecem com a sua envolvente urbana ou natural. O diálogo que se estabelece entre um
castelo, uma igreja ou uma mata com um quadro urbano ou rural onde se inserem, é
imprescindível para a compreensão da sua história e do seu valor estético e cultural”.
(CARVALHO,2006, p. 215). O conceito de património deixa de estar limitado aos edifícios
individuais, ele compreende, daqui em diante, os conjuntos edificados e o tecido urbano,
quarteirões e bairros urbanos, aldeias, cidades inteiras e mesmo conjuntos de cidades, como o
demonstra a «lista» do Património Mundial da UNESCO.

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Com estes novos critérios de património, a conceção e aparecimento de novos tipos de


espaços museológicos processa-se com alguma naturalidade. Os municípios apercebem-se
das vantagens deste tipo de espaços e reconhecem no seu território características que
permitam o seu aproveitamento e surgem desta forma os museus direcionados para os
visitantes externos à comunidade local.
PIMENTEL (2005), refere que os museus, um pouco por todo o mundo, apresentam-se
como a consequência de diferentes estruturas e narrativas de valores estéticos e ideias críticas
obre o passado e o presente, são consequência de diferentes objetivos pedagógicos, sociais,
culturais e políticos, induzidos por diferentes regimes e sistemas de valores. “(…) uma
construção epistemológica profundamente imbuída em processos de desenvolvimento
característicos do mundo ocidental”. (idem, ibidem), e mais recentemente em processos de
globalização, tornando-se assim os museus símbolos globais, através dos quais a nação ou a
comunidade de pode exprimir, passar a sua mensagem cultural (muita das vezes utilizada com
finalidades económicas, nomeadamente através da atividade turística). Mais uma vez
confrontam-se as diferenças entre a evolução dos museus em Portugal e no restante mundo
ocidental,
“Nomeadamente, a ideia de que a evolução do museu, enquanto instituição pública, se
fez seguindo, passo a passo, uma progressão em direção ao projeto de modernidade.
Padrões e diretivas, conceitos e ideias, tudo contribui para o enraizamento de um
modelo de desenvolvimento fortemente comprometido com conceitos sobre tradição,
modernidade, identidade cultural e cultura nacional, e o modo como eles se articulam para
explicar o nascimento e desenvolvimento do museu”. (PIMENTEL, 2005, p. 88).
“Na verdade, é precisamente à medida que nos aproximamos da base do aparelho
organizacional corporativo que as convicções e atitudes inerentes à tradição corporativa
permanecem imunes aos processos revolucionários e de transição”
Depois de 1974, as consequências de uma estrutura de organização corporativa eram
amplamente sentidas, por exemplo, no sistema de saúde do país, principalmente nas
estruturas que estavam diretamente relacionadas com as comunidades locais, nomeadamente
com as Casas do Povo, ou seja, com as estruturas corporativas que melhor haviam contribuído
para uma disseminação do conceito de museu durante uma grande parte do Estado Novo”.
(PIMENTEL, 2005, p. 160).
A primeira tentativa de organizar o sistema museológico português surge através da
Carta Orgânica dos Museus de 1932, que sugeria o modelo corporativista como método de
organização, e assim sujeito aos princípios e ideais de um Estado autoritário, nacionalista,
fortemente marcado pela hierarquia e valores de António de Oliveira Salazar que
eventualmente e segundo a autora, pretendia dar resposta às crises dos valores liberais e

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capitalistas. Surge assim o neocorporativismo (fenómeno que surgiu depois da 1ª Guerra


Mundial associado ao sistema de valores político e económico praticado em alguns regimes
autoritários e conservadores, tal como em Itália de Mussolini, a França de Vichy e o Estado
Novo em Portugal).
A conceção do Decreto-Lei e da personalidade jurídica dos museus e do Instituto
Português de Museus, vem garantir o futuro dos museus em Portugal, a redefinição dos
objetivos e funções dos museus e profissionalização. Mesmo tendo em conta o trajeto do
sistema museológico português e sua evolução não linear. Tal como refere
PIMENTEL (2005), que destaca a ausência de processos cumulativos na história dos
museus portugueses o que leva a uma sucessão de contradições, desde ao aparecimento dos
museus em Portugal, pouco relacionados com objetivos governamentais de acordo com as
linhas civilizadoras e da modernidade.
Os museus mudaram, tal como a sociedade, cultura, política e económica. As
características do indivíduo pós-moderno são exigentes ao nível da personalização dos
conteúdos e da comunicação, logo as funções e métodos de trabalho dos museus sofreram
alterações, hoje e essencialmente, as instituições demonstram a importância do seu trabalho e
grandeza da procura que têm, e para captar visitantes a comunicação e seu conteúdo são
necessariamente reavaliados, porque o número de visitantes é tendenciosamente superior ao
de há 40 anos, porque as suas necessidades são diferentes. Se os museus procuram passar a
sua mensagem a um cada vez maior número de pessoas, devem continuar a utilizar as novas
formas de comunicação, a multimédia, a informática, as atividades lúdicas (por exemplo,
tertúlias ou encenações) e obviamente integrar uma cadeia de valor (por exemplo, a cadeia de
valor do turismo) que maximize as suas potencialidades.

Museus e Turismo

Pela trajetória evolutiva, os museus têm presentemente outras funções e novos


desafios, são neste momento centros de lazer por excelência.
Os seus visitantes são indivíduos que procuram a sua valorização pessoal através do
conhecimento que estas instituições transmitem. Se um museu de uma pequena comunidade
se dedicar somente aos visitantes locais (por exemplo, escolas, grupos de reformados, etc.) o
seu volume de visitantes será naturalmente, e com o passar do tempo, reduzido, podendo
chegar mesmo ao ponto de ter um número de visitantes tão reduzido que acaba por se tornar
uma instituição não sustentável (nomeadamente ao nível financeiro), e sem recetor para a sua
mensagem. A questão deve pôr-se, como tornar um museu num atracão e uma mais-valia
social, cultural e económica para a comunidade? Com esta questão infere-se que o museu terá

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de ter uma estratégia turística e de lazer, sendo que a primeira trará mais vantagens
económicas.
Como refere RODRIGUES (2005),” o turismo vê o recurso na perspetiva do utilizador e
valoriza-o pelo seu apelo intrínseco e extrínseco ao consumo. O turismo tem em geral a
tendência para maximizar o número de visitas ao recurso enquanto os museus estão mais
preocupados com o bem-estar do recurso, limitando para o efeito inclusive o seu acesso”.
SANTOS (2006), destaca a importância do museu enquanto instituição educativa e da
sua comunicação, diz-nos que o museu “atual” deve desenvolver novas programações,
diversificadas e adequadas aos gostos dos visitantes, ao mesmo tempo devem todos os
colaboradores estar motivados para lidar com as atividades promovidas pelos museus e estar
profundamente conscientes da sua missão e objetividade das funções enquanto colaborares,
para o sucesso da instituição e indiretamente para a performance da comunidade nas
atividades de lazer e turísticas e que logo potenciam todas as atividades económicas.
Tal como refere noutro capítulo, SERRA (2007), a questão do turismo cultural, está
ainda muito indefinida. Poder-se-á ir ainda mais longe na sua crítica. A preocupação com
atividades turística e de profissionais da área é completamente nula. Os museus continuam
sem ter a mínima sensibilidade para com os seus visitantes/turistas e reflete-se pela ausência
de profissionais da área do turismo, rececionistas (onde os melhores se encontram em
unidades hoteleiras de renome), de guias (técnicos de informação e animação turística, onde
existem
Licenciaturas que permitem desenvolver potencial humano idóneo para guiar e informar
visitantes em monumentos reconhecidos pela UNESCO e monumentos com outras
características) e de outras categorias de técnicos de turismo (por exemplo, pós-graduados em
Turismo Cultural, Gestão Turística ou em Planeamento e Desenvolvimento Turístico), com
competências para conseguir integrar os museus na “rota” do sistema e da distribuição turística
que consequentemente proporcionará uma produção turística que “vá mais facilmente ao
encontro” das necessidades da procura, especialmente para o segmento do turismo cultural.

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Figura 1- Agentes no âmbito turístico

A Figura.1 mostra a atuação dos agentes de âmbito turístico. Repare-se que os museus
surgem como que numa situação desintegrada da cadeia de valor do turismo e o seu único
modo de funcionamento é diretamente com o cliente/visitante, eventualmente com algumas
associações ou fundações.
Em conclusão, um museu que opte pela abordagem de desenvolvimento e crescimento
por meio da atividade turística deve o seu diretor, para além das competências técnicas já
conhecidas da museologia tradicional, ter as competências de um autêntico gestor de um
atracão turístico. Os recursos turísticos podem ser naturais ou humanos/culturais, no caso dos
museus, o âmbito também pode ser diversificado, melhorando o seu potencial.
“O turismo cultural é motivado pela busca de informação, de novos conhecimentos.
De interação com outras pessoas, comunidades e lugares, da curiosidade cultural, dos
costumes, da tradição e da identidade cultural. Esta atividade turística em como fundamento o
elo entre o passado e o presente, o contacto e a convivência com o legado cultural, com
tradições que foram influenciadas pela dinâmica do tempo, mas que permaneceram e com as
formas expressivas reveladoras do ser e fazer de cada comunidade”. (SANTOS, 2006, p. 42).
Admite-se que não é fácil introduzir e aplicar os conceitos e os modelos dos negócios
lucrativos, no sector dos museus, e que poderão resultar daqui alguns pontos de conflito com o
turismo. Contudo, o museu que no futuro deseje desenvolver uma programação que obedeça a
padrões de qualidade e ombrear com outras ofertas de lazer terá de promover uma análise: do
mercado; da concorrência; do consumidor; e dos canais de distribuição. (GONÇALVES,2009,
apudWEIL, 2002).

Recursos turísticos e tipologias de turismo em Felgueiras

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Felgueiras marca-se essencialmente pela indústria. Considera-se o calçado um


importante meio de promoção, imagem e valorização da cidade de Felgueiras.
Como meio de divulgação de todo o poder industrial existente em Felgueiras, foi criada
uma Rota de Turismo Empresarial, onde os turistas podem contactar de perto com o
empreendedorismo não só nas indústrias de calçado, mas também das indústrias têxteis e de
agricultura.
Uma outra Rota já presente em Felgueiras é a Rota do Românico, que consiste na
observação dos templos Românicos.
A Igreja de Airães, a Igreja Matriz de Unhão, a Igreja de Sousa, a Igreja de S. Mamede
de Vila Verde, e a Igreja do Mosteiro de Pombeiro fazem parte do ambicioso projeto da Rota do
Românico do Vale do Sousa que partiu da Associação de Municípios do Vale do Sousa em
parceria com um conjunto de entidades.
Por fim, existe a Rota do Vinho Verde, onde os turistas pisam o terroir, conhecem e
degustam vinhos de excelência e comprar produtos de eleição. Fazem parte desta rota: As
caves de Felgueiras, a Quinta da Lixa, a Quinta de Maderne e a Quinta da Palmirinha.

Museus em Felgueiras

Existe apenas um museu na cidade de Felgueiras.


O Museu Casa do Assento, localizado na freguesia de Friande, é considerado um Museu
etnográfico estruturado em ciclos de atividades rurais (linho, pão, vinho e azeite), incluindo no
seu acervo um pequeno núcleo de trajes e alfaias religiosas.
O Museu encontra-se em fase de reorganização, tendo sido, até à data, efetuados alguns
trabalhos de ordem técnica, nomeadamente a inventariação de grande parte do acervo e o
tratamento e estabilização das peças que este espaço alberga, no intuito de preservar
exemplos da cultura material, que fazem parte da identidade do nosso concelho.

Projeto: “Museu do Calçado”

Em Felgueiras, cidade onde o desenvolvimento se alicerça ao saber fazer tradicional,


nascerá o Museu do Calçado.
Aqui irão dialogar com as mãos experientes do ofício e a criatividade dos novos
designers. Contar-se-á a história do calçado ao longo do tempo e as histórias de vidas
dedicadas aos sapatos e sapatos que marcaram vidas.
O Museu do Calçado surgirá de forma inovadora no panorama museológico regional ao
retratar a memória da indústria do calçado em Felgueiras.

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Mais do que uma mera exposição de artefactos, o Museu do Calçado em Felgueiras


será um espaço de aprendizagem, criatividade e experimentação que exigirá ao seu visitante
uma postura interativa e de questionamento permanente.

Objetivos para a criação de um museu do calçado em


Felgueiras

-A cidade é uma das muitas regiões ainda desprovidas de instituição Museológica e, de


acordo com a política nacional de museus, há interesse em um Museu para cada cidade;
- Como instituição de memória, o Museu do Calçado em Felgueiras terá como missão a
preservação da experiência histórica, da cultura e das identidades sociais deste território. O
museu tornar-se-á referência para a população que não tem ainda acesso ao seu património
muitas vezes mais conhecido fora da região do que para aqueles que nele habitam;
- Possuirá referências patrimoniais muito significativas e já destacadas
internacionalmente devido á produção industrial e outras particularidades que atraem olhares
extremos à cidade para a sua apreciação.
-Dará a conhecer não só todos os componentes de um sapato mas também todas as
etapas de produção, as marcas de calçado Felgueirense, os principais mercados de
exportação e as formas de promoção utilizadas.

História da evolução do Calçado Mundial

Alguns historiadores datam os primeiros calçados entre 3.0 A.C. e 2.0 A.C. no Antigo
Egito, mas resquícios históricos encontram evidências no Período Paleolítico, também
conhecido como Idade da Pedra Lascada, sendo que estas evidências datam entre 14.0 A.C. e
10.0 A.C., uma vez que pinturas rupestres encontradas na Europa em países como França e
Espanha, fazem referências a utensílios utilizados para a proteção dos pés deste homem pré-
histórico.

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Estas datas entre 14.0 A.C e 10.0 A.C. podem ser atribuídas à divisão do Período
Paleolítico, como Paleolítico Superior, onde o homem já era obrigado a morar em cavernas,
devido ao intenso resfriamento da Terra, principalmente no norte da Europa que ficava coberto
pelo gelo em consequência da 4ª Era Glacial. O Homem deste período é o Homem de Cro-
Magnon, que já é o homem propriamente dito. Caçava animais de grande porte como mamutes
e renas, utilizando para isso armadilhas montadas no chão. Já nesta época utilizavam-se de
alguns utensílios de pedra que serviam para raspar as peles, o que mostra que a arte de curtir
couros e peles é muito antiga.
Já no Egito por volta de 7.0 e 6.0 A.C. nos Hipogeus (monumentos funerários
subterrâneos do período pré-Cristão) câmaras subterrâneas utilizadas para enterros, foram
descobertas várias pinturas que representavam os diversos estágios do preparo do couro e do
calçado.
No Antigo Egito que se inicia em cerca de 3150 A.C., altura em que se verificou a
unificação dos reinos do Alto e do Baixo Egipto, e termina em 30 A.C. quando o Egipto, já
então sob dominação estrangeira, transformou-se numa província do Império
Romano, após a derrota da rainha Cleópatra VII na Batalha de Ácio, as sandálias dos
egípcios eram feitas de palha, papiro ou de fibra de palmeira e era comum as pessoas
andarem descalças, carregando as sandálias e usando-as apenas quando necessário. Sabe-se
que apenas os nobres da época possuíam sandálias. Mesmo um faraó como Tutancamon
usava sandálias e sapatos de couro simples, apesar dos enfeites de ouro.
Na Mesopotâmia eram comuns os calçados de couro cru, amarrados aos pés por tiras
do mesmo material. Os coturnos eram símbolos de alta posição social. A Mesopotâmia nome
grego que significa "entre rios" (meso - pótamos), é uma região de interesse histórico e
geográfico mundial. Trata-se de um planalto de origem vulcânica localizado no Oriente Médio,
delimitado entre os vales dos rios Tigre e Eufrates, ocupado pelo atual território do Iraque e
terras próximas. Os rios desembocam no Golfo Pérsico e a região toda é rodeada por desertos.

Os principais povos que habitaram as Mesopotâmia foram: Sumérios e Acadianos


(antes de 2.0 A.C.); Amoritas (2.0 A.C.-1.750 A.C.); Assírios (1.300 A.C.-612 A.C.); Caldeus
(612 A.C.-539 A.C.).
Na Grécia Antiga, os gregos chegaram a lançar moda, como a de modelos diferentes
para os pés direito e esquerdo. Grécia Antiga é o termo denominado para descrever o período
clássico antigo do mundo grego e áreas próximas como França, Sul da Itália, Anatólia, Costa
do Mar Egeu e Chipre. Não existindo uma data fixa, ou se quer um consenso que consiga
definir um período que marque o início ou o fim da Grécia Antiga. Alguns escritores atribuem o
período minoico e o micênico entre 1.600 A.C. a 10 A.C.. Tradicionalmente a Grécia Antiga

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abrange desde os primeiros Jogos Olímpicos em 776 A.C., sendo que alguns historiadores
estende o começo para 1.0 A.C., até a morte de Alexandre, O Grande em 323 A.C.. O
dramaturgo Aeschylus, exigia que seus atores que encenavam papeis heroicos nas tragédias
gregas, utilizassem calçados com grossos solados de cortiça, para parecem grandes e
imponentes, sendo que a partir daí, os artesões da Grécia Antiga criaram as sandálias
artísticas.
Na Roma Antiga o calçado indicava a classe social. Os cônsules usavam sapato
branco, os senadores sapatos marrons presos por quatro fitas pretas de couro atadas a dois
nós, os calçados tradicionais das legiões eram as botas de canos curtos que descobriam os
dedos, existiam também os “caligaes” uma espécie de sandália bastante rústica de couro
pesado e solado grosso, muitas vezes presas com taxas de bronze, estes calçados permitiram
a estas legiões marcharem por toda Europa, Norte da África e Ásia Ocidental. Após os
combates eram comuns os caligaes receberem camadas de peles das faces de seus inimigos,
que eram adicionadas aos seus solados, essa tradição foi herdada dos egípcios, onde eles
assim podiam literalmente pisar nas cabeças em seus inimigos. Os soldados vitoriosos ao
voltarem das guerras, substituíam as taxas e adornos de seus caligaes de bronze por peças de
ouro e prata.
Roma Antiga é o nome dado à civilização que se desenvolveu a partir da cidade de
Roma, fundada na península Itálica durante o século VIII A.C.. Durante os seus doze séculos
de existência, a civilização romana transitou da monarquia para uma república oligárquica até
se tornar num vasto império que dominou a Europa Ocidental e ao redor de todo o mar
Mediterrâneo através da conquista e assimilação cultural, no entanto, uma série de fatores
sociopolíticos causou o seu declínio e o império foi dividido em dois.
A metade ocidental, onde estavam incluídas a Hispânia, a Gália e a Itália, entrou em
colapso definitivo no século V e deu origem a vários reinos independentes.
A metade oriental, governada a partir de Constantinopla passou a ser referida, pelos
historiadores modernos, como Império Bizantino a partir de 476 D.C., data tradicional da queda
de Roma e aproveitada pela historiografia para demarcar o início da Idade Média.
Com a desintegração do Império Romano do Ocidente, no século V (em 476 D. C.), é
terminado com o fim do Império Romano do Oriente, com a Queda de Constantinopla, no
século XV (em 1453 D.C.).
O período da Idade Média é marcado por uma grande mudança de comportamento,
atingindo também a indumentária, onde os ensinamentos cristãos pregavam a não exposição
dos corpos, diferentemente dos povos que os antecederam, como os egípcios, gregos e
romanos, os quais exibiam constantemente seus corpos. Essa drástica mudança na
indumentária atingiu também os calçados, onde as sandálias que exibiam os pés deixam de

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ser usadas, danado espaços botas altas e baixas, atadas à frente e ao lado para os homens, já
para a mulheres, sapatos abertos que tinham uma forma semelhante à das sapatilhas. O
material mais utilizado era o couro de gado, mas as botas de qualidade superior eram feitas de
couro de cabra, embora pudessem ser bem mais desconfortáveis do que se possa imaginar,
mesmo assim, os calçados estavam entre os presentas mais procurados neste período.
Tendo início as Cruzadas, veio o contato com o Oriente e a influência deste, causou
mudanças nos estilos dos calçados, originando um calçado mais coerente e decorado. Surge
neste momento os sapateiros, profissionais responsáveis por promover calçados de
qualidades.
Durante a Idade Média, que surgiu a padronização da numeração dos calçados, tendo
sua origem na Inglaterra durante o reinado de Eduardo I (1.239 a 1.307), por volta de 1.305, ele
decretou que fosse considerada como uma polegada a medida de 3 grãos de cevada,
colocados lado a lado. Os sapateiros ingleses gostaram da ideia e passaram a fabricar, pela
primeira vez na Europa, sapatos em tamanho padrão, baseados no grão de cevada. Desse
modo, um calçado infantil medindo treze grãos de cevada passou a ser conhecido como
tamanho 13 e assim por diante.
O Renascimento identifica o período da História da Europa aproximadamente entre fins
do século XIII e meados do século XVII, quando diversas transformações em uma
multiplicidade de áreas da vida humana assinalam o final da Idade Média e o início da Idade
Moderna. Apesar destas transformações serem bem evidentes na cultura, sociedade,
economia, política e religião, caracterizando a transição do feudalismo para o capitalismo e
significando uma rutura com as estruturas medievais, o termo é mais comumente empregado
para descrever seus efeitos nas artes, na filosofia e nas ciências.
É durante o Renascimento que os calçados tomam formas e alturas bastante
interessante, chegando a ser descrito por muitos como extremamente ridículos. Entre os
séculos XIV e XV, surgem as “poulaines”, difundidas em toda a Europa e principalmente na
França e Inglaterra, este calçado caracterizava-se pelo estreitamento e alongamento das
pontas, bicos. O comprimento do bico do calçado era proporcional à posição do indivíduo na
sociedade, quanto mais alto o nível na escala social, maior o bico e se tornou uma competição
hierárquica. Eram fabricados em couros, veludos, brocados e bordados em fios de ouro. Até as
armaduras seguiram esse gênero com sapatos de ferro e bico revirado. Foi rei Francisco I
(1.515 a 1.547) da França, quem decretou o fim deste tipo de calçado e ainda no século XV,
este tipo de pontas aguçadas foi proibido pelo rei da Inglaterra Henrique VIII (1.509 a 1.547),
por ter pés largos e inchados, achava esse tipo de calçado achava inconveniente e doloroso. A
partir daí, são aceitos os chinelos rasteiros com base larga e muito mais confortável.

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A ascensão da burguesia nos séculos XV e XVI, devido ao desenvolvimento do


comércio originou nova classe social. O desenvolvimento deste comércio trouxe diversidade de
peças do vestuário, inclusive os calçados, tornando-os mais diversificados, refinados e
complexos. O calçado aparece como peça bastante trabalhada e passa a ser peça
indispensável no vestuário. Quase sempre cada roupa exige um calçado e este é fabricado
com os mesmos tecidos e ornamentos.
Os calçados masculinos têm as formas quadradas e largas, mais cômodas que no
século anterior permitindo assim, maior transpiração e conforto para os pés. As botas que
inicialmente exclusivo de uso dos exércitos, chegavam a atingir a coxa.
Iniciou-se neste período o uso do salto que foi criado para elevar a altura das mulheres,
os primeiros saltos foram confecionados em cortiça em forma de cunha, acompanhando o
formato do arco do pé, elevando a altura apenas no calcanhar. Existem diferentes opiniões a
respeito dos saltos altos, alguns como origem das "chopinas" (blocos de madeira utilizada
como base/solado, onde o calçado era confecionado), provenientes da China ou Turquia, eram
sandálias com plataformas onde a altura dos solados apontava o nível social e chegava a
atingir 40 cm. Havia casos de senhoras da corte que elevaram suas plataformas até 70 cm e
precisavam às vezes de dois criados, um de cada lado para conseguir o equilíbrio, as chopinas
foram inicialmente utilizadas pelos nobres, passando pela burguesia e chagando as camadas
sociais mais baixas, daí foram desprezadas pela elite, sendo que as últimas as utilizarem as
chopinas foram às prostitutas.
As plataformas e os saltos altos estão desde a antiguidade associados a situações
solenes e rituais, quando todo o universo gestual e os movimentos corporais, na época
bastante contidos, estão relacionados a reverências e comportamentos formalizados. As
mulheres mais observadoras imaginaram que suas silhuetas poderiam ganhar contornos mais
sensuais com o calcanhar elevado, projetando o tórax para frente e dessa maneira ressaltando
os seios. Até 1.600 não havia nada que realmente pudesse ser chamado de salto, nos anos de
1.590, até já tinham produzido alguns saltos baixos de madeiras ou cortiças, antes disso foram
utilizados cunhos de cortiça ou empilhamento de camadas de couros, mas sem muito sucesso
devido à dificuldade no caminhar. Uma vez com o surgimento do verdadeiro salto, com o
conceito que conhecemos hoje, as outras formas de saltos desaparecem rapidamente. Em
pleno século XVII, as fabricações de calçados com saltos originavam calçados com pouca
estabilidade, causando frequente falta de equilíbrio durante a utilização destes, isto devido às
falhas na fabricação dos calçados principalmente na região de encaixe do salto, causando
também problemas de emparelhamentos. Embora o desenvolvimento dos calçados desde o
período Romano, já vinha sendo produzidos para pés direitos e esquerdos, porém a parte
traseira dos calçados não havia diferenças entre os dois pés, então para dar mais estabilidades

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aos calçados com saltos, iniciou-se uma maior preocupação com detalhes e diferenciações
entre pés esquerdos e direitos também na parte traseira. Durante a Guerra Civil Americana as
botas dos exércitos passam a ser fabricadas com essa diferenciação entre os pés também na
parte traseira e foi muito bem aceite.
É também neste período que é conhecida da manufatura do calçado na Inglaterra é de
1642, quando Thomas Pendleton forneceu 4.0 pares de sapatos e 600 pares de botas para o
exército. As campanhas militares desta época iniciaram uma demanda substancial por botas e
sapatos.
No apogeu veneziano, durante o século XVII, luxo e riqueza da influência oriental
marcaram os materiais empregados na fabricação de calçados como os brocados, veludos e
adamascados fartamente ornamentados. Neste momento surgem as "ciopines", que são
calçados com as solas aumentadas com a invenção do "pattino", uma proteção para os
delicados sapatos em contato com o solo e a água.
Na França, acontece um fato importante e particular, durante o reinado de Luiz XIV e de
Luiz XVI, há introdução nos modelos de calçados masculinos de um salto mais alto e quadrado
e também de fivelas e fartos ornamentos.
No século XVIII, a moda se estabeleceu de maneira sistemática e organizada como
fenômeno cultural, social e de costume. São estabelecidas as variações do "gosto". Período de
muita evolução e os calçados em produção artesanal passa a atender as novas exigências de
prática e funcionalidade que a sociedade exigia. Ficam caracterizados diferentes ambientes
como: Cidade, campo e estrada. Desta maneira, surgem os calçados para o trabalho, para o
passeio e várias novas exigências que este novo consumidor necessita.
O estilo predominante dos calçados femininos neste período são as botas em couro ou
cetim e trabalhadas de maneira intensa, com saltos robustos e fechamentos laterais, nos quais
aparece quase sempre uma carreira de pequenos botões ou amarrações com laços. Nos
masculinos todos em couro preto e com a presença do elástico, invenção deste período, que
torna o calçar mais confortável. Neste momento a sola ainda era presa ao corpo do sapato com
pregos e toda costura era feita à mão.
Com a chegada das Máquinas de Costuras Américas de Isaac Merrit Singer, Elias
Howe e Walter Hunt no século XIX, o processo de costura não só acelerou o processo de
produção como levou à confeção de um calçado melhor e mais barato. Durante a Revolução
Industrial surgem as operatrizes especializadas, como a de McKay. Um fluxo incessante de
máquinas sofisticadas revolucionou a indústria dos calçados, de tal modo que, no alvorecer do
século X, ela já entrara na era da produção em massa.

História do Calçado de Felgueiras

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Na dimensão cronológica, optei por dividir o espaço de tempo estudado em ciclos de 10


anos, por comodidade de tratamento em relação às duas décadas iniciais, não existem senão
algumas menções a “sapateiros” e a “tamanqueiros”, às quais deverão corresponder pequenas
oficinas artesanais. As freguesias com o maior número de “sapateiros “são Sousa e Torrados,
seguidas de Revinhade e Margaride. As freguesias de Penacova, Pedreira, Airães, Caramos,
Várzea e Unhão têm uma única ocorrência cada. Quanto à atividade de “tamanqueiro”, tem
apenas 2 ocorrências (em Sousa e Caramos). Os dados são isolados e regularmente
espaçados no tempo, pelo que tudo aponta para um contexto artesanal pré-industrial, de
pequenas oficinas de âmbito local.
Já na década de 1950, começam os indícios de uma maior especialização de trabalho,
a par da transição para um contexto industrial. Por outro lado, a fonte ganha uma reforçada
representatividade do universo real do concelho. Assim, surgem as primeiras designações de”
indústrias de calçado” (freguesia de Mragaride-4, Pombeiro de Ribavizela, Torrados e Varziela-
2, Regilde e Revinhade-1). Aparecem ainda pela primeira vez, as designações de “gaspeador”,
“cravador de calçado”, e “cortador de calçado”, em Margaride, 2, 1 e 1 respetivamente, para
além da designação de mais 1 “cortador de calçado” em Varziela. No entanto, são ainda
predominantes as menções a “sapateiro”.
Estes estão centrados na freguesia de Margaride (19), seguida de Varziela (5).
Refontoura, Sendim e Torrados também estão representados (2 cada). Existem ainda menções
a um par de “tamanqueiros” (Borba de Godim e Jugueiros). Na década seguinte, e assumindo
que a representatividade das fontes se mantém regular, verifica-se a continuidade de alguns
elementos em relação à década anterior, a par de outros elementos inovadores. Assim,
continua a verificar-se um grande número de “sapateiros”: Margaride (7), Sousa (5), Varziela
(3), Idães e Torrados (2). No que se reporta a “industriais do calçado”, constata-se a ascensão
de Torrados (8), a suplantar Margaride (5), enquanto as freguesias de Idães, Pedreira,
Penacova, Pombeiro de Ribavizela e Várzea apresentam um industrial de calçado cada.
Lagares, Pedreira e Penacova são as únicas freguesias onde surge a designação de “indústria
do calçado” (1 cada). Um solitário “cortador de calçado” em Margaride assinala, e
aparentemente, tímida especialização industrial. Se os dados relativos às décadas de 30 e 40
são demasiado aleatórios e irregulares para podermos basear neles quaisquer conclusões, já
os dados das décadas de 50 e 60 apresentam linhas de continuidade, que apontam para a
melhor representatividade da fonte de análise. Assim, inicialmente vemos o predomínio de
Margaride sobre as restantes freguesias, tanto no que se reporta ao contexto artesanal como
ao presumível contexto industrial nascente. Depois vemos o arranque de Torrados no que diz
respeito às unidades industriais, suplantando Margaride. Em Torrados vemos também o
número de “industriais do calçado” a suplantar de longe o de “sapateiros”, que parece estagnar.

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Por outro lado, as referências a atividades que fazem parte da cadeia operatória da indústria do
calçado (” cortador de calçado”, “gaspeador”, “cravador de calçado”) indicam uma
complexificação e especialização dessa indústria, são sintomas de uma nova escala de
produção.
Todas estas considerações são suscetíveis de correção, por recurso a mais fontes,
mais sistemáticas. Importa, portanto, contextualizar e interpretar estes dados preliminares,
seguindo três vetores de investigação:
1. Antes de mais, alargar o espetro de fontes, de forma a abranger dados da
Administração Central, nomeadamente os processos e estatísticas de licenciamento industrial.
Estes constituem o complexo de fontes mais representativas do universo em análise (ainda que
fontes locais não possam ser ignoradas, e sejam, a meu ver, o melhor ponto de partida para
um estudo de âmbito local). Por outro lado, os registos municipais de licenciamento de obras
particulares, dos quais se conservam registos desde a década de 1950, serão também muito
úteis. Também será necessário consultar fontes documentais de associações industriais
relacionadas com o calçado, e também fontes orais locais.
2. As próprias ocorrências por nós consideradas significativas também deverão ser
analisadas, e tanto quanto possível tipificadas, de forma a permitir o seu tratamento. De facto,
é muito diferente um pedido de licenciamento de edificação relativo a uma indústria de calçado,
de uma mera menção à atividade de sapateiro, num contexto indiferente a esta investigação.
Trata-se, portanto, de:
3. Criar categorias operativas relativas às ocorrências registadas, que permitam
conhecer a realidade subjacente.

4. Em estreita relação com o estabelecimento de categorias para as situações


registadas, está o correlativo tipificar das designações empregues na fonte, para identificar os
profissionais e os seus ofícios. Aqui, importa estarmos atentos a variações de significado ao
longo dos tempos (exemplo: o termo “sapateiro”, como iremos ver em breve, sofreu um
processo de especialização ao longo do tempo, com o progressivo crescimento de escala das
unidades produtivas, e com a crescente divisão do trabalho).

De Felgueiras para o Mundo

Felgueiras é um dos três polos de produção de calçado em Portugal. Desde os anos 80


até hoje, o sector cresceu e internacionalizou-se, fazendo de Felgueiras o concelho português
com a menor taxa de desemprego.

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A Felmini, a marca portuguesa de sapatos que mais vende em Itália, calçou uma das
protagonistas da saga Transformers 4 - A Era da Extinção com as suas botas made in
Felgueiras, sempre com marca própria.
A Nobrand é a marca lusa de sapatos mais vendida na Alemanha. Nascida em 1988,
localiza-se em Felgueiras. Apresenta hoje um preço de venda ao público entre 120 e 250
euros, chega a 33 países e vale 50% do volume de negócios de 14 milhões de euros.
A marca portuguesa de calçado Josefinas apresentou recentemente um modelo de um
par de sapatilhas bordado manualmente, em forma de homenagem ao savoir-faire das
bordadeiras do Vale do Sousa.
Já a Always é contactada por marcas internacionais (Ex.: Tommy Hilfiger) para colocar
nas fábricas de Felgueiras os seus modelos.

Figura 3- Josefinas, Bordado do Vale do Sousa Figura 2- Nobrand, Slippers

Empresas de produção de calçado

Ver anexo A.

Etapas da produção de calçado

Para muitos as principais etapas deste processo de produção dos calçados são cinco,
mas ao meu entendimento são seis e mesmo dentro destas principais etapas, há uma série de
operações que podem variar muito dependendo do segmento, tipo ou modelo a ser produzido,
havendo inclusões ou exclusões de várias operações. Mas como mencionado, estas seis
etapas são as seguintes:
Design / Modelagem;

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Corte;
Costura/ Pesponto;
Montagem;
Solado;
Acabamento;

Design / Modelagem– Sem dúvida a etapa de maior importância em todo o


processo de produção, pois é nesta etapa que são concebidos os calçados, ou seja, os
projetos nascem a partir desta etapa.
O Designer tem a incumbência da pesquisa em revistas de moda, catálogos, feiras,
exposições, internet, viagens aos grandes centros de moda, e tantas outras fontes de pesquisa
que tiver, a fim de analisar e interpretar as várias tendências, não só de moda, mas
principalmente as de comportamentos, uma vez de posse de todas estas informações, são
possíveis desenvolver novos projetos antecipando as necessidades do mercado e assim lançar
moda. É também o Designer o responsável por idealizar e visualizar os modelos, linhas e
coleções, englobando as construções, formas, cores, adornos, materiais, texturas e possíveis
custos, traduzindo todas estas informações em desenhos detalhados, passíveis de
entendimentos há profissionais e outros setores.
Ao Modelista cabe a importante função técnica de adequar produtividade ou a
manufaturabilidade do produto, adaptando a conceção do Designer às condições e
características do processo de produção, como adaptar os novos modelos e projetos para a
fabricação, verificando a escalação de modelos, palmilhas, solas e outros componentes, a
comprovação dos cortes escalados e a programação de navalhas. O processo tradicional
utiliza o pantógrafo, que faz a escala e corta a cartolina para os modelos. Mais recentemente,
os equipamentos CAD (Computer Aided Design) bi e tridimensionais vêm sendo utilizados para
criar modelos a partir de informações estruturais digitalizadas e visualizadas no monitor,
possibilitando uma precisão e agilidade muito maior na tarefa de modificação e criação de
novos modelos.
Os atributos finais dos calçados como a beleza, estilo, conforto, durabilidade entre
outros, dependem das habilidades e criatividade do Designer e da competência do Modelista,
além da forma como estes conseguem interagir com as outras etapas do processo produtivo,
inclusive com os Departamentos de Vendas e Marketing.

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Figura 4- Design/ Modelagem

Corte- Com base no que foi definido pelo Design / Modelagem, a matéria-prima é cortada,
aos funcionários que realizam estas operações denominam-se cortadores. No processo
tradicional, o corte é realizado com facas e balancins. Quando a matéria-prima utilizada é o
couro, o Cortador deve estar atento ao sentido das fibras, a elasticidade e a existência de
defeitos para definir as posições do corte e minimizar o desperdício de material. Os processos
mais avançados utilizam o corte a laser, jato de água, ou ar-comprimido, em geral de forma
integrada com a modelagem por CAD, resultando em um aproveitamento da matéria-prima
bastante superior dado que o controle da área a ser cortada é feito pelo computador. Deve-se
ressaltar que as diferenças entre os processos tradicionais e os mais avançados, é em grande
parte, determinado pelo tipo de matéria-prima utilizado e seu grau de homogeneidade, ou
heterogeneidade.

Figura 5- Corte
Costura / Pesponto– As peças
que foram cortadas e marcadas na etapa anterior, agora são unidas pela costura ou pesponto.
Nesta fase os profissionais recebem denominação de Costureiras e Preparadoras, dependendo
do estilo ou tipo de calçados, as várias peças que compões os cabedais costurados, virados,
refilados, picotados, colados, recebem a aplicação dos enfeites, fivelas e outros metais,
pedrarias, além de bordados e aplicações.

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Existem máquinas de costura de controlo numérico, porém de utilização restrita para


alguns poucos tipos de costura e/ou de produto. Considerando-se os vários tipos de operação
e as várias formas de realizar a união das peças de acordo com o produto final que se deseja
obter, pode-se entender a restrição existente para que se avance na automação nessa etapa
do processo e o predomínio da atividade manual.
É muito comum as indústrias terceirizarem esta etapa da produção, geralmente fora das
suas instalações, a estes que realizam esta etapa e suas operações recebem a denominação
de Ateliês de Costura ou Ateliês de Pespontos.

Figura 6- Costura/ Pesponto

Montagem- Aos profissionais que executam esta etapa, denominam-se Montadores, é.


Nesta etapa, que há a colação na fôrma a fim de obter-se a conformação e a fixação do
cabedal junto á palmilha de montagem, geralmente por meio de colagem, mas podendo ser
costurada, nesta etapa ainda ocorrem as operações de colação de biqueiras ou couraça,
contrafortes, cambrês, entretelas e outras. Na montagem podemos dividi-la em 2 partes que
são a Montagem 1- o cabedal é colado á palmilha por um processo semi- autorizado, onde
apenas um operador realiza o trabalho de várias pessoas, diminuindo o tempo de execução e o
aumento da qualidade deste processo, na Montagem 2. Esta é a sequência da montagem do
cabedal, onde a parte lateral e traseira são coladas e pregadas na palmilha.

Figura 7- Montagem
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Solado– Os profissionais responsáveis por esta etapa denominam-se Soladores.


É nesta etapa que são fixadas as palmilhas de montagem, já com os cabedais montados e
enformados aos solados, esta fixação pode ser pregada, colada, vulcanizada ou costurada.
Nesta etapa também ocorrem operações como os processos de pregar e colar os saltos e
tacões, asperar (lixar) os solados e cabedais enformados que foram montados nas palmilhas
de montagens e colagem por meio de pressão. Aqui a sola é colada ao cabedal já
completamente montado, num processo onde a cola é passada tanto na sola como no cabedal
e depois de aquecida as duas partes são coladas, prensadas e congeladas, a fim de se obter
uma colagem perfeita

Figura 8- Solado
Acabamento- Por fim, nesta etapa de
acabamento, o calçado é desenformado e passa pelos retoques finais como: Colocação de
forros, taloeiras, sobre palmilhas, pintura, enceramento, encaixotamento e etc.

Figura 9- Acabamento
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Partes do Calçado

O calçado tem algumas partes que são comuns a todas as linhas e modelos. Algumas
são específicas, como acontece com os sapatos femininos e desportivos. Apresento abaixo
uma lista das principais partes do calçado, para possibilitar a posterior descrição do processo
de fabrico.

Cabedal:
É a parte superior, o corpo do calçado, incluindo a lingueta. Ele tem a função de
proteger os pés e garantir o conforto necessário. O cabedal pode variar de formato e na
combinação de materiais que o constituem. Este é o resultado da junção das diferentes partes
cortadas, que são costuradas em bloco único.

Forro:
Revestimento utilizado para acabamento interno do calçado. Além de reforçar a
estrutura, proporciona conforto e absorve a humidade. Geralmente (mas não obrigatoriamente)
ele cobre toda a parte interna do cabedal. Também é, geralmente, de laminados sintéticos,
couro, materiais têxteis, entre outros.

Entressola:
Localizada entre o cabedal e o solado, a entressola normalmente assemelha-se a uma
espuma macia. Tem também uma função estética, pois possibilita que o solado pareça mais
espesso, sem aumentar o seu peso. Geralmente são feitas com poliuretano (PU) ou EVA,
material moldado em altas temperaturas, com as mesmas propriedades resilientes do PU,
contudo mais leve.

Sola:

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É a parte do calçado que fica em contacto direto com o solo. Portanto, deve garantir
proteção, resistência e estabilidade. São feitos geralmente em borracha, mas há também
solados em couro e madeira.

Sistema de Armação:
É a estrutura composta pelo cadarço e os passantes, responsável pela firmeza dos pés
dentro do calçado.

Talão:
É a estrutura que sustenta o calcanhar e posiciona o tornozelo corretamente dentro do
calçado.

Palmilha:
É um componente destinado a proporcionar conforto para o usuário. A palmilha é
também responsável pela postura correta do pé dentro do sapato. Muitas já são fabricadas
com o mesmo EVA aplicado nas entressolas, aumentando o conforto para os pés.

Contraforte:
O contraforte é um elemento estrutural, de reforço. Tem a finalidade de proteger a parte
traseira do sapato. Ajuda a manter a forma quando se retira o pé. Geralmente fica entre o forro
traseiro e o cabedal.

Avesso:
Elemento para proporcionar conforto ao usuário, fica na parte traseira do sapato e evita
que o calcanhar deslize durante o caminhar e entre em contacto com o contraforte.

Couraça:
A couraça, assim como o contraforte, é um elemento estrutural que tem o objetivo de
reforçar o sapato. É colocado com a finalidade de proteger o bico ou a biqueira (parte dianteira
do sapato). Assim, mantém o formato do sapato mesmo quando este está fora do pé.

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Salto:
Utilizado para as questões estéticas (altura), quanto para garantir a sustentação e
melhor caminhar ao calçado. Geralmente é fabricado em madeira ou poliestireno, fixados no
solado na região do calcanhar.

Componentes do Calçado

Os componentes são todas as peças que são adicionadas ao calçado durante o


processo de produção. A lista de componentes é enorme, e não para de crescer, devido ao
aumento da variedade de modelos e a grande influência da moda. Como exemplos, podem ser
citados: fechos, látex, fitas de reforço, velcro, cordões, fitas, ilhoses, rivetes, bibos, enfeites,
elásticos, parafusos, contrafortes, palmilhas, parafusos, fivelas, pele, etiquetas, solas e tecidos.

Os componentes podem ser agrupados nos seguintes grandes grupos:

-Palmilhas e Termo conformados;


-Solados e formas;
-Metais;
-Embalagens;
-Produtos químicos para Couro;
-Produtos químicos para Calçado;
-Têxteis e Sintéticos.

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Figura 10- Cordões
Figura 11- Contraforte
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Figura 12- Ilhões

Figura 13- Sola

Figura 14- Tipos de Fivelas

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Figura 15- Biqueira

Principais marcas de sucesso em Felgueiras

A Indústria do calçado é o sinal mais visível do progresso e do crescimento em


Felgueiras. Os industriais de Felgueiras procuram desde sempre produzir com altos
parâmetros de qualidade, investigando e apostando desde cedo no desenvolvimento
tecnológico. Assim, hoje, a indústria do calçado é uma das mais robotizadas no seu sistema de
produção. São várias as empresas felgueirenses que produzem as suas próprias marcas,
afirmando-se com grande sucesso, sobretudo ao nível internacional, pois cerca de 90% da
produção é destinada à exportação.
-Jóia-calçado Sa (Fojos, Apartado 43, 4610-525 Penacova Felgueiras, 4610-525);
-FelminiShoes (R. Fonseca Moreira 541, 4610-300);
-Calafe Calçado (Av. Agostinho Ribeiro, Felgueiras);
-Marina Calçado (EM562 306, 4611-909 Felgueiras);
-Carité (Rua Nicolau Coelho, 2729);
-Jefar (Lugar Do Outeiro, Aptd. 91, Regilde);
-Mário Cunha & Filhos Lda (R da Metalúrgica da Longra, 277, Complexo Industrial da
Longra);
-Pedouro (Souto Longal Torrados, Felgueiras);

-Jonil (EM562 306, Felgueiras).

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Figura 16- Principais empresas de calçado em Felgueiras


Europa é por excelência o mercado das exportações portuguesas. A indústria
Nacional do calçado coloca no continente Europeu mais de 90% das suas vendas, cada
vez mais vemos os empresários do setor do calçado a apostar na exportação. Os principais
mercados são: Inglaterra, França, Espanha, Irlanda, Bélgica, Holanda, Alemanha, Suíça,
Grécia entre outros, todos pertencentes à União Europeia.
Os empresários atualmente apostam também em vender os seus produtos para outros
países como: Hungria, Kuwait, Japão, E.U.A, Islândia, Polónia e Canadá.

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Promoção do Calçado

Todos os anos, realiza-se em Felgueiras “A Descalço”, gala anual de estilismo de


calçado, uma iniciativa que tem como objetivo a promoção das potencialidades dos jovens
criadores na área do calçado.
“A Descalço” é resultado de uma ideia e projeto da Escola Profissional de Felgueiras. A
sua 1° edição aconteceu em junho de 2000 e o êxito e reconhecimento da sua relevância
incentivaram a sua repetição em sucessivas edições anuais, desde então.
Contextualizada e promovida num espaço regional de forte cariz industrial, “A Descalço”
pretende contribuir para a promoção da centenária Indústria de calçado da região, mostrando o
que de melhor se produz neste importante setor, valorizando a sua capital de trabalho e
experiência acumulada ao longo dos séculos.
Sendo “A Descalço” sinónimo de cultura e modernismo são muitas as pessoas que
todos os anos assistem ao desfile, assim como convidados cantores, apresentadores,
estilistas, etc.

Figura 17- Descalço em Felgueiras

Curiosidades
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Modelos especiais
Um operário de calçado de Felgueiras produziu manualmente um sapato com metro e
meio de comprimento, com as cores representativas da bandeira portuguesa, para o dedicar à
Seleção Nacional de Futebol, que disputou o Mundial de Futebol. O sapato foi apresentado à
Seleção por Fernando Loureiro, tendo sido autografado por todos os jogadores e pelo
selecionador.
A execução manual do sapato foi feita na própria casa, em Caramos- Felgueiras, tendo
o processo demorado alguns meses. O trabalho foi realizado com o apoio da empresa Rilix,
onde trabalha há alguns anos

Figura 18- Sapato felgueirense para a seleção nacional

Swear
José Neves criou a Swear em 1994, de Felgueiras para o mundo. Acabou por mudar-se
para Londres, o berço da tribo dos sapatos alternativos.
Facilmente chegou a destinos como Japão, Hong Kong, Rússia, Egipto, etc.

Entre os famosos que calçou estão: SpiceGirls, REM, Cher e Marilyn Manson. A lista é
longa e até inclui personagens de “Star Wars”.

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“Museu do Calçado”

Funcionamento do Museu de calçado em Felgueiras


O Museu do calçado em Felgueiras terá ao dispor dos visitantes um vasto número das
mais variadas exposições, assim como workshops e visitas guiadas às mais importantes
fábricas de produção de calçado em Felgueiras.
Os visitantes ficarão assim com um conhecimento mais alargado sobre a indústria do
calçado.
O museu deverá incluir diversas salas de exposição, assim como atelier, um auditório,
espaços para comer, espaços destinados ao estudo e uma loja para os visitantes.

Estrutura
Por se tratar de um lugar grande, ter-se-á em atenção alguns pontos importantes para o
bom funcionamento do Museu, sendo eles a ventilação, a iluminação e o projeto sonoro.
Será também mantida uma estrutura baseada nas sugestões do Corpo de Bombeiros,
com luzes de emergências, saídas estratégicas e pontos com extintores de incêndios.
Outro fator a ter em conta será a segurança não só dos bens, mas também dos
visitantes e todos aqueles que lá trabalham.
O local tem fácil acesso tanto para pessoas que vêm nos seus próprios veículos, como
para pessoas que utilizem o transporte público

Recursos Humanos
Os visitantes terão a seu dispor uma equipa composta por profissionais efetivos e por
consultores externos. Essa equipa deverá incluir conservadores, museólogos, educadores,
restauradores, comunicadores, gestores, técnicos de turismo, e neste caso, antigos operadores
fabris para que o museu funcione na perfeição e ultrapasse qualquer expetativa criada pelos
visitantes.

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Exposições
O Museu do Calçado será um espaço que pretende apresentar de forma inovadora, a
história da produção do calçado, desde a oficina até às grandes fábricas assim como a
evolução do sapato ao longo do tempo.
O Museu do Calçado apresentará uma área expositiva dedicada apenas ao fabrico
tradicional e outra inteiramente dedicada à produção industrial.

Sala de exposição permanente


A exposição permanente é o ex-libris do Museu. Deverá consubstanciar um trabalho
profundo, rigoroso e criativo em torno da história do calçado nacional e do concelho.
A multidisciplinaridade será aqui, então, a intersecção de múltiplos contos, histórias,
documentos, relatos na 1º pessoa, para uma apreensão, tão rica quanto possível, da realidade
da produção do calçado em Portugal e em Felgueiras, sempre alicerçada num criterioso
trabalho fotográfico.

Salas de exposições temporárias


As salas de exposições temporárias são um dos pontos de atracão do Museu,
possibilitando a rotatividade e a constante apresentação de projetos.
A sua utilização deverá ser entendida segundo dois planos: o plano local, onde por um
lado deverá consubstanciar o resultado do trabalho do Museu, no estudo, valorização e
preservação da memória coletiva dos grandes produtores de calçado de Felgueiras; e o plano
extralocal, onde deverá apresentar exposições que, não tendo diretamente uma relação
profunda com o concelho, sejam, pela sua qualidade e pertinência, foco potenciador de ganho
cognitivo, cultural ou estético.

Ateliers
Parte relevante do espaço museológico, pelo seu dinamismo intrínseco, os Ateliês
seguem de perto a ideia de plurifuncionalidade, devendo adequar-se, preferencialmente, à
exposição permanente e, sempre que possível, às exposições temporárias.
De forma articulada, deverão também, numa perspetiva de ação educativa, possibilitar a
implementação de vários cursos (oficinas das mais variadas artes – neste caso, da produção
manual dos sapatos).

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Pátio
Enquanto espaço aberto, o pátio possibilita variadíssimas formas de abordagem e
dinamização, devendo qualquer proposta – exterior ao plano de trabalhos do sector do Museu
– estar em articulação com o projeto do Museu e com o seu calendário de atividades.

Sala de estudo/ Biblioteca


O Museu deverá dispor de uma sala de estudo/ biblioteca para que os visitantes
obtenham todas as informações que desejam e tirem todas as suas dúvidas e curiosidades
sobre todos os aspetos que de algum modo estão relacionados com o calçado e a cidade de
Felgueiras.
A biblioteca irá dispor de uma secção apenas relacionada com os sapatos, nacionais e
internacionais.

Auditório do Maio
O Auditório do maio terá como principal objetivo atividades de complementaridade aos
temas expostos no Museu do Calçado. Deste modo, será um espaço polivalente, dado que
possibilitará várias formas de abordagem, nomeadamente ao nível da projeção de filmes,
realização de colóquios, conferências e outras palestras, bem como de atividades teatrais e
musicais. Poderá ainda ser utilizado para ações de formação, workshops, etc.

Bar
O Museu irá dispor de um espaço onde os visitantes poderão comer, que se encontrará
no Hotel.
Assim, o visitante ficará também a conhecer um pouco mais sobre a
gastronomia/doçaria local.

Loja de Recordações
Nesta loja, os visitantes poderão comprar pequenas lembranças da cidade.
Porta-chaves em forma de sapato, carteiras de pele, bordados de linho, o famoso Pão-
de-ló, vinho verde, kiwis, etc…

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Acessibilidades
 Todas as áreas do Museu são acessíveis a pessoas com mobilidade reduzida, seja
através de rampas seja de elevador.
O Museu dispõe de WC´s adaptados.
Todos os cães de assistência são bem-vindos.

Famílias
Os carrinhos de bebé são bem-vindos no Museu do Calçado. Poderá aceder a todas as
exposições através de elevador ou rampas de acesso.

Atividades

Promoção do dia dos Museus


Todos os anos comemora-se, a 18 de maio, o Dia Internacional dos Museus.
Não deixando passar esta data tão especial em vão, no Museu do Calçado iram se
realizar workshops, demonstração de peças únicas e entrada grátis.

Visitas guiadas pelas fábricas da região


Devido á localização do Museu do Calçado ser um pouco distante das fábricas, em
conjunto com a câmara de Felgueiras iram se realizar visitas guiadas até as fabricas mais
próximas para que os nossos visitantes possam visualizar o que melhor sabemos fazer.

Atelier do sapato
Esta nova atividade consiste em que cada visitante consiga personalizar os seus
sapatos, ou, que possa adquirir uns para os customizar e levar para casa mais uma pequena
lembrança do nosso museu.

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Andar nas nuvens


Este projeto consiste em reutilizar calçado de pessoas da zona, que já não os usem,
para que assim possam fazer voluntariado e ajudem os mais necessitados a terem mais
conforto.

Oficina Criativa
A oficina criativa vai estar distribuída por várias secções de grupos, irá desde a parte
mais infantil até aos seniores.
Na parte infantil será realizado, em grupo, várias atividades que ensinem os mais novos
a apertar os cordoes usando cantigas, rimas e etc…
Para os grupos de adolescentes/ estudantes de todas as idades, será proposto a
realização de um sapato com materiais que sejam deitados fora durante a criação dos sapatos,
daí a reutilizar os materiais e a reciclar. Consistira na recriação de um sapato mais icónico da
nossa região, no caso as botas felgueirenses.
No caso dos mais adultos, nada melhor relembrar a sua infância e tentar que recriem os
seus primeiros sapatos, para que assim tenham passado tantos anos uma bela recordação.

Para Famílias
Para que todas as famílias tenham possibilidade de adquirir conhecimento, nada melhor
do que no último fim-de-semana de cada mês, uma redução de preço significativa para famílias
que pretendam visitar o museu com os mais novos, de uma forma muito educativa, com jogos
e muita diversão á mistura.

Exposições temporárias
Em associação com as várias fábricas da região será pedido que disponibilizem alguns
modelos únicos e exclusivos, para serem expostos no museu por algum tempo.

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Serviço educativo

A indústria desde sempre que se constituiu como lugar privilegiado de construção de


ideias de futuro. Fundamentais para a construção da sociedade que conhecemos, os espaços
industriais possuem um valor social acrescido pela sua potencialidade em se constituírem
como lugares de referência ao passado histórico, mas também como espaços de reflexão
sobre questões do presente e do futuro.
Após a consolidação do Turismo Industrial em Felgueiras enquanto produto turístico, o
lançamento do Serviço Educativo pretende desenvolver as suas potencialidades no campo da
educação, bem como promover e melhorar as condições de acesso – nomeadamente físico,
social e intelectual - a públicos diferenciados.
Uma fábrica pode ser muito mais do que um lugar de produção de bens de consumo.
Uma fábrica também pode ser um lugar de questionamento, de pensamento e de criação.
Ambiente. Arquitetura. Arte. Corpo. Tecnologia. Movimento. Som. Memória. Economia.
Trabalho. Indústria como arena. O que foi. O que é. O que pode ser. Na escala da proximidade,
cruzar os de dentro com os de fora destes lugares. Dar voz. Ter voz. Partilhar e criar em
conjunto.

MARCAÇÕES E TARIFÁRIOS
As atividades estão sujeitas a marcação prévia através do preenchimento do formulário
de pedido de visita.
As visitas á oficina criativa são realizadas com um grupo mínimo de 10 participantes.

Entrada no Museu
7.50 € / Pessoa
5.00 € / Até 12 anos
GRÁTIS / até 6 anos

Parque de estacionamento
Gratuito

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Visitas guiadas *
10 Pessoas 11 a 14 pessoas > 15 pessoas
3€ / Pessoa 3,5€ / pessoa 3€ / pessoa

*No caso de grupos escolares, por cada 10 alunos 1 adulto acompanhante tem entrada
gratuita.

Promoção do Museu

Panfleto

Figura 19- Meio de Promoção do Museu

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Site
https://flaviomoreira20168.wixsite.com/museudocalcado

Figura 20- Site do Museu

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Redes Sociais

Figura 21- Meios Sociais

Público-Alvo
Como Museu do Calçado, deverá, em termos de público, direcionar as suas atividades
para todos os admiradores do Turismo Cultural e do Turismo Criativo. Não obstante, e dado os
objetivos gerais e específicos, deverão ser público-alvo privilegiado o escolar e a terceira idade.
Por outro lado, sendo polo dinamizador de atividades culturais, o Museu deverá
contribuir para o desenvolvimento cultural e turístico do Concelho, direcionando as suas
atividades para o público, quer de âmbito distrital, nacional ou internacional.

Plano Museológico
O Plano Museológico é uma ferramenta imprescindível para o desenvolvimento de
todos os trabalhos desenvolvidos pelo museu, estabelecendo a sua visão, a sua direção e os
seus objetivos.
O Plano Museológico é o documento que fortalece e reafirma a importância do museu
em todos os aspetos, tanto na sua imagem externa como nas metas e estratégias a serem
conhecidas e compartilhadas. Alçado em um conjunto de Programas e Projetos, consonante às
diretrizes e leis museológicas vigentes, é dever de todos os museus elaborar e implementá-lo.

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Conclusão

A Prova de Aptidão de Profissional é o projeto mais importante de todo o curso, pois


permite-nos demonstrar todos os conhecimentos e competências adquiridas ao longo dos 3
anos de curso.
O tema do meu projeto intitula-se “Museu do Calçado”, que na minha visão traria muitas
vantagens para o desenvolvimento da cidade, assim como para as indústrias de calçado, que
teriam o seu trabalho divulgado.
Estando o setor do turismo em crescimento em Portugal, a aposta numa oferta turística
diversificada que permita ao turista/visitante obter um conjunto de experiências diferenciadoras
é cada vez mais procurado, para fugir ao turismo de massas. Um bom exemplo de oferta
diversificada é o Turismo Industrial que, com o passar dos anos, tem vindo a despertar o
interesse não só dos turistas mas também das entidades públicas e privadas, que têm
percebido o seu potencial em termos turísticos e empresariais. Assim, tem-se verificado um
aumento e desenvolvimento de vários projetos a nível nacional.
Para além das competências que a prova exigiu, penso que foi benéfico para mim a
nível profissional e a nível social, uma vez que no futuro irei enfrentar outros projetos tão ou
mais importantes do que este.
Ao longo da elaboração deste projeto encontrei algumas dificuldades que foram
ultrapassadas graças aos meus orientadores da PAP e outras entidades envolvidas.
Da realização da PAP só retive pontos positivos e todos os meus objetivos foram
cumpridos.

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Bibliografia

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Anexos

Empresas de Produção de calçado em Felgueiras

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