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Licenciatura em Gestão Pública

Ética e Deontologia na Administração Pública

Código de Ética e Conduta

Comparação entre a Câmara Municipal de Sintra e a


Câmara Municipal de Cascais

Docente:
Eva Miranda
Discentes:
Alexandra Monteiro – a21814
Carmen Florêncio - a21811
Isabel Ferreira - a20841
Ricardo Belo - a21794

3.º ano Gestão Pública e-Learning

dezembro de 2022
Licenciatura em Gestão Pública – 3.º ano
Ética e Deontologia na Administração Pública

Agradecimentos

Agradecemos à professora Eva Miranda, todo o seu apoio e orientação durante o processo de
elaboração deste trabalho: a sua experiência e conhecimento foram fundamentais para o nosso
sucesso. Gostaríamos também de agradecer a todos os colegas e amigos que nos ajudaram ao
longo do caminho, o seu apoio foi valioso para a elaboração deste trabalho

Finalmente, gostaríamos de agradecer a todos os leitores que dedicaram o seu tempo para ler
e avaliar este trabalho. Esperamos que possam encontrar informações úteis e inspiradoras
nestas páginas.
Licenciatura em Gestão Pública – 3.º ano
Ética e Deontologia na Administração Pública

RESUMO

O Código de Ética e Conduta é um documento que estabelece os padrões de


comportamento esperados dos funcionários e membros de uma organização. Na
administração pública, o Código de Ética e Conduta é especialmente importante,
considerando que os trabalhadores em funções públicas são responsáveis pela tomada de
decisões e pela execução de atividades que afetam a vida dos cidadãos e da sociedade em
geral.

O presente trabalho, elaborado no âmbito da unidade curricular de Ética e Deontologia na


Administração Pública, tem como objetivo comparar o Código de Conduta Ética da Câmara
Municipal de Sintra com o Código de Ética e Conduta da Câmara Municipal de Cascais.
Analisamos os padrões de comportamento esperados dos colaboradores e os procedimentos
estipulados para lidar com questões éticas e violações da conduta, dispersos por vários
documentos. Também discutimos a forma como estes códigos são consistentes ou divergentes
com os valores e normas éticas da sociedade e com as leis e regulamentos aplicáveis.

Concluímos que tanto o Códigos de Conduta Ética da Câmara Municipal de Sintra e como
o Código de Ética e Conduta da Câmara Municipal de Cascais são importantes porque
estabelecem os padrões de comportamento esperados de todos os colaboradores e orientam a
maneira como eles lidam com questões éticas e violações da conduta, embora sejam
divergentes no grau de detalhe com o qual abordam as normas de conduta. Embora os
municípios cumpram o quadro legislativo aplicável, ambos beneficiariam de maior detalhe,
transparência e clarificação.

Palavras-Chave: Ética, Moral, Deontologia, Direito, Código de Conduta, Câmara Municipal


de Sintra e Câmara Municipal de Cascais

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ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO 4
2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO 5
2.1 A Ética 5
2.2 A Moral 6
2.3 A Deontologia 6
2.4 O Direito 7
2.5 A Ética, a Moral, a Deontologia e o Direito 8
3. ÉTICA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA 10
4. A ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 12
4.1 Códigos de Ética e Conduta 16
5. ESTUDO DE CASO 17
5.1 Códigos de Ética e Conduta das Câmaras Municipais 17
6. CÓDIGO DE CONDUTA ÉTICA DA CÂMARA MUNICIPAL DE SINTRA 19
6.1 História e Caracterização do Concelho de Sintra 19
6.2 Missão, Valores e Visão da Câmara Municipal de Sintra 20
6.3 Código de Ética 20
7. CÓDIGO DE ÉTICA E CONDUTA DA CÂMARA MUNICIPAL DE CASCAIS 26
7.1 História e Caraterização do Concelho de Cascais 26
7.2 Missão, Valores e Visão da Câmara Municipal de Cascais 26
7.3 Código de Ética e Conduta do Município de Cascais 27
8. ANÁLISE COMPARATIVA DOS CÓDIGOS DE ÉTICA 32
9. CONCLUSÕES 36

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 - Incumprimento do código (Câmara Municipal de Sintra) 25


Tabela 2 - Comparação de princípios de código de ética 34

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LISTA DE SIGLAS E ACRÓNIMOS


CMC Câmara Municipal de Cascais
CMS Câmara Municipal de Sintra
CPA Código do Procedimento Administrativo
SMAS Serviços Municipalizados de Água e Saneamento

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1. INTRODUÇÃO

O Código de Ética e Conduta é um documento que estabelece os padrões de


comportamento esperados dos funcionários e membros de uma organização, fornecendo
também orientações sobre como lidar com questões éticas e violações da conduta. Na
administração pública, o Código de Ética e Conduta é especialmente importante, pois os
trabalhadores em funções públicas são responsáveis por tomar decisões e executar atividades
que afetam a vida dos cidadãos e das comunidades.

No presente trabalho vamos comparar o Código de Conduta Ética da Câmara Municipal


de Sintra com o Código de Ética e Conduta da Câmara Municipal de Cascais e os
procedimentos para lidar com questões éticas e violações da conduta, bem como outros
documentos associados. Além disso, vamos discutir a forma como estes códigos são
consistentes ou divergentes com os valores e normas éticas da sociedade e com as leis e
regulamentos aplicáveis.

O trabalho está estruturado em nove capítulos. No presente capítulo apresentamos uma


breve introdução. No Capítulo 2 efetuamos o enquadramento teórico sobre a Ética, a Moral,
a Deontologia e o Direito, relacionando também os quatro conceitos. No Capítulo 3
debruçamo-nos sobre a evolução histórica da Ética. No Capítulo 4 abordamos a Ética na
Administração Pública. No Capítulo 5 introduzimos o estudo de caso e a existência de
Códigos de Ética e Deontologia nas Câmaras Municipais. O Capítulo 6 é dedicado ao Código
de Conduta Ética da Câmara Municipal de Sintra, mencionando-se a história do concelho e
respetiva missão, visão e valores. No Capítulo 7 é apresentado o Código de Ética e Conduta
da Câmara Municipal de Cascais e respetiva história do concelho. No Capítulo 8 é efetuada
uma análise comparativa dos documentos de ambas instituições e no Capítulo 9 são
apresentadas as conclusões do trabalho efetuado.

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2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO

2.1 A Ética

"A ética é a alma do caráter. É a virtude mais importante de todas, pois governa todas as outras
virtudes." - Cícero1

A ética é uma disciplina filosófica que se ocupa da reflexão sobre o que é moralmente
certo ou errado, sobre o bem ou o mal. A ética é uma reflexão teórica sobre a moral, que é o
conjunto de valores, normas e crenças que orientam a conduta humana. Tem como objetivo
ajudar as pessoas a refletirem sobre as suas ações e a tomar decisões “éticas”, fornecendo um
conjunto de princípios e normas que orientam a conduta humana e ajudam a distinguir o certo
do errado.

Existem diferentes teorias éticas que tentam explicar o que é certo ou errado e porquê.
Algumas teorias éticas defendem que existem princípios universais que se aplicam a todos os
seres humanos, independentemente da sua cultura ou contexto social. Outras teorias defendem
que os valores morais são relativos e dependentes da cultura e do contexto social.

A ética é uma disciplina ampla e complexa que é estudada por filósofos e outros
profissionais em diferentes áreas, como a ética empresarial, a ética médica, a ética política e
a ética ambiental.

1 Cícero foi um filósofo, orador e político romano do século I a.C., considerado um dos mais importantes oradores e escritores da
Antiguidade. Ficou conhecido pelas suas contribuições para o direito romano, a política e a filosofia, especialmente no que d iz respeito à
ética e à moral. Cícero foi um defensor da República Romana e foi um dos principais responsáveis pela sua defesa durante o pe ríodo de
transição para o Império Romano. Ele também foi um dos primeiros filósofos a escrever em latim, o que o tornou acessível a um público
mais amplo e ajudou a difundir suas ideias. Algumas de suas obras mais famosas incluem "De Officiis" (Sobre os Deveres), "De Amicitia"
(Sobre a Amizade) e "De Republica" (Sobre a República).
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2.2 A Moral

"A moral é a consciência do mundo." - Albert Schweitzer2

A moral é o conjunto de valores, normas e crenças que orientam a conduta humana,


constitui uma orientação prática sobre o que é certo ou errado, o bem ou o mal.

A moral pode ser entendida de diferentes maneiras, dependendo da cultura, da religião ou


da filosofia de cada indivíduo. Algumas pessoas podem ter uma moral baseada em crenças
religiosas, enquanto outras podem basear sua moral em valores humanitários ou em princípios
éticos universais.

A moral é uma parte importante da vida humana e tem um papel fundamental na orientação
de nossas ações e decisões, ajudando-nos a distinguir o certo do errado e a atuar de maneira
ética e justa. A moral também pode ser um fator importante na criação de relacionamentos
saudáveis e na construção de uma sociedade justa e harmoniosa.

2.3 A Deontologia

"A deontologia é a teoria ética que se baseia na noção de dever e obrigação, defendendo que o agir
moralmente certo é aquilo que cumpre um dever ou segue uma regra moral, independentemente dos
resultados ou consequências práticas." - Immanuel Kant3

A deontologia é a parte da ética que se ocupa da reflexão sobre os deveres e as obrigações


morais, estuda os deveres que os indivíduos têm para consigo mesmos e para com os outros,
bem como as consequências éticas das suas ações.

2
Albert Schweitzer foi um teólogo, filósofo, organista, músico e médico alemão, nascido em 1875. Ele é conhecido por sua dedicação às
missões médicas e humanitárias, principalmente na África. Schweitzer é também conhecido por sua teoria da "Reverência pela Vida", que
defende que todas as formas de vida devem ser respeitadas e preservadas, independentemente da sua utilidade para o ser humano. Ele é
considerado um defensor da ética e da moral, e as suas ideias têm sido amplamente discutidas e estudadas em diversas áreas, como a filosofia,
a teologia e a medicina. Schweitzer recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1952 pela sua dedicação ao serviço humanitário e médico na África.

3 Immanuel Kant foi um filósofo alemão do século XVIII, considerado um dos mais importantes pensadores da modernidade e um dos
principais representantes do iluminismo. Ele é conhecido por sua teoria ética deontológica, que defende que existem certos de veres e
obrigações morais que devem ser seguidos independentemente das consequências práticas ou das preferências pessoais. Segundo Kant, a
moralidade de uma ação deve ser determinada pela intenção por trás dela, e não pelos resultados ou consequências que esta produz. Algumas
de suas obras mais famosas incluem "A Crítica da Razão Pura", "A Crítica da Razão Prática" e "A Metafísica dos Costumes".
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A deontologia foi desenvolvida pelo filósofo alemão Immanuel Kant, que defendia que
existem leis morais universais que se aplicam a todos os seres racionais e que podem ser
conhecidas pela razão. De acordo com Kant, os indivíduos têm o dever de agir de acordo com
essas leis morais, independentemente das consequências.

A deontologia é uma disciplina ampla e complexa que é estudada por filósofos e outros
profissionais em diferentes áreas, como a ética empresarial, a ética médica, a ética política ou
a ética ambiental, estipulando um conjunto de deveres.

2.4 O Direito

"O direito é o conjunto de normas e princípios que regem a convivência em sociedade, visando a
garantir a paz, a justiça e a liberdade." - John Locke4

O direito é um conjunto de normas e leis que regulam a conduta humana na sociedade.


Tem como objetivo proteger os direitos e os interesses das pessoas e garantir a justiça social.
O direito pode ser dividido em diferentes ramos, como o direito civil, o direito penal, o direito
do trabalho, entre outros.

Aliás, o direito e a ética são duas áreas que estão diretamente relacionadas e que têm como
objetivo promover o bem-estar e a justiça na sociedade, sendo que o direito é um conjunto de
normas e princípios que regulam a vida em sociedade e que visam garantir a proteção dos
direitos e interesses das pessoas e da coletividade.

Assim, a ética pode ser vista como uma dimensão fundamental para o direito, uma vez que
os valores e normas morais são o ponto de partida para a elaboração de leis justas e
equilibradas. Além disso, a ética também pode orientar quem aplica o direito, ajudando-o a
tomar decisões justas e equilibradas na interpretação e aplicação das leis. Em resumo, o direito

4John Locke foi um filósofo, teólogo e político inglês do século XVII, considerado um dos principais representantes do iluminismo e um
dos fundadores do liberalismo moderno. Ele é conhecido por suas ideias sobre a natureza humana, o governo e a liberdade individual, que
foram influentes na Revolução Inglesa e na Revolução Americana. Segundo Locke, o ser humano nasce como uma "tabula rasa", ou seja,
como uma folha em branco, e é a experiência e a educação que o levam a formar suas ideias e opiniões. Ele defendia a liberdade individual
e a propriedade privada como direitos naturais, e acreditava que o governo deve ser limitado pelas leis e pelo contrato socia l. Algumas de
suas obras mais famosas incluem "Ensaio sobre o Entendimento Humano" e "Segundo Tratado sobre o Governo Civil".
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e a ética são complementares e ambos são importantes para garantir o bem-estar e a justiça na
sociedade.

2.5 A Ética, a Moral, a Deontologia e o Direito

"A ética é a ciência que estuda os valores e princípios que orientam as ações humanas, enquanto a
moral é o conjunto de normas e regras que regem o comportamento em sociedade. A deontologia é
uma teoria ética que se baseia na noção de dever e obrigação, defendendo que o agir moralmente
certo é aquilo que cumpre um dever ou segue uma regra moral, independentemente dos resultados ou
consequências práticas. O direito, por sua vez, é a ciência que estuda as normas e os princípios que
regulam a vida em sociedade, bem como as instituições encarregadas de aplicá-las e interpretá-las,
visando a garantir a justiça e a paz social." - Immanuel Kant

A ética, a moral, a deontologia e o direito têm alguns pontos em comum, mas também
são disciplinas distintas. A ética e a moral são disciplinas filosóficas que se ocupam da
reflexão sobre o que é certo ou errado, enquanto a deontologia é uma parte da ética que se
ocupa dos deveres e obrigações morais. O direito, por sua vez, é um conjunto de normas e leis
que regulam a conduta humana em uma sociedade.

A ética, a moral, a deontologia e o direito são quatro conceitos que estão relacionados, mas
que diferem nos seguintes aspetos:

● A ética é o estudo das questões morais e das diferentes formas de se comportar de


maneira correta, concentrando-se nas questões relacionadas com o bem e com o mal,
com a justiça e a injustiça, e com o que é certo ou errado;

● A moral é o conjunto de valores, crenças e normas compartilhados por uma sociedade


ou cultura que orientam o comportamento dos indivíduos. A moral pode ser
influenciada por diferentes fatores, como a religião, a filosofia, a educação e a lei;

● A deontologia é o estudo das obrigações e dos deveres éticos que os indivíduos têm
uns com os outros e com a sociedade, centrando-se nas regras e princípios que devem
ser seguidos;

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● O direito é o conjunto de leis e normas que regem a sociedade e que devem ser
seguidas pelos indivíduos e pelas instituições. O direito estabelece os direitos e
deveres das pessoas, bem como os mecanismos para proteger esses direitos e resolver
conflitos.

Em suma, a ética é o estudo das questões morais, a moral é o conjunto de valores e normas
compartilhados por uma sociedade, a deontologia é o estudo das obrigações éticas e o direito
é o conjunto de leis e normas que regem a sociedade.

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3. ÉTICA – EVOLUÇÃO HISTÓRICA

A ética tem uma longa história de desenvolvimento e evolução, que tem sido influenciada
por diferentes filósofos, culturas e períodos históricos.

Na Antiguidade, os filósofos gregos foram os primeiros a refletirem sobre a ética de


maneira sistemática. O filósofo grego Sócrates5 foi um dos primeiros a questionar as crenças
e os valores de sua sociedade, na busca de uma verdade mais profunda e universal. Segundo
Sócrates, a virtude humana consiste na busca do conhecimento para alcançar a felicidade.

Sócrates inspirou os seus discípulos, Platão e Aristóteles, que desenvolveram a sua


doutrina. Os três filósofos consideram o Homem não como o ente isolado, mas como um ser
social.

Platão6 estabeleceu uma hierarquia das ideias na qual conferia um lugar supremo ao bem,
desenvolveu uma teoria ética baseada na noção de que existem formas ideais de coisas, como
a justiça e a beleza, que são independentes da realidade sensível e que podem ser conhecidas
por meio da razão. Segundo ele, a questão moral não é um problema somente do indivíduo,
mas das relações coletivas.

Aristóteles7, desenvolveu uma teoria ética baseada na ideia de que há uma finalidade ou
propósito para tudo o que existe, incluindo os seres humanos. Ele acreditava que o bem
supremo para o ser humano era a felicidade, que podia ser alcançada através da vida virtuosa
e da prática da razão, exercendo uma forte influência no pensamento ocidental.

Na Idade Média, a ética foi fortemente influenciada pelo cristianismo e muitos filósofos
cristãos, como Santo Agostinho8 e Tomás de Aquino9, que desenvolveram teorias éticas
baseadas na Bíblia e nos ensinamentos de Jesus, admitem que a única contemplação que
garante a felicidade é a contemplação de Deus, de quem teremos conhecimento só na vida

5 Sócrates (470 - 399 a.C.), filósofo ateniense da Grécia antiga, reconhecido como pai da filosofia;
6
Platão (428 - 348 a.C.), filósofo e matemático ateniense da Grécia antiga;
7 Aristóteles (384 - 322 a.C.), filósofo da Grécia antiga;
8
Santo Agostinho (354 - 430), filósofo, bispo e importante teólogo cristão do norte de África durante a denominação romana
9 Tomás de Aquino (1225 - 1274) frei católico, filósofo e teólogo italiano da Idade Média, da Ordem Dominicana

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futura, após a morte. Portanto, a cultura ocidental esteve marcada pela tradição moral fundada
nos valores religiosos e na crença na vida depois da morte.

A partir da Idade Moderna, os princípios éticos e morais distanciam-se da doutrina


religiosa. O ser moral e religioso convive separadamente, admite-se que uma pessoa que não
crê em Deus também pode ser ética, porque os fundamentos dos valores não se encontram em
Deus, mas no próprio ser humano - a ética foi influenciada pelo racionalismo e pelo
iluminismo. O filósofo alemão Immanuel Kant, desenvolveu uma teoria ética baseada na
noção de que existem leis morais universais que se aplicam a todos os seres racionais e que
podem ser conhecidas pela razão.

Na atualidade, a ética é uma disciplina filosófica ampla e complexa que inclui diferentes
teorias e abordagens. Alguns filósofos contemporâneos continuam a desenvolver teorias
éticas baseadas em princípios universais, enquanto outros defendem a ética relativista, que
sustenta que os valores morais são dependentes da cultura e do contexto social. Muitos são os
desafios para tentar construir a vida ética e moral. A questão que se coloca hoje é a superação
dos obstáculos que dificultam a existência de princípios para a boa conduta. Algumas dessas
dificuldades derivam da sociedade individualista, incapaz de praticar a solidariedade e a
tolerância. Além disso, há também uma série de outras disciplinas, como a ética empresarial,
a ética médica e a ética política, que se ocupam de questões específicas relacionadas com a
ética.

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4. A ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

A ética é uma questão importante na administração pública, considerando que os


trabalhadores em funções públicas são responsáveis por tomar decisões e executar atividades
que afetam a vida dos cidadãos e da sociedade em geral, sendo, por isso, muito importante
que estejam comprometidos com a integridade e a honestidade e que atuem de acordo com os
valores éticos da sociedade.

"A ética no serviço público não é uma questão de conveniência; é uma necessidade fundamental. Os
servidores públicos devem ser submetidos aos mais altos padrões de integridade e responsabilidade
para manter a confiança dos cidadãos ..." - Barack Obama10

Existem várias maneiras pelas quais a ética pode ser aplicada na administração pública.
Algumas delas incluem:

● Cumprimento dos deveres éticos: Os trabalhadores em funções públicas devem


cumprir com os deveres éticos que lhes são exigidos, como ser honestos, transparentes
e responsáveis;

● Respeito pelos direitos dos cidadãos: Os trabalhadores em funções públicas devem


respeitar os direitos dos cidadãos e tratá-los de maneira justa e equitativa;

● Evitar conflitos de interesse: Os trabalhadores em funções públicas devem evitar


qualquer situação que possa levar a um conflito de interesse, como aceitar presentes
ou outras vantagens indevidas;

● Agir de maneira responsável: Os trabalhadores em funções públicas devem tomar


decisões baseadas nas melhores evidências disponíveis e considerar os efeitos dessas
decisões sobre a sociedade e,

10
Barack Obama é um ex-presidente dos Estados Unidos. Ele foi o 44º presidente dos Estados Unidos de 2009 a 2017. Membro do Partido
Democrata foi o primeiro presidente afro-americano dos Estados Unidos. Durante sua presidência, Obama concentrou-se em questões como
a reforma do sistema de saúde, mudanças climáticas e a política externa. Depois de deixar o cargo, Obama continuou ativo na v ida pública
e escreveu vários livros, incluindo "A Audácia da Esperança" e "Uma Terra Prometida".
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● Manter a confidencialidade: Os trabalhadores em funções públicas devem respeitar a


confidencialidade de informações sensíveis e só as compartilhar quando for
apropriado e permitido por lei.

Os princípios de ética na administração pública são valores e normas que devem orientar
o comportamento dos trabalhadores em funções públicas no exercício de suas funções. Alguns
dos principais princípios de ética na administração pública incluem, entre outros:

● Imparcialidade: os trabalhadores devem tratar todos os cidadãos de forma justa e


equitativa, sem discriminação ou favoritismo;

● Transparência: a administração pública deve ser transparente nas suas decisões e


ações, permitindo que a sociedade conheça os motivos e os processos envolvidos;

● Responsabilidade: os trabalhadores devem ser responsáveis pelas suas ações e pelo


uso dos recursos públicos;

● Integridade: os trabalhadores devem ser honestos e íntegros em suas ações e decisões;

● Eficiência: a administração pública deve atuar de forma eficiente, otimizando o uso


dos recursos disponíveis e prestando serviços de qualidade aos cidadãos.

O cumprimento destes princípios é fundamental para garantir a confiança da sociedade na


administração pública e para assegurar que esta atue de forma justa e responsável, no seu
papel de servir o bem comum. Muitos destes princípios encontram consagração no Código
de Procedimento Administrativo (CPA), aprovado em anexo ao Decreto-Lei n.º 4/2015, de
7 de janeiro, o qual reúne um conjunto de normas que regulamentam o funcionamento da
administração pública, incluindo os procedimentos a serem seguidos pelos órgãos e entidades
públicas na tomada de decisões e na prestação de serviços ao público, bem como os princípios
que devem nortear toda a atividade administrativa. O CPA tem como objetivo assegurar a
transparência e a eficiência da administração pública, bem como garantir o devido processo
legal e o respeito aos direitos dos cidadãos.

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No entanto, em Portugal, a ética na administração pública é regulamentada por várias


outras leis e regulamentos. Alguns exemplos incluem:

● Resolução n.º 51/59, da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 12 de dezembro de


1996, que contém em anexo, o Código Internacional de conduta dos agentes da função
pública;

● Recomendação de 23 de abril de 1998, do Conselho da OCDE, sobre a melhoria da


conduta ética no serviço público;

● Decreto-Lei n.°135/99, de 22 de abril, com as alterações vigentes, o qual estabelece


medidas de modernização administrativa;

● A Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia (2000), a qual consagra o


direito a uma boa administração (artigo 41°);

● A Carta Ética da Administração Pública;

● Regime da Responsabilidade Civil Extracontratual do Estado (aprovado em anexo à


Lei n.° 67/2007, de 31 de dezembro);

● Código do Trabalho (aprovado pela Lei n.º 7/2009, de 12 de fevereiro);

● Recomendação n.º 1/2009, do Conselho de Prevenção da Corrupção, sobre Planos de


Gestão de Riscos de Corrupção e Infrações Conexas;

● Recomendação n.º 5/2012, do Conselho de Prevenção da Corrupção, sobre Gestão de


conflitos de interesses no setor público

● Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas (aprovada em anexo à Lei n° 35/2014, de


20 de junho);

● Regime de acesso à informação administrativa e ambiental e de reutilização dos


documentos administrativos (Lei n.º 26/2016, de 22 de agosto)

● Regulamento Geral de Proteção de Dados (Lei n.º 58/2019, de 08 de agosto)

● A Resolução do Conselho de Ministros n.º 37/2021, de 6 de abril, a qual aprova a


Estratégia Nacional Anticorrupção 2020-2024;

● Regime Geral de Prevenção da Corrupção (aprovado em anexo ao Decreto-Lei n.º


109-E/2021, de 9 de dezembro);
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● Regime Geral de Proteção de Denunciantes de Infrações (Lei n.º 93/2021 de 20 de


dezembro).

Analisando as alterações legislativas, contata-se que se verificou uma mudança de


paradigma por parte do legislador, com um reforço patente e significativo de uma lógica de
obrigatoriedade que excede em muito, a mera aceitação voluntária, reforçando-se,
designadamente o plano da coercibilidade quanto às medidas preconizadas, as quais devem
ter a sua concretização normativa no âmbito sancionatório.

Assim, de um modelo baseado na "soft law", caracterizado por ser mais flexível e menos
rígido, entendendo-se como um conjunto de normas que não têm caráter obrigatório, mas que
podem ser tomadas como referência ou orientação para a tomada de decisões (alguns
exemplos de "soft law" incluem declarações de princípios, resoluções de organizações
internacionais, códigos de conduta e regras voluntárias), passamos para um enquadramento
visivelmente impressivo, vinculativo e mesmo tipificado no âmbito disciplinar,
contraordenacional e penal para quem comete ilícitos enquadráveis nos diversos regimes
jurídicos, ou seja, para um modelo com caráter obrigatório em que as leis são aplicadas de
forma mais rigorosa: a “hard law”.

Este novo modelo faz uma referência expressa às penalidades no plano disciplinar,
contraordenacional e penal, pelo que foi essencial integrar a "hard law" nos Códigos de
Conduta.

A “hard law”, é então um conjunto de normas que são obrigatórias e é mais rígida do que
a “soft law”, pois tem consequências legais mais gravosas para aqueles que a desrespeitam.

Como exemplo, temos a Lei n.º 73/2017, de 16 de agosto, retificada pela Declaração de
Retificação n.º 28/2017, de 2 de outubro, veio reforçar o quadro legal no âmbito da prevenção
e combate da prática de assédio no trabalho, introduzindo alterações na Lei Geral do Trabalho
em Funções Públicas, aprovada pela Lei n.º 35/2014, de 20 de junho, bem como no Código
do Trabalho, aprovado pela Lei n.º 7/2009, de 12 de fevereiro.

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4.1 Códigos de Ética e Conduta

Os Códigos de Ética e Conduta são documentos que estabelecem os princípios éticos e as


regras de conduta que devem ser seguidos por indivíduos ou organizações. O seu objetivo é
o de promover a integridade e a transparência nas atividades dessas pessoas ou organizações
e assegurar que suas decisões e ações sejam tomadas de forma ética e justa.

A ideia de estabelecer Códigos de Ética e Conduta não é nova, mas a sua utilização tem
evoluído ao longo da história. Desde a antiguidade, os códigos foram usados para estabelecer
as regras e os padrões de ética e conduta esperados em diferentes sociedades e grupos, tendo
sido usados por governos, religiões e profissões para estabelecer os valores e os padrões de
comportamento esperados dos seus membros.

Na Idade Média, este tipo de códigos foi usado principalmente por governos e religiões
para estabelecer as regras de conduta esperadas dos seus cidadãos e fiéis.

Na atualidade, os Códigos de Ético e Conduta começaram a ser usados noutras áreas, como
as organizações e o mundo empresarial, profissões ou organizações sem fins lucrativos. Na
área empresarial, os códigos foram desenvolvidos como uma forma de promover a integridade
e a transparência nas atividades e garantir que as decisões e ações sejam tomadas de forma
ética e justa, alinhadas com a missão das entidades, vinculando os trabalhadores a certos
padrões de comportamento.

Na administração pública é usual que os serviços adotem códigos de conduta, que


concretizam o acima descrito.

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5. ESTUDO DE CASO

5.1 Códigos de Ética e Conduta das Câmaras Municipais

Os Códigos de Ética e Conduta das Câmaras Municipais são documentos que


estabelecem os padrões éticos a serem seguidos pelos membros da autarquia e pelos
funcionários das Câmaras Municipais. Eles visam garantir que todos os envolvidos na gestão
do Município respeitem os valores e princípios éticos e agem de forma transparente e
responsável.

Os Códigos de Ética e Conduta podem incluir diversos princípios éticos, como


honestidade, integridade, transparência, responsabilidade e respeito pelos direitos humanos.
Também podem estabelecer regras específicas e formas de atuação perante matérias como
conflito de interesses, uso de informações confidenciais, relações com terceiros, compras e
licitações.

No presente trabalho, e antes de abordar os respetivos códigos, optámos por começar por
apresentar, relativamente à Câmara Municipal de Sintra e à Câmara Municipal de Cascais, a
sua história e a sua missão, valores e visão atuais. A história é importante porque reflete a
evolução e o desenvolvimento da comunidade local ao longo do tempo, podendo ajudar a
compreender as razões pelas quais determinadas políticas e decisões foram tomadas e como
elas afetaram a comunidade local. Já a missão, os valores e a visão de uma autarquia são
fundamentais para saber qual a sua orientação e para garantir que os serviços prestados à
comunidade reflitam os interesses e as necessidades da população. A missão define o objetivo
principal da autarquia e o papel que ela desempenha na comunidade, enquanto os valores
estabelecem os princípios éticos e os padrões de comportamento que orientam suas ações. A
visão fornece um horizonte a longo prazo para a autarquia, estabelecendo o que ela espera
alcançar no futuro. Ao ter uma missão, valores e visão claramente definidos, a autarquia pode
orientar as suas ações e tomar decisões de forma coerente e consistente com seus objetivos e
prioridades. Isso também ajuda a estabelecer a confiança e a credibilidade da autarquia junto
à comunidade, pois as pessoas sabem o que ela se propõe a fazer e como ela pretende fazê-lo.
Além disso, a missão, os valores e a visão também podem ser usados como um guia para atrair
e reter funcionários comprometidos com os objetivos da autarquia e para estabelecer relações

17
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positivas com parceiros e stakeholders. Assim, esta informação é um grande auxílio na


promoção da transparência e da responsabilidade da autarquia, assegurando que está a
trabalhar em direção a um futuro melhor para o seu município e servindo também como
referencial para a conduta de todos os seus elementos.

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Ética e Deontologia na Administração Pública

6. CÓDIGO DE CONDUTA ÉTICA DA CÂMARA MUNICIPAL DE


SINTRA

6.1 História e Caracterização do Concelho de Sintra

A Câmara Municipal de Sintra foi criada em 1853, como parte do processo de


reorganização administrativa do país que se seguiu à Revolução de 1851. Até então, Sintra
era administrativamente dependente do Concelho de Colares, mas a sua elevação a Câmara
Municipal permitiu-lhe assumir autonomia administrativa e a responsabilidade por gerir os
assuntos locais da cidade.

Antes do início da Câmara Municipal, Sintra já tinha uma longa história. A cidade foi
mencionada pela primeira vez na literatura no ano de 711, quando foi tomada pelos Mouros.
Mais tarde, tornou-se um importante centro de poder durante a época medieval, quando foi a
residência dos reis de Portugal. A cidade também foi palco de importantes eventos históricos,
como a Revolução Liberal de 1820, que levou à instauração da monarquia constitucional em
Portugal.

Ao longo dos séculos, a Câmara Municipal de Sintra tem desempenhado um papel


fundamental na gestão dos assuntos locais da cidade e na promoção do desenvolvimento
económico e cultural de Sintra. Atualmente, a Câmara Municipal de Sintra continua a
desempenhar um papel importante na vida da cidade, trabalhando para garantir o bem-estar
dos munícipes e promover o turismo de forma responsável e sustentável.

O Concelho de Sintra tem uma área de cerca de 300 km², com 377.835 habitantes e é, logo
após Lisboa (547.733 habitantes), o segundo município mais populoso de Portugal. A Vila de
Sintra é conhecida pela sua rica história, belas paisagens e monumentos históricos, incluindo
o Palácio da Pena e o Castelo dos Mouros.

A Câmara Municipal tem várias competências, incluindo a gestão do orçamento do


município, a elaboração de políticas públicas e o apoio a projetos de investimento. Além disso,
a Câmara Municipal é responsável pela manutenção dos edifícios públicos, parques e jardins
da cidade, bem como pela gestão do trânsito e estacionamento na cidade.

Ao longo da sua história, a Câmara Municipal de Sintra tem desempenhado um papel


importante na promoção do turismo na cidade, através da preservação e valorização dos seus
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Licenciatura em Gestão Pública – 3.º ano
Ética e Deontologia na Administração Pública

monumentos históricos e paisagens naturais. Sintra é hoje um destino turístico muito popular,
atraindo visitantes de todo o mundo para apreciar a sua beleza natural e arquitetónica, pelo
que temos assistido a um investimento nesta área para promover o turismo de forma
responsável e sustentável, a fim de garantir que a cidade possa beneficiar do seu património
turístico sem prejudicar o ambiente ou a qualidade de vida dos habitantes locais.

6.2 Missão, Valores e Visão da Câmara Municipal de Sintra

A Câmara Municipal de Sintra é a autarquia responsável pela administração do município


de Sintra, em Portugal.

A missão da Câmara Municipal de Sintra é criar condições de bem-estar e qualidade de


vida para os cidadãos e suas famílias, valorizando e envolvendo os trabalhadores da Câmara
Municipal, favorecendo a cooperação entre as unidades orgânicas com comprometimento e
sentido de serviço, indo ao encontro das expetativas de quem aqui vive, trabalha e nos visita,
projetando Sintra como Património Mundial no país e no mundo.

Os valores da Câmara Municipal de Sintra incluem a solidariedade, o serviço público,


subordinado à Lei e à equidade, a transparência, o acolhimento e integração, respeitando a
diversidade étnica, social, económica e cultural, a participação, diálogo e consenso e a
informação.

A visão da Câmara Municipal de Sintra é ser um Município de Excelência, transparente na


sua gestão e nas suas opções, autónomo nas suas finanças, respeitado pelos cidadãos e pelas
instituições, que sempre coloca as pessoas no centro das decisões políticas.

6.3 Código de Ética

A primeira versão do Código de Conduta Ética da Câmara Municipal de Sintra foi


aprovada em reunião ordinária de 24 de outubro de 2016, com as alterações aprovadas em
reunião do Executivo de 7 de fevereiro de 2017. No entanto, face às alterações legislativas e
à mudança organizacional da Estrutura Nuclear e Flexível, entretanto verificada desde 2016,
foi necessário rever o Código de Conduta e introduzir alterações e aditamentos, pelo que a
segunda versão data de abril de 2022.
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Licenciatura em Gestão Pública – 3.º ano
Ética e Deontologia na Administração Pública

No presente Código é mencionado que:

“O desempenho dessa missão pública implica que cada trabalhador ou colaborador municipal,
individualmente considerado, tenha a responsabilidade e um dever de lealdade perante o Município
e respeito pelos direitos dos cidadãos, devendo não só obediência ao regime jurídico vigente, mas
também, aos princípios éticos que enformam o seu desempenho, privilegiando os mesmos acima de
quaisquer ganhos privados ou pessoais”.

“As especificidades das funções desempenhadas e o respeito de princípios e deveres basilares à defesa
do interesse público impõem a criação de um conjunto normativo que sistematize, de uma forma clara
e objetiva, as linhas de orientação em matéria administrativa, de ética profissional e dos padrões de
comportamento reconhecidos e adotados por todos os trabalhadores e colaboradores,
independentemente do seu vínculo laboral”.

O Código aplica-se à CMS, aos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento, SMAS,


às respetivas unidades orgânicas e trabalhadores (incluindo dirigentes e chefias) e
colaboradores (designadamente peritos, consultores, estagiários e bolseiros e prestadores de
serviços de ambas as entidades), independentemente do seu vínculo contratual.

O Código da CMS dedica um artigo ao que designa por Princípios Gerais, a seguir
enunciados:

● Prossecução do interesse público e da proteção dos direitos e interesses dos


cidadãos;

● Boa-administração, competência e responsabilidade;

● Profissionalismo e eficiência;

● Isenção, independência, imparcialidade e discrição;

● Justiça, razoabilidade, igualdade e proporcionalidade;

● Transparência;

● Correção e boa-fé;

● Colaboração e participação;
21
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● Lealdade, integridade pessoal e honestidade;

● Qualidade e boas práticas;

● Efetividade da prestação laboral;

● Proteção de dados pessoais;

● Prevenção e combate à corrupção e infrações conexas;

● Gestão do risco;

● Prevenção e combate ao assédio no trabalho;

● Práticas compatíveis com regime jurídico da segurança do ciberespaço.

A estes princípios, para os quais a CMS não apresenta uma definição, acrescem referências
à necessidade de cordialidade e respeito nas relações entre colaboradores, à obrigatoriedade
de não discriminação, à imparcialidade e à igualdade, tratamento justo, equidade e boa-fé.

A CMS dedica ainda outros artigos, na secção relativa aos Princípios Gerais, ao princípio
da independência, relacionado com os conflitos de interesses, à acumulação de funções e
obrigatoriedade da sua comunicação, ao sigilo e confidencialidade e ao princípio da
legalidade. Assim, estes princípios acabam por estar descritos de forma mais detalhada do que
os acima enunciados.

O Código de Conduta Ética da CMS dedica uma secção inteira ao relacionamento com o
cidadão, denotando a importância que atribui à ética nesta matéria. Nela são abordadas as
seguintes temáticas:

● Atendimento aos cidadãos, referindo a importância da cortesia, da celeridade na


prestação de informações, do cumprimento da legalidade e da necessidade da
permanente atualização da informação disponibilizada no site da instituição;

● Informações sobre procedimentos administrativos e direito à informação, no


cumprimento do princípio da transparência;

● Direito de participação, através de consultas públicas e canais para apresentação de


sugestões e comentários;

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Ética e Deontologia na Administração Pública

● Contacto com os meios de comunicação social, para o qual os funcionários devem


estar devidamente mandatados.

É ainda apresentada uma secção dedicada à política de utilização de recursos, segundo a


qual:

● Não deve ser dada outra utilização aos recursos públicos que não os fins a que se
destinam;

● Os recursos devem ser utilizados com parcimónia, limitando-se custos e despesas,


numa perspetiva de eficiência e economia;

● Deve ser dada uma utilização correta aos recursos informáticos, referindo-se, neste
âmbito, aos princípios éticos das comunidades sociais, que não explicita.

No regime sancionatório e disposições finais são ainda abordadas as seguintes temáticas:

• Contributo dos colaboradores, que destaca a importância e empenho de todos no


cumprimento do Código e a inclusão de formação sobre o mesmo nos planos de
formação inicial e contínua;

• Combate à corrupção, que se refere à aplicação do Plano de Prevenção de Riscos de


Corrupção e Infrações Conexas (que não encontramos disponível online, uma vez que
apenas estará disponível na intranet da instituição);

• Gestão do risco, que volta a mencionar a elaboração do Plano de Prevenção de Riscos


de Corrupção e Infrações Conexas;

• Prevenção e combate ao assédio no trabalho, relativamente à qual a CMS adotou o


Código de Boa Conduta para a Prevenção e Combate ao Assédio no Trabalho;

• Auditoria Interna, que destaca a necessidade de monitorização e avaliação do grau de


cumprimento do Plano de Prevenção de Riscos de Corrupção e Infrações Conexas;

• Compromisso de cumprimento, segundo o qual o conhecimento do conteúdo do


Código por parte dos colaboradores é da responsabilidade dos dirigentes e chefias, que

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Ética e Deontologia na Administração Pública

o divulgam junto dos mesmos, devendo ainda estar disponível em todas as unidades
orgânicas.

Inclui ainda uma descrição do tipo de crimes, o seu enquadramento legal e a pena prevista,
que apresentamos no quadro seguinte:

Incumprimento do Código

Crime Enquadramento Legal Pena prevista

Corrupção p.p. pelo artigo 373. ° do Com pena abstrata de um a oito anos de
Código Penal prisão

Recebimento e oferta p.p. pelo artigo 372. ° do Com pena abstrata até cinco anos de
indevidos de vantagem, Código Penal, prisão ou com pena de multa até 600
dias
Peculato p.p. pelo artigo 375. ° do Com pena abstrata de um a oito anos
Código Penal

Participação económica em p.p. pelo artigo 377. ° do Com pena abstrata até 5 anos de prisão
negócio Código Penal,

Concussão p.p. pelo artigo 379. ° do Com pena abstrata até 2 anos de prisão
Código Penal, ou 240 dias de multa

Abuso de poder p.p. pelo artigo 382. ° do Com pena abstrata até 3 anos de prisão
Código Penal, ou pena de multa

Prevaricação p.p. pelo artigo 369. ° do Com pena abstrata de até 2 anos de
Código Penal, prisão ou 120 dias de multa
Tráfico de influência p.p. pelo artigo 335. ° do Com pena abstrata de 1 a 5 anos de
Código Penal prisão
Branqueamento ou fraude na p.p. pelo artigo 368. °-A Com pena abstrata de 6 meses a 5 anos
obtenção ou desvio de do Código Penal de prisão
subsídio, subvenção ou
crédito

Tabela 1 - Incumprimento do código (Câmara Municipal de Sintra)

O Código de Conduta Ética da Câmara Municipal de Sintra é um documento vivo e é


revisto de 3 em 3 anos, podendo ser atualizado quando necessário, para se adequar às
necessidades e às mudanças na sociedade. É um importante instrumento para garantir que a

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Licenciatura em Gestão Pública – 3.º ano
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Câmara Municipal de Sintra atue de forma ética e transparente e promova o bem-estar dos
munícipes de Sintra.

Por último, é ainda pertinente referir que em abril de 2022, a Câmara Municipal de Sintra
aprovou, em reunião do executivo, o Código de Boa Conduta para a Prevenção e Combate
ao Assédio no Trabalho que define os princípios orientadores de uma política que garanta
um ambiente seguro e saudável no local de trabalho, tendo como propósito estabelecer uma
política de prevenção de riscos psicossociais, defender os princípios e valores de não
discriminação e de prevenção e combate ao assédio no trabalho, servindo também de guia
orientador no âmbito da resolução de questões éticas, morais e comportamentais, nos termos
da legislação em vigor.

Este Código veio definir e implementar os princípios e as normas que devem ser
observadas no cumprimento das atribuições desenvolvidas pelos serviços municipais e em
alinhamento com a missão, visão e valores da autarquia, bem como clarificar as medidas de
âmbito preventivo e de combate ao assédio e o regime sancionatório associado.

Este documento pretende ser uma referência para autarcas, dirigentes, trabalhadores e
colaboradores do município, contribuindo para incentivar o respeito e a cooperação entre
todos num ambiente de trabalho digno e promover uma cultura organizacional pautada pelos
princípios da legalidade, da transparência, integridade e da não discriminação por forma a
gerar e manter a credibilidade e o prestígio do município de Sintra.

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7. CÓDIGO DE ÉTICA E CONDUTA DA CÂMARA MUNICIPAL


DE CASCAIS

7.1 História e Caraterização do Concelho de Cascais

A Câmara Municipal de Cascais é um município português do distrito de Lisboa,


responsável por garantir o cumprimento das leis municipais e por gerir os recursos e serviços
do município, incluindo a gestão financeira, o planeamento urbano, a proteção do ambiente,
o apoio às empresas e o desenvolvimento cultural.

A Câmara Municipal de Cascais foi criada em 1340, quando D. Afonso IV de Portugal


concedeu a carta de foral ao Concelho de Cascais. A carta de foral é um documento que
estabelecia as regras e privilégios que regiam a vida dos habitantes de uma vila ou cidade. Na
época, Cascais era uma pequena vila de pescadores e agricultores que se desenvolvia ao longo
da costa oeste de Portugal.

Ao longo dos séculos, a Câmara Municipal de Cascais teve um papel importante na história
do município, participando ativamente no desenvolvimento económico, cultural e social do
Concelho. Em 1868, por exemplo, a Câmara Municipal de Cascais promoveu a construção do
primeiro hotel da vila, o Hotel Central, o que incentivou o turismo na região.

Atualmente, a Câmara Municipal de Cascais é um órgão moderno e dinâmico, responsável


por garantir o bem-estar e o desenvolvimento da comunidade de Cascais.

É um destino turístico popular, conhecido pela sua bela paisagem costeira, pelas suas praias
de águas cristalinas e pelo seu clima ameno. Cascais é um município com uma área de 97,4
km2, com 212.474 mil habitantes. É uma cidade de caráter residencial, mas também é
conhecida pelas suas atividades empresariais e turísticas. A economia do município baseia-se
principalmente no turismo, na indústria e no comércio.

7.2 Missão, Valores e Visão da Câmara Municipal de Cascais

A Câmara Municipal de Cascais é a autarquia responsável pela administração do município


de Cascais, em Portugal. Cada autarquia tem a sua própria missão, valores e visão, que são
definidos pelos seus órgãos de gestão e refletem os objetivos e prioridades da comunidade
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Ética e Deontologia na Administração Pública

local. No entanto, não nos foi possível encontrar, relativamente a este município, qualquer
informação acerca dos mesmos.

7.3 Código de Ética e Conduta do Município de Cascais

A primeira versão do Código de Ética e Conduta do Município de Cascais é datada de


15 de julho de 2019 e teve a sua última revisão em julho de 2022, sendo ainda muito recente.
A última atualização foi realizada de acordo com o Regime Geral de Prevenção da Corrupção,
aprovado pelo Decreto-Lei n.º 109-E/2021, de 9 de dezembro.

O Código aplica-se aos trabalhadores e colaboradores da Câmara Municipal de Cascais,


vinculando todos os membros da Câmara Municipal, respetivos eleitos, bem como todas as
pessoas que têm um vínculo de emprego público por contrato de trabalho, nomeação ou
comissão de serviço, ou contrato de prestação de serviço com a autarquia. São definidos um
conjunto de princípios, valores e regras em matéria de ética profissional, que devem ser
observados para um adequado desempenho da Câmara Municipal de Cascais e dos seus
trabalhadores e colaboradores, quer no relacionamento interno, quer nas relações que são
estabelecidas com os particulares e outras entidades.

Para a elaboração do Código a Câmara Municipal de Cascais baseou-se: nos princípios


éticos e valores da administração pública vertidos na Carta Ética da Administração Pública,
no Código do Procedimento Administrativo, na Recomendação n.º R (2000) 10, sobre os
Códigos de Conduta para os Agentes Públicos, do Comité de Ministros dos Estados Membros,
e no Código Europeu de Boa Conduta Administrativa, aprovado pela primeira vez pelo
Parlamento Europeu em 2001. Foi também considerada a proposta de Código de Conduta
Administrativa, apresentada pelo Provedor de Justiça.

A importância do Código de Ética e Conduta no município de Cascais reside na


necessidade de garantir que os seus colaboradores atuam de forma transparente e ética,
promovendo a confiança da população e contribuindo para o bem-estar da comunidade,
garantindo assim o cumprimento das funções de forma eficiente e justa, evitando qualquer
tipo de conflito de interesses ou corrupção. O Código é fundamental para garantir que os
colaboradores e decisores políticos agem de forma a reforçar a confiança da população.

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Licenciatura em Gestão Pública – 3.º ano
Ética e Deontologia na Administração Pública

O Código tem por objetivo identificar as regras, as normas de conduta e atuação pelas quais
os colaboradores supra identificados se regem e ainda de informação aos cidadãos de forma
a poder ser exigido o seu cumprimento.

O Capítulo II é dedicado aos princípios gerais do código:

1. Princípio do Serviço Público e da proteção dos direitos e interesses dos cidadãos;

2. Princípio da Legalidade;

3. Princípio da Integridade;

4. Princípio da Justiça e da Imparcialidade;

5. Princípio da Igualdade;

6. Princípio da Proporcionalidade;

7. Princípio da Responsabilidade;

8. Princípio da Colaboração e da Boa-Fé;

9. Princípio da Informação e da Qualidade;

10. Princípio da Lealdade;

11. Princípio da Competência e Responsabilidade;

12. Princípio da Administração Aberta;

13. Princípio da Proteção de Dados Pessoais.

São ainda definidos os princípios de bom governo, aqui resumidamente explanados:

1. Respeito pelos direitos humanos;


2. Satisfação do interesse público;
3. Garantia de participação dos cidadãos nas decisões que lhes digam respeito;
4. Uso responsável da tecnologia como meio para aumentar a eficiência, transparência e
proximidade;
5. Garantia de igualdade no acesso aos serviços, independentemente da forma de acesso;
6. Disponibilizar informação sobre os meios ao dispor dos cidadãos para impugnação de
decisões que os afetem, com prazos legais e órgão competente para apreciação;
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Licenciatura em Gestão Pública – 3.º ano
Ética e Deontologia na Administração Pública

7. Disponibilizar de forma ágil e com linguagem acessível um meio de receção dos


pedidos dos cidadãos;
8. Manter, nos termos da lei, o registo da correspondência e decisões tomadas;
9. Assegurar o melhor uso possível dos recursos disponíveis;
10. Garantir a participação dos cidadãos na avaliação dos serviços, com vista à melhoria
contínua dos serviços;
11. Promover a integração da diversidade cultural e religiosa com vista a aumentar a
coesão social;
12. Integrar os diferentes agentes sociais, facilitando o consenso político e social na
resposta às necessidades coletivas;
13. Promover a coordenação com outras entidades públicas.

O Capítulo III é dedicado às normas de conduta, sublinhando-se que:

• Deve ser adotada uma postura de respeito, cortesia e colaboração nas relações com os
cidadãos, prestando as informações e esclarecimentos que sejam necessários de forma
clara e transparente. Caso as pretensões dos cidadãos não sejam satisfeitas pelo serviço
onde presta funções, o colaborador do município deverá encaminhar os cidadãos para
o serviço competente;

• Devem os funcionários prestar funções com dedicação, zelo, diligência e guardar


sigilo de decisões e informações a que tenham acesso no exercício de funções,
aplicando-se este dever de sigilo mesmo depois de terminadas as suas funções no
município;

• Relativamente ao risco de corrupção e infrações conexas, a CMC atua de acordo com


o Regime Geral de Prevenção da Corrupção, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 109-
E/2021, de 9 de dezembro, tendo aprovado o Plano de Gestão de Riscos de Corrupção
e Infrações Conexas do Município, de forma a minimizar o risco de ocorrerem
situações de corrupção através de medidas preventivas como o registo de declarações
de interesses ou o registo de ofertas recebidas. A prática de quaisquer atos de
corrupção ou infrações conexas é remetida para o Código Penal, sendo aplicada pena
de prisão ou multa nos termos previstos. Está ainda prevista a sujeição a sanções
disciplinares;

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Licenciatura em Gestão Pública – 3.º ano
Ética e Deontologia na Administração Pública

• Conflito de interesses consiste numa situação em que um colaborador tem um interesse


privado que é suscetível de afetar a imparcialidade que o desempenho de funções
públicas exige;

• As ofertas institucionais podem condicionar a imparcialidade, quando se trate de bens


de valor estimado superior a 150 €;

• A transparência e o acesso à informação são cruciais, existindo canais próprios para


comunicação.

O Capítulo IV, sob a epígrafe Acompanhamento e Avaliação, prevê a nomeação de um


responsável pelo cumprimento deste código de Ética, com deveres de promoção da sua
divulgação e aplicação. A adequação e atualização é contínua, estando prevista ocorrer
periodicamente de três em três anos.

O município disponibiliza canais de denúncia internos e externos para comunicação acerca


de incumprimentos deste código, promovendo assim a transparência e incentivando o
cumprimento do mesmo.

Relativamente a possíveis sanções, o Código apenas indica que são aplicáveis as previstas
na lei.

A CMC aprovou também o Código de Boa Conduta para a Prevenção e Combate ao


Assédio Laboral, visando a não discriminação nem o assédio moral e sexual no trabalho,
garantindo a integridade moral dos seus colaboradores. Define assédio como a prática de um
comportamento indesejado, intencional e repetitivo, com o objetivo ou a consequência de
afetar a dignidade da pessoa ou criar um ambiente intimidativo, hostil, humilhante ou
desestabilizador.

A Câmara Municipal de Cascais implementou uma política de gestão de conflitos de


interesses, descrita no Manual de Gestão de Conflitos de Interesses, nos termos do Regime
Geral de Prevenção da Corrupção, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 109- E/2021, de 20 de
dezembro, o qual é aplicável também a colaboradores temporários, consultores externos e
prestadores de serviços.

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Licenciatura em Gestão Pública – 3.º ano
Ética e Deontologia na Administração Pública

O Manual apresenta-se como um mecanismo de identificação, acompanhamento e gestão


de potenciais conflitos de interesses, admitindo que existem riscos nas várias interações entre
o setor público e o setor privado, a sociedade civil e os indivíduos.

O Manual tem uma definição clara do que se entende por conflito de interesses,
classificando-o como real, aparente ou potencial, apresentando vários exemplos que ajudam
a clarificar estes conceitos.

Existe também uma ligação entre este Manual e o Código de Ética e Conduta,
relativamente ao regime das ofertas institucionais, verificando-se a definição de valores
monetários, o que vem limitar as questões ou dúvidas que possam eventualmente subsistir. É
igualmente descrito com pormenor o procedimento específico aplicável à situação de conflito
de interesses.

A CMC, tem fomentado uma cultura organizacional intolerante a conflitos de interesses,


apostando na transparência, ética e conformidade, através dos Canais de Denúncia para a
Promoção da Transparência Municipal, acessíveis no site, garantindo a proteção e sigilo dos
denunciantes, tendo como objetivo a identificação e gestão de interesses potencialmente
conflituantes de modo a preservar a confiança pública na instituição.

Este Manual está escrito numa linguagem muito acessível a todos os trabalhadores e
stakeholders, sendo efetivamente uma mais-valia a existência de vários exemplos, que ajudam
na compreensão dos conceitos em causa. Há também a definição de mecanismos de orientação
e consulta acessíveis a todos, os quais são úteis para prevenir, identificar e gerir situações
potenciais ou efetivas de conflitos de interesses.

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Licenciatura em Gestão Pública – 3.º ano
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8. ANÁLISE COMPARATIVA DOS CÓDIGOS DE ÉTICA

De acordo com o documento disponível online, o Código de Conduta Ética da Câmara


Municipal de Sintra é um documento que estabelece os padrões éticos a serem seguidos pelos
membros da autarquia e pelos funcionários da câmara municipal. Ele visa garantir que todos
os envolvidos na gestão da cidade respeitam os valores e princípios éticos e atuam de forma
transparente e responsável.

Já o Código de Ética e Conduta da Câmara Municipal de Cascais estabelece os princípios


e as regras de conduta que devem ser seguidos pelos membros da câmara, incluindo
vereadores, presidente e funcionários. Este código tem como objetivo assegurar a
transparência e a integridade nas atividades da câmara, bem como garantir que todas as
decisões e ações sejam tomadas de forma imparcial e justa.

Verifica-se, assim, que ambos os códigos têm como objetivo garantir a transparência e a
integridade nas atividades das câmaras municipais e assegurar que todas as decisões e ações
sejam tomadas de forma imparcial e justa, sendo semelhantes em muitos aspetos.

No entanto, existem algumas diferenças, desde logo no nome, o que pode parecer
irrelevante numa primeira análise, mas é da maior importância. Falando de ética falamos de
filosofia, da reflexão sobre a moral, isto é, sobre os valores e princípios que devem orientar a
conduta humana, debruçando-se sobre as questões relacionadas com o bem e o mal, o certo e
o errado, a justiça e a injustiça, entre outras. Esta reflexão é fundamental para o
desenvolvimento da consciência moral e para a construção de uma sociedade mais justa e
equilibrada. Concentrando-nos na conduta, esta é o reflexo das ações e comportamentos de
um indivíduo. Esta conduta ou comportamento, pode ser influenciada por fatores pessoais
como os valores, crenças e personalidade, e por fatores sociais como as normas e leis da
sociedade em que a pessoa vive.

Sintra tem o Código de Conduta Ética e Cascais tem o Código de Ética e Conduta,
sendo estes termos uma referência a documentos que estabelecem os princípios e valores
morais que devem orientar a conduta de pessoas ou instituições. Ambos os termos podem ser
usados para se referirem a documentos idênticos, mas existem algumas diferenças entre eles.
O Código de Conduta Ética é um documento que estabelece os valores éticos que devem ser
seguidos pelos colaboradores, no caso do município de Sintra. Ele define os valores e
princípios que guiam a atuação das pessoas e serve como auxílio para a tomada de decisões e
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Ética e Deontologia na Administração Pública

ações. Já o Código de Ética e Conduta do município de Cascais é um documento que abrange


os aspetos éticos e os aspetos de conduta que devem ser observados pelos colaboradores,
podendo incluir normas e orientações sobre questões éticas, como a honestidade, a integridade
e a responsabilidade, além de regras e procedimentos para garantir o cumprimento dessas
normas.

O Código de Conduta Ética da CMS tem o seu foco nos valores e princípios éticos que
devem orientar a conduta de uma pessoa, enquanto o Código de Ética e Conduta da CMC
inclui tanto os aspetos éticos quanto os aspetos de conduta que devem ser observados, o que
pode ser verificado, desde logo, ao nível do detalhe que é dado à descrição dos princípios.

A este nível é de salientar que, enquanto o código da Câmara Municipal de Cascais define
e densifica o que significa cada um deles, a Câmara Municipal de Sintra não o faz, o que, por
vezes, pode dificultar a sua interpretação pelos destinatários do código, ou seja, a sua tradução
em comportamentos esperados. Para além disso, tal tornou mais difícil a comparação dos dois
documentos. Ainda assim, elaborou-se a seguinte tabela, que visa apresentar uma visão geral
dos princípios contidos em cada um deles, tendo como referência os princípios do CPA.

Princípios CMS CMC


Comparação com princípios do CPA
Sim (ao longo do Sim (na lista de
Legalidade
texto) princípios)
Prossecução do interesse público e da proteção Sim (na lista de Sim (ao longo do
dos direitos e interesses dos cidadãos princípios) texto)
Sim (ao longo do Sim (ao longo do
Boa administração
texto) texto)
Sim (na lista de Sim (na lista de
Igualdade
princípios) princípios)
Sim (na lista de Sim (na lista de
Proporcionalidade
princípios) princípios)
Sim (na lista de
Sim (na lista de
Justiça e da razoabilidade princípios e ao longo
princípios)
do texto)
Sim (na lista de Sim (na lista de
Imparcialidade
princípios) princípios)
Sim (na lista de Sim (na lista de
Boa-fé
princípios) princípios)
Sim (na lista de Sim (na lista de
Colaboração com os particulares
princípios) princípios)

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Ética e Deontologia na Administração Pública

Princípios CMS CMC


Sim (ao longo do Sim (ao longo do
Participação
texto) texto)
Sim (ao longo do Sim (ao longo do
Decisão
texto) texto)
Sim (ao longo do Sim (ao longo do
Administração eletrónica
texto) texto)
Sim (na lista de Sim (na lista de
Responsabilidade
princípios) princípios)
Sim (ao longo do Sim (na lista de
Administração aberta
texto) princípios)
Sim (na lista de Sim (na lista de
Proteção dos dados pessoais
princípios) princípios)

Tabela 2 - Comparação de princípios de código de ética

Como se pode verificar, a CMS e a CMC não divergem muito ao nível dos princípios
constantes dos respetivos Códigos, situando-se a principal diferença ao nível do detalhe com
que os mesmos são tratados. Os princípios do Código da CMC, foram baseados na Carta Ética
da Administração Pública - Dez Princípios Éticos da Administração Pública.

Verificámos ainda que, enquanto a CMS tem um capítulo no Código referente ao Regime
Sancionatório, chegando a referir as penas previstas aquando do incumprimento do previsto
no mesmo, a CMC apenas menciona que as infrações estão sujeitas às penas legalmente
previstas. Julgamos que a CMS pretendeu de um modo claro e transparente alertar todos os
que são abrangidos pelo Código das consequências do seu incumprimento.

Outra diferença reside ao nível da importância que é dada pelos dois municípios à
comunicação com o exterior, dedicando a CMS bastante atenção ao comportamento para com
a comunicação social, algo que não encontra paralelo no Código de Ética e Conduta da CMC.

Também sem correspondência na CMC, podemos encontrar no Código da CMS um


capítulo inteiramente dedicado à boa utilização de recursos públicos, com destaque para o seu
uso devido, a contenção de custos, e os princípios da eficiência e economia.

Verificamos que os dois municípios procederam à adoção de um código de Boa Conduta


para a Prevenção e Combate ao Assédio no Trabalho, nos termos do disposto na alínea k) do
n.º 1 do artigo 71º da Lei n.º 35/2014 de 20 de junho (Lei Geral do Trabalho em Funções
Públicas), em que estabelecem um conjunto de princípios que devem ser observados no
cumprimento das atividades desenvolvidas, de forma a promover um ambiente de trabalho

34
Licenciatura em Gestão Pública – 3.º ano
Ética e Deontologia na Administração Pública

assente na dignidade e no respeito. Estes códigos aplicam-se a todos os trabalhadores,


colaboradores, prestadores de serviços, bem como aos titulares de órgãos dos respetivos
municípios que, no exercício das suas atividades, funções ou competências, devem atuar de
acordo com os princípios da integridade, da não discriminação e do combate ao assédio moral
e sexual no trabalho e em conformidade com a missão, visão e valores.

É de salientar, ainda, que tanto a Câmara Municipal de Cascais como a Câmara Municipal
de Sintra elaboraram documentos no âmbito do Regime Geral de Prevenção da Corrupção.
Contudo, enquanto a CMS apenas o disponibiliza na respetiva intranet, a CMC tem acessível
online o Manual de Gestão de Conflitos de Interesses. Assim, Cascais acabou por detalhar
bastante mais esta matéria, fornecendo informações, orientações e ferramentas úteis ao
reforço e aprofundamento dos padrões de integridade pública exigidos, definindo mecanismos
de orientação e consulta, formais e informais, acessíveis que ajudem a prevenir, identificar e
gerir quaisquer situações, potenciais ou efetivas, de conflitos de interesses e, até, fornecendo
exemplos de situações concretas.

Por fim, é de salientar que não foi possível encontrar qualquer menção à missão, visão e
valores relativos à Câmara Municipal de Cascais o que, nos termos do próprio princípio da
transparência constante do seu Código de Ética e Conduta, não consubstancia uma boa prática.

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Licenciatura em Gestão Pública – 3.º ano
Ética e Deontologia na Administração Pública

9. CONCLUSÕES

A ética, a moral, a deontologia e o direito têm alguns pontos em comum, mas também são
disciplinas distintas. A ética e a moral são disciplinas filosóficas que se ocupam da reflexão
sobre o que é certo ou errado, enquanto a deontologia é uma parte da ética que se ocupa dos
deveres e obrigações morais. O direito, por sua vez, é um conjunto de normas e leis que
regulam a conduta humana em uma sociedade.

Neste âmbito, as organizações têm vindo a adotar Códigos de Ética e Conduta, que
consistem em documentos que estabelecem os princípios éticos e as regras de conduta que
devem ser seguidos por indivíduos ou organizações. O seu objetivo é o de promover a
integridade e a transparência nas atividades dessas pessoas ou organizações e assegurar que
suas decisões e ações sejam tomadas de forma ética e justa.

Com o objetivo de aplicação prática dos conceitos adquiridos na unidade curricular de


Ética e Deontologia na Administração Pública, analisamos os Códigos de Ética e Conduta da
Câmara Municipal de Sintra e da Câmara Municipal de Cascais.

Concluímos que estes documentos são importantes porque estabelecem os padrões éticos
e de comportamento esperados dos seus trabalhadores e orientam a maneira como estes lidam
com as questões éticas e violações da conduta.

Observamos que os Códigos de Ética e Conduta das duas Câmaras Municipais são
semelhantes em muitos aspetos, mas também apresentam algumas diferenças. Por exemplo,
ambos os Códigos estabelecem padrões de integridade, honestidade e transparência, mas o
Código da Câmara Municipal de Sintra versa mais sobre princípios gerais e abstratos,
enquanto que o Código da Câmara Municipal de Cascais fornece mais orientações práticas de
conduta, o que se evidência desde logo ao nível de detalhe que é dada à definição dos próprios
princípios. A Câmara Municipal de Sintra denota preocupação relativamente à comunicação
com o exterior e com o conhecimento, por parte de todos os colaboradores, acerca do regime
sancionatório aplicável enquanto que, relativamente a este último aspeto, a Câmara Municipal
de Cascais se limita a remeter para a legislação aplicável. Já a Câmara Municipal de Sintra
dedica mais atenção à utilização de recursos públicos, algo que a Câmara Municipal de
Cascais resume numa só frase.

36
Licenciatura em Gestão Pública – 3.º ano
Ética e Deontologia na Administração Pública

Ambos os municípios definem procedimentos para lidar com questões éticas e violações
da conduta, mas, enquanto que na CMC os procedimentos estão densificados no Manual de
Gestão de Conflitos de Interesses, na CMS os procedimentos encontram-se plasmados no
Código de Conduta Ética, embora de forma bastante menos detalhada.

Em suma, concluímos que os Códigos de Ética e Conduta da Câmara Municipal de Sintra


e da Câmara Municipal de Cascais são importantes porque estabelecem os padrões de
comportamento esperados dos seus colaboradores e orientam a maneira como eles lidam com
questões éticas e violações da conduta. Contudo, embora os municípios cumpram o quadro
legislativo aplicável, tendo adotado e disponibilizado online normas e manuais de conduta,
ambos beneficiariam de maior detalhe, transparência e clarificação relativamente aos aspetos
acima descritos. Em nome do bom serviço público!

37
Licenciatura em Gestão Pública – 3.º ano
Ética e Deontologia na Administração Pública

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

● Sítio da CMC
● Sítio da CMS

● Carta Ética da Administração Pública - Dez Princípios Éticos da Administração


Pública. Disponível em: https://www.dgaep.gov.pt/index.cfm?OBJID=9BB1D4D0-
0607-4588-BCAD-894DBC499AFF&MEN=i.

● Martins, N. (2007). A Ética no Serviço Público: Perceção de colaboradores do


Ministério da Justiça Português. Disponível em: Dissertação (FI Dissertação
(FINAL).pdf (utl.pt) NAL).pdf (utl.pt).

● Código do Procedimento Administrativo (CPA), Decreto-Lei n.º 4/2015, de 7 de


janeiro, na sua redação atual.
● Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas (LGTFP), Lei n.º 35/2014, de 20 de
junho, na sua redação atual.

● Miranda, Eva (2022). Diapositivos e manuais de apoio às aulas.

● Peixoto, Armindo Novais. (2016). A importância dos Códigos de ética nas


organizações públicas versus privadas. Universidade do Minho.

● SOARES, Luís Miguel Pereira (2008). A Ética na Administração Pública. Lisboa.


Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas.

ANEXOS

Código de Conduta Ética da Câmara Municipal de Sintra


Código de Boa Conduta para a prevenção e Combate ao Assédio no Trabalho no Município
de Sintra
Código de Ética e Conduta da Câmara Municipal de Cascais
Código de Boa Conduta para a prevenção e Combate ao Assédio no Trabalho no Município
de Cascais
Manual de Gestão de Conflitos e Interesses da Câmara Municipal de Cascais

38
Código de Conduta Ética do Município de Sintra
(Revisão)

Preâmbulo

O Código de Conduta Ética da Câmara Municipal de Sintra, adiante designado por Código,
materializou até à atualidade um conjunto de princípios e normas de comportamento que
inspiram e estão subjacentes a toda a atuação desenvolvida por este órgão do Município,
reclamada pela natureza da sua missão e pelas especificidades das atribuições que lhe estão
cometidas.

A ética de uma instituição é, essencialmente, reflexo da conduta dos seus trabalhadores e


colaboradores que devem seguir um conjunto de princípios e normas, consubstanciando um
padrão de comportamento irrepreensível.

Os cargos públicos têm por base a confiança de toda uma sociedade de que, quem os ocupa,
atua em obediência ao interesse público.

O serviço público não é um trabalho como os demais, dado que quem o desempenha
encontra-se investido de uma missão em nome da comunidade, em que mais do que o exercício
de um qualquer poder, deve existir "auctorítas". Ou seja, uma capacidade moral que é
amplamente reconhecida.

O desempenho dessa missão pública implica que cada trabalhador ou colaborador municipal,
individualmente considerado, tenha a responsabilidade e um dever de lealdade perante o
Município e respeito pelos direitos dos cidadãos, devendo não só obediência ao regime jurídico
vigente, mas também, aos princípios éticos que enformam o seu desempenho, privilegiando os
mesmos acima de quaisquer ganhos privados ou pessoais.

Em conformidade, a integridade do serviço público e dos colaboradores requer, muitas vezes,


mais do que o simples cumprimento da lei.

À autoridade que emana da lei, a Câmara Municipal de Sintra, os Serviços Municipalizados, as


diversas unidades orgânicas e os trabalhadores e colaboradores têm de juntar a autoridade que
irradia do exemplo da sua própria conduta.

DJUR - CB – v2 1
Sendo que o exercício de qualquer modalidade de autoridade deve inspirar-se no respeito pela
dignidade humana e pelos valores de cada pessoa.

Para assegurar que cada cidadão tenha plena confiança no Município, como pessoa coletiva de
bem e na integridade da Câmara Municipal de Sintra e Serviços Municipalizados enquanto
executores das políticas municipais, cada trabalhador ou colaborador deve respeitar e aderir aos
princípios de conduta ética estabelecidos neste Código, bem como implementar na sua atividade
laboral quotidiana as normas aí contidas.

As especificidades das funções desempenhadas e o respeito de princípios e deveres basilares à


defesa do interesse público impõem a criação de um conjunto normativo que sistematize, de uma
forma clara e objetiva, as linhas de orientação em matéria administrativa, de ética profissional e
dos padrões de comportamento reconhecidos e adotados por todos os trabalhadores e
colaboradores, independentemente do seu vínculo laboral.

Assim, e considerando:

• A Resolução n.° 51/59, da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 12 de dezembro


de 1996, que contém em anexo, o Código Internacional de condutados agentes da
função pública;
• A Recomendação de 23 de abril de 1998, do Conselho da OCDE, sobre a melhoria da
conduta ética no serviço público;
• O Decreto-Lei n.°135/99, de 22 de abril, com as alterações vigentes, o qual
estabelece medidas de modernização administrativa;
• A Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia (2000), a qual consagra o
direito a uma boa administração (artigo 41°);
• A Carta Ética da Administração Pública;
• O Código do Procedimento Administrativo, ao nível dos Princípios enformadores da
Atividade Administrativa;
• O Regime de acesso à informação administrativa e ambiental e de reutilização dos
documentos administrativos (Lei n.° 26/2016, de 22 de agosto);
• O Regime da Responsabilidade Civil Extracontratual do Estado (Lei n.° 67/2007, de 31
de dezembro);

DJUR – CB –V2 2
• A Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas (Lei n° 35/2014, de 20 de junho);
• O Código do Trabalho, aprovado pela Lei n.º 7/2009, de 12 de Fevereiro na sua
redacção vigente.

Tendo em conta que o presente Código de Conduta não está abrangido pela estatuição do artigo
135.° do CPA, não está igualmente sujeito às regras procedimentais previstas nos artigos 97.° a
101.° do mesmo normativo.

Não obstante não se tratar de um documento com eficácia externa, ao abrigo do n° 4 do artigo
136° do CPA, deve ser referido o diploma e norma habilitante do Código, o qual no caso vertente
é a alínea k) do n° 1 do artigo 33° do Regime Jurídico aprovado pela Lei n° 75/2013, de 12 de
setembro.

Assim, o Código de Conduta Ética da Câmara Municipal de Sintra, foi aprovado pela Câmara
Municipal de Sintra, na sua reunião ordinária de 25 de outubro de 2016, ao abrigo da alínea k) do
n° 1 do artigo 33° do Regime Jurídico aprovado pela Lei n° 75/2013, de 12 de setembro.

O Código de Conduta Ética é necessariamente um documento datado que se reporta à realidade


fática e jurídica de 2016.

Face ao devir legislativo e à mudança organizacional da Estrutura Nuclear e Flexível, entretanto


verificada desde 2016, importou rever o Código de Conduta em presença e introduzir as
alterações e aditamentos, que se justifiquem ao presente regulamento interno.

Justifica-se, nesse âmbito uma criteriosa ponderação e adequação do normativo em presença aos
seguintes diplomas:

• A Resolução do Conselho de Ministros n.° 37/2021, de 6 de abril, a qual aprova a


estratégia nacional anticorrupção 2020-2024;
• O Decreto-Lei n.° 109-E/2021 de 9 de dezembro, que cria o Mecanismo Nacional
Anticorrupção e estabelece o regime geral de prevenção da corrupção;
• A Lei n.° 93/2021 de 20 de dezembro, que estabelece o regime geral de proteção de
denunciantes de infrações, transpondo a Diretiva (UE) 2019/1937 do Parlamento
Europeu e do Conselho, de 23 de outubro de 2019, relativa à proteção das pessoas
que denunciam violações do direito da União.

DJUR - CB – v2 3
Não é demais realçar que se verifica uma clara mudança de paradigma por parte do legislador,
com um reforço patente e significativo duma lógica de obrigatoriedade que excede em muito a
mera aceitação voluntária pelos destinatários do anteriormente consagrado.

Reforça-se, designadamente o plano da coercibilidade quanto às medidas preconizadas, as quais


devem ter a sua concretização normativa no âmbito sancionatório.

Assim, de um modelo baseado na "soft law", quanto a matérias relativas à corrupção e infrações
conexas, passa-se a um enquadramento visivelmente impressivo, vinculativo e mesmo tipificado
no âmbito disciplinar, contraordenacional e penal para quem cometa ilícitos enquadráveis nos
diversos regimes jurídicos.

Ou seja, uma referência expressa às penalidades no plano disciplinar, contraordenacional e penal,


portanto "hard law" deve passar a integrar os Códigos de Conduta que forem elaborados tendo
em vista os novos diplomas.

É ainda pertinente a devida consideração e articulação do presente Código com o disposto no


Código de Boa Conduta para a Prevenção e Combate ao Assédio no Trabalho, recentemente
aprovado pela Câmara Municipal de Sintra, em 5 de abril de 2022, publicado pelo Aviso n.°
8117/2022, no Diário da República n.° 77, de 20 de abril de 2022, o qual disciplina essa matéria,
ao abrigo da publicação da Lei n.° 73/2017, de 16 de agosto, retificada pela Declaração de
Retificação n.° 28/2017, de 2 de outubro e que veio reforçar o quadro legal no âmbito da
prevenção e combate da prática de assédio no trabalho, introduzindo alterações na Lei Geral do
Trabalho em Funções Públicas, aprovada pela Lei n.° 35/2014, de 20 de junho, bem como no
Código do Trabalho, aprovado pela Lei n.° 7/2009, de 12 de fevereiro.~

Realce-se ainda que o presente Código de Conduta não prejudica a aplicação do Código de
Conduta dos Eleitos da Câmara Municipal de Sintra, aprovado pelo executivo municipal na sua
57.ª Sessão Ordinária, de 7 de abril de 2020, elaborado ao abrigo da alínea c) do n.° 2 do artigo
19.° da Lei n.° 52/2019, de 31 de julho.

Sem prejuízo de tudo o que precede, em termos estratégicos e englobando o Município de Sintra
como um todo, foi entendimento da Administração Municipal que, atento o similar substrato
subjetivo de destinatários, o Código de Conduta Ética pudesse ser aplicável simultaneamente à
Câmara Municipal e aos Serviços Municipalizados de Águas e Saneamento.

DJUR – CB –V2 4
Com efeito, a solução preconizada em termos de enquadramento jurídico e de processo genético
não se afigura inédita, atento o facto de, por exemplo, o Regulamento de Proteção de Dados do
Município de Sintra, aprovado pela Assembleia Municipal de Sintra em 17 de setembro de 2018,
ser comum à Câmara Municipal e aos Serviços Municipalizados de Águas e Saneamento.

Daí que o Código de Conduta Ética foi reformulado, não só face à recente inovação legal, mas
também quanto ao desígnio estratégico atrás referido que confere uma maior latitude à respetiva
aplicação.

A Câmara Municipal de Sintra e o Conselho de Administração dos Serviços Municipalizados de


Águas e Saneamento promoveram a consulta às estruturas representativas dos respetivos
trabalhadores, tendo sido recebidos contributos do SINTAP - Sindicato dos Trabalhadores da
Administração Pública e de Entidades com Fins Públicos (Secção Regional de Lisboa e Vale do
Tejo), do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado e Entidades com Fins Públicos e do Sindicato
dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas.

Os contributos foram devidamente ponderados e integrados sempre que pertinentes.

O Conselho de Administração dos Serviços Municipalizados de Águas e Saneamento, reunido na


sua reunião ordinária de 11 de Outubro de 2022, deliberou, ao abrigo das alíneas c), d) e l) do
artigo 9.° da Estrutura orgânica nuclear e flexível dos Serviços Municipalizados de Água e
Saneamento de Sintra, publicada pelo Despacho n.° 166/2021, na II Série do Diário da Republica
n.° 3, de janeiro de 2021, exprimir a sua concordância relativamente ao Projeto de Revisão do
Código de Conduta Ética do Município de Sintra, para que o mesmo fosse aprovado pela Câmara
Municipal de Sintra.

Assim, foi aprovada, pela Câmara Municipal de Sintra, reunida na sua reunião ordinária de 06 de
Dezembro de 2022, ao abrigo da alínea k) do n° 1 do artigo 33° do Regime Jurídico aprovado pela
Lei n° 75/2013, de 12 de setembro, a Revisão do Código de Conduta Ética do Município de Sintra.

Em conformidade:

DJUR - CB – v2 5
Capítulo I
Parte Geral

Artigo 1.°
(Objeto)

1 - O presente Código de Conduta Ética do Município de Sintra, designado de ora em diante por
Código, visa contribuir para o correto, digno e adequado desempenho da Câmara Municipal de
Sintra (CMS) e dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS) e dos seus
trabalhadores, quer no relacionamento entre os mesmos e as referidas entidades quer nas
relações que, em nome das mesmas, são estabelecidas com organismos externos e cidadãos,
contribuindo para a afirmação de uma imagem institucional de rigor, eficiência e competência.

2 - O Código contém as convenções e normas éticas a que se considera ser devida obediência,
clarifica os padrões de referência a utilizar para a apreciação do grau de cumprimento de
obrigações assumidas, e estabelece as sanções previstas para o seu incumprimento.

3 - A aplicação do presente Código e a sua observância não impede a aplicação de outros Códigos,
Regulamentos e Manuais relativos a normas de condutas específicos para determinadas funções,
atividades e grupos.

4 - O disposto no presente Código não substitui, nem prejudica, a aplicação das normas
deontológicas aprovadas, emitidas e reguladas pelas associações públicas profissionais,
relativamente aos trabalhadores da CMS e dos SMAS que integrem as mesmas.

5- Nenhuma disposição do presente Código deve ser interpretada no sentido de restringir os


direitos ou interesses legalmente protegidos de todos cidadãos, afetar as condições do respetivo
exercício ou diminuir o seu âmbito de proteção, estando sempre assegurado o nível de proteção
mais amplo.

Artigo 2.°
(Âmbito de Aplicação)

1 - O Código tem por destinatários a CMS, os SMAS, as respetivas unidades orgânicas e


trabalhadores (incluindo dirigentes e chefias) e colaboradores (designadamente peritos,
consultores, estagiários e bolseiros e prestadores de serviços de ambas as entidades),

DJUR – CB –V2 6
independentemente do seu vínculo contratual, bem como da posição hierárquica que ocupem,
nas relações entre si e para com os cidadãos.

2- Sem prejuízo da aplicabilidade do Código de Conduta dos Eleitos da Câmara Municipal de


Sintra, os membros da Câmara Municipal e do Conselho de Administração dos SMAS ficam
sujeitos, com as devidas adaptações, aos princípios gerais de atuação em tudo o que não seja
incompatível com o estatuto normativo a que, enquanto eleitos, se encontram especialmente
vinculados.

Capítulo II
Princípios Gerais

Secção I - Princípios Gerais de Atuação

Artigo 3.°
(Princípios Gerais)

1 - A atuação dos trabalhadores, colaboradores da CMS e SMAS, dentro dos estritos limites do
princípio da legalidade, deve pautar-se por princípios rigorosos para com o Município e para com
os cidadãos, designadamente:
a) Prossecução do interesse público e da proteção dos direitos e interesses dos cidadãos;
b) Boa-administração, competência e responsabilidade;
c) Profissionalismo e eficiência;
d) Isenção, independência, imparcialidade e discrição;
e) Justiça, razoabilidade, igualdade e proporcionalidade;
f) Transparência;
g) Correção e boa-fé;
h) Colaboração e participação;
i) Lealdade, integridade pessoal e honestidade;
j) Qualidade e boas práticas;
k) Efetividade da prestação laboral; l) Proteção de dados pessoais;
m) Prevenção e combate à corrupção e infrações conexas; n) Gestão do Risco;
o) Prevenção e Combate ao Assédio no Trabalho.
p) Práticas compatíveis com regime jurídico da Segurança do Ciberespaço.

DJUR - CB – v2 7
2- Os trabalhadores e colaboradores encontram-se obrigados, no respeito pelos princípios
enunciados no número anterior e dos demais consagrados na legislação em vigor, a aderir a
padrões elevados de ética profissional e a adotar, na sua prática quotidiana, comportamentos
compatíveis com os mesmos.

3 - Os trabalhadores e colaboradores devem reger a sua conduta por critérios de cordialidade e


respeito pela diversidade não podendo praticar qualquer tipo de discriminação, nomeadamente
com base na raça ou etnia, género, idade, incapacidade física ou mental, orientação sexual,
opiniões políticas, ideias filosóficas ou convicções religiosas, ascendência, língua ou dialeto, país
ou território de origem, instrução, situação económica ou condição social.

4 - Os trabalhadores e colaboradores devem, entre si, demonstrar sensibilidade e respeito mútuo


e:
a) No caso em que desempenhem funções de direção, coordenação ou chefia devem instruir os
que com eles trabalhem ou colaborem de uma forma clara e compreensível, oralmente ou por
escrito, evitando situações dúbias quanto ao modo e resultado esperados da sua atuação,
ouvindo as respetivas sugestões para a melhoria do serviço;
b) Pautar as suas relações recíprocas na base da confiança, da lealdade e do respeito, tratamento
cordial, urbano e profissional, contribuindo para a criação de um bom clima de trabalho,
nomeadamente através de uma colaboração e cooperação mútuas e promoção do trabalho em
equipa;
c) Abster-se de qualquer comportamento tido como ofensivo.

5 - Os trabalhadores e colaboradores devem tratar de forma justa, com equidade e imparcialidade


todas as pessoas com quem, por qualquer forma, se tenham que relacionar ou contactar em
virtude do exercício da respetiva atividade, sendo vedadas práticas ou decisões arbitrárias.

6 - Nas suas relações com os cidadãos, os trabalhadores e colaboradores respeitam o princípio da


igualdade, assegurando que situações idênticas são objeto de tratamento igual.

7 - Sempre que ocorra uma diferença de tratamento, os trabalhadores e colaboradores devem


garantir que a mesma é justificada pelos dados objetivos e relevantes do caso em questão.

8 - No exercício da atividade desenvolvida e em todas as suas formas e fases, os trabalhadores e


colaboradores devem agir e relacionar-se com os particulares, sem prejuízo dos demais princípios
aplicáveis, segundo o princípio da boa-fé.

DJUR – CB –V2 8
9 - Os trabalhadores e colaboradores devem estar conscientes da importância dos respetivos
deveres e responsabilidades, ter em conta as expectativas do público relativamente à sua
conduta, dentro de padrões genérica e socialmente aceites, comportar-se por forma a manter e
reforçar a confiança do público no Município e contribuir para o eficaz funcionamento e a boa
imagem da Autarquia.

Artigo 4.°
(Princípio da Independência)

1 - Os trabalhadores e colaboradores, nos contactos exteriores ao Município, devem atuar em


conformidade com o princípio da independência, ponderando os interesses legalmente
protegidos em presença, sem dependência de fatores alheios àqueles interesses e nos termos da
lei.

2 - Os trabalhadores e colaboradores devem evitar situações que possam dar origem a conflitos
de interesses sendo que:
a) Existe conflito de interesses sempre que os trabalhadores e colaboradores tenham
interesse pessoal ou patrimonial em decisão que seja da sua competência, em cuja
preparação participem ou que de algum modo possam influenciar;
b) Por interesse pessoal ou patrimonial entende-se qualquer vantagem ou o
afastamento de uma desvantagem, ainda que meramente potencial;
c) As situações de conflito de interesses devem ser ponderadas numa perspetiva de
prevalência do interesse público.

3 - O respeito pelo princípio da independência é incompatível com a solicitação ou aceitação por


parte dos trabalhadores e colaboradores, para si ou para terceiros, de quaisquer benefícios,
recompensas, dádivas, gratificações, presentes, ofertas ou outras contrapartidas de fonte externa
ao Município, de um subordinado ou de um superior hierárquico, por causa do exercício das
funções que desempenham na CMS ou nos SMAS.

4- Excetuam-se do disposto no número anterior as ofertas entregues ou recebidas que se


fundamentem numa mera relação de cortesia e que tenham valor insignificante ou meramente
simbólico.

5 – É expressamente interdita a aceitação de qualquer montante em numerário, cheque,

DJUR - CB – v2 9
transferência bancária ou outras formas de pagamento ou transferência de dinheiro
independentemente da moeda em que seja feita.

Artigo 5.°
(Acumulação de Funções e Obrigatoriedade de Comunicação)

1 - Os trabalhadores e colaboradores da CMS e dos SMAS devem privilegiar a dedicação exclusiva


ao exercício de cargos públicos, podendo acumular atividades, remuneradas ou não remuneradas,
somente dentro das condições legalmente estabelecidas, mediante prévia autorização do
Presidente da Câmara ou do Conselho de Administração dos SMAS.

2 - É proibida a acumulação do exercício de funções privadas, exercidas de modo autónomo ou


subordinado, com ou sem remuneração, se concorrentes, similares ou conflituantes com as
desempenhadas na CMS ou nos SMAS, designadamente as atividades privadas que, tendo
conteúdo idêntico ao das funções públicas, sejam desenvolvidas de forma permanente ou
habitual e se dirijam ao mesmo círculo de destinatários.

3 - No exercício de funções ou atividades privadas autorizadas, os trabalhadores não podem


praticar quaisquer atos contrários aos interesses do Município, ou que com eles possam
conflituar, comprometendo-se a solicitar a cessação imediata do exercício da função ou atividade
acumulada, no caso de ocorrer, supervenientemente, conflito, real ou potencial, presente ou
futuro.

4 - A acumulação de funções ou atividades públicas ou privadas, apenas deve ser autorizada


desde que sejam cumpridas as disposições legais exigíveis, designadamente o disposto nos artigos
21.º a 24.º da LGTFP e, caso aplicável, o constante nos normativos aplicáveis às diversas carreiras
especiais.

5 - A CMS e os SMAS divulgam junto dos respetivos trabalhadores na intranet, todas as normas,
minutas e procedimentos a observar nos pedidos de autorização, alteração e cessação de
acumulação de funções.

DJUR – CB –V2 10
Artigo 5.°-A
(Incompatibilidades, impedimentos e inibições)

1 - Sem prejuízo do cumprimento das disposições previstas no Código do Procedimento


Administrativo sobre impedimentos e inibições, e das aplicáveis a regimes de carreiras especiais,
os trabalhadores devem renunciar a quaisquer situações de risco potencial de conflito de
interesses relacionados com interesse privado ou coletivo que possa influenciar, direta ou
indiretamente, a sua imparcialidade, objetividade e desempenho profissional.

2 - Quando, e se, existir incompatibilidade ou impedimento manifesto, ou se encontre perante um


conflito de interesses potencial ou superveniente, deve o trabalhador declarar-se impedido, ou
sendo do conhecimento do(s) superior(es) hierárquico(s), deve o mesmo ser dispensado de
intervir no procedimento, nos termos da lei.

3 - A dispensa referida no número anterior deve ainda ocorrer, quando por circunstâncias
ponderosas, a respetiva hierarquia entenda que se possa suspeitar da sua imparcialidade e
isenção na intervenção, condução do procedimento ou decisão em causa.

4 - A declaração de impedimento referida no n.° 2, em modelo a elaborar pela unidade orgânica


responsável pelos recursos humanos da CMS ou dos SMAS, consoante o caso, aplicável a todos
trabalhadores, independentemente da sua posição hierárquica, é entregue ao respetivo superior
hierárquico, e levada ao conhecimento do Eleito com competências próprias, delegadas ou
subdelegadas no caso da CMS e ao Conselho de Administração, no caso dos SMAS.

Artigo 6.°
(Dever de sigilo e Proteção de Dados Pessoais)

1 - Os trabalhadores e colaboradores não devem divulgar ou usar, por si ou por interposta pessoa,
informações obtidas no desempenho das suas funções ou em virtude desse desempenho, com
preponderância para a proteção dos dados pessoais, e que, pela sua efetiva importância, por
legítima decisão da CMS ou dos SMAS ou por força da legislação em vigor, não devam ser do
conhecimento geral.

2- Os trabalhadores e colaboradores da CMS ou dos SMAS que tenham a seu cargo o tratamento
de dados pessoais ou que, no exercício das suas funções, tomem conhecimento de dados
pessoais, devem estrito respeito à reserva da vida privada dos respetivos titulares e às normas

DJUR - CB – v2 11
aplicáveis em matéria de proteção das pessoas singulares relativamente ao tratamento de dados
pessoais pelas entidades públicas.

3- Os trabalhadores e colaboradores da CMS ou dos SMAS não devem, por si ou por interposta
pessoa, utilizar informação que não tenha sido tornada pública ou não seja acessível ao público
para promover interesses próprios ou de terceiros.

4- Os trabalhadores e colaboradores da CMS ou dos SMAS devem fundamentar e explicar com


total transparência as suas decisões e comportamentos profissionais sempre que, garantidos os
devidos deveres de sigilo, para tal sejam adequadamente solicitados.

5- O dever de sigilo e de confidencialidade mantêm-se mesmo após o termo de funções, cessando


tal dever nos termos legalmente previstos.

Artigo 7.°
(Cumprimento da legislação)

Os trabalhadores e colaboradores não podem, em nome do Município e nas ações que pratiquem
ao seu serviço, violar a lei geral e a regulamentação específica aplicável.

Secção II - Relacionamento com os Cidadãos

Artigo 8.°
(Atendimento aos cidadãos)

1- Os trabalhadores e colaboradores da CMS ou dos SMAS devem atuar de modo consciencioso,


correto, cortês e acessível, garantindo o exercício dos direitos dos cidadãos e o cumprimento dos
seus deveres.

2 - Ao prestar informações e outros esclarecimentos e tendo em conta a proteção do interesse


público os trabalhadores e colaboradores da CMS ou dos SMAS não devem agir arbitrariamente,
devendo atuar de modo célere e adequado, em termos exatos, completos e claros, nos termos da
lei, tendo sempre presentes as circunstâncias individuais dos interlocutores, designadamente a
sua capacidade para compreender as normas e procedimentos concretamente aplicáveis.

DJUR – CB –V2 12
3 - Quando a informação recaia sobre prazos e requisitos de admissibilidade de pedidos, os
trabalhadores e colaboradores devem assegurar que a informação prestada é inequívoca e
suficientemente pormenorizada.

4 - Os trabalhadores e colaboradores devem responder célere e adequadamente aos pedidos de


informação dos cidadãos, nos termos da lei.

5 - Quando, no momento, não possam esclarecer os pedidos dos cidadãos, os trabalhadores e


colaboradores da CMS ou dos SMAS devem salvaguardar a prestação de informações e de
esclarecimentos, encaminhando para os serviços competentes de modo a agilizar procedimentos
decisórios, sem prejuízo do dever de confidencialidade e proteção de dados pessoais.

6 - Toda e qualquer recusa de prestação de informação deve ser devidamente fundada e


justificada de facto e direito quanto às eventuais razões para o seu não fornecimento.

7 - Sempre que adequado, os trabalhadores e colaboradores devem informar os cidadãos sobre a


existência de organizações ou de meios alternativos de apoio ou assistência que possam satisfazer
a sua pretensão.

8 - Em caso de erro, os trabalhadores e colaboradores devem estar sempre disponíveis para a sua
correção, designadamente e consoante o caso, com revisão do procedimento incorreto,
apresentação de um pedido de desculpas ao cidadão ou uma explicação adequada.

9 - Os sítios eletrónicos da CMS e dos SMAS devem estar sempre atualizados, permitindo ao
cidadão conhecer a missão, atividade e competências da instituição, o Código de Conduta Ética,
os planos de atividades e de prevenção de riscos de corrupção e infrações conexas, a política da
privacidade, bem como ter acesso aos documentos disponibilizados.

Artigo 9.°
(Informações sobre procedimentos administrativos e direito à informação)

1 - Os serviços e os trabalhadores e colaboradores da CMS e dos SMAS devem, nos procedimentos


administrativos, estabelecer os contactos com os interessados exclusivamente através dos canais
oficiais que para o efeito se encontrem definidos, especialmente no que respeita a procedimentos
de decisão relativos ao urbanismo, contratação pública e à concessão de benefícios públicos.

DJUR - CB – v2 13
2 - A CMS e os SMAS bem como as respetivas unidades orgânicas, pautam-se pela abertura e
transparência, devendo os trabalhadores e colaboradores, designadamente, assegurar que os
cidadãos estão cientes de qual a informação a que têm direito a aceder e quais as condições de
exercício do mesmo direito.

3 - Os trabalhadores e colaboradores da CMS ou dos SMAS tratam os pedidos de acesso aos


arquivos e registos administrativos em conformidade com o princípio da administração aberta e o
disposto nas normas aplicáveis em matéria de acesso aos documentos administrativos.

Artigo 10.°
(Direito de Participação)

1 - Sem prejuízo da participação nos procedimentos legalmente prevista, a CMS e os SMAS


promovem, sempre que adequado, consultas públicas aos documentos que emanam,
publicitando os projetos no respetivo sítio eletrónico.

2 - Os contributos devem ser preferencialmente remetidos através de endereço eletrónico, que


deve ser facultado aquando da divulgação do projeto para consulta.

3- Os contributos recebidos são posteriormente analisados e, se pertinentes, incorporados nos


documentos.

4 - Independentemente da existência de documentos em consulta pública, os cidadãos podem


sempre apresentar sugestões ou comentários relativamente à atuação da CMS ou dos SMAS, para
o que é disponibilizado um formulário próprio no sítio eletrónico da entidade.

5 - As sugestões ou comentários a que se refere o número anterior são analisadas pela CMS ou
pelos SMAS, sendo remetida ao cidadão uma resposta em tempo útil.

Artigo 11.°
(Contatos com os meios de comunicação social)

1 - Os trabalhadores e colaboradores da CMS e dos SMAS devem usar da máxima discrição quanto
a questões relacionadas com a Autarquia, sendo que não podem fornecer informações à
comunicação social, por iniciativa própria ou a pedido, sem que para isso estejam mandatados
prévia e superiormente.

DJUR – CB –V2 14
2- As informações a prestar aos meios de comunicação social devem ser de carácter informativo,
devendo a postura de quem as veicula contribuir para a boa imagem da Instituição, dignificando a
sua atuação e profissionalismo.

Artigo 12.°
(Relacionamento com terceiros)

1 - Sem prejuízo do referido no artigo 8.° os trabalhadores e colaboradores da CMS e dos SMAS,
quando se relacionem com quaisquer cidadãos ou entidades, no âmbito do exercício das suas
funções profissionais, devem observar as orientações e posições superiormente determinadas
pelos órgãos municipais e pelos respetivos superiores hierárquicos, pautando a sua atividade por
critérios de qualidade, integridade e transparência e fomentando e assegurando um bom
relacionamento com essas pessoas e entidades.

2 - Os contactos, formais ou informais, com terceiros, no posto de trabalho ou em contexto


conexo com o serviço, devem sempre refletir a posição oficial do Município, devendo os
trabalhadores e colaboradores, na ausência de uma posição oficial, preservar a imagem do
Município sobre as matérias em causa.

3 -Toda a informação a prestar pela CMS e pelos SMAS a entidades terceiras deve conformar-se
com os princípios da legalidade, clareza, rigor, veracidade e oportunidade.

4 - Os trabalhadores e colaboradores devem informar os respetivos superiores hierárquicos de


qualquer tentativa no sentido de influenciar indevidamente os órgãos competentes do Município
de Sintra no desempenho das atribuições que lhe estão cometidas.

5 - Para além da observância do disposto nos números anteriores, o relacionamento com os


trabalhadores e colaboradores de outras instituições públicas, nacionais e estrangeiras, deve
reger-se por um espírito de estreita cooperação, sem prejuízo, sempre que for o caso, da
necessária confidencialidade e discrição.

DJUR - CB – v2 15
Secção III - Utilização de Recursos

Artigo 13°
(Utilização de Recursos)

1- Os trabalhadores e colaboradores não devem, direta ou indiretamente, usar ou consentir no


uso de bens públicos para outros fins que não os oficiais, devendo respeitar e proteger os
recursos materiais, equipamento e instalações afetos à atividade do Município, não permitindo a
sua utilização abusiva por outros colaboradores ou terceiros.

2 - Os referidos recursos, equipamento e instalações, independentemente da sua natureza,


apenas podem ser utilizados para o exercício de funções no âmbito de atuação do Município,
salvo se a sua utilização privada tiver sido explicitamente autorizada de acordo com as normas ou
práticas internas, e sempre dentro dos limites legais e regulamentares vigentes.

3 - Os trabalhadores e colaboradores da CMS e dos SMAS devem também, no exercício da sua


atividade, adotar todas as medidas adequadas no sentido de limitar os custos e despesas do
Município, a fim de permitir o uso correto, mais eficiente e económico dos bens materiais
disponíveis.

Artigo 14°
(Utilização de Recursos Informáticos)

1- Constituindo os recursos informáticos um bem valioso, fundamental para o funcionamento dos


serviços, os atos abusivos sobre eles praticados afetam toda a organização, prejudicam todos
aqueles que os utilizam, sendo que o seu impacto põe em causa a reputação e a imagem do
Município.

2- Os princípios éticos das comunidades sociais devem ser aplicados também aos ambientes
informáticos pressupondo um correto uso dos recursos informáticos pelos trabalhadores e
colaboradores da CMS e dos SMAS, designadamente, computadores, redes, equipamentos
periféricos, aplicações, designadamente infraestruturas de rede, computadores, periféricos,
aplicações ou dados.

DJUR – CB –V2 16
Capítulo III
REGIME SANCIONATÓRIO E DISPOSIÇÕES FINAIS

Artigo 15°
(Contributo dos colaboradores)

1 - Pese embora vinculativo e obrigatório para todos os trabalhadores e colaboradores da CMS e


dos SMAS o presente Código encontra-se em permanente construção, podendo ser acolhidos em
sede de revisão deste regulamento interno, os contributos que se afigurem pertinentes, os quais
devem ser prestados junto do Presidente da Câmara ou do Conselho de Administração dos SMAS,
consoante o caso.

2 - Os trabalhadores e colaboradores que desempenhem funções de direção, chefia ou de


coordenação devem, em particular, evidenciar uma atuação exemplar no tocante ao
cumprimento das regras estabelecidas no presente Código e no assegurar do seu cumprimento
pelos demais trabalhadores e colaboradores.

3 - O presente Código deve fazer parte integrante das ações de formação profissional, inicial e
contínua, dos colaboradores da CMS e dos SMAS.

Artigo 16°
(Combate à Corrupção)

1- Entende-se por corrupção e infrações conexas, os crimes de corrupção, recebimento e oferta


indevidos de vantagem, peculato, participação económica em negócio, concussão, abuso de
poder, prevaricação, tráfico de influência, branqueamento ou fraude na obtenção ou desvio de
subsídio, subvenção ou crédito, previstos no Código Penal, aprovado em anexo ao Decreto-Lei n.°
48/95, de 15 de março, na sua redação atual, na Lei n.° 34/87, de 16 de julho, na sua redação
atual, sem prejuízo da demais legislação de carácter penal e sancionatório que seja
concretamente aplicável.

2 - A CMS, os SMAS e os seus trabalhadores e colaboradores devem combater veementemente


todas as formas de corrupção, ativa ou passiva, com especial acuidade aos favores e
cumplicidades que possam traduzir-se em vantagens ilícitas que constituem formas subtis de
corrupção, como é o caso de ofertas ou outros recebimentos de cidadãos, fornecedores ou outras
entidades.

DJUR - CB – v2 17
3 - A CMS, os SMAS e os seus trabalhadores e colaboradores devem exercer as suas funções e as
competências que lhe forem atribuídas tendo sempre em conta, única e exclusivamente, o
interesse público e recusando, em qualquer circunstância, a obtenção de vantagem pessoal
indevida.

4 - Os trabalhadores e colaboradores e a CMS os SMAS devem recusar-se a utilizar a sua condição


para obterem benefícios ou tratamento preferencial.

5 - A CMS os SMAS e os seus trabalhadores e colaboradores devem ativamente promover a


aplicação dos instrumentos em vigor de combate à corrupção, nomeadamente o respetivo Plano
de Prevenção de Riscos de Corrupção e Infrações Conexas.

6 - Todos os trabalhadores e demais colaboradores do Município abrangidos pelo presente código


têm o dever de denúncia ao Ministério Público de situações de corrupção e infrações conexas de
que tomem conhecimento no exercício das suas funções, ao abrigo do disposto no artigo 242.° do
Código de Processo Penal.

7- O dever referido no número anterior não preclude o dever de denúncia de outros tipos de
crime de que tomem conhecimento no exercício das suas funções, igualmente ao abrigo do
disposto no artigo 242.° do Código de Processo Penal.

8- Para necessária prevenção e repressão de casos de corrupção e das infrações conexas a CMS e
os SMAS disponibilizam um canal de denúncias internas e externas, a fim de prevenirem,
detetarem e sancionarem atos nesse âmbito, levados a cabo contra ou através da entidade em
causa.

Artigo 16°-A
(Gestão do Risco)

1- A CMS e os SMAS, no âmbito da gestão do risco, analisam metodicamente e de forma


sistemática os riscos inerentes às respetivas atividades, com o objetivo de atingirem uma
vantagem sustentada em cada atividade individual e no conjunto de todas as suas atividades.

2 - No âmbito específico da gestão do risco, a CMS e os SMAS elaboram os respetivos planos de


prevenção de riscos de corrupção e infrações conexas (PPR).

DJUR – CB –V2 18
3 - Os PRR's e os procedimentos inerentes à aplicação aos mesmos devem ser disponibilizados
para conhecimento de todos os trabalhadores e colaboradores da CMS e dos SMAS, através da
respetiva intranet.

Artigo 16°-B
(Prevenção e Combate ao Assédio no Trabalho)

1- Os trabalhadores e colaboradores da CMS e dos SMAS devem assumir uma postura de


lealdade, integridade e respeito mútuo, abstendo-se de condutas ou práticas discriminatórias,
intimidatórias, hostis ou ofensivas, de qualquer natureza, que possam configurar,
nomeadamente, a prática de assédio.

2 - Em matéria de prevenção e combate ao assédio no trabalho rege o Código de Boa Conduta


para a Prevenção e Combate ao Assédio no Trabalho, aprovado pela Câmara Municipal de Sintra,
em 5 de abril de 2022 e publicado pelo Aviso n.° 8117/2022, no Diário da República n.° 77, de 20
de abril de 2022.

Artigo 17°
(Auditoria Interna)

O presente Código no âmbito da auditoria interna é objeto de monitorização, designadamente


através:
a) Do sistema de controlo interno de ambas as entidades, nos termos da Lei;
b) Da avaliação do grau de cumprimento do Plano de Prevenção de Riscos de Corrupção e
Infrações Conexas da CMS e dos SMAS.
c) Da avaliação de procedimentos de controlo interno instituídos nas várias áreas de gestão de
ambas as entidades.

Artigo 18°
(Compromisso de cumprimento)

1 - Os dirigentes e chefias dão conhecimento aos trabalhadores e colaboradores que prestem


serviço nas respetivas unidades orgânicas do conteúdo do presente código.

DJUR - CB – v2 19
2 - O código deve estar permanentemente disponível aos trabalhadores e colaboradores em todas
as unidades orgânicas da CMS e dos SMAS.

3 - O código incluindo os princípios gerais que o enformam e os normativos em especial são de


aplicação imediata e obrigatória a todas as unidades orgânicas, trabalhadores e colaboradores da
CMS e dos SMAS, vinculando-os quanto ao respetivo cumprimento.

4 - Todos os trabalhadores e colaboradores da CMS e dos SMAS devem subscrever uma


declaração de conhecimento do Código, comprometendo-se quanto aos princípios e demais
atributos nele expressos

Artigo 18.° - A
(Incumprimento do Código)

1 - O incumprimento do Código quanto se verifiquem comportamentos de corrupção e infrações


conexas tem por referencial os tipos penais melhor identificados no n.°1 do artigo 16.°,
designadamente:
a) corrupção, p.p. pelo artigo 373.° do Código Penal, com pena abstrata de um a oito anos de
prisão;
b) recebimento e oferta indevidos de vantagem, p.p. pelo artigo 372.° do Código Penal, com pena
abstrata até cinco anos de prisão ou com pena de multa até 600 dias;
c) peculato, p.p. pelo artigo 375.° do Código Penal, com pena abstrata de um a oito anos;
d) participação económica em negócio, p.p. pelo artigo 377.° do Código Penal, com pena abstrata
até 5 anos de prisão;
e) concussão, p.p. pelo artigo 379.° do Código Penal, com pena abstrata até 2 anos de prisão ou
240 dias de multa;
f) abuso de poder, p.p. pelo artigo 382.° do Código Penal, com pena abstrata até 3 anos de prisão
ou pena de multa;
g) prevaricação, p.p. pelo artigo 369.° do Código Penal, com pena abstrata de até 2 anos de prisão
ou 120 dias de multa;
h) tráfico de influência, p.p. pelo artigo 335.° do Código Penal, com pena abstrata de 1 a 5 anos de
prisão;
i) branqueamento ou fraude na obtenção ou desvio de subsídio, subvenção ou crédito, p.p. pelo
artigo 368.°-A do Código Penal, com pena abstrata de 6 meses a 5 anos de prisão.

DJUR – CB –V2 20
2 - As infrações ao presente Código quando se verifiquem comportamentos que violem princípios
e regras do mesmo, mas que não preencham tipos penais, são ponderadas, atentos os deveres
gerais ou especiais concretamente violados pelo trabalhador, ao abrigo da Lei Geral de Trabalho
em Funções Públicas, aprovada pela Lei n.° 35/2014, de 20 de junho, podendo, na decorrência de
processo disciplinar ser aplicadas, nos termos do diploma e consoante a gravidade do ilícito,
penas de:
a) Repreensão escrita;
b) Multa;
c) Suspensão;
d) Despedimento disciplinar ou demissão;
e) Cessação de comissão de serviço para cargos dirigentes, a título de pena principal ou acessória.

3- Sem prejuízo da participação penal ao Ministério Público quando o caso o exija, por cada
infração ao Código é elaborado um relatório do qual consta a identificação dos princípios ou das
regras violadas, da sanção aplicada, das medidas adotadas ou a adotar, mormente no âmbito do
sistema de controlo interno.

4 - Os relatórios de infração são comunicados ao Mecanismo Nacional Anticorrupção (MENAC) no


prazo de 10 dias úteis contados da sua elaboração, através de plataforma eletrónica a
disponibilizar por aquela entidade.

Artigo 18° - B
(Revisão do Código)

O presente Código é obrigatoriamente revisto no prazo de três anos ou sempre que:


a) Se verifique uma alteração das atribuições da entidade em causa;
b) A Estrutura Nuclear ou Flexível da CMS ou dos SMAS seja alterada.

Artigo 19°
(Publicação e Entrada em vigor)

1 – A presente redacção do Código, que se publica de forma consolidada, revoga a anterior


redacção deliberada pela Câmara Municipal de Sintra na sua reunião ordinária de 25 de Outubro
de 2016.

DJUR - CB – v2 21
2- Para além da publicitação da deliberação de aprovação, o presente Código e suas revisões são
ainda publicitadas nos sítios eletrónicos da CMS e dos SMAS, incluindo a respetiva intranet,
produzindo efeitos a partir do décimo dia após estas.

3 - O constante no número anterior não preclude o recurso a outas formas de publicitação que a
CMS e os SMAS entendam por convenientes para levar o documento a conhecimento do público.

4 - O presente Código e suas revisões são comunicados ao MENAC no prazo de 10 dias úteis
contados da sua aprovação, através de plataforma eletrónica a disponibilizar por aquela entidade.

DJUR – CB –V2 22
Diário da República, 2.ª série PARTE H

N.º 77 20 de abril de 2022 Pág. 465

MUNICÍPIO DE SINTRA
Aviso n.º 8117/2022

Sumário: Aprova o Código de Boa Conduta para a Prevenção e Combate ao Assédio no Trabalho
do Município de Sintra.

Basílio Adolfo de Mendonça Horta da Franca, Presidente da Câmara Municipal de Sintra, ao


abrigo da sua competência constante da alínea t) do n.º 1 do artigo 35.º e para os efeitos estatuídos
no n.º 1 do artigo 56.º, ambos da Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, torna público, em cumprimento
do disposto na alínea k), do n.º 1 do artigo 71.º da Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas,
aprovada em anexo à Lei n.º 35/2014, de 20 de junho, que a Câmara Municipal de Sintra deliberou,
na sua reunião de 5 de abril de 2022, aprovar, por unanimidade, o Código de Boa Conduta para
a Prevenção e Combate ao Assédio no Trabalho do Município de Sintra, que agora se reproduz.
O presente Código de Boa Conduta entra em vigor no dia seguinte ao da publicação no Diário
da República.

6 de abril de 2022. — O Presidente da Câmara, Dr. Basílio Adolfo de Mendonça Horta da Franca.

Código de Boa Conduta para a Prevenção e Combate ao Assédio no Trabalho

Nota Preambular
A publicação da Lei n.º 73/2017, de 16 de agosto, retificada pela Declaração de Retificação
n.º 28/2017, de 2 de outubro, veio reforçar o quadro legal no âmbito da prevenção e combate da
prática de assédio no trabalho, introduzindo alterações na Lei Geral do Trabalho em Funções Pú-
blicas, aprovada pela Lei n.º 35/2014, de 20 de junho, bem como no Código do Trabalho, aprovado
pela Lei n.º 7/2009, de 12 de fevereiro.
A alteração preconizada vem destacar a necessidade de o empregador proceder à adoção de um
Código de Boa Conduta para a Prevenção e Combate ao Assédio no Trabalho e à instauração de pro-
cedimento disciplinar sempre que tiver conhecimento de alegadas situações de assédio no trabalho.
Neste sentido, compete ao Município de Sintra definir e implementar medidas em conformidade,
adotando, para o efeito, o presente Código de Boa Conduta, dando cumprimento ao disposto na
alínea k) do n.º 1 do artigo 71.º da Lei Geral de Trabalho em Funções Públicas e no regime previsto
no Código do Trabalho.
O Código de Boa Conduta para a Prevenção e Combate ao Assédio no Trabalho tem como pro-
pósito estabelecer uma política de prevenção de riscos psicossociais, defender os princípios e valores
de não discriminação e de combate ao assédio no trabalho, servindo também de guia orientador no
âmbito da resolução de questões éticas, morais e comportamentais, nos termos da legislação vigente.
O presente Código foi elaborado ao abrigo do disposto no n.º 4 do artigo 136.º do Código do
Procedimento Administrativo, aprovado pela Lei n.º 4/2015, de 7 de janeiro.
Não existindo comissão de trabalhadores ou comissão sindical, promoveu-se a consulta das
estruturas sindicais, no âmbito da qual foram devidamente ponderados e integrados os respetivos
contributos, tendo o Código de Boa Conduta para a Prevenção e Combate ao Assédio no Trabalho
do Município de Sintra, nos termos do disposto na alínea k) do n.º 1 do artigo 33.º da Lei n.º 75/2013,
de 12 de setembro, sido aprovado, a 05/04/2022, pelo Órgão Executivo Municipal.

CAPÍTULO I

Disposições gerais

Artigo 1.º
Objeto

1 — O presente Código de Boa Conduta para a Prevenção e Combate ao Assédio no Trabalho,


adiante designado por Código ou Código de Boa Conduta, estabelece um conjunto de princípios
Diário da República, 2.ª série PARTE H

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que devem ser observados no cumprimento das atividades desenvolvidas pelo Município da Sin-
tra, bem como as normas de conduta que determinam a atuação e os comportamentos dos seus
colaboradores.
2 — O presente Código constitui um instrumento autorregulador e a expressão de uma política
ativa por forma a dar a conhecer, evitar, identificar, eliminar e punir situações e comportamentos
suscetíveis de consubstanciar assédio no trabalho.

Artigo 2.º

Âmbito de aplicação

1 — O presente Código de Boa Conduta aplica-se a todos os trabalhadores do Município de


Sintra, nas relações entre si (relações internas) e para com os cidadãos, empresas ou entidades
(relações externas), independentemente do seu vínculo contratual, função que desempenhem ou
posição hierárquica que ocupem.
2 — Aplica-se também a colaboradores ou prestadores de serviços independentemente do
seu vínculo contratual ou função que desempenhem.
3 — Os membros dos órgãos municipais ficam sujeitos às disposições deste Código na parte
que lhes seja aplicável, em tudo o que não seja contrariado pelo estatuto normativo específico a
que se encontram sujeitos.

Artigo 3.º

Compromisso

1 — O Município de Sintra, enquanto entidade empregadora, promove o respeito mútuo e


repudia expressamente qualquer prática de discriminação e de assédio moral e/ou sexual no tra-
balho, por ser incompatível com a dignidade da pessoa humana.
2 — O Município de Sintra está empenhado em manter nos seus locais de trabalho uma política
de prevenção e combate a toda e qualquer forma de assédio e/ou violência, por ato lícito ou ilícito,
assente, ou não, em fatores discriminatórios.

Artigo 4.º

Princípios gerais

No exercício das suas atividades, funções e competências, todos os abrangidos por este Có-
digo devem atuar no respeito pelos princípios da não discriminação e de combate ao assédio no
trabalho e em conformidade com a missão, visão e valores do Município de Sintra.

Artigo 5.º

Relações internas

1 — Todos os abrangidos por este Código devem, na sua conduta interpessoal, promover a exis-
tência de relações cordiais e saudáveis, designadamente, adotando os seguintes comportamentos:

a) Fomentar o respeito pelo próximo, disponibilidade para o outro, partilha de informação,


espírito de equipa e de pertença ao Município da Sintra;
b) Agir com cortesia, bom senso e autodomínio na resolução das situações que se lhes apre-
sentem em contexto profissional;
c) Abster-se de qualquer comportamento que possa intervir com o normal desempenho da sua
função, dentro ou fora do local de trabalho.
Diário da República, 2.ª série PARTE H

N.º 77 20 de abril de 2022 Pág. 467

2 — Os trabalhadores com funções dirigentes devem, no âmbito da respetiva unidade orgâ-


nica que dirigem e nas relações intrainstitucionais, desenvolver e incutir aos seus colaboradores
uma cultura de respeito, rigor, zelo e transparência, estimulando o diálogo, o espírito de equipa,
colaboração e partilha, no seio do serviço.

Artigo 6.º
Discriminação e Assédio

1 — É proibida a prática de qualquer ato discriminatório e de assédio em qualquer das suas


vertentes.
2 — Para efeitos do disposto no número anterior são considerados comportamentos discri-
minatórios os adotados com base na ascendência, idade, sexo, orientação sexual, identidade de
género, estado civil, situação familiar, situação económica, instrução, origem ou condição social,
património genético, capacidade de trabalho reduzida, deficiência, doença crónica, nacionalidade,
origem étnica ou raça, território de origem, língua, religião, convicções políticas ou ideológicas e
filiação sindical, ou quaisquer outros fatores de discriminação.
3 — Entende-se por assédio o comportamento indesejado, nomeadamente o baseado em fator
de discriminação, praticado aquando do acesso ao emprego ou no próprio emprego, trabalho ou
formação profissional, que inequivocamente tenha o objetivo ou o efeito de perturbar ou constran-
ger a pessoa, afetar a sua dignidade, ou de lhe criar um ambiente intimidativo, hostil, humilhante
ou desestabilizador.
4 — O assédio é caracterizado pela intencionalidade e pela repetição ou continuação no
tempo e pode ocorrer no exercício de funções ou atividades, no local de trabalho ou fora do local
de trabalho, por razões relacionadas com este.
5 — Constitui assédio moral o conjunto de comportamentos indesejados, percecionados como
abusivos, praticados de forma persistente e reiterada, podendo consistir num ataque verbal com
conteúdo ofensivo ou humilhante ou em atos subtis, que podem incluir violência psicológica e/ou
física, com o objetivo ou o efeito referido no número três do presente artigo.
6 — Constitui assédio sexual o conjunto de comportamentos indesejados, percecionados
como abusivos, de caráter sexual, sob forma verbal, não verbal ou física, com o objetivo ou o efeito
referido no número três do presente artigo.

Artigo 7.º
Formas de assédio

O assédio pode adotar as seguintes formas:

a) Vertical de sentido descendente, quando praticado por superior hierárquico e/ou chefia direta
para com dependente hierárquico;
b) Vertical de sentido ascendente, quando praticado por dependente hierárquico para com a
chefia direta e/ou superior hierárquico;
c) Horizontal, quando praticado por colegas de trabalho;
d) Outro, quando praticado por terceiros.

Artigo 8.º
Comportamentos ilícitos

1 — Estão designada e expressamente vedados os seguintes comportamentos, suscetíveis


de serem considerados como assédio moral no trabalho:

a) Promover o isolamento ou a falta de contacto com chefias ou em relação a colegas;


b) Transferir o trabalhador de serviço ou de local de trabalho com a clara intenção de promover
o seu isolamento;
Diário da República, 2.ª série PARTE H

N.º 77 20 de abril de 2022 Pág. 468

c) Estabelecer sistematicamente objetivos impossíveis de atingir ou prazos impossíveis de


cumprir;
d) Desvalorizar sistematicamente o trabalho realizado;
e) Atribuir sistematicamente funções estranhas ou desadequadas à respetiva categoria pro-
fissional;
f) Não atribuir quaisquer funções, violando o direito à ocupação efetiva do posto de trabalho;
g) Apropriar-se sistematicamente de ideias, propostas, projetos e trabalhos de colegas ou de
subordinados, sem identificação do autor das mesmas;
h) Sonegar sistematicamente informações necessárias ao desempenho das funções, sendo,
no entanto, o conteúdo dessas informações facultado aos demais;
i) Falar constantemente aos gritos ou de forma intimidatória;
j) Fazer ameaças de despedimento recorrentes;
k) Criar sistematicamente situações de stress com o objetivo de provocar o descontrolo;
l) Ridicularizar, de forma direta ou indireta, uma característica física, psicológica ou outra;
m) Fazer sistematicamente críticas em público a colegas, subordinados ou superiores hierár-
quicos.

2 — Estão designada e expressamente vedados os seguintes comportamentos, suscetíveis


de serem considerados como assédio sexual no trabalho:

a) Repetir sistematicamente observações sugestivas, piadas ou comentários sobre a aparência


ou condição sexual;
b) Enviar reiteradamente desenhos animados, desenhos, fotografias ou imagens indesejados
e de teor sexual;
c) Realizar telefonemas, enviar cartas, sms ou e-mails indesejados, de caráter sexual;
d) Enviar convites persistentes para participação em programas sociais ou lúdicos, quando a
pessoa visada deixou claro que o convite é indesejado;
e) Promover o contacto físico intencional e não solicitado ou provocar abordagens físicas
desnecessárias;
f) Agressão ou tentativa de agressão sexual;
g) Apresentar convites e pedidos de favores sexuais associados a promessa de obtenção de
emprego ou melhoria das condições de trabalho, podendo esta relação ser expressa e direta ou
meramente insinuada.

3 — Excetua-se do disposto nos números anteriores as situações de caráter isolado que


possam constituir ilícito disciplinar ou criminal, mas não configuram situações de assédio por não
terem caráter repetitivo.
4 — Não constitui assédio moral, nomeadamente:

a) O conflito laboral pontual;


b) As decisões legítimas advenientes da organização de trabalho;
c) As agressões ocasionais, quer físicas quer verbais e que possam constituir ilícito disciplinar
ou criminal;
d) O legítimo exercício do poder hierárquico ou disciplinar (v.g. poder de direção, emissão de
ordens, avaliação de desempenho, instauração de processo disciplinar);
e) A pressão profissional decorrente do exercício de cargos de alta responsabilidade.

5 — Não constitui assédio sexual, nomeadamente:

a) A aproximação romântica entre colegas ou envolvendo superiores hierárquicos, livremente


recíproca ou que não seja indesejada e repelida;
b) Os elogios ocasionais.
Diário da República, 2.ª série PARTE H

N.º 77 20 de abril de 2022 Pág. 469

CAPÍTULO II

Procedimento interno

Artigo 9.º
Forma, conteúdo e meios de efetuar a denúncia

1 — Qualquer pessoa que considere ser vítima de assédio tem a obrigação de reportar a
situação mediante uma das seguintes opções:

a) Ao seu superior hierárquico ou ao dirigente da unidade orgânica a que pertence e/ou;


b) Ao Diretor Municipal ou de Departamento da sua área ou da área dos Recursos Humanos e/ou;
c) Ao Vereador responsável pelo pelouro da sua área ou da área dos Recursos Humanos e/ou;
d) Ao Presidente da Câmara;
e) Através do endereço eletrónico: assedio@cm-sintra.pt (trabalhadores afetos à Câmara
Municipal de Sintra);
f) Através do endereço eletrónico: assedio@smas-sintra.pt (trabalhadores afetos aos Serviços
Municipalizados de Água e Saneamento de Sintra).

2 — Todos os que tenham conhecimento de práticas irregulares suscetíveis de indiciar situa-


ções de assédio devem participá-las a qualquer das entidades referidas no número anterior e
prestar a devida colaboração.
3 — A denúncia ou participação deve ser o mais detalhada possível, contendo uma descrição
precisa dos factos constitutivos ou suscetíveis de consubstanciar a prática de assédio, designada-
mente quanto às circunstâncias, hora e local dos mesmos, identidade da vítima e do assediante,
bem como dos meios de prova testemunhal, documental ou pericial, eventualmente existentes.
4 — A denúncia ou participação, se meramente verbal, será reduzida a escrito.
5 — Em alternativa ou cumulativamente ao procedimento referido no número um do presente
artigo, poderá igualmente ser efetuada denúncia para a Inspeção-Geral de Finanças, em cumpri-
mento do estabelecido no n.º 1 do artigo 4.º da Lei n.º 73/2017, de 16 de agosto, que disponibiliza
endereço eletrónico próprio (ltfp.art4@igf.gov.pt) para a receção de queixas de assédio em contexto
laboral no setor público.
6 — A informação que venha a ser disponibilizada pela Inspeção-Geral de Finanças sobre a
identificação de práticas e sobre medidas de prevenção, de combate e reação a situações de as-
sédio, será tida em consideração pelo Município de Sintra no tratamento das situações de assédio
de que tome conhecimento.
7 — As situações e comportamentos suscetíveis de consubstanciar assédio praticados por
terceiros que não exerçam funções no Município da Sintra são objeto de queixa, a efetuar pelo
dirigente, pela vítima ou por qualquer trabalhador que deles tenha conhecimento, junto da Inspeção-
-Geral de Finanças.
8 — Caso se comprove que a denúncia ou participação não é verdadeira, pode haver lugar
a procedimento judicial, designadamente com fundamento na prática de um crime de denúncia
caluniosa, previsto e punido nos termos penais.

Artigo 10.º
Confidencialidade e garantias

1 — É garantida a confidencialidade relativamente a denunciantes, participantes e testemunhas.


2 — Somente as partes interessadas, o Presidente da Câmara e os elementos designados
para acompanhar e efetuar a instrução do processo devem conhecer a denúncia ou a participação,
e o seu conteúdo.
3 — Os trabalhadores e dirigentes do Município que, no exercício das suas funções vierem
a tomar conhecimento da denúncia ou participação, bem como do seu conteúdo, não as podem
Diário da República, 2.ª série PARTE H

N.º 77 20 de abril de 2022 Pág. 470

divulgar ou dar a conhecer informações com elas relacionadas, mesmo após a cessação das fun-
ções, salvo se tal informação já tiver sido autorizada ou puder ser tornada pública, nos termos da lei.
4 — É garantida a tramitação célere dos procedimentos instaurados na sequência da denúncia
ou participação de assédio no trabalho.
5 — O denunciante ou participante e as testemunhas por si indicadas não podem ser san-
cionados disciplinarmente, a menos que atuem com dolo, com base em declarações ou factos
constantes dos autos de processo, judicial ou contraordenacional, desencadeado por assédio até
decisão final, transitada em julgado, sem prejuízo do exercício do direito ao contraditório.

CAPÍTULO III

Regimes sancionatórios e responsabilidade

Artigo 11.º
Procedimentos sancionatórios

1 — Sempre que o Município de Sintra tome conhecimento de comportamento praticado por


quem esteja abrangido pelo âmbito de aplicação do presente Código, suscetível de integrar o
disposto no artigo 8.º, deve averiguar da veracidade dos factos e, se recolher indícios suficientes,
promover a instauração do competente procedimento disciplinar, nos termos da Lei Geral do Tra-
balho em Funções Públicas, aprovada pela Lei n.º 35/2014, de 20 de junho, ou praticar qualquer
outro ato que ao caso se revele adequado.
2 — A prática de assédio constitui também contraordenação muito grave, sem prejuízo da
eventual responsabilidade penal prevista nos termos da lei, que dão origem aos respetivos proce-
dimentos a instaurar pelas entidades competentes.
3 — Para efeitos do número anterior, o Município de Sintra, sempre que tiver conhecimento de
situações de assédio no trabalho, alerta o serviço com competência inspetiva para a área laboral
aplicável ao caso, bem como o Ministério Público.
4 — A prática de assédio confere à vítima o direito de indemnização, por danos patrimoniais e
não patrimoniais, de acordo com o estabelecido no artigo 28.º do Código do Trabalho, em matéria
de indemnização por ato discriminatório.

CAPÍTULO IV

Prevenção e combate ao assédio

Artigo 12.º
Medidas preventivas e de combate ao assédio

1 — Qualquer pessoa abrangida por este Código deve adotar uma postura de prevenção,
denúncia, combate e eliminação de comportamentos suscetíveis de configurar assédio no trabalho.
2 — Constituem atribuições do Município de Sintra no âmbito da prevenção e combate ao
assédio moral e sexual, as seguintes:

a) Incentivar as boas relações no ambiente de trabalho, promovendo um clima de tolerância


à diversidade e respeito pela diferença, fazendo uma gestão adequada de atritos e conflitos entre
trabalhadores, entre trabalhadores e as chefias, e com terceiros;
b) Sinalizar e acompanhar todas as situações que indiciem a prática de assédio;
c) Verificar e assegurar a existência de mecanismos internos de comunicação de irregularidades,
assegurando-se de que os mesmos observam as normas legais, designadamente, em matéria de
confidencialidade, do processo de tratamento da informação e da existência de represálias sobre
os denunciantes/participantes;
Diário da República, 2.ª série PARTE H

N.º 77 20 de abril de 2022 Pág. 471

d) Fomentar a informação e a formação em matéria de assédio e de gestão de conflitos no


trabalho;
e) Proceder à divulgação deste Código a todos os trabalhadores, titulares de cargos dirigen-
tes, elementos dos órgãos e gabinetes autárquicos, incluindo aqueles que prestem serviço a título
temporário ou ocasional;
f) No processo de admissão de trabalhadores fazer constar a declaração de conhecimento e
aceitação das normas vigentes no presente Código de Boa Conduta.

CAPÍTULO V

Disposições finais e transitórias

Artigo 13.º
Interpretação

A interpretação das disposições do presente Código, bem como a resolução de dúvidas re-
sultantes da sua aplicação são da competência do Presidente da Câmara.

Artigo 14.º
Casos omissos

Em tudo o que não se mostre expressamente previsto no presente Código, aplicar-se-ão as


disposições previstas no Código do Trabalho e na Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas,
aprovadas, respetivamente, pela Lei n.º 7/2009, de 12 de fevereiro, e pela Lei n.º 35/2014, de 20
de junho, nas suas versões atualizadas, bem como no Regulamento Geral de Proteção de Dados.

Artigo 15.º
Divulgação e Publicitação

O presente Código de Boa Conduta será divulgado de acordo com o previsto nas alíneas e)
e f) do n.º 2 do artigo 12.º do presente Código, sendo disponibilizado no sítio da Internet e Intranet
do Município de Sintra.

Artigo 16.º
Revisão

O presente Código deve ser revisto sempre que ocorra alteração da legislação aplicável ou
sempre que se verifiquem factos supervenientes que justifiquem a sua revisão.

Artigo 17.º
Entrada em vigor

O presente Código de Boa Conduta entra em vigor no dia seguinte à data da publicação na
2.ª série do Diário da República.
315213155

www.dre.pt
CÓDIGO
DE ÉTICA
E CONDUTA
DO MUNICÍPIO
DE CASCAIS

JULHO 2022
CONTROLO DO DOCUMENTO

RESPONSÁVEL

Divisão de Transparência e Conformidade (DTRC)

REGISTO DE VERSÕES E ATUALIZAÇÕES

VERSÃO ELABORAÇÃO DATA APROVAÇÃO DESCRIÇÃO DAS ALTERAÇÕES EFETUADAS

V.0 DAPG/GECO 15-07-2019 Versão inicial do documento


- Teor da 7.ª alteração ao ROSM aprovada a
13 de dezembro de 2021 e despachos de
nomeação inerentes: DTRC
- Teor do Mecanismo Nacional Anticorrupção e
Regime Geral de Prevenção da Corrupção
(Decreto-Lei n.º 109-E/2021, de 9 de
dezembro)
- Teor do Regime Geral de Proteção de
Denunciantes de Infrações (Lei n.º 93/2021,
de 20 de dezembro)
- Inclusão de pontos sobre Corrupção e
infrações conexas, Responsável pelo
V.1 DMCR/DTRC 5-07-2022 cumprimento normativo, Sistema de avaliação
e Canal de denúncia
- Reformulação dos artigos 1.º Objeto, 2.º
Âmbito de aplicação, 3.º Objetivo, 8.º
Conflitos de interesses, 9.º Ofertas
institucionais, 14.º Sanções, 15.º Publicitação,
16.º Revisão e 17.º Entrada em vigor
- Inclusão da Declaração de Conhecimento da
Política de Gestão de Conflitos de Interesses
da Câmara Municipal de Cascais (Anexo I)
- Inclusão da Declaração de Existência de
Conflitos de Interesses (Anexo II)
- Inclusão do Registo de Ofertas (Anexo III)
Código de Ética e Conduta do Município de Cascais

Índice
PREÂMBULO .................................................................................................................................. 2
CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS ............................................................................................... 4
1
Artigo 1.º Objeto ....................................................................................................................... 4
Artigo 2.º Âmbito de aplicação ................................................................................................. 4
Artigo 3.º Objetivo .................................................................................................................... 4
CAPÍTULO II - PRINCÍPIOS GERAIS ................................................................................................. 5
Artigo 4.º Princípios éticos ........................................................................................................ 5
Artigo 5.º Princípios de bom governo ....................................................................................... 6
CAPÍTULO III - NORMAS DE CONDUTA .......................................................................................... 8
Artigo 6.º Normas de Conduta gerais ....................................................................................... 8
Artigo 7.º Corrupção e infrações conexas ................................................................................. 9
Artigo 8.º Conflitos de interesses.............................................................................................. 9
Artigo 9.º Ofertas institucionais .............................................................................................. 11
Artigo 10.º Transparência e acesso à informação................................................................... 11
CAPÍTULO IV - ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO .................................................................... 12
Artigo 11.º Responsável pelo cumprimento normativo ......................................................... 12
Artigo 12.º Sistema de avaliação............................................................................................. 12
Artigo 13.º Canal de denúncia................................................................................................. 12
Artigo 14.º Sanções ................................................................................................................. 12
Artigo 15.º Publicitação........................................................................................................... 14
CAPÍTULO V - DISPOSIÇÕES FINAIS ............................................................................................. 15
Artigo 16.º Revisão .................................................................................................................. 15
Artigo 17.º Entrada em vigor................................................................................................... 15
ANEXOS ....................................................................................................................................... 16
Código de Ética e Conduta do Município de Cascais

PREÂMBULO

O direito a uma boa administração está consagrado na Carta dos Direitos Fundamentais da
União Europeia (art.º 41.º) e no Código do Procedimento Administrativo (art.º 5.º). A boa
administração, ou bom governo, compreende um rol de regras e procedimentos que 2
vinculam todas as entidades e servidores públicos, tendo em vista limitar o núcleo de
exercício de poderes discricionários, e garantir a qualidade do exercício do poder quanto a
responsabilidade, transparência, coerência, eficiência e eficácia. Estão em causa dois grandes
desígnios. Em primeiro lugar, a promoção do Estado de Direito e, em segundo lugar, uma
demonstração de respeito pelos cidadãos. Todas as pessoas têm direito a que os seus
assuntos sejam tratados pelas instituições, órgãos e organismos públicos de forma imparcial,
equitativa e num prazo razoável.

A Câmara Municipal de Cascais está comprometida com a adoção de mecanismos de defesa


e garantia da integridade e ética profissional institucional, sendo o Código de Ética e de
Conduta (doravante Código) uma peça fundamental para reforçar a responsabilidade e
controlo da ação municipal, incrementando a confiança dos cidadãos nas instituições e
representantes da Câmara Municipal de Cascais, conferindo-lhes mais um instrumento de
vigilância da atividade administrativa.

O Código reúne os princípios éticos e valores da administração pública vertidos na Carta


Ética da Administração Pública, no Código do Procedimento Administrativo (doravante CPA),
na Recomendação n.º 10 (2000), sobre os Códigos de Conduta para os Agentes Públicos, do
Comité de Ministros dos Estados Membros, e no Código Europeu de Boa Conduta
Administrativa, aprovado pela primeira vez pelo Parlamento Europeu em 2001. Foi também
considerada a proposta de Código de Conduta Administrativa, apresentada pelo Provedor de
Justiça. O Código não visa substituir-se a outros princípios e normas em vigor, como a Lei
Geral do Trabalho em Funções Públicas e o Regulamento Geral de Proteção de Dados, mas
sim complementá-los.

Com o objetivo de garantir uma atuação objetiva, imparcial e exemplar, o Código versa
também sobre a transparência administrativa, observando as disposições da Lei de Acesso
aos Documentos Administrativos, e incorporando normas para dirimir situações de conflitos
de interesses e regular as condições de aceitação de ofertas institucionais, nos termos do
Regime do Exercício de Funções por Titulares de Cargos Políticos e Altos Cargos Públicos,
aprovado pela Lei n.º 52/2019, de 31 de julho.

De forma a evitar que o Código não passe de uma simples declaração programática, o
desrespeito pelas suas cláusulas constitui infração disciplinar grave, punida nos termos da
lei, e é prevista a obrigação de implementar mecanismos de difusão e formação interna a
todos os seus dirigentes e trabalhadores nos valores, princípios e normas de conduta,
definindo mecanismos e procedimentos orientados a garantir a sua efetividade, avaliação e
impulso. Neste sentido, é prevista a figura do/a Responsável pelo cumprimento normativo,
que garante e controla a aplicação do programa de cumprimento normativo, do qual o
Código é parte integrante, sendo encarregue de zelar pela gestão, acompanhamento e
Código de Ética e Conduta do Município de Cascais

avaliação do Código, bem como assessorar e ajudar no desenvolvimento das tarefas


necessárias à adoção eficaz das normas e princípios de bom governo.

Nos termos do Regime Geral de Prevenção da Corrupção, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 109-
E/2021, de 9 de dezembro, e tendo em vista prevenir, detetar e sancionar atos de corrupção
3
e infrações conexas, a Câmara Municipal de Cascais implementou um programa de
cumprimento normativo que inclui, para além do Código de Ética e Conduta, o Manual de
Gestão de Conflitos de Interesses, o Plano de Gestão de Riscos de Corrupção e Infrações
Conexas, os Canais para a Promoção da Transparência Municipal, designadamente os Canais
de Denúncia Interna e de Denúncia Externa, e o programa de formação interna mencionado
anteriormente.

O Código aplica-se aos trabalhadores e colaboradores ao serviço da Câmara Municipal de


Cascais. As normas e princípios do presente Código vinculam todos os membros da Câmara
Municipal de Cascais, respetivos eleitos, bem como todas as pessoas que têm um vínculo de
emprego público por contrato de trabalho, nomeação ou comissão de serviço, ou contrato de
prestação de serviço com a autarquia.

Tendo por base a legislação supra-identificada e ao abrigo do n.º 4 do art.º 136.º do CPA e
da alínea k) do n.º1 do art.º 33.º do Anexo I da Lei n.º 75/2013, de 12 de Setembro, e nos
termos do artigo 7º do Regime Geral de Prevenção da Corrupção e do artigo 19º da Lei n.º
52/2019, de 31 de julho, na redação atual, é aprovado o Código de Conduta e Ética do
Município de Cascais.
Código de Ética e Conduta do Município de Cascais

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES GERAIS

Artigo 1.º
4
Objeto

O presente Código de Ética e de Conduta, doravante designado «Código», estabelece um


conjunto de princípios, valores e regras em matéria de ética profissional que devem ser
observados para um adequado desempenho da Câmara Municipal de Cascais e dos seus
trabalhadores e colaboradores, quer no relacionamento recíproco, quer nas relações que são
estabelecidas com os particulares e outras entidades.

Artigo 2.º
Âmbito de aplicação

1. O Código é aplicável aos trabalhadores e colaboradores ao serviço da Câmara Municipal de


Cascais, nas relações entre si e com os cidadãos.

2. A Câmara Municipal de Cascais adotará as medidas necessárias para que todos os


trabalhadores e colaboradores adotem as disposições do Código.

3. São destinatários subjetivos do Código:

a) Os membros da Câmara Municipal de Cascais;

b) Todas as pessoas que têm um vínculo, por contrato de trabalho, nomeação ou


comissão de serviço, ou contrato de prestação de serviço com a Câmara Municipal de
Cascais e empresas municipais.

Artigo 3.º
Objetivo

1. O Código tem como objetivo especificar as normas de integridade e de conduta a observar


pelas pessoas referidas no artigo anterior, servindo como instrumento de auxílio de
cumprimento dessas normas, e de informação aos cidadãos sobre a conduta exigível a essas
pessoas.

2. Nenhuma norma do Código substitui ou prejudica a aplicação das disposições legais e


regulamentares vigentes em matéria de direitos, deveres e responsabilidades que incidam
sobre os titulares de cargos políticos, cargos dirigentes e os trabalhadores da Câmara
Municipal de Cascais, incluindo os resultantes das normas internas da Câmara Municipal.

3. As normas do Código são complementadas pelas normas, procedimentos, regulamentos e


manuais internos da Câmara Municipal de Cascais e outros que venham a ser aprovados.
Código de Ética e Conduta do Município de Cascais

CAPÍTULO II

PRINCÍPIOS GERAIS

Artigo 4.º
5

Princípios éticos

Todas as pessoas sujeitas a este Código devem atuar de acordo com os seguintes princípios
éticos:

1. Princípio do Serviço Público e da proteção dos direitos e interesses dos cidadãos:


servir em exclusivo a comunidade e os cidadãos, prevalecendo sempre o interesse público
sobre os interesses particulares ou de grupo.

2. Princípio da Legalidade: atuar em obediência à lei e ao direito, dentro dos limites dos
poderes que lhes forem conferidos e em conformidade com os respetivos fins.

3. Princípio da Integridade: obedecer a critérios de honestidade pessoal e de integridade


de carácter.

4. Princípio da Justiça e da Imparcialidade: tratar, de forma justa e imparcial, todos os


cidadãos, atuando segundo rigorosos princípios de neutralidade.

5. Princípio da Igualdade: não beneficiar ou prejudicar qualquer cidadão em função da sua


ascendência, sexo, raça, língua, convicções políticas, ideológicas ou religiosas, situação
económica ou condição social.

6. Princípio da Proporcionalidade: exigir aos cidadãos o indispensável à realização da


atividade administrativa.

7. Princípio da Responsabilidade: responder, nos termos da lei, pelos danos causados no


exercício da sua atividade.

8. Princípio da Colaboração e da Boa-Fé: colaborar com os cidadãos, segundo o princípio


da Boa-Fé, tendo em vista a realização do interesse da comunidade e fomentar a sua
participação na realização da atividade administrativa.

9. Princípio da Informação e da Qualidade: prestar informações e/ou esclarecimentos de


forma clara, simples, cortês e rápida.

10. Princípio da Lealdade: agir de forma leal, solidária e cooperante.

11. Princípio da Competência e Responsabilidade: agir de forma responsável e


competente, dedicada e crítica, empenhando-se na valorização profissional.

12. Princípio da Administração Aberta: garantir o direito de acesso aos arquivos e


registos administrativos, mesmo quando nenhum procedimento que lhes diga diretamente
respeito esteja em curso, sem prejuízo do disposto na lei em matérias relativas à segurança
interna e externa, à investigação criminal, ao sigilo fiscal e à privacidade das pessoas.
Código de Ética e Conduta do Município de Cascais

13. Princípio da Proteção de Dados Pessoais: garantir o direito à proteção dos dados
pessoais e à segurança e integridade dos suportes, sistemas e aplicações utilizados para o
efeito, nos termos da lei.

Artigo 5.º 6
Princípios de bom governo

Todas as pessoas sujeitas a este Código devem atuar de acordo com os seguintes princípios
de bom governo:

1. Respeitar e proteger os direitos humanos reconhecidos internacionalmente, incluindo os


direitos das pessoas com incapacidades e pertencentes a minorias.

2. Satisfazer o interesse público, tendo em conta os interesses e as diferentes necessidades


sociais, económicas e ambientais de todas as pessoas.

3. Garantir a participação dos cidadãos, bem como das associações que tenham por objeto a
defesa dos seus interesses, na formação das decisões que lhes digam respeito.

4. Utilizar meios eletrónicos no desempenho da atividade, de modo a promover a eficiência e


a transparência administrativas e a proximidade com os interessados, e que garantam a
disponibilidade, o acesso, a integridade, a autenticidade, a confidencialidade, a conservação
e a segurança da informação.

5. Garantir o direito à igualdade no acesso aos serviços, incluindo das pessoas com
incapacidades, não podendo, em caso algum, o uso de meios eletrónicos implicar restrições
ou discriminações não previstas para os cidadãos que não utilizem os meios não eletrónicos.

6. Indicar os meios de impugnação de qualquer decisão administrativa suscetível de se


projetar na esfera jurídica dos cidadãos, indicando com clareza e em tempo útil, os meios
disponíveis para a impugnação da decisão, incluindo os de carácter jurisdicional,
especificando a respetiva natureza, prazos legalmente aplicáveis e o órgão competente para
a sua apreciação.

7. Impulsionar a implementação de uma ação administrativa recetiva e acessível aos pedidos


dos cidadãos, adotando uma linguagem administrativa clara e compreensível, simplificando e
agilizando os procedimentos administrativos e eliminando a carga burocrática excessiva.

8. Instituir e manter registos adequados da atividade, nomeadamente, da correspondência,


dos documentos recebidos e das decisões tomadas, nos termos das disposições legais
aplicáveis.

9. Assegurar o melhor uso possível dos recursos públicos disponíveis.

10. Garantir a participação cidadã, criando procedimentos e instrumentos que permitam a


avaliação e melhoria contínua dos serviços públicos.

11. Promover a diversidade e a coesão social, e a maximização do potencial da diversidade


cultural, contribuindo para a redução de desigualdades, incremento da tolerância, da justiça
social e do mútuo respeito entre diferentes credos e culturas.
Código de Ética e Conduta do Município de Cascais

12. Promover o consenso político e social, dando respostas céleres e eficazes às


necessidades urgentes da sociedade, promovendo uma governação que fomenta a
articulação entre os diferentes agentes sociais.

13. Impulsionar a coordenação entre administrações públicas.


7
Código de Ética e Conduta do Município de Cascais

CAPÍTULO III

NORMAS DE CONDUTA

Artigo 6.º
8
Normas de Conduta gerais

Todas as pessoas sujeitas ao Código devem adotar as seguintes normas gerais de conduta:

1. Ser corteses, prestáveis e acessíveis nas suas relações com os cidadãos, assegurando que
conhecem os seus direitos e deveres, bem como aquilo que podem ou não esperar da
atuação do órgão ou serviço a que se dirigem.

2. Prestar informações e outros esclarecimentos, em termos exatos, completos e claros,


tendo sempre presentes as circunstâncias individuais dos interlocutores, designadamente a
sua capacidade para compreender as normas e procedimentos concretamente aplicáveis.

3. Corresponder, na medida das suas possibilidades e do serviço em que se integram, às


necessidades dos cidadãos, adotando as providências aptas a garantir a compreensão das
comunicações que lhes são dirigidas.

4. Sugerir a redação escrita do pedido apresentado pelo cidadão nos casos de complexidade
da situação, do aprofundamento exigido ou de falta de clareza da pretensão.

5. Exteriorizar e justificar as suas decisões, rejeitando qualquer meio de discriminação ou


arbitrariedade, em respeito pelos princípios da proporcionalidade, imparcialidade e
conformidade com o interesse público.

6. Informar os cidadãos sobre a existência de outros serviços, organizações ou de meios


alternativos de apoio ou assistência que possam satisfazer a sua pretensão, sempre que tal
se verifique.

7. Encaminhar os cidadãos para o serviço ou instituição responsável pela adequada


prestação de informações, consoante o caso.

8. Estar disponíveis para a correção de eventuais erros por si praticados, nomeadamente e


consoante o caso, com revisão do procedimento incorreto, apresentação de um pedido de
desculpas ou uma explicação adequada.

9. Exercer as suas funções com dedicação, zelo e diligência, desenvolvendo as suas


competências e responsabilidades de forma não prejudicial à reputação da Câmara Municipal,
tendo especial atenção a eventuais situações de incompatibilidades e conflitos de interesse.

10. Tratar de forma cuidadosa e coordenada os assuntos que envolvam mais do que um
órgão ou serviço público, evitando que as necessidades a salvaguardar sejam descuradas ou
sofram dano por esse facto.

11. Guardar sigilo de todos os factos, decisões e informações de que tenham conhecimento
no exercício das suas funções ou por causa delas, bem como após a cessação de funções.
Código de Ética e Conduta do Município de Cascais

12. Respeitar, proteger e zelar pela adequada conservação e manutenção dos bens públicos
aos quais têm acesso no exercício das suas funções.

Artigo 7.º
Corrupção e infrações conexas 9

1. Nos termos do Regime Geral de Prevenção da Corrupção, aprovado pelo Decreto-Lei n.º
109-E/2021, de 9 de dezembro, entende-se por corrupção e infrações conexas os crimes de
corrupção, recebimento e oferta indevidos de vantagem, peculato, participação económica
em negócio, concussão, abuso de poder, prevaricação, tráfico de influência, branqueamento
ou fraude na obtenção ou desvio de subsídio, subvenção ou crédito.

2. A prática de atos de corrupção e infrações conexas é punida com pena de prisão ou pena
de multa, nos termos previstos no Código Penal.

3. O Plano de Gestão de Riscos de Corrupção e Infrações Conexas do Município de Cascais


identifica, analisa e classifica os riscos de gestão associados às competências e atividades
desenvolvidas pelas unidades orgânicas, incluindo os de corrupção, bem como as medidas
preventivas e corretivas que permitem reduzir a probabilidade de ocorrência e o impacto dos
riscos identificados.

4. Todos os intervenientes na atividade municipal devem orientar a sua ação respeitando o


Plano de Gestão de Riscos de Corrupção e Infrações Conexas do Município de Cascais em
vigor.

Artigo 8.º
Conflitos de interesses

1. O conflito de interesses surge a partir de uma situação em que alguém tem um interesse
privado suscetível de afetar, ou aparentar afetar, o desempenho imparcial e objetivo de
funções públicas.

2. O interesse privado inclui qualquer vantagem para si, família, amigos, ou quaisquer outras
pessoas ou organizações com as quais se relacione a título pessoal, empresarial ou político,
incluindo também qualquer responsabilidade de natureza financeira ou civil.

3. Todos os trabalhadores e dirigentes da Câmara Municipal de Cascais devem subscrever a


Declaração de Conhecimento da Política de Gestão de Conflitos de Interesses da Câmara
Municipal de Cascais (Anexo I), a qual deverá ser remetida ao Departamento de Recursos
Humanos para constar do respetivo processo individual.

4. Todas as pessoas abrangidas pelo Código têm o dever de:

a) Estar alerta para qualquer situação real, aparente ou potencial de conflito de


interesses;

b) Comunicar, mediante o preenchimento da Declaração de Existência de Conflitos


de Interesses (Anexo II) , qualquer situação suscetível de configurar uma situação de
conflito de interesses ao respetivo superior hierárquico ou ao Presidente da Câmara
Código de Ética e Conduta do Município de Cascais

Municipal, consoante os casos, ou através dos canais de denúncia existentes, de


acordo com o procedimento estipulado no Manual de Gestão de Conflitos de
Interesses do Município de Cascais;

c) Abster-se de intervir em procedimento administrativo ou em ato ou contrato de


10
direito público ou privado da Administração Pública, nas situações previstas nos
art.ºs 69.º e 73.º do Código do Procedimento Administrativo;

d) Adotar os mecanismos procedimentais adequados para dirimir situações de


conflito de interesses, nomeadamente aqueles que estão previstos no art.70.º e 74.º
do Código do Procedimento Administrativo;

e) Respeitar e cumprir as normas relativas a impedimentos e incompatibilidades no


exercício de funções, previstas na Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas e no
Estatuto dos Eleitos Locais, consoante os casos.

Artigo 9.º
Ofertas institucionais

1. As pessoas abrangidas pelo Código não podem solicitar, receber ou aceitar quaisquer
ofertas, benefícios, dádivas, compensações ou vantagens, incluindo viagens ou
hospitalidade, para si, família, amigos, ou quaisquer outras pessoas ou organizações com as
quais se relacionem a título pessoal, empresarial ou político, suscetíveis de afetar, ou
aparentar afetar, a imparcialidade e a objetividade do exercício das suas funções.

2. Considera-se que há condicionamento da imparcialidade e da objetividade do exercício de


funções quando haja aceitação de bens de valor estimado igual ou superior a €150,00.

3. Quando o titular do cargo receba de uma mesma entidade, no decurso do mesmo ano
civil, várias ofertas de bens materiais que perfaçam o valor estimado referido no número
anterior, deve proceder à apresentação de todas as que forem recebidas após perfazer
aquele valor.

4. As ofertas de valor estimado igual ou superior a €150,00, além de sujeitas a registo em


documento próprio (Anexo III – Registo de Ofertas) a apresentar junto do Gabinete da
Presidência, no prazo máximo de 5 dias úteis, e em função da sua natureza, são
preferencialmente encaminhadas para instituições sociais do Concelho de Cascais.

5. As ofertas que forem dirigidas ao Município, na qualidade de entidade pública,


independentemente do seu valor, são objeto de registo em documento próprio (Anexo III –
Registo de Ofertas), a efetuar junto do Gabinete da Presidência, no prazo máximo de 10 dias
úteis.

6. Compete ao Gabinete da Presidência assegurar um registo de acesso público das ofertas


nos termos do presente artigo.
Código de Ética e Conduta do Município de Cascais

Artigo 10.º

Transparência e acesso à informação

1. Para garantir o princípio da Administração Aberta no exercício das suas funções, as


pessoas abrangidas pelo Código devem observar as seguintes normas: 11

a) Garantir o acesso e a reutilização dos documentos administrativos de acordo com


os princípios da publicidade, da transparência, da igualdade, da justiça e da
imparcialidade;

b) Assegurar que os cidadãos estão cientes de qual a informação a que têm direito a
aceder e quais as condições de exercício do direito de acesso;

c) Manter a confidencialidade e reserva da informação abrangida pelas restrições de


acesso previstas no art.º 6.º da Lei de Acesso aos Documentos Administrativos;

d) Garantir os direitos de consulta, de reprodução e de informação sobre a existência


e conteúdo dos documentos administrativos, excetuando os casos previstos no
número anterior;

e) Prestar informações de forma clara, suficiente e precisa;

f) Garantir aos cidadãos o direito a solicitar, verbalmente ou por qualquer forma


escrita, incluindo por correio eletrónico ou por requerimento a apresentar no balcão
único eletrónico ou em portais ou sítios na Internet dos serviços, informação sobre o
andamento dos procedimentos administrativos que lhes digam respeito;

g) Assegurar, aos interessados, a consulta digital do processo administrativo e da


informação sobre o seu andamento, sempre que tal for possível e nos termos da lei;

h) Cumprir todas as normas sobre o exercício do direito de acesso e de reutilização


dos documentos administrativos previstas na Lei de Acesso aos Documentos
Administrativos.

2. A Câmara Municipal de Cascais deve impulsionar as seguintes medidas:

a) Canais permanentes de comunicação e interação com os cidadãos, agentes


sociais, organizações da sociedade civil, grupos de interesse e meios de comunicação
social, que fomentem uma participação ativa e direta nas políticas municipais;

b) Acesso dos cidadãos à informação municipal como instrumento necessário de


escrutínio da gestão pública local, e uma resposta eficaz e tempestiva em matéria de
prestação de contas;

c) Transparência na seleção de pessoal, contratação pública, execução orçamental,


concessão de bens e serviços públicos, atribuição de apoios e subsídios, planeamento
e gestão urbanística e concessão de licenças.
Código de Ética e Conduta do Município de Cascais

CAPÍTULO IV

ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO

Artigo 11.º
12
Responsável pelo cumprimento normativo

1. O Responsável pelo cumprimento normativo é responsável pela gestão, impulso,


acompanhamento e avaliação do cumprimento do presente Código.

2. O Responsável pelo cumprimento normativo é nomeado pelo Presidente do Município.

3. O Responsável pelo cumprimento normativo tem as seguintes funções:

a) Difundir o Código e velar pelo seu cumprimento;

b) Prestar esclarecimentos sobre as dúvidas relativas à interpretação e aplicação do


Código;

c) Impulsionar medidas de formação e de prevenção de atuação contrária a valores


éticos e regras de conduta de bom governo;

d) Formular recomendações e propor medidas de melhoria de gestão ética na


aplicação dos princípios do bom governo e da boa administração;

e) Realizar revisões periódicas do Código e elaborar propostas de modificação para


garantir a sua atualização.

Artigo 12.º
Sistema de avaliação

1. O Código é objeto de acompanhamento, pelo/a Responsável pelo cumprimento normativo,


nomeadamente por avaliação do respeito pelos princípio e valores nele previstos.

2. Por cada infração ao Código, é elaborado um relatório do qual constam a identificação das
regras violadas e da sanção aplicada, bem como as medidas adotadas e a adotar.

3. Anualmente, são implementados mecanismos de avaliação da eficácia e melhoria do


programa de cumprimento normativo, incluindo o Código de Ética e Conduta, que resultam
num relatório anual a submeter ao Presidente do Município.

Artigo 13.º
Canais de denúncia

1. Todas as pessoas sujeitas a este Código, perante uma situação de incumprimento, por
ação ou omissão, dos princípios e normas de conduta estipulados no Código, têm o dever de
comunicar imediatamente a situação através dos Canais para a Promoção da Transparência
Municipal. Para o efeito, os trabalhadores da Câmara Municipal de Cascais deverão fazê-lo
através do Canal de Denúncia Interna. Os restantes interessados que pretendam apresentar
participações, deverão fazê-lo através do Canal de Denúncia Externa.
Código de Ética e Conduta do Município de Cascais

2. As participações devem ser apresentadas obrigatoriamente por escrito. O acesso a cada


um dos canais de denúncia é feito de forma independente e autónoma, mediante o website
do Município de Cascais (www.cascais.pt) – Transparência – Ética e Conformidade – CANAIS
PARA A PROMOÇÃO DA TRANSPARÊNCIA MUNICIPAL.
13
3. Os canais permitem a comunicação segura de infrações e atos de corrupção ou infrações
conexas, nos termos previstos no art.º 2.º do Regime Geral de Proteção de Denunciantes e
no art.º 8.º do Regime Geral de Prevenção da Corrupção, da existência de confitos de
interesses e violações ao Código de Ética e Conduta do Município de Cascais, garantindo a
exaustividade, integridade e conservação da denúncia, a confidencialidade da identidade ou
o anonimato dos denunciantes e a confidencialidade de terceiros mencionados na denúncia,
impedindo o acesso a pessoas não autorizadas, nos termos do disposto no Regime Geral de
Proteção de Denunciantes de Infrações.

4. O Canal de Denúncia Interna é operado internamente, cabendo exclusivamente à Divisão


de Transparência e Conformidade (doravante DTRC) ou outra unidade orgânica que
entretanto venha a deter competências nesta matéria, a receção e seguimento das
participações ou denúncias efetuadas através do Canal, nos termos do Manual de
Procedimentos dos Canais para a Promoção da Transparência Municipal.

5. O Canal de Denúncia Externa é independente e autónomo dos restantes canais de


comunicação do Município de Cascais, sendo que o tratamento das participações ou
denúncias externas caberá exclusivamente aos funcionários para o efeito designados, nos
termos do Manual de Procedimentos dos Canais para a Promoção da Transparência
Municipal.

6. Cada processo será tratado como confidencial e de acesso restrito, ficando todas as
pessoas que tiverem recebido informações sobre a participação ou denúncia,
designadamente os responsáveis por receber ou dar seguimento à informação neles contida,
obrigadas a, sobre ela, guardar sigilo.

Artigo 14.º
Sanções

1. A violação do disposto no presente Código de Conduta por qualquer trabalhador ou


demais agentes públicos constitui infração disciplinar e poderá originar a competente ação
disciplinar, sem prejuízo das responsabilidades penais, contraordenacionais ou civis que dela
possam advir.

2. A determinação e aplicação da sanção disciplinar observará o estabelecido na lei vigente,


tendo em consideração a gravidade da mesma e as circunstâncias em que foi praticada,
designadamente o seu carácter doloso ou negligente, pontual ou continuado.
Código de Ética e Conduta do Município de Cascais

Artigo 15.º
Publicitação

1. A Câmara Municipal de Cascais e as demais entidades referidas no n.º1 do art.º 2.º


adotam as medidas necessárias para garantir que ao presente Código seja dada ampla
14
publicidade junto dos cidadãos, designadamente através da sua divulgação junto dos
trabalhadores da Câmara por correio eletrónico institucional e na intranet, e em particular,
junto dos que iniciam funções, bem como mediante disponibilização nas páginas iniciais dos
respetivos sítios na Internet, no prazo de 10 dias contados desde a sua implementação e
respetivas revisões ou elaboração.

2. A Câmara Municipal comunica ao membro do Governo responsável pela respetiva tutela,


para conhecimento, e aos serviços de inspeção da respetiva área governativa, bem como ao
Mecanismo Nacional Anticorrupção (MENAC), o Código e o relatório previsto na alínea f) do
artigo 12.º, no prazo de 10 dias contados desde a sua implementação e respetivas revisões
ou elaboração.

3. O presente Código deve fazer parte integrante das ações de formação profissional, inicial
e contínua das pessoas por ele abrangidas.
Código de Ética e Conduta do Município de Cascais

CAPÍTULO V

DISPOSIÇÕES FINAIS

Artigo 16.º
15
Revisão

1. O Código é revisto ordinariamente a cada três anos.

2. O Código é revisto extraordinariamente sempre que ocorra alteração nas atribuições ou na


estrutura orgânica da Câmara Municipal de Cascais, da legislação aplicável ou em virtude da
implementação de ações de melhoria decorrentes da sua monitorização.

3. A revisão do Código opera-se de acordo com o procedimento administrativo previsto para


a aprovação.

Artigo 17.º
Entrada em vigor

O presente Código entra em vigor no 1.º dia após a sua publicação em Diário da República.
Código de Ética e Conduta do Município de Cascais

ANEXOS 16
ANEXO I

DECLARAÇÃO DE CONHECIMENTO DA POLÍTICA DE GESTÃO DE CONFLITO


DE INTERESSES DA CÂMARA MUNICIPAL DE CASCAIS

Eu, …………………………………………………………………………………………………………………………………………………

(1), com o n.º informático: …………………, cargo/categoria de

……………………………………………………………………, a desempenhar funções na

………………………………………………………………………………………………………………, declaro, sob

compromisso de honra, ter tomado pleno conhecimento da Política de Gestão de Conflito de

Interesses em vigor na Câmara Municipal de Cascais, tal como definida pelo Código de Ética

e Conduta, bem como pelo Manual de Gestão de Conflitos de Interesses, comprometendo-

me a cumprir e respeitar as normas e procedimentos neles instituídos.

Cascais, ____ de __________________ de 20___

__________________________________________

(assinatura)

(1) Nome completo


ANEXO II

DECLARAÇÃO DE EXISTÊNCIA DE CONFLITOS DE INTERESSES


(em cumprimento da alínea b) do n.º 4 do artigo 8.º do Código de Ética e Conduta do Município
de Cascais)

Eu, …………….. (nome completo), com o n.º informático ………., a exercer funções de ……….

(carreira/categoria) na ………. (unidade orgânica) na Câmara Municipal de Cascais, solicito

escusa no desempenho das funções que me estão atribuídas relativamente ao ……………………

(assunto/processo/candidatura) por considerar que não estão totalmente reunidas as

condições de salvaguarda de ausência de conflitos de interesses, por motivo de ………….…….

(explicitar cargos/funções/atividade/relação com outras entidades nos últimos três anos,

suscetíveis de gerarem incompatibilidades ou impedimentos e quaisquer atos que possam

proporcionar proveitos financeiros ou conflitos de interesses).

Cascais, ___ de _____________ de 20___

__________________________________________

(assinatura)
ANEXO III

REGISTO DE OFERTAS
(em cumprimento dos n.º 4 e 5 do artigo 9.º do Código de Ética e Conduta do Município de Cascais)

Identificação do aceitante da oferta:

(Nome, N.º Informático, Cargo/Categoria e Unidade Orgânica)

Identificação da entidade/pessoa ofertante:

Descrição do âmbito e objeto da oferta (inclui hospitalidades):

(identificar o contexto e o tipo de oferta)

Valor:

(estimado, quando não for possível aferir o valor real)

Data de receção da oferta:

Cascais, ___ de _______________ de 20___

O trabalhador ou colaborador, O Gabinete da Presidência,

________________________________ ________________________________
Preâmbulo

A publicação da Lei n.º 73/2017, de 16 de agosto, visando reforçar o quadro legislativo para
a prevenção e combate da prática de assédio no trabalho na Administração Pública, procedeu
a alterações à Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas (LTFP), aprovada pela Lei n.º
35/2014, de 20 de junho.
Em consequência, a LTFP incluiu, na alínea k) do n.º 1 do artigo 71.º, a obrigação do
empregador público adotar códigos de boa conduta para a prevenção e combate ao assédio
laboral e instaurar procedimento disciplinar sempre que tiver conhecimento de alegadas
situações de assédio no trabalho.
Assim, o Município de Cascais, em cumprimento do disposto na alínea k) do n.º 1 do artigo
71.º da LTFP, adota o presente Código de Boa Conduta para a Prevenção e Combate ao
Assédio Laboral, que tem como princípio a valorização de todos os colaboradores do
Município de Cascais e a promoção de um ambiente organizacional saudável, contribuindo
para que o local de trabalho seja reconhecido como um exemplo de integridade,
responsabilidade e rigor, visando garantir a salvaguarda da integridade moral e liberdade de
todas as pessoas que trabalham e/ou colaboram com o Município de Cascais, assegurando o
seu direito a condições de trabalho que respeitem a sua dignidade individual.

CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS

Artigo 1.º
Objeto
O presente Código de Boa Conduta para a Prevenção e Combate ao Assédio Laboral,
seguidamente designado por «Código», enquanto instrumento auto regulador de situações,
comportamentos e condutas suscetíveis de consubstanciar assédio no trabalho, estabelece
um conjunto de princípios que devem ser observados e respeitados por forma a promover
um ambiente de trabalho saudável, assente nos pilares da dignidade e do respeito.

Artigo 2.º
Objetivos
O Código visa:
1. Defender e promover os valores da não discriminação e do combate contra o assédio
moral e sexual no trabalho;
2. Garantir a salvaguarda da integridade moral de todos os colaboradores, incluindo
dirigentes, e assegurar o seu direito a condições de trabalho que respeitem a sua
dignidade individual.
3. Servir como instrumento adicional de resolução de questões éticas, morais e
comportamentais no Município de Cascais.

Artigo 3.º
Âmbito de aplicação
1. O presente Código aplica-se a todos os colaboradores e dirigentes do Município de
Cascais, aos titulares de órgãos autárquicos e membros dos seus gabinetes, nas
relações entre si e com terceiros.
2. O presente Código aplica-se também a todos os prestadores de serviços a título
ocasional ou duradouro.
3. O presente Código incide sobre as relações estabelecidas no âmbito do exercício de
funções e competências profissionais, mesmo que ocorram fora do local de trabalho.

Artigo 4.º
Princípios Gerais
1. Todos os que se encontram abrangidos pelo presente Código devem atuar, no
exercício das suas funções e competências, de acordo com os princípios da
integridade, da não discriminação e do combate ao assédio no trabalho.
2. Todos os que se encontram abrangidos pelo presente Código não podem adotar
comportamentos discriminatórios nas relações interpessoais, entre si ou com
terceiros, nomeadamente com base na raça, género, idade, incapacidade física,
orientação sexual, ideologia política ou religião.
3. O Município de Cascais incorpora uma política de não consentimento e repúdio da
prática de assédio no trabalho.

Artigo 5.º
Definições de assédio
1. Entende-se o assédio como a prática de um comportamento indesejado, intencional e
repetitivo, com o objetivo ou a consequência de afetar a dignidade da pessoa ou
criar um ambiente intimidativo, hostil, humilhante ou desestabilizador.
2. Constitui assédio moral o comportamento indesejado e percecionado como abusivo,
praticado de forma persistente e reiterada, suscetível de vitimizar, desvalorizar,
humilhar, ameaçar ou comprometer a outra pessoa, podendo consistir num ataque
verbal com conteúdo ofensivo ou humilhante ou em atos subtis, podendo incluir
violência psicológica ou física.
3. Constitui assédio sexual o reiterado comportamento indesejado e abusivo, de cariz
sexual ou com conotação sexual, de natureza física, verbal ou não-verbal, podendo
incluir tentativas de contacto físico perturbador, pedidos de favores sexuais com o
objetivo ou efeito de obter vantagens, chantagem e mesmo uso de força ou
estratégias de coação da vontade da outra pessoa.

CAPÍTULO II
PREVENÇÃO E COMBATE DO ASSÉDIO

Artigo 6.º
Medidas de prevenção e combate
1. É da responsabilidade do Presidente da Câmara de Cascais, ou a quem este delegue
competências, a implementação de medidas de diagnóstico, prevenção e gestão
humanizada de pessoas, nomeadamente:
a) Assegurar que os colaboradores e dirigentes conhecem os seus direitos e deveres
em matérias relacionadas com qualquer forma de assédio;
b) Garantir a avaliação periódica de riscos psicossociais no local de trabalho;
c) Promover ações de sensibilização, informação e formação a todos os níveis
hierárquicos, tendo em foco a promoção de um ambiente de trabalho cordial e
saudável, pautado pelo respeito mútuo nas relações interpessoais, no local de
trabalho e fora dele;
d) Assegurar a existência de mecanismos internos de comunicação de
irregularidades, em observância das normas legais, designadamente, em matéria
de confidencialidade, do processo de tratamento da informação e da inexistência
de represálias sobre os participantes e as testemunhas;
e) Proceder à divulgação do presente Código junto dos colaboradores, titulares de
cargos dirigentes e titulares de cargos políticos;
f) No processo de admissão de trabalhadores, submeter declaração de
conhecimento e aceitação das normas vigentes no presente Código de Boa
Conduta.
2. É da responsabilidade de todos os referidos no art.º 3.º:
a) Respeitar os princípios e normas constantes do presente Código,
independentemente de onde desempenhem as suas funções, da sua posição
hierárquica, competências, responsabilidades ou tipo de vínculo laboral com o
Município de Cascais;
b) Adotar um comportamento dentro dos padrões normais de respeito, dignidade e
urbanidade, incorporados no Código de Ética e Conduta do Município de Cascais,
nas relações, internas ou externas, decorrentes do cumprimento das suas
funções;
c) Participar nas ações de formação sobre a temática.

Artigo 7.º
Práticas Proibidas
1. É proibida a prática de assédio no trabalho, em qualquer uma das suas formas.
2. São proibidos, entre outros, os seguintes comportamentos, suscetíveis de
configurarem práticas de assédio:
a) Qualquer forma de intimidação, física ou psicológica, em prejuízo da liberdade e
privacidade do colaborador;
b) Ameaças de qualquer tipo, expressas ou implícitas;
c) Ataques verbais e/ou físicos, incluindo comentários ofensivos da dignidade;
d) Ridicularizar, de forma direta ou indireta, uma característica física ou psicológica;
e) Comportamentos indesejados, de carácter sexual sob forma verbal, como
perguntas intrusivas da vida privada ou propostas de cariz sexual; não-verbal,
como olhares insinuantes; ou física, como tocar, agarrar, beijar ou tentar;
f) Aliciar ou prejudicar um colaborador em função da prática de favores sexuais;
g) Divulgar sistematicamente rumores e comentários maliciosos ou críticas
reiteradas sobre colaboradores;
h) Atribuir sistematicamente funções alheias ou desadequadas à categoria
profissional;
i) Promover o isolamento social do colaborador;
j) Qualquer ação de retaliação contra um colaborador que tenha comunicado,
assistido ou participado num processo ou procedimento relativo a uma situação
de assédio.

CAPÍTULO III
FORMA, CONTEÚDO E PROCEDIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DE ASSÉDIO

Artigo 8.º
Participação de situações de assédio laboral
1. Quem for alvo de práticas de assédio ou delas testemunha tem a obrigação de
reportar a situação a uma das seguintes opções:
a) Ao superior hierárquico imediato e/ou ao dirigente máximo da unidade
orgânica a que pertence e/ou;
b) Ao Diretor Municipal da sua área ou da área dos Recursos Humanos e/ou;
c) Ao Membro do Executivo Municipal com o pelouro dos Recursos Humanos
e/ou;
d) Ao Presidente da Câmara Municipal;
e) Através da caixa institucional, específica para o efeito: assedio@cm-
cascais.pt.
2. Todos os que tenham conhecimento de práticas suscetíveis de indiciar situações de
assédio praticadas por um colaborador, devem apresentar participação por escrito a
qualquer superior hierárquico daquele, e prestar a devida colaboração no processo
disciplinar e em eventuais processos de outra natureza a que haja lugar.
3. A participação deve ser o mais detalhada possível, contendo uma descrição precisa
dos factos constitutivos ou suscetíveis de consubstanciar a prática de assédio,
designadamente quanto às circunstâncias, horas e local dos mesmos, identidade do
denunciante e do denunciado, bem como dos meios de prova testemunhal,
documental ou pericial eventualmente existentes.
4. Em alternativa ou cumulativamente aos procedimentos referidos no número anterior,
poderá igualmente ser efetuada participação junto da Inspeção-Geral de Finanças
que disponibiliza um formulário eletrónico próprio para a receção de participações de
assédio em contexto laboral no setor público:
https://www.igf.gov.pt/transparencia/informacao-assedio/paginas-participacao-
assedio/nova-participacao.aspx
5. Toda a informação comunicada pela Inspeção-Geral de Finanças relativa à prática de
situações de assédio no universo municipal, é tida em consideração pelo Município de
Cascais para efeitos de adoção dos procedimentos adequados à sua resolução,
prevenção e combate.

Artigo 9.º
Procedimento interno
1. A participação efetuada nos termos do artigo anterior determina a abertura do
procedimento adequado ao apuramento dos factos descritos;
2. É dado seguimento imediato a qualquer participação de assédio, devendo ser
elaborado o relatório com os factos apurados no prazo máximo de 10 dias úteis, a
iniciar no dia útil seguinte à receção da participação.
3. Os denunciados são informados da participação, bem como do seu conteúdo, no
prazo de 24 horas após a sua receção, conferindo-lhes a oportunidade de
responderem no prazo máximo de 5 dias.

Artigo 10.º
Regime de proteção ao participante e testemunhas
1. Quem denuncie ou testemunhe a prática de infração ao presente Código, de que teve
conhecimento no exercício de funções ou atividades, ou por causa delas, não pode,
sob qualquer forma, ser prejudicado ou sancionado disciplinarmente, por declarações
prestadas ou factos apurados em processos decorrentes da situação que os originou,
excetuando o previsto no n.º3 do artigo 11.º.
2. A informação transmitida é considerada confidencial e tratada com especial sigilo,
diligência e zelo.

Artigo 11.º
Sanções
1. Sem prejuízo das consequências penais, contraordenacionais ou civis, que dão origem
aos respetivos procedimentos a instaurar pelas entidades competentes, a violação do
disposto no presente Código constitui infração disciplinar.
2. O Município de Cascais instaura procedimento disciplinar, nos termos da Lei Geral do
Trabalho em Funções Públicas, sempre que do relatório referido no n.º 2 do artigo 9.º do
presente Código, se apure a existência de uma situação de assédio laboral.
3. No caso de se comprovar que a participação é falsa e dolosamente apresentada com o
objetivo de prejudicar alguém, de caráter difamatório ou injurioso, o município de
Cascais promove a instauração do respetivo procedimento disciplinar e participa o facto
criminalmente.
4. A prática de assédio laboral, nomeadamente pela sua gravidade ou reiteração, pode
inviabilizar a manutenção do vínculo de emprego público e constituir fundamento para
despedimento.

Artigo 12.º
Confidencialidade
1. É garantida a confidencialidade dos intervenientes e do conteúdo do processo decorrente
de uma participação de uma possível situação de assédio laboral.
2. Os colaboradores e dirigentes do Município de Cascais, que no exercício das suas funções
vierem a tomar conhecimento de participações ou do seu conteúdo, não podem divulgar
ou dar a conhecer quaisquer informações relacionadas com as mesmas, exceto se tal
tiver sido autorizado nos termos da lei.

CAPÍTULO IV
Disposições Finais

Artigo 13.º
Fiscalização
A Câmara Municipal de Cascais deve promover mecanismos internos que permitam o
acompanhamento e fiscalização do cumprimento do presente Código.

Artigo 14.º
Divulgação
O presente Código é objeto de divulgação mediante a disponibilização no site institucional do
município de Cascais.

Artigo 15.º
Remissão
Em todas as questões que se coloquem quanto a situações de assédio laboral que não
estejam especificadas no presente Código, devem aplicar-se as disposições previstas na Lei
Geral do Trabalho em Funções Públicas e, subsidiariamente, no Código do Trabalho e no
Regulamento Geral de Proteção de Dados.
Artigo 16.º
Revisão
O Código é revisto sempre que ocorra alteração da legislação aplicável, de acordo com o
procedimento administrativo previsto para a aprovação.

Artigo 17.º
Entrada em vigor
O presente Código entra em vigor no 1.º dia após a aprovação.
CONTROLO DO DOCUMENTO

RESPONSÁVEL
Divisão de Transparência e Conformidade (DTRC)

REGISTO DE VERSÕES E ATUALIZAÇÕES

VERSÃO ELABORAÇÃO DATA DESCRIÇÃO DAS ALTERAÇÕES EFETUADAS


V.0 DAPG/GECO Fev-2021 Versão inicial do documento

 Teor da 7.ª alteração ao ROSM aprovada a


13 de dezembro de 2021 e despachos de
nomeação inerentes: DTRC
 Teor do Mecanismo Nacional Anticorrupção e
Regime Geral de Prevenção da Corrupção
(Decreto-Lei n.º 109-E/2021, de 9 de
dezembro)
 Teor do Regime Geral de Proteção de
Denunciantes de Infrações (Lei n.º 93/2021,
de 20 de dezembro)
 Reformulação dos pontos 5.2. Registo de
informações que identificam interesses, 5.4.
V.1 DMCR/DTRC 19-07-2022 Registo e destino de ofertas, 6. Procedimento
perante uma situação de conflito de
interesses
 Inclusão da Publicidade da Informação no
ponto 5.3.
 Reformulação da Declaração de Registo de
Interesses (Anexo II)
 Inclusão da Declaração de Inexistência de
Conflitos de Interesses – Gestores de
Contratos (Anexo III c)
 Reformulação da Declaração de Existência de
Conflitos de Interesses (Anexo IV)
MANUAL DE GESTÃO DE CONFLITOS DE INTERESSES

Índice
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 2
1. ENQUADRAMENTO LEGAL E REGULAMENTAR ......................................................................... 3
2. ÂMBITO DE APLICAÇÃO............................................................................................................. 3 1

3. OBJETIVO ................................................................................................................................... 3
4. PRINCÍPIOS ORIENTADORES ...................................................................................................... 4
5. DEFINIÇÃO DE CONFLITO DE INTERESSES ................................................................................. 5
5.1 IDENTIFICAÇÃO DE CONFLITOS DE INTERESSES .................................................................. 6
5.2 REGISTO DE INFORMAÇÕES QUE IDENTIFICAM OS INTERESSES ........................................ 7
5.3 PREENCHIMENTO DAS DECLARAÇÕES ................................................................................ 8
5.4 REGISTO E DESTINO DE OFERTAS ........................................................................................ 9
5.5. SITUAÇÕES DE CONFLITO DE INTERESSES ANTES E DEPOIS DE DEIXAR O CARGO OU
FUNÇÃO ..................................................................................................................................... 9
6. PROCEDIMENTO PERANTE UMA SITUAÇÃO DE CONFLITO DE INTERESSES ........................... 10
6.1 COMUNICAÇÃO E REPORTE INTERNOS ............................................................................. 10
7. COMPETÊNCIAS DA DIVISÃO DE TRANSPARÊNCIA E CONFORMIDADE .................................. 11
8. SANÇÕES APLICÁVEIS .............................................................................................................. 11
9. DIVULGAÇÃO ........................................................................................................................... 11
10. REVISÃO................................................................................................................................. 11
ANEXOS ....................................................................................................................................... 12
MANUAL DE GESTÃO DE CONFLITOS DE INTERESSES

INTRODUÇÃO

As entidades públicas encontram-se expostas a riscos de conflitos de interesses em todos os


níveis da gestão e da administração.

Identificar e resolver situações de conflitos de interesses é crucial para a boa governança e


para manter a confiança nas instituições públicas, e uma adequada gestão e prevenção destes 2
riscos contribui para reforçar a cultura de integridade e transparência institucional.

As novas formas de interação e cooperação do setor público, com as empresas e entidades


sem fins lucrativos, potenciam novas formas de conflitos de interesses numa sociedade cada
vez mais exigente, em que os cidadãos esperam que os agentes públicos cumpram os seus
deveres com integridade, de maneira justa e imparcial. Contudo, todas as pessoas que
exercem funções públicas têm algum tipo de interesse privado legítimo, na sua qualidade de
particulares, que nem sempre se coaduna com a atividade exercida, pelo que é necessário
identificar e gerir interesses potencialmente conflituantes para preservar a confiança pública
na instituição.

As situações de conflitos de interesses podem ocorrer em qualquer instituição ou organização,


o que só por si não constitui uma irregularidade. O modo como é gerido o conflito pela pessoa
ou instituição envolvidas é que pode constituir um problema.

Nos termos do Regime Geral de Prevenção da Corrupção, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 109-
E/2021, de 20 de dezembro, e tendo em vista prevenir, detetar e sancionar atos de corrupção
e infrações conexas, a Câmara Municipal de Cascais implementou um programa de
cumprimento normativo que inclui o Manual de Gestão de Conflitos de Interesses, para além
do Código de Ética e Conduta, do Plano de Gestão de Riscos de Corrupção e Infrações Conexas,
dos Canais para a Promoção da Transparência Municipal, designadamente os Canais de
Denúncia Interna e de Denúncia Externa, e de um programa de formação interna que garante
a difusão dos valores, princípios e normas de conduta estipulados.

O Manual de Gestão de Conflitos de Interesses (doravante Manual) é um mecanismo de


identificação, acompanhamento e gestão de potenciais conflitos de interesses, admitindo que
existem riscos nas várias interações entre o setor público e o setor privado, a sociedade civil
e os indivíduos, pelo que deve ser promovida uma cultura de integridade pública, reconhecida
como uma missão partilhada por todos.
MANUAL DE GESTÃO DE CONFLITOS DE INTERESSES

1. ENQUADRAMENTO LEGAL E REGULAMENTAR

Na elaboração deste Manual foram considerados os seguintes normativos, conjugados com


outros instrumentos, que visam prevenir e gerir situações de conflitos de interesses:
3
 Constituição da República Portuguesa;

 Código do Procedimento Administrativo (CPA), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 4/2015,


de 7 de janeiro;

 Código dos Contratos Públicos, aprovado em anexo ao Decreto -Lei n.º 18/2008,
 de 29 de janeiro, na sua versão atualizada;

 Estatuto do pessoal dirigente das câmaras municipais (Lei n.º 49/2012, de 29 de


agosto, na sua versão atualizada);

 Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas (Lei n.º 35/2014, de 20 de junho);

 Regime do exercício de funções por titulares de cargos políticos e altos cargos públicos
(Lei n.º 52/2019, de 31 de julho);

 Mecanismo Nacional Anticorrupção e Regime Geral de Prevenção da Corrupção


(Decreto-Lei n.º 109-E/2021, de 9 de dezembro);

 Código de Ética e Conduta do Município de Cascais;

 Recomendação do Conselho de Prevenção da Corrupção de 8 de janeiro de 2020,


relativa à gestão de conflitos de interesse no setor público.

2. ÂMBITO DE APLICAÇÃO

Este Manual é aplicável a todas as pessoas que trabalham e colaboram com a Câmara Municipal
de Cascais (doravante CMC), incluindo colaboradores temporários, consultores externos e
prestadores de serviços, para que mantenham e fortaleçam a confiança na instituição,
demonstrando os mais altos padrões de competência profissional, ética no serviço público,
transparência nos procedimentos, bem como a eficiência e eficácia na ação administrativa,
cumprindo rigorosamente as leis e promovendo o interesse público no exercício das suas
funções.

3. OBJETIVO

O Manual pretende fornecer informações, orientações e ferramentas úteis ao reforço e


aprofundamento dos padrões de integridade pública exigidos, através de:

 Definição de mecanismos de orientação e consulta, formais e informais, acessíveis que


sejam úteis para prevenir, identificar e gerir quaisquer situações, potenciais ou
efetivas, de conflitos de interesses;
MANUAL DE GESTÃO DE CONFLITOS DE INTERESSES

 Consciencialização e desenvolvimento de competências essenciais para a análise de


dilemas éticos, bem como dos padrões de integridade exigidos, no exercício das
funções públicas;

 Apoio na correta identificação de potenciais conflitos entre interesses privados e


deveres públicos, de todos os que trabalham e colaboram com a CMC, bem como a
sua adequada gestão e efetiva resolução; 4

 Promoção de uma cultura de serviço público em que os conflitos de interesses são


adequadamente identificados e resolvidos, de forma transparente e oportuna, sem
afetar negativamente a eficácia e a eficiência da atividade municipal.

4. PRINCÍPIOS ORIENTADORES

A definição de padrões de integridade e a gestão de conflitos de interesse assenta nos


seguintes princípios:

 Princípio do Serviço Público – servir em exclusivo a comunidade e os cidadãos,


prevalecendo sempre o interesse público sobre os interesses particulares ou de grupo.

 Princípio da Legalidade – atuar em obediência à lei e ao direito, dentro dos limites


dos poderes que lhes forem conferidos e em conformidade com os respetivos fins.

 Princípio da Justiça e Imparcialidade – tratar de forma justa e imparcial todos os


cidadãos, atuando segundo rigorosos princípios de neutralidade.

 Princípio da Lealdade – agir de forma leal, solidária e cooperante.

 Princípio da Integridade – obedecer a critérios de honestidade pessoal e de


integridade de carácter.

 Apoiar a transparência e o escrutínio – prestar informações claras, de forma


simples, exigindo aos cidadãos apenas e só aquilo que é indispensável à realização da
atividade administrativa.

 Promover a responsabilidade individual e o exemplo pessoal – agir de forma


responsável e competente, crítica e dedicada, empenhando-se na valorização
profissional e na obediência a critérios de honestidade pessoal e de integridade de
carácter.

 Fomentar uma cultura organizacional intolerante a conflitos de interesses –


respeitar e contribuir para o desenvolvimento e aperfeiçoamento contínuos das
medidas e políticas que visam garantir a integridade e isenção na tomada de decisões.
MANUAL DE GESTÃO DE CONFLITOS DE INTERESSES

5. DEFINIÇÃO DE CONFLITO DE INTERESSES

O artigo 8.º do Código de Ética e Conduta do Município de Cascais define o conflito de


interesses nos seguintes termos:

1. O conflito de interesses surge a partir de uma situação em que alguém tem um interesse
privado suscetível de influenciar, ou aparentar influenciar, o desempenho imparcial e objetivo 5

de funções públicas.

2. O interesse privado inclui qualquer vantagem para si, família, amigos, ou quaisquer outras
pessoas ou organizações com as quais se relacione a título pessoal, empresarial ou político,
incluindo também qualquer responsabilidade de natureza financeira ou civil.

Nesta definição, “interesse privado” não se limita a aspetos pecuniários, financeiros ou


geradores de um benefício direto para a pessoa que exerce funções públicas, pode envolver
uma atividade legítima ligada a filiações a associações e interesses familiares, caso esses
interesses se afigurem passíveis de influenciar indevidamente o desempenho da pessoa no
exercício de funções públicas, designadamente, o caso do conflito de interesses relacionado
com as situações que resultam da passagem de um cargo no setor público para uma função
no setor privado (prática designada por «portas giratórias»).

A Recomendação do Conselho de Prevenção da Corrupção de 8 de janeiro de 2020, relativa à


gestão de conflitos de interesses, esclarece a este propósito que podem igualmente ser
geradoras de conflito de interesses “situações que envolvam trabalhadores que
deixaram o cargo público para assumirem funções privadas, como trabalhadores,
consultores ou outras, porque participaram, direta ou indiretamente, em decisões
que envolveram a entidade privada na qual ingressaram, ou tiveram acesso a
informação privilegiada com interesse para essa entidade privada ou, também,
porque podem ainda ter influência na entidade pública onde exerceram funções,
através de ex-colaboradores”.

Do exposto, conclui-se que existe uma dimensão temporal na análise dos conflitos de
interesses, determinando a existência de vários tipos de conflitos de interesses, sendo possível
estabelecer uma tipologia tripartida: conflitos «reais», conflitos «aparentes» e conflitos
«potenciais».

Um conflito de interesses real existe sempre que os interesses privados de um agente


público colidem direta e inequivocamente com o interesse público inerente ao exercício do
cargo.

Um conflito de interesses aparente existe quando os interesses privados de um agente


público aparentam estar em conflito com o interesse público inerente ao exercício do cargo.

Um conflito de interesses potencial verifica-se nas situações em que uma pessoa tem
interesses privados passados ou futuros que poderão colidir com o interesse público inerente
ao exercício de determinado cargo, ou seja, as decisões tomadas pelo titular do cargo podem
ser influenciadas pelos seus interesses privados, em benefício próprio ou de terceiros. Este
MANUAL DE GESTÃO DE CONFLITOS DE INTERESSES

tipo de conflitos resulta de situações da passagem de um cargo no setor público para uma
função no setor privado, ou vice-versa.

5.1 IDENTIFICAÇÃO DE CONFLITOS DE INTERESSES


Atendendo à tipologia tripartida dos conflitos de interesses, importa fornecer uma descrição
clara e realista das circunstâncias e relações que podem levar a uma situação de conflito real, 6
aparente e potencial de interesses, apresentando exemplos de identificação de situações
concretas de cada um deles.

Exemplo de um conflito de interesses real:

P1: Quais as funções ou deveres oficiais da responsabilidade do colaborador X?


[Consulte os deveres funcionais associados à posição definidos em lei, contrato de trabalho,
regulamento interno da organização, despacho, outro]
R1: O colaborador X é responsável pelas funções 1, 2,… na unidade orgânica y.

P2: O colaborador X tem interesses privados de um tipo relevante para as funções?


[Vide infra comentários sobre "interesses privados relevantes".]
R2: Sim, o colaborador X possui interesses privados relevantes para o trabalho que executa.

Conclusão: O colaborador X tem um conflito de interesses.

Interesse relevante neste contexto refere-se a um claro interesse privado que pode afetar o
desempenho das funções:

i. Qualitativamente, de tal maneira que é razoável acreditar que o interesse privado pode
influenciar indevidamente o desempenho funcional do colaborador X (por exemplo,
responsabilidades familiares ou parentais, crença religiosa, filiação profissional ou
política, património, dívidas, outros); ou
ii. Quantitativamente, pelo valor envolvido é razoável acreditar que o interesse privado
pode influenciar indevidamente o desempenho funcional do colaborador X (por
exemplo, envolve um interesse comercial significativo de um familiar ou uma
oportunidade de obter um grande lucro financeiro ou evitar uma grande perda, entre
outros).

Exemplo de um conflito de interesses aparente:

P1: Quais as funções ou deveres oficiais da responsabilidade do colaborador X?


[Fazer o mesmo tipo de análise referido para o conflito de interesses real]
R1: O colaborador X é responsável pelas funções 1, 2,…, na unidade orgânica y.

P2: O colaborador X tem interesses privados de um tipo relevante?


[Vide supra comentários sobre "interesses privados relevantes".]
R2: Parece que o colaborador X pode ter interesses privados relevantes. [Os fatos relevantes
não são certos.]

Conclusão: O colaborador X tem um aparente conflito de interesses.

Um aparente conflito de interesses requer uma investigação mais aprofundada: os fatos


relevantes sobre os interesses privados do colaborador X e a sua posição oficial/
MANUAL DE GESTÃO DE CONFLITOS DE INTERESSES

responsabilidades públicas devem ser estabelecidos com precisão para que seja possível uma
avaliação rigorosa sobre a existência, ou não, de um conflito de interesses aparente.

Exemplo de um conflito de interesses potencial:

P1: Quais as funções ou deveres oficiais da responsabilidade do colaborador X?


R1: O colaborador X é responsável pelas funções 1, 2,…, na unidade orgânica y. 7

P2: O colaborador X possui interesses privados de um tipo relevante?


R2: Não. Atualmente, o colaborador X não tem interesses relevantes para as funções públicas
exercidas, mas já teve interesses privados relevantes que podem condicionar o atual exercício
de funções públicas.

Conclusão: O colaborador X tem um potencial conflito de interesses.

Esta situação deve ser cuidadosamente distinguida de um "aparente conflito de interesses".

O fator significativo neste exercício é o facto de o colaborador ter interesses privados que
atualmente não são interesses relevantes no âmbito do exercício das suas funções públicas.
No entanto, é provável ou possível que os anteriores deveres oficiais ou funções profissionais
possam afetar o desempenho das suas funções atuais, conferindo um caráter relevante a esses
interesses. Como resultado, atualmente pode ser identificado um potencial conflito de
interesses imputado a essa pessoa.

Neste tipo de conflito, a situação inversa também é possível e, nesse caso, estamos perante a
prática já aludida de «portas giratórias», admitindo-se que o interesse público é, ou pode ser,
prejudicado por decisões tomadas no passado por alguém que exerceu funções públicas (e que
já calculava a sua passagem para uma empresa privada da mesma área de atividade), ou
ainda pelo conhecimento ou informações privilegiadas que esse ex-agente público traz para a
empresa relativos aos recursos e assuntos públicos conexos com o cargo que agora
desempenha.

5.2 REGISTO DE INFORMAÇÕES QUE IDENTIFICAM OS INTERESSES


O registo de interesses compreende todas as atividades suscetíveis de gerarem
incompatibilidades ou impedimentos e quaisquer atos que possam proporcionar proveitos
financeiros ou conflitos de interesses.

Em cumprimento dos normativos em vigor, o registo de informações para identificação e


gestão dos interesses potencialmente conflituantes, obedece aos seguintes procedimentos
internos:

a. Subscrição por todos os trabalhadores e colaboradores da CMC da DECLARAÇÃO DE


CONHECIMENTO DA POLÍTICA DE GESTÃO DE CONFLITOS DE INTERESSES (Anexo I);

b. Subscrição de DECLARAÇÃO DE REGISTO DE INTERESSES (Anexo II), pelos titulares


de cargos políticos e pelos titulares de cargos dirigentes;

c. Subscrição de DECLARAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE CONFLITOS DE INTERESSES


(Anexo III), de caráter obrigatório para: i) os intervenientes em cada procedimento
MANUAL DE GESTÃO DE CONFLITOS DE INTERESSES

de contratação pública que seja atribuído no âmbito das suas funções e no qual, de
algum modo, tenha influência, tal como definido no n.º 5 do artigo 67.º do Código dos
Contratos Públicos (CCP) (Anexo III a); ii) os intervenientes nos processos de análise
e concessão de subsídios, subvenções ou benefícios, de qualquer âmbito (Anexo III
b); iii) os intervenientes nos processos de licenciamentos urbanísticos, ambientais,
comerciais e industriais (Anexo III b); iv) os intervenientes nos procedimentos
8
sancionatórios (Anexo III b); v) os gestores de contratos, antes do início de funções,
tal como definido no n.º 7 do artigo 290.º-A do Código dos Contratos Públicos (CCP)
(Anexo III c);

d. Subscrição de DECLARAÇÃO DE EXISTÊNCIA DE CONFLITOS DE INTERESSES (Anexo


IV), explicitando atividades suscetíveis de gerarem incompatibilidades ou
impedimentos e quaisquer atos que possam proporcionar proveitos financeiros ou
conflitos de interesses, sempre que necessário;

e. Subscrição de DECLARAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE CONFLITOS DE INTERESSES EM


REGIME DE ACUMULAÇÃO DE FUNÇÕES, (Anexo V) onde é assumido, de forma
inequívoca, que as funções acumuladas não colidem sob forma alguma com as funções
públicas exercidas, nem colocam em causa a isenção e o rigor que deve pautar a sua
ação;

f. Documento de REGISTO DE OFERTAS (Anexo VI) relativo a ofertas no exercício de


funções, tal como previsto no artigo 9.º do Código de Ética e Conduta do Município de
Cascais.

5.3 PREENCHIMENTO DAS DECLARAÇÕES


As declarações de registo de interesses são subscritas no início do exercício de funções e nas
situações descritas no ponto anterior, sendo atualizadas sempre que haja alteração dos factos
nela inscritos.

As declarações de registo de interesses são de acesso limitado dentro da CMC e integrarão o


processo individual de cada trabalhador, em local de acesso reservado, no Departamento de
Recursos Humanos. Apenas poderão ser objeto de publicidade os elementos previstos na
legislação em vigor.

 Atualização da informação

Todas as pessoas que trabalham ou colaboram com a CMC devem divulgar, assim que possível,
as informações relevantes sobre um conflito, decorrente de uma alteração das circunstâncias
iniciais ou de novas situações que configurem um conflito de interesses emergente.

 Completude da informação

A informação relativa aos interesses deve ser convenientemente detalhada sobre o interesse
conflituante, de modo a permitir uma decisão devidamente informada quanto à escolha da
resolução mais apropriada.
MANUAL DE GESTÃO DE CONFLITOS DE INTERESSES

A completude da informação é da responsabilidade individual de quem a subscreve.

 Publicidade da informação

Nos termos do disposto no Regime do Exercício de Funções por Titulares de Cargos Políticos e
Altos Cargos Públicos, aprovado pela Lei n.º 52/2019, de 31 de julho, é assegurada pela
entidade responsável pela análise e fiscalização das declarações a consulta ou acesso público
9
aos elementos das declarações que são objeto de publicidade.

O Município de Cascais disponibiliza informação sobre a forma e local de consulta das


declarações de registo de interesses no seu website (www.cascais.pt) – Câmara Municipal –
COMPOSIÇÃO DA CÂMARA MUNICIPAL.

‘O registo ou a declaração de um interesse privado não resolve por si só um conflito”

5.4 REGISTO E DESTINO DE OFERTAS


O regime das ofertas institucionais vem regulado no artigo 9.º do Código de Ética e Conduta
do Município de Cascais.

A aceitação de determinadas ofertas, benefícios, dádivas, compensações ou vantagens,


incluindo viagens ou hospitalidade, para a pessoa que exerce funções públicas, sua família,
amigos, ou quaisquer outras pessoas ou organizações com as quais se relacione a título
pessoal, empresarial ou político, podem ser suscetíveis de influenciar, ou aparentar influenciar,
a imparcialidade e a objetividade do exercício das suas funções.

Assim, decorre do articulado que se considera que há condicionamento da imparcialidade e da


objetividade do exercício de funções quando haja aceitação de bens de valor estimado igual
ou superior a €150,00.

Todas as ofertas dirigidas ao Município, na qualidade de entidade pública, independentemente


do seu valor, são objeto de registo em documento próprio e de acesso público (vide Anexo
VI), a efetuar junto do Gabinete da Presidência, no prazo máximo de 10 dias. Aquelas que
sejam de valor estimado igual ou superior a €150,00, além de sujeitas a registo, são entregues
ao Gabinete da Presidência, no prazo máximo de 5 dias úteis, sendo preferencialmente
encaminhadas para instituições sociais do Concelho de Cascais.

Todas as pessoas que exercem funções públicas só devem aceitar uma oferta relativamente à
qual identifiquem as seguintes características: GENUÍNA; INDEPENDENTE; LIVRE e
TRANSPARENTE.

5.5. SITUAÇÕES DE CONFLITO DE INTERESSES ANTES E DEPOIS DE DEIXAR O CARGO OU FUNÇÃO


Antes de deixar o exercício de funções públicas, todos as pessoas devem divulgar as suas
intenções em relação a qualquer emprego ou atividade externa futura que possa representar
um risco de conflito de interesses real, aparente ou potencial relativamente às suas
responsabilidades públicas atuais e discutir possíveis conflitos com a respetiva hierarquia e/ou
a Divisão de Transparência e Conformidade (DTRC) ou outra unidade orgânica que entretanto
venha a deter competências nesta matéria.
MANUAL DE GESTÃO DE CONFLITOS DE INTERESSES

Todas as pessoas que exercem funções públicas têm a responsabilidade de minimizar a


possibilidade de ocorrência dos diferentes tipos de conflitos de interesses entre as suas
responsabilidades públicas e o seu emprego subsequente ao serviço público.

6. PROCEDIMENTO PERANTE UMA SITUAÇÃO DE CONFLITO DE INTERESSES


10
Quando não exista um procedimento específico aplicável à situação de conflito de interesses
em causa, aplicar-se-á o regime constante no presente Manual.

Caso seja identificada uma situação de conflito de interesses, o próprio trabalhador ou


colaborador, logo que tenha conhecimento de uma real, aparente ou potencial situação de
conflitos de interesses, deve:

a. Comunicar, mediante o preenchimento da Declaração de Existência de Conflitos de


Interesses (Anexo IV), qualquer situação suscetível de configurar uma situação de
conflito de interesses ao respetivo superior hierárquico ou ao Presidente da Câmara
Municipal, consoante os casos, ou adotar o procedimento alternativo referido na seção
“comunicação e reporte internos”;

b. Abster-se de intervir em procedimento administrativo ou em ato ou contrato de direito


público ou privado da Administração Pública, nas situações previstas nos artigos 69.º
e 73.º do CPA;

c. Adotar os mecanismos adequados para dirimir situações de conflito de interesses,


nomeadamente aqueles que estão previstos nos artigos 70.º e 74.º do CPA;

d. Respeitar e cumprir as normas relativas a impedimentos e incompatibilidades no


exercício de funções, previstas na Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas e no
Estatuto dos Eleitos Locais, consoante os casos.

A DTRC ou outra unidade orgânica que entretanto venha a deter competências nesta matéria,
analisará a situação apresentada, podendo, a todo o tempo, pedir informação e
esclarecimentos sobre a situação em concreto e quais as medidas já adotadas e outras que
considere relevantes para a gestão do conflito de interesses, emitindo, em tempo útil, um
parecer e respetivas recomendações, informando o trabalhador ou colaborador, o responsável
hierárquico e outros departamentos ou hierarquias, consoante a situação aplicável.

6.1 COMUNICAÇÃO E REPORTE INTERNOS


A existência de um conflito de interesses real, aparente ou potencial, deve ser comunicada ao
respetivo superior hierárquico ou ao Presidente da Câmara Municipal, consoante os casos, a
quem compete conhecer a existência do impedimento e declará-lo, ouvindo, se considerar
necessário, a DTRC ou outra unidade orgânica que entretanto venha a deter competências
nesta matéria.

Qualquer trabalhador ou colaborador pode, também, comunicar a existência de um conflito de


interesses real, aparente ou potencial através dos canais de denúncia existentes,
designadamente dos Canais de Denúncia Interna e de Denúncia Externa, que se encontram
disponíveis no website do Município de Cascais (www.cascais.pt) – Transparência – Ética e
MANUAL DE GESTÃO DE CONFLITOS DE INTERESSES

Conformidade – CANAIS DE DENÚNCIA PARA A PROMOÇÃO DA TRANSPARÊNCIA MUNICIPAL.


De acordo com o estipulado no Manual de Procedimentos dos Canais para a Promoção da
Transparência Municipal, encontra-se garantida a exaustividade, integridade e conservação
das denúncias, a confidencialidade da identidade ou o anonimato dos denunciantes e a
confidencialidade de terceiros mencionados na denúncia, sendo impedido o acesso a pessoas
não autorizadas.
11

No tratamento de dados pessoais, será observado o disposto no Regulamento Geral sobre a


Proteção de Dados.

7. COMPETÊNCIAS DA DIVISÃO DE TRANSPARÊNCIA E CONFORMIDADE

No âmbito de situações de conflitos de interesses, cabe à Divisão de Transparência e


Conformidade (DTRC):

a. Definir mecanismos de monitorização de aplicação das medidas adotadas,


identificando os respetivos problemas de implementação e respetivas soluções, bem
como medidas que contribuam para desenvolver e aprofundar as competências de
identificação, gestão e resolução de conflitos de interesses;

b. Avaliar a aplicação do presente Manual e propor a sua revisão e ou alteração;

c. Realizar avaliações internas em matéria de conflitos de interesses, sob qualquer forma,


designadamente através de questionários ou formulários específicos a colaboradores;

d. Esclarecer as dúvidas que possam surgir sobre a gestão de situações de conflitos de


interesses;

e. Manter um registo de todas as situações de conflito de interesses comunicadas;

f. Acompanhar e monitorizar, de forma permanente, as medidas implementadas ou a


implementar para gerir ou mitigar quaisquer conflitos de interesses.

8. SANÇÕES APLICÁVEIS

A omissão do dever de comunicação de situações de conflitos de interesses constitui infração


grave para efeitos disciplinares, sem prejuízo das demais sanções previstas no artigo 76.º do
CPA.

9. DIVULGAÇÃO

Internamente, o presente Manual é divulgado através da sua publicação na página da


Intranet/DTRC, através de ações de formação ou sensibilização a realizar pela DTRC e,
externamente, no site institucional (www.cascais.pt).

10. REVISÃO

O presente Manual é revisto pela DTRC sempre que considerado necessário e oportuno.
MANUAL DE GESTÃO DE CONFLITOS DE INTERESSES

ANEXOS
12
ANEXO I

DECLARAÇÃO DE CONHECIMENTO DA POLÍTICA DE GESTÃO DE CONFLITO


DE INTERESSES DA CÂMARA MUNICIPAL DE CASCAIS

Eu, …………………………………………………………………………………………………………………………………………………

(1), com o n.º informático: …………………, cargo/categoria de

……………………………………………………………………, a desempenhar funções na

………………………………………………………………………………………………………………, declaro, sob

compromisso de honra, ter tomado pleno conhecimento da Política de Gestão de Conflito de

Interesses em vigor na Câmara Municipal de Cascais, tal como definida pelo Código de Ética e

Conduta, bem como pelo Manual de Gestão de Conflitos de Interesses, comprometendo-me a

cumprir e respeitar as normas e procedimentos neles instituídos.

Cascais, ____ de __________________ de 20___

__________________________________________

(assinatura)

(1) Nome completo


ANEXO II

DECLARAÇÃO DE REGISTO DE INTERESSES

I – FACTO DETERMINANTE DO REGISTO


Cargo/ Função a exercer/Unidade orgânica
N.º informático
Data de início de
funções/recondução/reeleição
Data de cessação de funções
Data da alteração
Declaração após três anos da cessação de
funções

* Assinalar qual o facto ou factos que determina(m) a apresentação do registo de interesses


(início/cessação/alteração), devendo ser assinalados os campos da cessação e início de funções quando
ocorram em simultâneo.
II – IDENTIFICAÇÃO DO DECLARANTE
Nome completo
Estado civil
Nome completo do cônjuge/
do unido/a
Regime de bens (se casado)
III – DADOS RELATIVOS A ATIVIDADES PROFISSIONAIS, CARGOS PÚBLICOS, PRIVADOS E SOCIAIS, E
OUTRAS FUNÇÕES E ATIVIDADES EXERCIDAS NOS ÚLTIMOS TRÊS ANOS E/OU A EXERCER EM
ACUMULAÇÃO OU EXERCIDOS ATÉ TRÊS ANOS APÓS A CESSAÇÃO DE FUNÇÕES
Natureza e
Cargo
área de Local da Remunerada Data de Data de
Função Entidade
atuação da sede (S/N) início termo
Atividade entidade

* Registar toda e qualquer atividade pública ou privada que o/a declarante exerça, ou tenha exercido
nos últimos três anos e/ou que venha a exercer em acumulação com o mandato ou que tenha exercido
até três anos após a cessação de funções, incluindo atividades profissionais subordinadas, comerciais
ou empresariais, exercício de profissão liberal e o desempenho de funções eletivas ou de nomeação.
* Registar o desempenho de cargos sociais que o/a declarante exerça, ou tenha exercido nos últimos
três anos e/ou que venha a exercer em acumulação com o mandato, ou que tenha exercido até três anos
após a cessação de funções, designadamente a discriminação dos cargos de administrador, gerente,
gestor, diretor, membro de comissão administrativa, conselho fiscal e comissão de fiscalização, membro
de mesa de assembleia-geral ou de órgãos ou cargos análogos, de quaisquer sociedades comerciais,
civis sob forma comercial, cooperativas ou públicas e também de associações, fundações, instituições
particulares de solidariedade social, misericórdias e semelhantes, tanto nacionais como estrangeiras.
IV – DADOS RELATIVOS A FILIAÇÃO, PARTICIPAÇÃO OU DESEMPENHO DE QUAISQUER FUNÇÕES EM
ENTIDADES DE NATUREZA ASSOCIATIVA, EXERCIDAS NOS ÚLTIMOS TRÊS ANOS E/OU A EXERCER
EM ACUMULAÇÃO OU EXERCIDOS ATÉ TRÊS ANOS APÓS A CESSAÇÃO DE FUNÇÕES
Natureza e
Cargo
área de Local da Remunerada Data de Data de
Função Entidade
atuação da sede (S/N) início termo
Atividade entidade

* Registar a filiação, participação ou desempenho de quaisquer funções em quaisquer entidades de


natureza associativa, que o/a declarante exerça, ou tenha exercido nos últimos três anos e/ou que
venha a exercer em acumulação com o mandato, ou tenha exercido até três anos após a cessação de
funções, desde que essa menção não seja suscetível de revelar dados constitucionalmente protegidos
como sejam os relativos à saúde, orientação sexual, filiação sindical ou convicções religiosas ou
políticas, casos em que tal menção é meramente facultativa.
V - APOIO OU BENEFÍCIOS
Natureza e área Natureza do
Apoio ou
Entidade de atuação da apoio ou Data
benefício
entidade benefício

* Registar todos e quaisquer apoios financeiros ou materiais recebidos para o exercício das atividades,
inclusivamente de entidades estrangeiras, designadamente senhas de presença e ajudas de custo (e
que não correspondam a remuneração, visto que, a existir, esta é identificada na rúbrica anterior).
VI - SERVIÇOS PRESTADOS
Natureza e área
Serviço prestado Entidade de atuação da Local da sede Data
entidade

* Entidades, e respetiva área de atividade, a quem o/a declarante preste pessoalmente serviços
remunerados de qualquer natureza com caráter de permanência, ou mesmo pontualmente, desde que
suscetíveis de gerarem conflitos de interesses.
VII - SOCIEDADES
Natureza e área Participação
Sociedade Natureza de atuação da Local da sede social (valor e
entidade percentagem)

* Identificação das sociedades em cujo capital o/a declarante por si, pelo cônjuge ou unido de facto,
disponha de capital e também a quantificação dessa participação.
VIII - OUTRAS SITUAÇÕES

* Não sendo a lei taxativa na enumeração das situações a registar, deste campo devem constar
quaisquer outras que não se integrem nas anteriores e que sejam suscetíveis de gerar
incompatibilidades ou impedimentos previstos na lei.
Mais declaro:

1. Ter conhecimento:
a) Das incompatibilidades e impedimentos previstos na Lei, designadamente:
• Na Constituição da República Portuguesa;
• No Código do Procedimento Administrativo;
• No Código dos Contratos Públicos;
• No Estatuto dos Eleitos Locais (Lei n.º 29/87, de 30 de junho);
• No Regime do Exercício de Funções por Titulares de Cargos Políticos e Altos
Cargos Públicos (Lei n.º 52/2019, de 31 de julho);
• No Regime Jurídico da Organização dos Serviços das Autarquias Locais
(Decreto-Lei n.º 305/2009, de 23 de outubro);
• Na Recomendação do Conselho de Prevenção da Corrupção de 8 de janeiro
de 2020.
b) Do teor do Código de Ética e Conduta do Município de Cascais;
c) Do teor do Manual de Gestão de Conflitos de Interesses do Município de Cascais.
2. Que não tenho qualquer outro tipo de interesse ou facto, nem me encontro em situação
de incompatibilidade, impedimento ou outras, designadamente as previstas nos
diplomas citados.
3. Que, em caso de eventuais alterações ou se vierem a ser adquiridos outros interesses
dos quais a Câmara Municipal de Cascais deva ter conhecimento, comprometo-me a
declará-los, procedendo ao preenchimento de uma nova Declaração de Registo de
Interesses.
4. Que esta declaração não me iliba da obrigação de declarar qualquer tipo de conflito de
interesses no início de atividade em que participe, no âmbito do exercício das minhas
funções.

Cascais, ___ de _____________ de 20___

__________________________________

(assinatura)
ANEXO III a)

Modelo de DECLARAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE CONFLITOS DE INTERESSES

(a que se refere o n.º 5 do artigo 67.º do Código dos Contratos Públicos)

…….. (nome, número de documento de identificação e morada), na qualidade de ... (dirigente,

trabalhador, ou prestador de serviço atuando em nome da entidade adjudicante) da Câmara

Municipal de Cascais, participando como membro do júri, no procedimento de formação de

contrato relativo a … (objeto do contrato), declara não estar abrangido, na presente data, por

quaisquer conflitos de interesses relacionados com o objeto ou com os participantes no

procedimento em causa.

Mais declara que se durante o procedimento de formação do contrato tiver conhecimento da

participação nele de operadores económicos relativamente aos quais possa existir um conflito

de interesses, disso dará imediato conhecimento ao órgão competente da entidade

adjudicante, para efeitos de impedimento ou escusa de participação no procedimento, nos

termos do disposto nos artigos 69.º a 76.º do Código do Procedimento Administrativo.

Cascais, ___ de _____________ de 20___

__________________________________________

(assinatura)
ANEXO III b)

Modelo de DECLARAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE CONFLITOS DE INTERESSES

………. (nome), n.º inf………, a exercer funções de ………. (carreira/categoria) na ………. (unidade

orgânica) da Câmara Municipal de Cascais, na qualidade de membro interveniente no

procedimento relativo a ………. (objeto do contrato e número se aplicável), declaro não estar

abrangido/a, na presente data, por quaisquer conflitos de interesses relacionados com o objeto

ou com os participantes no procedimento em causa.

Mais declaro que se durante o procedimento tiver conhecimento da participação nele de

intervenientes relativamente aos quais possa existir um conflito de interesses, disso darei

imediato conhecimento ao superior hierárquico e/ou à Divisão de Transparência e

Conformidade, ou outra unidade orgânica que entretanto venha a deter competências nesta

matéria, para efeitos de impedimento ou escusa de participação no procedimento, nos termos

do disposto nos artigos 70.º a 75.º do Código do Procedimento Administrativo.

Cascais, ___ de _____________ de 20___

__________________________________________

(assinatura)
ANEXO III c)

Modelo de DECLARAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE CONFLITOS DE INTERESSES

(a que se refere o n.º 7 do artigo 290.º-A do Código dos Contratos Públicos)

... (nome, número de documento de identificação e morada), na qualidade de ... (dirigente,

trabalhador, ou prestador de serviço atuando em nome do contraente público) da Câmara

Municipal de Cascais, tendo sido designado gestor do contrato relativo a ……… (objeto do

contrato), declara não estar abrangido, na presente data, por quaisquer conflitos de interesses

relacionados com o objeto do contrato ou com o cocontratante.

Mais declara que se durante a execução do contrato tiver conhecimento da participação nele

de outros operadores económicos, designadamente cessionários ou subcontratados,

relativamente aos quais possa existir um conflito de interesses, disso dará imediato

conhecimento ao contraente público, para efeitos de impedimento ou escusa, nos termos do

disposto nos artigos 69.º a 76.º do Código do Procedimento Administrativo.

Cascais, ___ de _____________ de 20___

__________________________________________

(assinatura)
ANEXO IV

DECLARAÇÃO DE EXISTÊNCIA DE CONFLITOS DE INTERESSES

(em cumprimento da alínea b) do n.º 4 do artigo 8.º do Código de Ética e Conduta


do Município de Cascais)

Eu, …………….. (nome completo), com o n.º informático ………., a exercer funções de ……….

(carreira/categoria) na ………. (unidade orgânica) na Câmara Municipal de Cascais, solicito

escusa no desempenho das funções que me estão atribuídas relativamente ao ……………………

(assunto/processo/candidatura) por considerar que não estão totalmente reunidas as

condições de salvaguarda de ausência de conflitos de interesses, por motivo de ………….…….

(explicitar cargos/funções/atividade/relação com outras entidades nos últimos três anos,

suscetíveis de gerarem incompatibilidades ou impedimentos e quaisquer atos que possam

proporcionar proveitos financeiros ou conflitos de interesses).

Cascais, ___ de _____________ de 20___

__________________________________________

(assinatura)
ANEXO V

DECLARAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE CONFLITOS DE INTERESSES EM


REGIME DE ACUMULAÇÃO DE FUNÇÕES

Exmo. Senhor

Presidente da Câmara Municipal de Cascais

Eu, com o n.º inf.

com a categoria de

a desempenhar funções na

ext. n.º vem nos termos do artigo 23.º da Lei n.º 35/2014 de 20 de junho, requerer a V.Ex.ª,

autorização expressa para o exercício de funções privadas.

Assim, nos termos previstos no nº. 2 do referido artigo, esclareço:

a) O local de exercício, da atividade a acumular será desenvolvida (indicar o local do exercício);

horas, às horas
b) O horário de trabalho a praticar será o seguinte: das
(fora do horário de expediente);

;
c) A remuneração será no valor de (€)

d) A atividade a desempenhar será autónomo ou subordinado, prestando serviços de


(identificar especificamente e concretamente as funções);

e) Não existirá conflito entre as funções a desempenhar, em virtude de;

(indicar as razões que o requerente entende que a acumulação, conforme os casos, é de interesse público
ou não incorre no previsto nas alíneas a) a d) do nº. 3 do artigo 22.º da Lei nº. 35/2014 de 20 de junho);

f) Não existirá conflito entre as funções a desempenhar, designadamente por a função a


acumular não revestir as seguintes caraterísticas;
Mais declara que se compromete a cessar imediatamente a atividade em acumulação, no caso de
ocorrência superveniente de conflito.

Pede deferimento

Cascais, ____ de __________________ de 20___

__________________________________________

(assinatura)
ANEXO VI

REGISTO DE OFERTAS
(em cumprimento dos n.º 4 e 5 do artigo 9.º do Código de Ética e Conduta do Município de Cascais)

Identificação do aceitante da oferta:


(Nome, N.º Informático, Cargo/Categoria e Unidade Orgânica)

Identificação da entidade/pessoa ofertante:

Descrição do âmbito e objeto da oferta (inclui hospitalidades):


(identificar o contexto e o tipo de oferta)

Valor:
(estimado, quando não for possível aferir o valor real)

Data de receção da oferta:

Cascais, ___ de _______________ de 20___

O trabalhador ou colaborador, O Gabinete da Presidência,

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