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Por que o bem-estar na escola é

importante?
Durante a infância e a adolescência, o contexto escolar e o
processo de escolarização têm grande influência no
desenvolvimento. Isso porque as escolas não são apenas
espaços para o desenvolvimento de habilidades intelectuais
e acadêmicas, elas também contribuem para a formação de
indivíduos mais resilientes diante da adversidade, mais
conectados com as pessoas e comunidades em que se
inserem e capazes de ter e buscar suas aspirações para o
futuro. Ainda, o ambiente escolar tem uma função
socializadora, pois conta com regras, normas e cultura
próprias.

Essas características descritas irão influenciar as atitudes e os


comportamentos dos alunos no decorrer de suas vidas, por
isso, assegurar o bem-estar nas escolas é tão importante. Elas
ainda têm o papel de apoiar os alunos para que façam
escolhas de estilo de vida saudáveis e compreendam as
consequências de tais escolhas para a saúde e o bem-estar.

As competências sociais e emocionais, bem como outros


conhecimentos, habilidades, atitudes e valores que os jovens
aprendem em sala de aula, os ajudarão a desenvolver
estratégias fundamentais para a gestão da saúde física e
mental ao longo de suas vidas. Além disso, as escolas são
ambientes capazes de fornecer aos alunos informações
confiáveis e ajudá-los a desenvolver os recursos necessários
para refletir criticamente sobre suas escolhas e sobre as
influências que a sociedade exerce sobre cada um de nós,
inclusive por meio da pressão de colegas, da publicidade, da
mídia social e dos valores familiares e culturais.
Pesquisas demonstram que existe uma ligação direta entre o
bem-estar e o desempenho acadêmico. Alunos com baixos
níveis de bem-estar têm maior probabilidade de apresentar
dificuldades escolares e de aprendizagem, e menores níveis
de engajamento escolar. Isso pode levar a experiências
escolares negativas e de insucesso, além de aumentar as
chances de que desenvolvam depressão, de fazer uso
abusivo de substâncias ou de cometer infrações. Iniciação-
Helaine

Quais são os desafios para alcançar o bem-


estar nas escolas?
Um dos desafios de tentar promover o bem-estar nas escolas
é a natureza multifacetada do bem-estar, uma vez que
existem vários tipos, e todos precisam ser promovidos até
certo ponto para criar uma sensação geral de bem-estar em
uma pessoa. Portanto, não é possível melhorar o bem-estar
dos alunos na escola por meio de intervenções ou atividades
únicas, é preciso criar uma "cultura" de bem-estar em toda a
escola. Além disso, se torna fundamental o envolvimento
ativo de todos os atores educacionais, o que pode ser tornar
algo difícil de ser alcançado.

OBSERVAÇÃO
É importante notar que a promoção do bem-estar, às vezes,
pode parecer entrar em conflito com outras prioridades da
escola, como os resultados acadêmicos. As expectativas
excessivamente altas sobre os alunos no rendimento escolar
e nas avaliações constantes, por exemplo, podem prejudicar
o bem-estar do aluno.
No entanto, sabemos que, em muitos casos, as escolas não
têm liberdade para implementar mudanças na rotina escolar,
embora elas possam trazer maiores níveis de bem-estar aos
alunos. Algumas pequenas modificações que podem
contribuir para uma melhora do bem-estar escolar são:

• ter controle sobre avaliações e testes formais,

• ter controle sobre o conteúdo dos currículos,

• ter o poder de modificar o calendário e as atividades


escolares previstas para o ano/semestre/bimestre

• modificar o próprio ambiente físico da escola.

IMPORTANTE!
Destacamos que o bem-estar no trabalho está fortemente
relacionado ao estresse, e este no trabalho está diretamente
relacionado à sobrecarga, à qualidade das relações
profissionais, ao nível de autonomia, de clareza sobre o papel,
à disponibilidade de apoio e à (falta de) oportunidades de se
envolver em mudanças que afetam a própria vida
profissional. Altos níveis de estresse podem levar à
desmotivação, à falta de satisfação no trabalho e à saúde
física e mental precárias, o que tem um efeito indireto no bem
estar dos alunos.

O que as escolas podem fazer para


promover o bem-estar?
Abordar o bem-estar dos estudantes na escola começa por
ajudá-los a se sentirem reconhecidos e valorizados como
indivíduos distintos, e deixando claro que a vida escolar tem
um significado e um propósito para cada um deles. Isso pode
ser alcançado por diversas estratégias simples. O efeito
cumulativo dessas estratégias pode ter uma influência muito
poderosa na sensação de bem-estar dos alunos.
Veja algumas sugestões de estratégias listadas a seguir:

• Criar oportunidades para que todos os membros


da comunidade escolar participem de tomadas de
decisão significativas para a escola.
Isso pode ser assegurado, por exemplo, por meio
de consultas, pesquisas de opinião, eleição de
representantes de classe, feedback em sala de aula
sobre atividades de aprendizagem, além de
contemplar os interesses dos estudantes na
definição dos conteúdos abordados e nos métodos
utilizados em sala de aula;

• Desenvolver um ambiente acolhedor.


É importante assegurar que todos na escola
possam se sentir apoiados e seguros, para que
possam desenvolver atividades significativas como,
por exemplo, clubes, grupos e associações que
tratem de questões que preocupam os jovens,
como a saúde e o auxílio a grupos mais
vulneráveis.

• Tomar medidas para reduzir a ansiedade com


relação às avaliações.
Isso pode ser facilitado por meio da introdução de
formas de avaliação menos estressantes, como a
avaliação formativa, a avaliação por pares e o
envolvimento dos alunos na identificação das suas
próprias necessidades de avaliação;

• Promoção de um clima positivo dentro da sala de


aula.
Empregar métodos de ensino como a
aprendizagem cooperativa, além de métodos
centrados no aluno, no tempo auto-organizado,
nas atividades ao ar livre, entre outros que
contribuam para um clima positivo, incrementando
os níveis de bem-estar;

• Dialogar sobre bem-estar.


Encontrar oportunidades no currículo para falar
sobre questões de bem-estar com os alunos, por
exemplo, alimentação saudável, saúde mental,
exercícios, abuso de substâncias, relacionamentos
positivos;

• Integrar a cidadania democrática e a educação.


Permitir ampliar a compreensão intercultural em
diferentes disciplinas escolares e atividades
extracurriculares como, por exemplo, abertura
para outras culturas no Ensino Religioso,
conhecimento e compreensão crítica dos direitos
humanos nas Ciências Sociais, empatia na
Literatura;

• Comunicação não-violenta e gestão de conflitos.


Introduzir ferramentas que auxiliem na gestão de
conflitos lideradas pelos próprios estudantes,
inclusive em situações como a intimidação, o
bullying e o assédio, através da mediação de pares
e da justiça restaurativa;

• Melhorar o ambiente físico da escola.


Tornar o ambiente escolar mais amigável ao aluno,
por exemplo, utilizando móveis e acessórios novos,
áreas acarpetadas, esquemas de cores
apropriados, áreas de banheiro seguras e limpas,
áreas de lazer e espaços de aprendizagem
alternativos;

• Encorajar uma alimentação mais saudável e a


prática de atividades físicas.
Oferecer opções saudáveis na cantina da escola
como, por exemplo, evitando grandes quantidades
de açúcar, gorduras saturadas e sal. Estimular a
realização de atividades físicas, para além das aulas
de educação física, estimulando caminhadas, e
utilizando escadas ao invés de elevadores, quando
possível.

• Trabalhar com os pais.


Eles são figuras fundamentais para o desempenho
e o senso de propósito dos alunos na escola. Por
isso é importante envolvê-los em conversas e ações
relacionadas, por exemplo, à alimentação saudável,
ao uso seguro da Internet e às comunicações entre
casa e escola.

Iniciativas individuais como essas podem ser reunidas no


nível de toda a escola por meio de um processo de
desenvolvimento de políticas que façam do bem-estar uma
questão acadêmica. Abordar o bem-estar dos alunos na
escola sempre anda de mãos dadas com ações de proteção à
saúde e ao bem-estar dos professores e atores educacionais.

• Entrar em contato com pessoas que apresentam


valores e comportamentos diferentes da sua família;

• Aprender a se relacionar e desenvolver habilidades


sociais;

• Reconhecer e aceitar regras e limites;

• Reconhecer e aprender a lidar melhor com as


emoções;

• Aprender sobre a importância do autocuidado, como


alimentação, higiene e sono;
• Desenvolver habilidades básicas de autorregulação
(ex.: gerenciamento de tempo).

• Criar hábitos positivos de estudo.

• Desenvolver conhecimentos acadêmicos específicos.

Diversos aspectos, sejam individuais ou sociais, incluindo a


exposição à pobreza e à situações de violência, podem afetar
o bem-estar dos adolescentes. Meninos e meninas têm o
direito de viverem essa etapa de forma saudável física,
intelectual, emocional e socialmente.

Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância


(UNICEF), garantir esse direito é um desafio de todos
(família, escola, comunidade e dos próprios adolescentes).
Com base nisso, a UNICEF reuniu 20 competências que
podem contribuir para que a adolescência seja vivida de
forma plena e segura, garantindo o bem-estar.
Observação
Vale lembrar que competência diz respeito à capacidade de
fazer uso de conhecimentos, habilidades e atitudes para
lidar com situações cotidianas adequadamente.
Quais são essas competências?

• Aprender e expressar seus conhecimentos


acadêmicos;

• Desenvolver o pensamento analítico;

• Desenvolver o autoconhecimento, a autoestima, o


autocontrole e a autoconfiança;

• Buscar proteção e superar dificuldades;

• Gerenciar conflitos de forma saudável e positiva;


• Desenvolver a comunicação interpessoal;

• Estabelecer relações afetivas e sustentáveis no


âmbito da família e da comunidade;

• Adotar atitude de respeito e valorização das


diferenças;

• Desenvolver preferências estéticas e sensibilidade


cultural e artística;

• Utilizar as novas tecnologias da informação e


comunicação, inclusive as mídias sociais, com
senso crítico;

• Identificar quando as pessoas precisam de ajuda e


adotar atitude de solidariedade;

• Adotar atitude financeira responsável;

• Desenvolver talentos e adquirir aptidões


profissionais;

• Adotar atitude ambiental responsável;

• Conhecer e reivindicar seus direitos e assumir suas


responsabilidades;

• Participar de processos decisórios na esfera


pública;

• Defender a ética, o respeito às coisas públicas e os


mecanismos de controle social;

• Proteger a si e as pessoas com quem se relaciona


das IST e do HIV/Aids;
• Tomar decisões sobre sua saúde sexual e sua
saúde reprodutiva com autonomia, informação,
apoio e cuidado;

• Ter uma alimentação saudável e praticar atividades


físicas.

• Educação para a carreira


• O termo Educação para a Carreira é utilizado para
descrever atividades sistemáticas que promovem o
desenvolvimento de competências-chave para a carreira
no contexto educacional. Mais que competências diretas
utilizadas no dia a dia do trabalho, trata-se de um modo
de atuar no mundo que permite saber tomar decisões,
traçar planos e conquistar seu desenvolvimento de
forma crítica e responsável.
• Tal temática torna-se relevante em um mundo no qual
os desafios enfrentados pelas pessoas são cada vez mais
complexos e mudam com uma velocidade cada vez
maior. É dito que vivemos tempos líquidos, justamente
porque a realidade (cheia de normas, regras,
expectativas, preferências e gostos) não permanece da
mesma forma por muito tempo.

Essa dinamicidade, atrelada ao bombardeio massivo de


informações disponíveis a qualquer momento - muitas vezes
sem confiabilidade sobre o seu conteúdo -, pode representar
uma ameaça e gerar ansiedade ao estudante e futuro
cidadão. As mudanças frequentes criam a necessidade de os
jovens estarem estimulados por experiências diferentes a
todo o momento, e essa realidade merece uma atenção
especial.

Aprender a tomar consciência de si e do mundo, e também


como decidir e agir com intencionalidade passa a ser
essencial para existir em sociedade. E nesse intuito, o convite
aqui é para que tomemos consciência sobre como apoiar os
alunos a construírem seus projetos de carreira e de vida,
incluindo o desenvolvimento de habilidades de construção
que os acompanharão ao longo de toda a trajetória
profissional.

As pessoas estão podendo escolher a todo momento: mudar


de emprego, mudar de carreira, voltar a estudar depois de
uma trajetória profissional consolidada, etc. Por isso, para
auxiliar na construção de um projeto de vida, não mais
apenas de carreira, é preciso atentar para o desenvolvimento
das competências de adaptação, de tomada de decisão, e de
planejamento e avaliação das experiências, que serão cada
vez mais exigidas, bem como no desenvolvimento de uma
atitude favorável ao aprendizado constante.

Dessa forma, falar sobre carreira é considerar o indivíduo


imerso em suas relações sociais, ocupando diferentes papéis
(como o papel de cônjuge, pai e mãe) e conciliando diversas
tarefas ao longo do dia. Ou seja, falar de carreira é falar sobre
um projeto de vida, em que se busca olhar para o papel de
trabalhador em interação com os outros aspectos da história
dos indivíduos.

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