Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Gilmar de Oliveira
Diretor Administrativo
Eduardo Santini
UNIFATECIE Unidade 4
BR-376 , km 102,
FICHA CATALOGRÁFICA Saída para Nova Londrina
Paranavaí-PR
FACULDADE DE TECNOLOGIA E
(44) 3045 9898
CIÊNCIAS DO NORTE DO PARANÁ.
Núcleo de Educação a Distância;
BUARQUE, Sandra Tais Gomes Ferreira. www.fatecie.edu.br
Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Educação
Infantil. Sandra Tais Gomes Ferreira. Buarque.
Paranavaí - PR.: Fatecie, 2019. 101 p.
As imagens utilizadas neste
livro foram obtidas a partir
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária do site ShutterStock
Zineide Pereira dos Santos.
AUTORA
Lattes:http://lattes.cnpq.br/4789361347104973
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Seja bem-vindo(a)!
Prezado(a) aluno(a), que bom que você esta cursando essa disciplina, seguiremos
nesta jornada para construir e melhorar nossos conhecimentos sobre a educação infantil.
Nossos estudos estão divididos por unidades, a seguir um breve esboço do que estudaremos.
Na unidade I iniciaremos nossos estudos pelas condições para uma boa qualidade
na educação infantil, também abordaremos os temas que fazem os indicadores de qualidade
da educação infantil. Veremos os conceitos de infância, a historia das creches e como
melhor organizar fisicamente os espaços para acolhermos nossas crianças. Por último,
nesta unidade tão importante quanto os demais temas como é a rotina na educação infantil.
Para dar continuidade aos estudos na unidade II, iremos estudar as diretrizes
curriculares nacionais, o referencial curricular nacional para a educação infantil. Também
abordaremos os trabalhos com projetos e os jogos e brincadeiras que devem ser inseridos
nas creches.
Na unidade III estudaremos a disciplina de educação infantil e as políticas de
formação de professores também como a sua formação didática e um tema muito importante
para o dia a dia das escolas que é a participação da família no ambiente escolar.
Para finalizar nosso curso a unidade IV vem trazer a gestão social, a educação de
crianças com necessidades especiais que hoje estão cada vez mais inseridas nas nossas
escolas e a prática da transformação pedagógica.
Vamos juntos nesta jornada de conhecimento e ampliar nosso aprendizado com
todos esses conteúdos que estarão disponíveis neste material de apoio. Espero contribuir
para o seu conhecimento profissional e pessoal.
Prof. Sandra.
SUMÁRIO
UNIDADE I....................................................................................................... 5
Condições para a Qualidade e Indicadores da Qualidade
UNIDADE II.................................................................................................... 27
A História das Creches e a Organização do Espaço na Educação
Infantil
UNIDADE III................................................................................................... 47
Elaboração da Proposta Pedagógica: Diretrizes Curriculares
Nacionais e a Rotina na Educação Infantil
UNIDADE IV................................................................................................... 70
Transformação da Prática Pedagógica
UNIDADE I
Condições para a Qualidade e
Indicadores da Qualidade
Professora Sandra Tais Gomes Ferreira Buarque
Plano de Estudo:
• Escolhas políticas, legislação e definição de normas
• Financiamento, recursos, planejamento e controle.
• Formação e aperfeiçoamento profissional as políticas de formação de professores para a
educação infantil.
• Acessibilidade e utilização dos serviços.
Objetivos de Aprendizagem:
• Conceituar e contextualizar as leis, normas e o planejamento e o controle para
administrar uma instituição de ensino infantil.
• Compreender os tipos de que forma podemos ter uma educação de qualidade e um
espaço físico acessível a todos com as instruções que serão abordadas nesta unidade.
• Estabelecer a importância da inclusão de todas as crianças na educação infantil
independente da sua deficiência., com espaços adaptados a elas e profissionais
qualificados para atendê-las.
6
INTRODUÇÃO
Bons estudos!
Profa. Sandra.
Mas como deve ser uma instituição de educação infantil de qualidade? Quais
são os critérios para se avaliar a qualidade de uma creche ou de uma pré-
escola? Como as equipes de educadores, os pais, as pessoas da comunidade
e as autoridades responsáveis podem ajudar a melhorar a qualidade das
instituições de educação infantil?
A Lei n°13.005/2014 aprovou o PNE de 2014 a 2024, sendo seu formato mais
recente. Entretanto, o plano data de janeiro de 2001 e, no que diz respeito à Educação
Infantil, ele traz como meta traz a universalização dessa etapa para crianças de 4 e 5
anos até 2016 e deseja ampliar a oferta de educação em creches em, no mínimo, 50%,
das crianças até 3 anos até 2024. Gomes (2017) corrobora informando que esta meta
está dividida em duas etapas distintas, visto que ser matriculado numa creche ainda não é
obrigação como é nas pré-escolas. Mesmo com essa iniciativa do plano, Gomes critica ao
apontar os índices de desempenho de tal programa:
Por outro lado, o Relatório realizado a cada dois anos pelo INEP apontou um
crescimento no atendimento escolar à faixa etária de 4 a 5 anos. Contudo, esperava-se
mais. Gomes (2017) reiterou que o processo de universalização exige um trabalho maior
por meio de políticas públicas, principalmente, em alcançar essas pessoas não atendidas.
É claro que um plano sempre vislumbra seus sujeitos de um futuro mais sólido,
porém, do ponto de vista de Militão (2016) muitas melhorias ainda se faziam necessárias à
época, e o financiamento se constituiria da “meta das metas”, conforme Saviani (2008 apud
MILITÃO, 2016, p. 364), porque seria responsável por dar certa condição necessária de
viabilizar e materializar todas as outras metas do PNE (MILITÃO, 2016).
Para tanto, o Brasil fundamentou sua base política de discussão e atuação do
financiamento, a princípio, com a Constituição Federal (CF) de 1988; depois, com Emenda
Constitucional nº. 53/2006; com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), junto
das Constituições Estaduais (CE) e Leis Orgânicas dos Municípios, além é claro de sua
Para tanto, o Governo tem lançado algumas iniciativas em políticas públicas, tais
como o ProInfantil, programa de parceria com o Ministério da Educação e entes federativos.
Ele traz, com isso, uma modalidade de curso Ead em nível médio, sendo destinado aos
professores da Educação Infantil. Segundo o documento acima de Indicadores, o curso visa
dar auxílio a eles em seus conhecimentos, bem como permitir discussões e esclarecimento
de dúvidas, num processo consistente de aprendizagem (BRASIL, 2009).
Agora, com o ensino fundamental obrigatório desde 2010 tendo duração de nove
anos, de acordo com o MEC (2018), as matrículas no primeiro ano tiveram um aumento.
O MEC (2018) ainda está oferecendo a essa etapa de ensino, em suas séries iniciais, um
programa de letramento e de formação contínua a professores pela rede pública, trata-se
do Pró-Letramento. Entretanto, ainda se tem no texto da LDB a habilitação para dar aulas
àqueles que possuem apenas que possuem nível médio na modalidade regular, conforme
o próprio MEC (2018) relembra. Isso se deve de certa forma à recente migração de cenário,
pois a Educação Infantil tinha destaque no campo assistencial e passou, há pouco tempo,
a promover educação de fato. Por isso, anteriormente, não havia exigência de elevada
qualificação profissional para a área. O profissional precisava apenas cuidar das crianças.
Atualmente, porém, este mesmo profissional precisa cuidar e educar. Por isso, a
necessidade de formação profissional. Outra iniciativa do governo foi a promoção do Plano
Nacional de Formação de Professores. Com isso, espera-se alcançar “332 mil educadores
em exercício na rede pública de ensino até 2020” (MEC, 2018, s/p).
Ademais, modificações no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) também
vieram para assegurar essa formação aos docentes. Com esse benefício, os estudantes dos
cursos de licenciatura poderão quitar o empréstimo desse Fies com seu próprio trabalho,
caso “optarem pela carreira de professor nas redes públicas da educação básica com
jornada de, no mínimo, 20 horas semanais. O abatimento mensal será de 1% da dívida”
Sabe-se que é direito de toda pessoa com deficiência, seja ela qual for, a igualdade
de oportunidades assegurada. Ainda em consonância com a LDB, esse direito deve ser
assistindo já de início na fase escolar, mediante a situações que viabilizem o acesso a esse
espaço de interações. E já que a acessibilidade é importante no espaço escolar, pensando
nisso, vários textos legais contemplam esse princípio. Segundo os Indicadores da Qualidade
na Educação Infantil (BRASIL, 2009), existe uma preocupação em se considerar e avaliar
esse aspecto, além disso a Lei de Acessibilidade, decreto-lei n° 5.296/2004:
REFLITA
Como deve ser uma instituição de educação infantil de qualidade? Quais são os critérios
para se avaliar a qualidade de uma creche ou de uma pré-escola? Como as equipes de
educadores, os pais, as pessoas da comunidade e as autoridades responsáveis podem
ajudar a melhorar a qualidade das instituições de educação infantil? As definições de
qualidade dependem de muitos fatores: os valores nos quais as pessoas acreditam;
as tradições de uma determinada cultura; os conhecimentos científicos sobre como as
crianças aprendem e se desenvolvem; o contexto histórico, social e econômico no qual
a escola se insere.
Plano de Estudo:
• Conceitos e Definições de como surdiu as creches no Brasil, como foi a evolução da
educação infantil no mundo.
• Campos de estudos - os critérios para uma adequada organização dos espaços da sala
de aula e as funções da organização do ambiente escolar.
• Breve histórico do surgimento das creches no Brasil e no mundo, uma breve ordem
cronológica mostra a evolução das creches.
• Tipos de concepções de desenvolvimento e a sua influência na organização dos ambientes,
os ambientes socioculturais têm grande influência sobre como devem ser os espaços físicos
nas escolas.
Objetivos de Aprendizagem:
• Conceituar e contextualizar o surgimento das creches e sua evolução na educação
infantil.
• Compreender como a função da instituição de educação infantil a formas de educar e
cuidar que os educadores têm nas instituições de ensino infantil.
• Estabelecer a importância de ter um ambiente harmonioso e de acordo com a realidade
em que a criança está inserida.
28
INTRODUÇÃO
Bons estudos!
Prof. Sandra
- ESCOLA INFANTIL -> criada em 1816 por Robert Owen, na Escócia. Fundou
o INSTITUTO PARA FORMAÇÂO DE CARÁTER que era organizado em três
níveis: o 1º era a escola infantil para crianças de 3 a 6 anos; o 2º atendia
crianças de 6 a10 anos e o 3º era oferecido durante a noite e atendia alunos
dos 10 aos 20 anos.
- CASA DEI BAMBINI (casa das crianças) -> no início do sec. XX, na Inglaterra,
Maria Montessori trabalhou com crianças pobres de um bairro operário.
(...) não era tratada por um órgão somente, era fragmentada. A educação
se queixava da falta de alimentação e das condições difíceis das crianças.
Nesse quadro, a maioria das creches públicas prestava um atendimento
de caráter assistencialista, que consiste na oferta de alimentação, higiene
e segurança física, sendo, muitas vezes, prestado de forma precária e de
baixa qualidade, enquanto as creches particulares desenvolviam atividades
educativas, voltadas para aspectos cognitivos, emocionais e sociais.
Constata-se a existência de um maior número de creches particulares, devido
à privatização e à transferência de recursos públicos para setores privados
(BACH; PERANZONI, 2014, s/p).
Kramer (1994 apud BACH; PERANZONI, 2014) corrobora com este contexto
afirmando que, atualmente, na conjuntura escolar, existem não somente “a visão de
deficiência da criança das classes populares, da inferioridade de sua cultura como a
inadequação de sua família” (KRAMER, 1994 apud BACH; PERANZONI, 2014, s/p).
REFLITA
As participações das crianças na decoração das salas de aula fazem com que se sintam
mais importantes no processo de aprendizagem. Pedir ajuda das famílias e sugestões
fazem do ambiente mais familiar e atrativo para o aprendizado.
Plano de Estudo:
• Conceitos e Definições do Referencial curricular nacional para a educação infantil;
• Campos de estudo da formação da criança, ensinamentos e cuidados que o educador
deve ter;
• Breve histórico do Referencial Curricular Nacional e como ele atua na educação infantil;
• Tipos de espaços físicos para as instituições de ensino.
Objetivos de Aprendizagem:
48
INTRODUÇÃO
Bons estudos!
Profa. Sandra.
Para todas as atividades a serem desenvolvidas, é preciso criar uma rotina, e, por
meio de um planejamento, a rotina torna as atividades essenciais para o desenvolvimento
das crianças. Diante de uma sequência de variadas atividades que ocorre diariamente
na sala de aula que vai permitir que a criança se oriente na relação tempo/espaço e se
desenvolva e, nesse ponto, a atribuição de hábitos adequados é um facilitador no processo
de construção e desenvolvimento da criança, visto que permite que ela dimensione sua
independência e autonomia, além de estimular a sua socialização.
Além disso, é importante levar em consideração que a criança não fique esperando
por muito tempo durante os períodos de higiene e alimentação, dessa forma a espera pode
ser evitada se a organização da sala de aula seja feita de uma maneira que a criança tenha
a possibilidade de realizar outras atividades, de forma mais autônoma, tendo livre acesso a
espaços e materiais, enquanto o professor está atendendo uma única criança.
As atividades de organização coletiva das crianças são elas que definem o que
desejam fazer, e para isso é necessário que o ambiente, em termos de materiais e espaços,
esteja tudo disponível ao alcance delas.
Nas atividades de cuidado pessoal não devemos separar o “cuidar” do “educar”. O
cuidado pessoal com a saúde deve ser uma das principais atividades sendo que a saúde tem
De acordo com Melo e Barros (2017), são projetos o conjunto de ações que reúnem
conhecimentos específicos constituídos por meio de um dos eixos de trabalho que se
organizam ao redor de um problema a fim de solucionar um problema ou em busca de um
produto final que se deseja obter.
Os projetos têm duração conforme seus propósitos e com bases na execução de suas
partes. Assim, trabalhar com projetos em Educação Infantil significa lidar com planejamento
de atividades, mas também com sua flexibilização, pois nada sai exatamente como se espera,
porém pode-se pensar no maior números de variáveis e possibilidades para contemplar
a necessidade de todos os alunos envolvidos no processo (MELO; BARROS, 2017).
Um dos benefícios dos projetos, na educação, é permitir que as crianças trabalhem
com um tema relacionado aos conteúdos programáticos, desenvolvendo pesquisas e
ampliando sua visão acerca do mundo a sua volta. Conforme Melo e Barros (2017), isso
serve de referência para outras situações, permitindo generalizações de ordens diversas,
pois o projeto tem aplicabilidade em diversas áreas.
Outrossim, as atividades realizadas na Educação Infantil por meio de projetos
podem abarcar várias possibilidades, como brincadeiras, jogos, eventos escolares voltados
à comunidade e até mesmo o trato com questões complexas, como uso de drogas, violência,
entre outros assuntos.
Em especial, jogos e brincadeiras podem ser excelentes instrumentos nesse
O brincar na Educação Infantil não deve ser visto como um tempo de descanso
depois de uma atividade mais formal, e, sim, como uma parte das experiências que as
crianças vivem dentro deste espaço. Elas brincam nos cantinhos, no parque e nas atividades
propostas pelas professoras no pátio. Nestes momentos, elas representam papéis, exploram
os espaços, fazem combinados com os colegas, se envolvem em conflitos, buscam formas
de solução e, desta maneira, tecem novas relações e vão construindo conhecimentos a
partir da experiência que vivem.
O jogo está presente no cotidiano da criança que desenha, canta, rima, representa,
chuta a bola ou pula corda. Na verdade, para a criança quase toda atividade é um jogo, e é
por meio do jogo que ela constrói grande parte de seu conhecimento. Quando isso acontece,
a situação ensino-aprendizagem fica caracterizada pelo aspecto lúdico e prazeroso em que
o erro passa a ser aceito naturalmente e a interação com o outro é espontânea.
A brincadeira vista no campo educacional, é de suma importância. E principalmente
na pré-escola, porque o brincar possibilita a construção de uma identidade infantil autônoma,
crítica e criativa, ou seja, permite a formação de futuros cidadãos críticos e transformadores
da realidade em que vivem (BOIKO; ZAMBERLAN, 2001).
Enfim, para que a brincadeira seja entendida e considerada em sua função
pedagógica, ela precisa ser garantida e isto se faz considerando uma série de fatores. Entre
eles destaca-se o ambiente físico, o tempo, a rotina escolar, o preparo de professores e
educadores, aspectos que podem estimular, propiciar e garantir sua ocorrência no contexto
pré-escolar.
Portanto, existem inúmeras formas de criar projetos na Educação Infantil, sempre,
tendo-se em vista o aprendizado, mas também o prazer e satisfação em todas as atividades
estipuladas.
Educação não combina com submissão e, por isso, prefiro falar em inserção,
ou seja, a criança vai se inserir em uma instituição educativa. O momento de
entrada da criança na creche ou na pré-escola é, geralmente, a sua primeira
experiência em termos de separação da família. As propostas educacionais
vêm incluindo a inserção gradual da criança, respeitando as suas exigências e
a de seus pais, e também permitindo que o professor conheça individualmente
as novas crianças que ingressam na creche (GONÇALVES, s/d, s/p).
O início de uma criança pequena na creche não só afeta a criança, mas também
Como é importante a criança brincar muitas pessoas já sabem, tanto que dedicam
espaços a isso. Escolas, residências, estabelecimentos comerciais dispõem de ambientes
que evoquem jogos e brincadeiras. Mas, afinal, brincar e jogar serve para quê?
A inserção de jogos e brincadeiras na vida da criança, sem levar em consideração
se é na escola ou qualquer outro ambiente, traz inúmeros benefícios, imagine-se então se
somados à aprendizagem como se faz geralmente em instituições de Educação Infantil.
A princípio, brincar, para Barros (2009), é lidar com experiências e emoções. Stop, cobra
cega, mula sem cabeça, elástico, pula-pula e tantas outras atividades acabam por estimular
o desenvolvimento social; não servem apenas para ocupar o tempo, são prazer, alegria e
aprendizado, pois quantas coisas se aprende brincando, sem contar em quantas pessoas
se conhece fazendo isso, já que as crianças brincam e divertem-se em qualquer lugar,
não importando a hora. Participar de brincadeiras ainda expõe potencialidades humanas.
Outra questão importante é que brincar é um direito da infância, por isso tantas campanhas
incentivando isso, em vez do trabalho infantil e, é nesse aspecto, que o professor pode
intermediar essas ações, pois ele pode organizar brincadeiras em torno de objetivos de
aprendizagem ou simplesmente pelo ato de brincar. Com isso, vê-se que a brincadeira é
“uma forma de ler o mundo, sem a exigência formal das letras, mas as utilizando para se
comunicar, para se expressar e para brincar” (BARROS, 2009, p. 27).
Queiroz et. al. (2006) também corrobora com o assunto da seguinte forma:
Assim, brincar também permite a resolução de problemas, pois, nesse ato, há alívio
das tensões (catarse), um momento de extravasar e interagir com pessoas. Nesse ponto,
a criança entende o espaço do outro, recebe regras, estabelece relações com diversas
personalidades e jeitos de ver a vida. Tratam-se de culturas e educações diferentes, de
relações humanas e vínculos afetivos. Além disso, para Queiroz et. al. (2006), é um processo
reflexivo e crítico, pois:
Enfim, brincar é tão bom e importante que deveria ser divertido para qualquer adulto
passar tempo brincando com as crianças, tanto que Carlos Drummond (1902-1987 apud
BARROS, 2009, p. 15) aponta: ‘Brincar com crianças não é perder tempo, é ganhá-lo; se
é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados em salas
sem ar, com exercícios estéreis, sem valor pra formação do homem’.
Já nos jogos, para Ferreira (2016):
REFLITA
Qual a idade ideal para a criança começar a freqüentar a creche?
Como a família pode ajudar no processo de adaptação?
Plano de Estudo:
• Conceitos e definições da transformação da prática pedagógica;
• Campos de estudo das crianças com necessidades especiais;
• Breve histórico de como a transformação da prática pedagógica atua na educação infantil;
• Tipos de famílias e como elas podem ajudar na escola.
Objetivos de Aprendizagem:
• Conceituar e contextualizar a gestão social;
• Tratar a respeito da participação familiar;
• Compreender a importância da educação para as crianças com necessidades especiais;
• Estabelecer a importância da transformação da prática pedagógica na educação infantil.
71
INTRODUÇÃO
Chegamos a última unidade dos nossos estudos, neste capítulo vamos ver como a
família pode ajudar a escola, a sua atuação e participação no processo de aprendizagem
podem interferir e ajudar no processo de aprendizagem da criança.
Também veremos que a gestão social é uma maneira de envolver a comunidade
como parte da escola, através de ações que impactam a comunidade.
Tão importante quanto a educação infantil é a educação de crianças especiais,
como a família deve agir ao identificar a necessidade da criança em ter um atendimento
especializado para que a criança possa ter um aprendizado de qualidade.
E para fechar nossos estudos a transformação da prática pedagógica na educação
infantil vem mostrar como o gerenciamento e o planejamento são essenciais para que uma
instituição de ensino infantil possa trabalhar com eficiência e qualidade.
Bons estudos!
Profa. Sandra.
Como se vê, o professor soma forças na Educação Infantil e ainda tem como
finalidade contribuir para um arranjo maior de interesses ao desenvolvimento da criança,
tais como os aspectos físicos, psicológicos, intelectuais e sociais, mas a LDB assevera que
é um processo de “complementação da família e da comunidade” e não responsabilidade
única das instituições e do professor (BRASIL, 1996, s/p):
Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como
finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em
seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a
ação da família e da comunidade (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
(BRASIL, 1996, s/p).
Como se vê, a conduta profissional diante do cenário social ou das questões que
são constatadas em certo contexto social se referem a um posicionamento político. Sendo
assim, o profissional, por meio da construção de sua intervenção, tem envolvimento direto
com essas questões de ordem social. Esse envolvimento, por sua vez, é decisivo na
intervenção dos planos e projetos desempenhados pelo profissional, mas não se refere de
forma alguma a posições político-partidárias (JUNQUEIRA et. al., 2012).
Esse posicionamento é o teor político que será apresentado na intervenção por
meio dos planos, programas e projetos sociais elaborados pelo profissional. Posicionar-
se politicamente em relação à determinada situação não é, ou não está, se referindo ao
posicionamento político partidário (JUNQUEIRA et. al., 2012), senão à sua índole moral
e ética tanto no trabalho quanto como pessoa, e uma vez que a ética não se dissocia da
política, ambas asseguram a gestão social na construção de quaisquer planos.
Outra competência é a teórico-metodológica, em que:
Por isso, não basta identificar o problema social que afeta o público-alvo. É preciso
que se reconheça sua origem e que se identifique as formas de intervenção. Para tanto,
faz-se necessários profissionais que tenham essa competência teórico e metodológico
(COSTA, 2016).
Já na competência técnico-operativa:
Umas das áreas de abrangência da educação é aquela voltada para crianças com
necessidades especiais. Nela, um conjunto de instrumentos e orientações são aplicados
a fim de atender às necessidades das crianças. Sobre isso, tem-se como aporte legal a
Declaração de Salamanca que traz Princípios, Política e Prática em Educação Especial, a
qual proclama como direitos dessa criança o seguinte:
E foi este documento que influenciou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional – doravante, LDB (Lei n° 9.394, de 1996), documento brasileiro que rege também
os direitos da criança com necessidades específicas. Nela, a criança tem seus direitos
organizados e proclamados acerca da educação e do ensino que lhe deverão ser ofertados.
Trata-se de uma das leis mais importantes, pois abrange aspectos que vão além
A criança tem direito de crescer num ambiente que contenha amor, afeto,
compreensão, de segurança moral e material, para que assim possa
desenvolver uma personalidade saudável e se tornar um adulto ciente
de seus atos. Os pais tem a obrigação de permanecer com seus filhos
proporcionando proteção e educação. A sociedade e as autoridades públicas
devem oferecer apoio e cuidados especiais às crianças que não têm família
e carecem de meios adequados de subsistência. A criança tem direito a
educação, para desenvolver a sua capacidade de emitir juízo, para criar a
vontade de exercer alguma profissão, para desenvolver as suas aptidões
e ter a responsabilidade que mais tarde, quando adulto, será essencial em
todos os momentos de sua vida. Os responsáveis pela sua educação e
orientação serão primeiramente seus pais. A criança terá ampla oportunidade
para brincar e divertir-se, visando os propósitos mesmos da sua educação;
a sociedade e as autoridades públicas empenhar-se-ão em promover o uso
deste direito. Em casos de socorro a vida, em um acidente ou em qualquer
situação de perigo, a criança sempre deverá ser a primeira a receber
atendimento e ajuda. Em termos trabalhistas, só poderá continuar com a vida
profissional se o trabalho não atrapalhar seus estudos, ou ainda pior, se lhe
impedir de frequentar a escola, oficinas ou qualquer outro meio educacional.
Sempre gozará proteção contra quaisquer formas de negligência, abandono,
crueldade e exploração (FLACH, 2016, s/p).
Com isso, tem-se uma série de direitos da criança, inclusive da com necessidades
específicas, e é dever de todos resguardar esses direitos, bem como, especialmente de
seus pais, que permitem seu desenvolvimento em diversos segmentos, e não somente
no dever de levar à escola, alimentar e cuidar. Por isso, que a criança é tão protegida, por
ser dependente de todas essas instituições e ao mesmo tempo ser considerada um ser
humano em potencial.
Sabe-se que a criança com necessidades especiais tem seus direitos respaldados
na LDB, mas também no Estatuto da Criança e do Adolescente, doravante ECA. Este
documento assegura a responsabilidade da escola e dos professores em garantir educação
de qualidade de forma integral na rede pública comum de ensino ou por meio das Associações
de Pais e Amigos dos Excepcionais, doravante APAES.
Segundo o site da APAE Brasil (BRASIL, 2019, s/p), são incumbências de tal
instituição a promoção da saúde, por meio do “acompanhamento a pessoa com deficiência,
em todo o seu ciclo de vida, nas mais diversas especialidades, desde a prevenção a
reabilitação, com atenção especializada”; promoção da educação, fornecendo “apoio
intensivo e atendimento educacional especializado ao estudante com deficiência intelectual
e múltipla incluído na escola comum nas séries iniciais de ensino fundamental”; assistência
social, por meio de parcerias “estratégicas com vários setores e segmentos sociais para a
melhoria da qualidade de vida e inclusão da pessoa com deficiência”; proteção, defendendo
e garantindo “os direitos de pessoas com deficiência nas mais diferentes instâncias, visando
suas necessidades de desenvolvimento, saúde e bem-estar, e combatendo a violência e a
exploração”; capacitação com “profissionais em variados ofícios, voltadas às aptidões dos
aprendizes a fim de desenvolver suas atividades sociais” e, por último, mas não menos
importante, a autogestão, em que as APAES, desenvolvem a autogestão, autodefensoria e
convivência em família da pessoa com deficiência intelectual, de forma que estas instituições
asseguram a participação familiar e o convívio social de seus alunos.
A instituição conta com 2201 APAES e entidades filiadas, coordenadas por 24
estados, alcançando mais de 250 mil pessoas com deficiência intelectual e múltipla em
atendimentos diários (BRASIL, 2019).
Mesmo com todo esse trabalho, a criança com necessidades especiais tem direito
à inclusão escolar, ou seja, ela pode estudar na rede de ensino público comum a todos e ter
seus direitos assegurados, entretanto se ela optar por isso, não poderá regressar ao ensino
pelas APAES, maior exemplo de assistência e educação a esse público. Esse processo de
inclusão diz respeito a não permitir que nenhuma criança fique excluída da escola comum,
sendo inserida tanto no processo educativo, físico como social.
Assim, quando esta criança se encontra numa sala de aula habitual, ela pode
ter acesso aos conteúdos de forma adaptada, por meio das Adaptações Curriculares. Tal
situação é destacada pelos PCN (BRASIL, 1998) e pelas Estratégias para a Educação de
Alunos com Necessidades Educacionais Especiais (BRASIL, 2003) como:
Como se vê, o ensino deve ser adaptado às possibilidades reais de cada criança.
Além de incluir programas formativos destinados a suprir as necessidades especiais, tanto em
centros especializados como em escolas inclusivas, além disso outro ponto importante
é que não se pode fazer confusão entre a sala multifuncional e a de recursos, pois tratam-
se de propostas diferenciadas. Segundo Yoshida (2018, s/p): “As salas multifuncionais
são pensadas para complementar ou suplementar a aprendizagem dos estudantes com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação”. A
questão, porém, é que, para que o aluno participe da sala multifuncional, ele precisa de
laudo, no entanto, não se faz obrigatório que este seja de origem médica, podendo ser
executado pelo próprio professor AEE, informação essa que muitos desconhecem e que
acaba por diminuir o alcance desse tipo de atendimento.
Desta forma, acompanhar os filhos e lhes oferecer o maior nível de formação e
educação possível influenciará no tipo de pessoas que serão no futuro. Neste sentido,
as escolas devem estimular e apoiar a pesquisa sobre a educação para crianças com
necessidades especiais e, por consequência, criar uma gama de serviços para atender
todas as crianças. Este apoio pode ser necessário tanto para a criança com deficiência
mental, física ou sensorial quanto para as crianças com altas capacidades intelectuais, e
a escola é esse ambiente acolhedor, que dá abertura a todas as crianças, inclusive as que
possuem necessidades especiais, até porque isto é um direito delas, o de receber educação
REFLITA
Por que escolas públicas no mesmo município, conseguem uma grande quantidade de
participação da família na escola (exemplo dia de reunião de pais), e outras não?
O local em que a escola esta situada conta para essa participação da família?
Quais ações para um compartilhamento de atividades entre escola e família podem ser
feitas?
A partir de sua experiência, Stumpenhorst fala neste livro sobre o
estabelecimento de relações com alunos e seus pais, sobre como
motivar e envolver os alunos, sobre a importância de entender
como os alunos aprendem ao invés de focar no que eles aprendem
e sobre a importância da reflexão e do desenvolvimento. O livro
fornece ideais e esclarecimentos sobre uma abordagem de ensino
e de aprendizado voltada para os alunos.
AIX SISTEMAS. Como aplicar a acessibilidade na escola e qual a importância disso?. Belo
Horizonte – MG, 2018. Disponível em <https://educacaoinfantil.aix.com.br/acessibilidade-
na-escola/>. Acesso em 20 jul. 2019.
ANTUNES, Celso. O jogo e a educação infantil: falar e dizer, olhar e ver, escutar e ouvir,
fascículo 15. 9 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014. Disponível em: http://fcv.bv4.digitalpages.
com.b
BARROS, M. D. Educação infantil: o que diz a legislação. [S. I.], 2008. Disponível em
<http://www.lfg.com.br>. Acesso em 20 jul. 2019.
CASTRO, et. al. Inclusão de alunos com deficiências em escolas da rede estadual: um
estudo sobre acessibilidade e adaptações estruturais. Revista Educação Especial, Santa
Maria, v. 31, n. 60, p. 93 – 106, jan./mar. 2018. Disponível em: <https://periodicos.ufsm.br/
educacaoespecial/article/view/13590/pdf>. Acesso em: 22 jul. 2019.
COSTA e SILVA, et. al. Educação Física e esporte adaptado: história, avanços e retrocessos
em relação aos princípios da integração /inclusão e perspectivas para o século XXI. Revista
Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 27, n. 4, p. 679 – 687, out./dez.,
2013. Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/rbefe/v27n4/aop_1013.pdf>. Acesso em: 22
jul. 2019.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 12. ed.
São Paulo: Paz e Terra, 1999.
JUNQUEIRA, L. A. P. et. al. (Org.) Gestão social: mobilizações e conexões. São Paulo:
LCTE Editora, 2012. Coleção Enapegs, vol. VI. Disponível em:< https://www.pucsp.br/
cedepe/download/enapeg13-18-012-13.pdf>. Acesso em: 23 maio 2019.
OLIVEIRA, Z. M. Creches: crianças, faz de conta & cia. Petrópolis, RJ: Vozes. 1994.
Prezado(a) aluno(a),
Neste material, busquei trazer para você os principais conceitos a respeito da
educação infantil para juntos construir e melhorar nossos conhecimentos sobre nossa
atuação docente.
Iniciaremos nossos estudos com a unidade I debatendo as condições para uma boa
qualidade na educação infantil, também abordamos os temas que fazem os indicadores
de qualidade da educação infantil. Vimos desde os conceitos de infância, até a história
das creches e como melhor organizar fisicamente os espaços para acolhermos nossas
crianças e por último nesta unidade tão importante quanto os demais temas como a rotina
na educação infantil.
Dando continuidade, na unidade II estudamos as diretrizes curriculares nacionais,
o referencial curricular nacional para a educação infantil. Também abordarmos os trabalhos
com projetos e os jogos e brincadeiras que devem ser inseridos nas creches.
Na unidade III estudamos a disciplina de educação infantil e as políticas de formação
de professores também como a sua formação didática e um tema muito importante para o
dia a dia das escolas que é a participação da família no ambiente escolar.
Para finalizar nosso curso, trouxemos na unidade IV a gestão social, a educação de
crianças com necessidades especiais que hoje estão cada vez mais inseridas nas nossas
escolas e a prática da transformação pedagógica.
A partir de agora acreditamos que você já está preparado para seguir em frente
desenvolvendo ainda mais suas habilidades e competências, tanto para a prática docente
como para a gestão escolar na educação infantil.
Prof. Sandra.