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DIETAS DA MODA: O QUE REALMENTE FUNCIONA?

O fascínio pelo corpo perfeito tem feito milhares de pessoas se submeterem


a dietas rigorosas e procedimentos extremamente agressivos para conquistar o que
a mídia nos impõe: Corpos esculturais.

Entretanto, a alimentação não está focada apenas na beleza, pois tem se


tornado um dos assuntos mais discutidos na atualidade devido ao seu poder
terapêutico. Diversos pesquisadores e instituições buscam explicar por meio da
alimentação a prevenção e a cura que determinados alimentos podem propiciar.

Apesar de a mídia focar a importância da alimentação saudável, profissionais


como, médicos e nutricionistas afirmam que apenas uma dieta balanceada é capaz
de trazer benefícios tanto estéticos quanto fisiológicos para o organismo, milhares
de pessoas se submetem a dietas pouco seguras e procedimentos cirúrgicos
irreversíveis, que além de alterarem a estrutura do organismo humano ainda
ocasionam sérios problemas psicológicos associados ao fator alimentação.

A alimentação da população mundial e principalmente a brasileira tem se


modificado consideravelmente nas últimas décadas, fazendo com que trocássemos
o popular arroz e feijão pelas comidas rápidas oferecidas por bares e
restaurantes. 

O brasileiro esquece a riqueza e diversidade de alimentos existentes no país.

Há um tempo fui a um congresso de nutrição e um palestrante americano disse:


“Em qualquer restaurante americano o prato mais caro é o de salada. Não temos
essa fartura de hortaliças em nosso país. O brasileiro não valoriza o que tem”.

Este manual apresenta de maneira simples e prática o significado de uma


dieta balanceada, os tipos de dietas existentes e quais as suas consequências para
o organismo, o extremo da obesidade, como diagnosticar a obesidade de maneira
simples, dentre outros assuntos interessantes e atuais sobre alimentação.

OS NUTRIENTES

Os nutrientes são as partes que compõem o alimento. São divididos em:

Macronutrientes

São aqueles que possuem moléculas maiores e que o organismo necessita em


maior quantidade como carboidrato, proteína e lipídeo;
Micronutrientes

São aqueles que possuem moléculas menores e que precisamos em menor


quantidade como vitaminas e minerais.

Cada nutriente têm sua função específica no organismo humano.

MACRONUTRIENTES
Os Carboidratos

São componentes orgânicos formados nos vegetais, pela fotossíntese,


constituídos de Carbono, Hidrogênio e Oxigênio. Quando degradado no organismo,
seu último estágio é a conversão em glicose.

Unidade estrutural: glicose.

Os carboidratos são classificados em:

Monossacarídeos (1 molécula):
 Glicose;
 Frutose;
 Galactose.

Dissacarídeos (2 moléculas):
 Sacarose = é a junção de uma molécula de glicose + frutose;
 Lactose = é a junção de uma molécula de glicose + galactose;
 Maltose = é a junção de uma molécula de glicose + glicose.

Polissacarídeos (acima de duas moléculas):


 Amido;
 Glicogênio;
 Fibras.

Funções dos carboidratos:

As principais funções dos carboidratos são:

Fornece energia para as atividades básicas do organismo, como o funcionamento


dos órgãos;

 Manter reservas de energia (glicogênio);


 Preservar proteínas dos tecidos;
 Formação de compostos orgânicos: heparina RNA, DNA.

Recomendação: Devemos ingerir cerca de 50-60% de carboidrato ao dia. Sendo


que devem ser divididos em 40-50% polissacarídeos e 10% açúcar simples, ou seja,
limitar a quantidade de açúcar, doces em geral, refrigerantes, etc.

CADA GRAMA DE CARBOIDRATO FORNECE QUATRO CALORIAS.

Fontes alimentares de carboidratos

 Carboidratos simples: açúcar, mel, doces, balas, refrigerantes, biscoitos


recheados, etc.
 Carboidratos complexos: arroz, macarrão, pão, cereais integrais, etc.

As fibras
São carboidratos complexos, não absorvidos pelo intestino, com ação básica
de regular a função gastrointestinal. Podem ser classificadas em:

Solúveis: as fibras solúveis são representadas pela pectina, presente nas frutas,
leguminosas e na aveia.

Funções das fibras solúveis:

 Diminuem o tempo de trânsito intestinal;


 Auxiliam na diminuição do colesterol, por aumentar sua excreção fecal,
promovendo maior recaptação de LDL pelo fígado;
 Atuam por outro mecanismo, por meio do estímulo às bactérias da
microbiota intestinal, que as convertem em ácidos graxos de cadeia curta
(butirato, acetato e propionato), que são absorvidos pelas células do cólon,
entram na circulação portal e limitam, no fígado, a ação da enzima HMG-
CoA redutase, inibindo, assim, a formação do colesterol hepático;
 O alimento contendo a maior fonte de fibras solúveis e com maior
capacidade de diminuir o colesterol sérico, é o farelo de aveia.

Insolúveis: São representadas pela celulose (presente no trigo e nos vegetais


folhosos); hemicelulose (presente nos grãos e lignina, nas hortaliças).

Funções das fibras Insolúveis:

 Aumentam a saciedade, favorecendo a diminuição na ingestão alimentar


(auxilia na perda de peso);
 Aumentam o tempo de trânsito intestinal;
 Aumentam o bolo fecal, favorecendo pacientes que apresentam
constipação intestinal.

Recomendação de fibras: A recomendação é de 20 a 30g de fibras/dia. Sendo


divididas em 60% de insolúveis e 40% de solúveis.

Outros tipos de fibras

Alguns carboidratos com propriedades semelhantes às fibras foram


recentemente classificados como fibras. Entre eles podemos destacar a inulina e
fruto-oligossacarídeos, amido resistente e açúcares não absorvidos. Além das
funções desempenhadas pelas fibras, esses compostos também possuem outras
propriedades benéficas ao organismo humano. Veja abaixo o exemplo dos fruto-
oligossacarídeos, que desempenham diversas funções extremamente importantes
no nosso organismo:

Fruto-oligossacarídeos (FOS): Exercem efeito probiótico atuando na:

1. Estimulação do crescimento das bifidobactérias presentes na microbiota


intestinal;
2. Promovem alterações no trânsito intestinal e auxiliam tanto nos casos de
constipação quanto de diarreia;
3. Diminuição do colesterol e triglicerídeos no sangue;
4. Controle da pressão arterial;
5. Aumento da biodisponibilidade de minerais;

Fontes alimentares de FOS:

 Cebola;
 Tomate;
 Centeio;
 Alho;
 Banana;
 Aspargo;
 Alcachofra;
 Mel;
 Raiz de chicória.

As Proteínas

São macromoléculas presentes em todas as células de organismos vivos e


formadas por pequenas estruturas denominadas aminoácidos.

Funções das proteínas:

 Fornece aminoácidos e energia;


 Construção e manutenção de tecidos;
 Regulação do metabolismo de enzimas e hormônios;
 Defesa orgânica por meio da formação de anticorpos;
 Transporte de lipídios e oxigênio;
 Garante balanço hídrico e equilíbrio osmótico;
 Mantém equilíbrio ácido-básico;
 Síntese de compostos nitrogenados.

Recomendação: A recomendação de proteína é de 10-12% do valor calórico


total/dia ou 0,8-1,0 g/kg/dia.

CADA GRAMA DE PROTEÍNA FORNECE QUATRO CALORIAS.

Fontes alimentares de proteínas:

 Carnes
 Leite e derivados
 Ovos
 Leguminosas, etc.

As Gorduras
São substâncias orgânicas que fazem parte dos tecidos animais e vegetais,
sendo usadas para alimentação humana. São formadas por unidades denominadas
ácidos graxos.

Características: oleosas, escorregadias, insolúveis em água, não voláteis.

 Gorduras: sólidas em temperatura ambiente.


 Óleos: líquidas em temperatura ambiente.

São classificadas de diversas maneiras:

Quanto ao Comprimento da Cadeia de Carbono:

1. AG Cadeia Curta: gordura de laticínios;


2. AG Cadeia Média: óleo de coco;
3. AG Cadeia Longa: gordura animal;

Quanto à Ligação dos Átomos de Carbono e Disposição dos Hidrogênios:

 AG Saturados;
 AG Insaturados.
 Monoinsaturados
 Poliinsaturados

Quanto à Origem:

Essenciais
Ex: Linoleico, linolênico, araquidônico.
Não essenciais
Ex: Palmítico, esteárico.

Funções dos lipídeos:

 Estruturar: tecido adiposo, membrana celular;


 Fornece energia;
 Participar no metabolismo vitaminas lipossolúveis;
 Sintetizar novas moléculas;
 Regular temperatura corporal;
 Amortecer impactos;
 Promover saciedade;
 Fornece palatabilidade aos alimentos.

Recomendação: A recomendação de lipídeo é de 25-30% do valor calórico


total/dia. O colesterol como fonte de gordura deve ser consumido em quantidade
inferior a 300mg/dia.

Cada grama de gordura oferece 9 calorias.

GORDURAS BOAS OU RUINS?


Quando falamos em gordura a maioria das pessoas assustam e a primeira
palavra que nos vem a cabeça é CALORIAS. Realmente, se comparada aos outros
nutrientes, a gordura é a que mais fornece caloria por grama do alimento. 

Mas, nem tudo é negativo quando falamos em gorduras. Conforme vimos a


pouco, as gorduras são classificadas de diversas maneiras e cada uma exerce uma
função no organismo. 

O papel das gorduras insaturadas, por exemplo, na prevenção de doenças


coronarianas já está comprovado por diversos estudos. Por isso podemos dizer que
existem as gorduras que são boas para o organismo. Veja:

Gorduras Insaturadas: compõem as gorduras monoinsaturadas e as poli-


insaturadas.

 Monoinsaturadas
Muitos estudos demonstraram que as gorduras monoinsaturadas promovem o
aumento do colesterol HDL (que é o colesterol bom); diminuem o colesterol
LDL (que é o colesterol ruim) e os triglicerídeos. Outros estudos apontam os
benefícios da gordura monoinsaturada na redução de eventos pró-
trombóticos, que são característicos nas doenças cardiovasculares.
As fontes alimentares de gorduras monoinsaturadas são: azeite de oliva,
canola e açafrão.

 Poli-insaturadas
Os ácidos graxos ômega 3 e ômega 6 são os principais representantes deste
tipo de gordura. São encontrados em alimentos como óleo de girassol, soja,
milho, canola, em peixes de água fria (cavala, sardinha, salmão, arenque,
etc.) e na semente de linhaça, dentre outros. Os efeitos protetores das
gorduras poli-insaturadas também incluem a redução do colesterol ruim e
dos triglicérides, além de efeitos anti-inflamatórios e antitrombóticos.

Gorduras Saturadas: As gorduras saturadas estão presentes basicamente em


alimentos de origem animal, como nas carnes, leite e derivados. O consumo deste
tipo de gordura deve ser reduzido, pois seus efeitos aterogênicos estão envolvidos
em diversos eventos cardiovasculares.

Colesterol: Quando falamos em colesterol a primeira coisa que nos vem à cabeça


é algo ruim. Entretanto, o colesterol faz parte das funções do organismo e é
produzido por ele.

O que ocorre é que podemos consumir colesterol por meio da dieta,


ou aumentar sua produção consumindo gorduras, principalmente saturadas. 

O colesterol está presente em alimentos como: gema do ovo, camarão, pele de


aves, carnes gordas, etc.
Quando os níveis de colesterol atingem um valor acima do recomendado ele
pode ser considerado nocivo ao organismo, uma vez que está associado ao
entupimento de veias e artérias coronárias e consequentemente, possíveis eventos
cardiovasculares.

Gordura trans: A gordura trans é a mais prejudicial a saúde, principalmente


porque acelera a obstrução de veias e artérias, aumenta o colesterol ruim (LDL) e
reduz o colesterol bom (HDL).

É formada pelo processo de hidrogenação, que pode ser natural ou


industrial. Alimentos como carnes e leite possuem em sua composição quantidades
mínimas de gorduras trans, ficando a maior parcela da gordura presente em
alimentos industrializados.

Os alimentos ricos em gorduras trans são:

 Salgadinhos;
 Biscoitos recheados;
 Batatas fritas;
 Margarinas;
 Gordura vegetal hidrogenada.

A gordura trans não tem uma recomendação específica. O que é mais


racional é evitar o consumo de alimentos ricos nesse tipo de gordura. Ler o rótulo
dos alimentos é importante para identificar ou não a presença da gordura trans.

A ÁGUA E SUA IMPORTÂNCIA PARA A SAÚDE

A água é o maior componente do organismo, sendo praticamente 70% do


corpo humano composto de água. O consumo de água é controlado pela sede e o
controle da sede está no hipotálamo (região do cérebro). 

A sede é estimulada pela concentração de certos nutrientes no organismo,


como sal, açúcar, proteína, etc. As necessidades de água variam de acordo com
cada etapa da vida, sexo, idade e atividade física. Um exemplo importante pode
ser o do praticante de atividade física, que perde líquidos durante o exercício por
meio do suor, deixando o sangue menos diluído e ativando o centro da sede no
cérebro.

A tabela abaixo demonstra a quantidade de água de acordo com o estágio de


vida:

A água exerce funções importantes no organismo humano, sendo


indispensável. São funções importantes da água:
 Bom funcionamento do organismo;
 Preservação das funções fisiológicas;
 Transporte de nutrientes;
 Regulação da temperatura corporal.

COMO AVALIAR O SEU PESO?

A avaliação do estado nutricional tem como objetivo identificar os distúrbios


nutricionais, possibilitando uma intervenção adequada de forma a auxiliar na
recuperação e/ou manutenção do estado de saúde do indivíduo (CUPPARI, 2003). 

Medições do peso corporal e da estatura são feitas com facilidade e são de


grande utilidade na avaliação do crescimento e do estado nutricional (SHILS,
2003).

O IMC

O Índice de massa corpórea (IMC) é um método simples e eficaz para


diagnóstico nutricional. É calculado dividindo-se o peso (em kg) pela altura (em
metros) elevada ao quadrado.

IMC = PESO/ALTURA²

O resultado encontrado pode ser classificado com base na Tabela abaixo,


proposta pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Apesar de não medir a composição corporal, o IMC possui bom potencial


como indicador do estado nutricional em estudos epidemiológicos. 

Sua utilização se baseia nos resultados de estudos populacionais que


mostram que o IMC é pouco correlacionado com a altura e altamente
correlacionado com a massa de gordura absoluta e, na associação existente entre
IMC elevado e morbidade e mortalidade por doenças cardiovasculares, diabete
mellitus, câncer de cólon e doenças das vias biliares.
O numerador do índice é o peso corporal total, e o IMC oferece uma boa
aproximação da gordura corporal nos grupos populacionais porque a  maior parte
do diferencial de peso entre os adultos é devido a gordura corporal.

Estudos epidemiológicos demonstraram que o IMC elevado se correlaciona


fortemente com o risco de morbiletalidade em diversas populações avaliadas. Por
ser um indicador de corpulência e não de adiposidade, o método falha,
principalmente, em não diferenciar entre massa gorda e massa magra, podendo
apresentar um falso-positivo, por exemplo, no caso de um indivíduo com a massa
muscular muito desenvolvida.

Os valores de IMC são valiosos para avaliar graus de obesidade, todavia, menos
úteis para avaliar a adiposidade corporal de pessoas não obesas. Os valores de IMC
apresentam dois inconvenientes significativos: não indicam quanto do peso é
gordura e onde a gordura está localizada.

Esses inconvenientes tornam o IMC inadequado para:

 Atletas
porque a musculatura altamente desenvolvida aumenta falsamente os
valores de IMC;
 Mulheres grávidas amamentando
porque o peso aumentado é normal durante a gestação e criação dos filhos;
 Adultos acima de 65 anos
porque os valores de IMC são baseados em dados coletados de pessoas mais
jovens e porque as pessoas “ficam mais baixas” com a idade

A relação entre IMC e risco de morbidades, no entanto, pode ser afetada


pela distribuição da gordura corpórea, visto que as principais complicações da
obesidade, que incluem doenças cardiovasculares, diabete mellitus, hipertensão e
hiperlipidemia, estão associadas ao maior acúmulo de gordura abdominal,
independente do peso corpóreo. Por isso, além do IMC é importante a avaliação da
gordura na região abdominal.

CIRCUNFERÊNCIA DA CINTURA COMO DIAGNÓSTICO DE RISCO

A circunferência abdominal é um dos indicadores de distribuição de gordura


corporal. Correlaciona-se fortemente com o IMC e parece predizer melhor o tecido
adiposo visceral. Estudos mostram que a forma pela qual a gordura está
distribuída pelo corpo é mais importante que a gordura corporal total na
determinação do risco individual de doenças (CUPPARI, 2003).

Segundo WAITZBERG, as medidas antropométricas como espessura da pele e


circunferências, são simples, seguras e fáceis de executar. O equipamento
requerido é barato e as medidas podem ser efetuadas em qualquer lugar. 

As medidas podem estimar gordura total, regional e sua distribuição,


geralmente pela combinação de vários fatores medidos. Atualmente, são
combinadas com outros métodos para apreciação de volume total do corpo ou
como dados acessórios em técnicas de pesquisa.

A circunferência abdominal serve como indicador da adiposidade visceral.


Outrora, uma relação das medidas da cintura com o quadril servia a essa
finalidade, mas a circunferência da cintura isoladamente foi julgada um indicador
válido em homens e mulheres. 

Acima de certa circunferência, o risco de doença eleva-se até mesmo para valores
de IMC dentro da faixa normal.

As medidas da circunferência da cintura devem ser comparadas a esses


pontos de corte:

Qualquer pessoa com uma medida da cintura maior que esses padrões pode
apresentar um risco aumentado de doença, juntamente com a dimensão extra da
cintura. 

Um avaliador pode determinar a porcentagem de gordura no corpo pela


medição das dobras de gordura, densidade corporal ou outros parâmetros.

CUIDADOS COM AS CALORIAS

Você sabe o que o rótulo dos alimentos indica? Os rótulos dos alimentos descrevem
os valores nutricionais dos produtos, isto é, a quantidade de calorias e a
quantidade de alguns nutrientes como sódio, potássio, etc.

Essas informações podem nos ajudar a escolher os alimentos mais saudáveis,


a controlar as calorias da nossa alimentação, e evitar os alimentos muito ricos em
gorduras, sódio, etc. 

Para compreender os rótulos alguns conceitos devem ser passados. Primeiro


o que significa caloria e como calcular as calorias de um alimento. Veja:

A energia fornecida pelos alimentos é muito grande, e utiliza-se o termo


quilocaloria para denominá-la (kcal ou Cal) - 1 quilocaloria corresponde a 1000
calorias.

De maneira simples, para manter o equilíbrio do corpo, ou seja, não


engordar ou emagrecer precisam-se consumir a mesma quantidade de calorias que
gastam.
Observe:

 Calorias dos alimentos = Energia utilizada pelo organismo – equilíbrio


(mantém o peso);
 Calorias dos alimentos > Energia utilizada pelo organismo – engorda
(aumenta o peso);
 Calorias dos alimentos < Energia utilizada pelo organismo – emagrece
(diminui o peso).

MAS DE QUANTAS CALORIAS NOSSO CORPO PRECISA?

A quantidade de calorias depende de cada pessoa, pois depende de


características como sexo, idade, altura, peso, atividade física entre outras. Por
exemplo, pessoas que praticam atividade física necessitam de mais calorias que
pessoas sedentárias.

Para adequar a necessidade calórica e dos nutrientes o profissional mais


adequado é o nutricionista que fará uma avaliação nutricional avaliando o seu
peso e dizer se está de acordo com a sua idade e altura, além de indicar quantas
calorias você precisa por dia (e a quantidade de cada nutriente).

Você deve se “preocupar” em seguir os princípios de uma alimentação saudável


(variedade, moderação e equilíbrio), fazendo as escolhas certas dos alimentos que
farão parte de sua dieta. Para isso, a pirâmide alimentar é um excelente exemplo
que será discutido adiante.

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, o termo dieta significa


alimentação e não dietas de emagrecimento, como popularmente muitas pessoas
pensam. Existem diversos tipos de dieta: para engordar, para manter o peso, para
controlar certo tipo de doença e assim por diante. A palavra dieta, por si só, ou
seja, quando não especificada, quer dizer simplesmente, alimentação.

Mas, retornando à questão das calorias, percebemos que os nutrientes são os


fornecedores de energia. Cada um deles fornece uma quantidade de energia
diferente. Vamos relembrar:

 1 grama de açúcar (carboidrato) fornece 4 quilocalorias;


 1 grama de proteína também fornece 4 quilocalorias;
 1 grama de gordura (lipídio) fornece 9 quilocalorias.

Para calcular o valor calórico dos alimentos é muito simples. Multiplique a


quantidade (em gramas) de açúcares e proteínas por 4 (quilocalorias) e a de
gorduras por 9 e some tudo ao final. O resultado será a quantidade total de
calorias do alimento.

Vamos a um exemplo:

A embalagem de um determinado biscoito wafer de chocolate apresenta a


seguinte tabela de valores nutricionais em 100g do produto:
  Multiplique a quantidade dos nutrientes pela energia correspondente de
cada um:

7,0 g x 4 cal = 28 cal


60 g x 4 cal = 240 cal
26 g x 9 cal = 234 cal

Somando tudo temos um total de 502 cal por 100g de biscoito. Como o
pacote é de 160g, temos, por regra de três:

502 kcal - 100g x - 160g


x = 803 kcal por pacote.

Se pensarmos que uma mulher de aproximadamente 60kg necessita


diariamente de 1500 calorias, e se ela consumir um pacote do biscoito citado terá
consumido 53,3% do valor calórico total do seu dia. 

Por isso, alimentos como biscoitos recheados, refrigerantes, chocolate


devem ser consumidos com moderação, pois têm altas quantidades de calorias.

A PIRÂMIDE ALIMENTAR COMO MÉTODO DE REEDUCAÇÃO ALIMENTAR

A pirâmide alimentar foi um guia desenvolvido pelo ministério da saúde para


prevenir Doenças Crônico não Transmissíveis como diabetes e hipertensão,
adequando orientações sobre a dieta e a atividade física as novas diretrizes
alimentares preconizadas na Estratégia Global. (Philippi, 2006).
A alimentação saudável e a atividade física são essenciais para a obtenção e
manutenção do peso saudável e ainda auxiliar no controle e prevenção de
doenças. A pirâmide alimentar adaptada à população brasileira baseou-se em
dietas de diferentes valores calóricos para estabelecer uma média de porções para
os diferentes grupos alimentares.

Na reeducação alimentar, a pirâmide alimentar permite um planejamento


alimentar saudável. Ao contrário dos alimentos dispostos no topo da pirâmide, os
alimentos colocados na base da pirâmide devem ter maior participação no total de
calorias da alimentação.

A pirâmide foi elaborada para uma dieta base de 2000 kcal e trabalha com o
número de porções para facilitar sua orientação. As porções são a quantidade de
alimento na sua forma mais simples, ou seja, a maneira que consumimos um
alimento. Exemplo: em fatias, em xícaras, em colheres, etc. Os grupos
distribuídos na pirâmide são:

 Grupo de pães, massas, tubérculos


constituem uma fonte de carboidratos (nutriente que fornece energia). Pães,
massas e biscoitos integrais também são boas fontes de fibras, as quais
ajudam no funcionamento do intestino.
 Grupo das frutas e hortaliças
constituem uma fonte de vitaminas e sais minerais, dentre eles,
antioxidantes que diminuem o efeito deletério do estresse oxidativo e dos
radicais livres. Também possuem boa quantidade de fibras.
 Grupo das carnes
alimentos compostos basicamente de proteína, as quais são muito bem
utilizadas por nosso organismo para produção de tecidos, enzimas e
compostos do sistema de defesa. Além disso, são ricas em ferro e vitaminas
B6 (pirixodina) e B12 (cianocobalamina), tendo sua ingestão (nas
quantidades adequadas) efeito preventivo nas anemias ferropriva e
megaloblástica.
 Grupo do leite e derivados
é a maior fonte de cálcio, mineral envolvido na formação de ossos e dentes,
na contração muscular e na ação do sistema nervoso. Além disso, possui uma
boa quantidade de proteína de boa qualidade.
 Açúcares e óleos
são pobres em relação ao valor nutritivo. As gorduras têm alto poder
calórico. Um grama de gordura possui 9,1 kcal por g, enquanto que os
carboidratos e as proteínas possuem 4 kcal por g.

Além da utilização da pirâmide alimentar, é importante a mudança de


comportamento do paciente, tais como:

 Fazer um diário dos alimentos ingeridos, local das refeições e estado de


humor nas refeições.
 Não fazer compras em supermercado quando estiver com fome;
 Ler o rótulo dos alimentos, procurando saber o valor calórico dos mesmos
(um alimento que não contém açúcar pode conter muita gordura);
 Fazer quatro ou mais refeições pequenas por dia;
 Não comer vendo televisão ou lendo jornal;
 Não comer de pé;
 Comer devagar e mastigar bem os alimentos;
 Na hora que tiver vontade de “beliscar” fazer outras atividades;
 Aceitar que as recaídas são normais; identificar lugares e situações
emocionais que levam às recaídas (depressão, ansiedade, férias, festas).
Assim, se estiver ansioso, tentar relaxar primeiro para evitar comer
inadequadamente. Por outro lado, se estiver irritado, pode praticar
exercícios ou sair com uma companhia agradável. Se o paciente come muito
em festas, pode comer antes da festa a fim de diminuir a fome.

DIETAS DA MODA - TUDO PARA EMAGRECER

O peso é uma preocupação para as pessoas. Diversos produtos,


medicamentos, aparelhos milagrosos são desenvolvidos para as pessoas que
querem ter um corpo perfeito. As famosas “dietas da moda” são geralmente
dietas restritas em um ou vários tipos de nutrientes, por isso apresentam inúmeras
desvantagens além de não serem nutricionalmente equilibradas. Essas dietas
podem acarretar diversos problemas físicos e psíquicos como:

 Reduzir o rendimento físico;


 Causar deficiências nutricionais
 Provocar sobrecarga no organismo, com dietas ricas em determinado
nutrientes (ex: proteína);
 Quadros de desidratação;
 Problemas cardíacos.

Comer alimentos nutritivos em quantidades controladas para se obter uma


dieta que apresente todos os nutrientes essenciais nas quantidades recomendadas
é a alternativa ideal para quem deseja controlar o peso com saúde. 

A melhor combinação para se controlar o peso é a da dieta com exercícios e


não apenas um ou outro.

As dietas da moda promovem uma perda de peso passageira, pois esses tipos
de dietas levam a pessoa a ter uma alimentação tão fora de seus padrões que ao
retornar à “alimentação normal” ela volta a comer os tipos e a quantidade dos
alimentos que a fizeram aumentar de peso.

A rápida perda de peso decorrente de dietas desequilibradas também incentiva


o desejo de emagrecer a qualquer preço. No entanto, trata-se de uma perda de
água e músculo e não propriamente de gordura.

E ainda, dietas muito restritivas e com pouquíssimas calorias podem


provocar graves distúrbios alimentares como anorexia nervosa e bulimia.
Dieta Dr. Atkins

A dieta do Dr. Atkins é uma dieta pobre em carboidratos (arroz, massas,


pães, açúcar, batata) e rica em proteínas e gorduras de origem animal (carnes,
ovos, embutidos, bacon e embutidos).

Essa dieta “criada” pelo Dr. Atkins, na década de 70, baseada em uma dieta
pobre em carboidratos não foi a pioneira. Há mais de um século, William Harver,
um médico inglês, lançou uma dieta que proibia os carboidratos e permitia carne à
vontade. 

Posteriormente, outras variantes dessa dieta surgiram, sendo a mais famosa


a do Dr. Atkins. 

OBS: Na década de 90 surgiu a dieta da USP, que na verdade é semelhante à


dieta do Dr. Atkins.

Não existe base científica que sugira que uma dieta cetogênica pobre em
carboidratos possua alguma vantagem sobre dietas convencionais. 

Mas, então por que alguns pacientes perdem peso com a dieta de Atkins que
parece não ter restrição calórica?

Na verdade, um indivíduo que faz essa dieta acaba consumindo menos


calorias que uma dieta comum, isso porque é difícil para o paciente obeso
adaptar-se rapidamente à grande alteração da composição da dieta.

Perigos da dieta rica em gordura e com baixo teor de carboidratos:

 Hiperlipidemia: dieta rica em colesterol e gordura saturada consiste em um


fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
 O excesso de ácidos graxos circulantes aumenta a formação de corpos
cetônicos. Uma dieta cetogênica pode levar à acidose metabólica, natriúria
elevada e desidratação. Além disso, o aumento de ácidos graxos pode
aumentar a concentração circulante de ácido úrico, podendo ocasionar gota.
 Há risco de hipovitaminose, principalmente vitamina C, devido ao baixo
consumo de vegetais e frutas.
 O aumento de gorduras saturadas pode aumentar o risco de cálculos biliares
e até mesmo câncer.

É difícil manter essa dieta por um longo período, sendo assim as pessoas a
abandonam e voltam a ganhar peso rapidamente, até mesmo de forma acentuada.

Dieta da Lua

A dieta da lua é uma dieta do tipo milagrosa que diz que na mudança da fase
da lua deve-se ficar 24 horas em jejum de alimentos sólidos e alimentar-se
somente de líquidos.
Essa dieta não pode ser utilizada no tratamento da obesidade porque não
modifica o hábito diário alimentar; além de poder levar à perda de líquidos
orgânicos e massa muscular.

Dieta da Sopa

A dieta da sopa é preparada com vários legumes, com grande quantidade de


repolho. Deve-se consumir a sopa por uma semana a um mês, em todas as
refeições. Essa dieta é pobre em nutrientes (proteínas, minerais e vitaminas).
Além disso, não estimula a mastigação, levando ao prejuízo da função digestória.
A mastigação também é importante como sinalizador de saciedade.

Dieta do Dr. Ornish

A dieta do Dr. Ornish é uma dieta rica em carboidrato, pobre em gordura


(10% de gordura) e com quantidades moderadas de proteínas. Foi desenvolvida
para prevenir ou reverter a doença cardiovascular.

Essa dieta é baseada em vegetais, frutas, grãos integrais, feijão, moderada


quantidade de ovos, laticínios pobres em gorduras, produtos de soja e pequenas
quantidades de açúcar e de farinha.

A perda de peso ocorre porque a ingestão de calorias, provenientes dessa


dieta, diminui.

No entanto, a composição da dieta deixa um pouco a desejar, já que: exclui


a alimentação de peixes (fonte de ômega-3) e é deficiente em vitaminas E, B12 e
zinco.

Dieta dos pontos/Dieta dos Vigilantes do Peso

A dieta dos pontos e a dieta dos Vigilantes do Peso são dietas moderadas,
que incluem um programa de reeducação alimentar, no qual se pode comer
qualquer tipo de alimento, desde que não exceda a pontuação diária. Essa
pontuação é determinada de acordo com o gasto metabólico diário de cada
indivíduo.

Nessas dietas, apesar do slogan ser “emagreça comendo o que quiser”, é


enfatizada a importância de a dieta ser balanceada, ou seja: 50 a 60% de
carboidrato, 10 a 15% de proteínas e não mais que 30% de gordura. 

O que acontece é que com essa dieta a pessoa pode consumir todos os
alimentos, mas sem verificar os grupos que eles pertencem. Assim, pode consumir
todos os pontos com alimentos mais ricos em carboidratos, por exemplo,
descaracterizando a dieta balanceada.

Dieta do Mediterrâneo
O interesse atual pela dieta mediterrânea originou-se na década de 50
quando se verificaram taxas muito baixas de morte por doenças cardiovasculares
nas regiões em torno do Mar Mediterrâneo. 

O governo da Grécia em 1948, interessado em melhorar as condições


econômicas, sociais e de saúde do pós-guerra, encomendou um estudo
epidemiológico à Fundação Rockfeller para ser realizado na Ilha de Creta. 

Esta pesquisa, bastante detalhada no que diz respeito ao consumo dos


alimentos e o perfil epidemiológico das doenças cardíacas, levou Keys e
colaboradores a realizarem um estudo na região junto a outras investigações
paralelas sobre dieta e risco de doença coronariana em sete países (Keys, 1995).

A partir daí, a alimentação destes povos tem despertado o interesse de


pesquisadores e profissionais de saúde em função de algumas peculiaridades,
como as baixas taxas de mortalidade por doenças crônicas e a elevada expectativa
de vida. Os gregos, principalmente os habitantes de Creta, apresentavam a maior
expectativa de vida no mundo até 1960, seguidos pelo da população do Sul da
Itália, Espanha e França.

O trabalho precursor do interesse pela dieta mediterrânea, realizado por


Allbaugh, traz conclusões interessantes sobre o consumo alimentar na Grécia. 

Enquanto em Creta 61% do consumo calórico se deriva do consumo de


cereais, batata, nozes, vegetais e frutas, esses mesmos produtos faziam parte de
37% do consumo calórico dos norte-americanos. 

Também os produtos de origem animal (carne, peixe, ovos, laticínios) faziam


parte de 7% do total energético na ilha de Creta, enquanto nos Estados Unidos
representavam 33%. 

Apesar do consumo de óleos e gordura estar mais baixo nos Estados Unidos


(15%) que em Creta (29%), 78% desses últimos advêm de azeitonas e azeite de
oliva.

Anos depois, o Estudo dos Sete Países serviu para identificar os fatores de
risco para  a doença coronariana, estabelecendo uma forte relação entre a
gordura e vários ácidos graxos com concentrações de colesterol sérico e risco para
cardiopatia coronariana.

A dieta mediterrânea traz diversos aspectos importantes que incluem a


ingestão de grandes quantidades de cereais, grãos, hortaliças, leguminosas
secas, azeite de oliva, alho, ervas frescas, frutos do mar e frutas. O vinho é
consumido com a alimentação em doses moderadas. Carne e aves são também
consumidos com moderação. As gorduras animais na forma de manteiga, creme
ou toucinho, não são incluídas na dieta.

O atual conceito de dieta mediterrânea pode estar muito distante de sua


suposta origem geográfica e de uma realidade histórica determinada. Na verdade,
quando se fala nos valores e vantagens da dieta mediterrânea, há uma
apropriação de seus adjetivos nutricionais, para referir-se à diversidade da
alimentação de todo o Mediterrâneo, dando margem para as mais diversas
interpretações. 

Como na definição de Mataix (1996), para quem a dieta mediterrânea de


referência é uma dieta saudável composta por alimentos que estão presentes no
mundo mediterrâneo com certo caráter ancestral. 

O rótulo "mediterrâneo" passou a ser equivalente ao atributo saúde.

Nessa direção, a valorização da gastronomia e dos produtos mediterrâneos


também tem sido exaltada, distanciando-se muito do que Keys, em seu clássico
estudo, chamou de dieta mediterrânea.

Muito da alimentação atual do Mediterrâneo pode ser rastreada dos tempos


antigos. A cozinha helênica, que nasceu possivelmente em Creta, é o berço da
alimentação mediterrânea. 

Na cozinha Grega se encontram as bases da dieta mediterrânea cujos


alimentos mais consumidos são:

 Azeite de oliva;
 Cereais;
 Vinho;
 Pescados.

A Pirâmide do mediterrâneo está ilustrada a seguir e destaca-se pelas


seguintes características:

 Abundância de alimentos vegetais


constituem o corpo da Pirâmide. Ex: cuscuz de vegetais (Norte da África),
macarrão, arroz, polenta, legumes e verduras, pão, vegetais frescos,
saladas, frutas, amêndoas, grãos e azeitonas, além de alho, cebola e ervas
como condimentos;

 Azeite de oliva
principal fonte de gordura possui maior proporção de gordura
monoinsaturada e vitamina E;

 Laticínios
recomendam-se o consumo moderado de laticínios, principalmente queijos e
iogurte;

 Carnes (vermelha, peixe, aves) e ovos


em quantidades moderadas;

 Vinho
com moderação, junto às principais refeições. Para mulheres, a
recomendação é de apenas 1 taça/dia.

Dietas Vegetarianas

Segundo Slywitch (2006), “ser vegetariano significa ter como princípio não
comer produtos que implicaram na morte de qualquer ser do reino animal”, e essa
opção pode ser motivada por três princípios (ou razões) básicos:

 Razões éticas muitas pessoas tornam-se vegetarianas por achar que os


animais têm o mesmo direito à vida e à preservação contra o sofrimento que
os seres humanos. As razões éticas também envolvem motivos religiosos, já
que o vegetarianismo faz parte do código de ética de algumas religiões,
como o hinduísmo e o adventismo.
 Razões ambientais a consciência de que a criação industrial de animais traz
impacto ambiental negativo também é uma razão para que muitas pessoas
optem pelo vegetarianismo. A produção de carne, em larga escala apresenta
diversos impactos para os recursos naturais e humanos, principalmente a
devastação das florestas, a poluição e contaminação de mananciais aquíferos
 Razões de saúde muitas pessoas tornam-se vegetarianas por considerarem
que a alimentação sem carne traz muitos benefícios à saúde, o que já foi
demonstrado em muitos trabalhos científicos, como será visto adiante.

Vegetarianos são, em princípio, aqueles indivíduos que se abstêm de comer


carne, entretanto, muitos vegetarianos vão além e deixam também de consumir
leite e derivados, ovos e outros alimentos de origem animal, como o mel, além de
deixarem de utilizar produtos de origem animal até no vestuário (ex: lã, seda e
couro). 

As dietas vegetarianas podem ser classificadas da seguinte maneira:


A. Semivegetariana
a ingestão de carne costuma limitar-se à carne branca, no máximo até três
vezes na semana. Entretanto, os demais grupos vegetarianos consideram
semivegetarianos como onívoros (indivíduos que consomem alimentos de
origem animal e vegetal).
B. Ovolactovegetariana
somente a carne (de qualquer animal) é excluída da alimentação, sendo
ingeridos todos os outros alimentos de origem animal. Esta é a modalidade
que possui o maior número de adeptos em todo o mundo;
C. Lactovegetariana
carnes e ovos são excluídos, porém o consumo de laticínios é liberado;
D. Ovovegetariana
carnes e laticínios são excluídos. Utilizam ovo e quem utiliza essa dieta
constitui minoria entre os vegetarianos;
E. Vegetarianos verdadeiros (ou estritos)
também conhecidos como veganos (em inglês: vegans). Este grupo não
ingere nada de origem animal; os vegetarianos excluem totalmente o
consumo destes produtos, tanto na alimentação, quanto no vestuário.
Também não consomem medicamentos e cosméticos que possuam qualquer
ingrediente de origem animal, ou que tenham sido testados em animais.

É importante destacar, que mesmo dentre os grupos citados, existem outros


subgrupos, como os crudivoristas (só ingerem alimentos crus ou aquecidos pela luz
solar), macrobióticos (raramente utilizam alimentos crus e alguns praticantes
admitem a ingestão esporádica de carne branca, principalmente peixe). 

Alguns vegetarianos só consomem alimentos orgânicos e integrais, enquanto


que outros não fazem distinção entre integrais e refinados. Alguns não utilizam
nem açúcar, nem adoçante, e há outros que fumam e ingerem bebidas alcoólicas,
além de existirem vegetarianos que praticam atividade física e há aqueles que são
sedentários.

Dessa forma, simplesmente classificar alguém como vegetariano, sem buscar


maiores informações sobre sua ingestão alimentar e seus hábitos, partindo do
princípio que todos os vegetarianos são saudáveis, pode ser uma atitude
precipitada e induzir o profissional de saúde a erros tanto de diagnóstico, quanto
de conduta, pois como ocorre em qualquer dieta, a adequação nutricional
dependerá da escolha dos alimentos que fornecem os nutrientes.

Entretanto, desde que bem planejadas as dietas vegetarianas, de qualquer


modalidade, são adequadas e capazes de fornecer todos os nutrientes
necessários. 

A exceção fica por conta da vitamina B12 (ou Cianocobalamina), que é


encontrada somente em alimentos de origem animal. Há que se ter atenção aos
níveis séricos de vitamina B12 e homocisteína, visto que a deficiência daquela
vitamina, muito comum em veganos e vegetarianos de longa data. 
Que não fazem suplementação eleva os níveis de homocisteína, que
predispõe a maior incidência de demência, mal de Alzheimer, osteoporose e
principalmente, doenças cardiovasculares. 

Os níveis séricos de B12 podem ser monitorados por meio da dosagem desta


vitamina, e da dosagem de homocisteína, ácido metilmalônico e
holotranscobalamina II. 

Sendo assim, recomenda-se o uso de alimentos fortificados com vitamina B12


(ainda pouco comuns no Brasil) e a suplementação medicamentosa da vitamina,
via oral ou injetável, cujas aplicações podem ser semestrais ou anuais. 

Atenção especial deve ser dada às mulheres veganas em idade fértil e


gestantes.

Devido às suas características e estilo de vida, em geral, os vegetarianos são


mais magros, e consequentemente, apresentam menores níveis tensionais e
menores taxas de colesterol total e LDL, apresentam menor risco de DAC e menor
mortalidade por essas doenças. 

Acredita-se que esse efeito protetor seja decorrente da combinação de


diversos fatores, como a menor ingestão de gorduras saturadas, e maior ingestão
de fibras, antioxidantes, e gorduras mono e poli-insaturadas.

Dieta Ortomolecular

Existem grandes comentários e expectativas sobre a dieta ortomolecular.

Esta área da medicina sugere que as doenças e agravos a saúde podem ser
resultado de desequilíbrios químicos ou deficiências de nutrientes. Sendo assim, a
dieta ortomolecular propõe que as doenças podem ser prevenidas e tratadas com
a reposição de vitaminas, sais minerais, enzimas, etc. Muitas vezes, a proposta
desta reposição vem acompanhada da necessidade de suplementos nutricionais.

A medicina ortomolecular baseia-se em testes laboratoriais para vitaminas,


sais minerais, hormônios, dentre outros para diagnosticar deficiências ou excessos.

Uma das controvérsias da dieta ortomolecular é a prescrição de altas doses


de micronutrientes (vitaminas e minerais) ultrapassando a recomendação diária. 

Uma dosagem exagerada é mais comum quando se faz o uso dos nutrientes
em forma de suplementos, ao contrário da alimentação convencional, que
raramente dará subsídios para ultrapassar os limites recomendados.

Poucos profissionais da área médica são explicitamente praticantes da


conduta ortomolecular, pois ainda ocorrem muitas controvérsias sobre a prática.
Entretanto, defensores da dieta ortomolecular argumentam que muitos estudos
importantes sobre nutrição oferecem suporte aos seus tratamentos e
recomendações.
Eles também argumentam que a terapia e dieta ortomolecular têm menos
probabilidade de causar efeitos colaterais perigosos, uma vez que utilizam
somente moléculas presentes naturalmente no organismo por meio da dieta ou
metabolismo normal. 

A medicina ortomolecular afirma que muitas dietas típicas são insuficientes


para a boa saúde em longo prazo.

Vale ressaltar que a realização de estudos científicos são necessários para


confirmar ou derrubar os questionamentos que norteiam a prática da dieta
ortomolecular.

Dieta do Tipo Sanguíneo

A dieta do tipo sanguíneo sugere que de acordo com cada tipo de sangue a
dieta deve seguir algumas determinações específicas. A justificativa para essa
dieta é de que o tipo de sangue determina diversas funções no organismo como:
funções digestivas, estruturais e metabólicas.

A dieta foi desenvolvida por Peter J. D`Adamo, um americano que divulgou


sua teoria por meio do livro “A dieta do seu Tipo Sanguíneo” e afirma que seguir a
dieta corretamente determina o peso do indivíduo e o aparecimento ou não de
doenças. 

Apesar do sucesso gerado pelo livro, a dieta vem acompanhada de acusações


e muitas controvérsias, principalmente de médicos, nutricionistas e biólogos,
profissionais da saúde que atuam estudando o organismo humano e os grupos
alimentares. 

O maior inconveniente da dieta justificada pelos profissionais da saúde é o


fato da restrição de alguns grupos alimentares tornarem a dieta desequilibrada e a
médio e longo prazo comprometer diversas funções do organismo.

Segundo a dieta do tipo sanguíneo, pessoas de sangue O seriam "caçadoras


carnívoras", com aparelho digestivo forte, sistema imunológico superativo e
requerem metabolismo eficiente para permanecerem magros. 

Já indivíduos de sangue A seriam vegetarianos dóceis, e os de sangue grupo B


seriam onívoros.

Segundo a teoria da dieta do tipo sanguíneo, as condutas alimentares corretas


seriam as elencadas abaixo:

Sangue tipo O

1. Consumir carne diariamente;


2. Evitar a maioria dos grãos (arroz, feijão, etc.).

Sangue tipo A

1. Consumo basicamente de vegetais;


2. Evitar o consumo de carnes.

Sangue tipo B e AB

1. Consumir carnes frequentemente;


2. Consumir grãos e vegetais.

A dieta do tipo sanguíneo não tem comprovação científica e é totalmente


desaprovada por médicos, nutricionistas e biólogos, portanto é importante evitar
sua prática.

A dieta Macrobiótica

A dieta macrobiótica foi proposta por Michio Kushi no final dos anos 60. A
dieta considera importante o consumo de cereais integrais produzidos localmente
e leguminosas como a soja e frutas.

A recomendação é que, gradativamente o consumo de produtos de origem


animal seja reduzido.

Alimentos ricos em açúcar, farinhas refinadas, leite e derivados são


considerados prejudiciais a saúde, portanto devem ser evitados.

Os fundamentadores da dieta macrobiótica afirmam além dos benefícios


para o corpo, a dieta auxilia nas questões psicológicas e espirituais, beneficiando
consequentemente a saúde do corpo, prevenindo males cardiovasculares e
doenças como câncer.

Essa dieta restringe grupos alimentares importantes como às proteínas,


responsáveis por diversas funções no organismo, dentre elas a produção de
anticorpos, que auxiliam na proteção imunológica do corpo.

A dieta DASH

A dieta DASH foi baseada em estudos sobre planos de dietas, elaborado pelo
governo norte-americano na tentativa de diminuir os níveis de pressão arterial e,
dessa forma, diminuir os riscos do surgimento de complicações cardiovasculares
estimuladas pela pressão alta. 

DASH é a abreviação de "Dietary Approaches to Stop Hypertension" ou


"métodos para combater a hipertensão por meio da dieta". O estudo consegue
concluir que consumismo pode afetar as chances de desenvolver pressão alta.

Dois estudos-chave foram concluídos pelos cientistas apoiados pelo órgão


norte- americano "National Heart, Lung, and Blood Institute (NHLBI)". Os estudos
concluíram que a pressão arterial diminuía com um plano de dieta com as
seguintes características:

 Pouca gordura saturada


 Pouco colesterol e gordura total
 Consumo diário de frutas
 Consumo de vegetais
 Consumo de leite e derivados desnatados
 Consumo de grãos integrais
 Consumo de carnes brancas como peixes e aves (sem pele)
 Consumo de nozes, castanhas e amêndoas

As principais características desta dieta é a oferta de boas fontes de


vitaminas e minerais, além da redução de gorduras em geral. Nutrientes como,
potássio, magnésio, cálcio, dentre outros são bem ofertados na dieta DASH.

CONCLUSÃO

São muito frequentes as novidades relacionadas a alimentos. A mídia lança


diariamente novidades na área de alimentação, entretanto muitas novidades não
possuem comprovação científica. Portanto, devemos ter o cuidado de não
confundir ciência com tabu ou folclore alimentar. 

Existem informações que se espalham pela sociedade, passadas de geração


em geração, ou que surgem repentinamente como se fossem verdades universais,
mas que não apresentam nenhuma comprovação.

Um exemplo clássico é o caso de quem afirma que comer manga com leite
faz mal ou que comer arroz com macarrão engorda.

Existem informações até mesmo perigosas que são muito divulgadas. É o caso
do vinagre ou do limão puro em jejum para emagrecer. Essas substâncias além de
não resultarem na perda de peso, podem prejudicar o indivíduo aumentando a
acidez do estômago e provocando uma úlcera!

É preciso saber diferenciar as informações científicas das leigas e mesmo as


científicas podem estar equivocadas, induzidas ou mal elaboradas, etc. 

Para que uma informação seja fidedigna, deve estar baseada em diversos
estudos realizados por pesquisadores responsáveis, seguindo os requisitos
necessários e a ética. 

É importante que as pessoas procurem saber mais sobre alimentação e


nutrição e que consultem um profissional capacitado para solucionar dúvidas e
questionamentos.

Referências

CUPPARI, L. Guia de Nutrição. Nutrição Clinica do Adulto. 2. ed. São Paulo:


Manole, 2006.

KEYS, A. Mediterranean Diet and Public Health: personal reflections. American


Journal of Clinical Nutrition, v. 61 (suppl.), p. 1321S- 1323S, 1995.
MAHAN, & ESCOTT-STUMP, S. Alimentos, nutrição e dietoterapia.9 ed. São Paulo:
Roca, 1998.

PHILIPPI, S.T; Nutrição e Técnica Dietética. 2 ed. São Paulo: Manole, 2006.

SHILS, E.M; et al. Tratado de Nutrição Moderna na Saúde e na Doença. 9. ed. São
Paulo: Manole, 2003.

SLYWITCH, Eric. “Alimentação sem Carne: guia prático. O primeiro livro brasileiro
que Ensina Como Montar sua Dieta Vegetariana”. São Paulo: Palavra Impressa,
2006.

WAITZBERG, Dan L. Nutrição Oral, enteral e Parenteral na Prática Clínica. São


Paulo: Atheneu, 2001.

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