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Vinícius Augusto Batista dos Santos - Nº USP 11289556

Teoria Geral da Arbitragem - Aula 07

1) Pautando-se pela Lei da Arbitragem, principal instrumento jurídico que deve reger
todo o procedimento arbitral, existe a imposição de um padrão de conduta ao árbitro,
incluindo nisso, portanto, o que deve ser ou não revelado por este. Tal fundamento
tem o nome de “dever de revelação”, ou seja, assim como ocorre na suspeição dos
juízes estatais, o árbitro deve revelar os fatos que possam, potencialmente, levantar
qualquer dúvida sobre sua imparcialidade e independência, sendo este os parâmetros
que pautam o que deve ser revelado ou não. Cabe ressaltar que a dúvida levantada em
face do que for revelado tem que ser fundamentada em fato que possa prejudicar o
andamento correto do processo.
Além disso, este deve ser transparente quanto ao seu conhecimento e aptidão para
lidar com o caso concreto da ação, o que também impacta, tangencialmente, na sua
competência, uma vez que tratando-se de elemento subjetivo, cabe principalmente a
ele a avaliação. Por fim, deve-se pautar pela discrição em relação ao que não deve ser
revelado, sendo que, contudo, ainda persiste na doutrina o debate sobre os limites de
tal dever, sob o risco, inclusive, de se afetar a independência deste profissional.
Descumprir de forma concreta este princípio, contudo, pode ensejar sua impugnação.

2) Como comentado anteriormente, ainda não existe uma certeza sobre os limites do
dever de revelação. Ainda que as partes possam exercer seu direito de controle da
arbitragem, esta faculdade deve ser exercida de forma ponderada, fundamentada sob
um claro nexo entre a dúvida e fatores concretos para a existência desta.
Logo, caso o árbitro, ao exercer seu dever de revelação ou deixar de fazê-lo, não
necessariamente fere sua plena independência ou imparcialidade. A arbitragem se
pauta, principalmente, pela confiança e disposição das partes em, de pleno acordo,
depositarem a solução do conflito sob a tutela de terceiro. Portanto, existe uma
importante boa-fé em relação ao árbitro exercer de forma correta a análise de sua
conduta no processo, sendo que, caso seja comprovado sua falta de zelo nisso,
pode-se ter a impugnação deste, como sugerido pela ICC.

3) Uma vez que a arbitragem consiste na delegação de poder pelas partes, existem
mecanismos de controle deste. Logo, cabe aos mesmos que representam a origem de
tal poder, ou seja, às partes, serem a autoridade maior sobre a decisão da manutenção
ou não de um árbitro em seu posto, através da impugnação deste. As formas que isto
ocorrem dependem da instância em que está sendo realizado tal procedimento.
Inicialmente, deve-se observar as circunstâncias necessárias para a remoção do
árbitro, as quais, necessariamente, precisam se originar após a nomeação. Com isso,
de acordo com o art. 15 da Lei de Arbitragem, a recusa deverá ser apresentada ao
árbitro ou ao presidente do tribunal arbitral, seguindo as cláusulas determinadas ou a
Lei como um todo. Após a formação e deliberação de um Comitê, será apresentada a
admissibilidade de tal pedido, com a possibilidade, inclusive, de substituição e
afastamento.

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