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FICHAMENTO - TEORIA DA ALIENAÇÃO EM MARX

TRECHO: p. 19-21

● Características do trabalho alienado:

I) o homem se alienou da natureza


● Define a relação com o mundo sensível exterior. O trabalhador perde o contato
com o produto do seu trabalho.

II) de si (sua atividade)


● Relação com o ato de produção. Ou seja, se afasta da lógica de processo do
trabalho
● Esta atividade se torna alheia ao próprio indivíduo que a exerce, submetida
apenas à lógica de venda de sua força de trabalho - Ou seja, o essencial nesta
relação se torna umaa propriedade abstrata à atividade - auto-estranhamento /
estranhamento da coisa

III) da “humanidade”
● Objetificação da vida
● A existência, coletivamente, se torna estranha. A essência individual altera a
concepção do ser genérico humanidade
● Refere-se à relação do indíviduo com a coletividade (alienação da condição
humana, uma vez que rebaixada aos processos capitalistas)

IV) e dos outros indíviduos


● Referente às relações interindividuais.
● Sua relação com o produto do seu trabalho molda sua relação com os demais

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● Marx propõe uma nova ciência humana. A alienaçao do trabalho seria a raiz de um
complexo de alienações
● O texto se propõe a analisar os principais pontos desta estrutura teórica

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I) Origens do Conceito de Alienação

● Influências de Hegel, Feuerbach e do contexto econômico inglês na formação da teoria


marxista
● Contudo, estas se limitam na ideia de continuidade na descontinuidade!
○ Debate sobre a predominância da permanência ou da superação. Na teoria de
marx, se entende muitas vezes pela descontinuidade

● Abordagem Judaico-Cristã
○ Visão de que a ordem divina foi violada, e o homem se desviou dos caminhos de
Deus, resultado em sua queda
○ A solução da alienação humana seria o mistério de Cristo
■ Meio de solucionar as contradições entre diversos grupos de pessoas ->
Esse aperfeiçoamento hetero do cristianismo, que entendia-se como
meio para superação das diferenças humanas, permitiu que atingisse a
universalidade observada
■ Contrasta com o judaísmo -> este último não tem pressa na solução de
suas problemáticas (refletida na questão de ainda aguardar um messias)
● A noção de solidariedade do grupo (a “usura” só era permitida
com os “estranhos” ) X dominação sobre os estranhos
■ Cristianismo pregaria uma fraternidade universal, sobre a qual teria
favorecido o florescimento do espírito do judaísmo, que teria grande
influência no desenvolvimento social europeu -> estabilização da
sociedade capitalista
● Importa destacar, segundo o autor, que trata-se somente de uma
parte das complexas condições objetivas deste desenvolvimento,
sob risco de cair em anti-semitismo
■ Em síntese, judaísmo + cristiaismo se complementaram para lidar com
as contradições internas da sociedade que surgia. Parcialidade X
Universalidade, Concorrência X Monopólio -> Contradições internas que
traduzir o espírito do capitalismo
● A parcialidade só pode ser concebida se posta em contraste com
a universalidade e em seu detrimento. Da mesma forma, a
universalidade se dá pela supressão da parcialidade
○ Parcialidade do judaismo (baseada na visão de povo judeu,
escolhido, ainda que disperso, e pautado pelo dinamismo
exigido para sobrevivência desta comunidade) X
Universalidade do cistianismo (ou seja, o espírito judeu
pregava as aplicações práticas daquela sociedade,
enquanto o cristianismo era responsável abstrações
teóricas)
○ O Protestantismo serviu para gerar um
“cristianismo-judaísmo prático” - Pois incorporava diversos
aspectos da dinâmica social judaíca

■ Com o tempo, as ilusões de universalidade (como a questão do interesse


pessoal pelo bem geral) se tornaram inadequadas para a burguesia e
passou-se ao culto da parcialidade
● Isso se deu pois numa sociedade de classes, existe um constante
conflito da parte contra o todo, onde o interesse de parte
prevalece sobre a totalidade da sociedade
● Essa dinâmica de forças e interesses cria uma universalidade
fictícia. Logo, existe o interesse que essa permaneça ilusória e
impotente, pois a parcialidade egoísta que se reflete como
fundamento desta universalidade
○ Logo, o todo é guiado por: um dinamismo socioeconômico
autocentrado, dirigido para fora, nacionalista /
cosmopolita, protectionista / isolacionista e imperialism
(dependendo dos interesses das forças dominantes)
○ Assim, a nacionalidade quimérica, adaptativa, vista no
povo judeu se transforma na única universalidade efetiva:
operativa e oranizadora da sociedade
■ O anti-semitismo é um exemplo pois se volta
somente contra a parcialidade judaíca, sem
reconhecer os elementos fundamentantes deste
povo em toda a sociedade - Imediatismo limitado -
Foge de enfrentar a parcialidade do interesse
pessoal capitalista transformado em princípio
universal dominante da sociedade

■ Marx busca, então, meios de superar esse conflito de parcialidade x


universalidade
● Sua teoria, então, inova em entender que o problema real consiste
na parcialidade predominar sobre o todo, ignorando a busca por
uma universalidade autêntica, que abrangesse todos os
interesses dos grupos sociais e libertasse o indíviduo do interesse
individualista bruto, que retira a essência do ser genérico
humanidade
● Logo, propõe: Fusão entre teoria e prática (Materialismo?)

2. Alienação como “vendabilidade universal”

● O conceito religioso de alienação foi secularizado no conceito de vendabilidade


“Até mesmo o Espírito Santo tem sua cotação na Bolsa de Valores”

● Defesa absoluta da liberdade revela-se como, na verdade, um meio de aplicação da


vendabilidade universal!!!!!!!!!
○ Lutero é um exemplo. Seu crítico, Thomas Munzer protesta sobre seus folhetos,
dizendo ser absurdo que toda criatura se transforme em propriedade
○ Essas críticas, porém, eram encaradas como ineficazes e sem possibilidade de
negar a futura sociedade mercantil

● A sociedade feudal também apresentou barreiras ao avanço desse espiríto do


capitalismo. O vassalo não poderia dispor livremente de suas posses, dependendo do
consentimento de seu suserano. O burguês dependia do rei para alienar bens da
comunidade
○ Limitação da livre alienabilidade, até mesmo do individuo ou da terra
○ O desenvolvimento mercantil demandava a superação disto, em prol da livre
negociação via disposições contratuais

“A alienação como vendabilidade universal envolvia a reificação”

● A “liberdade contratualmente salvaguardada” trataria-se da abdicação contratual da


liberdade humana. Filósofos, mesmo antes de Marx, já conheciam essa ligação entre a
reificação e a alienação (se dá o exemplo de Kant, que comenta como um contrato “não
é uma simples reificação / transformação de uma coisa / mas a transferência de uma
pessoa à propriedade do Senhor da casa”

● Tais barreiras, tabus na sociedade feudal, se apresentavam como obstáculos. A pessoa


viva precisava ser transformada em coisa, reificada, para que pudesse “ser dominada”
● Logo, o contrato surgia como alternativa às relações feudais rigidamente fixas. Qualquer
um poderia “dispor” de acordo com sua vontade, ou seja, poderia-se manipular seres
humanos “livres” através de um mercado, como se fossem objetos sem vontade, sob a
afirmação de que “escolhiam livremente” celebrar o contrato e alienavam
voluntariamente o que lhes pertencia (como sua força de trabalho)

Assim, passa-se à uma nova lógica social. A suposta aceitação de uma “nova servidão”,
substituindo a relação feudal, que passa à ser politicamente prevista e regulada, se torna a base
de uma sociedade civil. O dinheiro torna-se a engrenagem principal que movem as relações
humanas

Logo, tudo se torna mercadoria


O corpo social se desagrega, passa a ser constituído por diversos indíviduos isolados, com
objetivos individuais (prevalece a parte em detrimento do todo). Assim, egoísmo se torna uma
virtude e é protegido por um “culto da privacidade”

Goethe: “Toda particularidade isolada deve ser rejeitada” em prol de uma “comunidade com
outros como nós mesmos” para criação de uma “frente contra o mundo”

● A mercantilização universal só pode seguir caso não alcançasse seu ponto de


saturação (Estamos vivendo isso?)

Significação Contemporânea da Teoria da Alienação de Marx

● A liberdade só começa, realmente, quando cessa o trabalho que é determinado pela


necessidade
○ Fora da esfera da produção material real
● O desenvolvimento da produção aumenta a esfera da necessidade física. As forças
produtivas também se expandem
○ Logo, a liberdade depende da humanidade, socializada, regulando seu
intercâmbio com a natureza, sob controle comum. Não se deixar dominar por
forças cegas (Mercado, escassez, etc etc)
○ Evolução da energia humana se torna um fim em si, não submetido à lógica do
lucro. Redução da jornada de trabalho é um pré-requisito da libertação humana

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