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Curso de Direito

CRIMES DOLOSOS E CRIMES CULPOSOS

São Paulo
2023
CRIMES DOLOSOS E CRIMES CULPOSOS

São Paulo
2023
RESUMO
Este trabalho teve por objetivo geral analisar os tipos de crimes dolosos e
crimes culposo, para alcançar os objetivos propostos, utilizou-se como
metodologia, o procedimento bibliográfico, constituído por livros e artigos e
jurisprudência.
ABSTRACT
The general objective of this work was to analyze the types of crime and
culpable crimes, in order to achieve the proposed objectives, using as
methodology, the bibliographic procedure, consisting of books and articles and
jurisprudence.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.....................................................................................

1. O QUE É CRIMES DOLOSOS E CRIMES


CULPSO.........................................................
2. PRICIPAIS JURIDISPUDENCIAS DO STF, STJ................
3. CONCLUSÃO..........................................................................................
4. . BIBLIOGRAFIA..........................................
Introdução

O objetivo geral deste trabalho é analisar os crimes dolosos e crimes


culposos e suas jurisprudências.
1. O que é crime doloso
Vamos entender primeiro o conceito de doloso, segundo o dicionário: “É o
crime cometido com plena consciência da ilegalidade da conduta praticada,
visando o resultado ilícito ou assumindo o risco de produzi-lo. Desta forma, o
dolo pode ser direto, por meio do qual o agente busca a realização da conduta
típica, ou indireta, no qual ele assume o risco de produzir o resultado lesivo,
sendo que este divide-se em alternativo, onde existem dois resultados
previsíveis e o agente assume o risco de produzir um resultado diverso do
originalmente previsto”.

Para o Prof. Guilherme de Souza Nucci, define dolo como sendo “a vontade
consciente de realizar a conduta típica”.

Segundo Nucci, “Agir dolosamente, vale dizer, com vontade de concretizar a


conduta típica, é atribuível a qualquer ser humano”. Código Penal – Art. 121:
Matar Alguém.

1.2 DIFERENÇA ENTRE DOLO GENÉRICO E DOLO ESPECÍFICO

Na doutrina tradicional costuma apresentar as diferenças entre dolo


genérico, que seria a vontade de praticar a conduta típica, sem qualquer
finalidade especial. E já o dolo específico seria a mesma vontade embora
adicionada de uma especial finalidade.

1.3 CONCEITO DE DOLO DIRETO

Nucci, apresentar o conceito de dolo direto com sendo a vontade do


agente dirigida especificamente à produção do resultado típico, abrangendo os meios
utilizados para tanto. Exemplo: A quer matar B, para isso atirar em sua cabeça.

1.3.1 Dolo direto de primeiro grau e dolo direto de segundo grau


Dolo direto de primeiro grau é quanto ele tem a intenção e a vontade de
concretizar os requisitos objetivos. Já o dolo direto de segundo grau, também tem a
vontade de concretizar o resultado esperado, porém termine incluindo efeitos
colaterais. Ex. O agente para matar A que se encontra num avião, coloca uma bomba,
porém o avião está lotado de outras pessoas. O agente consegue ter êxito no seu
objetivo, porém também mata outras pessoas, sendo assim dolo direto de segundo
grau.

1.4 CONCEITO DE DOLO INDIRETO OU EVENTUAL

Nucci, fala que “É a vontade do agente dirigida a um resultado determinado, porém


vislumbrando a possibilidade de ocorrência de um segundo resultado, não desejado,
mas admitido, unido ao primeiro”.

Segundo exemplo do Nucci, traz A desferindo tiros contra um muro, no quintal da sua
residência (resultado pretendido: dar disparos contra o muro), vislumbrando, no
entanto, a possibilidade de os tiros vararem o obstáculo, atingindo terceiros que
passam por detrás. Ainda assim, desprezando o segundo resultado (ferimento ou
morte de alguém), continua a sua conduta”.

No dolo eventual, o agente não quer diretamente o resultado do crime. Mas se


acontecer ou não para ele não fará diferença, o que faz que ele assuma o risco do
resultado, por isso sua ação ou omissão configura crime doloso.

Mas temos que ter um certo cuidado com o “assumir um risco” com o julgamento pela
sociedade no geral.

O que diferencia o dolo eventual do dolo direto é a intenção do agente, se não tem
intenção se não há vontade não pode se falar em dolo direto. A diferença está na
intenção de fazer.

Alguns exemplos de dolo eventual:

Um exemplo: são os famosos rachas, que são aquelas disputas de veículos


automotores. O racha é uma prática proibida pelo Código de Trânsito quando ocorre
em vias públicas e a infração é considerada gravíssima, podendo a pessoa perder até
o direito de dirigir.

Outro exemplo é uma pessoa que está dirigindo resolve, beber bebida alcoólica, e
continua dirigindo, essa pessoa tem a consciência que pode causar um atropelamento,
causando lesão corporal ou até mesmo sua morte, mesmo assim fica indiferente ao
resultado.

1.5 CONCEITO CULPA

Para Nucci, culpa é “o comportamento voluntário desatencioso, voltado a


um determinado objetivo, lícito ou ilícito, embora produza resultado ilícito,
não desejado, mas previsível, que podia ter sido evitado”.

Exemplo que o professor Manso, nos ajuda a melhor entender esse


conceito de culpa.
“Meu avô que tem o carro em perfeita ordem, e sempre está dentro da lei
de trânsito, andando numa rua na faixa da direita a 50 km por hora, acaba
ouvindo um barulho estranho, como se estivesse passado por cima de
alguma coisa, e ao parar o carro, verifica que acabou passando com as
duas rodas do carro em cima de uma cabeça de uma pessoa”.

Não tem intensão de ferir alguém, mas acaba causando o acidente, não
isenta de um julgamento e até uma condenação. Ainda temos que ter
cuidado, não confundir casos de crimes culposos, com a imprudência,
imperícia ou negligência, mesmo que possuir intenção do resultado
danoso, embora sua ocorrência seja previsível. Para deixar bem mais fácil
de intender vamos relatar uma previ explicação sobre as diferenças entre
elas.

Imprudência: é ação precipitada e sem cautela;


Negligência: é agir desidiosamente. Deixar de fazer o que devia;
Imperícia: Agir sem habilidade.

2. PRICIPAIS JURIDISPUDÊNCIAS DO STF, STJ:


Queremos trazer alguns causos de jurisprudências dos principais tribunais
nacionais, como Supremo Tribunal Federal (STF), Superior Tribunal de Justiça
(STJ).

Recurso Extradionario (RE) do STF, sobre o tema de crime doloso:

RE 776823
Órgão julgador: Tribunal Pleno
Relator (a): Min. Edson Fachin
Julgamento: 07/12/2020 / Publicação 23/02/2021.

Ementa
Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PROCESSO PENAL. REPERCUSSÃO GERAL. TEMA DE
REPERCUSSÃO GERAL 758: NECESSIDADE DE CONDENAÇÃO COM TRÂNSITO EM JULGADO
PARA SE CONSIDERAR COMO FALTA GRAVE, NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO CARCERÁRIO, A
PRÁTICA DE FATO DEFINIDO COMO CRIME DOLOSO. ARTS. 52, CAPUT, E 118, I, DA LEI DE
EXECUÇÃO PENAL. CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO (ART. 97 DA CF). PRESUNÇÃO DE
INOCÊNCIA (ART. 5º, LVII, DA CF). PRECEDENTES DO STF. RECURSO EXTRAORDINÁRIO A QUE
SE DÁ PROVIMENTO. 1. Os arts. 52, caput, e 118, inciso I, da Lei de Execução Penal, por regerem
esfera distinta da formação de culpa no processo penal de conhecimento, não são incompatíveis com a
norma inscrita no art. 5º, inciso LVII, da Constituição Federal. Dessa forma, descabe condicionar o
reconhecimento da sanção administrativo-disciplinar de falta grave consistente na prática de fato definido
como crime doloso pelo Juízo da Execução Penal ao trânsito em julgado da condenação oriunda do
Juízo de Conhecimento. Independência das esferas de apuração e sancionamento de atos ilícitos. Juízes
com competências diversas. Precedentes do Supremo Tribunal Federal. 2. A apuração da falta grave,
todavia, deve observar os postulados constitucionais do devido processo legal, do contraditório e da
ampla defesa, assegurado ao sentenciado defesa técnica e possibilidade de produção de provas. Tema
de repercussão geral 941. Regras de Nelson Mandela das Nações Unidas. 3. Não se reconhece violação
à cláusula de reserva de plenário quando o órgão fracionário do Tribunal de origem deixa de aplicar
dispositivo infraconstitucional sem que o tenha declarado, expressa ou implicitamente, a
inconstitucionalidade. 4. Recurso extraordinário a que se dá provimento, com a fixação da seguinte tese:
o reconhecimento de falta grave consistente na prática de fato definido como crime doloso no curso da
execução penal dispensa o trânsito em julgado da condenação criminal no juízo do conhecimento, desde
que a apuração do ilícito disciplinar ocorra com observância do devido processo legal, do contraditório e
da ampla defesa, podendo a instrução em sede executiva ser suprida por sentença criminal condenatória
que verse sobre a materialidade, a autoria e as circunstâncias do crime correspondente à falta grave.

Tema
758 - Necessidade de condenação com trânsito em julgado para se considerar como falta grave, no
âmbito administrativo carcerário, a prática de fato definido como crime doloso.

Tese
O reconhecimento de falta grave consistente na prática de fato definido como crime doloso no curso da
execução penal dispensa o trânsito em julgado da condenação criminal no juízo do conhecimento, desde
que a apuração do ilícito disciplinar ocorra com observância do devido processo legal, do contraditório e
da ampla defesa, podendo a instrução em sede executiva ser suprida por sentença criminal condenatória
que verse sobre a materialidade, a autoria e as circunstâncias do crime correspondente à falta grave.
RE 852475
Órgão julgador: Tribunal Pleno
Relator (a): Min. Alexandre de Moraes
Redator (a): Min. Edson Fachin
Julgamento: 08/08/2018 / Publicação: 25/03/2019

Ementa
DIREITO CONSTITUCIONAL. DIREITO ADMINISTRATIVO. RESSARCIMENTO AO ERÁRIO.
IMPRESCRITIBILIDADE. SENTIDO E ALCANCE DO ART. 37, § 5 º, DA CONSTITUIÇÃO. 1. A
prescrição é instituto que milita em favor da estabilização das relações sociais. 2. Há, no entanto, uma
série de exceções explícitas no texto constitucional, como a prática dos crimes de racismo (art. 5º, XLII,
CRFB) e da ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado
Democrático (art. 5º, XLIV, CRFB). 3. O texto constitucional é expresso (art. 37, § 5º, CRFB) ao prever
que a lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos na esfera cível ou penal, aqui entendidas em
sentido amplo, que gerem prejuízo ao erário e sejam praticados por qualquer agente. 4. A Constituição,
no mesmo dispositivo (art. 37, § 5º, CRFB) decota de tal comando para o Legislador as ações cíveis de
ressarcimento ao erário, tornando-as, assim, imprescritíveis. 5. São, portanto, imprescritíveis as ações de
ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato doloso tipificado na Lei de Improbidade
Administrativa. 6. Parcial provimento do recurso extraordinário para (i) afastar a prescrição da sanção de
ressarcimento e (ii) determinar que o tribunal recorrido, superada a preliminar de mérito pela
imprescritibilidade das ações de ressarcimento por improbidade administrativa, aprecie o mérito apenas
quanto à pretensão de ressarcimento.

Tema
897 - Prescritibilidade da pretensão de ressarcimento ao erário em face de agentes públicos por ato de
improbidade administrativa.

Tese
São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato doloso tipificado na
Lei de Improbidade Administrativa.

RE 776823 RG
Órgão julgador: Tribunal Pleno
Relator (a): Min. Ricardo Lewandowski
Julgamento: 28/08/2014 / Publicação: 18/09/2014

Ementa
Ementa: RECURSO EXTRADORDINÁRIO. MANIFESTAÇÃO SOBRE REPERCUSSÃO GERAL.
PROCESSUAL PENAL. EXECUÇÃO PENAL. ART. 52 DA LEP. FALTA GRAVE. NECESSIDADE DO
TRÂNSITO EM JULGADO DA CONDENAÇÃO POR CRIME DOLOSO PARA CARACTERIZAÇÃO DA
FALTA GRAVE. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA NÃO CULPABILIDADE. RELEVÂNCIA JURÍDICO-
SOCIAL DA QUESTÃO CONSTITUCIONAL DISCUTIDA NOS AUTOS. EXISTÊNCIA DE
REPERCUSSÃO GERAL.
Tema
758 - Necessidade de condenação com trânsito em julgado para se considerar como falta grave, no
âmbito administrativo carcerário, a prática de fato definido como crime doloso.

Algumas jurisprudências do STJ:

Processo: Processo sob segredo de justiça, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por
unanimidade, julgado em 21/06/2022, DJe 29/06/2022.

Ramo do direito: Direito Processual Penal

TEMA: Tribunal do júri: Veredito condenatório. Manifesta contrariedade às provas dos autos. Cassação
da sentença. Submissão dos réus a novo júri. Absolvição imediata. Impossibilidade.

Destaque: O reconhecimento da manifesta contrariedade entre o veredito condenatório e as provas dos


autos gera a cassação da sentença e submissão dos réus a novo júri, mas não sua absolvição imediata
pelos juízes togados, na forma do art. 593, § 3º, do CCP.

Informações do Inteiro Teor:

Em respeito à competência a constitucional dos jurados para o julgamento de crimes dolosos contra a
vida, o reconhecimento da manifesta contrariedade entre o veredito condenatório e as provas dos autos
implica a cassação da sentença e a submissão dos acusados a novo júri, na forma do art. 593, § 3º, do
CCP.

O pedido absolutório, aliás, seria mesmo inviável, por carecer de base legal. Trata-se de norma legal que,
equaliza a soberania constitucional dos vereditos com a possibilidade de seu controle jurisdicional, sem,
contudo, permitir a substituição do júri por juízes de togados.

Informativo nº 709

20 de setembro de 2021

Órgão julgador: Quinta Turma.

Processo: RHC 133.694-RS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em
14/09/2021, DJe 20/09/2021.

Ramo do Direto: Direito Processual Penal

Tema: Pronúncia. Posterior deslocamento da competência para o STF. Mudança de rito. Art. 10 da Lei n.
8.038/1990. Realização de diligência. Nulidade da pronúncia. Inocorrência.
Destaque: A reinquirição de testemunha de defesa, na fase de diligências da ação penal originária,
consoante o art. 10 da Lei n. 8.038/1990, não implica a implícita declaração de nulidade da pronúncia,
proferida quando não havia prerrogativa de foro.

INFORMAÇÕES DO INTEIRO TEOR:

A diplomação do réu, acusado da prática de homicídio com dolo eventual, no cargo de Deputado Federal,
com a subida dos autos ao Supremo Tribunal Federal, conduz a uma alteração do rito processual, que
passa a prever uma fase de diligências anterior às alegações escritas, na forma do art. 10 da Lei n.
8.038/1990, sem que isso acarrete a nulidade dos atos anteriormente, praticados pelo juízo então
competente.

A determinação pela Corte Suprema da reinquirição de testemunhas de defesa, na fase de diligências da


ação penal originária consoante o art. 10 da Lei n.8.038/1990, não implica na implícita declaração de
nulidade da pronúncia, proferida quando não havia prerrogativa de foro, apenas havendo uma diferença
de rito, sem previsão legal da mesma etapa no chamado sumário da culpa, primeira fase do rito dos
crimes dolosos contra a vida.

Importante observar, outrossim, que a fase de diligência tinha que ser realmente antecipada pelo STF
naquela ocasião, porque no anterior procedimento ela aconteceria posteriormente, na fase dos art. 423, I,
do CPP, justamente para sanar qualquer nulidade ou esclarecer fato que interesse ao julgamento da
causa”.

Dito de outra forma, enquanto o procedimento adotado pelo STF estava previsto para o momento anterior
aos memoriais, o rito dos crimes dolosos contra a ida apenas o previa para judicium causae, ou seja, para
a sua segunda etapa. Logo, nada mais momento do procedimento do Tribunal do Júri, antes do relatório e
da inclusão da ação penal em pauta de julgamento (art. 423, II, do CPP).

Principais jurisprudência de crimes culposos:

HC 116504

Órgão julgador: Segunda Turma

Relator (a): Min. Ricardo Lewandowski

Julgamento: 06/08/2013 / Publicação 21/08/2013

Ementa
Ementa: HABEAS CORPUS. PENAL. PROCESSUAL PENAL. HOMICÍDIO CULPOSO. PRISÃO
PREVENTIVA. NÃO CABIMENTO. ILEGALIDADE DA MEDIDA. RELATIVIZAÇÃO DO ÓBICE PREVISTO
NA SÚMULA 691/STF. ORDEM CONCEDIDA. I. Homicídio culposo na direção de veículo automotor,
sem prestação de socorro à vítima. Conduta tipificada no art. 302, parágrafo único, III, da Lei 9.503/97. II.
Acusado que, citado por edital, não comparece em Juízo nem indica advogado para apresentação de
defesa preliminar. Decreto de prisão preventiva do paciente, com fundamento no art. 366, parte final, do
Código de Processo Penal, para garantia da aplicação da lei penal. III. Ilegalidade da medida. Consoante
o disposto no art. 313 do referido código, somente se admite a imposição de prisão preventiva em face de
imputação da prática de crimes dolosos. IV. Hipótese em que, consoante jurisprudência iterativa da
Corte, admite-se a relativização do óbice previsto na Súmula 691/STF. V. Ordem de habeas corpus
concedida, para cassar a decisão mediante a qual foi decretada a prisão cautelar do paciente.
Decisão
A Turma, por unanimidade, confirmou os termos da medida cautelar deferida e concedeu definitivamente
a ordem, para cassar a decisão mediante a qual foi determinada a prisão preventiva do paciente, a quem
é imputada a prática de crime culposo, nos termos do voto do Relator. 2ª Turma, 06.08.2013.

HC 120165

Órgão julgador: Primeira Turma

Relator (a): Min. Dias Toffoli

Julgamento: 11/02/2014 / Publicação 20/03/2014

Ementa
EMENTA Habeas corpus. Penal Militar. Homicídio culposo (CPM, art. 206) e lesões corporais culposas
(CPM, art. 210). Incidência, quanto aos crimes culposos, das qualificadoras genéricas decorrentes de
motivo fútil e do fato de o ofendido estar sob imediata proteção da autoridade (CPM, art. 70, II, a e i).
Impossibilidade. Elementos já considerados na dosimetria, diante da aferição do grau de culpa do agente
(CPM, art. 69). Impossibilidade de dupla exasperação. Bis in idem reconhecido. Ordem concedida. 1.
Razão assiste àqueles que sustentam a impossibilidade de consideração de circunstâncias agravantes
genéricas (tirante a reincidência), porquanto, na fixação da reprimenda nos crimes culposos, necessária
se faz a aferição da culpabilidade do agente (CP, art. 59) ou do grau de sua culpa (CPM, art. 69), de
modo que, a se considerar, em um segundo momento, circunstâncias outras que revelem maior
culpabilidade do agente, estar-se-á incorrendo em dupla valoração de um mesmo elemento, devendo
incidir, no caso, a vedação do bis in idem. 2. Ordem concedida.
Observação
- Acórdão(s) citado(s): (CRIME CULPOSO, CIRCUNSTÂNCIA AGRAVANTE, MOTIVO) HC 70362 (1ªT).
(HOMICÍDIO CULPOSO, CIRCUNSTÂNCIA AGRAVANTE, REINCIDÊNCIA) HC 62214 (2ªT). Número de
páginas: 14. Análise: 31/03/2014, JOS. Revisão: 25/04/2014, IVA.

HC 138637 AgR

Órgão julgador: Segunda Turma

Relator (a): Min. Celso de Mello

Julgamento: 10/10/2020 / Publicação 20/10/2020

Ementa
E M E N T A: “HABEAS CORPUS” – HOMICÍDIO CULPOSO – ACIDENTE EM PARQUE DE
DIVERSÕES – IMPUTAÇÃO DESSE EVENTO DELITUOSO AO PRESIDENTE E ADMINISTRADOR DO
COMPLEXO HOPI HARI – INVIABILIDADE DE INSTAURAR-SE PERSECUÇÃO PENAL CONTRA
ALGUÉM PELO FATO DE OSTENTAR A CONDIÇÃO FORMAL DE “CHIEF EXECUTIVE OFFICER”
(CEO) – PRECEDENTES – DOUTRINA – NECESSIDADE DE DEMONSTRAÇÃO, NA PEÇA
ACUSATÓRIA, DE NEXO CAUSAL QUE ESTABELEÇA RELAÇÃO DE CAUSA E EFEITO ENTRE A
CONDUTA ATRIBUÍDA AO AGENTE E O RESULTADO DELA DECORRENTE (CP, ART. 13, “CAPUT”) –
MAGISTÉRIO DOUTRINÁRIO E JURISPRUDENCIAL. INEXISTÊNCIA, NO SISTEMA JURÍDICO
BRASILEIRO, DA RESPONSABILIDADE PENAL OBJETIVA – PREVALÊNCIA, EM SEDE CRIMINAL,
COMO PRINCÍPIO DOMINANTE DO MODELO NORMATIVO VIGENTE EM NOSSO PAÍS, DO DOGMA
DA RESPONSABILIDADE COM CULPA – “NULLUM CRIMEN SINE CULPA” – NÃO SE REVELA
CONSTITUCIONALMENTE POSSÍVEL IMPOR CONDENAÇÃO CRIMINAL POR EXCLUSÃO, MERA
SUSPEITA OU SIMPLES PRESUNÇÃO – O PRINCÍPIO DA CONFIANÇA, TRATANDO-SE DE
ATIVIDADE EM QUE HAJA DIVISÃO DE ENCARGOS OU DE ATRIBUIÇÕES, ATUA COMO FATOR DE
LIMITAÇÃO DO DEVER CONCRETO DE CUIDADO NOS CRIMES CULPOSOS – ENTENDIMENTO
DOUTRINÁRIO – INAPLICABILIDADE DA TEORIA DO DOMÍNIO DO FATO AOS CRIMES
CULPOSOS – DOUTRINA – “HABEAS CORPUS” DEFERIDO – RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO.
Observação
595/440, RHC 65995 (2ªT) - RTJ 127/877. (RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO, NEXO DE
CAUSALIDADE) RE 130764 (1ªT). (NEXO DE CAUSALIDADE, AUTORIA DO CRIME) AP 470 (TP).
(PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA) HC 93883 (2ªT), ADPF 144 (TP), HC 95290 (2ªT). (HC,
AUSÊNCIA, PERTINÊNCIA TEMÁTICA, DECISÃO
Indexação
DESCRIÇÃO, FATO, CIRCUNSTÂNCIA ELEMENTAR, TIPO PENAL; AMPLA DEFESA,
CONTRADITÓRIO. AUSÊNCIA, DEMONSTRAÇÃO, NEXO DE CAUSALIDADE, LIAME SUBJETIVO,
AUTORIA DO CRIME, FATO; RESPONSABILIDADE OBJETIVA. INCONSTITUCIONALIDADE,
RESPONSABILIDADE PENAL OBJETIVA, ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO.

Ext 774

Órgão julgador: Tribunal Pleno

Relator (a): Min. Ellen Gracie

Julgamento: 31/10/2001 / Publicação 14/12/2001

Ementa
EMENTA: Extradição. Governo da Itália. Presença dos requisitos do art. 80 da Lei nº 6.815/80 e do art. XI,
1 e 2 do Tratado de Extradição firmado entre a Itália e o Brasil em 17.10.89. Alegações da defesa
repelidas. O fato de o extraditando estar respondendo a processos no Brasil não é causa impeditiva da
extradição, apenas tendo o condão de diferir o prazo de sua entrega ao país requerente, ressalvada a
hipótese do art. 67 da Lei nº 6.815/80. A negativa da prática dos crimes ultrapassa os limites do juízo de
delibação típico do processo extradicional, nos termos do sistema belga ao qual se filia o brasileiro,
impedindo o exame da procedência das acusações e do mérito das sentenças que sustentam o pedido
(Precedentes: Extradições nºs 703 e 762). Correspondência dos crimes verificada. Ocorrência da
prescrição, pela legislação brasileira, quanto ao crime de homicídio culposo constante da Sentença nº 1.
Exclusão do crime de porte ilegal de arma de fogo (considerado, pela nossa legislação, na época dos
fatos, como simples contravenção) e do crime de posse de munições (anistiado) constantes da Sentença
nº 3. Exclusão do crime de disparo de arma de fogo (anistiado) e do crime de posse e porte ilegal de
armas (simples contravenção na época), incluídos na Sentença nº 4. Quanto aos demais crimes previstos
nas Sentenças nºs 2, 3, 4, 5 e 6, não se consumou a prescrição, tanto pela legislação brasileira quanto
pela italiana. Pedido deferido parcialmente para excluir o crime de homicídio culposo da sentença nº 1,
os crimes de detenção e porte ilegais de armas e posse de munições, previstos na sentença nº 3 e
os crimes de disparo de arma de fogo e de posse e porte ilegal de armas, objeto da sentença nº 4.
Observância do disposto no art. 89, caput da referida lei e no art. XV do aludido tratado, tendo em vista as
penas objeto de cumprimento perante a Vara de Execuções Penais da Comarca do Rio de Janeiro/RJ,
tendo sido concedido ao extraditando livramento condicional até 18.02.2003.
Decisão
O Tribunal, por unanimidade, deferiu, em parte, o pedido formulado na extradição, na forma do voto da
Senhora Ministra-Relatora e das notas taquigráficas, excluído o deferimento da extradição quanto
aos crimes do homicídio culposo, sentença nº 1, porte de arma, sentença nº 3, disparo de arma de fogo,
sentença nº 4, observando-se o artigo 89 da Lei nº 6.815, de 19 de agosto de 1980. Ausente,
justificadamente, o Senhor Ministro Celso de Mello. Presidiu o julgamento, sem voto, o Senhor Ministro
Marco Aurélio. Plenário, 31.10.2001.
Indexação
AUSÊNCIA, IDENTIDADE, FATOS. EXISTÊNCIA, CORRESPONDÊNCIA, CRIMES, LEGISLAÇÃO
BRASILEIRA, INOCORRÊNCIA, PRESCRIÇÃO. - DESCABIMENTO, EXAME, PROCEDÊNCIA,
ACUSAÇÕES. - DEFERIMENTO PARCIAL, PEDIDO, EXTRADIÇÃO, EXCLUSÃO, CRIMES,
HOMICÍDIO CULPOSO, OCORRÊNCIA, PRESCRIÇÃO, DETENÇÃO, PORTE ILEGAL DE ARMA,
POSSE
Jurisprudência do STJ: crimes culposos.

Processo:

EDcl no AgRg no AREsp 2149815 / MG

Embargos de declaração no agravo Regimental no Agravo em recurso especial

Relator: Min. Antonio Saldanha Palheiro (1182)

Órgão Julgador: T6 – Sexta Turma

Data do Julgamento: 13/03/2023 / Data da publicação/fonte Dje/: 16/03/2023

EMENTA
PROCESSUAL PENAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM
RECURSO ESPECIAL. HOMICÍDIO CULPOSO NO TRÂNSITO. ERRO MATERIAL EM RELAÇÃO À
CAPITULAÇÃO LEGAL.
1. Em que pese à equivocada referência, no dispositivo, da causa de aumento do inciso III do art. 302 do
Código de Trânsito Brasileiro, verifica-se que a majorante da omissão de socorro foi expressamente
afastada nos fundamentos da sentença condenatória. Assim, deve ser sanado o erro material, a fim de
corrigir a capitulação legal na qual incorreu o réu para o crime do art. 302, caput, da Lei n. 9.503/1997.
2. Embargos de declaração acolhidos, sem efeitos modificativos.
ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEXTA
TURMA do Superior Tribunal de Justiça, em sessão virtual de 07/03/2023 a 13/03/2023, por unanimidade,
acolher os embargos de declaração, sem efeitos modificativos, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Laurita Vaz, Sebastião Reis Júnior e Jesuíno Rissato (Desembargador Convocado do
TJDFT) votaram com o Sr. Ministro Relator.
Não participou do julgamento o Sr. Ministro Rogerio Schietti Cruz.
Presidiu o julgamento a Sra. Ministra Laurita Vaz.

Processo:

AgRg no RHC 172929 / SP

Agravo regimental no recurso ordinário em Habeas Corpus 2022/0347797-6

Relator: Min. Ribeira Dantas


Órgão Julgador: T5 – Quinta Turma

Data do Julgamento: 13/03/2023 / Data da publicação/fonte Dje/: 20/03/2023

EMENTA
PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EM HABEAS CORPUS. PRETERDOLO. LESÃO
CORPORAL SEGUIDA DE MORTE. INÉPCIA DA DENÚNCIA E AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA.
ELEMENTO SUBJETIVO DESCRITO NA DENÚNCIA. AGRAVO DESPROVIDO.
1. Nos termos do entendimento consolidado desta Corte, o trancamento da ação penal ou inquérito
policial, procedimento investigativo por meio do habeas corpus é medida excepcional. Por isso, só é
cabível quando houver inequívoca comprovação da atipicidade da conduta, da incidência de causa de
extinção da punibilidade ou da ausência de indícios de autoria ou de prova sobre a materialidade do
delito.
2. O crime preterdoloso exige, ao menos, a demonstração de conduta culposa (art. 19 do CP). Nessa
esteira, prescindi-se que o resultado mais gravoso esteja na esfera de representação do autor, basta a
previsibilidade objetiva.
3. Com efeito, saliente-se que o crime culposo exige os seguintes requisitos: (a) conduta voluntária; (b)
resultado involuntário; (c) nexo de causalidade; (d) tipicidade; (e) previsibilidade objetiva;
(f) ausência de previsão concreta por parte do agente; e (g)
violação de dever objetivo de cuidado. Portanto, não se exige a previsibilidade por parte do agente, mas
sim uma previsibilidade possível ao homem médio.
4. O agente que, em briga de trânsito, golpeia com um soco tão forte o outro indivíduo que o leva a cair ao
chão, bater a cabeça e, posteriormente, vir a óbito age, no mínimo, de maneira imprudente (modalidade
de culpa).
5. Inépcia não caracterizada e alegações defensivas que demandariam o aprofundamento nos elementos
fático-probatórios.
6. Agravo regimental desprovido.
ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da QUINTA
TURMA do Superior Tribunal de Justiça, em sessão virtual de 07/03/2023 a 13/03/2023, por unanimidade,
negar provimento ao recurso, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Reynaldo Soares da Fonseca, Joel Ilan Paciornik, Messod Azulay Neto e João Batista
Moreira (Desembargador convocado do TRF1) votaram com o Sr. Ministro Relator.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Joel Ilan Paciornik.

Processo:

AgRg no HC 705046/SP

Agravo regimental no recurso ordinário em Habeas Corpus 2021/0356740-4

Relator: Min. Ribeira Dantas (1181)

Órgão Julgador: T5 – Quinta Turma

Data do Julgamento: 06/03/2023 / Data da publicação/fonte Dje/: 10/03/2023

EMENTA
PROCESSO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. LATROCÍNIO.
DESCLASSIFICAÇÃO PARA ROUBO E HOMICÍDIO CULPOSO. IMPOSSIBILIDADE. CLASSIFICAÇÃO
TÍPICA E CONDENAÇÃO QUE SE ENCONTRAM EM HARMONIA COM OS ELEMENTOS DE PROVA.
AUSÊNCIA DE MANIFESTA ILEGALIDADE. AGRAVO NÃO PROVIDO.
1. O Tribunal de origem reconheceu, mediante análise do contexto dos autos, que o crime foi cometido
mediante a ministração de medicamento que serviu para impedir a capacidade de reação da vítima,
causando-lhe a morte.
2. De acordo com a jurisprudência desta Corte, "a violência imprópria a que se refere a parte final do art.
157, caput, do CP pode ser traduzida no emprego de drogas, soníferos, hipnose, de modo a reduzir a
possibilidade de resistência da vítima, para o cometimento do crime" (AgRg no AREsp n. 1.900.051/CE,
relator Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, julgado em 17/8/2021, DJe de 20/8/2021.) 3.
Acolher a tese da defesa, pela desclassificação do delito de latrocínio para os delitos de roubo seguido de
homicídio demandaria o reexame do conjunto fático-probatório, operação inviável em sede de habeas
corpus.
4. Agravo regimental não provido.
ACÓRDÃO
Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da QUINTA
TURMA do Superior Tribunal de Justiça, em sessão virtual de 28/02/2023 a 06/03/2023, por unanimidade,
negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Ribeiro Dantas.
Os Srs. Ministros Reynaldo Soares da Fonseca, Joel Ilan Paciornik, Messod Azulay Neto e João Batista
Moreira (Desembargador convocado do TRF1) votaram com o Sr. Ministro Relator.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Joel Ilan Paciornik.
REFERÊNCIA LEGISLATIVA 
LEG:FED DEL:002848 ANO:1940
***** CP-40 CÓDIGO PENAL
ART:00157
JURISPRUDÊNCIA CITADA 
(DESCLASSIFICAÇÃO DO DELITO DE LATROCÍNIO PARA OS DELITOS DE ROUBO
SEGUIDO DE HOMICÍDIO - REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO)
   STJ - AgRg no HC 710878-SP,
         AgRg no HC 720618-SP
(LATROCÍNIO - VIOLÊNCIA IMPRÓPRIA)
   STJ - AgRg no AREsp 1900051-CE
CONCLUSÃO

Diante do exposto, o objetivo geral de pesquisa, as principais diferenças entre dolo e


culpa, a pesquisa as diferenças entre os dois tipos de crimes e suas jurisprudências,
pudemos verificar que o dolo eventual se trata do fato do sujeito não querer a
realização do resultado, mas assume os riscos de produzir, enquanto a culpa
consciente o resultado é previsível por parte do agente, mas ele espera fielmente que
não ocorra, ou que possa ao menos evitá-lo.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS

NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal, parte geral/parte


especial, 2° edição revisada, atualizada e ampliada, editora RT, 2006;

https://scon.stj.jus.br/SCON/pesquisar.jsp

https://jurisprudencia.stf.jus.br/pages/search?
base=acordaos&sinonimo=true&plural=true&page=1&pageSize=10&queryStrin
g=crime%20culposo&sort=_score&sortBy=desc

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