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ÉTICA E LEGISLAÇÃO

PROFISSIONAL
SUMÁRIO

Unidade 1 — Histórico e a construção da ética .............1


Seção 1 Ética ......................................................................................3
1.1 Será que ainda temos conceito parecido com o de Platão? ..................6
1.2 Será que todos têm a mesma oportunidade de ascender na escala social? ...10
Seção 2 Ética e a moral ....................................................................12
2.1 O que é ética? ....................................................................................12
2.2 O que é moral? ..................................................................................12
2.3 Por que viver em sociedade? .............................................................14
2.4 Como diferenciar a moral da ética para que não continuem a confundi-las? ..16
2.5 Quais são as diferenças que podem ser pontuais em relação a ética
e a moral? ..........................................................................................16
Seção 3 Filosofia e a ética ................................................................18
3.1 O porquê das coisas? .........................................................................18
3.2 A moral está a serviço da ética? .........................................................19
3.3 Qual é a ética da moral? ....................................................................20
Seção 4 Ética na sociedade atual .....................................................21
4.1 O que é ser ético? Princípios e valores ...............................................21
4.2 O que define ambiente melhor? ........................................................21
4.3 Qual é a sua ética? ............................................................................22
4.4 Quais são os valores contemporâneos? ..............................................23
4.5 Como falar de ética na atualidade e relacioná-la à concepção do ser social? ..23

Unidade 2 — Fundamentos éticos no serviço social ....31


Seção 1 Ética e as profissões ............................................................33
1.1 Qual é a matéria-prima de um operário, trabalhador de uma
fábrica de carros? ...............................................................................35
1.2 É possível mensurar a mais-valia desses profissionais liberais?............36
1.3 O que difere o trabalho de um profissional liberal com um
operário de uma indústria? .................................................................37
1.4 Qual é a matéria-prima do profissional liberal? ..................................38
Seção 2 Ética e o serviço social ........................................................42
2.1 O que acontece se um assistente social errar um parecer social? ......42
2.2 É competência do assistente social definir a guarda ou adoção
de uma criança ou adolescente? ........................................................45
2.3 Ética? Em que momento na profissão? ................................................48
2.4 Qual é a função do CFESS
CFSS? ..................................................................50
2.5 Qual é a função do CRESS? ................................................................50
Seção 3 Ética na pesquisa ................................................................52
3.1 Como pensar ético na pesquisa científica? .........................................52
3.2 Como compreender a relação do poder versus não dever? .................52

Unidade 3 — Os códigos de ética do serviço social .....63


Seção 1 Código de Ética Profissional do Serviço Social de 1947 ......65
Seção 2 Código de Ética Profissional do Serviço Social de 1965 ......68
Seção 3 Código de Ética Profissional do Serviço Social de 1975 ......71
Seção 4 Código de Ética Profissional do Serviço Social de 1986 ......72

Unidade 4 — Código de ética de 1993 ao projeto


ético-político do serviço social ..............79
Seção 1 Código de ética de 1993 do serviço social ..........................82
1.1 Princípio ético ...................................................................................86
1.2 Sigilo no serviço social ......................................................................94
Seção 2 O projeto ético-político do serviço social ...........................99
Seção 3 Lei de regulamentação da profissão de serviço social .......106

Unidade 5 — Serviço social e a ética na atualidade ...115


Seção 1 Compromisso coletivo diante do projeto ético-político ....117
Seção 2 Serviço social e a ética diante das novas demandas e
contexto social .................................................................128
Seção 3 O profissional de serviço social ........................................154

Referências ................................................................161
Apresentação

A disciplina de Ética e Legislação Profissional do curso de Serviço Social


tem como propósito estudar os fundamentos do comportamento ético do ser
social, os valores éticos e morais, a ética profissional e sua implicação no
exercício profissional do serviço social.
Vamos acompanhar o contexto histórico do homem enquanto um ser
social e suas relações na sociedade; a concepção histórica da ética nas profis-
sões e o processo histórico da regulamentação da profissão do serviço social; o
compromisso profissional com o atual Código de Ética do Serviço Social; e uma
reflexão do contexto do Projeto Ético-político Profissional do Serviço Social.
Assim, oferecer embasamento teórico sobre a ética, estimulando o aluno
a refletir, compreender e discutir a sua importância no cotidiano da prática
profissional.
Este conteúdo tem o propósito de fornecer subsídios técnicos ao aluno
do curso de Serviço Social, o qual será desenvolvido em cinco unidades,
sendo a Unidade 1, denominada “Histórico e a construção da ética”, a qual
será trabalhada em quatro seções, sendo a primeira seção a Ética; a segunda
Ética e a moral; a terceira Filosofia e a Ética; a quarta e última seção Ética
na sociedade atual. Na Unidade 2, “Fundamentos éticos no serviço social”,
vamos trabalhar em três seções, iniciando com Ética e as profissões; Ética
e o serviço social; e a última seção Ética na pesquisa. Na Unidade 3, “Os
códigos de ética do serviço social”, vamos trabalhar em quatro seções, nas
quais propomos o estudo do processo histórico dos fundamentos éticos do
Código de Ética Profissional do Serviço Social de 1947; do Código de Ética
Profissional do Serviço Social de 1965; do Código de Ética Profissional do
Serviço Social de 1975; e do Código de Ética Profissional do Serviço Social
de 1986. Na Unidade 4, intitulada “Código de ética de 1993 ao projeto
ético-político do serviço social”, será desenvolvido um estudo que percorre
O Código de Ética de 1993, com três seções que abordarão o Código de ética
de 1993 do serviço social; O projeto ético-político do serviço social; e a Lei
de Regulamentação da Profissão de Serviço Social. E na Unidade 5, “Serviço
social e a ética na atualidade”, com três seções que serão trabalhadas perante
o Compromisso coletivo diante do projeto ético político; o Serviço social e a
ética diante das novas demandas e contexto social; e, em último momento, O
profissional de serviço social.
Acreditamos que ao término do curso de Serviço Social, o aluno esteja
apto para exercer a profissão de Assistente Social com ética, compromisso e
responsabilidade ante as principais demandas às quais será desafiado no seu
cotidiano profissional.
Unidade 1

Histórico e a
construção da ética
Objetivos de aprendizagem: Nesta primeira unidade você estudará
o histórico e a construção da ética, como o propósito de compreen-
são dos fundamentos éticos, suas definições, princípios e valores na
sociedade contemporânea e o compromisso e a construção histórica
do ser social.

Seção 1: Ética
Nesta seção conheceremos a ética na sua concepção
histórica, o homem como um “ser social”, que tem
necessidades, e estabelece valores e princípios como
regras e normas de sobrevivência.

Seção 2: Ética e a moral


Na segunda seção estudaremos os valores éticos e
morais, definições de conceitos e iremos contextua-
lizar os aspectos que diferenciam a ética da moral e
a relação que as complementam.

Seção 3: Filosofia e a ética


Na sequência estudaremos os conceitos filosóficos da
ética; sabe-se que a moral e a ética foram gestadas
enquanto estudo pela filosofia, assim como vamos
compreender os fundamentos filosóficos da vida do
homem em sociedade.
Seção 4: Ética na sociedade atual
A necessidade do ser social é viver em sociedade,
porém, é preciso compreender quais os valores que
determinam o ser no relacionamento em sociedade,
qual a influência da sociedade contemporânea nos
valores éticos constituídos historicamente.
Histórico e a construção da ética 3

Introdução ao estudo

Iniciar a disciplina Ética e Legislação Profissional compreende-se que a


ética é construída historicamente, não sendo possível o homem viver só, como
se fosse uma ilha isolada; assim as suas relações são estabelecidas na medida
em que convivem com outro ser da mesma espécie e juntos constroem suas
convicções, crenças, valores, costumes, hábitos e os instrumentos para suprir
suas necessidades quer pessoal, trabalho, de lazer ou por mero interesse de des-
coberta do novo. O homem tem um instinto natural da convivência em grupo;
e para essa convivência ser harmoniosa estabelece princípios que norteiam o
comportamento humano.
Será que nos dias atuais estamos construindo história? E como relacioná-la
ao contexto ético?
Ao referirmos à ética e à moral, muitas vezes, torna comum os alunos con-
fundirem a ética com a moral, ou vice-versa; assim pretende-se com o estudo
oportunizar aos alunos, ao término desta unidade, clareza dessas definições e
possibilitar seus diferenciais e contribuições.
Com a reflexão da importância do conteúdo no processo de formação com
qualidade para futuros profissionais aptos e comprometidos com a ética na
profissão do Serviço Social e com a categoria profissional.
Nesta unidade vamos abordar A História e a Construção da Ética, trazendo,
no primeiro momento, a Ética; após, com os conceitos da ética e da moral; e a
seguir, a importância da Filosofia e a ética; assim prosseguimos com um ques-
tionamento: O que é ético? Princípios e valores; e encerraremos está unidade
com uma reflexão de como relacionar os conceitos estudados com a Ética na
sociedade atual.

Seção 1 Ética
A concepção de ética se deu ao logo da construção histórica do homem;
vamos percorrer alguns aspectos da evolução do homem. Segundo a sociologia,
o homem sempre foi objeto de curiosidade humana, iniciando com a relação
do homem e a natureza, e seu propósito de extrair meios de sua sobrevivência.
Com o passar do tempo foi desenvolvendo habilidades de transformar a natureza
e suprir suas necessidades; assim, o homem começa a evoluir e com o processo
4

de evolução desperta para novas formas de necessidades. Refere Paiva (2010,


p. 164), “[...] a reflexão ética deve ter como suporte uma ontologia do ser so-
cial, vale dizer, uma concepção do modo de ser e reproduzir-se do ser social”.
Na proporção que suprir suas necessidades, novos interesses são desperta-
dos, desenvolvem instrumentos e meios para sua convivência individual e de
grupo, e essas relações são determinadas por valores; valores esses não são ao
caso, “[...] não são categorias abstratas, mas determinações da prática social
que o pensamento reconstrói e conceptualiza” (NETTO, 2010, p. 164).
Em todas as formas de grupos, os homens produzem objeto para utilizar
em seu próprio consumo e no consumo de outros membros dos grupos, tendo
como referência os valores de troca, tornando motivo consciente do homem
fazê-lo como valor de uso de bens. Essas relações determinam a concepção do
ser social; referem-se ao processo de trabalho, sendo o trabalho fonte para suprir
as necessidades do homem, como valor de prover seu meio de vida. “O valor
é tudo aquilo que contribui para explicar e para enriquecer o ser genérico do
homem; entende como ser genérico um conjunto de atributos que constituiriam
a essência humana” (NETTO, 2010, p. 22).
Forti (2006, p. 45) refere o trabalho como atividade vital da vida humana:
“A mediação que é o eixo dessa ultrapassagem do mero condicionamento na-
tural para a criação, apesar da conservação do conteúdo natural na existência
humana, e o trabalho”.
O desenvolvimento do processo de produção constantemente é modificado
com evoluções acentuadas; o homem passa a produzir não somente como va-
lor de uso, evolui para o mercado de bens de consumo; o produto passa a ser
visto com outros valores, ao lado do valor de uso, o valor de troca e o valor de
mercadoria, consequentemente, a necessidade da produção em larga escala,
embutem e desenvolvem o valor econômico e passa a ser a produção social,
em vez de individual. “O estudo das necessidades revela um entrelaçamento
de processos dialéticos; o homem difere do animal na medida em que, para
conseguir o objeto de suas necessidades, criou instrumentos e inventou o tra-
balho” (FORACCHI; MARTINS, 1985, p. 182).
Inicialmente, as relações de produção eram constituídas pelo sistema de
parentescos, não necessariamente econômicos; e evoluem para o sistema
econômico com interesses diversos, e desenvolvem o relacionamento com o
mundo de produção industrial. Assim formou o que chamamos de “Sociedade
Civil” com relações de interesses/oposições com o constituído de “Estado”,
representando o que é público.
Histórico e a construção da ética 5

Ao longo da história os homens desenvolvem novas formas de agrupamen-


tos, como no período do sistema feudal, sistema pré-capitalista, capitalismo,
pós-capitalismo, neoliberalismo; constroem a sua história e determinam sua
forma de viver em sociedade.
Vivenciamos uma sucessão de acontecimentos relacionada ao crescimento
econômico, o qual não representou crescimento social, assim temos um estado
liberal que provocou grandes desigualdades sociais e conflitos entre as classes
dominantes e dominadas, ou seja, a burguesia e o proletariado.
O trabalhado humano passa a ser produto da relação de compra e venda
da força de trabalho e dentro do processo chamado de divisão sociotécnica do
trabalho. Os homens menos favorecidos economicamente não mais possuíam
os meios de trabalhos para sobreviverem e dependiam de um sistema de pro-
dução, chamado de capitalismo.
Esses bens produzidos para satisfazer as primeiras formas de necessidades
humanas e suas relações em grupos passam por diferentes tipos de relações
sociais determinadas pela vida em sociedade, estabelecendo em cada contexto
histórico novos sistemas de valores e novos sistemas de agrupamentos sociais.
Encontram-se um novo tipo de relação grupal, novas necessidades do homem
diante do trabalho; os homens não possuem os instrumentos de trabalho e
passam a fazer parte de um sistema de produção em massa; adquirem, com o
trabalho, uma forma de relacionamento social.
Os homens vivem em sociedade; no contexto do processo de desenvol-
vimento industrial, passam a ter novas necessidades e para supri-las criam
novos valores. Os bens para satisfazer as necessidades dos grupos sociais são
produzidos em larga escala com valor econômico, definido como mercadoria.
Mercadoria — se torna objeto concreto, quando o valor
de troca desaparece para dar lugar ao valor de uso; mas
isso só acontece, para entrar naquilo que chamamos es-
fera privada, a esfera do consumo. Aqui o indivíduo está
sozinho diante dos bens que consome, ou melhor, se há
ainda relações inter-humanas, são relações de familiares
ou de amizade. Exatamente por serem privadas — o que
significa mais ou menos libertas da ação imediata do
mercado — tais relações resguardam em certa medida o
altruísmo e a solidariedade interindividual (FORACCHI;
MARTINS, 1985, p. 171).

A origem do Capitalismo está conexa aos movimentos de massa na Europa


do final do século XIX, mas sua generalização situa-se na passagem do capita-
6

lismo concorrencial para o monopolista, em especial na sua fase tardia, após a


2ª Guerra Mundial. Uma reação dos trabalhadores com relação da exploração
da mais valia e da exploração do trabalho de crianças, mulheres e idosos.
As relações sociais são constituídas na medida em que o homem se insere no
processo de Trabalho, o trabalho define este novo ser, “[...] e a base ontológica
primaria da vida social” (BARROCO, 2010b, p. 168), e estas relações sociais
reconstroem novos valores, assim definidos como:
Valor (valor de troca) é propriedade das coisas, riqueza,
(valor de uso), do homem: Valor, nesse sentido, implica
necessariamente troca, riqueza não. Riqueza (valor-de-
-uso) é atributo do homem; valor, atributo de mercadorias.
Um homem ou uma comunidade é rico, uma perola ou
um diamante é valioso [...]. Uma pérola ou um diamante
tem valor como perola ou diamante (FORACCHI; MAR-
TINS, 1985, p. 86).

Definem-se os valores nos grupos sociais, valores estes que respondem às


necessidades econômicas, ideológica, religiosas, poder, status, de mercadoria,
e novos valores são constituídos no processo nas relações sociais dos homens
convivendo em sociedades.
Valor e alternativas são, segundo Netto (2010, p. 23):
Valor é tudo aquilo que contribui para explicar e para
enriquecer o ser genérico do homem, entendendo como
ser genérico em conjunto que constituiriam a essência
humana... Heller considera que estes atributos são: a
objetivação (expressa prioritariamente, em termos onto-
lógicos, pelo trabalho), a sociabilidade, a consciência, a
universalidade e a liberdade.

O homem tem necessidades de relacionar-se; para o bom andamento desses


relacionamentos criam-se formas de organização; como uma das principais
destaca-se a organização política. Segundo Platão uma sociedade ideal seria
aquela governada por aqueles que possuíssem o conhecimento da justiça.

1.1 Será que ainda temos conceito parecido com o de


Platão?
A sua referia para a época, que os únicos que detinham o conhecimento
da justiça eram os filósofos, porém nossos primeiro pensamentos quando
Histórico e a construção da ética 7

relacionado a um líder governamental, empresarial, entre outros, vincula ao


conhecimento da justiça, seja a justiça social, econômica etc.
Os profissionais que trabalham envolvidos com as relações sociais, com o
indivíduo enquanto “um ser vivo”, são comprometidos com os valores huma-
nos, os quais não estão desvinculados dos valores de justiça. “O valor não traz
escrito na fronte o que ele é, longe disso, o valor transforma cada produto do
trabalho num hieróglifo social” (FORACCHI; MARTINS, 1985, p. 86).
[...] juízo de valor, os objetos são avaliados como úteis,
inúteis, válidos ou não válidos. O fato de toda ação cons-
ciente conter uma posição de valor e das alternativas é
dado apenas pela capacidade de escolher e pôr valor, isto
é, pela avaliação subjetiva dos indivíduos (BARROCO,
2010b, p. 27).

As relações sociais são transformadas e redefinidas ao logo da história, um


processo contínuo até os diais atuais; o fato ontológico é o homem se constituir
e se relacionando com outros homens; existe uma relação de troca e cumplici-
dade na construção social, “[...] as escolhas são baseadas em juízos de valores:
os objetos e as ações são avaliados como úteis, inúteis, válidas ou não válidas,
corretas ou incorretas” (BARROCO, 2009, p. 169).
Com a evolução do tempo, o homem apresenta novas características e
necessidades vinculadas aos costumes, aos hábitos e aos valores econômicos,
sociais, culturais, políticos, entre outros.
As relações que definem uma evolução de agregação do ser, “[...] ética existe
porque nós, humanos, somos agregados, e porque só conseguimos existir em
sociedade” (NETTO, 2010, p. 23).
As relações dos homens com o trabalho se dá na relação da força de tra-
balho com o produto de mercadoria e a relação destes com a mais-valia, que
não desvincula os estudos considerar as relações de trabalho na sociedade
capitalista e a produção do fenômeno de alienação perante as contradições
existentes na sociedade.
No trabalho alienado, os homens continuam a trabalhar
juntos; no entanto, não se reconhecem como seres de uma
mesma espécie, se estranham; ao invés de desenvolver
formas de compartilhamento, criam formas de sociabili-
dade fragmentadas (BARROCO, 2010b, p. 35).

Entende a alienação como um problema de legitimação do controle social;


é a relação com o poder; predomina a dominação na relação de classes
8

sociais, ou hierarquia do controle no interior da própria organização. para Marx


“[...] alienar-se da sociedade é, a priori, alienar-se de si mesmo” (FORACCHI;
MARTINS, 1985, p. 93).
Quando a atividade humana é alienada, seu caráter social
e consciente é negado; a liberdade e a universalidade
objetivam-se de forma limitada e inexpressiva, eviden-
ciando as formas descritas por Marx nas quais os homens
não se apropriam de suas capacidades e de seus projetos
(BARROCO, 2010b, p. 35).

O resultado do trabalho como produto humano está na relação do homem


em deter o poder de fazer escolhas/alternativas/promover valores/referindo à
sociedade este ser social definido como homem faz parte dela e é quem define
essas relações e valores, “[...] bom ou mau, bonito ou feio, correto ou incorreto”
(BARROCO, 2010b, p. 25). O homem determina seu processo histórico por
opções de escolhas, considerado como sujeito de sua própria transformação.
Para diagnóstico da realidade social faz-se necessário conectar com um
processo que extrapole o processo da desumanização e da alienação dos in-
divíduos enquanto cidadãos de direitos, e compreender a conexão humana na
sociedade e nas relações sociais e de produção que os envolvem, não focando
o homem como objetos de um sistema, e, sim, com perspectivas de valores
que podem e devem ser analisados e reconstruídos, Marx assinala “[...] põe a
possibilidade de o ser social adquirir consciência de si mesmo como sujeito e
de compreender sua vida como processo” (BARROCO, 2010a, p. 39).
A ética nos remete alguns conceitos que definem práxis, sendo importante
a compreensão: “A essência do ser humano é social e a essência da sociedade
é a práxis: ato, ação, interação. Separando-se da práxis, a teoria se perde em
problemas mal postos e insolúveis, em mistérios e misticismo” (FORACCHI;
MARTINS, 1985, p. 179).
A práxis é relação da teoria com a atividade de mudanças em determinada
circunstância, proporciona a criação de novas circunstâncias ou relaciona a
experiência vivida na atividade profissional, na ação humana a ação privile-
giada da práxis é o trabalho, “[...] a práxis na totalidade das objetivações do
ser social, constituída e constituinte” (BARROCO, 2010b, p. 28).
[...] a ética diz respeito à prática social de homens e mu-
lheres, em suas objetivações na vida cotidiana e em suas
possibilidades de conexão com as exigências éticas cons-
cientes da genericidade humana (BARROCO, 2010b, p. 16).
Histórico e a construção da ética 9

Segundo Lefebvre (1985, p. 180-190, grifo do autor), pretende mostrar como


a práxis, concebida por Marx, deixa lugar a Sociologia, no sentido moderno
da palavra:
A noção de práxis pressupõe a reabilitação do sensível
e a restrição, do prático-sensível. O sensível, como
bem o compreendeu Feuerbach, é o fundamento de
todo conhecimento, porque é o fundamento do ser.
Não apenas é rico de significação, como também de
ação. O mundo humano foi criado pelos homens, no
curso de sua história, a partir de uma natureza original
que não se dá a nós senão transformada por nossos
meios: instrumentos, linguagem, conceitos, signos [...];
O fundamento do ser humano na natureza pode legi-
timamente ser tomada por ontológico. Por outro lado,
tudo o que o homem faz entra no vir a ser, isto é, na
História;
Duplo fundamento da práxis: o sensível, de um lado,
e, do outro, a atividade criadora, estimulada pela ne-
cessidade que ela transforma;
O trabalho participa do movimento dialético “necessi-
dade — trabalho — gozo”, do qual ele é um momento
prático e histórico;
A práxis compreende as relações entre os seres huma-
nos, praticamente o comércio, as atividades diretivas, as
funções estatais, na medida em que se vão constituindo;
A práxis é, antes de tudo, ato; relação dialética entre
a natureza e o homem, as coisas e a consciência;
Toda a práxis é conteúdo, esse conteúdo cria formas;
ele só é conteúdo em razão da forma que nasce de suas
contradições, que as resolve de maneira geralmente
imperfeita e se volta para o conteúdo, a fim de impor-
-lhe uma coerência;
Na práxis, o pensamento reencontra a unidade com o
ser, a consciência com a natureza sensível ou material,
o espírito com a espontaneidade.
O cotidiano da vida do social remete à relação com as manifestações uni-
versais, particulares e singulares, relacionada ao universo econômico, político,
social, religioso, cultural, entre outros.
Segundo Barroco (2009, p. 175):
A ética não é apenas a ciência da moral ou o seu co-
nhecimento: aprendida como parte da práxis, a ética é
traduzida para o conjunto das práticas conscientes do
ser social, dirigidas para a intervenção na realidade e na
10

direção da conquista da liberdade e da universalidade,


tendo como parâmetro a emancipação humana.

A ética é compreendida como modo de ser socialmente determinado, tem


sua origem no processo de autoconstrução do ser social, segundo Barroco
(2009, p. 21):
[...] o homem se desenvolve como um ser consciente,
universal e livre, capaz de produzir sem a necessidade
física, de fato, quanto mais dela se afastar, mais livre
separa sua produção e sua autoconsciência de sujeito
transformador da natureza.

A sociedade apresenta as relações com os indivíduos, as famílias, os grupos


sociais em uma escala de hierarquia, com desigualdades de distribuições de
direitos e obrigações, diferenciando por escalas de posições na estrutura social
de hierarquia de valores.
[...] uma vez que, com o surgimento da propriedade
privada, da sociedade de classes e da divisão social do
trabalho, apresentam-se novas exigências de integração
social, o que se reflete na necessidade de legitimação dos
valores e nas normas de comportamento orientadas pelo
ethos dominante (BARROCO, 2009, p. 61).

A divisão das classes sociais apresenta que os indivíduos têm as oportunidades


de ascender na escala social; as classes sociais são definidas, também, por catego-
rias históricas; estão relacionadas à evolução e ao desenvolvimento da sociedade.
É pertinente fazer o resgate do contexto de formação de classes sociais das outras
disciplinas.

1.2 Será que todos têm a mesma oportunidade de


ascender na escala social?
A principal abordagem do serviço social no processo de reprodução das
relações sociais está na compreensão do real significado social da profissão
e sua inserção no processo histórico determinado no contexto das relações
sociais diante das questões sociais.

Para saber mais


É oportuno, neste momento, pensar em como relacionar a referência teórica com a ética.
Histórico e a construção da ética 11

A ética faz parte das necessidades dos homens conviverem em sociedades


e suas relações são estabelecidas no processo de construção histórica, ou seja,
a ética é dinâmica; quando articulamos com o mundo de produção consegue-
-se avançar na compreensão do referencial teórico e entender que a ética
não é neutra. É determinada por juízos de valores, os quais descreverão no
desenvolvimento da referência teórica da disciplina, os fundamentos da ética
e o processo histórico, nos quais está inserido o homem enquanto ser social.
Não temos o propósito, neste espaço, de aprofundar o contexto histórico
da formação da sociedade capitalista e as relações de forças político-sociais
e diferenças das classes sociais, pois os alunos estudam o referido conteúdo
aprofundado nas disciplinas das políticas sociais e os fundamentos históricos
do serviço social.
Dando continuidade, abordaremos, a seguir, a definição e a relação da ética
e da moral, a princípio, conceitos e seus fundamentos, comumente fáceis de
ser confundidos, mas, após análise dos referenciais teóricos apresentados na
disciplina, proporcionarão clareza dos conceitos.

2
12

Seção 2 Ética e a moral

2.1 O que é ética?


De acordo com Barroco (2010b, p. 16), diz que a ética percorre um processo
de construção histórico, o que corresponde ir além do fato imediato, “[...] a
ética diz respeito à prática social de homens e mulheres, em suas objetivações
na vida cotidiana e em suas possibilidades de conexão com as exigências éticas
conscientes”.
[…] palavra ‘ética’ provém do adjetivo ‘ethike’, termo
corrente na língua grega, empregado originariamente para
qualificar um determinado tipo de saber. Aristóteles foi o
primeiro a definir com precisão conceitual esse saber, ao
empregar a expressão ‘ethike pragmateia’ para designar
seja o exercício das excelências humanas ou virtudes
morais, seja o exercício da reflexão crítica e metódica
(praktike philosophia) sobre os costumes (GONTIJO,
2006, p. 126, grifos do autor).

2.2 O que é moral?


O homem relaciona-se em sociedade visando à coletividade, porém cada
indivíduo tem sua singularidade, necessidades cotidianas enquanto indivíduos,
a moral desde que os homens passaram a se relacionarem em grupos e terem
objetivos comum diante da coletividade sempre existiu amoral, “[...] a moral
é precisamente um sistema de costumes e de exigências que permitem essa
elevação. Ela viabiliza a relação das várias esferas da vida dos indivíduos com
a genericidade do ser social” (NETTO, 2010, p. 23). Moral, do latim mos, mo-
res, designados costumes e as tradições; está ligada a costumes e a tradições
específicas de cada povo, vinculada a um sistema de valores, próprio de cada
cultura e de cada caminho espiritual. Por sua natureza, a moral é sempre plural,
existem muitas morais, tantas quantas culturas e estilos.
Os conceitos da ética e da moral tendem, inicialmente, a dificuldades
em defini-las; após termos caminhado com algumas reflexões e conceitos, as
definições começam a clarear e, certamente, conseguiremos avançar na com-
preensão da questão estudada.
Histórico e a construção da ética 13

A ética, portanto, desinstala a moral e impede que se feche sobre si mesma,


e nos possibilita a coragem de abandonar elementos obsoletos das várias morais,
nos proporcionam a ousadia de assumir, com responsabilidade, novas posturas
e projetar novos valores.
Segundo Netto (2010), a ética busca uma análise dos fundamentos da moral,
direcionando à reflexão filosófica e metafísica, A ética se concretiza em uma
sinergia com o concreto. A moral se concretiza na vida prática e no cotidiano
do indivíduo das relações de valores, a ética vai além, busca uma explicação
para as relações sociais, está aberta às mudanças de transformações na con-
temporaneidade, com a busca de quebra de paradigmas e sempre está aberta
para o novo. “Para o senso comum, falar de moral significa falar de proibições
e obrigações formais” (BARROCO, 2010b, p. 71).
Quando referimos a moral, no senso comum relacioná-la a restrições, o
que nos leva a condicionar a obediência, ou seja, a conjuntos de regras esta-
belecidas ao longo da história, e se pensamos em obediência, com certeza está
relacionada a proibições. E como compreender o que é proibido e não refletir
o porquê da proibição.
Vivemos em uma sociedade que se constituiu com determinados padrões
de conduta para que nos relacionássemos como ser social de forma harmônica.
Segundo Barroco (2010b, p. 72, grifo do autor), para o conservadorismo a
moral representa:
[...] a moral representa o conjunto dos valores legitimados
pela tradição e pelos costumes como corretos, justos,
bons. O dever passa, então, a representar a própria ga-
rantia da liberdade, pois a “lei moral” que o dever realiza
tem sua origem nos costumes criados pelas instituições
consideradas como base da sociedade: a família patriar-
cal, a igreja, as corporações-instituições intermediárias
entre Estado e indivíduo.

Desde o início da humanidade, a partir dos primeiros grupos sociais, os


quais determinaram a vivência em comunidade, pode-se afirmar que a moral
sempre esteve presente, o ser social passa a ter consciência da moral que o
leva a diferencia o bem do mal, o certo do errado.
Sem abertura às mudanças, a moral se fossiliza e se transforma em mo-
ralismo, “[...] sistema filosófico que defende a primazia exclusiva da moral.
14

Excesso de preocupação com questões de moral, tendendo para a intolerância


e o preconceito; puritanismo” (DICIONÁRIO..., 2012).
[...] a moral se articula a um sistema de necessidades
que — derivado das formas coletivas de organização do
trabalho e da vida social — adquiria condições de repre-
sentar o bem comum, de forma dominante (BARROCO,
2010b, p. 62).

A ética respeita o enraizamento necessário de cada ser humano na rea-


lização de sua vida, quando relacionado à ética no processo de construção
da morada humana — sociedade, habitável de forma harmoniosa, pode-se
relacionar em tornar esta moradia com as exigências de apresentar de forma
humana mais honesta e saudável, “[...] os valores morais surgem das necessi-
dades históricas dos homens” (BARROCO, 2010b, p. 60).
Compreende a ética, como morada humana, não é algo pronto e construído
de uma só vez. O ser humano está sempre tornando habitável a casa que cons-
truiu para si, e quando pontuamos a tornar a morada humana melhor — refere
ao nosso habitat social — a sociedade.
O professor Cortella (2005, p. 6) levanta os seguintes questionamentos:
Como está a morada do humano? Essa morada do humano
ela desabriga alguém? Tem alguém que está fora da casa,
tem alguém que está sem comer dentro dessa casa? Tem
alguém que está sem proteção à sua saúde, tem alguém
que está sem lazer dentro dessa casa? Essa morada do
humano ela é inclusiva ou ela é exclusiva? Essa morada
do humano lida com a noção de qualidade em ciência,
ou lida com a noção de privilégio?

2.3 Por que viver em sociedade?


O ser humano tem a necessidade de se relacionar com outras pessoas;
nossa natureza não da conta de nos fecharmos e para que vivamos de forma
harmoniosa faz-se necessário estabelecer normas, regras, leis de convívios entre
indivíduos que ocupam o mesmo espaço territorial.
Segundo Sposati (2008, p. 9, grifo do autor):
Território não é um terreno no sentido de uma dimensão
de terra. Território é dinâmica, pois para além da topogra-
fia natural, constitui uma “topografia social” decorrente
das relações entre os que nele vivem e suas relações com
os que vivem em outros territórios. Território não é gueto,
Histórico e a construção da ética 15

apartação, ele é mobilidade. Por isso discutir medidas de


um território é assunto bem mais complexo de que definir
sua área com densidade. Implica considerar o conjunto
de forças e dinâmicas que nele operam.

O ser humano de constituição da vida em sociedade foi agrupando-se e com


isso a necessidade de ser definidos padrões de comportamento, o que norteava a
conduta do correto, certo ou errado, e muitos valores foram se constituindo pelo
senso comum, ou com padrões de valores determinado por uma convivência
saudável e harmoniosa.
Segundo o Barroco (2010b, p. 60, grifo autor):
[...] para os juízos de valor, que visam nortear a consciên-
cia moral dos indivíduos, compondo um código moral
não escrito, cuja reprodução é realizada na vida coti-
diana, pela repetição formadora de habito e dos costumes.

Em determinados períodos não havia nenhuma definição de organização


social, política, ou definições de cargos ou mesmo poder; o homem vivia em
estado de natureza, os indivíduos viviam isolados, não havia a divisão de tra-
balho; o homem se relacionava com a natureza com o propósito somente de
extrair seu próprio sustento. A história nos apresenta que em um determinado
período os homens deixam de viver em estado de natureza e se desenvolvem
enquanto vida em sociedade, o que definido pela sociologia de estratificação
social “[...] o processo mediante o qual os indivíduos, as famílias ou os grupos
são hierarquizados numa escala, nos escalões superiores e outros nos inferiores”
(FORACCHI; MARTINS, 1985, p. 281).
Comunidade e sociedade são, pois, perspectivas e visões
de mundo em conflito, expressões do processo con-
traditório de constituição da formação na experiência
capitalista. Mas, não são apenas concepções teóricas.
São ideias inscritas na experiência do homem comum;
são formas sociais do querer. A noção ressurge aqui, no
querer societário, na ideia de sociedade (FORACCHI;
MARTINS, 1985, p. 7).

Ao procurar visualizar um grupo de pessoas reunido, desencadeia a neces-


sidade de estabelecer parâmetros de organização com valores de hierarquia e
definição de funções, cargos, responsabilidade, normas e regras diferentes. E a
sociedade começa a ser definida nos pacto social ou contrato social.
16

Segundo Barroco (2010a, p. 71), a moral se insere na sociedade civil,


como:
[...] a moral está vinculada contraditoriamente — ao
desenvolvimento humano-genérico e a sua alienação,
pois as formas de reprodução de valores ético-morais
são orientadas por valores e princípios sociais e humano-
-genéricos, isto é, universalmente legitimados, mas que
podem não ter condições de se universalizar em deter-
minadas condições sociais.

O desenvolvimento humano é vinculado a determinados valores morais.


A moral como definida tem sua origem no latim mos, mores, está ligada a
costumes e a tradições específicas de cada povo, vinculada a um sistema de
valores, próprio de cada cultura, crenças, valores.

2.4 Como diferenciar a moral da ética para que não


continuem a confundi-las?
De acordo com Netto (2010, p. 23):
[...] distinguir a moral de ética. A primeira é um sistema
mutável, historicamente determinada, de costumes e im-
perativo que proporcionam a vinculação de cada indiví-
duo tomado na sua singularidade, com a essência humana
historicamente constituída, com o ser social tomando na
sua universalidade. A ética, por seu turno, é a análise
dos fundamentos moral, remetendo compulsoriamente à
reflexão filosófica ou metafísica.

2.5 Quais são as diferenças que podem ser pontuais


em relação a ética e a moral?
Vamos descrever algumas referências; aconselho a não ficarem presos so-
mente a essas referências. É importante todo o referencial teórico trabalhado
na unidade.
Histórico e a construção da ética 17

Quadro 1.1 Características que diferem a Ética da Moral

ÉTICA MORAL
A ética é atenta às mudanças históricas, Para o senso comum a moral significa
sociais, às mentalidades e às sensibilidades proibições, obrigações formais. Por sua
cabíveis aos desafios decorrentes do pro- natureza, a moral se concretiza como um
cesso de transformação da história. sistema fechado.
Ética se estabelece no campo teórico e refle- Se concretiza na vida prática e no coti-
xivo. diano do indivíduos.
Permanente. Está presente no convívio social desde
Ser tomado na universalidade. os tempos primitivos.
Regras/princípios. Moral precisa de um sistema de costumes e
Singular. de exigências.
Teoria que busca justificar os costumes da Temporal.
sociedade. Cultural.
A análise dos fundamentos da moral, reme- Conduta de regras.
tendo à reflexão filosófica ou metafísica. Prática.
Um sistema mutável, historicamente de-
terminado, de costumes e imperativos que
propiciam a vinculação de cada indivíduo.
Fonte: Do autor (2013).

Para continuarmos estudando os valores da ética e da moral, faz-se neces-


sário abordar as contribuições da filosofia, na qual a ética e a moral tem raízes.
18

Seção 3 Filosofia e a ética

Desde que compreende a humanidade convivendo e se relacionando em


grupos, podemos entender que já existem um comportamento moral e é a
filosofia que inicialmente tem a preocupação de entender essas ações morais,
com o propósito de estudar e interpretar o comportamento moral dos homens.
A filosofia é uma forma de pensar e estudar todas as coisas, que utiliza o
raciocínio como forma de estudo sobre o que envolve a vida e o mundo, utili-
zando, para isso, algumas perguntas, o princípio buscar na causa.

3.1 O porquê das coisas?


No desejo da busca do conhecimento, compreende que a filosofia não é a
única forma de se buscar o conhecimento, existem várias formas por meio de
outra ciência na busca do conhecimento, mas não é possível estudar os fun-
damentos éticos sem fazermos uma pausa para alguns conceitos da filosofia.
O agir consciente supõe a capacidade de transformar respostas em no-
vas perguntas e as necessidades em novas formas de satisfações e novos
questionamentos.
Para o pensamento conservador, o fundamento da liberdade é a síntese entre
autoridade e ordem, enquanto o dever significa a preservação da liberdade;
a moral representa o conjunto dos valores legitimados pela tradição e pelos
costumes como corretos, justos e bons.
Para o pensamento crítico, as regras e normas de uma sociedade são esta-
belecidas em seu campo prático, porém a avaliação teórica pode trazer uma
reflexão sobre esse processo com uma práxis transformadora e inovadora.
A reflexão crítica da ética é de fundamental importância para o homem en-
quanto sujeito ético, pois possibilita a reavaliação de conceitos construídos
sócio e historicamente.
A filosofia tem um foco especial ao estudar o desenvolvimento e a consti-
tuição da política na sociedade; não pode vinculá-la da importância da
constituição histórica da vida humana. Está inserida diretamente na vida social;
está presente em vários aspectos do conhecimento; são estudas com profundi-
dades pela Sociologia, História, Ciências Políticas e Filosofia.
A filosofia procura os fundamentos filosóficos para entender a vida em socie-
dade; considera que a vida em sociedade é necessária para a sobrevivência da
Histórico e a construção da ética 19

humanidade; assim, a filosofia política relacionada diretamente à constituição


da ética está intimamente ligada à conduta humana. Não pretendemos pole-
mizar a política em que vivemos na atualidade, somente enfatizar a filosofia
política, referido a relação da natureza humana com a necessidade de viver em
sociedade; para Platão e Aristóteles a vida em sociedade faz parte da essência
humana. A filosofia estuda, inicialmente, o homem vivendo em sociedade e
depois parte para análise dos sistemas de governo.
A ética profissional busca na filosofia e outras teorias sociais o suporte para
fundamentar a sua reflexão e teorização ética.
[...] à formação profissional dada nas primeiras escolas de
Serviço Social, que enfatizam a necessidade do estudo da
filosofia e da ética como fornecedores da base moral do
comportamento profissional (BARROCO, 2010a, p. 79).

Para o serviço social é extremamente importante o estudo da filosofia, nem


sempre precisamos concordar com eles, mas não desvincular da contribuição
teórica dos fundamentos éticos determinados historicamente.
Agora que os conceitos de ética e moral estão claros, não nos permitem
confundi-los, vamos analisar a seguir qual “e o posicionamento da moral ao
serviço da ética.

3.2 A moral está a serviço da ética?


Para Bonetti (2010) diferenciar a moral da ética está em ver a moral como
constantes mudanças, historicamente determinadas, relacionam-se aos costu-
mes, com uma visão na singularidade. A ética tem o propósito de analisar os
fundamentos da moral; remete à reflexão da filosofia ou metafísica.
Compreende-se que a moral deve estar ao dispor da ética, possibilitando
a abertura para as mudanças e possibilidades de construção de novos valores,
caso contrário a moral se fecha em sistema, o que pode-se denominar de mo-
ralismo; alguns autores podem classificar a moral como um rigor às normas,
aos deveres, às obrigações.
Quando a ética se apresenta como uma ciência que busca fundamentar as
relações do ser social depara-se com os valores morais, o que pode haver um
confronto e, assim, entende-se que a ética desequilibra o sistema preeestabe-
lecido da moral.
Cabe a moral romper com valores que em outras épocas eram considerados
de suma importância e com o passar do tempo passam a ser considerados
20

obsoletos, assim assumindo para si a postura de direcionar a novos valores


diante das demandas da contemporaneidade, a referência da ética é estar
aberto ao novo, às mudanças e às variações da sociedade, os quais transpõem
o sistema tradicional predeterminado.

3.3 Qual é a ética da moral?


Toda a moral tem que estar a serviço da ética; a ética respeita o enraiza-
mento necessário de cada ser humano na realização de sua vida e ela impõe
exigências a fim de tornar a moradia humana mais honesta e saudável, sem
abertura às mudanças, a moral se fossiliza e se transforma em moralismo.
O que a ética e a moral referem-se enquanto sinônimos quando relata ser
a reflexão filosófica sobre os princípios que regem a conduta do ser social, ou
a relação em sociedade enquanto ser livre, “[...] é impossível falar em ética se
nós não falamos em liberdade. Quem não é livre não pode evidentemente ser
julgado do ponto de vista da ética” (CORTELLA, 2010, p. 3).
Considerando a moral a serviço da ética, daremos continuidade ao nosso
estudo, trazendo uma reflexo do que determina a “ética na sociedade atual”,
o que é ser ético? Seus princípios e valores, bem como, confrontá-los com os
valores na contemporaneidade.
Histórico e a construção da ética 21

Seção 4 Ética na sociedade atual

4.1 O que é ser ético? Princípios e valores


Ser ético é estabelecer princípios indispensáveis do agir do indivíduo que
direcionam a prática cotidiana, porém quando referimos a princípios é necessá-
rio estabelecer quais são? Os princípios humanos, religiosos, políticos, sociais,
profissionais, entre outros.
De acordo com o professor Cortella (2005, p. 5, grifo do autor).
Existe alguém que eu possa dizer que não tem ética?
É possível falar que tal pessoa “não tem ética?” Não, é
impossível. Você pode dizer que ele não tem uma ética
como a tua, você pode dizer que ele tem uma ética com
a qual você não concorda, mas é impossível dizer que
alguém não tem ética, porque ética é exatamente o modo
como ele compreende aquelas três grandes questões da
vida: devo, posso, quero.

Não existe ninguém sem ética; a grande questão é quem determina esses
princípios que norteiam a ética; trabalhamos com a referência que inicialmente
a sociedade estabelecia valores morais que determinava o agir dos indivíduos
em sociedade.
[...] é que todo homem é um ser ético, quer fique calado,
quer se manifeste. Algumas situações exigem que ele se
manifeste como relação prioritária: trata-se, então, de
uma relação ética por excelência; outras relações são
científicas, políticas, estéticas prioritariamente, mas existe
um posicionamento em potencial que pode ou não se
manifestar ao mesmo tempo (BARROCO, 2010b, p. 65).

A ética vem por meio da reflexão filosófica de interpretar o agir do ser social
e assim transformar a morada humana em um ambiente melhor.

4.2 O que define ambiente melhor?


Comumente os princípios são norteados pelos valores humanos, “[...] co-
ragem, na responsabilidade, na disciplina, na ajuda mútua e na solidariedade,
tendo a igualdade como princípio de justiça” (BARROCO, 2010b, p. 60).
Com a afirmação de que não existe ninguém sem ética.
22

4.3 Qual é a sua ética?


Vivemos em uma sociedade capitalista em que impera a ética do indivi-
dualismo, da competição; percebe-se uma contradição em alguns princípios.
Como é possível que os princípios éticos transformem a morada humana
melhor?
Melhor para quem? se não é bom para a maioria, devemos rever que prin-
cípios são estes, “[...] a ação ética só tem sentido se o indivíduo sair de sua
singularidade voltada exclusivamente para seu ‘eu’ para se relacionar com o
outro” (BARROCO, 2010b, p. 58, grifo do autor).
A natureza do agir ético está relacionada a princípios éticos e valores morais,
que segundo Barroco ser ético-moral: “[...] é [ser] socialmente considerado ca-
paz de responder por seus atos em termos morais, o que significa ser capaz de
discernir entre valores (certo/errado; bom/mau etc.)” (BARROCO, 2010b, p. 58).
Todos os indivíduos considerados como “cidadão consciente”, os quais res-
pondem por seus atos e responsabilidades de formas legais, o indivíduo não é
considerado capaz quando é menor de idade (criança e adolescentes), o idoso
ou mesmo indivíduo jovem/adulto que não encontre com sua sanidade mental
normal, geralmente acometido por alguma doença, sendo este legalmente
declarado incapaz.
[...] o sujeito ético, seja consciente e dotado de vontade,
uma vontade que, pela natureza da ética, deve ser livre,
ou seja, seu portador não deve ser corrigido por outros
indivíduos em suas decisões, não deve ser obrigado a
decidir pelo uso da forca, psicológica ou física, deve ter um
mínimo de controle sobre seus impulsos, isto é, ter autodo-
mínio (BARROCO, 2010b, p. 59, grifo do autor).

Quando referido como princípios da ética à liberdade, o que determina o


ser livre? A concepção da sociedade é construída a partir do conceito do ser
social, ou seja, as pessoas vivendo em sociedade, porém as pessoas não apren-
dem apenas vivendo; elas são cercadas nos locais de convívio, como família,
escola, trabalho, associações, comunidades, ou seja, seus espaços de território
social, consequentemente, elas passam a codificar as relações e a estabelecer
valores nesses códigos, assim define a moral e a ética da sociedade e o homem
como um sujeito ético. “E, portanto, um modo de comportamento, que se dá
na relação indivíduo/sociedade, na qual a sociedade, entendida em seu sentido
mais amplo, e, portanto, mais abstrato, cria padrões de relações” (CORTELLA,
2010, p. 55).
Histórico e a construção da ética 23

Questões para reflexão


Quais os valores éticos da sociedade contemporânea?

A seguir, vamos refletir que valores nos dias atuais, o que somos desafiados
constantemente enquanto compromisso e responsabilidade de cidadãos, pro-
fissionais e necessidades pessoas.

4.4 Quais são os valores contemporâneos?


Os indivíduos constantemente são desafiados com exigências que os põem
em uma relação de conflitos, contradições e até mesmo negação de suas con-
vicções, dos valores moral ou ética, ou seja, relacionadas aos seus sentimentos,
relacionamentos, necessidades, subjetividade como injustiça, violência, precon-
ceitos relacionados a grupos de etnia, religião, opção sexual, econômica e social.
O que pode conduzir os indivíduos no seu relacionamento em sociedade com
concepção de alternativas individuais, isoladas ou de interesses pessoais.
Segundo Cortella (2005, p. 7, grifo do autor).
Quando se pensa na manutenção da integridade, do devo,
posso e quero, a grande questão, junto com essa tríade, é
se nós estamos dirigindo, como critério último, a proteção
da morada do humano, da morada coletiva do humano,
afinal de contas, não somos humanos e humanas indivi-
dualmente, nós só o somos coletivamente. Fala-se muito
em vivência, ao nos referirmos à vida humana; no entanto,
o mais correto seria sempre dizer convivência, pois, ser
humano é ser junto.

4.5 Como falar de ética na atualidade e relacioná-la à


concepção do ser social?
Proporciona-nos uma reflexão...
Enquanto cidadãos e profissionais mantemos dignidade e integridade, os
valores que norteia consideram a nossa concepção histórica, ética, filosófica.
“Os valores e princípios universais expressam valores objetivos que se de-
senvolvem de modo desigual, no interior de dada sociedade e em relação ao
desenvolvimento histórico do ser social” (BARROCO, 2010b, p. 70).
24

Diz Barroco (2010b, p. 63), que nenhuma sociedade vive sem normas de
convivências:
[...] nenhum grupo ou coletivo trabalha ou executa de-
terminadas tarefas compartilhadas sem definir algumas
regras básicas para a divisão de responsabilidades, se
estabelecer critérios de valor e princípios para avaliar
seus compromissos.

Em relação à liberdade está na relação do ser social em fazer escolhas, defi-


nimos o comportamento humanos pelas escolhas que fazem, pois as condições
de livre-arbítrio, estão em escolher, independente de valor, pelo certo ou errado,
bom ou ruim, justo ou injusto. Porém, quais são os princípios que determinam
valores; são os que o homem escolhe enquanto convivência em sociedade.
Barroco (2010b, p. 68) refere à liberdade como uma categoria ontológica fun-
damental, “[...] tornou-se um valor ético e político desde a sociedade antiga, mas
sua trajetória é constituída por um longo processo de perdas e ganhos relativos”.
Conforme o exemplo apresentado pelo professor Cortella (2010, p. 51):
A sociedade até admite que se mate alguém; o infrator,
evidentemente, será julgado e punido. O que não aceita
é o regime de crueldade: o esquartejamento, por exem-
plo. Está em moda, agora, no cinema, na TV, nos jornais,
o serial killer. Apareceu um nos Estados Unidos, outro
na União Soviética. O que é ofensivo na ética? Não o
assassinato, é o esquartejamento. Talvez não seja nem
o esquartejamento, que deve ter seus motivos, mas é o
fato de comer as pessoas mortas. Canibal, não, isso é
muito! Há uma ironia que perpassa essa reação: matar,
esquartejar, serrar, é aceitável, mas comer já é demais.

O professor Sérgio Cortella, com o seu exemplo, contribui para a nossa reflexão.
Podemos considerar como definição de ética, tudo aquilo que nos desafia
a sair de nossa zona de conforto, nos proporcionando certa inquietação.
Um exemplo, quando ministrava uma aula da disciplina de Ética e Legislação
Social, um funcionário que nos assessorava me perguntou:

Questões para reflexão


Um pai que faz justiça, pelas próprias mãos, da morte do seu filho é
ético ou é moral?
Histórico e a construção da ética 25

Como responder... As nossas legislações não permitem fazer justiça própria,


assim está quebrando um princípio estabelecido pela sociedade, ou seja, uma
regra estabelecida legalmente a “Lei que não nos permite tirar a vida de outro
ser humano”, não é uma atitude ética.
Porém diante de situações de violência que cotidianamente têm nos atingido
atualmente, até nos permitimos pensar: Será que podemos conceber como um
valor moral a esse pai de fazer justiça?
O que queremos acreditar como concepção ética, o que menos nos agride
moralmente. Se vivêssemos em outros tempos, até seria justificado o ato de o
pai fazer justiça.
A concepção histórica da ética não nos permite tal ato, a nossa Lei Maior —
A Constituição Federal da República de 1988, levaria esse pai a um tribunal
e seria julgado como um assassino, assim, igual o assassino que matou o seu
filho. Porém no julgamento poderia ser considerado o regime de crueldade,
como o exemplo do professor Sérgio Cortella.
Atualmente convivemos com questões sérias de violência e crueldade,
corrupções, fraudes; e nos inquieta a falta de punição, mesmo com os conflitos
que tais situações podem nos proporcionar.
Resgatando o princípio da ética de transformar a morada humana habitável
de forma confortável, compreende-se que necessitamos de regras, legislações,
distribuições de cargos com responsabilidades legalmente determinados, com
papéis definidos para julgar e condenar ou mesmo absorver o indivíduo que
comete qualquer infração que prejudique a ordem social “[...] a ética nasce
muito do costume, vem do hábito, e aí, os riscos” (CORTELLA, 2010, p. 59).
Outro exemplo que podemos refletir são os escândalos que envolvem
muitos de nossos políticos, ao referir a ética na contemporaneidade, torna-se
difícil, desvincular dos problemas que são destaques diariamente nos meios
de comunicações (TV, rádios, jornais, redes sociais, outras).
Nas últimas eleições a cargos públicos, como prefeitos, governadores,
senadores, deputados estaduais e federais tivemos um número significativo
de candidatos, a maioria concorrendo às reeleições respondendo ou mesmo
condenados a crimes eleitorais; alguns políticos envolvendo em desvios de
verbas públicas e grandes fraudes, e nos choca conviver com a “alienação”,
talvez nesse momento não encontre outra palavra, para a definição dos eleitores
que mantêm seus votos cativos a candidatos com a justificativa da frase que
originou com o candidato a cargo público Ademar de Barros “rouba, mas faz”.
26

Como passar valores que justificam o roubou, seria os nossos Robin Hood
brasileiros, cabe ressaltar que eles não roubam dos ricos e sim dos cofres pú-
blicos, e os dados do IBGE nos mostram que a cada década mantém e aumenta
a desigualdade social reflexo da má distribuição de renda.
Por décadas esse chavão predominou na sociedade brasileira, o qual sempre
nos causou incomodo; a referência de sempre dar um jeitinho brasileiro, esses
conceitos são inaceitáveis nas sociedades, pensar o Brasil com uma sociedade
capitalista, sim, com graves desigualdades, reflexo da má distribuição de renda,
falta de comprometimento dos administradores públicos com políticas públicas
e sociais; porém ressalto, é uma nação de cidadãos que trabalham, sofrem ao
acordarem nas madrugadas para pegar um metrô ou ônibus, muitas vezes, em
percurso de horas para chegar a seus locais de trabalho, uma nação solidária
quando vivenciamos problemas de calamidades públicas como acometido pelo
estado do Rio de Janeiro e Santa Catarina neste ano, apresentados nos meios
de comunicações.
Não podemos esquecer-nos da dívida social e política que o próprio sistema
capitalista proporcionou ao longo se sua concepção, tornando público da as-
sistência social uma parcela da população que encontram na pobreza vivendo
em graus inaceitáveis de miséria e vulnerabilidade social.
Diz o professor Cortella (2010, p. 59):
[...] o espaço da ética na relação indivíduo/sociedade
deve ser um tema fundamental para nós que atuamos jun-
tos a essas populações, compreendendo que esse espaço
se transforma, se reelabora, se reinventa no dia a dia e
que ele não é idêntico para o conjunto dos componentes
de uma mesma sociedade.

Links
Acesse o link com o vídeo da entrevista no programa do Jô Soares com o Professor Mário Sérgio
Cortella “Filosofia explica a ética”
<http://www.youtube.com/watch?v=vjKaWlEvyvU&hd=1>

Estamos construindo a história, vivemos em uma era em que predominam


aceleradas inovações do desenvolvimento científico e tecnológico, a chamada
era da informação, na qual tudo é possível em fração de segundos, as ciências,
tecnologias, educação, cultura, costumes estão globalização; convivemos com
Histórico e a construção da ética 27

valores, independente do território brasileiro convivemos com o reflexo da


mundialização. Corre-se o risco de comprar produtos em camelódromos ou
feiras livres nos mais diversos cantos de nossas cidades com etiquetas “Made
in China” que podemos encontrar nas lojas das avenidas de Miami — EUA.
[...] não existe uma ética única, universal, absoluta e va-
lida para todos. Isto é, a ética esbarra necessariamente na
tensão dever-liberdade. A opção que deve marcar o ato
ético de um indivíduo, entretanto, tem como elementos
fundamentais os valores que nos inspiram a sua concep-
ção de mundo, a sua visão de homem, tomando como
pressuposto a construção do ser (SILVA, 2010, p. 138).

O processo de formação acadêmica é um momento importante para a re-


flexão e estabelecer compromisso ético em todos os aspectos.

Questões para reflexão


Qual é o compromisso ético do aluno no processo de formação?
Qual é o compromisso do serviço social enquanto categoria perante
a sociedade atual?

Na próxima unidade estudaremos conceitos e contribuições que subsidiarão


a responder essas reflexões.
28

Para concluir o estudo da unidade


Para o estudo da disciplina Ética e a Legislação Profissional no Serviço
Social, faz-se necessário o estudo do contexto histórico de construção da
ética, seus fundamentos e valores éticos, morais, filosófico no contexto da so-
ciedade, como compreensão da constituição do homem enquanto ser social.
Também destacado o contexto históricos da ética, entende que a ética
está relacionada com a concepção do ser social no contexto histórico, e
o processo relaciona-se com as descobertas das necessidades humanas,
seja de sobrevivência.
Após termos trabalhado os conceitos da ética e da moral, compreen de
a ética como a ética é atenta às mudanças históricas, sociais, às mentali-
dades e às sensibilidades cabíveis aos desafios decorrentes do processo de
transformação da história; e a Moral como se concretiza na vida prática
e no cotidiano do indivíduo, está presente no convívio social desde os
tempos primitivos e tem a necessidade de conviver um sistema de costu-
mes e de exigências.
Quando falamos da importância da Filosofia e na ética tem o propósito
de trazer as contribuições da filosofia para a ética, pois compreende que
tanto a ética como a moral têm suas raízes de concepção na filosofia.
Partindo dessas concepções encerramos a unidade com uma refle-
xão que pode enriquecer nosso estudo em retornar uma série de valores
fundamentais no contexto da compreensão da ética na sociedade atual,
proporcionando uma reflexão de como relacionar os conceitos estudados
com a Ética na sociedade atual.
Quando iniciamos esta unidade com o proposto de estudar o histórico
e a construção da ética, como o propósito de compreensão dos funda-
mentos éticos, suas definições, princípios e valores na sociedade contem-
porânea e o compromisso e construção histórica do ser social, para tal
trabalhamos com quatro seções, as quais com a definição da concepção
histórica da Ética; e a definições, valores e diferenças e contribuições da
ética e da moral.
Acredita-se que neste momento o aluno não esteja ainda, como a
concepção que geralmente iniciam, confundir ética com a moral; assim
considera-se de extrema importância a contribuição da filosofia na con-
Histórico e a construção da ética 29

cepção da ética; e encerramos a unidade trazendo a reflexão dos valores


que norteiam a conduta do homem na atual sociedade, com a reflexão:
Qual a ética que impera? São os valores com o compromisso com prin-
cípios humanos, ou os princípios da ética do capital?
A seguir estudaremos o fundamento ético do serviço social, processo
de construção da ética nas profissões, a ética e o serviço social; ética na
pesquisa.

Resumo
Esta unidade abordou um estudo acerca do contexto histórico de for-
mação da ética, a concepção do homem enquanto ser social, sua relação
com a natureza e a transformação desta como meio de suprir suas neces-
sidades imediatas, assim iniciamos o estudo do homem em relação como
trabalho, contexto histórico, social e econômica que se da as relações de
produção e natureza humana.
Assim como, a unidade tem o propósito de proporcionar o conheci-
mento do homem enquanto constituição da sociedade e as relações que
estabelecem na evolução da humanidade.
A ética como um caráter móvel e dinâmico, e, assim, compreendê-la
como contexto da sociedade contemporânea.

Atividades de aprendizagem
1. O que é moral?
2. Como diferenciar a moral da ética para que não continuemos a
confundi-las?
3. O que é ser ético?
4. Quais os valores ético da sociedade contemporânea?
5. Como falar de ética na atualidade e relacioná-la à concepção do ser
social?
30

6. Qual é o compromisso ético do aluno no processo de formação?


7. Qual é o compromisso do serviço social enquanto categoria perante
a sociedade atual?
Unidade 2
Fundamentos éticos
no serviço social
Objetivos de aprendizagem: Possibilitar conhecimento do compro-
misso ético nas profissões, o contexto histórico da regulamentação dos
fundamentos éticos nas profissões, ética e o serviço social; e a questão
da ética na pesquisa, assim, possibilitar aos alunos de serviço social a
reflexão do compromisso ético na formação e construção do saber.

Seção 1: Ética e as profissões


Nesta seção serão trabalhados a concepção da ética
nas profissões, o contexto histórico da relação do
homem com o trabalho e os princípios que norteiam
a ética no processo de produção. Neste contexto são
definidas as profissões, as quais trabalham com o ser
social, como matéria-prima de seu produto de tra-
balho a “Vida”, e a necessidade do sistema vigente,
como a sociedade e os próprios trabalhadores de
definições de parâmetros e controle da qualidade dos
serviços prestados por esses profissionais liberais, a
constituição do Código de Ética Profissional.

Seção 2: Ética e o serviço social


Nesta segunda seção será desenvolvida diante do
compromisso ético do profissional de serviço social,
o qual é definido como profissional liberal, e o com-
promisso com os usuários, as classes de trabalhados
e os princípios que norteiem a atuação profissional
do serviço social.
Seção 3: Ética na pesquisa
Nesta última seção da unidade trabalharemos com
os compromissos da ética no desenvolvimento da
pesquisa, com definições de conceitos e legislação
vigente que determina parâmetros com o Comitê de
Ética na pesquisa, bem como ressaltar o compromisso
da ética no processo de formação acadêmica de
nossos alunos do curso de serviço social.
Fundamentos éticos no serviço social 33

Introdução ao estudo

Para dar continuidade aos fundamentos éticos do serviço social, como de-
finido na unidade anterior, partindo da referência do homem como um ser social e
com valores estabelecidos historicamente. Compreende-se que a ética social
deva permear a ética profissional e estar vinculada a uma trajetória histórica.
Nesta unidade estudaremos os Fundamentos Éticos no Serviço Social.
Iniciaremos com ética e as profissões; e após contextualizar a importância da
ética para o serviço social — ética e serviço social, e encerrando a unidade
abordaremos a importância da ética na pesquisa, principalmente nesse período
de formação, pois esse processo proporcionará ao aluno o embasamento teó-
rico da práxis profissional com compromisso e responsabilidade com a ética.

Seção 1 Ética e as profissões


A atuação profissional do assistente social está regida por duas normas, o
código de ética profissional de 1993 e a Lei de regulamentação profissional;
no decorrer dos nossos estudos teremos a oportunidade de estudá-los de forma
aprofundada.
A necessidade da ética profissional no âmbito das profissões, de acordo
com Forti (2006, p. 49):
[...] podemos afirmar a inexistência de diferença essencial
em sua configuração, por outro, temos que considerar as
particularidades engendradas no seu próprio processo de
existência. Melhor dizendo, a ética profissional é uma
forma particular de materialização, ou seja, de expressão
da vida moral em sociedade. Entendemos que os estudos
nesse campo devem voltar-se para a reflexão/investigação
acerca dos nexos entre as profissões e as diferentes esferas
da vida em sociedade.

Estudar a ética profissional requer a busca do conhecimento de suas raízes


e compreender o seu envolvimento com os compromissos sociais, políticos no
contexto histórico. Faz-se necessária a análise da maneira de pensar e interpretar
a vida social à concepção de classes no processo do trabalho. A transformação
social se deu dentre da relação homem-natureza, o ser humano tem necessi-
dades e desenvolvem alternativas de satisfazer suas necessidades elementares
para a sobrevivência. “O estudo das necessidades revela um entrelaçamento de
34

processos dialéticos. O homem difere do animal na medida em que, para con-


seguir o objeto de suas necessidades, criou e inventou o trabalho” (FORACCHI;
MARTINS, 1985, p. 182).
O sistema econômico inicia com a produção artesanal e suas relações de
produção familiar, com o compromisso que todos estão vinculados aos valores
coletivos, ou seja, as necessidades da produção com o propósito de defesa da co-
munidade, “[...] comunidade e sociedade são, pois perspectivas e visões de mundo
em conflito, expressões de processos contraditórios de constituição da formação
capitalista” (FORACCHI; MARTINS, 1985, p. 182).
A necessidade de os homens se agruparem em sociedades, segundo a
sociologia, é um requisito essencial; tem que estar submetida em um ordem,
fatores predeterminados pelo próprio curso das condições e que reproduzem
nas relações sociais.
A construção da moral coletiva, conforme Forti (2006, p. 47):
[...] emergem a consciência e o conhecimento, pois é no
desenvolvimento de processo laborativo que são gestados
as necessidades espirituais do homem; é nesse percurso
que a realidade vai sendo por ele desvendada, tocando a
sua dimensão subjetiva. Daí, inferimos que, na atividade
laborativa, o ser humano ultrapassa-se como se puramente
natural, adquire consciência, produz conhecimento,
constrói-se socialmente e, tornando-se membro de uma
coletividade, dá origem à regulamentação da sua convi-
vência social, ou seja, cria a moral.

No período do pré-capitalismo os homens viviam em comunidades e o tra-


balho dos camponeses era artesanal, como meio de produção focado na família,
o trabalho tinha como propósito satisfazer as necessidade de um determinado
grupo , ou seja, a moral do trabalho era coletiva, e quando havia alguma falha
no processo de trabalho, o homem era tido como imoral, pecador, “[...] havia
uma moral do trabalho que era completamente diluída no trabalho em geral,
coletivo” (SIMÕES, 2010, p. 61).
No sistema capitalista, o homem se vê inserido no processo de trabalho
e passa a vender sua força de trabalho como produção, inserido na divisão
sociotécnica do trabalho, a qual representa a separação da sociedade civil e
o Estado; entende as relações de trabalho focada na divisão do público e o
privado.
Fundamentos éticos no serviço social 35

O indivíduo está subordinado ao sistema de produção em massa, e a ri-


queza produzida configura-se em mercadoria, “[...] antes de tudo, um objeto
externo, uma coisa que, por sua propriedade, satisfaz necessidades humanas,
seja qual for a natureza, a origem delas, provenham do estômago ou da fanta-
sia” (FORACCH; MARTINS, 1985, p. 53).
Entende a moral do trabalho relacionado com a produção, ou seja, a lógica
é: faça que lhe pago. A moral da produção industrial é a ordem, e assim, o
trabalhador mantém em um regime de fiscalização uns pelos outros, encontra-
-se neste momento o processo de produção massificado, chamado por alguns
estudiosos de robotizado.
Na sociedade capitalista a ética do homem como ser social é focada na relação do
homem com o trabalho, todos os trabalhos são expressos, nama fordos valores
das mercadorias; o conjuntos desses trabalhos particulares forma a totalidade do
trabalho social.
O modo mais elementar de objetivação da vida cotidiana
é o da autoconservação, o que se realiza fundamental-
mente pelo trabalho: é através dessa dimensão da vida
que ocorre o processo de socialização, pois, adquirir
determinados hábitos e costumes, o indivíduo torna-se so-
cialmente capaz de responder por seus atos (BARROCO,
2010b, p. 66).

A produção em série determina valores morais aos funcionários; dentro do


sistema capitalismo e na reprodução do trabalho encontra-se o processo de
industrialização, em que o trabalho humano nas indústrias está determinado
por um valor, já definido na unidade anterior, “[...] a ética profissional é uma
forma particular de materializar, ou seja, da expressão da vida moral em so-
ciedade” (FORTI, 2006, p. 49).
Nesse momento, os trabalhadores na sociedade capitalista desenvolvem seus
trabalhos nas indústrias e/ou comércios e têm embutida sua mais-valia, sendo a
matéria-prima de trabalho fornecida pelos empregadores; como exemplo vamos
utilizar uma metalúrgica, em que o trabalhador desenvolve uma determinada
função no processo de produção da mercadoria — “Carro”, este processo como
parte da divisão sócio técnica do trabalho.

1.1 Qual é a matéria-prima de um operário,


trabalhador de uma fábrica de carros?
“O ferro, o alumínio, plásticos, vidros, entre outros”.
36

Na evolução do sistema de produção capitalista vigente, quando trazemos


para nosso estudo os operários de uma fábrica, indústria ou comércio têm fa-
cilidades de visualizar a referência da matéria bruta, o que chamamos aqui de
matéria-prima de produção, assim como visualizar a mais-valia desses trabalha-
dores. “[...] o trabalho é parte significativa da vida cotidiana, expressando em
termos do desenvolvimento humano-genérico, a universalidade do ser social”
(BARROCO, 2010b, p. 67).
[...] no mundo do trabalho, as pessoas desenvolvem sis-
temas de valores, de escolhas cotidianas e de opções. No
mundo antigo, por exemplo, valores como a valentia, a
lealdade, eram prioritários. O egoísmo era um valor co-
locado até como pecaminoso. No mundo do capitalismo,
ao contrário. A lealdade não é decisiva e tão importante
em afirmação pessoal, o da individualidade se transfor-
mando em individualismo é que passa a ser prioritário
(SIMÕES, 2010, p. 66).

No sistema econômico determinado capitalismo, encontramos uma outra


categoria de profissionais, a qual podem ser chamados de os profissionais que
mantêm a força produtiva “em pé”, ou mesmo, “funcionando”, seja, que não
tem uma referencia da matéria-prima de sua produção, ou mesmo como definir
sua produção, “não produzir necessariamente um mercadoria”, estes são os
profissionais liberais, tais como médicos, enfermeiros, psicólogos, advogados e
assistentes sociais, entre outras categoria de profissionais, “[...] a ética profissio-
nal é especifica de certas profissões modernas, cuja natureza social determina
a exigência de uma codificação formal de conduta” (SIMÕES, 2009, p. 512).
[...] o trabalho liberal, em qualquer regime de trabalho,
somente em algumas rotinas pode ser parcializado, porque
sua eficácia, no essencial, depende de decisões pessoais,
que exigem sua autonomia profissional e, por isso mesmo,
um elevado grau de responsabilidade social (SIMÕES,
2009, p. 515).

1.2 É possível mensurar a mais-valia desses


profissionais liberais?
De forma concreta não é possível mensurar a mais-valia absoluta, e sim a
relativa, pois não temos um produto final para ser vendido como mercadoria
e obter lucro, e sim, o resultado do trabalho está na manutenção da força de
trabalho.
Fundamentos éticos no serviço social 37

Para saber mais


Como explicar que, mesmo sendo vendidas por seu valor, as mercadorias contém uma fatia de
mais-valia, fonte que torna possível a existência de lucros?
O raciocínio é o seguinte: um capitalista (exceto se for banqueiro ou um agiota) sempre pisa o
cenário do mundo dos negócios como comprador. Trata-se de alguém que dispõe de certa
quantidade de dinheiro D e cujo objeto e sair cena com uma quantidade D’ maior do que a
originalmente utilizada. A diferença é o lucro, ou uma das formas em que a mais-valia mostra
sua face para ser admirada e disputada.
Leia: SANDRONI, Paulo. O que é mais-valia? São Paulo: Brasiliense, 1982.

É difícil mensurar um produto final específico, ou seja, o que contribui para


atuação de um médico, mesmo sendo funcionário da medicina ocupacional de
uma empresa, no valor excedente do produto; porém esse profissional trabalhou
para manter “vivo” e em “boas condições de saúde” o operário.
Os profissionais liberais estão inseridos na divisão social e técnica do tra-
balho com diferentes níveis de funções.

1.3 O que difere o trabalho de um profissional liberal


com um operário de uma indústria?
O operário, o seu meio de produção está diretamente nas mãos do empre-
sário, o qual apresentam mecanismo de controle de produção, e sua tarefa está
predeterminada dentro do processo de produção em massa. E o profissional
liberal tem uma certa autonomia de trabalho, seu compromisso profissional está
com as determinações de sua lei profissional e o código de ética profissional,
“[...] forma legal é o Código de Ética, que busca ou deve buscar, a unificação
nacional da conduta dos profissionais, segundo interesse público ou coletivo”
(SIMÕES, 2009, p. 513).
Como especialização do trabalho coletivo;
Inscrito na divisão técnica do trabalho;
Interesses e necessidades de classes distintas e antagônica;
O trabalho do assistente social está associado à prestação de serviços de
assistência;
Formação generalista.
38

Para saber mais


O Serviço Social é uma profissão com especialização no trabalho coletivo e está inscrito na divisão
social e técnica do trabalho; tem sua base de formação diante das diretrizes curriculares gene-
ralistas; classifica-se como um profissional liberal. Para compreender os desafios da profissão
ante a precarização do trabalho do assistente social no contexto das reformações e desafios da
contemporaneidade
Recomendo a leitura do artigo de Raquel Raichelis: O assistente social como trabalhador
assalariado: desafios diante das violações de seus direitos.
Acesse o link:
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-66282011000300003&script=sci_arttext>.

1.4 Qual é a matéria-prima do profissional liberal?


A matéria-prima é a “vida humana”; faz-se necessária esta clareza a todos
os profissionais liberais o “trabalhar com as vidas”, e a responsabilidade e o
compromisso ético são fundamentais.
Quando um operário erra no seu processo de trabalho, corre o risco de ter
uma peça danifica um produto final com defeito ou fora do controle de quali-
dade estipulado pela indústria. E se um profissional liberal errar, a consequência
é o comprometimento de ter danificado o ser social que determina como objeto
de trabalho, ou mesmo, “perder uma vida”.
O que acontece se um médico errar um diagnóstico? E a falta de compro-
misso com o atendimento aos seus usuários?
Quando pensamos na profissão médica parece não ser difícil de compreen-
der que causa um erro médico; com um procedimento cirúrgico trocado, uma
receita médica não adequada ao diagnóstico prévio, entre inúmeros exemplos
que podemos descrever, independente do erro, leve ou grave temos claro que
terá uma consequência. E as denúncias podem ocorrer em diferentes instâncias,
como o Conselho Federal de Medicina, os Conselhos Regionais de Medicina,
as instituições vinculadas o profissional, as auditorias e ouvidorias do Sistema
Único de Saúde (SUS).
O que nem sempre temos claro é o erro do profissional de serviço social.
Como mensurá-lo ou quais as consequências?
Somente para iniciar a reflexão, responderemos no decorrer da unidade.
Fundamentos éticos no serviço social 39

Com o desenvolvimento das profissões, surge a necessidade de um processo


de controle da qualidade do trabalho dos profissional liberais, uma normati-
zação, regulamentação das profissões, ou mesmo uma forma de controle e
fiscalização das condutas profissionais.
[...] o trabalho dos profissionais liberais não se encaixa
num sistema tecnologicamente ordenado, diretamente
inserido na linha de produção, fixado com rigor pelo seu
aspecto operacional. Não tem como própria e imanente
a sua execução, uma planificação escrita. Dinâmico e
individualizado, depende muito da iniciativa e do dis-
cernimento pessoal (SIMÕES, 2009, p. 515).

De acordo com as necessidades define-se como uma receita de controle de


procedimento, normas e condutas temos os códigos de ética das profissões, os
quais estão definidos os direitos, proibições, honorários, as sanções disciplina-
res, deveres profissionais, conforme Barroco (2010a, p. 81):
Um código de ética representa uma experiência legal de
regulamentação formal da profissão e, como tal, é um
instrumento especifico de explicação de deveres e direitos
profissionais, ou seja, refere-se a uma necessidade formal
de legislar sobre o comportamento dos profissionais.

A ética é um eixo central das condições de sobrevivência atual Regulamen-


tação da profissão; a ética profissional é a ação “reguladora” da ética agindo no
desempenho das profissões; a ética profissional tem como finalidade estudar
e regular o relacionamento do profissional com sua clientela, refere ao caráter
normativo e até jurídico que regulamenta determinada profissão a partir de esta-
tutos e códigos específicos; o agir refere à conduta do profissional, ao conjunto
de atitudes que deve assumir no desempenho de sua profissão.
[...] as profissões liberais caracterizam-se pela formula-
ção escrita de regras de ética profissional. O estado, em
nome da sociedade, de forma democrática ou não, emite
uma lei intervindo numa determinada atividade, regula-
mentando-a e instituindo um conselho ou órgão similar,
para, de um lado, fiscalizar os respectivos profissionais
e, defender-lhes a autonomia profissional (competências
e atribuições privativas) (SIMÕES, 2009, p. 513).

A ética profissional não está relacionada ao que se define e, sim, ao que se


transforma no contexto histórico; a ética permeia as relações sociais, determina
40

padrões de comportamento, e o código de ética é uma resposta consciente de


grupos de profissionais.
Os códigos de ética profissional foram sendo instituídos,
historicamente, à medida que certas profissões, até então
exercidas por iniciativa individual e privadamente (de que
são os médicos e os advogados, daí o conceito de Libe-
rais como sinônimo de autonomia), foram se tornando
categorias operárias se organizavam por ramo industrial
(pelo critério da similaridade, como os metalúrgicos,
por exemplo) ou por conexão (como os trabalhadores na
construção civil), os liberais organizavam-se por identi-
dade profissional (SIMÕES, 2009, p. 514, grifo do autor).

O código de ética é uma exigência legal de regulamentação formal da pro-


fissão; é instrumento explicitação de deveres e direitos profissionais diante de
necessidades formais de legislar sobre o comportamento profissional. A ética
se construiu historicamente nas camadas sociais e nas diferentes profissões.
A ética profissional deve ser estudada, portanto, em dois
aspectos: como ciência da moral, no âmbito acadêmico,
em que é objeto de estudo; e como código de conduta ou
disciplina normativa, no exercício profissional (SIMÕES,
2009, p. 517).

Entende-se que a ética determina as relações dos profissionais e clientes/


usuários, sendo a qual permeia a estrutura social, segundo Simões (2009, p. 60)
“[...] a ética já é uma resposta consciente do grupo profissional, relativamente
à moral profissional, a moral do trabalho”.
Podemos compreender a atuação do serviço social, como uma profissão
liberal e sua relação direta com o ser social.
Por meio da ética, os assistentes sociais têm a oportuni-
dade de adquirir sua identidade espiritual-profissional e
de apreender o que é sua unidade enquanto grupo parti-
cular, relativamente à sociedade (SIMÕES, 2009, p. 69).

Assim de acordo com Simões (2009, p. 70), “[...] a ética serve também como
um método de direcionamento em relação à vida e aos interesses da população”.
Para compreender o conceito da concepção das profissões na sociedade
capitalista é fundamental compreender as definições das relações sociais prees-
tabelecida, “[...] numa sociedade em que interesses particulares entram em
contradição com os gerais, passa a haver, evidentemente, uma moral particular
em conflito com os padrões ou eixos coletivos” (SIMÕES, 2009, p. 63).
Fundamentos éticos no serviço social 41

A ética profissional tem a reflexão de um determinado grupo sobre si


mesmo e seu compromisso de trabalho diante da sociedade, e por outra lado
a posição da sociedade enquanto padrões de conduta e controle, a ética serve
também como um método de direcionamento em relação à vida e os interesses
da população.
De acordo com Forti (2006, p. 49, grifo do autor), a formulação de códigos
que regulamentam o exercício profissional, está implicada no processo pro-
pulsor da história profissional, “[...] levando em conta a relação da profissão
(elementos teórico-práticos e ideológicos) com os projetos societários que
correspondem a diferentes concepções de mundo, de homem, de sociedade,
de estado e de interesses de classe”.
Continuando o nosso estudo, traremos para o contexto a ética e o serviço
social, o que acredita ser de extrema importância para o processo de formação
acadêmica, pois subsidiará a postura ética nos campos de estágios e, conse-
quentemente, o envolvimento na formação profissional reflete o compromisso
ético com a formação de excelentes profissionais.
42

Seção 2 Ética e o serviço social


Estudar a ética na profissão de serviço social é compreender o assistente
social como um profissional liberal, o qual compete atuar por meio de polí-
ticas públicas, empresariais de organização da sociedade civil e movimentos
sociais, apresentadas em sua formação intelectual e cultural generalista crítico
das relações sociais e no mercado de trabalho.
Definida como uma profissão liberal, diz Iamamoto (2009, p. 38, grifo do autor):
O Serviço Social foi regulamentado como uma “profis-
são liberal” dela decorrentes os estatutos legais e éticos
que prescrevem uma autonomia teórico-metodológica,
técnica e ético-político à condução do exercício profis-
sional. Entretanto o exercício da profissão é tensionado
pela compra e venda da força de trabalho especializada
do assistente social, enquanto trabalhador assalariado,
determinante fundamental na autonomia do profissional.

Ao assistente social, mesmo mantendo vínculos institucionais, a profissão


garante uma relativa autonomia nas relações com seus usuários, estabelecidas
no código de ética da profissão.
A profissão do serviço social é regida por duas normas, a Lei de Regula-
mentação Profissional — Lei 8.662/93 (BRASIL, 1993) e os princípios estão
norteados pelo atual Código de Ética do Assistente Social; fundamenta-se nos
valores humanistas, tem como propósito mediar às relações sociais diante das
políticas de direitos sociais, as quais integram as legislações social vigente,
tendo sua conduta direcionada em parâmetros a legislação do país, como a
Constituição da República Federal de 1988, considerada uma carta cidadã,
a qual inclui a assistência social no tripé da Seguridade Social junto com a saúde
e a previdência social.
De acordo com a Constituição da República Federal, de 1988, no Art. 6:
São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o
lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados,
na forma desta Constituição (BRASIL, 1988, p. 1).

2.1 O que acontece se um assistente social errar um


parecer social?
O profissional tem o compromisso ético com usuários, instituições e com a
categoria profissional; sua conduta profissional está elencada no atual código
de ética e na lei de regulamentação profissional.
Fundamentos éticos no serviço social 43

O assistente social constantemente elabora parecer social, em atendimento


social individual, em grupo, em visita domiciliar ou mesmo em visita em insti-
tuições vinculadas à rede de proteção social, o que, muitas vezes, determina se
o usuário será beneficiado com um programa social ou não, se uma criança vai
para uma instituição ou uma família substituta, ou se uma família perderá o
pátrio poder de seu filho, se um usuário — “paciente” receberá a medicação
necessária ao tratamento ou não. Percebe-se que trabalhamos com questões
extremamente frágeis e com um público, na maioria das vezes, de alta vulne-
rabilidade social.
A autonomia do exercício profissional (isto é, de suas
competências e atribuições privativas) configura-se, então,
como condição de sua eficácia; mas, simultaneamente,
para que seja exercida, segundo o interesse público, tem
sua conduta submetida ao controle ético-institucional
(SIMÕES, 2009, p. 515, grifo do autor).

Podemos estar favorecendo um usuário e comprometendo outro, ou mesmo,


a imparcialidade pode ter consequências.
Vamos descrever um exemplo:
Uma criança foi abandonada pela mãe em um hospital de alta complexi-
dade, após ser avaliada pela equipe médica com o diagnóstico de Leucemia
Linfoide Aguda (LLA). A equipe de atendimento faz a solicitação do acompa-
nhamento do assistente social; cabe ressaltar, que os profissionais envolvidos
(médicos e enfermeiros) “já” se apresentavam indignados com o posicionamento
da mãe.
Em acompanhamento social, constata que a mãe residiu até dezoito anos
em uma instituição de acolhimento para crianças e adolescentes, não tendo
referências de familiares, e após os dezoito anos teve alguns relacionamentos,
dos quais concebeu o primeiro filho, no momento com idade de nove anos,
o qual deixou com os avós paternos, e um filho de outro relacionamento com
seis anos, o qual deixou no hospital para adoção, sendo o atual filho de um
relacionamento instável com outro parceiro, o qual é casado com outra mulher.
A mãe relata:
Que com este filho, tinha esperança de ficar, porém como estava constante-
mente doente e uma vizinha sempre estava por perto e a ajudava nos cuidados.
Sua residência, um cômodo (barraco) nos fundos de um “cortiço”, sem acesso
a água, energia elétrica e redes esgoto. Acompanhada pelo serviço do Centro
Atenção Psicossocial do município.
44

Em nenhum momento a mãe relata não querer ficar com a criança; pede que
a vizinha cuide, pois não se vê capaz de comprometer-se aos cuidados neces-
sários, e assim que a criança termine o tratamento devolva aos seus cuidados.
No parecer social é relatada a situação apresentada, porém observa-se que
a mãe não tem estrutura econômica, física, psicológica para os cuidados com
a criança; também, tem-se a informação que esta mãe é acompanhada por
outras instituições da rede de proteção social.
Ciente de que os cuidados de uma criança em tratamento quimioterápico
(QT) requer cuidados especiais, tais como consultas periódicas, coletas de
exames, a administração de medicamentos em horário correto. Quando inicia
a administração da QT geralmente causa ao paciente um desconforto físico,
psicológico, imunológico, com períodos com falta de apetite, outros apetites
descontrolados, irritabilidade, ansiedade, indisposição, queda da imunidade,
o que requer do “cuidador”, um cuidado especial constante, com atenção,
carinho, disponibilidade de tempos para acompanhar o tratamento, pois os
pacientes mantêm períodos longos de internações. Também requer dos fa-
miliares uma redistribuição de funções, desprende de recursos financeiros
com transportes, alimentação, medicações, os quais, algumas vezes, não são
fornecidos pelo SUS.
Entende-se que o compromisso com o parecer social está relacionado ao
agir eticamente para “não errar” em um parecer, “[...] a forma de seu controle
assenta num complexo de motivos humanistas, uma medida de elevada res-
ponsabilidade moral. Daí que suas qualidades morais se tornam requisito de
sua própria aptidão profissional” (SIMÕES, 2009, p. 516).
No exemplo, procura-se a atuação interdisciplinar e anexar ao processo
relatórios que venha complementar o parecer social, tais como: do médico,
da enfermagem, da psicologia, das instituições que acompanhavam esta mãe,
como Centro de Referência de Assistência Social (CRASS), Centro de Atenção
Psicossocial (CAPS), Casa abrigo, entre outros. Assim elabora-se um processo
com o parecer social e anexo de todos os relatórios complementares, enca-
minhado ao Juiz da Vara da Infância e Juventude da comarca, para parecer de
definição de conduta.
Para finalizar o exemplo apresentado, esta criança ficou com a vizinha como
família substituída no processo de tratamento, com o documento da guarda
provisória, a qual verbalizava constantemente que assim que terminasse o
tratamento devolveria para a mãe; a mãe não manteve contato com a criança
por decisão própria.
Fundamentos éticos no serviço social 45

Em um segundo momento, um novo parecer social, solicitado pelo juiz


para definição da guarda definitiva. O profissional de serviço social relata o
acompanhamento do processo e os cuidados oferecidos pela responsável com
a guarda provisória, e a ausência da mãe no processo.
Para não ficarem na expectativa do final do processo, o “Juiz” após ouvir a
mãe substituta, determina a guarda definitiva para a “vizinha”, a qual manteve
presente em todo o tratamento da criança e estabeleceu uma relação de afeto
e convívio familiar; para a criança a referência de família foi estabelecida com
os laços afetivos com a família substituta e, assim, a mãe biológica tem a perda
do pátrio poder.

2.2 É competência do assistente social definir a


guarda ou adoção de uma criança ou adolescente?
Ressaltamos que o assistente social não tem o “poder” ou “competência”
de determinar a definição da guarda de uma criança, ou a perda do pátrio
poder dos país, porém o parecer social pode e deve contribuir para o parecer
final de um juiz.
Como referido anteriormente, o assistente social trabalha com vidas e o
parecer do profissional é de extrema responsabilidade; um parecer errado tem
consequências sérias para usuários, instituições, poder público e sociedade
cível.
As denúncias de infrações éticas podem ser feitas por qualquer cidadão, usuá-
rios, colegas de profissão, instituições, que esteja devidamente documentado.
O Conselho Regional de Serviço Social (CRESS-PR), em seu jornal Fortale-
cer, pública o perfil das infrações ético-profissional do serviço social no estado
do Paraná desde 1999.
[...] as infrações mais comuns são as relacionadas aos
direitos e às responsabilidades gerais do (a) assistente
social e as suas relações com os usuários. Os artigos do
Código de Éticos mais violados nas denúncias analisados
pela CPE são: Artigo 3º, sobre os deveres do assistente
social e o Artigo 4º, itens “a” e “b”, que vedam determi-
nadas condutas (O PERFIL..., 2010, p. 6, grifo do autor).

No artigo ressalta a importância dos profissionais estar em contínuo aperfei-


çoamento para garantia a qualidade dos serviços ofertados aos usuários, “[...]
outra situação comum inclui as denúncias contra profissionais que cometeram
46

infrações por não possuírem condições éticas e técnicas no seu ambiente de


trabalho” (O PERFIL..., 2010, p. 6).
De acordo com Netto (2008, p. 152, grifo do autor):
O Serviço Social é uma profissão — uma especialização
do trabalho coletivo, no marco da divisão sócio-técnica
do trabalho — com estatuto jurídico reconhecido (Lei
n. 8.669, de 17 de junho de 1993); enquanto profissão,
não é uma ciência nem dispõe de teoria própria; mas o fato
de ser uma profissão não impede que seus agentes reali-
zam estudos, investigações, pesquisas etc. E que produzam
conhecimentos de natureza teórica, incorporáveis pelas
ciências sociais e humanas.

As denúncias contra o profissional de serviço social, por infrações profis-


sionais, têm as seguintes penalidades que podem ser submetidas.
De acordo com o atual Código de Ética do Serviço Social:
Das Penalidades — Art. 24:
a) multa;
b) advertência reservada;
c) advertência pública;
d) suspensão do exercício profissional;
e) cassação do registro profissional.
Segundo Simões (2009, p. 535):
Deve-se observar, em princípio, a graduação de sua hie-
rarquia, segundo a qual não se cassa o registro do profis-
sional sem antes suspender o exercício; não se impõe a
pena de suspensão sem antes, previamente, multar; e não
se multa sem antes advertir. Em regra, a transgressão ao
código é penalizada. Segundo essa ordem de gravidade
crescente. É o que diz o art. 27:
Salvo nos casos de gravidade manifesta, que exigem
aplicação de penalidade mais rigorosa, a imposição das
penas obedecerá à graduação estabelecida pelo artigo 24.

Refletir a ética na atuação do profissional de serviço social expressa com a


compreensão da filosofia, ética e moral contextualizada no processo histórico
do ser social — “homem em sociedade”, assim como ser comprometimento
com o Código de Ética atual e a Lei de Regulamentação profissional.
Fundamentos éticos no serviço social 47

Os assistentes sociais têm na regulamentação profissional, na capacidade


profissional, um conjunto de ações, os quais englobam competências x atribui-
ções, assim desenvolvem ações de cunho socioeducativo na prestação de servi-
ços sociais, possibilitando a viabilização ao acesso de uma política de direitos e
construindo, de forma efetiva, para acesso perante as necessidades e os interesses
dos sujeitos socais.
De acordo com Iamamoto (2009, p. 18):
[...] o serviço social contemporâneo apresenta uma fei-
ção acadêmico-profissional e social voltada à defesa do
trabalho e dos trabalhadores, do amplo acesso à terra
para produção de meios de vida, ao compromisso com a
afirmação da democracia, da liberdade, da igualdade e
da justiça social no terreno da história.

Diz Iamamoto (2009), que o serviço social é uma especialização do trabalho


da sociedade, inscrita na divisão social e técnica do trabalho social; expressa
a dinâmica das relações sociais vigentes na sociedade.
O serviço social é assim reconhecido como uma espe-
cialização do trabalho das relações sociais que fundam
a sociedade do capital. Estas são, também, geradoras da
“questão social” e suas dimensões objetivas e subjetivas,
isto é, em seus determinantes estruturais e no nível da
ação dos sujeitos (IAMAMOTO, 2009, p. 18, grifo do
autor).

O profissional de serviço social está inserido no processo da divisão social


e técnica do trabalho; sua construção se dá no contexto histórico moral, ético
e filosófico na profissão, como descrita por Forti (2006, p. 50, grifo do autor):
[...] profissão vinculada ao trato das múltiplas expressões
da “questão social”, podemos afirmar, conforme explica
Netto (2001), que não cabe considerarmos, como fazem
alguns estudiosos, que a profissionalização nessa área
seja mera consequência da qualificação, pela ampliação
de conhecimentos teóricos, de ações que, mediante a
filantropia e o assistencialismo, dirigiam-se à “questão
social”.

O profissional do assistente social tem o comprometimento com a ética


na atuação, mesmo em alguns momentos e contexto históricos deferentes e
contraditórios, mesmo que, algumas vezes e conjunturas pareçam-nos que rema-
mos contra a maré, constantemente esbarramos em limites como a inoperância dos
48

serviços públicos, a necessidade de passar para iniciativa privada serviços que


o Estado é ineficiente para conduzir, os limites e dificuldades em retomar o
crescimento econômico para alcançar desenvolvimento social, como reflexo no
desemprego, violência, níveis de pobreza e/ou miséria, a falta de infraestrutura
adequada como ausência de políticas sociais públicas.
Segundo Iamamoto (2009, p. 25, grifo do autor):
Este ângulo de análise exige decifrar as multifacetas re-
frações da “questão social” no cotidiano da vida social,
abrangendo suas manifestações universais, particulares e
singulares, a objetividade e a subjetividade, os momentos
econômicos, sociais, éticos, políticos e ideoculturais, que
são a “matéria” do trabalho do assistente social.

2.3 Ética? Em que momento na profissão?


No momento que o aluno pensa em escolher uma profissão, faz-se neces-
sário buscar conhecimento, o mínimo que seja, o que representa a profissão,
qual é o seu objeto de trabalho, quais os principais compromissos e respon-
sabilidades com o desempenho de suas atividades; também, é claro, quais as
possibilidades de inserção ao mercado de trabalho, assim como a importância
do compromisso ético antes da escolha.
No momento da escolha da profissão, assumir a responsabilidade com o
processo de formação, uma das formas de conhecer a proposta pedagógica é
o acesso ao “guia de percurso” do curso de serviço social.
O processo de formação tem o compromisso ético, relacionado ao ensino
de qualidade, portanto, o estudo está vinculado ao embasamento teórico na
busca da fundamentação da gênese profissional. A busca constante pelo saber
requer o envolvimento da ética em todas as fases do processo de formação. O
compromisso ético é exigido do aluno na escolha pelo curso, no processo de
formação, com respeito e responsabilidade no período de estagio, e em todas
as fases da formação profissional. Assim, é inadmissível que o aluno realize a
prática no processo de construção acadêmica utilizando o método do “plagio”.

Questões para reflexão


O que você pensa a respeito do plágio acadêmico?
Fundamentos éticos no serviço social 49

Para saber mais


O plágio acadêmico se configura quando um aluno retira, seja de livros ou da Internet, ideias,
conceitos ou frases de outro autor (que as formulou e as publicou), sem lhe dar o devido crédito,
sem citá-lo como fonte de pesquisa. Trata-se de uma violação dos direitos autorais de outrem.
Isso tem implicações cíveis e penais. E o “desconhecimento da lei” não serve de desculpa, pois
a lei é pública e explícita. É importante o acesso do material na íntegra no site:
<http://www.noticias.uff.br/arquivos/cartilha-sobre-plagio-academico.pdf>.

É fundamental uma postura ética nos primeiros contatos com as institui-


ções para conhecimento da atuação profissional do serviço social, como ao
iniciarem seus campos de estágios, o que comumente ocorrem após o quarto
semestre.
Caro aluno, é de extrema importância a conduta ética; para uma boa forma-
ção acadêmica faz-se necessário o aprofundamento nas leituras de referências
indicadas nas disciplinas, a leitura completa do “livro da disciplina”, as teleau-
las, as Web aulas, participação nos Fóruns das disciplinas, as aulas atividades
e as leituras complementares que todos os professores recomendam.
A profissão requer a busca constante do conhecimento; só é possível
adquirir esse conhecimento com a leitura. É pertinente fazer uma programa-
ção de adquirir alguns livros no decorrer do curso, pelos menos um de cada
disciplina; assim, ao chegar ao final do curso terá uma biblioteca particular,
a qual subsidiará a atuação profissional com qualidade, compromisso e ética.
Na formatura, que conquista! Passados oito semestres, ou seja, quatro anos
de estudo e dedicação, realmente é uma festa; porém, nesse momento, há
um juramento, que significa a adesão e o comprometimento com a categoria
profissional.
Os organismos da categoria profissional do serviço social são representados
por Conselho Federal de Serviço Social (CFESS); Associação Brasileira de Ser-
viço Social (ABESS); Associação Nacional Pró-Federação dos Assistentes Sociais
(ANAS); Subsecretaria de Estudantes de Serviço Social da UNE (SESSUNE); e
Conselho Regional de Serviço Social (CRESS).
Esses organismos são responsáveis por representarem a categoria profissional
do Serviço Social.
2.4 Qual é a função do CFSS?
O CFESS é um conselho profissional que tem como propósito a fiscaliza-
ção do exercício profissional dos assistentes sociais, é regulamentado pela Lei
8.662/1993.
As principais atribuições ao CFESS são a competência
para fiscalizar as ações dos CRESS e das entidades da
área do serviço social; alterar o código, em conjunto
com CRESS e firmar jurisprudência, em última instância,
como tribunal superior de ética profissional; e aos CRESS
funções executivas de fiscalizar e de jurisdição ética de
primeira instancia (SIMÕES, 2009, p. 523).

O Conselho Regional de Serviço Social assumiu a função


institucional e político-estratégica de defender e regular
condições éticas e técnicas de trabalho das/os assistentes
sociais. A organização e o direcionamento ético-político
dos profissionais exigem o reconhecimento de que a
inserção do serviço social na divisão sociotécnica do tra-
balho, sua atuação nas políticas sociais em resposta à
questão social (base de fundação e desenvolvimento
da profissão), em resposta às necessidades sociais,
amplia não só a visão sobre as determinações e im-
plicações do exercício profissional, como também as
estratégias e ações programáticas necessárias no enfren-
tamento dos processos que aprofundam os rebatimentos
da precarização do trabalho e suas feições particulares
na profissão. Destacamos, nesse sentido, a articulação
dos sindicatos por ramo, outros conselhos profissionais
e órgãos de defesa dos direitos.
Fundamentos éticos no serviço social 51

Links
Para saber o contexto histórico do CFESS/CRESS, assim com legislação social, os códigos de
éticas do serviço social e eventos e outras informações da categoria esta disponível em: <http://
www.cfess.org.br>.

O serviço social tem o compromisso ético com os usuários; a categoria


profissional está vinculada a sua prática no projeto ético-político do serviço
social, o qual estudaremos nas próximas unidades.
Abordaremos, a seguir, as questões pertinentes à ética na pesquisa, com o
propósito de subsidiar a formação profissional de nossos acadêmicos, assim
como a formação de profissionais comprometida eticamente com a pesquisa,
a profissão e a categoria profissional.
52

Seção 3 Ética na pesquisa


Como estudamos a ética nas profissões e a ética no serviço social foram
construídos com determinações históricas, neste momento daremos continui-
dade com o estudo da ética na pesquisa.

3.1 Como pensar ético na pesquisa científica?


Constantemente convencíamos a relação do que posso, é o que deve fazer,
nem tudo que nos é colocado é lícito, ou tudo o que faço é correto, ou é o
que convém; segundo a referência de reflexão do Professor Cortella (2005, p.
3, grifo do autor):
[...] distingue como as três questões cruciais para definir
o trajeto ético na produção de conhecimento (quero?
devo? posso?), no sentido de manter a integridade digna
da vida coletiva, recusando a falência da liberdade, a
ideia de que alguns merecem usufruir do conhecimento
produzido e outros não, de que alguns merecem entrar
em nossa casa, outros não.

3.2 Como compreender a relação do poder versus


não dever?
Os parâmetros que podem ser avaliados quando relacionados na atuação
cotidiana do serviço social, seu compromisso ético em uma política social
pública seletiva.
Como definido por Iamamoto (2001, p. 19):
Nos locais de trabalho, é possível atestar o crescimento
da demanda por serviços sociais, o aumento da sele-
tividade no âmbito das políticas sociais, a diminuição
dos recursos, dos salários, a imposição de critérios cada
vez mais restritivos nas possibilidades da população ter
acesso aos direitos sociais, materializados em serviços
sociais públicos.

Os profissionais de serviço social trabalham no limite de critérios e parâme-


tros de seleção e escolher, quem está dentro dos critérios ou não aos benefícios.
A Política Nacional de Assistência Social ressalta novas direções à assistência
social, a de trabalhar as potencialidades dos usuários.
Fundamentos éticos no serviço social 53

Percebe-se como o profissional encontra-se comprometido com a relação


de definição de poder ou não poder, assim compreende-se que está vinculada
nas possibilidades de escolha.
Só se pode falar em ética quando se fala em humano,
porque a ética tem um pressuposto: a possibilidade de
escolha. A ética pressupõe a possibilidade de decisão,
ética pressupõe a possibilidade de opção. Por exemplo,
lembram-se de um filme antigo chamado “A escolha de
Sofia?” Não há escolha ali; escolha é quando você pode
escolher, e ali não há escolha: havia dois filhos, ela tinha
que escolher qual ia morrer, qual ia ficar; não há escolha,
não há uma questão ética ali (CORTELLA, 2005, p. 5,
grifo do autor).

Ao referirmos à pesquisa, relaciona-se ao processo de construção e inves-


tigação da construção do saber para a ciência, “[…] ética na pesquisa e a pro-
dução do conhecimento, é a noção de integridade. A Integridade é o cuidado
para manter inteiro, completo, transparente, verdadeiro, sem máscaras cínicas
ou fissuras” (CORTELLA, 2005, p. 6, grifo do autor).
Geralmente, a referência da ciência é partir da visão prática, algo que já
existe, para estudá-los e reproduzi-los, ou mesmo novas descobertas para jus-
tificar as já existentes, parte do conhecimento vem do convívio cotidiano, ou
seja, o que conhecemos ou fazemos partindo de referência da interpretação
da relação do homem x natureza — homem x homem, que constitui o ser
social, assim muito do que fazemos, não paramos para pensar o “por que”,
“para que” e “o que leva”, “quais as consequências”. Muito do que fazemos
está relacionado à reprodução de atitudes que herdamos de nossos país, avós...
eles faziam e nos encontramos reproduzindo as mesmas coisas.
Como trabalhar com os princípios éticos na pesquisa e quais parâmetros
estabelecemos como princípios?
Estamos dispostos a mantê-los ou a quebrar paradigmas, como diz Cortella
(2005, p. 7):
Assim, quando se pensa em ética e produção do conhe-
cimento hoje, a grande questão é: como está a nossa
possibilidade de sustentar a nossa integridade; essa inte-
gridade como se coloca? A integridade da vida individual
e coletiva, a integridade daquilo que é mais importante,
porque uma casa, ethos, tal como nós colocamos, é
aquela que precisa ficar inteira, é aquela que precisa ser
preservada.
54

Algumas vezes, “fazemos muitas coisas sem refletir”, talvez, justificados pela
seguinte frase popular, “todos fazem e eu faço”, não pensando no porquê fazer,
e as consequências desse fazer? Ou, simplesmente nos pegamos repetindo os
costumes e hábitos vivenciados pelos nossos pais, e avós; é o que podemos
chamar de senso comum ou o conhecimento vulgar, “[...] a principal virtude
ética nos nossos tempos, para poder manter a integridade e cuidar da casa, da
morada do humano, é a incapacidade de desistir, é evitar o apodrecimento
da esperança” (CORTELLA, 2005, p. 7).
A necessidade de sair do senso comum e a busca do conhecimento científico
nos direcionam à pesquisa do compromisso ético, “[…] a produção do conhe-
cimento está relacionada à capacidade deste cuidar daquela, isto é, manter a
integridade digna da vida coletiva” (CORTELLA, 2005, p. 7).
De acordo com Minayo (2010, p. 9, grifo do autor), a pesquisa define
que sempre existiu preocupação do homo sapiens com o conhecimento da
realidade, e apresenta que, “[...] a ciência é uma forma de expressão dessa
busca, não exclusiva, não conclusiva, não definitiva. E consta que, “a ciência”
e a forma hegemônica de construir a realidade”.

Para saber mais


Pesquisa
Entendemos por pesquisa a atividade básica da ciência na sua indagação e construção da rea-
lidade. É a pesquisa que alimenta a atividade de ensino e a atualiza diante da realidade do
mundo. Portanto, embora seja uma prática teórica, a pesquisa vincula pensamento e ação. Ou
seja, nada pode ser intelectualmente um problema, mas se não tiver sido, em primeiro lugar,
um problema da vida prática. As questões da investigação estão, portanto, relacionadas. São
frutos de determinada inserção na vida real, nela encontrando suas raízes. Para conhecimento
é importante a leitura do livro:
MINAYO, Maria Cecília de Souza. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis:
Vozes, 2010.

Para compreender a pesquisa entende-se que parte de dado conhecimento


preexiste e que é necessário delimitar um tema e um método para investigar o
fato que se deseja pesquisar; essa metodologia requer a busca de um referencial
teórico, ou seja, o que já existe de pesquisa diante do tema a ser investigado, e
essa busca dos fundamentos teóricos, históricos, filosóficos e éticos direciona
a construção do saber e a construção da pesquisa científica.
Fundamentos éticos no serviço social 55

Para a pesquisa faz-se necessário desenvolver um projeto de pesquisa e a


definição das escolhas que propõem abordar; Minayo (2010) apresenta a ne-
cessidade de definir: o que é pesquisa, como, por que, por quanto tempo etc.
A pesquisa tem que ser minuciosa, principalmente com referência ao com-
promisso ético, quando descreve textos científicos e necessários o cuidado
com as “cópias”, ou usá-los como se fosse construção parte de sua pesquisa
e não como referência a outro autor; deve ser utilizado como contribuição de
referencial teórico na sua pesquisa.
Você aluno, está no quarto semestre do curso de serviço social, vamos a
uma pergunta:
Como está desenvolvendo os seus trabalhos de produção textual solicitados
pelas disciplinas?
É bom ter o “cuidado”, como já referido o conceito da ética, sabe-se que
a ética começa no momento antes da escolha do curso de formação profis-
sional; no processo de formação, nos campos de estágios com os usuários e
instituições; e com o compromisso com os estudos, as leituras e as produções
e reproduções do conhecimento teórico, assim, é importante a construção do
saber sem as famosas “cópias”, hoje conhecidas como “control C/control V”, é
um comportamento antiético, é roubo de ideias e reprodução, é o denominado
“plágio”, “[...] usar de ideias, expressões, dados de outros autores sem citar a
fonte de onde se originam” (MINAYO, 2010, p. 55).
O livro da Minayo enriqueceu nosso estudo e recomendo para leitura; a
autora já tinha trabalhado com essa definição, com a qual concordo e sei que
nos ajuda a abrir novos caminhos para o conhecimento. Quando referencio a
autora, estou respeitando a sua pesquisa e seu referencial teórico e mantendo
o compromisso ético de citá-la, usar as “aspas”, respeitando sua ideia e pes-
quisa, assim podemos utilizar do referencial teórico, com complemento do
nosso estudo sem plágio de ideias, pois ao mencioná-la, estou dando o crédito
a quem é de direito.
O que tem tornado corriqueiros nos bancos acadêmicos, talvez pela faci-
lidade de acesso nos computadores e a internet, a sociedade desenvolvendo
uma cultura do “plágio”, da “cópia”, da “fraude”, do “jeitinho brasileiro”.
Qual é o compromisso ético com a sua formação?
A cada semestre os referencias teóricos tendem a ser aprofundados, até
chegarem no oitavo semestre, no qual terão de fazer a produção do Trabalho
de Conclusão de Curso (TCC).
56

O TCC é o aprofundamento do conhecimento e busca sistematizar seu


conhecimento, como resultado de um processo investigativo, a partir de uma
indagação teórica, e articular a teoria e a prática; é bom, nesse momento, rever
os conceitos de “práxis”.
Estimular o desenvolvimento científico e do pensamento reflexivo e investi-
gativo tem como propósito motivar os alunos para a pesquisa e a investigação
científica.
Responsabilidade do pesquisador tem o compromisso ético na pesquisa,
na busca da imparcialidade.
De acordo com Minayo (2010), o projeto de pesquisa requer a elaboração
do texto em si; o projeto da pesquisa que será realizada também deve ter a
preocupação de não causar malefícios aos indivíduos envolvidos no estudo,
preservando sua autonomia em participar ou não do estudo e garantindo seu
anonimato.
Para desenvolver uma pesquisa faz-se necessário a validação, ou seja, a
autorização da instituição utilizada como referência para a pesquisa, o pes-
quisador deverá fazer um pré-projeto e encaminhar para um comitê de ética, o
qual deverá verificar a validade ou não da pesquisa. De acordo com as Normas
de Pesquisa em Saúde, do Conselho Nacional de Saúde (1996), a Resolução
196/1996 determina a necessidade da composição de Comitês de Ética para
acompanhar pesquisas envolvendo seres humanos e que as instituições públicas,
universidades, hospitais e empresas públicas ou privadas devem ter o seu comitê
de ética, a qual tem o propósito de avaliar, analisar e monitorar o andamento
do projeto apresentado, ou mesmo, a não aprovação do projeto quando este
não vincula aos compromissos éticos preestabelecidos.
A importância do Comitê de Ética na Pesquisa (CEP) está em averiguar o
enfoque na pesquisa, ou seja, nem tudo que desperta interesse ao pesquisador
pode trazer contribuições favoráveis à ciência e à humanidade, podendo tra-
zer certo desconforto; talvez, nesse contexto histórico que vivenciamos somos
capazes de administrar, tais como o exemplo a seguir.
[…] quando se fala em bioética: podemos lidar com clo-
nagem? Podemos, sim. Devemos? Não sei. Queremos?
Sim. Clonagem terapêutica, reprodutiva? É uma escolha.
Posso eu fazer transplante intervivos? Posso. Devo, quero?
Tem coisa que eu devo, mas não quero; aliás, a área de
Saúde é recheada desses dilemas éticos, a área de Ciência
e Medicina é recheada desses dilemas éticos; tem muita
Fundamentos éticos no serviço social 57

coisa que você quer, mas não pode, muita coisa que você
deve mas não quer (CORTELLA, 2005, p. 5).

Em 1996, foi determinado que os Comitês de Ética na Pesquisa deveriam


ser constituídos de forma multidisciplinar ou interdisciplinar.
[…] interdisciplinaridade é a ultrapassagem da fronteira,
é a ruptura do limite. Trata-se então, e inicialmente, de
uma indisciplina, uma rebeldia epistemológica. O pri-
meiro ponto é, assim, uma reconciliação do sujeito com
ele mesmo, porque a interdisciplinaridade é o lugar onde
frequentemente sujeito e objeto se confundem. Ele terá
de se ver em relação com outros sujeitos e precisará des-
cobrir como se produziram nele os efeitos dos dispositivos
de regulação social em funcionamento (BOTAZZO, 2005,
p. 9, grifo do autor).

De acordo com o Caderno de Ética em Pesquisa:


[...] participação de profissionais da área de saúde, das
ciências exatas, sociais e humanas, incluindo, por exem-
plo, juristas, teólogos, sociólogos, filósofos, bioeticistas
e pelo menos um membro da sociedade representando
os usuários da instituição (COMISSÃO NACIONAL DE
ÉTICA EM PESQUISA, 1998, p. 39).

A atuação do assistente sociais, independente da área, está vinculada a


uma prática interdisciplinar; sua atuação está norteada pelo Código de Ética
do Serviço Social de 1993, que determina o comprometimento ético na pes-
quisa como os usuários, instituição de atuação e com o projeto ético-político
da profissão, com o compromisso com os princípios estabelecidos no Código
de Ética do Serviço Social de 1993, os quais estudaremos no decorrer das
próximas unidades.
Porém, cabe ressaltar o compromisso, quando apresenta a proposta de
realizar uma pesquisa, obter o consentimento dos usuários, informado o obje-
tivo da pesquisa; evitar a omissão; ter a atenção de minimizar a intromissão; o
compromisso com o sigilo profissional e, assim, a garantia da confidencialidade
e anonimato.
No cotidiano do profissional de serviço social, na maioria das vezes, o
público-alvo de atuação encontra-se fragilizados pelo nível de vulnerabilidade
social que encontram, cabe o cuidado de minimizar os riscos de danos, como
a demonstração de respeito aos usuários ou às instituições no período de todo
58

o processo da pesquisa, com compromisso ético de evitar coerção e manipu-


lação de informações.
De acordo com a publicação da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa,
em seus registros históricos, é recente a evolução quanto à questão da ética em
pesquisas no Brasil e no mundo, vejamos o seguinte contexto histórico:
1965
Em meio ao debate sobre a aplicabilidade do Código de
Nuremberg (1947) e a Declaração de Helsinque (1964)
tem início a discussão sobre quem deve analisar os aspec-
tos éticos das pesquisas e a necessidade de uma regula-
mentação para a área. O Instituto Nacional de Saúde dos
EUA recomenda um sistema de supervisão das pesquisas,
de caráter obrigatório, para todos os estudos subsidiados
pelo órgão ou pelo Serviço de Saúde Pública do País,
com o objetivo de assegurar o respeito aos envolvidos nas
pesquisas e a adequação do consentimento informado.
1975
Na revisão da Declaração de Helsinque (1964), a Asso-
ciação Médica Mundial em Tóquio admite a necessidade
da análise externa das pesquisas biomédicas envolvendo
seres humanos. Fica estabelecido que o desenho e o de-
senvolvimento de uma pesquisa devem ser claramente
formulados em um protocolo de pesquisa, que deve ser
submetido a um comitê especialmente designado, inde-
pendente do investigador e do patrocinador.
1982
A Proposta de Diretrizes Internacionais para Pesquisas
Biomédicas Envolvendo Seres Humanos também faz
referência aos comitês independentes para revisão dos
protocolos.
1993
As Diretrizes Internacionais para Pesquisas Biomédicas
Envolvendo Seres Humanos, elaboradas pelo Conselho
das Organizações Internacionais de Ciências Médicas
em colaboração com a OMS, definem que todas as pro-
postas de pesquisas envolvendo seres humanos devem ser
submetidas à revisão de um ou mais comitês independen-
tes, sendo necessário obter a aprovação da condução da
pesquisa antes do seu início. O documento recomenda
também que os comitês tenham composição multidisci-
plinar, para que sejam capazes de fornecer uma revisão
completa e adequada das atividades de pesquisa a serem
examinadas.
1995/96
Fundamentos éticos no serviço social 59

Em 1988 o Conselho Nacional de Saúde havia aprovado


a Resolução nº 1, as primeiras normas nacionais sobre
ética na pesquisa em seres humanos, representando na
época avanço considerável.
No entanto, diante do desenvolvimento científico mun-
dial, dos novos conceitos de Bioética e das dificulda-
des operacionais no período de sua vigência, veio a
necessidade da revisão da 1/88.
Foi assim que em 1995 o CNS designou uma comissão
com essa tarefa. Para elaboração do texto que veio a
se tornar a Resolução 196 foram obedecidas as seguin-
tes etapas: ampla consulta à comunidade científica e à
sociedade, solicitando análises e sugestões para apri-
moramento da Resolução 01/88; divulgação das Dire-
trizes Éticas Internacionais para Pesquisas Biomédicas
Envolvendo seres Humanos (CIOMS-OMS); realização
de oficinas e seminários para discussão aprofundada do
assunto; consolidação da proposta e apresentação em
Audiência Pública; apresentação da proposta preliminar
no Congresso Brasileiro de Bioética; apresentação final e
aprovação pelo Conselho Nacional de Saúde (COMISSÃO
NACIONAL DE ÉTICA EM PESQUISA, 1998, p. 7).

Links
Para obter mais conhecimentos sobre a ética na pesquisa acesse o link:
Cadernos de ética em pesquisa. Brasília: CONEP, v. 1, n. 1, jul. 1998. Disponível em: <http://conselho.
saude.gov.br/web_comissoes/conep/aquivos/materialeducativo/cadernos/caderno01.pdf>. Acesso
em: mar. 2012.

As conquistas da bioética, na busca de resposta, as mais diversas formas de


discriminação e desrespeito aos aspectos dos direitos humanos, se buscarem o
aprofundamento do referido estudo no contexto histórico da ética na pesquisa,
com certeza, encontraremos inúmeros casos de desrespeitos e violação dos
direitos humanos nas pesquisas, não somente nas pesquisas nas ciências hu-
manas, como em outras áreas das ciências. Considera-se que temos um grande
avanço na Bioética; no campo da saúde o compromisso com os seres humanos.
Será que no serviço social temos profissionais que agem com falta de ética
com os usuários?
60

No início da unidade estudamos a concepção da ética nas profissões. É


bom revê-las.
Qual a matéria-prima de trabalho dos profissionais liberais?
A “vida”, de suma importância para os assistentes sociais e o compromisso
ao desenvolverem as pesquisas, o profissional tem de ter ousadia de pesquisar
e escrever sobre o nosso cotidiano do trabalho profissional, seus avanços e
conquista; porém o compromisso que está acima de nossos interesses pessoais
ou profissionais, está na ética com os usuários, com a categoria profissional,
assim com a ética na sociedade enquanto cidadãos, mesmo nas contradições
e desafios profissionais, os quais todos os profissionais vivenciam.
No Código de Ética do Serviço Social de 1993, Título II Das relações
profissionais — capítulo I — Das relações com os usuários, refere na letra D
“Devolver as informações colhidas nos estudos e pesquisas aos usuários, no
sentido de que estes possam usá-los para o fortalecimento dos seus interesses”
(CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL, 2011).
Segundo Barroco (2005, p. 4), a crítica na relação entre ética, pesquisa e
Serviço:
Conceber a ética como uma ação crítica de um sujeito
histórico que reflete teoricamente, faz escolhas cons-
cientes, se responsabiliza, se compromete socialmente
por elas e age praticamente para objetivá-las é conceber
a ética como componente da práxis.

Acredita-se que essa reflexão da ética na pesquisa venha contribuir no pro-


cesso de formação dos alunos de serviço social, e subsidiará toda a vida profis-
sional, vamos dar continuada na próxima unidade no processo histórico de
construção dos códigos de ética do serviço social de 1947, 1965, 1975 e 1986,
e a repercussão desses códigos nos diferentes momentos e cenários políticos,
econômicos e social.
Fundamentos éticos no serviço social 61

Para concluir o estudo da unidade


Encerramos esta unidade, na qual foi possível estudar a concepção das
profissões e a ética, sua relação no contexto histórico, a relação do ho-
mem com o trabalho, e concepção do trabalho liberal; pudemos aprender
que o assistente social é um profissional liberal e está inserido na divisão
sociotécnica do trabalho, tendo que manter suas atribuições éticas com
o atendimento ao usuário com as instituições às quais mantém vínculos
empregatícios, bem como o compromisso ético de cidadania.
Também, pudemos refletir o compromisso ético com a pesquisa; é
de suma importância o cuidado com o plágio nos trabalhos acadêmico
e com a pesquisa, principalmente que em breve terão que desenvolver o
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).
Assim, encerramos este estudo proporcionando o compromisso com
a ética na profissão de Serviço Social.

Resumo
A unidade abordou os Fundamentos Éticos no Serviço Social, a qual
foi trabalhada com quatro seções, nas quais foram abordadas a concepção
da Ética e as Profissões, a Ética e o Serviço Social e Ética na Pesquisa.

Atividades de aprendizagem
1. Qual é a definição de um profissionais liberais?
2. É competência do assistente social definir a guarda, ou adoção de
uma criança ou adolescente?
3. Como pensar ético na pesquisa científica?
4. Como compreender a relação do poder x não dever?
5. Como trabalhar com os princípios éticos na pesquisa e quais parâ-
metros estabelecemos como princípios?
62

6. Qual é compromisso ético com a sua formação?


7. Como está desenvolvendo os seus trabalhos de produção textual
solicitados pelas disciplinas? Faz uso do plágio?
8. Será que no serviço social temos profissionais que agem com falta
de ética com os usuários?
9. Qual a matéria-prima de trabalho dos profissionais liberais?
10. Será que no serviço social temos profissionais que agem com falta
de ética com os usuários?
Unidade 3
Os códigos de ética do
serviço social
Objetivos de aprendizagem: Nesta unidade você estudará o processo
de construção dos códigos de ética do serviço social de 1947, 1965,
1975 e 1986, e a repercussão desses códigos nos diferentes momentos
e na atualidade.

Seção 1: Código de Ética Profissional do Serviço


Social de 1947
Iniciaremos estudando como surgiu o Código de
Ética do Serviço Social de 1947, o qual apresenta
com princípios fundamentais o humanismo católico de
origem europeia; norteado pelos valores a respeito
da pessoa humana, sua dignidade, autodeterminação e
o bem comum; este código de ética foi concebido
no momento histórico de preocupação da categoria
o contexto social da época, e tem sua relação de
comportamento profissional fundamental nos valores
humanismo católico, com influências da espacializa-
ção nos EUA de suas referências de metodologia e
técnicas novas.

Seção 2: Código de Ética Profissional do Serviço


Social de 1965
Nesta seção vamos estudar o Código de Ética do Ser-
viço Social de 1965, o qual tem seus fundamentos na
visão moderna humanismo católico/base na natureza
do destino do homem/ abertura para profissionais de
diferentes credos e princípios filosóficos. Seus valo-
res na ordem social justa, e mantêm os valores do
código de ética de 1947, seu contexto histórico esta
na justificativa a teoria e método desenvolvimentista/
romper com o convencional católico/movimento de
reconceituação.

Seção 3: Código de Ética Profissional do Serviço


Social de 1975
Nesta seção vamos estudar os princípios funda-
mentais deste código de ética, que representa em
romper com os valores tradicionais da profissão e
os profissionais direcionam as suas preocupações
com a competência e eficiência profissional; tem
como valores centrais a justiça social; e a reflexão do
momento histórico contextualiza a instabilidade da
reflete na categoria profissional, e relaciona-a com o
período ditatorial; e a efetivação do movimento de
reconceituação, e propõem romper com a filosofia
cristã mas inclina para o social.

Seção 4: Código de Ética Profissional do Serviço


Social de 1986
Neste momento de transição do código de ética
de 1975 para a revisão do código de ética de 1986
vamos estudar os princípios fundamentais com mi-
litância político-partidária; seus valores com partici-
pação política vinculada aos movimentos da classe
trabalhadora e o cenário histórico diante dos mo-
vimentos sociais e comprometimento com a classe
trabalhadora, busca de sua referencia teórica com
o marxismo.
Os códigos de ética do serviço social 65

Introdução ao estudo

Esta Unidade percorre um resgate histórico da construção metodológica


consonante à ética na profissão do serviço social; cabe um resgate diante do
cenário econômico, político e social do contexto histórico brasileiro. Na profis-
são percorreu-se por cinco momentos de construção, o que destacaremos ante
seus princípios históricos, seus valores e seus fundamentos metodológicos.
Os códigos de ética no serviço social percorreram por cinco momentos;
nesta unidade trabalharemos com os quatros códigos de ética do serviço social,
sendo o primeiro de 1947 e na sequência de 1965, 1975 e 1986; o último e
atual código de ética de 1993 trabalharemos na unidade seguinte.

Seção 1 Código de Ética Profissional do


Serviço Social de 1947
O serviço social teve suas influências da Europa, a qual apresentou suas
formulações vindas do pensamento sociológico conservador, com influências
da doutrina social da igreja católica.
A crise de 1929 abala a economia brasileira significativamente, com o golpe
de 1930, que depôs o presidente da república Washington Luiz e impediu a
posse do presidente eleito Júlio Prestes e pôs fim à velha república. O período
que Getúlio Vargas governou o Brasil, de 1935-45, é chamado de Novo Estado,
marcados por um período ditatorial. Posteriormente (1938), Getúlio Vargas deu
o golpe de estado, contando com o apoio de grande parte da população e dos
militares. Assim começa o período ditatorial com discurso nacionalista e po-
pulista, marcado pelo primeiro mínimo social, o salário mínimo, e surgimento
das Políticas Sociais.
No contexto, a Revolução na década 30 teve a ascensão de Getúlio Var-
gas, com o enfoque na política econômica e social, com intuito de ampliar os
movimentos de ascensão ao capitalismo com a revolução industrial, das lutas
de classes e do desenvolvimento da intervenção do estado.
Sua origem é relacionada aos movimentos de massa na Europa do final
do século XIX, mas sua generalização situa-se na passagem do capitalismo
concorrencial para o monopolista, em especial na sua fase tardia, após a 2ª
Guerra Mundial. Uma reação dos trabalhadores com relação à exploração da
mais-valia e da exploração do trabalho de crianças, mulheres e idosos.
66

A luta de classes evidencia a questão social, ou seja, a luta de trabalhadores


com greves e manifestações em torno da jornada de trabalho, e o salário.
As estratégias burguesas para lidar com a pressão dos trabalhadores vão
desde a requisição de pressão direta do Estado, até a concessão formais pontuais
de legislação fabris. A definição de jornada de trabalho foi resultado de uma luta
entre capitalista e trabalhador; após a consciência coletiva das mesmas classes,
esse processo se dá enquanto classe de trabalhador, iniciada na Inglaterra, a
qual é considerada o berço da indústria.
Neste contexto o serviço social desponta:
[...] como uma das estratégias concretas de disciplina-
mento, controle e reprodução da força de trabalho efeti-
vado pelo empenho que uniu esforços dos Estados e da
Igreja, em consonância com a expansão do capitalismo
no País (FORTI, 2006, p. 55).

Assim, se efetiva como mecanismo que mantivesse e controlasse as lutas


sociais, como mecanismo de controle da questão social; nesse contexto emerge
o serviço social brasileiro, e seu contexto histórico da concepção da profissão
está aliado ao mecanismo de trabalho à mediação das condições objetivas da
vida social e é requisitado da profissão, “[...] o obscurecimento da sua dimensão
política aliado à perspectiva de apelo moral no trato das sequelas da questão
social” (FORTI, 2006, p. 55).
A concepção do profissional de serviço social está aliada à relação homem
e sociedade e Estado na doutrina social da Igreja Católica no neotomismo, com
o compromisso de manterem a ordem estabelecida; nada poderia desacatar as
determinações que coloquem em risco a tal ordem; assim os profissionais se
posicionam de forma silenciosa à crítica, desautorizando comportamento que
negasse a ordem da realidade social no mundo capitalista:
[...] a origem no seio do bloco católico e na ação be-
névola e caridosa de senhoras e moças da sociedade; o
embricamento da teoria e metodologia do serviço social
como doutrina social da Igreja Católica e com o aposto-
lado social parece constituir-se — especialmente nesta
fase inicial, mas deixando marcas profundas que ainda se
fazem sentir — em elementos centrais responsáveis não
apenas por uma série de esquemas de percepção, como
também de comportamento e desempenho profissional
(CARVALHO, 1991, p. 225).
Os códigos de ética do serviço social 67

Como são definidos os deveres do profissional assistente social no código


de ética do serviço social de 1947?
No código de ética do serviço social de 1947, quando se refere aos deve-
res profissionais dos assistentes socais, tem o compromisso de respeitar a lei
de Deus, tendo em mente o testemunho do juramento feito diante de Deus; a
atuação profissional está em manter o bem comum, respeitar o beneficiário do
serviço social inspirado na caridade cristã.
De acordo com Forti (2006, p. 55, grifo do autor).
O Serviço Social, em um posicionamento moralizador face
às expressões da “questão social”, captando o homem de
maneira abstrata e genérica, configurou-se como uma das
estratégias concretas de disciplinamento e controle da
força de trabalho, no processo de expansão monopolista
do capital.

A miséria é compreendida com resultados da moral humana e não como


resultado do acesso desigual de riqueza socialmente produzida; os auxílios
sociais contribuem para reduzir a miséria, desestimulando o interesse do tra-
balhado e geram acomodações, causando risco à sociedade e ao mercado.
O Estado liberal provocou grandes desigualdades sociais, surgiram grandes
conflitos entre a burguesia e o proletariado, floresceram os partidos políticos,
revolução socialistas, entre outros, “[...] com isso, entidades assistenciais
emergiam no cenário nacional, desencadeando o processo de legitimação do
Serviço Social” (FORTI, 2006, p. 55).

Quadro 3.1 Código de Ética do Serviço Social 1947

Princípios
Humanismo católico de origem europeia.
fundamentais
Respeito a pessoa humana, dignidade, autodeterminação, bem
Valores
comum.
Preocupação da categoria na época — relação de comportamento
Momento históricoprofissional fundamental/valores humanismo católico;
Especialização nos EUA — importando metodologia e técnicas nova.
Fonte: Do autor (2013).
68

Seção 2 Código de Ética Profissional do


Serviço Social de 1965
O período de 1945 a 1960, conhecido por período desenvolvimentista, a
partir da segunda metade da década de 1940 surgem as grandes instituições
sociais, guiadas pela necessidade do Estado de controle da classe operária, o
indivíduo que não se adaptava ao modelo fordista de produção era tido como
anormal, que precisava ser trabalhado individualmente para se reenquadrar
aos modelos tradicionais estabelecidos.
Esse período foi marcado pela modernização acelerada do governo de
Juscelino Kubitschek, com desenvolvimento das indústrias automobilísticas,
construção de redes rodoviárias, instalações de usinas hidroelétricas e siderúr-
gicas, bem como mudança da capital federal para Brasília.
A opção do governo é recorrer à inflação, diz Sposati (2003, p. 15): “[...] o
aumento da procura de força de trabalho não corresponde a uma melhora do
salário real dos trabalhadores e somente alguns grupos de trabalhadores foram
de fato beneficiados nesta fase”.
No modelo econômico nesse período predominam a concentração de
renda e a abertura do mercado para exterior; no período de 1964 a 1967 foram
determinados com várias medidas para o controle da inflação, como controle
de preços, salários, déficit público, como o controle das organizações com a
medida de proibição das greves e reajustes salariais.
Surgem na década de 1950 o método ou o processo de desenvolvimento e
à organização de comunidade, que trabalha na condução para uma melhoria
nas condições imediatas de vida de determinada sociedade.
De acordo com Forti (2006, p. 57):
No decurso do processo histórico-social, a partir das con-
dições que configuram a realidade brasileira e mundial,
a busca de cientificidade tornou-se um imperativo para
a profissão, a qual foi sendo gradativamente influenciada
por determinadas vertentes teóricas em voga na época,
especialmente os pressupostos do funcionalismo adotado
pelo Serviço Social norte-americano.

Qual é a importância do movimento de reconceituação diante da concep-


ção do processo de construção e revisão dos códigos de ética do serviço social?
Na década de 1960 emerge o movimento de reconceituação; esse movi-
mento trouxe inúmeros questionamentos acerca da sociedade e a postura até
Os códigos de ética do serviço social 69

então do profissional de serviço social, se posicionando de forma crítica ao


conservadorismo da profissão, com aspecto de uma revisão crítica embasada
nas ciências sociais para justificar o referencial teórico-metodológico.
O movimento de reconceituação apresenta como a primeira perspectiva,
chamada de matriz modernizadora; considerava válidas as ideologias desen-
volvimentistas e a visão sistêmica; a segunda propunha uma reatualização do
conservadorismo. Considerava as teorias oriundas da psicologia, como a Gestalt
e a Fenomenologia; e a última norteava-se em direção à intenção de ruptura
como o conservadorismo. Considerava as teorias marxistas, porém ainda não
tinha muita clareza teórica.
O movimento de reconceitualizacão recoloca, com si-
nal trocado, aquela segmentação entre o conhecimento
e valores. As mesmas antinomias entre determinismo
e liberdade, estrutura e sujeito, conhecimento e valor
reaparecem com novas e progressivas roupagens na
reconceituação, que mantêm, por intermédio delas, um
elo de ligação com o passado profissional (IAMAMOTO,
2010, p. 99).

Para saber mais


Para mais informações sobre Atos institucionais: sanções políticas, acesse o site:
<http://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/6384/atos_%20institucionais_oliveira.
pdf>.

O Código de Ética de 1965 aponta diferenças do primeiro,


ao sinalizar as influências da referida conjugação: ao
assistente social cumpre contribuir para o bem comum,
esforçando-se para que o maior número de criaturas
humanas dele se beneficie, capacitando indivíduos, gru-
pos e comunidades para sua melhor integração social;
o assistente social estimulará a participação individual,
grupal e comunitária no processo de desenvolvimento,
propugnado pela correção dos desníveis sociais (FORTI,
2006, p. 57).
70

Quadro 3.2 Código de Ética do Serviço Social 1965

Visão moderna humanismo católico/base na natureza do destino do


Princípios
homem/abertura para profissionais de diferentes credos e princípios
fundamentais
filosóficos.
Ordem social justa — valores de 1947.
Valores Momento histórico: teoria e método desenvolvimentista/romper com o
convencional católico/movimento de reconceituação.
Fonte: Do autor (2013).
Os códigos de ética do serviço social 71

Seção 3 Código de Ética Profissional do


Serviço Social de 1975
O serviço social resgatou núcleo de referência teórico-metodológico para a
profissão, buscando modernização e aprimoramento dos instrumentos técnicos
da profissão na perspectiva da modernização da profissão.
Segundo Forti (2006, p. 62, grifo do autor), a forma de conceber a profissão
consolida com a hegemonia dos modernizadores:
As diretrizes conservadoras com nova roupagem, nessa
perspectiva, podem ser verificadas no Código de Ética
profissional de 1975: — exigências do bem comum le-
gitimam, com efeito, a ação do Estado, conferindo-lhe o
direito de dispor sobre as atividades profissionais — for-
mas de vinculação do homem à ordem social, expressões
concretas de participação efetiva na vida da sociedade; o
valor central que serve de fundamento ao Serviço Social
é a pessoa humana. Reveste-se de essencial importância
uma concepção personalista que permita ver a pessoa
humana como centro, objeto e fim da vida social.

Quadro 3.3 Código de Ética do Serviço Social 1975

Princípios
Humanismo católico de origem europeia.
fundamentais
Respeito a pessoa humana, dignidade, auto determinação, bem
Valores
comum.
Preocupação da categoria na época — relação de comportamento
Momento históricoprofissional fundamental/valores humanismo católico;
Especialização nos EUA — importando metodologia e técnicas nova.
Fonte: Do autor (2013).
72

Seção 4 Código de Ética Profissional do


Serviço Social de 1986
O código de ética do serviço social de 1986 ressalta alguns parâmetros
de atuação profissional, os quais contrapõem o princípio da neutralidade do
código de ética anterior, estabelece o compromisso que determina os deveres
de democratizar e as informações aos usuários, com o propósito de criar um
espaço para sua participação em programas e decisões institucionais, assim
como denuncia as falhas das instituições e contribui diretamente na relação
de forças.
Superou-se, portanto, as reflexões éticas obscurecidas
pelas construções idealizadas da realidade, que situam
a ética fora do campo dos condicionantes históricos da
realidade, que situam a ética fora do campo dos condi-
cionantes históricos e das implicações dos interesses de
classe (FORTI, 2006, p. 63).

Por que o código do serviço social de 1986 exigiu um nova postura ética
do profissional?
O código do serviço social de 1986 exigiu um nova postura ética do profissio-
nal, a reflexão diante dos valores do trabalho coletivo, a categoria se insere nas
lutas das classes trabalhadoras, superando a perspectiva — histórica e acrítica,
com uma postura em defesa dos direitos. O código de ética de 1986 é o primeiro
a romper com o histórico conservadorismo dos códigos de ética brasileiros.
Tem-se, então, uma percepção da ação profissional que
requer capacitação para elaborar, gerir e decidir a respeito
de políticas sociais e programas institucionais, o que pressu-
põe instrumentos para o conhecimento critico da realidade
política e social (PAIVA, 2010, p. 160).

O assistente social deve estar alerta na conotação política da profissão,


com o propósito constante na busca de pesquisas e estudos atuais de diversas
áreas pertinentes, levando em consideração as condições sociopolíticas e de
desenvolvimento profissional que foi sendo elaborada.
Segundo Paiva (2010, p. 161), a significação do código de ética de 1986
poder ser:
[...] se recordam as três dimensões substantivas que ele re-
vela: a negação da base filosófica tradicional, nitidamente
conservadora, que norteava a ética da neutralidade, enfim
Os códigos de ética do serviço social 73

recusada; e a afirmação de um novo papel profissional,


implicando uma nova qualificação, adequada à pesquisa,
à formulação e à gestão de políticas sociais.

A década de 1980, um amadurecimento no que diz respeito ao projeto


ético-político profissional, com o crescimento da produção teórica e análise
crítica, sinaliza a maturidade teórica e política do projeto profissional eviden-
ciada na organização político-sindical da categoria, na produção teórica, em
sua capacidade crítica de interlocução com outras áreas do conhecimento.
O código de ética de 1986 evidencia a ruptura política,
que inicia no final da década de 60, a vertente de rup-
tura coloca como valor ético-político o compromisso com
a classe trabalhadora, que será expresso no Novo Código
de Ética (BARROCO, 2010a, p. 82).

O serviço social nesse período vivenciou um processo de renovação, reflexo


das mudanças que vinham acontecendo na sociedade, assim o serviço social
se desenvolve no campo da teoria e da prática, e inicia a década de 1990 com
o reconhecimento profissional na academia e o respaldo das legislações social
que eram gestadas no pós-Constituição.
De acordo com o Conselho Federal de Serviço Social, no plano da reflexão
e da normatização ética, o Código de Ética de 1986 apresentou conquistas
significativas, as quais destacarão alguns desses princípios:
Encaminhamento da prática profissional articulada às
lutas da classe trabalhadora;
A devolução das informações colhidas nos estudos e
pesquisa são sujeitos sociais envolvidos;
O acesso às informações no espaço institucional e o
incentivo ao processo de democratização delas;
A contribuição na alteração da correlação de forças
no espaço institucional e o fortalecimento de novas
demandas de interesse dos usuários;
A denúncia das falhas institucionais;
O respeito à tomada de decisão dos usuários;
O privilégio ao desenvolvimento de práticas coletivas
e o incentivo à participação dos usuários no processo
de decisão e gestão institucional;
A discussão com usuários sobre seus direitos e os me-
canismos a serem adotados na luta por sua efetivação
e por novas conquistas;
74

A reflexão sobre a necessidade de seu engajamento


em movimentos populares e/ou órgãos representativos
da classe trabalhadora; o apoio às iniciativas e aos
movimentos de defesa dos interesses da categoria e à
divulgação no espaço institucional das informações de
suas organizações (CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO
SOCIAL, 1986, p. 1).

Para saber mais


Percorremos um breve histórico no processo de construção ético-metodológico da profissão
do serviço social; aprofunde esses conhecimentos com a leitura na íntegra dos Códigos de
Ética do Serviço Social de 1947, 1965, 1975 e 1993.
Caro aluno, você encontra esses documentos no site do Conselho Federal de Serviço Social
(CFESS): <http://www.cfess.org.br>.

O código emerge com uma expressão tardia do debate de reconceituação,


expressa o compromisso ético com uma prática articulada aos movimentos
da classe trabalhadora e a sociedade organizada, como sindicatos, associa-
ções comunitárias, até mesmo uma frente da igreja católica, se envolve nas
articulações nos movimentos sociais. Assim, o assistente social rompe com a
neutralidade profissional.
De acordo com Iamamoto (2010, p. 101, grifo do autor):
O processo de trabalho do assistente social é radical-
mente polarizado por tais interesses de classes, que se
recriam contraditoriamente além da intencionalidade dos
sujeitos individuais, não podendo se “eliminados” das
condições de trabalho do profissional. Como trabalhador
assalariado, o assistente social é contratado pelo Estado
e por empresários.

Os assistentes sociais encontram-se como profissionais, parte da divisão


sócio e técnica do trabalho, e na condição de mediar às relações entre classe
trabalhadora e as instituições responsáveis pelas suas contratações; nesse con-
texto de mediar às relações inseridas no contexto das contradições das políticas
sociais públicas na relação com o serviço social.
De acordo com Iamamoto (2010, p. 101):
[…] no sentido de atender a demandas tanto do capital
como do trabalho, ainda que não homogeneamente,
Os códigos de ética do serviço social 75

expressando a condensação de forças contidas nas relações


sociais, o código repõe uma visão dualista das relações eco-
nômicas e de poder e o compromisso político com a classe
trabalhadora como única alternativa para uma categoria
profissional heterogênea, social e politicamente.

Qual a importância do Código de Ética do Serviço Social de 1986 para a


categoria profissional?
O Código de Ética do Serviço Social de 1986 apresenta uma significativa
importância para a categoria profissional, um avanço enquanto profissão, com-
prometida com a classe trabalhadora e marca o rompimento com as correntes
conservadoras e direciona o compromisso ético-político do Serviço Social com
a classe trabalhadora.
De acordo com Netto (1989, p. 16):
Ainda nos anos oitenta, as vanguardas profissionais pro-
curaram consolidar estas conquistas com a formulação
de um novo Código de Ética Profissional, instituído em
1986. Até então, o debate da ética no Serviço Social não
era um item privilegiado — é na sequência do Código
de 1986, e após a sua revisão, concluída em 1993, que
este tem ganhará relevo significativo.

Os códigos de ética do serviço social foram sendo construídos em um pro-


cesso contínuo aliado ao contexto histórico vivenciado pelos profissionais, os
quais estão inseridos na sociedade regida por um sistema econômico capitalista,
com contradições de interesses de classes. Compreende que o profissional de
serviço social está constantemente sendo desafiado com novas demandas; faz-
-se necessário rever a atuação e os conceitos, “[...] o serviço social é obrigado
a atualizar-se, redefinir estratégias e procedimentos, adequando-se a novas
demandas e requisições do mercado de trabalho” (YAZBEK, 2009, p. 137).
A década de 1980 foi marcada com a crise econômica recessiva, uma
nova configuração da sociedade diante das transformações culturais e uma
economia globalizada, e cabe ao Serviço social com compromisso de revisão
ético-político. Tendo em conta os debates e embates do serviço social, Forti
(2006, p. 63, grifo do autor) menciona a elaboração do Código de Ética pro-
fissional em 1986:
[...] pode ser visto como um marco na busca do rompi-
mento com o conservadorismo. Neste código, é visível a
derrocada do privilégio das referencias éticas desconecta-
das da história, seja pela perspectiva alinhada aos valores
76

da fé religiosa, seja pelos pressupostos da “neutralidade”.


Superou-se, portanto, as reflexões éticas obscurecidas
pelas construções idealizadas da realidade, que situam a
ética fora do campo dos condicionantes históricos e das
implicações dos interesses de classe.

Quadro 3.4 Código de Ética do Serviço Social de 1986

Princípios
Militância político-partidária.
fundamentais
Valores Participação política vinculada aos movimentos da classe trabalhadora.
Ruptura radical com o fundamento ético anterior; referencial marxista;
Momento histórico
compromisso com a classe trabalhadora.
Fonte: Do autor (2013).

O Código de Ética do serviço social de 1986 desvincula-se das característi-


cas conservadoras dos códigos de ética anterior, apresenta um caráter político
do documento. Resulta de um amplo trabalho pela categoria profissional e um
processo que inicia a discussão no movimento de reconceituação, o qual se
coloca com parte um projeto político articulado com um projeto societário.
Tal código de ética vincula-se a uma nova ética, comprometida com as neces-
sidades e interesses dos usuários de serviço social, bem como comprometido
com a classe trabalhadora.
Os códigos de ética do serviço social 77

Para concluir o estudo da unidade


Caro aluno, ao concluir esta unidade espero que o estudo tenha lhe
oportunizado percorrer o processo histórico em que foram constituídos
os Códigos de Ética do Serviço Social de 1947, 1965, 1975 e 1986, sua
contextualização histórica, fundamentos e valores éticos e os cenários que
percorrem os assistentes sociais em cada período, como proporcionou, a
revisão e atualização do código profissional.
Sabe-se que o serviço social teve cinco códigos de ética; após o código
de ética de 1986, o qual foi revisado com novas direções éticas e opor-
tunizou a concepção do atual código de ética do serviço social de 1993.
Este será estudado na próxima unidade e também o Projeto Ético-Político
do Serviço Social e a Lei de Regulamentação da Profissão.

Resumo
Encerramos a terceira unidade, a qual nos possibilitou fazer um per-
curso do contexto histórico dos fundamentos e valores ético na concepção
dos códigos de ética do serviço social de 1947, 1965, 1975 e o de 1986,
os quais estudamos nos diferentes contextos e cenários históricos políticos,
econômico e social, assim como as reflexões dos categoria profissional no
processos de revisões deles e comprometimento ético perante os princípios
e valores estabelecidos.

Atividades de aprendizagem
1. Como são definidos os deveres do profissional assistente social no
código de ética do serviço social de 1947?
2. Qual é a importância do movimento de reconceituação diante da
concepção do processo de construção e revisão dos códigos de ética
do serviço social?
3. Por que o código do serviço social de 1986 exigiu uma nova postura
ética do profissional?
4. Qual a importância do Código de Ética do Serviço Social de 1986
para a categoria profissional?
Unidade 4
Código de ética de
1993 ao projeto ético-
-político do serviço
social
Objetivos de aprendizagem: Esta unidade tem como propósito o
estudo do processo de constituição do Código de Ética do Serviço
Social de 1993, seus princípios, valores e compromisso profissional
com os deveres e direitos do profissional; trazer à reflexão o compro-
misso do profissional com o Projeto Ético Político do Serviço Social e,
nesse contexto, a concepção da Lei de regulamentação da profissão
do serviço social.

Seção 1: Código de ética de 1993 do serviço social


Nesta unidade você aluno estudará o processo de
construção do Código de Ética do Serviço Social
de 1993, assim como se aprofundar nos princípios
éticos que direcionam a conduta do profissional de
serviço social, os compromissos éticos com os direi-
tos, deveres e um enfoque especial na questão do
sigilo profissional.

Seção 2: O projeto ético-político do serviço social


É uma conquista que teve um processo histórico
construção ao longo das três últimas décadas pela
categoria profissional de serviço social. Remete o
valor central com a liberdade e assume o compro-
misso com autonomia, emancipação e expansão dos
direitos.

Seção 3: Lei de regulamentação da profissão de


serviço social
Vamos estudar nesta seção a Lei n. 8.6662/93, de
7 de junho de 1993, os parâmetros estabelecidos
pela Lei que vem com o propósito de regulamentar
a atuação profissional, a qual define quais são as
competências, atribuições privativas da profissão do
Serviço Social.
Código de ética de 1993 ao projeto ético -político do serviço social 81

Introdução ao estudo

Atualmente, o profissional de serviço social enfrenta grandes desafios, com


constantes alterações com as demandas atuais e mantêm as antigas, a dinâmica
da sociedade nos pode pôr em conflitos constantes com o compromisso ético
profissional.
Vivenciamos a transição da década de 1980 para 1990, assim como as
conquistas eminentes da Constituição Federal das Repúblicas de 1988 e um
aglomerado de legislação social, as novas características do cenário econômico,
político, social, entre outra. Nessa transição foi necessária uma revisão do
ate atual Código de Ética de 1986; assim temos o Código de Ética do Serviço
Social de 1993.
O Código de Ética de 1993 tem o propósito de garantir a ampliação das
conquistas profissionais, proporcionando a flexibilização ética quando elegem
os valores dos princípios profissionais, os quais norteiam a conduta do pro-
fissional, traz o compromisso como o exercício profissional com a sua base
central na liberdade, democracia, cidadania, justiça social e igualdade social.
Descrever normas e princípios que determinam direitos, deveres e compromis-
sos do profissional do serviço social com os usuários, instituições empregatícia,
colegas de profissão, entre outros.
Vinculado a um projeto societário o serviço social define um projeto pro-
fissional, o qual determina com Projeto Ético Político do Serviço Social, que
renovou no âmbito da interpretação teórico-metodológico e política, rompendo
com o tradicional profissional conservador, com a finalidade de adequar a pro-
fissão criticamente as exigências da sociedade contemporânea, elegem a liber-
dade como valor central e está pautada na reflexão ética necessária para disputa
política e ideológica.
A regulamentação da profissão do serviço social, definida com a Lei n.
8.6662/93,
8.662/93 de 7 de junho de 1993, e estabelece o exercício profissional, suas
competências, atribuições privativas.
Nesta unidade abordaremos Código de Ética de 1993 ao Projeto Ético-polí-
tico do Serviço Social, trazendo no primeiro momento o estudo da concepção
histórico do Código de Ética do Serviço Social de 1993, onde vamos buscar o
enfoque especial aos Princípios Ético é um tópico especial para trabalhar com
as questões que envolvem o Sigilo no Serviço Social; a seguir a importância da
82

construção histórica que foi gestada nas três últimas décadas, a concepção de
novos valores profissional e o rompimento do conservadorismo na profissão,
com uma visão inovadora de compromisso com a categoria definida como O
Projeto Ético-político do Serviço Social; e encerraremos esta unidade com uma
reflexão relacionada ao mesmo cenário histórico de concepção que foi a gestão
da Lei de Regulamentação da Profissão de Serviço Social de n. 8.6662/93 de
8.662/93
7 de junho de 1993.

Seção 1 Código de ética de 1993 do serviço


social

O serviço social nos anos 90 retrata o reflexo dos mecanismos de acumula-


ção do capitalismo, seu panorama mundial da globalização e as transformações
do neoliberalismo, os quais ameaçam a efetivação dos direitos sociais até então
conquistados por meio das políticas sociais no Brasil. A presença da ética ca-
pitalista impera a competitividade, o dinheiro, o consumo, o individualismo,
assim como os desafios da profissão ao longo da década com a consolidação
de um projeto ético-político.
[...] A profissão enfrenta o desafio de decifrar algumas
lógicas do capitalismo contemporâneo particularmente
em relação às mudanças no mundo do trabalho e sobre os
processos desestruturadores dos sistemas de proteção so-
cial e da política social em geral (YAZBEK, 2009, p. 154).

Nesse contexto, de desmonte do sistema de proteção social, e perante as


contradições vivenciadas, o Código de Ética de 1993 vem garantir a ampliação
das conquistas profissionais até então descrita no código anterior, com referen-
cias do exercício profissional com o compromisso com os usuários, com seus
valores comprometidos com liberdade, democracia, cidadania, justiça social
e igualdade social.
Não podemos deixar de mencionar, mesmo no cenário de contradições e
avanço do neoliberalismo, que as conquistas democráticas da Constituição de
1988, como constituição cidadã, vem fundamentar os direitos humanos e sociais.
Período marcado pela ocupação de espaço dos movimentos sociais e nas
diversas ações coletivas, como sindicatos, associações, entre outros; no plano
nacional nascem iniciativas locais ou recriam condições de espaços para o
poder local, assim o assistente social agrega o compromisso profissional com
Código de ética de 1993 ao projeto ético -político do serviço social 83

os princípios democráticos e com a classe trabalhadora, “[...] fundamenta-se


no princípio de que os valores são determinações da vida social, resultantes da
atividade criadora tipificada do processo de trabalho” (SIMÕES, 2009, p. 522).
Segundo Barroco (2009, p. 179, grifo do autor), o Código de Ética do Serviço
Social de 1993 afirma:
[...] a centralidade do trabalho na constituição do homem:
sujeito das ações éticas e da criação dos valores. Revelada
em sua densidade histórica, a sua concepção ética está arti-
culada a valores ético-político, como a liberdade, a justiça
social e a democracia, e o conjunto de direitos huma nos
(civis, políticos, sociais, culturais e econômicos).

A profissão enfrenta desafios com as lógicas do capital e as mudanças no


perfil do mundo do trabalho, sua atuação profissão enfrenta as desigualdades
sociais vigente, com as políticas sociais e o sistema de proteção social fragi-
lizados, entende-se reflexo do neoliberalismo que tem foco em programas
seletivos, e prioriza programas de combate a pobreza.
Segundo Yazbek (2009, p. 155, grifo do autor), na década de 1990 o Serviço
Social está inserido em um processo contraditório:
[...] o Serviço Social da década de 90 se vê confrontado
com este conjunto de transformações societárias no qual
é desafiado a compreender e intervir nas novas configura-
ções e manifestações da “questão social”, que a precari-
zação do trabalho e a penalização dos trabalhadores na
sociedade capitalista contemporânea.

A década de 1990 apresentou significativas mudanças e apontou justifica-


tivas de alternativas da racionalização e do desenvolvimento econômico.
Temos uma reformulação nas relações do trabalho com a desfragmenta-
ção, flexibilização e terceirização deste, que traz consequência, “[...] tendo
como finalidade a sua reestruturação nos moldes neoliberais, descortinam
um cenário perverso, em termos dos direitos humanos e das possibilidades
de objetivação da ética” (BARROCO; TERRA, 2012, p. 18).
Yazbek (2009, p. 155) diz que emergem os processos e dinâmicas com
novas temáticas e as demandas de sempre para a profissão do assistente social:
[...] o desemprego, o trabalho precário, os sem-terra, o
trabalho infantil, a moradia nas ruas ou em condições de
insalubridade, a violência doméstica, as discriminações
por questões de gênero e etnia, as drogas, a expansão da
AIDS, as crianças e adolescentes sem recursos, e outras
84

tantas questões e temáticas relacionadas a pobreza, a


subalternidade e à exclusão com suas múltiplas faces.

O contexto histórico representou o cenário político para a efetivação do


Código de Ética de 1993; desenvolve-se ao logo da década de 1990 e 2000,
com alguns eixos articuladores para a sua efetivação, que Yasbek apresenta como
a Seguridade Social, a Assistência Social e a questão da municipalização e da
descentralização.
A Seguridade Social, que após a Constituição de 1988, inclui a Assistên-
cia Social no tripé da Seguridade Social junto com a Saúde e a Previdência
Social. Entende-se que os cidadãos tenham acesso ao conjunto de serviços e
bens, que cumpram com o papel de garantir ou reduzir a situação de risco e
vulnerabilidade.
De acordo com Constituição Federal do Brasil de 1988:
A Seguridade social compreende um conjunto integrado
de ações de iniciativa dos poderes públicos e da socie-
dade, destinada a assegurar os direitos relativos à saúde,
à previdência e à assistência social (BRASIL, 1988, p. 1).

A Assistência Social tem a sociedade civil com sua participação ativa nas
lutas na construção das políticas sociais públicas, que ao longo desses anos
foram marcadas pela garantia dos direitos políticos, concentrou sua força na
consolidação de direitos, os quais, afiançados pela Constituição Federal de
1988, e outras legislação social pertinentes, com enfoque na participação
popular por meio de organizarem nos conselhos, fóruns, conferências, como
forma de controle da “coisa pública”.
A assistência social como política pública, orienta-se pelos direitos de
cidadania e não pela ajuda ou favor, até então vivenciado pelo serviço social,
o Código de Ética de 1986 rompe com esta visão e o Código de Ética de 1993,
compromete-se com os princípios profissionais que são legitimados com
a Constituição Federal, assim como a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS).
De acordo com a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS): Art. 1° “A As-
sistência Social, direito do cidadão e dever do Estado, é política de seguridade
não contributiva, que provê os mínimos sociais” (BRASIL, 1993).
A Municipalização e a Descentralização das políticas sociais públicas vem
ocorrendo no mundo todo desde a década de 1980, com propósito de possi-
bilitar a aproximação e a melhora no atendimento da população em relação à
gestão local, com diagnóstico local, priorizando a necessidade da população
Código de ética de 1993 ao projeto ético -político do serviço social 85

em suas residências, no seu território e oportuniza conhecer com profundidade


a realidade e elaborar diagnósticos sociais, produzindo os conhecimentos so-
bre a realidade vivenciada e os riscos sociais, conhecimentos que subsidia a
definição e as prioridades de políticas sociais públicas.
Segundo Yazbek (2009, p. 156):
A questão da municipalização e da descentralização das
políticas sociais públicas e outros aspectos daí decorren-
tes, seja da ótica da racionalização de recursos, humanos
e sociais com vistas a seus efetivos resultados, tanto na
perspectiva de aproximação a gestão destas políticas dos
cidadãos. Notável são desde os anos 1990, em todo o
território nacional a presença e o protagonismo do assis-
tente social em fóruns e conselhos vinculados às políticas
de saúde, de assistência social, da criança e do adolescente,
entre outras, participando ativamente na defesa de direitos
e no controle social das políticas públicas.

O Sistema Único de Assistência Social (SUAS), tem o propósito de organizar


a assistência social, considerando onde as pessoas vivem e o tipo de proteção
que elas precisam. Isto é territorialização, ou seja, combinar o atendimento às
necessidades.
A simples presença de uma política pública pode não
revelar sua capacidade de interferência nas situações de
exclusão social, visando colocar os sujeitos na condição
de protagonistas a caminho da inclusão social. Faz-se
fundamental o modo pelo qual a política pública opera,
levando em conta a cultura, a geografia da própria popu-
lação com a qual trabalha e a participação dos cidadãos
(KOGA, 2003, p. 28).

Compreende-se que o atual Código de Ética do Serviço Social corresponde


a uma construção efetiva da conquista da democracia e da cidadania, perante
uma Constituição Federal comprometida com a cidadania, a democracia e a
equidade social. Com esse código vem complementar as propostas do Código
de ética do serviço social 1986, porém estender seus compromissos diante dos
principais princípios éticos.
Efetiva-se a construção do atual código ante um processo construído his-
toricamente nas últimas décadas, o qual se materializa no comprometimento
com projeto ético-político do serviço social
Os valores e princípios foram se reafirmando na vida
cotidiana através da participação cívica e política, do
86

trabalho, da vivencia e enfrentamento de novas necessi-


dades, escolhas e posicionamentos de valores, de recusa
de papeis tradicionais, da incorporação de novos refe-
renciais ético-morais, entre outro aspecto (BARROCO,
2009, p. 178).

O Código de Ética do Serviço Social de 1993 tem a centralidade do traba-


lho na constituição do homem como sujeito na concepção histórica da ética,
o que cabe ao profissional fazer uma reflexão crítica da realidade a qual está
inserido, com o propósito da busca da capacitação continuada no referencial
teórico-metodológico, o qual norteia a atuação profissional no cotidiano. Como,
estar atento às responsabilidades e aos compromissos com ética profissional,
não como uma opção de escolha, e sim com o propósito ações consciente e
críticas do alargamento do espaço profissional de conquistas democráticas na
Constituição Federal da República de 1988, os quais afiançados com outras
legislações sociais complementam e fundamentam os direitos humanos e so-
ciais, tais como os valores centrados de dignidade, igualdade e a liberdade.
[...] os valores contidos no código de ética profissional
são orientadores das opções, escolhas, dos posiciona-
mentos e julgamentos de valor realizado cotidianamente.
Todavia, para que materializem, é preciso que ganhem
efetividade na transformação da realidade, na prática
social concreta, seja ela na direção de um atendimento
realizado, de uma necessidade respondida, de um direito
adquirido (BARROCO, 2009, p. 181).

O atual código de ética descreve os princípios éticos, na busca no debate de


forma coletiva com compromisso com os valores e princípios que visa orientar
a conduta profissional. Vamos estudá-los a seguir.

1.1 Princípio ético

1.1.1 O que são os princípios do código de ética do serviço


social?
Os princípios são formulados com fundamentos em um conjunto de valores
resultados das relações criadas no processo histórico da profissão do serviço
social, com o compromisso ético com a vida social na relação do homem
com o trabalho; prescrevem as determinações de parâmetros metodológicos
do cotidiano profissional.
Código de ética de 1993 ao projeto ético -político do serviço social 87

Simões (2009, p. 522) refere que não se trata de um código de conteúdo


meramente corporativo:
[…] institui, como princípios, a opção do assistente social
por um projeto profissional vinculado à construção de
uma nova ordem social, sem denominação e exploração
de classes sociais e a luta geral dos trabalhadores.

Vamos conhecer os onze princípios estabelecidos pelo Código de Ética do


Serviço Social de 1993 (BARROCO; TERRA, 2012, p. 121-31):
I. Reconhecimento da liberdade como valor ético central e
das demandas políticas a ela inerentes — autonomia,
emancipação e plena expansão dos indivíduos sociais;
II. Defesa intransigente dos direitos humanos e recusa do
arbítrio e do autoritarismo;
III. Ampliação e consolidação da cidadania, considerada
tarefa primordial de toda sociedade, com vistas à ga-
rantia dos direitos civis sociais e políticos das classes
trabalhadoras;
IV. Defesa do aprofundamento da democracia, enquanto
socialização da participação política e da riqueza so-
cialmente produzida;
V. Posicionamento em favor da equidade e justiça social, que
assegure universalidade de acesso aos bens e serviços
relativos aos programas e políticas, bem com sua gestão
democrática;
VI. Empenho na eliminação de todas as formas de precon-
ceito, incentivo o respeito à diversidade, à participação
de grupos socialmente discriminados e à discussão das
diferenças;
VII. Garantia do pluralismo, através do respeito às correntes
profissionais democráticas existentes e suas expressões
teóricas, e compromisso com o constante aprimora-
mento intelectual;
VIII. Opção por um projeto profissional vinculado ao pro-
cesso de construção de uma ordem societária, sem
dominação-exploração de classe, etnia e gênero.
IX. Articulação com os movimentos de outras categorias
profissionais que partilhem dos princípios deste Código
e com a luta geral dos trabalhadores;
X. Compromisso com a qualidade dos serviços prestados
à população e com o aprimoramento intelectual, na
perspectiva de competência profissional;
XI. Exercício do Serviço Social sem ser discriminado/a, nem
discriminar por questões de inserção de classe social, gê-
nero, etnia, religião, nacionalidade, orientação sexual,
identidade de gênero, idade e condição física.
88

Liberdade como construção coletiva, a qual resgata a dimensão do indi-


víduo, assim compreendemos que o referido código opera com o resgate da
dimensão.
Iamamoto (2008) diz que entende a cidadania como a capacidade dos in-
divíduos ao acesso a uma efetiva democracia, a qual se relaciona ao aprimora-
mento de bens socialmente produzidos, bem como empregar a potencialidade
do indivíduo na suas capacidades.
A institucionalização da participação popular por meio dos conselhos;
espaço de debate sobre as diretrizes das políticas sociais; relação de força,
inclusive sobre as prioridades do fundo público.
Perante o panorama mundial de globalização e o neoliberalismo, encontra-
mos as empresa como globais, os produtos são globais e as pessoas passaram
a pensar globalmente e se relacionarem dessa forma. Há, pois a presença
da ética capitalista que impera a competitividade, o dinheiro, o consumo, o
individualismo. O campo das políticas fragiliza suas funções sociais e vai se
expondo um contingente de pessoas de “fora”, ou seja, não encaixam nessas
novas relações, as margens do progresso.

Para saber mais


Diante do panorama mundial da globalização, mundialização e crises econômicas de refletem
no mundo todo. Entende-se o que determina fatores econômicos, políticos e sociais.
Para arraigar nos conhecimento recomenda-se a leitura na “íntegra da referência” do Instituto
de Pesquisa, Geográfica e Estatística — IBGE: Síntese de Indicadores Sociais — uma análise
para as condições de vida da População Brasileira de 2010.
Acesse o link: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/
indicadoresminimos/sinteseindicsociais2010/SIS_2010.pdf>.
<http://www.uff.br/observatoriojovem/sites/default/files/documentos/Sintese_dos_Indicadores_
Sociais_do_IBGE_2010.pdf>.

A equidade e justiça social “[...] relaciona-se a garantia de assegurar a uni-


versalidade de acesso aos bens e serviços relativos aos programas e políticas
sociais” (BARROCO; TERRA, 2012, p. 121). A justiça social fala da necessidade
de atribuir a cada um, o que é seu e pressupõe a dignidade de cada um e os
direitos do outro.
Código de ética de 1993 ao projeto ético -político do serviço social 89

Links
Confira as resoluções abaixo:
Resolução CFESS n. 489/2006
<http://www.cfess.org.br/pdf/resolucao_4892006.pdf>.
Resolução CFESS n. 615/2011
<http://www.cfess.org.br/arquivos/615-11.pdf>.

Quando se trabalha priorizando o respeito as diversidades, hoje ocupa-se


um grande espaço nas mídias, porém esta questão vem a muito tempo atrás,
pois o país desenvolve-se com exclusões e diversidades, compreende o respei to
as diferenças e proporcionar a equidade a todos, independente de como raça,
gênero, idade, orientação sexual, saúde entre outros, com a discussão das
diferenças.
Essa exclusão por vezes pode ocorrer quando alguma
dessas identidades interfere em outros papéis que a pessoa
representa. Por receio, insegurança ou para se preservar
de possíveis constrangimentos, uma pessoa pode ocultar
uma identidade para poder exercer certos papéis sociais,
ou para poder participar de um determinado grupo. Nisso
influem razões que variam desde a cultura de dominação
em relação a certas posturas até preconceitos explícitos,
que não aceitam que uma pessoa com uma determinada
identidade frequente um grupo (BARRETO, 2008, p. 2).

O assistente social deve ter um posicionamento norteado pelo pluralismo,


que correspondem o respeito às correntes de pensamentos existente ante suas
expressões teóricas, sem perder de vista a busca constante pelo aprimoramento
intelectual.
A primeira questão que se deve considerar quando
pensamos em projetos (individuais ou coletivos) em
uma sociedade de classes é o caráter político de toda
e qualquer prática. Todas as formas de prática envolvem
interesses sociais os mais diversos que se originam, atra-
vés de múltiplas mediações, das contradições das classes
sociais em conflito na sociedade. O que as movem na
verdade são as necessidades sociais reais que lançam os
homens em atividades humano‐criadoras percebidas no
90

metabolismo social (trabalho — ato fundante das rela-


ções sociais) (BARROCO, 2009, p. 181, grifo do autor).

A articulação como os movimentos de outras categorias profissionais que


partilhem dos princípios deste Código e com a luta geral dos trabalhadores.
Sintonizada com as lutas pela redemocratização da so-
ciedade, parcela da categoria profissional, vinculada
ao movimento sindical e às forças mais progressistas,
se organiza e disputa a direção dos Conselhos Federal
e Regionais, com a perspectiva de adensar e fortalecer
esse novo projeto profissional. Desde então, as gestões
que assumiram o Conselho Federal de Serviço Social
imprimiram nova direção política às entidades, por meio
de ações comprometidas com a democratização das
relações entre o Conselho Federal e os Regionais, bem
como articulação política com os movimentos sociais e
com as demais entidades da categoria, e destas com os
profissionais (CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SO-
CIAL, 2012, p. 1).

O profissional de serviço social se comprometer com a qualidade dos servi-


ços prestados à população e com o aprimoramento intelectual, na perspectiva
da competência profissional.
[...] a competência não é algo pronto e acabado, nem
se adquire de forma mágica e instantânea. Também não
é produto espontaneismo ou de modelos fixos e pre-
definidos nem da empreitada solitária dos indivíduos.
Trata-se, sim, de uma experiência gradual e comparti-
lhada, interseccionada pelas circunstância e condições
de trabalho, enquanto desempenho profissional (PAIVA,
2010, p. 204).

Para saber mais


O Projeto Ético-político do Serviço Social é resultado de década de um processo de construção
pela categoria dos profissionais de serviço social.
Conheça este texto na íntegra: A formação profissional na consolidação do projeto ético-político
do serviço social — Cristiane Carla Konno.
Disponível em:
<http://cac-php.unioeste.br/projetos/gpps/midia/seminario2/trabalhos/servico_social/MSS40.pdf>.
Código de ética de 1993 ao projeto ético -político do serviço social 91

A atuação do profissional do serviço social tem o compromisso de estar


livre de discriminação e isso requer o direito de não ser discriminado, por
questões de inserção de classe social, gênero, etnia, religião, nacionalidade,
opção sexual, idade e condição física, ou mesmo na opção de escolha com a
formação, como é o casso dos alunos do EAD, se caso sentirem discriminados
tem o direito de denunciar junto os organismos que representam a profissão,
“[...] na diferença está a matriz da identidade. Saber trabalhá-la eticamente
constitui a fertilidade e a potencialidade dos nossos conhecimentos e ações”
(PAIVA, 2010, p. 206, grifo do autor).
Após termos estudado as definição e reflexão dos onze princípios estabele-
cidos pelo Código de Ética do Serviço Social de 1993, na sequência o Código
de Ética se estrutura em quatro títulos, e seu desdobramento a partir está nas
normas de direitos, deveres e proibições.
Título I — Disposições Gerais;
Título II — Dos Direitos e Das Responsabilidades;
Título III — Das Relações Profissionais;
Título IV — Da Observância, Penalidades, Aplicação e Cumprimento.
O que representa os direitos do assistente social?
“Os direitos são faculdades, assegurados ao profissional de fazer ou não
fazer alguma coisa” (SIMÕES, 2009, p. 524).
De acordo com o Código de Ética do Serviço Social de 1993, Título II dos
direitos e das responsabilidades gerais do assistente social, Art. 2º, constitui
direitos do assistente social.
a. Garantia e defesa de suas atribuições e prerrogativas,
estabelecidas na Lei de Regulamentação da Profissão
e dos princípios firmados neste Código;
b. Livre exercício das atividades inerentes à profissão;
c. Participação na elaboração e gerenciamento das po-
líticas sociais, e na formulação e implementação de
programas sociais;
d. Inviolabilidade do local de trabalho e respectivos arqui-
vos e documentação, garantindo o sigilo profissional;
e. Desagravo público por ofensa que atinja a sua honra
profissional;
f. Aprimoramento profissional de forma contínua, colo-
cando-o a serviço dos princípios deste Código;
g. Pronunciamento em matéria de sua especialidade,
sobretudo quando se tratar de assuntos de interesse
da população;
92

h. Ampla autonomia no exercício da Profissão, não sendo


obrigado a prestar serviços profissionais incompatíveis
com as suas atribuições, cargos ou funções;
i. Liberdade na realização de seus estudos e pesquisas,
resguardados os direitos de participação de indivíduos
ou grupos envolvidos em seus trabalhos (CONSELHO
FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL, 2011, p. 26-27).
Ressaltamos que o profissional não deve esquecer-se dos deveres relatados
no Capítulo I — Das Relações com os Usuários, o Art. 5º: são deveres do assis-
tente social nas suas relações com os usuários; o Capítulo II — Das Relações
com as Instituições Empregadoras e outras o Art. 8º: são deveres do assistente
social; Capítulo III — Das Relações com Assistentes Sociais e outros Profissio-
nais, o Art. 10: são deveres do assistente social; Capítulo IV — Das Relações
com Entidades da Categoria e demais Organizações da Sociedade Civil, Art.
13: são deveres do assistente social; Capítulo VI Das Relações do Assistente
Social com a Justiça, Art. 19: são deveres do assistente social; Título IV Da
Observância, Penalidades, Aplicação e Cumprimento Deste Código, Art. 21:
são deveres do assistente social.
O que são os deveres?
“Os deveres são as obrigações de fazer” (SIMÕES, 2009, p. 524).
De acordo com o Código de Ética do serviço Social de 1993 Título II dos
direitos e das responsabilidades gerais do assistente social, Art. 3
o
, constitui
deveres do assistente social:
a. Desempenhar suas atividades profissionais, com efi-
ciência e responsabilidade, observando a legislação
em vigor;
b. Utilizar seu número de registro no Conselho Regional
no exercício da Profissão;
c. Abster-se, no exercício da Profissão, de práticas que
caracterizem a censura, o cerceamento da liberdade,
o policiamento dos comportamentos, denunciando sua
ocorrência aos órgãos competentes;
d. Participar de programas de socorro à população em
situação de calamidade pública, no atendimento e
defesa de seus interesses e necessidades (CONSELHO
FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL, 2011, p. 27).
O que representam as proibições?
“São obrigações de não fazer” (SIMÕES, 2009, p. 524).
Código de ética de 1993 ao projeto ético -político do serviço social 93

Segundo o Código de Ética do Serviço Social de 1993 Título II dos direitos


e das responsabilidades gerais do assistente social, Art.o,4é vedado ao assis-
tente social:
a. Transgredir qualquer preceito deste Código, bem como
da Lei de Regulamentação da Profissão;
b. Praticar e ser conivente com condutas antiéticas,
crimes ou contravenções penais na prestação de ser-
viços profissionais, com base nos princípios deste
Código, mesmo que estes sejam praticados por outros
profissionais;
c. Acatar determinação institucional que fira os princí-
pios e diretrizes deste Código;
d. Compactuar com o exercício ilegal da Profissão, inclu-
sive nos casos de estagiários que exerçam atribuições
específicas, em substituição aos profissionais;
e. Permitir ou exercer a supervisão de aluno de Serviço
Social em Instituições Públicas ou Privadas que não
tenha em seu quadro assistente social que realize
acompanhamento direto ao aluno estagiário;
f. Assumir responsabilidade por atividade para as quais
não esteja capacitado pessoal e tecnicamente;
g. Substituir profissional que tenha sido exonerado por
defender os princípios da ética profissional, enquanto
perdurar o motivo da exoneração, demissão ou
transferência;
h. Pleitear para si ou para outrem emprego, cargo ou
função que estejam sendo exercidos por colega;
i. Adulterar resultados e fazer declarações falaciosas
sobre situações ou estudos de que tome conhecimento;
j. Assinar ou publicar em seu nome ou de outrem tra-
balhos de terceiros, mesmo que executados sob sua
orientação (CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SO-
CIAL, 2011, p. 28).
Vamos refletir o direito que se configura em um dever do assistente social,
que é a relação com o sigilo profissional. É de suma importância para os alunos
e profissionais saberem administrar esta seção do código, que a nosso enten-
dimento, vai além de um tópico descrito em um código de normas e regras,
refere-se a um compromisso de cidadania, com a profissão, com a categoria e
com os usuários de serviço social.

1.2 Sigilo no serviço social


Um dos deveres éticos que o profissional de serviço social tem que estar
constantemente atento refere-se ao compromisso com sigilo, que se restringe
94

às informações coletadas dos usuários numa relação de confiabilidade no exer-


cício profissional, está no código de ética no Cap. V — Do Sigilo Profissional,
“[...] pode ser invocado, pelo profissional, mesmo quando ameaçado; como
também, na maior parte das vezes, se constitui em uma obrigação” (SIMÕES,
2009, p. 524).
O que define como sigilo?
“O termo sigilo tem raiz latina, uma derivação de selo, como a significação
de informação reservada, não aberta a qualquer um do povo” (SIMÕES, 2009,
p. 526).
É necessário analisarmos detalhadamente o cotidiano da atuação pro-
fissional, em que os usuários atendidos pelo profissional de serviço social
geralmente estabelece uma relação de confiança, a qual deve ser respeitada,
pois é neste espaço de atendimento do usuário com o assistente social que
pode ser em uma sala de atendimento, um leito de hospital, uma sala de
reunião, espaços públicos como centro comunitário, na residência com a
visita domiciliar, entre outro espaço utilizado. Você aluno pode ouvir de
alguns profissionais o relato de atendimento social até mesmo embaixo de
uma árvore; acredite, no nosso contexto histórico profissional realmente
vivenciamos essa realidade. É bom relembrar, não existiam os Centro de
Referência da Assistência Social (CRAS).
Em que consiste o sigilo para os profissionais de serviço social?
Consiste na obrigação profissional de não divulgar fatos,
relatos pelo usuário ou beneficiário, ou constantes de
documentos, relativos à sua privacidade ou de terceiros
e que somente são por ele conhecidos em consequência
do exercício profissional (SIMÕES, 2009, p. 526).

Assim, como no atendimento do profissional do serviço social com ou-


tras categorias profissionais, nos trabalhos em equipe multidisciplinar ou
interdisciplinar.
Vamos a um exemplo do serviço social em uma equipe interdisciplinar na
área da saúde; em primeiro momento faz-se necessária a clareza de desem-
penho de papéis e/ou funções profissionais definidas para evitar o equívoco
de funções.
Qual é a função do profissional?
Do médico;
Do enfermeiro;
Código de ética de 1993 ao projeto ético -político do serviço social 95

Do fisioterapeuta;
Do administrador;
Do psicólogo;
Do assistente social.
Quando o profissional de serviço social faz parte de uma equipe de traba-
lho são importantes, à definição “clara” dos papéis desempenhados, esclare-
cer as suas atribuições e competências, com a elaboração de um manual de
normas, rotinas e atendimentos, e criar junto com a equipe uma rotina que
assegure a atuação do Serviço Social com os usuários e as famílias, na relação
interdisciplinar.
Algumas vezes, observamos a falta de clareza de papéis em uma equipe de
trabalho. O profissional de serviço social não deve ser considerado o profis-
sional que informa a equipe, como se fosse um mero investigador, “cuidado”;
é bom ter cautela ao repasse de informações na equipe de trabalho. Somente
expor o que realmente vai complementar os objetivos comuns; seja ético. Al-
gumas vezes teremos que responder que o nosso compromisso ético não nos
permite expor o usuário ou seus familiares, caso contrário o profissional pode
ser configurado como abuso de direito.
De acordo com o atual Código de Ética do Serviço Social de 1993, Cap.
V — Do Sigilo Profissional:
Art. 15 — Constitui direito do assistente social manter o
sigilo profissional;
Art. 16 — O sigilo protegerá o usuário em tudo aquilo de
que o assistente social tome conhecimento, como decor-
rência do exercício da atividade profissional;
Art. 17 — É vedado ao assistente social revelar sigilo
profissional (RIO DE JANEIRO, 1993, p. 7).

O sigilo profissional como direito do assistente social e a proteção ao usuário


quanto ao teor revelado em decorrência do exercício das funções profissionais,
“[...] a violação do sigilo, além de infração ética, constitui-se também em crime
contra a liberdade individual” (SIMÕES, 2009, p. 526).
Quando se permite a quebra do sigilo profissional no atual código de ética
do serviço social?
Art. 18 — A quebra do sigilo só é admissível quando se
tratarem de situações cuja gravidade possa, envolvendo ou
não fato delituoso, trazer prejuízo aos interesses do usuário,
de terceiros e da coletividade.
96

Parágrafo único: em trabalho multidisciplinar só poderão


ser prestadas informações dentro do estritamente neces-
sário (RIO DE JANEIRO, 1993, p. 7).

Está claro que a quebra do sigilo profissional com a referenciada como


infração grave pode colocar em risco a vida do usuário ou da comunidade.
Compete o cuidado de estabelecer o respeito ao sigilo profissional e somente
a quebra determinada pelo Código de Ética do Serviço Social, de 1993.

Questões para reflexão


Quando o profissional de serviço social pode revelar um “fato” que
adquira conhecimento por meio do atendimento social?
O que determina uma situação cuja gravidade possa envolver ou
não fato delituoso?

Vamos trabalhar com um exemplo; um profissional de serviço social em


atendimento social com uma senhora, a mesma relata numa relação de con-
fiança com o profissional, que sua filha de 7 (sete) anos está sofrendo de abuso
sexual por parte de seu companheiro, o qual não é pai biológico da criança,
porém estão amasiados há 4 anos.
Como proceder de forma ética em relação ao sigilo profissional?
Deve ou não revelar a situação relatada pela mãe (usuária) em um aten-
dimento social?
Como administrar a relação de confiabilidade existente entre usuário e
profissional?
São questões que todos os profissionais vivenciam e provavelmente você
aluno vai vivenciar situações muito parecida com a relatada acima, lembre-se
sempre de discutir o caso com o seu professor supervisor de campo ou aca-
dêmico, “[...] a quebra do sigilo, embora excepcional e tenha como parâmetro
a relativização do valor ético, depende da análise das situações concretas”
(SIMÕES, 2009, p. 529).
Cabe ao profissional primeiramente as orientações a esta mãe dos
riscos expostos a toda a família, principalmente dos direitos da criança
contidos na Lei do Estatuto da Criança e do Adolescente — Lei n. 8.069
(BRASIL, 1990).
Código de ética de 1993 ao projeto ético -político do serviço social 97

No Capítulo I — Do Direito à Vida e à Saúde:


Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de maus-
-tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoria-
mente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva
localidade, sem prejuízo de outras providências legais
(BRASIL, 1990).

No Capítulo II — Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade:


Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança
e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer trata-
mento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou
constrangedor (BRASIL, 1990).

Permite o procedimento adequado nesta situação, como:


Orientação à mãe (usuária), à família;
Encaminhamentos ao acompanhamento de profissional médico, psicó-
logo, assistente social;
Encaminhamentos ao Conselho Tutelar do município;
Encaminhamento de ofício à promotoria da Vara Infância e Juventude de
Londrina.
Como demonstrado no exemplo, cabe ao profissional a quebra do sigilo
profissional considerando a gravidade do momento e os riscos de consequên-
cias futuras.
Considerando todos os procedimentos da atuação do serviço social, não
cabe aqui uma receita pronta de atuação profissional, somente estimular uma
reflexão e a busca constante de conhecimentos da atuação profissional.
De acordo com Simões (2009, p. 527):
[...] o sigilo deve prevalecer, porque se constitui em ele-
mento essencial e necessário à confiança que permeia a
relação entre ele e o usuário ou beneficiário. Isso porque
o exercício profissional torna indispensável à confiança e
à boa-fé entre as partes, constituindo-se como pressuposto
de sua eficácia.

Referente ao nosso estudo do Código de Ética atual do Serviço Social, elen-


camos alguns tópicos; porém faz-se necessária a leitura completa do Código de
Ética do Serviço Social de 1993, o qual traz ao debate ético profissional, novos
elementos e tem um momento único no processo de construção do projeto
ético-político do Serviço Social no Brasil, que afirmou valores e diretrizes para
98

o exercício profissional com propósito de um projeto profissional, “[...] vincu-


lado à construção de uma nova ordem social, sem dominação e exploração
de classes sociais e a luta geral dos trabalhadores” (SIMÕES, 2009, p. 522).
O processo de construção do código de ética do serviço social construiu
como um projeto profissional, Iamamoto (2009, p. 18) diz:
[...] radicalmente inovador e crítico, com fundamentos
históricos e teórico-metodológicos hauridos na tradição
marxista, apoiado em valores e princípios éticos radical-
mente humanistas e nas particularidades da formação
histórica do país.

Segundo Netto (2008, p. 151), o Código de Ética do Serviço Social de 1993,


apresenta como:
[...] as unilateralidades e limites foram superados e,
de fato, o novo código incorporou tanto a acumulação
teórica realizada nos vinte anos pelo corpo profissional
quanto os novos elementos trazidos ao debate ético pela
urgência da própria revisa. Neste sentido, o Código de
Ética profissional de 1993 é um momento basilar do pro-
cesso de construção do projeto ético-político do Serviço
Social no Brasil.

Continuamos o nosso estudo. A seguir abordaremos o Projeto Ético-político


do Serviço Social, o qual é visto e construído nas últimas três décadas como
resultado de um processo histórico da categoria profissional.
Código de ética de 1993 ao projeto ético -político do serviço social 99

Seção 2 O projeto ético-político do serviço


social

O Projeto Ético-político do Serviço Social tem seu marco na transição da


década de 1970 a 1980, o que coincidiu com a crise da Ditadura, com o espaço
de amplo debate pela categoria e na busca do referencial teórico-metodológico;
com o comprometimento com a luta da classe trabalhadora, pode-se dizer que
o projeto é um processo, sendo construído historicamente com o compromisso
ético e em contínuo desdobramento.
Segundo Netto (2008, p. 167):
Importantes investimentos acadêmico-profissionais foram
realizados no sentido de se construir uma nova forma de
pensar e fazer o Serviço Social, orientados por uma pers-
pectiva teórico-metodológica apoiada na teoria crítica
e em princípios éticos de um humanismo radicalmente
histórico, norteadores do projeto de profissão no Brasil.

De acordo com Netto é nos anos 70 e 80 que o serviço social colhe seus
primeiros frutos com os espaços das pós-graduações e se consolida na produ-
ção de conhecimentos.
[...] nos anos 70, quando, como resultado da Reforma
Universitária imposta pela ditadura, o Serviço Social
legitimou-se no âmbito acadêmico, surgem os cursos de
pós-graduação (primeiro os mestrados e depois, nos anos
oitenta, os doutorados; também foram fomentadas as
especializações) (NETTO, 2008, p. 151, grifo do autor).

A década de 1980, considerada por algumas referências teóricas como per-


dida economicamente, demonstra as intensas lutas em torno da redemocratiza-
ção do país, em que a insatisfação é generalizada, os movimentos sociais saem
às ruas. Constitui o cenário de discussão em torno de uma nova constituição:
um conjunto de direitos sociais básicos — (saúde, educação, assistência social,
habitação, entre outros).
Com as conquistas da Constituição de 1988, inclui a assistência social no
tripé da seguridade social, junto com a saúde e a previdência social. Entretanto,
nesse momento, já podemos perceber mudanças na nova ordem neoliberal,
tornando frágeis as bases constitucionais.
Entende-se sociedade civil como ações organizadas e planejadas ou,
às vezes, espontâneas, numa relação contraditória entre os diversos atores,
100

desenvolvendo-se e cristalizando-se em determinados espaços públicos. Nos


dias atuais organizam-se em conselhos, fóruns, conferências etc., cujo enfoque
está no controle dos serviços e das instituições públicas. Além disso, surgiram
novos movimentos ampliando e diversificando esse leque dos direitos, como
os ambientais, étnicos, entre outros.
Na construção das políticas sociais engendrou lutas, que foram marcadas
pela garantia dos direitos políticos, do longo da ditadura, e direitos sociais, de
lutas pela melhoria da condição de vida. Nos últimos anos a Sociedade civil
concentrou sua força na consolidação de direitos que foram afiançados pela
Constituição Federal do Brasil de 1988.
[...] a democracia torna-se, portanto, valor ético-político
central na medida em que é o único padrão de organiza-
ção política capaz de promover e assegurar a explicação
de valores essenciais como liberdade equidade (PAIVA,
2010, p. 163).

A década de 1990 é marcada pelas reformas do estado brasileiro, inicia-se


o processo com o governo Collor e, seguindo com o governo Fernando Henri-
que Cardoso, as orientações da perspectiva neoliberal, enfatizando a crise do
estado, atesta a falta de governabilidade e propõe uma “Reforma do aparelho
do estado”.
O adensamento do debate profissional, sobretudo na
década de 80 e início dos anos 90, levou a um ama-
durecimento na reflexão da teoria crítica dialética, que
fundamenta o projeto profissional a partir do chamado
processo de reconceituação. Reúne esforço de amplia-
ção da concepção de aliança com os usuários do Serviço
Social e das ideias de compromisso com os usuários de
Serviço Social e das ideias de compromisso com valores
de liberdade, democracia, cidadania e direitos sociais
(BONETTI, 2010, p. 14).

Faz-se necessária a reflexão do contexto histórico das políticas sociais; no


bojo de concepção de direitos, cidadania e políticas social devemos reconhecer
o papel do destaque dos assistentes sociais, bem como considerar que o projeto
ético-político do serviço social adota a liberdade como princípio central e pro-
põe a construção de uma nova ordem social, sem dominação e/ou exploração
de classe, etnia, ou orientações sexual. É reafirmar direitos e políticas sociais
no âmbito do capitalismo e lutar por eles.
Código de ética de 1993 ao projeto ético -político do serviço social 101

Como os profissionais de serviço social puderam estabelecer um projeto


tão avesso com a realidade atual?
Segundo Iamamoto (2010, p. 190-191), o Projeto Ético-política se materia-
liza ante um processo histórico, os quais destacam:
[...] relaciona com a explicação de princípios e valores
ético-políticos;
[...] refere à matriz teórica-metodológica em que se
ancora;
[...] emana da crítica radical à ordem social vigente
— a da sociedade do capital — que produz e repro-
duz a miséria ao mesmo tempo em que se exige uma
produção monumental de riquezas;
[...] manifesta nas lutas e posicionamentos políticos
acumulados pala categoria através de suas coletivas de
organização política em aliança com os setores mais
progressivos da sociedade brasileira.
O Projeto Ético-político se posiciona a favor da equidade e da justiça social,
na perspectiva da universalização, e na consolidação da cidadania e declara
radicalmente democrata, “[...] democratização como socialização da parti-
cipação política e socialização da riqueza socialmente produzida” (NETTO,
2008, p. 155), com o compromisso com a competência e o aperfeiçoamento
intelectual com ênfase na formação acadêmica, e passa vislumbrar uma nova
relação com os usuários.
[...] compromisso com a qualidade dos serviços presta-
dos à população, aí incluída a publicidade dos recursos
institucionais, instrumento indispensável para a sua de-
mocratização e universalização e, sobretudo, para abrir
as decisões institucionais a participação dos usuários
(NETTO, 2006, p. 156 apud CARIAGA; BURGINSKI,
2012, p. 4).

No sentido, compreende-se o Projeto Ético-político do Serviço Social com o


comprometido com a dimensão política, mas ampla, ou seja, com os projetos
societários, “[...] todo o projeto e, logo, toda a prática, numa sociedade classista,
têm uma dimensão política” (TEIXEIRA; BRAZ, 2012, p. 186).
Como compreender o que define um projeto societário e um projeto
coletivo?
Teixeira (2009, p. 186), refere:
Tanto os projetos societários quanto os projetos coletivos
vinculam-se a práticas e atividades variadas da sociedade.
102

São as próprias práticas/atividades que determinam a


constituição dos projetos em si.

O que define um Projeto Societário?


De acordo com Netto (2008, p. 142):
[...] as ações humanas sempre são orientadas para obje-
tivos, metas e fins. A ação humana, seja individual, seja
coletiva, tendo em sua base necessidades e interesses,
implica sempre um projeto que, em poucas palavras,
é uma antecipação ideal da finalidade que se pretende
alcançar, com a inovação dos valores que a legitimam e
a escolha dos meios para lográ-la.

O projeto societário está presente na dinâmica de qualquer projeto coletivo,


com a proposta de convivência em conjunto da sociedade, sua dimensão polí-
tica está relacionada com o poder, “[...] os projetos societários são, necessária
e simultaneamente, projeto de classe” (NETTO, 2008, p. 143).
São determinados a partir de estruturas flexíveis que incorporam novas de-
mandas e aspirações, transformam-se e se renovam conforme as conjunturas
históricas e políticas podem ser transformadores ou conservadores, e estão
presentes na dinâmica de qualquer projeto coletivo, que vincula a sociedade
como um todo.
Entre os transformadores, há várias posições que têm a
ver com as formas (as estratégias) de transformação so-
cial. Assim, temos um pressuposto fundante do projeto
ético-político: a sua relação ineliminável com os projetos
de transformação ou de conservação da ordem social
(TEIXEIRA, 2009, p. 186, grifo do autor).

O projeto societário define-se como um projeto maior de sociedade, como


um todo e determina os rumo a ser seguido, ou seja, de transformação ou de
manutenção da ordem social.
É somente quando se conquistam e se garantem as liber-
dades políticas fundamentais (de expressão e manifesta-
ção do pensamento, de associação, de votar e ser votado
etc.) que distintos projetos societários podem confrontar-
-se e disputar a adesão dos membros da sociedade (MOTA
et al., 2008, p. 143, grifo do autor).

De acordo com Netto (2008, p. 143).


[...] a experiência histórica demonstrou que, na ordem
do capital, por razões econômico-sociais e culturais,
Código de ética de 1993 ao projeto ético -político do serviço social 103

mesmo num quadro de democracia política, os projetos


societários que respondem aos interesses das classes tra-
balhadoras e subalternas sempre dispõem de condições
menos favoráveis para enfrentar os projetos das classes
proprietárias e políticas dominantes.

O projeto profissional ganha confiabilidade com as suas bases comprome-


tidas com organizações profissionais fortemente organizadas; o projeto tam-
bém tem que se vincular à dinâmica da sociedade, a qual sofre constantes
transformações sociais, econômicas, políticas, históricas; assim sendo, aberto
às renovações e às transformações societárias.
As transformações sociais referentes ao projeto profissional relacionam-se
aos projetos coletivos ou aos projetos societários, ou seja, os projetos societários
estão presentes em qualquer projeto coletivo.
Esse projeto profissional comprometido com os Novos
Tempos buscava perseguir a ideia do homem vivo, “de
carne”, ao mesmo tempo em que visava à ressignificação
da noção de liberdade, considerando-a como valor ético
fundamental (BONETTI, 2010, p. 15, grifo do autor).

De acordo com Netto (2008, p. 145, grifo do autor):


Os projetos profissionais apresentam a autoimagem de
uma profissão, elegem valores que a legitimam social-
mente, delimitam e priorizam seus objetivos e funções,
formulam os requisitos (teóricos, práticos e institucionais)
para o seu exercício, prescrevem normas para o compor-
tamento dos profissionais e estabelecem as bases das suas
relações com os usuários de seus serviços, com as outras
profissões e com as organizações e instituições sociais pri-
vadas e públicas (inclusive o Estado, a quem cabe o reco-
nhecimento jurídico dos estatutos profissionais).

E acrescenta Netto (2008, p. 146), quando define como projeto profissional:


[...] um projeto profissional deve dar-se com a nítida
consciência de que o pluralismo é um elemento factual
da vida social e da própria profissão, que deve ser res-
peitado, mas esse respeito, que não deve ser confundido
com uma tolerância liberal com o ecletismo, não pode
inibir a luta de ideia. Pelo contrário, o verdadeiro debate
de ideias só pode ter como terreno adequado o pluralismo
que, por sua vez, supõe também o respeito às hegemonias
legitimamente conquistadas.
104

Qual é a relação do projeto profissional com o projeto societário?


Compreende-se que o projeto ético-político do serviço social está vinculado
a um projeto de transformação social, com a dimensão política de intervenção
profissional, mesmo sabendo que a atuação profissional se dá na relação das
contradições de classes, pois é nesse espaço que emerge a profissão e se con-
cretiza a atuação profissional, “[...] no movimento contraditório das classes,
acabamos por imprimir uma direção social às nossas ações profissionais que
favorecem a um ou outro projeto societário” (TEIXEIRA, 2009, p. 189).
[...] projeto profissional se vincula a um projeto socie-
tário que propõe construção de uma ordem social, sem
exploração/dominação de classe, etnia e gênero. A partir
dessas opções que o fundamentam, tal projeto afirma a
defesa intransigente dos direitos humanos e o repúdio do
arbítrio e dos preconceitos, contemplando positivamente
o pluralismo, tanto na sociedade como no exercício pro-
fissional (NETTO, 2008, p. 146).

A atuação profissional do assistente social está inserida no contexto das


contradições e as ações profissionais são executadas privilegiando interesses
sociais distintos e contraditórios.
Segundo Teixeira (2009) são elementos constitutivos do Projeto Ético-político
do serviço social e os componentes que materializam no processo histórico:
a) A explicitação de princípios e valores ético-político;
b) À matriz teórico-metodológico;
c) Crítica radical à ordem vigente;
d) Manifestam nas lutas e nos posicionamentos políticos acumulados pela
categoria por meio de suas formas coletivas de organização política.
O autor refere que todos esses elementos ganham vida ou visibilidade social
por componentes construídos pelos assistentes sociais, como:
a) A produção do conhecimento no interior da categoria;
b) As instâncias políticas organizadas da profissão;
c) A dimensão jurídico-político da profissão.
Não temos um anual descrito do projeto ético-político profissional, como os
códigos de ética, faz-se necessária a compreensão do processo de construção
e, principalmente, o compromisso da categorial com os elementos elencados,
Código de ética de 1993 ao projeto ético -político do serviço social 105

assim, quais são os componentes que se materializam em elementos que se


constituem o projeto ético-político do serviço social.
De acordo com Teixeira (2009), apresenta o seguinte questionamento:
Como os assistentes sociais puderam construir um projeto tão antagônico
com a realidade em que vivemos?
A partir das contradições de classes que determinam a profissão e a demo-
cracia política é escolher caminhos, construir estratégias político-profissionais,
definir rumos de atuação, e o nosso projeto é expressão das contradições que
particularizam a profissão.
São incontestáveis as contradições existentes entre o projeto societário
neoliberal e o projeto ético político do Serviço Social.
[...] escolher caminhos, construir estratégias político-
-profissional e definir os rumos da atuação e, com isso,
projetar ações que demarquem claramente os compro-
missos (ético-políticos) profissionais. O que está a dizer
é que o nosso projeto é expressão das contradições que
particularizam a profissão e seus princípios e valores
(TEIXEIRA, 2009, p. 190-191, grifo do autor).

São elementos que direcionam e orientam a profissão do serviço social,


dando sustentabilidade com base transformadora de articulação social e política
como o referido Projeto Ético-político do Serviço Social com o projeto societá-
rio, fundado na transformação da ordem capitalista regida pelo trabalho social.
Faz-se necessária a resposta profissional para as expressões das questões
sociais que se materializa nos conflitos entre o capital e o trabalho, assim o
compromisso com luta pelo acesso aos direitos constitucionalmente garantidos
diante dos desafios da contemporaneidade, a busca dos principais norteados
do código de ética do serviço social de 1993 que se refere à produção da vida
individual e coletiva.
Nesta unidade você já estudou o Código de Ética do Serviço Social de
1993; o Projeto Ético-político do Serviço Social. Agora é pertinente estudar a
regulamentação da Lei n.8.662/93
8.6662/93, que determina a lei profissional.
106

Seção 3 Lei de regulamentação da profissão


de serviço social

Considerada um ato de autorregulação da categoria, por meio de seu órgão


máximo de representação, o encontro CFESS/CRESS.
A direção social que orienta este projeto de profissão tem
como referência a relação orgânica com o projeto das
classes subalternas, reafirmado pelo Código de Ética de
1993, pelas Diretrizes Curriculares de 1996 e pela Legis-
lação que regulamenta o exercício profissional — Lei n.
8.662 de 07/06/93 (YAZBEK, 2009, p. 156).

A regulamentação legal da profissão do serviço social definida na Lei n.


8.6662/93,
8.662/93 de 7 de junho de 1993, estabelece o exercício profissional, suas
competências, atribuições privativas, resultam da iniciativa do Congresso
Nacional, na condição de representante da vontade política nacional, promo-
vendo o discernente objetivo da profissão, relativamente às demais profissões,
distinguindo suas competências e atribuições, tem como objetivo “[...] controlar
os procedimentos e a natureza dos serviços profissionais, por meio dos quais
se realizam os princípios constitucionais da assistência social; assim como a
saúde, previdência social e demais atividades sociais” (SIMÕES, 2009, p. 481).
De acordo com Torres (2007, p. 51, grifo do autor):
A Lei de Regulamentação da Profissão, fruto de um mo-
vimento advindo da categoria e balizado pelos órgãos
diretivos da categoria, vem consolidar a perspectiva sina-
lizada/situada pelo Movimento de Reconceituação, que
ganha corpo a partir dos estudos de Faleiros (1985, 1997),
Iamamoto (1998), Martinelli (1991), Netto (1991), para
dizer os mais citados pelos assistentes sociais, e que foi
consolidada na década de 90, por meio da ruptura com
o Serviço Social conservador.

De acordo com o Art. 1, refere que o exercício da profissão do assistente


social é livre em todo o território nacional; cabe fundamentar a atuação profis-
sional na legislação, assim ciente, que somente após formados poderão exercer
a profissão em qualquer lugar.
Quem pode exercer a profissão de assistente social?
De acordo com a Lei n. 8.662/93 (BRASIL, 1993, p. 1):
I. Os possuidores de diploma em curso de graduação em
Serviço Social, oficialmente reconhecido, expedido
Código de ética de 1993 ao projeto ético -político do serviço social 107

por estabelecimento de ensino superior existente no


País devidamente registrado no órgão competente;
II. Os possuidores de diploma de curso superior em Ser-
viço Social, em nível de graduação ou equivalente,
expedido por estabelecimento de ensino sediado em
países estrangeiros, conveniado ou não com o governo
brasileiro, desde que devidamente revalidado e regis-
trado em órgão competente no Brasil;
III. Os agentes sociais, qualquer que seja sua denomina-
ção com funções nos vários órgãos públicos, segundo
o disposto no art. 14 e seu parágrafo único da Lei n.
1.889, de 13 de junho de 1953.
Você, enquanto aluno, deve conhecer a instituição de ensino a qual está
vinculado, pois somente em faculdades de Serviço Social reconhecidas que
os alunos adquirem o título de bacharel em serviço social. Ao iniciar o seu
curso com opção do Ensino a Distância (EaD) na Unopar teve a preocupação
e compromisso com a missão da Unopar , que é:
Promover o desenvolvimento integral do ser humano,
sua formação profissional, seu crescimento individual e
coletivo, dentro dos valores da ética, da solidariedade
e da cidadania, bem como a geração de conhecimento
educacional e tecnológico, buscando consolidar-se como
centro de referência regional e nacional, por meio da ex-
celência em ensino, pesquisa, extensão e pós-graduação,
participando ativamente do processo de desenvolvimento
regional (UNOPAR, 2012, p. 1).

É pertinente ler o Manual de percurso do curso de Serviço Social; a Uno-


par é comprometida com a qualidade. Podemos alegrar-nos com o resultado
do ENADE 2010, em que os nossos alunos do curso de serviço social foram
subme tidos à prova de avaliação, obtendo o que é considerado um bom de-
sempenho e nota 4.
De acordo com o MEC, o ENADE é:
O Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade)
avalia o rendimento dos alunos dos cursos de graduação,
ingressantes e concluintes, em relação aos conteúdos
programáticos dos cursos em que estão matriculados. O
exame é obrigatório para os alunos selecionados e con-
dição indispensável para a emissão do histórico escolar
(BRASIL, 2012, p. 1).
108

Consideramos que tivemos um bom desempenho na avaliação, com a


pontuação equivalente à “Nota 4” no ENADE.
De acordo com a Lei de regulamentação da profissão do serviço social (Lei
n. 8.662/1993), no parágrafo único, refere que “[...] o exercício da profissão de
Assistente Social requer prévio registro nos Conselhos Regionais que tenham
jurisdição sobre a área de atuação do interessado” (BRASIL, 1993, p. 1), ou
seja, somente como o registro no CRESS é que o assistente social pode exercer
a profissão.
Como proceder para requerer a inscrição no CRESS?
“A inscrição no Conselho habilita o Assistente Social ao exercício da profis-
são e o sujeita ao pagamento de anuidades, independentemente de exercer ou
não a profissão” (CONSELHO REGIONAL DE SERVIÇO SOCIAL, 2012, p. 1).
É importante saber, caso necessário, o cancelamento do registro no CRESS,
não afeta o título adquirido de assistente social.

Links
Para informações de como proceder para fazer o seu cadastro, após o término do curso de
serviço social, e demais informações pertinentes à profissão acesse os links:
<http://www.cresspr.org.br/site/inscricao-e-cadastro/>.
<http://www.cfess.org.br/>.
Ou acesse o link do CRESS da sua regional.

De acordo com a Lei n. 8.662/93, Artigo 5 — Constituem atribuições pri-


vativas do assistente social, ou seja, quando refere à privatista quer dizer, que
somente o profissional de serviço social compete tal atribuição, como:
I — Coordenar, elaborar, executar, supervisionar e avaliar
estudos, pesquisas, planos, programas, e projetos na área
de Serviço Social;
II — Planejar, organizar e administrar programas e pro-
jetos em Unidade de Serviço Social;
III — Assessoria e consultoria a órgãos da administração
pública direta e indireta, empresas privadas e outras en-
tidades, em matéria de Serviço Social;
IV — Realizar vistorias, perícias técnicas, laudos peri-
ciais, informações e pareceres sobre a matéria de Serviço
Social;
Código de ética de 1993 ao projeto ético -político do serviço social 109

V — Assumir, no magistério de Serviço Social tanto a


nível de graduação como pós-graduação, disciplinas e
funções que exijam conhecimentos próprios e adquiridos
em curso de formação regular;
VI — Treinamento, avaliação e supervisão direta de esta-
giários de Serviço Social;
VII — Dirigir e coordenar Unidades de Ensino e Cursos
de Serviço Social, de graduação e pós-graduação;
VIII — Dirigir e coordenar associações, núcleos, centros
de estudo e de pesquisa em Serviço Social;
IX — Elaborar provas, presidir e compor bancas de exa-
mes e comissões julgadoras de concursos ou outras de
seleção para assistentes sociais, ou onde sejam aferidos
conhecimentos inerentes ao Serviço Social;
X — Coordenar seminários, encontros, congressos e
eventos assemelhados sobre assuntos de Serviço Social;
XI — Fiscalizar o exercício profissional através dos Con-
selhos Federal e Regionais;
XII — Dirigir serviços técnicos de Serviço Social em en-
tidades públicas ou privadas;
XIII — Ocupar cargos e funções de direção e fiscalização
da gestão financeira em órgãos e entidades representativas
da categoria profissional (BRASIL, 1993, p. 1).

A referida lei de regulamentação utiliza algumas palavras “chaves”, como


competências, responsabilidades e atribuições do profissional de serviço social,
tais como: elaborar, implementar, executar, avaliar, coordenar, encaminhar,
providências, prestar, planejar, organizar, administrar benefícios e Serviços
Sociais; prestar assessoria e consultoria; realizar estudos socioeconômicos.
Recomendamos aos alunos a leitura na íntegra da Lei de Regulamentação da
Profissão do Serviço Social; não é possível a atuação com desconhecimento
da atual lei, para a inserção nos campos de estágios e como futuros profissionais.
De acordo com Torres (2007, p. 50):
A lei de regulamentação. O desconhecimento da Lei
de Regulamentação pode não somente comprometer o
exercício profissional, mas também o lugar ocupado por
essa profissão na divisão sociotécnica do trabalho. Além
do mais, fortalece a discussão anterior: um dos principais
determinantes no exercício profissional do assistente so-
cial é aquele identificado no espaço sócio-ocupacional.

A profissão proporciona o respaldo da atuação profissional, pois quando


iniciarem nos campos de estágios estarão no processo de formação e cabe o
110

envolvimento com profissão, assim como o conhecimento das atribuições, o


que podem ou devem fazer, os projetos que desenvolverão de intervenção pro-
fissional. Assim como, ao término do curso o desempenho profissional compete
ocupar o espaço determinado na divisão sociotécnica do trabalho com qualidade
e comprometimento com a ética perante o projeto ético-político do serviço
social e, consequentemente, com a categoria profissional.
Compreende-se que o atual Código de Ética reflete a reflexão do amadu-
recimento da categoria e representa a síntese das lutas e conquistas dos últimos
30 anos.
Resultado de uma construção coletiva é avançar na consolidação em rela-
ção aos fundamentos ontológico do ser social, comprometido em defesa dos
direitos e de um projeto profissional.
A construção do Projeto Ético-político do Serviço Social, o compromisso
ético da categoria profissional, quando ganha seu significado nesse universo e
horizonte fundado na ontologia do ser social. Ele tem como uma de suas partes
constitutivas a vertente de intenção de ruptura cujo horizonte aponta para a
emancipação humana e, portanto, a busca da superação do conservadorismo
na profissão.
Ressalta a militância política junto às entidades da categoria e aos atores da
sociedade civil; refere que as mudanças inseridas no processo de constituição
do Código de Ética de 1993 não se processaram de forma pacífica, o que pro-
porcionou confronto das forças que se articularam e compunham a pluralidade
da categoria naquela conjuntura histórico-social, que se forjaram os princípios
propostos diante das contradições das classes sociais e do projeto societário.
Nesta unidade estudamos o Código de Ética do Serviço Social de 1993, o
qual propõe princípios éticos que norteiam a conduta profissional, com o com-
promisso com a qualidade dos serviços oferecidos, bem como desenvolver um
trabalho embasado na ampliação e efetivação dos diretos sociais. Para melhor
compreendê-lo elencamos alguns tópicos específicos como deveres, direitos
e uma ênfase especial no compromisso com o sigilo profissional. Buscamos
trazer o estudo do Projeto Ético-político com o compromisso ao debate ético
profissional que traz ao contexto os valores e as diretrizes para o exercício
profissional com propósito de um projeto profissional.
O contexto à contemplação da regulamentação profissional do serviço social
definida por meio da Lei n. 8.662/93
8.6662/93 de 07 de Junho de 1993.
Código de ética de 1993 ao projeto ético -político do serviço social 111

As abordagens apontam diferentes eixos para o projeto ético-político do


Serviço Social e para a formação profissional materializada nas diretrizes cur-
riculares, com base no Código de Ética do Serviço Social de 1993, a Lei de
Regulamentação Profissional.
Estamos encerrando esta unidade, a qual nos oportunizou a reflexão do
contexto histórico das políticas sociais, com a concepção de direitos, cidadania
do cidadão/usuários.
Reconhecer o papel dos assistentes sociais, bem como considerar que o
projeto ético-político do serviço social tem compromisso de reafirmar direitos e
políticas sociais no âmbito do capitalismo e suas contradições, e lutar por eles.
Na Unidade 5 abordaremos O Serviço Social e a Ética na Atualidade; na
primeira seção abordaremos o Compromisso coletivo perante o projeto ético-
-político; na sequência o Serviço Social e a Ética diante das novas demandas
e contexto; a seguir vamos contextualizar as exigências atuais da profissão do
serviço social.
112

Para concluir o estudo da unidade


Concluímos esta unidade com o estudo do compromisso do Código
de ética do Serviço Social de 1993 diante de seus princípios fundamentais
que vêm reforçar os princípios norteadores da Constituição Federal de
1988, o que garante a cidadania e os direitos democráticos, bem como o
comprometimento com o Sigilo profissional.
Comprometido com a categoria profissional um Projeto Profissional,
o qual se define como Projeto Ético-político do Serviço Social que tem
sua sustentação no Código de Ética do Serviço Social de 1993, a Lei de
Regulamentação Profissional de 1993 — Lei n. 8.662/93 e as Diretrizes
Curriculares.
A Lei de Regulamentação Profissional de 1993 — Lei n. 8.662/93,
estabelece as atribuições privativas e pertinentes da profissão do assistente
social.

Resumo
Reforçamos que é pré-requisito indispensável neste período de forma-
ção e como futuros profissionais de serviço social o estudo do referencial
teórico apresentado. É de extrema necessidade a leitura na íntegra do Có-
digo de Ética do Serviço Social e da Lei de Regulamentação da Profissão,
assim como o conhecimento e o compromisso ético-profissional com o
Projeto Ético-político do Serviço Social.

Atividades de aprendizagem
1. Quando o profissional de serviço social pode revelar um “fato” que
adquira conhecimento por meio do atendimento social?
2. O que determina uma situação cuja gravidade possa, envolvendo ou
não fato delituoso?
3. O que são os princípios do código de ética do serviço social?
Código de ética de 1993 ao projeto ético -político do serviço social 113

4. Quais são as estruturas básicas do Projeto Ético-político do Serviço


Social?
5. Como compreender o que define um projeto societário e um projeto
coletivo?
6. Como os assistentes sociais puderam construir um projeto tão anta-
gônico com a realidade em que vivemos?
7. Quem pode exercer a profissão de assistente social?
8. Como proceder para requerer a inscrição no CRESS?
Unidade 5
Serviço social e a ética
na atualidade
Objetivos de aprendizagem: Apresentar uma reflexão do serviço
social e a ética na atualidade, os principais desafios da profissão ante
o compromisso coletivo com o projeto ético-político, bem como buscar
as novas respostas diante dos desafios das demandas na contempora-
neidade e os principais requisitos para os profissionais de serviço social.

Seção 1: Compromisso coletivo diante do projeto


ético-político
O compromisso profissional coletivo implica uma
reflexão na busca constante de análise da atual con-
juntura, suas perspectivas e contradições. Cabe ao
profissional a visão da ética crítica diante dos funda-
mentos contemporâneos na relação profissional com
os usuários, bem como as ações conscientes com o
compromisso com a categoria profissional. A iden-
tidade coletiva com o projeto profissional se efetiva
no meio das contradições de classes que determina
os avanços da profissão do serviço social.

Seção 2: Serviço social e a ética diante das novas


demandas e contexto social
A profissão de serviço social vivencia um período
desafiador no final da década 1980 para a década
1990 e início de 2000. Com as precárias condições
vivenciadas pela população com o agravamento das
questões sociais, expõe o profissional a um cenário
contraditório na perspectiva de atuação profissional
diante de novas e antigas demandas. Faremos uma
reflexão dos desafios profissionais perante os compro-
missos éticos metodológicos estabelecidos até então
pelo código de ética atual, a lei de regulamentação
profissional e a relação de um projeto profissional
ante um projeto societário.

Seção 3: O profissional de serviço social


Na sociedade atual o trabalho continua sendo o eixo
central da sociabilidade do homem, o qual determina
as relações humanas; assim o trabalho é desenvol-
vido com níveis diversos de sofisticações no mundo
de avanços tecnológicos e científicos; portanto, a
capacidade de produzir “coisas” pelo trabalho do
homem x natureza sempre esteve subordinada às
relações sociais. O serviço social como uma profis-
são inserida na divisão técnica e social do trabalho
enfrenta os limites e possibilidades diante do agir
ético da profissão.
Serviço social e a ética na atualidade 117

Introdução ao estudo

Neste momento que já percorremos nas unidades anteriores, a contextua-


lização histórica dos fundamentos éticos, a ética profissional, o estudo dos có-
digos de ética da profissão de serviço social, com enfoque para o atual código
de ético do serviço social, a Lei que Regulamenta a Profissão do Serviço Social
e o Projeto Ético-político do Serviço Social. Diante do contexto estudado até o
momento, cabe dar continuidade trazendo uma reflexão da atuação profissional
do serviço social ante os desafios dos dias atuais. Como se os assistentes sociais
vivenciassem um ciclo de novas e antigas demandas da profissão, abordaremos
nesta Unidade 5 o serviço social e a ética na atualidade. Na primeira seção
Compromisso coletivo diante do projeto ético-político; na sequência Serviço
social e a ética diante das novas demandas e contexto social, contextualizar as
exigências e desafios atuais da profissão do serviço social, contextualizando o
cenário que acolhe o profissional; e, na última seção, abordar as Condições de
trabalho do profissional de serviço social. Sabe-se que na profissão são cons-
tantemente desafiados diante das sequelas das crises políticas, econômicas,
sociais, reflexo das desigualdades e disparidades sociais.

Seção 1 Compromisso coletivo diante do


projeto ético-político

O serviço social está inserido na construção histórica diante do contexto


do sistema econômico, o qual definido como sistema capitalista. A profissão
enfrenta no seu cotidiano os desafios de trabalhar com as desigualdades sociais,
fruto da má distribuição de renda e disparidades sociais do país.
O Projeto Ético-político resulta da organização da categoria profissional.
Ao longo das três últimas décadas tem como compromisso os valores definidos
no Código de Ética do Serviço Social de 1993, a Lei de Regulamentação da
Profissão e nas Diretrizes Curriculares aprovadas pela ABEEPSS em 1996, sendo
orientado na perspectiva de direitos e de cidadania.
Qual o contexto político, econômico e social que estamos vivendo na
atualidade?
Não podemos nos deter somente no cenário de Brasil; faz-se necessária uma
visão globalizada, na qual refletem consequências no cotidiano de atuação
118

do profissional, refletindo as influências da globalização e a mundialização,


principalmente econômicas e políticas. Perante esse panorama da globalização
encontramos as empresas globais, os produtos são globais e as pessoas passaram
a pensar globalmente e se relacionarem dessa forma.
Com o enfraquecimento do liberalismo ao longo da metade do século XIX e
início de século XX resultam alguns processos políticos, tais como: crescimento
do movimento operário cada vez mais amplo, pressionando a burguesia ao
reconhecimento de direitos e cidadania.
A Constituição Federal de 1988 conferiu ao Brasil o título de Estado demo-
crático de direito, “[...] assegura o exercício dos direitos sociais individuais e
que é a expectativa do povo brasileiro” (TAVARES, 2004, p. 33).
O ordenamento jurídico proposto pela Constituição necessitava absorver
as exigências expostas pela sociedade, na intervenção e enfrentamento das
expressões da questão social.
Dessa forma, a Constituição Federal representou um marco para que o pro-
cesso de construção do novo significado de proteção social não contributiva;
mudou também a compreensão de que direitos sociais, coletivos e individuais
devem ser de responsabilidade do estado desenvolver as condições objetivas
de acesso aos direitos.
O fim da década de 1980, pós-Constituição Federal, destacara-se nas po-
líticas sociais novas diretrizes e princípios, como exemplo descentralização
político administrativa, universalização de direitos, municipalização e parti-
cipação popular e controle social. A operacionalização deste redefine o novo
papel do Estado que passa a ser o ente responsável pela criação de espaços
de participação da sociedade civil organizada.
A Constituição Federal transpôs para os municípios o poder de decisão e
organização das políticas sociais públicas, o que exigiu a implantação dos
sistemas descentralizados e participativos, e ainda a obrigação e a execução
de serviços, programas e projeto e benefícios.
Entretanto, a promulgação da Constituição Federal de 1988 não foi suficiente para
transpor os direitos sociais em direitos operacionais. Ainda era necessário construir
um longo caminho, ora avanços e ora retrocesso, ora o novo, ora o conservadorismo.
Os avanços constitucionais proporcionaram visibilidade no panorama
político e econômico, o Brasil foi consignatário de acordos consolidado com
instituições financeiro internacionais, como o Fundo Monetário Internacional e
o Banco Mundial; estes cumpriam as orientações do Consenso de Washington.
Serviço social e a ética na atualidade 119

Segundo Batista (2006), o Consenso de Washington refere-se ao encontro


ocorrido em novembro de 1999, na capital dos Estados Unidos, envolvendo
funcionário do governo americano, e economistas latino-americanos e das
instituições financeiras internacionais especializados em assuntos sociais, po-
líticos e econômicos da América Latina.
O objetivo desse encontro era avaliar as reformas econômicas elaboradas
nos países da América Latina e propor a intervenção do neoliberalismo.
O Brasil instalou o projeto neoliberal com veemência e ajustou abertura para
a economia mundial; o governo brasileiro facilitou o processo defendendo os
interesses do mercado internacional e ainda investindo na política econômica
em detrimento das políticas sociais.
Dessa forma, ampliou o desemprego, o subemprego, o sucateamento das
instituições públicas e confirmados pela insuficiência de funcionários, pela falta
de investimentos em equipamentos e estruturas, consequentemente, aumento
da miséria e do outro da concentração de renda (SOARES, 2003).
O processo de instalação de implantação do projeto neoliberal foi apoiado
pelo poder executivo, que assumia o não reconhecimento aos direitos sociais,
conquistados pela articulação dos movimentos populares.
A orientação neoliberal privilegiava os assuntos referentes à política eco-
nomia em detrimento à política social, que aumentava cada vez mais, diante
das deficiências das políticas sociais. Por outro lado, era difundida pelos meios
de comunicações de que se deveria primeiramente combater a inflação, in-
vestindo na economia, e a melhoria da qualidade de vida da população seria
resultado destes investimentos. Era evidenciado apenas o lado positivo e não
demostrava as mazelas causadas por essas estratégias.
Diante desse investimento neoliberal, a sociedade retoma a responsabilidade
no enfrentamento da questão social, e ficando para o Estado apenas iniciativas
tímidas e paliativas. Retoma a concepção que a sociedade e a família devem
assumir, de forma voluntária a responsabilidade que tinha sido assumido pelo
estado a pouco tempo, a partir da Constituição Federal de 1988, conforme
afirma Soares (2003, p. 11):
Retrocedemos historicamente à noção de que bem-estar
social pertence ao âmbito do privado, ou seja, as pessoas,
as famílias e as comunidades devem responsabilizar pelos
seus problemas sociais, tanto pelas causas, como pelas
soluções.
120

O desejo de se viver em uma sociedade justa e democrática, de inclusão


para todos estava cada vez mais remota.
Percebem-se as “garras” do neoliberalismo, o Estado com perspectivas de
enfrentar as crises propõe canalizar o fundo público para alimentar o mercado
financeiro. A receita dos neoliberais concentra-se em reduzir o tamanho do es-
tado, com redução dos gastos sociais em políticas sociais, também, a redução
de taxação sobre os mais ricos, chamadas de reformas fiscais.
O capitalismo experimenta profundas mudanças no decorrer do século
XIX, com o capitalismo concorrencial e o capitalismo dos monopólios. As
consequências do capitalismo monopólios na economia relacionam-se ao
crescimento progressivo dos preços das mercadorias e serviços, o aumento das
taxas de lucros, a concentração de novas tecnologias, o aumento dos custos
de vendas e, consequentemente, a economia do trabalho vivo, que exige a
refuncionalização do estado, em assumir além das funções políticas, também
as funções econômicas.
As sequelas da questão social apresentam como uma ameaça interna-
mente a ordem capitalista e exige-se uma intervenção contínua, sistemática e
permanente por parte do Estado, ou seja, a criação das políticas sociais como
mecanismo de controle dessas sequelas.
As compressões políticas e econômicas globais; as novas
demandas de uma sociedade complexa; os déficits públi-
cos crônicos; a revolução informacional; a transformação
produtiva, desemprego e precarização das relações de
trabalho; a expansão da pobreza; e o aumento das de-
sigualdades sociais são algumas dos tantos fatores que
engendram demandas e limites e pressionam por novos
arranjos e modo de gestão da política social (RAICHELIS;
RICO, 1999, p. 20).

Na década de 1990, foi marcada pela institucionalização da participação


popular por meio dos conselhos, espaço de debate sobre as diretrizes das polí-
ticas sociais, relação de força, inclusive sobre as prioridades do fundo público.
Há, pois a presença da ética capitalista em que imperam a competitividade,
o dinheiro, o consumo, o individualismo. No campo das políticas públicas suas
funções sociais são fragilizadas e vão expondo um contingente de pessoas de
“fora”, ou seja, não encaixam nessas novas relações, às margens do progresso.
Encontramos um Estado fragilizado, no qual dominam as disparidades so-
ciais; uma sociedade dividida pelas desigualdades sociais; de um lado avanços
Serviço social e a ética na atualidade 121

e tecnologia; por outro lado a pobreza e miséria, com alto índice de vulnerabi-
lidade social, que imperam o desemprego, a violência, o exílio em territórios
urbanos sem infraestrutura ou políticas sociais, expondo um contingente da
população, os quais são público-alvo dos serviços sociais, “[...] um sistema
de bem-estar social no qual mercado cuida daqueles com poder de compra e
deixa os grupos mais vulneráveis sob responsabilidade das instituições locais”
(RAICHELIS; RICO, 1999, p. 22).
A década de 1990 é marcada pelas reformas do estado brasileiro, inicia-se o
processo com o governo Collor, e seguindo com o governo Fernando Henrique
Cardoso, com as orientações da perspectiva neoliberal enfatizando a crise do
estado, com a deterioração dos serviços públicos e cresce o discurso privatizante
e o ataque ao funcionalismo público.
Segundo Behring e Boschetti (2010, p. 197, grifo do autor):
Hoje, é preciso reconstruir um país que foi nacionalmente
destruído. As exigências e as necessidades são muito
maiores que “resgatar a dívida social e redemocratizar o
país”. Hoje, temos um país econômica, moral e social-
mente destrocado e precisa de ações governamentais
incisivas e radicais.

As características que marcam o discurso neoliberal no Brasil são a inope-


rância dos serviços públicos; a eficiência do setor privado; a necessidade de
passar para iniciativa privada serviços que o Estado é ineficiente para conduzir;
e a necessidade de retornar o crescimento econômico para alcançar desenvol-
vimento social enfatiza a necessidade de tornar o Estado brasileiro mais forte
para os interesses do grande capital; necessidade de controle do déficit público
e despolitizar a crise do Estado.

Para saber mais


Poder local
O local é compreendido como a esfera em que os problemas são mais bem reconhecidos, pela
proximidade com as comunidades, o que facilita encontrar soluções mais adequadas, no sentido
de identificar tanto as necessidades do grupo, como as potencialidades e vocações locais e os
recursos existentes para enfrentá-los. Para adquirir mais conhecimento é importante ler o livro:
RICO, Elizabeth Melo (Org.); RAICHELIS, Raquel (Org.). Gestão social: uma questão em debate.
Paranaguá: EDUC, 1999.
122

Qual possibilidade de atuação do profissional de serviço social com o


compromisso ético no atual cenário?
A princípio parece aos profissionais de serviço social um desafio; na atuação
cotidiana está em constante conflito com as demandas exposta e as relações de
forcas e os direitos sociais estabelecidos pela legislação social vigente, cabe à
percepção da análise da realidade social dentro do contexto histórico, político
e econômico. E refletir na dívida social com esse segmento da população que
encontram vulneráveis, caracterizando público-alvo das políticas de assistência
social.
Independentemente da área de atuação profissional, seja na assistência so-
cial, na saúde pública ou privada, na educação, acredita-se que o profissional
de serviço social competente direciona o olhar para o universo desafiador da
profissão e vincula-se à atuação profissional com um projeto político da cate-
goria, com compromisso, o qual, nem sempre fácil ao cotidiano profissional,
faz-se necessário profissionais impulsionarem a romper com apatia profissional,
mesmo que a princípio pareça estar remando contra a maré; são as definições
de ações e estratégias profissionais que possibilitam avançar com o compro-
metimento com o projeto ético e a categoria profissional.
[...] o serviço social vai se inserir, obtendo legitimidade
no conjunto de mecanismos reguladores, no âmbito das
políticas socioassistenciais, desenvolvendo atividades e
cumprindo objetivos que lhe são atribuídos socialmente
(YAZBEK, 2012, p. 10).

É possível uma atuação ética do assistente social diante dos desafios da


mediação de direitos?
De acordo com Iamamoto (2001, p. 75):
O desafio é redescobrir alternativas e possibilidades
para o trabalho profissional no cenário atual; traçar
horizontes para a formulação da proposta que faça
frente à questão social e seja solidária ao modo de vida
daqueles que vivenciam não só como vítimas, mas como
sujeitos que lutam pela preservação e conquista da sua
vida, da humanidade.

A profissão está inserida na divisão social e técnica do trabalho, e articula-


-se no espaço profissional com o trabalho coletivo na sociedade, “[...] o ser-
viço social é obrigado a atualizar-se, redefinindo estratégias e procedimentos,
adequando-se a novas demandas e requisições do mercado” (YAZBEK, 2009,
p. 137).
Serviço social e a ética na atualidade 123

Qual o comprometimento com um projeto ético-político em um cenário


tão contraditório?
Percebemos o contexto histórico em que o cenário político, econômico e
ideológico é predominantemente vinculado à ética do capital; cabe entender
que o profissão do serviço social foi gestado nas contradições das classes e a
escolha pela categoria profissional com princípios de liberdade, democracia e
justiça social, quando definidas pela categoria, refere à consciência de esco-
lher e definir caminhos, bem como construir estratégias político-profissionais
e definir rumos de atuação; o projeto da categoria reflete a expressão das con-
tradições que particularizam a profissão do serviço social.
Encontra-se o profissional de serviço social, do qual requer uma prática
de acordo com o projeto ético-político da categoria e o exercício profissional
comprometido com a busca constante na qualificação profissional. Do acordo
com a regulamentação da profissão, o profissional é capacitado para planejar,
gerenciar e administrar, com a intervenção por meio de instrumentos e técnicas
adequadas na relação direta com a população usuária de Serviço Social.
O atual perfil profissional requer que seja crítico e competente; faz-se ne-
cessário romper com a visão de dentro para fora, assim alargando os horizontes,
com visão ampla, conhecer a dinâmica do movimento de classes sociais e do
Estado em suas relações com a sociedade civil.
O profissional de serviço social tem que acompanhar as propostas e perspec-
tiva com as políticas sociais públicas, bem como conhecer as legislações sociais
pertinentes; faz-se necessário conhecer as leis de regulamentações dentro de
empresas privadas, educação, a saúde privada como a Lei de Regulamentação
dos Planos de saúde, entre outras.
O profissional é constantemente desafiado a uma prática inovadora, reflexiva
e crítica com a leitura da conjuntura atual, e como manter o compromisso com
projeto ético-político do serviço social, o qual adota a liberdade como princípio
central, e propõe a construção de uma nova ordem social, sem dominação e/ou
exploração de classe, etnia, ou orientações sexual. Assim, cabe a constante
reflexão de como avançar com o compromisso ético ante as demandas que
desafiam o profissional no cotidiano.
Segundo Iamamoto (2008, p. 165):
[...] aos influxos democráticos exige, contraditoriamente,
a construção de uma forma de fazer política — que im-
pregne a formação e o trabalho dos assistentes sociais
124

— capaz de acumular forças na construção de novas


relações entre o Estado e a sociedade cível, que reduzam
o fosso entre o desenvolvimento econômico e o desen-
volvimento social, entre o desenvolvimento das forças
produtivas e das relações sociais.

A atuação requer reafirmação de direitos perante as políticas sociais no


âmbito do sistema capitalismo, o qual se apresenta contraditório, ausente,
com propostas de políticas seletivas e exclusivas. Nesse contexto de contradi-
ções exige a efetivação da profissão do serviço social com análise concreta da
realidade social inserida, ou seja, sua relação de forças do capital e a relação às
organizações e movimentos sociais, os usuários, uma legislação social vigente.
Inserido nessas contradições de forças, Faleiros (2006, p. 36) diz que a práxis
dos enfrentamentos se faz:
a. Em nível mais geral de conflitos/negociação política
nas organizações diante das necessidades de se cons-
truir a relação entre o conhecimento do território e a
concepção de programa;
b. No processo estratégico e tático de articulação de
recursos e problemas no cotidiano das instituições;
c. No fortalecimento da inclusão social no contato direto
com os usuários.
Os profissionais de serviço social são trabalhadores assalariados, com o
compromisso com outros profissionais; têm um o olhar diferenciado nas rela-
ções do trabalho e nas condições de trabalho; estabelecem rotinas de trabalho
nas organizações e compromissos éticos na mediação da relação de classes;
habilitados na relação de mediar conflitos com as condições de profissional,
ou seja, têm sua atuação nas articulações e contradições das relações sociais.
Segundo Netto (2008, p. 148), em relação ao código de ética e o projeto
profissional, pondera dois aspectos:
O primeiro refere-se ao fato de que os projetos profissio-
nais requerem sempre uma fundamentação de valores de
natureza explicitamente ética, porém, esta fundamenta-
ção, sendo posta nos códigos, não se esgota neles, isto é:
a valoração ética atravessa o projeto profissional como um
todo, não constituindo um mero segmento particular dele.
O segundo diz respeito a que os elementos éticos de um
projeto profissional não se limitam a normativas morais
e/ou prescrições de direitos e deveres: eles envolvem,
ademais, as opções teóricas, ideológicas e políticas dos
profissionais.
Serviço social e a ética na atualidade 125

Faz-se necessária ao profissional de serviço social a busca constante da


capacitação profissional, no contexto da atualidade e extrapolar as rotinas
cotidianas do Serviço Social com perspectiva de um profissional propositivo,
diante do contexto da história da sociedade, da qual ele é parte e expressão.
As exigências diante das novas demandas profissionais requer um profissional
que atenda às particularidades das demandas sociais com uma visão de tota-
lidade, mediante o compromisso ante o projeto profissional, o qual refere que
o profissional desenvolva uma série de comprometimentos, de acordo com
Netto (2008, p. 147) “[...] uma imagem ideal da profissão, os valores que a
legitimam, sua função social e seus objetivos, conhecimentos teóricos, saberes
interventivos, normas, práticas etc.”.
Atualmente o mercado apresenta-se com exigências rigorosas ao profis-
sional de serviço social, ou seja, um profissional propositivo e não só execu-
tivo, com competência de articular dos projetos sociais de intervenção, com
a competência para propor, para mediar antes as relações estabelecidas com a
instituição com a qual estabeleceu vínculo empregatício, para Netto (2008,
p. 147, grifo do autor):
Se pensarmos no serviço social no Brasil, recordamos
como componentes imperativos a formação acadêmica,
tal como reconhecida pelo Ministério da Educação (isto é,
em instituições de nível superior credenciadas e segundo
padrões curriculares minimamente determinados), e a ins-
crição na respectiva organização profissional — CRESS.

De acordo como o Código de Ética do Serviço Social de 1993, requer do


assistente social o posicionamento em defesa de seu campo de trabalho e o
compromisso com os usuários.
Segundo Silva (2004, p. 143):
Percebe-se uma prática profissional voltada para o de-
senvolvimento de projetos coletivos, por meio de meto-
dologia participativa, consistindo em discussão, análise
e avaliação das propostas apresentadas pelos diversos
atores envolvidos no processo de construção e de ope-
racionalização de tais projetos.

Encontramos, ainda, alguns profissionais presos em rotinas burocráticas que


desvincula da atuação do serviço social, os quais devem comprometer-se com
a busca da ruptura com atividade burocrática e rotineira, definido como o mero
emprego. É necessário acabar com acomodação, rotinização, burocratismo
126

e mediocridade. Ir além das rotinas e institucionais na busca de aprender o


movimento da realidade social, a qual estamos inserido no cotidiano profis-
sional. As possibilidades estão dadas nesse contexto de realidade e cabe ao
profissional apropriar-se dessas possibilidade e, como sujeitos, desenvolvê-las,
transformando-as em projetos e frente de trabalho.
A década de 1990 foi marcada pelo compromisso da hegemonia profissio-
nal; sabe-se que ainda há muito que avançar; percebe-se que convivemos com
alguns entraves da profissão. Cabe ressaltar a importância do cenário viven-
ciado pelo serviço social com as participação em fóruns, espaços de discussão,
eventos, conferências, processo de descentralização, congressos brasileiros de
assistentes sociais, projeto alinhado com o movimento da sociedade brasileira,
movimento ascendente popular, contexto político caracterizado pela derrota
da ditadura e promulgação da Constituição Federal de 1988, assim como a crise
capitalista, as garras do neoliberalismo, o antagonismo do Projeto Ético-político
frente a ofensiva neoliberal, assim o questionamento da necessidade de catego-
ria profissional posiciona-se em direção ao compromisso ético, teórico, ideo-
lógico, político e prático-social, mesmo aos desafios diante do neoliberalismo.
A postura profissional de posicionar-se a favor dos interesses dos usuários, o
comprometimento como o Projeto Ético-político apresenta-se com tal cenário,
“[...] é o terreno em que um projeto ético-político profissional comprometido
com a universalização dos direitos pode enraizar-se e expandir-se” (NETTO,
2008, p. 147).
Segundo Iamamoto (2008, p. 166):
[...] segmentos dos assistentes sociais têm buscado um
compromisso efetivo com os interesses públicos, atuando
na defesa dos direitos sociais dos cidadãos e cidadãs e
na sua viabilização junto aos segmentos majoritários
da população, o que coloca a centralidade da questão
social o trabalho e a formação profissional no contexto
latino-americano.

A profissão compromete na atuação no terreno de direitos, nas contradi-


ções que descaracteriza a cidadania e direitos sociais, o comprometido com o
projeto da categoria, o qual contradiz em alguns aspectos o projeto societário,
no foco do jogo de poder determinados nas relações de interesses de classes.
Os assistentes sociais buscam o compromisso efetivo com os interesses
com o público-alvo de seus serviços, com o propósito da busca incansável
da defesa dos direitos sociais dos cidadãos e cidadãs, com intuito de mediar
Serviço social e a ética na atualidade 127

às relações entre este segmento e as classes detentoras do poder, ou mesmo,


instituições as quais mantêm vínculos de trabalhos, e a relações com o poder
público, o qual também, muitos são servidores públicos, tendo como respaldo
a legislação social vigente, a qual garante as políticas sociais enquanto direito.
[…] entender como o assistente social se apropria dessa
legislação e em quais situações da vida profissional ele
lança mão desse instrumento para entender, defender ou
mesmo se contrapor às determinações demandadas do
espaço sócio-organizacional para o qual presta serviço,
dos próprios usuários ou mesmo da realidade social
(TORRES, 2007, p. 52).

A concepção ética do serviço social encontra-se na contextualização histó-


rica e se efetiva desde a ruptura do conservadorismo da profissão na transição
da década de 1980, constitui-se numa construção coletiva da categoria, o que
se efetiva com o Código de Ética do Serviço Social de 1993, o qual determina
os princípios com o compromisso na visão de coletividade, e visa fortalecer
uma identidade profissional que se articula com o projeto de sociedade de
justiça e democracia.
Segundo Paiva (2010, p. 203):
[...] a construção pessoal e profissional mais completa,
que requer a participação consciente e ativa, seja nos
fóruns da categoria, seja nos espaços coletivos de discus-
são e formulação de políticas pública, e também junto os
movimentos sociais e demais organismos democráticos
de atuação política.

A reflexão apresentada do compromisso coletivo perante o projeto ético


político requer elencar valores e princípios ético-profissionais que deslumbrem
novas posturas profissionais.
A ética tem princípios que direcionam o comportamento do ser humano,
assim como a conduta profissional, o qual requer fazer escolher do “agir
profissional”, e essas escolhas possibilitam assumir posicionamentos, assim o
compromisso coletivo da categoria requer adesão ao compromisso com valo-
res que estão vinculados ao Projeto Ético-político da categoria profissional do
Serviço Social.
128

Seção 2 Serviço social e a ética diante das


novas demandas e contexto social

Segundo Behring e Boschetti (2010), nos países em que as políticas sociais


se desenvolveram tanto na pobreza, como nas desigualdades econômicas e
sociais, são necessárias políticas sociais de caráter redistributivo, universais,
intencionadas pelo estabelecimento de igualdade de condições e não apenas
pela igualdade de oportunidade.
As políticas sociais, orientadas pela óptica da materializa-
ção de direitos legalmente reconhecidos e legitimamente
assegurados, instituíram o princípio de desmercadori-
zação dos programas, projetos e serviços e possibilitam
aos cidadãos se manter sem depender do mercado, con-
tribuindo, assim, para mudar a relação entre cidadania
e classe social (BEHRING; BOSCHETTI, 2010, p. 193).

Assim, a referência de Iamamoto (2008, p. 161):


O Serviço Social situa-se no processo das relações sociais
como uma atividade auxiliar e subsidia no exercício do
controle social e da ideologia, isto é, na criação de bases
políticas para a hegemonia das classes fundamentais.
Intervém, ainda, através dos serviços sociais, na criação
de condições favorecedoras da reprodução da força de
trabalho. Por outro lado, se essas relações são antagôni-
cas; se, apesar das iniciativas do Estado visando ao con-
trole e à atenuação dos conflitos, esses se reproduzem,
o Serviço Social contribui, também, para a reprodução
dessas mesmas contradições que caracterizam a socie-
dade capitalista.

O assistente social é um profissional liberal, trabalhador especializado e


vende a sua capacidade de trabalho para uma determinada instituição. Compete
ao profissional atuar por meio de políticas públicas empresariais de organização
da sociedade civil e movimentos sociais, com a formação intelectual e cultural
generalista crítico das relações sociais e nos mercados de trabalho.
Qual é o objeto do Serviço social?
De acordo com Faleiros (2006, p. 23, grifo do autor), é pertinente refletirmos:
[...] “depende” da inserção do objeto no contexto e
momento históricos e também da relação institucional
econômica e política do Serviço Social com da perspec-
tiva teórica de referencia. Assim, é preciso referir-nos às
Serviço social e a ética na atualidade 129

múltiplas dimensões da profissão para nos darmos conta


da sua realidade em movimento pensado.

A profissão do assistente social passou por inúmeras mudanças nas últimas


décadas; sua atuação tem a centralidade nas políticas sociais e nos movimentos
sociais. Na perspectiva de trabalhar a questão social, as décadas de 1960 e
1970 foram marcadas pelo iniciar o processo democrático da profissão, defi-
nido, “[...] processo de planejamento, dividido em diagnóstico, programação,
execução, avaliação e retroalimentação” (FALEIROS, 2006, p. 27).
A ruptura com essa relação dominante busca pela hegemonia e representou
a intenção política da profissão e a relação movimento da profissão com os mo-
vimentos sociais, com a reivindicação dos direitos humanos e da democracia.
“A articulação das mudanças econômicas com as propostas neoliberais
está provocando o que chamo de “refundação capitalista” do Estado para o
mercado” (FALEIROS, 2006, p. 30, grifo do autor); o serviço social não é indi-
ferente em tal contexto, compromete enquanto categoria profissional e com os
movimentos de outras profissões, diante das classes trabalhadoras.
Diante do novo contexto, muitos desafios às classes trabalhadoras, princi-
palmente no que refere aos avanços tecnológicos e de informações; cabem à
busca do conhecimento para a atualização perante os novos desafios.
A atuação profissional enfrenta os desafios de se adequar
à informática para melhor servir à cidadania, numa pers-
pectiva contra-hegemônica de manutenção dos direitos
universais e equânimes como dever do estado, contraria-
mente à flexibilização, à modernização, à focalização e
à financeirização (FALEIROS, 2006, p. 32).

Diante dos seus princípios norteados pelo Código de Ética do Assistente


Social, diz Forti (2006, p. 65):
[...] na atualidade, a perspectiva hegemonicamente ex-
pressa no Código de Ética Profissional do Serviço Social,
diferente do que é marcante na maior parte da sua his-
tória, coloca-se em contraposição com os interesses e
valores prevalecentes na ordem do capital.

Nas últimas décadas, exigem-se da profissão mudanças de concepção e


novas estratégicas, com o posicionamento à crítica ao funcionalismo e os con-
flitos da referencial marxista, o posicionamento diante das lutas de classes e a
sua correlação de forças, como as mudanças de instrumentos técnico contexto
histórico do serviço social e o movimento de reconceitualização.
130

Como um profissional liberal mantém vínculos empregatícios?


O assistente social é uma profissão liberal que está inserida na divisão téc-
nica e social do trabalho, e tem como referência a venda de sua capacidade
de trabalho a uma instituição, mantém a relação do processo de compra e
venda da força de trabalho especializado na divisão sociotécnica do trabalho,
atividade que se inscreve na esfera da produção e reprodução da vida material.
O trabalho profissional é, pois, parte do trabalho cole-
tivo produzido pelo conjunto da sociedade, operário à
prestação de serviços sociais que atendem a necessidades
sociais, e realizando, nesse processo, práticas socioedu-
cativas, de caráter político-ideológico, que interferem no
processo de reprodução de condições de vida de grandes
segmentos populacional alvos das políticas sociais (IA-
MAMOTO, 2008, p. 161).

O desenvolvimento do trabalho do assistente social com o propósito de


produz serviços que atendem às necessidades sociais ou, de utilidade social,
exige-se aprender os processos globais e, assim, caminhar para uma análise
particularizada no espaço específico do território inserido, e compreender a
mediação da prática profissional inserida nas relações entre o Estado e a Socie-
dade Civil, “[...] assistente social é também um(a) assalariado(a), qualificado(a),
que depende da venda de sua força de trabalho especializada para a obtenção
de seus meios de vida” (IAMAMOTO, 2008, p. 176).
De acordo com Faleiros (2006, p. 39):
Como assistentes sociais, somos trabalhadores e somos
profissionais. À medida que voltamos nosso olhar para
o ângulo do trabalhador e de suas condições de trabalho,
como salário, processos organizacionais, instrumentos
burocráticos, perdemos de vista a complexidade da in-
serção do saber, das relações de poder, das articulações
interprofissionais e da relação entre hegemonia e contra-
-hegemonia. A condição de assalariado é conflituosa com
a condição de profissional, mas também combinada e
articulada.

O profissional se insere no mercado de trabalho como profissionais assalaria-


dos, com contrato de trabalho mediante a concursos públicos, ou contratos como
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), com prestação de serviços, assessorias,
consultorias, entre outros.
Serviço social e a ética na atualidade 131

O que são questões sociais?


Segundo Yazbek (2009, p. 129, grifo do autor):
A questão social em suas variadas expressões, em es-
pecial, quando se manifesta nas condições objetivas de
vida dos segmentos mais empobrecidos da população, é,
portanto, a “matéria-prima” e a justificativa de constitui-
ção do espaço do Serviço Social na divisão sociotécnica
do trabalho e na construção/atribuição da identidade da
profissão.

Para a atuação profissional é necessário transpor o universo profissional,


faz-se necessário compreender a própria atividade profissional, suas atribuições,
competências, requisitos para a formação.
De acordo com Iamamoto (2008, p. 177):
A questão social sendo desigualdade é, também, rebeldia,
pois os sujeitos sociais, ao vivenciarem as desigualdades,
a elas também resistem e expressam seu inconformismo. É
nesta tensão entre produção da desigualdade, da rebeldia
e da resistência que trabalham os assistentes sociais, situa-
dos nesse terreno movido por interesses sociais distintos,
os quais não são possíveis abstrair — ou deles fugir —
porque tecem a trama da vida em sociedade.

Nesse contexto está relacionado com a constituição dos movimentos das


classes trabalhadoras, sua relação com o Estado e a relações com a sociedade
civil; cabe também destacar a importância de conhecem as condições de tra-
balho as quais são oferecidas pelas instituições com quais mantém vínculo em-
pregatício, “[...] seu trabalho não resulta apenas em serviços úteis, mas ele tem
um efeito na produção — ou na redistribuição — do valor e/ou da mais-valia
e nas relações de poder político e ideológico” (IAMAMOTO, 2008, p. 181).
O assistente social é um profissional que tem sua atuação diante da me-
diação das relações de classes sociais perante as políticas de direitos sociais.
O assistente social é, de fato, um trabalhador assalariado
que, nos limites das instituições empregadoras, tem a
possibilidade de materialização da sua relativa autono-
mia na execução do seu trabalho — trabalho esse que se
situa, predominantemente, no exercício de funções de
controle social e difusão de ideologias oficiais às classes
trabalhadora (FORTI, 2006, p. 69).
132

Para compreender as várias expressões que assume da atuação profissional


atualmente, ante os reflexo das desigualdades sociais, a relação de produção
e reprodução ampliada, compreender a questão social.
A questão social é indissociável da forma de organização
da sociedade capitalista, que promove o desenvolvimento
das forças produtivas do trabalho social e, na contrapar-
tida, expande e aprofunda as relações de desigualdade, a
miséria e a pobreza. Esta é uma lei estrutural do processo
de acumulação capitalista. A questão social diz respeito
ao conjunto das expressões das desigualdades sociais
engendradas na sociedade capitalista madura, impensá-
veis sem a intermediação do Estado (IAMAMOTO, 2001,
p. 10).

Segundo Iamamoto (2008, p. 166):


A categoria profissional desenvolve uma ação de cunho
socioeducativo na prestação de serviços sociais, viabili-
zando o acesso aos direitos e aos meios de exercê-los,
contribuindo para que necessidades e interesses dos su-
jeitos de direitos adquiram visibilidade na cena pública
e possam, de fato, serem reconhecidos.

De acordo com Iamamoto (2008, p. 168), refere a necessidade de uma


análise do serviço social:
[...] que afirme a centralidade do trabalho na conforma-
ção da questão social e dos direitos sociais consubstan-
ciados em políticas sociais universais, em contraposição
às alternativas focalizadas e fragmentadas de combate à
pobreza e à miséria, que trata as maiorias com residuais.

Como pensar o Serviço Social no atual contexto econômico, político e


social?
Relaciona-se aos conhecimentos metodológicos e técnico da profissão,
os quais são norteadores da prática do assistente social, de acordo com Silva
(2004, p. 135):
[...] conhecimento da realidade em sua totalidade, in-
tegrando de maneira especifica suas várias dimensões;
[...] o conhecimento das leis do movimento da socie-
dade, compreendendo a realidade com um complexo de
fenômenos de conexão mutua e em movimento, transfor-
mando-se incessantemente;
[...] o conhecimento das contradições e negações ocor-
ridas no âmbito da sociedade.
Serviço social e a ética na atualidade 133

As demandas de trabalho geralmente são desafiadores quanto aos volumes,


algumas vezes, desproporcional a espaço de tempo de atuação profissional,
comumente encontram técnicos inseridos na dinâmica do cotidiano profissio-
nal, com o envolvimento na “ação prática”, ganha proporção e perde espaço
a atuação crítica reflexiva, na busca do constante conhecimento do ser social.
A própria dinâmica da sociedade proporcionam aos técnicos sobrecarre-
gados, suprindo a demanda de mercado, e mantendo seus vínculos emprega-
tícios, afinal, fazer parte da divisão social técnica do trabalho, a qual requer
atender as demandas que o mercado exige. “Hoje o ‘movimento profissional’
esta diante de desafios oriundos de mudanças no capitalismo, de mudanças
institucionais, como de mudanças societárias e na família” (FALEIROS, 2006,
p. 40, grifo do autor).
Com os atropelos da rotina cotidiana, “[...] corre o perigo do assistente
social se reduzir a um mero técnico, delegando a outros — cientistas sociais,
filósofos, historiadores, economistas etc. — a tarefa de pensar a sociedade”
(MOTA et al., 2008, p. 168).
Na maioria das vezes o profissional é visto como o execu-
tor das atividades previamente estabelecidas pelo gestor
responsável pelos programas projetos das diversas esferas
governamentais, o seu exercício profissional é limitado
ao cumprimento de tarefa se a realização de ações para
cumprir seu papel institucional. Nessa perspectiva o as-
sistente social trabalha em programas e projetos para os
quais há repasse de recursos materiais — principalmente
aqueles vinculados à área da assistência social e à área
da saúde — dirigidos à população chamada de “baixa
renda”, ou seja, aquela que vive em condição de vulne-
rabilidade social, com dificuldade de acessar a rede de
serviços sócio assistenciais e manter de forma autônoma
suas necessidades básicas (TORRES, 2007, p. 45, grifo
do autor).

A atuação profissional não deve desvincular das bases e teórico-metodoló-


gica construídas no processo ético-político no contexto histórico da profissão
do serviço social, comprometido com a pesquisa rigorosa das condições e
relações sociais particuladas com a dinâmica cotidiana que vivenciam, o enga-
jamento político nos movimentos organizados da sociedade e nas instâncias de
representação da categoria, reconhecimento da dimensão política da profissão
e suas implicações a ação profissional com o trabalho.
134

A questão da atuação profissional do serviço social na contemporaneidade


e seu compromisso ético.
[...] se gestou o solo histórico, o terreno vivo, que tornou
possível uma abrangente, profunda e plural renovação
do Serviço Social. Essa renovação se impôs como social-
mente necessária à construção de respostas profissionais
àquela crise, no sentido de o Serviço Social garantir e
preservar sua própria contemporaneidade: sua necessária
conciliação com o tempo e a história presente. Processo
renovador que atinge os campos do ensino e da pesquisa,
da prática e da organização político corporativa da cate-
goria profissional e que se repõe hoje, de forma proemi-
nente e decisiva, na análise dos fundamentos éticos da
ação profissional (IAMAMOTO, 2010, p. 89).

A profissão do serviço social está voltada à intervenção no social; a segu-


rança da atuação profissional está na referência teórica e metodológica em
uma perspectiva ética com ação profissional, com a construção de estratégias,
técnicas e formação de habilidades.
A quem o Serviço Social determina como prioridades quanto ao atendi-
mento social?
Ao Estado;
As instituições;
Aos usuários.
Segundo Silva (2004, p. 129):
A prática profissional tinha que passar a ser compreendida
como prática histórica e, como componente da mesma,
está obrigada a se definir. Trata-se de uma prática que
não é hegemonia, mas busca uma renovação permanente
junto ao poder capitalista, os seus interesses, obrigando o
profissional a dar uma resposta a essa prática. Depende da
resposta da categoria um desafio: um projeto profissional
voltado para teoria e prática, buscando torná-la legítima
com a população a qual prestam serviços.

O assistente social poderá até ser visto como incomodo para algumas insti-
tuições, na relação de defesa de umas políticas de direitos na relação “Estado x
Usuários”, o qual vincula o perfil ético profissional, e busca o questionamento
diante das demandas expostas.
Serviço social e a ética na atualidade 135

Compromete-se o com a luta pelos direitos sociais do cidadão, o que requer


do profissional a necessidade constante do aperfeiçoamento técnico-operativo
mostra-se como exigência para uma inserção qualificada, competência, habili-
dades, capacitação teórica e crítica na formulação de estratégias do Assistente
Social diante do mercado de trabalho, não desvinculando dos compromissos
éticos estabelecidos no código de ética atual, da regulamentação profissional
e os parâmentos com o compromisso com a categoria profissional diante do
projeto ético-político do serviço social.
O profissional de serviço social tem o compromisso ético de desempenhar
a profissão assumindo as responsabilidades, com uma prática transformadora,
crítica baseada no conhecimento da realidade social, com uma postura no
compromisso em desenvolver os trabalhos com o empenho da prática que
“transforma a classe social”, ou seja, a práxis voltada ao compromisso com os
usuários enquanto cidadãos de direitos.
As exigências atuais da profissão do serviço social, a qual está inserida na
relação com os usuários/instituições/sociedade/Estado; nesse contexto trabalha
com a relação das perdas de direitos, os quais haviam sido historicamente con-
quistados, convive com a desumanização com as sequelas do neoliberalismo,
como o desemprego, a pobreza, a desregulamentação do trabalho, a violência,
a exclusão ou mesmo a exploração do trabalhador, reflexo da crise econômica,
política e social, principalmente no países pobres ou em desenvolvimento
como o Brasil.
O Serviço Social na atualidade relaciona-se com as transformações que refle-
tem das alterações na economia, na política e na cultura, ou na sociedade bra-
sileira como um todo. E tempos de crise: cresce o desemprego, o subemprego,
luta pela sobrevivência no campo e na cidade, a pauperização e a exclusão
são a outra face do desenvolvimento das forças produtiva do trabalho social.
Os reflexos no contexto de globalização da produção e dos mercados,
compromisso com o trabalho coletivo sobre a hegemonia do capital financeiro
requer novos padrões de gerir e produzir trabalho, diante dos desenvolventes
tecnológicos e científicos, a era da informações, requer a dinâmica diante de
um processo rápido e ágil, para tal exige dos profissionais de serviço social
decidir ante os desafios atuais, novas mediações nas expressões da questão so-
cial — demandas à profissão novas respostas do serviço social. “[...] requer um
profissional informado, culto, crítico e competente” (IAMAMOTO, 2001, p. 79).
136

O exercício da profissão exige, portanto, um sujeito pro-


fissional que tem competência para propor, para negociar
com instituição os seus projetos, para defender o seu
campo de trabalho, suas qualificações e atribuições profis-
sionais. Requer ir além das rotinas institucionais para buscar
apreender, no movimento da realidade, as tendências e
possibilidades, ali presentes, passíveis de serem apropria-
das pelo profissional, desenvolvidas e transformadas em
projetos de trabalhos (IAMAMOTO, 2001, p. 171-172).

Os desafios da profissão diante das demandas contemporâneas requer a


transparência de ações, a busca constante do conhecimento, a utilização de
técnicas e instrumento pertinente a profissão, assim como os desafios que
competem nesta década, o que considero ainda ousado, é o do profissional
escrever, debater, publicar, divulgar a vivência cotidiana que proporciona limites
e desafios constantemente do atendimento, quer individual, grupo, instituições,
com ações de cunho socioeducativas, quer administrando benefícios, quer
gerenciando recursos, quer como gestor social, entre outros atribuições, defi-
nidas na Lei da Regulamentação profissional, “[...] hoje, o desafio é combinar
a flexibilidade da ação com a analise complexa das situações” (FALEIROS,
2006, p. 42).
Segundo Faleiros (2006, p. 42), não é possível desenvolver um trabalho
profissional com busca da complexidade da direção da ação profissional sem
a compreensão da totalidade, a qual define:
[...] a totalidade é dar-se conta da relação entre o
imediato e as mediações mais profundas das questões,
o que nem sempre está presente no conceito de com-
plexidade. Temos que abandonar, cada vez mais, os
pensamentos simplificadores, analisando as situações
concretas com correlações de forças, articulando-se a
análise das contradições com a análise dos conflitos, dos
interesses em jogos e das estratégias em movimentos.

A demanda social na totalidade está relacionada à identificação das questões


socioeconômicas e culturais diante das desigualdades sociais, o que requer uma
intervenção orientada por uma perspectiva crítica profissional.
São necessários o conhecimento e a riqueza da profissão, da produção
teórico-prática e sua inserção no mundo do trabalho, e cabe a busca constante
pela qualificação profissional, com formação em pós-graduações, mestrados,
doutorados, assim como o conhecimento em cursos pertinentes a áreas e áreas
Serviço social e a ética na atualidade 137

complementares, com atitudes investigativas na prática profissional com rigor


e consciente teórico-metodológico, ético-político e técnico-operativo.
Compete ao profissional a transparência com ações vinculadas ao poder
público, assim o compromisso ético com os cidadãos enquanto uma política
de direito, assim como se qualificarem para acompanhar, atualizar e explicar
as particularidades da questão social nos níveis nacional, regional e municipal,
diante de estratégias de descentralização das políticas públicas.
[...] apesar de os homens fazerem a sua própria história,
seja privada ou pública o curso da história depende não
só das decisões e das ações humanas, mas das condições
objetivas, dos condicionantes colocados às alternativas de
ação dos sujeitos, pois essas decisões e ações são tomadas
em situações concretas (FORTI, 2006, p. 69).

De acordo com Iamamoto (2008, p. 171-172):


O assistente social dispõe de uma relativa autonomia na
condução de seu trabalho — o que lhe permite atribuir
uma direção social ao exercício profissional — os orga-
nismos empregadores também interferem no estabeleci-
mento de metas a atingir. Detém poder para normatizar
as atribuições e competências especificam requeridas de
seus funcionários, definem as relações de trabalho e as
condições de sua realização — salário, jornada, ritmo e
intensidade do trabalho, direitos e benefícios, oportuni-
dades de capacitação e treinamento — o que incide no
conteúdo e nos resultados do trabalho.

O desafio profissional, talvez, esteja na articulação do conjunto de con-


dições expostas, recursos disponíveis, políticas sociais viáveis, informações
pertinentes, direitos como garantia, o qual, “[...] articular um conjunto de con-
dições que informam o processamento da ação e condicionam a possibilidade
de realização dos resultados projetados” (IAMAMOTO, 2008, p. 182).
Yazbek (2009, p. 1) destaca como demandas e particularidade do trabalho
profissional na sociedade atual:
Pelo atendimento de demandas e necessidades sociais
dos usuários, desenvolvendo ações de planejamento
e gestão de serviços e políticas sociais;
Por uma ação socioeducativas para com as classes
subalternas.
O contexto vivenciado pela profissão nas últimas décadas requer dos pro-
fissionais de serviço social uma visão ampliada na atuação profissional.
138

O mercado de trabalho exige a qualificação constante, com perfil proposi-


tivo e com o compromisso ético e na qualidade dos serviços prestados, o qual
pauta nos princípios do atual Código de Ética do Serviço Social, “Compromisso
com a qualidade dos serviços prestados à população e com o aprimoramento
intelectual, na perspectiva da competência professional” (CONSELHO FEDERAL
DE SERVIÇO SOCIAL, 2011, p. 24).
O Serviço Social, na efervescência dos anos 90, traz como
prioridade a busca pela qualidade dos serviços prestados,
coloca em evidência a ética da profissão, engloba toda
uma dimensão política, econômica e social que vem
determinando a condição de vida do “homem”, e tem
influência direta na prática profissional do Assistente
Social, bem delineando assim um novo perfil profissional
(ABREO et al., 2012, p. 1, grifo do autor).

Com a regulamentação da Constituição Federal de 1988, considerada uma


carta cidadã, o que entende por cidadania o indivíduo no direito de acesso a
bens e serviços púbicos diante dos seus direitos sociais proporcionados pelo
Estado, a qual tem a ênfase no cidadão de direitos, e inclui a assistência social
no tripé da Seguridade Social junto com a Saúde e a Previdência Social, a qual
[...] são consideradas produto histórico das lutas do tra-
balho, na medida em que respondem pelo atendimento
de necessidades inspiradas em princípios e valores socia-
lizados pelos trabalhadores e reconhecidos pelo Estado
e pelo patronato (MOTA et al., 2008, p. 40).

Quais as principais demandas/ou novos campos de atuação do profissional


de Serviço Social nestes na atualidade?
O período pós-constituinte é caracterizado por diferenças na conjuntura,
a qual requer a participação popular por meio dos movimentos organizados,
sindicatos, os fóruns e conselhos gestores, “[...] a reconhecer direitos de cida-
dania política e social cada vez mais amplos para esses segmentos” (BEHRING;
BOSCHETTI, 2010, p. 19).
Compreender as demandas apresentadas à profissão do serviço social,
diante da redução do investimento do Estado nas últimas décadas, as décadas
de 1980 e 1990 foram marcadas pela investida neoliberal, refletindo nas polí-
ticas públicas sociais, com implementação na década de 1990 em contramão
da Constituição Federal de 1988.
Serviço social e a ética na atualidade 139

Tal cenário proporciona a categoria profissional dos assistentes sociais a


organizarem e alia-se aos movimentos políticos comprometido com enfoque
na questão social, um novo projeto formação profissional com a ruptura com
o conservadorismo, uma visão do usuário como um indivíduo de direitos.
Na década de 1990 e meados de 2000 o Serviço Social tem como campo
de empregabilidade os espaços de atuação dos profissionais nas áreas da
Saúde, Assistência Social e Previdência Social, assim como outras áreas que
refletem espaço de atuação profissional, como educação, jurídico, organiza-
cional, habitação, entre outros.
Vamos fazer uma reflexão do compromisso Ético do profissional de Serviço
Social na Saúde.
Como compreender a ética e a atuação do profissional de Serviço Social
na Saúde?
A área da saúde refere a um do espaço ocupacional que mais se contratou
Assistentes Sociais; hoje perde somente para o setor da Assistência Social, o qual
com a implementação da Política Nacional da Assistência Social de 2004 e o
Sistema Único da Assistente Social (SUAS), e as Normativas, Operacionais do
SUAS, principalmente a NOB—RH, a qual trás um novo contexto de conquista
de espaço ocupacional aos profissionais, assim a área da Assistência Social
lidera no raque de espaço ocupacional dos profissionais, o qual por muitos
anos foi liderado pela era da saúde.
Na década de 1990 predomina o debate do Projeto Ético-político do Ser-
viço Social, o qual percorre seu processo de construção nas décadas de 1970
e 1980, “[...] infere-se que ele envolve uma série de componentes distintos:
uma imagem ideal da profissão, os valores que a legitimam, sua função social e
seus objetivos, conhecimentos teóricos, saberes interventivos, normas, práticas
etc.” (NETTO, 2008, p. 147).
Para compreender o que determina espaço de trabalho do assistente social
na saúde, os quais deparam com o ambiente que envolvem fatores que não
podem ser definidos somente como saúde, e sim compreender a “doença” dos
usuários, os quais trazem diversas demandas sociais, e é no momento em que
toda a equipe profissional envolvido no atendimento deste usuário o chama de
“paciente”, assim determina em primeiro momento a referência comumente no
ambiente hospitalar a relação do profissional do Serviço Social com o paciente.
Nesse contexto, o profissional de Serviço Social deve comprometer etica-
mente os aspectos socioeconômicos que envolve esse paciente, requer entender
140

um novo linguajar com terminologia específica e as infinitas patologias, o que


não condiz que profissional de serviço social deve aprofundar nas ciências
biológica, mais como atender uma família de um paciente, como exemplo, que
se encontra em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), sem saber o mínimo
do quadro clínico e os aspectos que envolvem a relação de Saúde x Doença.
É relevante refletirmos sobre a demanda que o profissional de serviço so-
cial na saúde é desafiado constantemente nesta relação Saúde x Doença que
refletem no convívio com a finitude, sendo comum, alguns profissionais terem
dificuldades de trabalharem com o acompanhamento das famílias e usuários
no processo da morte, não somente de serviço social, como outras áreas afins,
talvez por o ser humano ter dificuldades de trabalhar com perdas, ou o des-
conhecido, porém é um fator primordial para o profissional que atua na área
da saúde, estar na mediação da relação saúde e doença, refere-se a ganhos
como a cura e a alta hospital, porém constantemente o profissional vivencia a
prática com o acompanhamento de familiares que perdem seus entes querido
com a “Morte”.
Trabalhar a finitude é um envolvimento ético fundamento, pois o profissio-
nal é desafiado a trabalhar no limite da existência humana, e pouco se fala no
percurso de formação, ou mesmo, na atuação profissional.
Como definir a morte?
A relação da morte e a compreensão do finitude da vida, o cessar da vida
de um indivíduo, que as ciências sociais, a filosofia, a biológica, a exatas, entre
outras ciências não definem o mistério, assim com algumas religiões e culturas
procura explicações, mas definições do mistério da morte ainda cerca o homem.
A morte pode ser por causas naturais como o envelhecimento, que com a
idade avançada o homem cessa a vida; por motivos de saúde com patologias
crônicas ou degenerativas; por causas externas como acidentes, atualmente
indicadores sociais demonstram o número de acidentes por trânsito, arma de
fogo, e violência, principalmente nos grandes centros urbanos.
Assim, temos as demandas das Políticas de Saúde Pública em conjunto com
reflexo das carências dos investimentos nas Políticas Sociais como trabalho e
renda, segurança, habitação, alimentação, entre outras.
As famílias apresentam dificuldades no processo de aceitação da perda,
sendo um dos fatores geralmente com mais dificuldades de aceitação as per-
das por causar maior dor são as mortes súbitas, onde a família é surpreendida,
geralmente por acidentes, e a dor representa ainda maior em idade precoce,
Serviço social e a ética na atualidade 141

considerados com quebrar com a plenitude da vida, representa romper com o


ciclo normal da vida, onde se entende que o individual nasce, cresce, torna-se
adulto, envelhece e morrem.
Quais as demandas que precisam ser observado com um paciente com
quadro terminal?
Primeiro momento o acompanhamento da familiar e o paciente diante de
seus direitos sociais de acesso no atendimento com qualidade dentro da insti-
tuição (hospital, ambulatório, Unidade Básica de Saúde — UBS, Programa de
Saúde da Família — PSF, outros).
É pertinente o questionamento até onde a família e o paciente conhece
sobre o quadro clínico do paciente/usuário, com um direito da família e do
paciente saber o que está acontecendo e mesmo ter acesso ao seu prontuário,
e cabe ao serviço social mediar esta relação com o profissional da área médica.
Geralmente quando o quadro de saúde envolve um idoso, a família compre-
ende com mais facilidade o processo de aceitação da finitude, pois se acredita
que mesmo sendo um ente muito querido, a morte faz parte da vida. O que
gera a dificuldade da aceitação quando envolve crianças e adolescente, ou o
indivíduo jovem, considerado na plenitude da vida.
Cabe observar quem é o cuidador e quais são suas responsabilidades nesse
contexto, cabe o acompanhamento da família para estimular o envolvimento
de todos os membros, pois geralmente o processo de cuidar resulta em sobre-
carga de um único membro da família, observar sempre a relação de cuidar
de quem está cuidando.
Não podemos desmerecer a questão da Fé, sempre ao perceber o fim a
grande maioria se apega em algum tipo de fé, e cabe rever o que nos princí-
pios fundamentais do atual Código de Ética do Serviço Social de 1993, refere
o “Exercício do Serviço Social sem ser discriminado, nem discriminar, por
questões de inserção de classe social, gênero, etnia, religião, nacionalidade,
opção sexual, idade e condição física” (CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO
SOCIAL, 2011, p. 24).
Na referência da unidade que trabalhamos com a Ética Profissional, defini-
mos o Serviço Social como um profissional liberal, que trabalha com o indivíduo
ou no coletivo com enfoque de trabalho com “vidas”.
De acordo com Iamamoto (2008, p. 164), a cultura da “pós-modernidade”,
refere ser: “Ela é condizente com a mercantilização universal e sua indissociá-
142

vel descartabilidade, superficialidade e banalização da vida e gera tremores e


cismas nas esferas dos valores e da ética orientados a emancipação humana”.
Tal contexto proporciona à maioria dos usuários de serviços sociais está
vulnerável às condições socioeconômicas, enfrentam todas as exclusões sociais
do público da assistência social e outras políticas sociais, com o agravante de
se encontrarem vulneráveis a aspectos de Saúde, o que geralmente desdobram
em outras demanda sociais.
É oportuno fazer a reflexão do comportamento ético do profissional do
serviço social na saúde; para tal faremos um resgate histórico de espaço ocu-
pacional da profissão no âmbito da saúde no Brasil.
A assistência à saúde mantém a prática de campanhas de serviços ao com-
bate às endemias; em 1953 é criado o Ministério da Saúde.
De acordo com Bravo (2008, p. 89): “[...] saúde emerge como questões
sociais no Brasil no início do século XX, no bojo da economia capitalista ex-
portadora, refletindo o avanço da divisão do trabalho, ou seja, a emergência
do trabalho assalariado”.
Com crescimento econômico desvinculado de um crescimento social, torna-
-se necessária a definição de políticas sociais específicas da saúde, sendo a
saúde formulada nesse período caráter nacional, organizada em dois subsetores:
a da saúde público e o de medicina previdenciária.
Em 1930 a 1945, período de estruturação do estado brasileiro sob a égide
da centralização de poder, marcado pelo período ditatorial, conhecido como
Estado Novo, com discurso Nacionalista, conhecido como período populista,
marcado com o decreto do salário mínimo e o surgimento das políticas sociais,
cria-se uma nova estrutura da previdência social, os Institutos de Aposentadorias
e Pensões (IAP), Organização das caixas de aposentadorias e pensões — caráter
de seguro social; saúde pública e curativa, a assistência Social: amparo aos
desvalidos, o surgimento da Legião Brasileira de Assistência (LBA). O Estado
nesse momento antecipa o que poderia ser campo de reivindicações de clas-
ses operaria urbana com a classe patronal, consequentemente, mantendo o
controle que poderia ser da sociedade civil para o interior do estado. Assim,
os representantes dos empregados e empregadores passam ser indicados pelos
sindicatos, com a centralização do poder, que determina a criação do Ministério
do Trabalho em 1930, data também marcado para a criação do Ministério da
educação e Saúde.
Serviço social e a ética na atualidade 143

As principais características no período da industrialização, a ampliação


do estado tendo como pressupostos a modernização e a organização da so-
ciedade civil, o Estado organizador e interventor do modelo capitalista, com
enfraquecimento do poder municipal e manipulação do povo em torno de
princípios liberais.
Período este marcado pelo surgimento do Serviço Social inicia no Brasil,
em meados de 1945 a maioria dos profissionais de serviço social é absorvido
pela área da Saúde.
Além das condições gerais que determinam a amplia-
ção profissional nesta conjuntura, o “novo” conceito de
saúde, elaborado em 1948, enfocando os aspecto biop-
sicossociais, determinou a requisição de outros profis-
sionais para atuar no setor, entre eles o assistente social
(BRAVO, 2008, p. 199, grifo do autor).

O novo conceito definido em 1948 pela Organização Mundial da Saúde


(OMS), com a visão da saúde como biopsicossocial, oportunizando outros
profissionais a atuar na área.
Os profissionais de formação na área médica respondem aos aspectos da
relação biológica da saúde, quem responde aos problemas sociais?
Compreende-se que as condições de saúde requerem a relação com o meio
social que inserido o indivíduo/paciente, como a habitação, trabalho, renda,
alimentação, qualidade de vida, entre outros. Fatores que determina o social e
econômico refletem nas condições de saúde da população, assim o profissio-
nais de serviço social é absorvido com espaço de atuação e parte da equipe
profissional técnica para responder os aspectos da saúde.
O assistente social inicia com uma prática educativa a política de saúde,
que até a Constituição Federal do Brasil de 1988 não era universal, conside-
rando a inclusão somente dos trabalhadores formais, ou seja, aqueles que
apresentavam a carteira de trabalho assinada, o que determina até esse período
que o sistema de saúde apresentava-se com caráter excludente, e demandava que
os profissionais de serviço social trabalhassem com essa demanda exclusa
do atendimento de saúde, e que geralmente eram atendidos por instituições
filantrópicas ou beneficentes.
O assistente social consolidou uma tarefa educativa com
intervenção normativa no modo de vida da “clientela”,
com relação aos hábitos de higiene e saúde, e atuou nos
144

programas prioritários estabelecidos pelas normatiza-


ções da política de saúde (BRAVO, 2008, p. 199, grifo
do autor).

Os espaços em que predomina a atuação dos assistentes sociais nesse


perío do são os hospitais e os ambulatórios. “O profissional utiliza-se das
seguintes ações: plantão, triagem ou seleção, encaminhamento, concessão
de benefícios e orientação previdenciária” (BRAVO, 2009, p. 29).
Com o crescimento econômico desvinculado de um crescimento social,
torna-se necessária a definição de políticas sociais específicas da saúde, sendo
a saúde formulada nesse período em caráter nacional, organizada em dois
subsetores: o de saúde público e o de medicina previdenciária.
A saúde mantém o modelo que antes surgira com os primeiros embriões do
modelo médico assistencial na década de 1960, mantém até meados de 1980,
sendo esse modelo que elege a prática curativa, individual, assistencialista e
especializada, em detrimento da saúde pública, com a mediação da intervenção
do estado, privilegiando o complexo médico industrial complexo, a estrutura
de atendimento hospitalar privada direcionada à geração de lucro, já apontava
para criação de empresas médicas.
Em 1968 a 1980, o país vive um período ditatorial militar; nesse período
a assistência à saúde ligada à previdência tem como principal característica
de cobertura; em 1971 passa incluir trabalhador rural e 1973 os trabalhadores
autônomos. Em 1974 são adotadas várias medidas políticas e administrativas
de âmbito social.
As décadas de 1970 e 1980 são marcadas pelo movimento sanitário, o qual
se torna uma experiência singular e rica no campo de luta em torno das políticas
e das suas implicações para o relacionamento Estado-sociedade.
As principais propostas debatidas por esses sujeitos coletivos:
Reconhecimento da diversidade de interesses e projetos;
A cidadania que expressa a universalização de direitos;
A concepção de saúde como direito social e dever do estado;
A reestruturação do setor por meio da estratégia o Sistema;
Propõe participação, de parte instituinte a representação direta da
sociedade;
Unificado de Saúde, com olhar sobre a saúde individual e coletivo;
A descentralização do processo decisório para esfera estadual e municipal;
Serviço social e a ética na atualidade 145

O financiamento efetivo;
A democratização do poder local;
Compreende a autoidentidade do movimento sanitário e a identidade
dos agentes sociais.
Essas mudanças não abrangiam apenas o sistema, mas todo o setor de saúde,
introduzindo uma nova ideia na qual o resultado final era traduzido como a
melhoria das condições de vida da população.
[...] o Serviço social está recebendo influências desta
conjuntura, (de crise do Estado brasileiro, de falência da
atenção à saúde e do movimento de ruptura com a política
de saúde vigente e construção de uma reforma sanitária
brasileira); por outro lado, está passando por um pro-
cesso interno de revisão, de negação do Serviço social
Tradicional, havendo, assim, uma intensa disputa pela
nova direção a ser dada a profissão (BRAVO, 2008, p.
204, grifo do autor).

No Brasil, o Movimento da Reforma Sanitária, no final da década de 1970,


trás como ponto marcante o que culminou com a VIII Conferência Nacional
de Saúde em 1986, a qual foi realizada em 1986 e contou com participação
de 5.000, entre dirigentes institucionais, técnicos, estudiosos, políticos e outras
lideranças sindicais e populares.
Amplamente discutida a questão da saúde do país, propõe que a saúde
seja um direito do cidadão, um dever do Estado e que seja universal o acesso
a todos os bens e serviços, e aprova-se um relatório.
Os debates saíram dos seus fóruns específicos (ABRASCO,
CEBES, Medicina preventiva, Saúde Pública) e assumiram
outra dimensão com a participação das entidades repre-
sentativas da população: moradores, sindicatos, partidos
políticos, associações de profissionais, parlamento. A
questão saúde ultrapassou a análise setorial, referindo-se
à sociedade como um todo, propondo-se não somente o
sistema único, mas a Reforma Sanitária (BRAVO, 2008,
p. 96, grifo do autor).

Para compreendermos a viabilidade da Reforma Sanitária, devemos com-


preendê-la como um projeto setorial articulado de forma global para a so-
ciedade; como estratégia está diretamente relacionada à universalização dos
direitos de cidadania ao enfrentamento das desigualdades sociais.
A Constituição Federal de 1988 apresenta-se como uma constituição cidadã,
a qual incorpora novas responsabilidades diante do Estado, que se consolida
146

na abertura de um arcabouço legal diante da legislação de proteção social,


estabelecendo novas relações entre Estado, sociedade e o poder privado. Tem
se instalado a discussão em torno de uma nova constituição: um conjunto de
direitos sociais básicos — (saúde, educação, assistência social, habitação,
entre outros).
Nos últimos anos a sociedade civil concentrou sua força na consolidação
de direitos que foram afiançados pela Constituição Federal de 1988 com a
Universalização, Direito Social e o Dever do Estado, como premissa básica à
defesa da saúde como direito de todos e dever do Estado.
O Serviço Social na atuação na saúde depara com um projeto da Reforma
Sanitária versos o desafio de um projeto privatista; nesse momento, a nova or-
dem neoliberal mostrava suas garras, tornando frágeis as bases constitucionais.
A sociedade civil na construção das políticas sociais engendrou lutas, que
ao longo desses anos, foram marcadas pela garantia dos direitos políticos, da
ditadura, e direitos sociais, de lutas pala melhoria da condição de vida.
O Ministério da Saúde tem apontado como principais
desafios: a incorporação da agenda ético-político da Re-
forma Sanitária; a construção de novos modelos de fazer
saúde com base na integralidade, a intersetorialidade e
a atuação em equipe; o estabelecimento da cooperação
entre ensino-gestão-atenção; controle social e a supressão
dos modelos assistenciais verticais e voltados somente
para a assistência médica. Como principais diretrizes
para a atual gestão são destacadas: a ampliação do aten-
dimento do SUS, de modo especial na atenção básica; o
combate às endemias, e a melhoria do acesso aos medi-
camentos (BRAVO, 2008, p. 211).

O Serviço Social na saúde a uma intenção de romper com o conservado-


rismo, porém apresenta dificuldades de encontrar resposta na corrente Marxista
perante as demandas atuais da profissão
[...] o Serviço Social é uma profissão, já em sua maiori-
dade intelectual, é também, nesta mesma década, que se
identifica a ofensiva conservadora a esta tendência. A crí-
tica à tendência da intenção de ruptura não se apresenta
como antimarxista e sim afirmando que o marxismos não
apresentam respostas (BRAVO, 2008, p. 211).

Como definimos parâmetros de atuação profissional para o Serviço Social?


A profissão do serviço social tem na sua atuação da uma certa flexibilização
e autonomia de decisões, o serviço social não protocolos rígidos como defi-
Serviço social e a ética na atualidade 147

nidos por algumas outras profissões, é necessário trabalhar o indivíduo como


um ser único, mesmo que, muitas vezes, os atendimentos sejam semelhantes,
não iguais, podem ter semelhanças nos contextos sociais, econômicos, porém
requer trabalhar as particularidades.
A referência dos paramentos de atuação do serviço social é um documento
elaborado pelo CFESS, referente à atuação de Assistente Social na Política de
Assistência; e os Parâmetros para a Atuação de Assistentes Sociais na Saúde, os
quais foram amplamente debatidos por grupos de profissionais:
[...] tem como finalidade referenciar a intervenção dos
profissionais de Serviço Social na área da saúde. Cons-
titui-se como produto do Grupo de Trabalho “Serviço
Social na Saúde” instituído pelo Conselho Federal de
Serviço Social (CFESS) em 2008, que incorporou nas suas
discussões e sistematizações as deliberações do 36º e 37º
Encontro Nacional CFESS/CRESS2.
Em 26 de março de 2008, é publicada a portaria CFESS
n. 10, que institui o Grupo de Trabalho Serviço Social
na Saúde composto por um representante de CRESS de
cada região do país e cinco conselheiros do CFESS.
Devido a alterações na composição do GT, é publicada
a Portaria CFESS n. 2, de 26 de janeiro de 2009. Esse
grupo de Trabalho conta com a assessoria técnica da
Profa. Dra. Maria Inês Souza Bravo.
Os referidos encontros foram realizados, respectiva-
mente, em 2007, na cidade de Natal, e em 2008, na
cidade de Brasília. Em 2007, a Deliberação n. 14 do Eixo
Fiscalização Profissional define que se deve “incluir no
estudo do Grupo de Trabalho sobre Serviço Social na
Saúde, considerando as contribuições dos CRESSs 7ª e
15ª Regiões, as competências dos Assistentes Sociais no
processo de alta e remoção de pacientes em unidades
de saúde, comunicação de óbito e demais atribuições”.
Já em 2008, a Deliberação n. 18 também do Eixo Fis-
calização Profissional estabelece que se deve concluir
os estudos do GT Saúde até março de 2009, acerca de:
a) competências e atribuições dos assistentes sociais
na saúde (CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL,
2010, grifo do autor, p. 1).

Sendo os Parâmetros para a Atuação de Assistentes Sociais na Saúde:


Estar articulado e sintonizado ao movimento dos traba-
lhadores e de usuários que lutam pela real efetivação
do SUS;
148

Facilitar o acesso de todo e qualquer usuário aos ser-


viços de saúde da Instituição;
Tentar construir e/ou efetivar, conjuntamente com ou-
tros trabalhadores da saúde, espaços nas unidades que
garantam a participação popular e dos trabalhadores
de saúde nas decisões a serem tomadas;
Na defesa do processo de privatização, ressalta-se a
mercantilizarão da Saúde e da Previdência e a amplia-
ção do assistencialismo;
Elaborar e participar de projetos de educação per-
manente, buscar assessoria técnica e sistematizar o
trabalho desenvolvido;
Efetivar assessoria aos movimentos sociais e/ou aos
conselhos (CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SO-
CIAL, 2010, p. 40).

Questões para reflexão


Você já acompanhou o trabalho da assistência social na área da saúde?
Você o considera importante? Por quê?

Links
Conheça os parâmetros de atuação do serviço social na saúde, sua construção perante a política
de saúde e as principais diretrizes de atuação profissional.
Recomenda-se a leitura dos documentos na íntegra:
Disponível em:
<http://www.cfess.org.br/arquivos/CartilhaFinalCFESSCFPset2007.pdf>.
<http://www.cfess.org.br/arquivos/Parametros_para_Atuacao_de_Assistentes_Sociais_na_
Saude_-_versao_preliminar.pdf>.

De acordo com os Parâmetros de Atuação do Assistente Social na Saúde


requer a compreensão dos aspectos sociais, econômicos e culturais que inter-
ferem no processo saúde doença e a busca de estratégias para o enfrentamento
destas questões.
Serviço social e a ética na atualidade 149

Parâmetros de atuação de Assistente Social na Saúde:


Assistencial;
Em Equipe;
Socioeducativa;
Mobilização;
Participação e Controle Social;
Investigação, Planejamento e Gestão;
Assessoria, Qualificação e Formação Profissional.
Por que é tão importante, na saúde, o trabalho multidisciplinar na área
da saúde?
Faz-se a diferenciação entre equipes multidisciplinares e interdisciplinares.
A multidisciplinariedade é considerada quando se constata a presença de vá-
rias especialidades no trato de uma dada questão, porém cada uma utilizando
isoladamente seus métodos e técnicas.
Pode-se dizer que a equipe interdisciplinar possui a capacidade de dife-
rentes especialistas participarem integradamente na construção de ações que
privilegiem a totalidade e a unidade.
Segundo Rizotti (1991, p. 12).
[...] uma das questões centrais do trabalho em equipe
é unificar objetivos entre profissionais com formações
acadêmicas distintas e mais do que isso, visões de mundo
diferenciadas. A articulação dessas diferenças na perse-
guição de objetivos comuns torna-se um desafio para os
que intentam a ação integrada.

No âmbito da saúde, as instituições têm seu conteúdo determinado pelo


saber biomédico da doença.
Essa perspectiva biomédica que determinou, por muito
tempo, o encaminhamento do processo de cura, con-
tém uma visão restrita da saúde e também determina a
exclusão ou subordinação de outros profissionais a essa
perspectiva (RIZOTTI, 1991, p. 12-13).

O avanço do conhecimento sobre o processo de busca e manutenção da


Saúde evidenciou que tal não se restringe aos aspectos biomédicos, exigindo
outros profissionais que propiciem o alcance da totalidade da questão. É pre-
ciso compreender que há determinantes sociais que interferem no processo
de saúde-doença; com isso, gradativamente incorporam-se novos profissionais
150

no atendimento à saúde; no trabalho em equipe deve-se pautar no respeito ao


princípio democrático na relação dos saberes e na cooperação como forma
de integração.
As discussões levam os membros da equipe a deliberarem por exposição
individualizada da prática profissional, tendo a intenção de vencer o desco-
nhecimento e perceber as diferenças existentes nas práticas específicas de cada
profissional, articulando-os na perspectiva de formar o todo a partir das partes.
As reuniões em equipe tornam-se espaços de criação de ideias e saberes
transdisciplinares (conhecimento esse que está acima da especialidade e permite
a visão de totalidade), em que eles foram construídos por meio da criação de
situações partilhadas pelos seus membros.
Essa forma de gerenciar justifica o princípio democrá-
tico, em que se favorece a palavra de qualquer sujeito,
independentemente de sua função, profissão e posição,
podendo emitir, discutir opiniões e ainda deliberar sobre
elas (RIZOTTI, 1991, p. 145).

O trabalho em equipe deve ser considerado como a ação de vários trabalha-


dores intelectuais, capazes de darem conta da complexidade do atendimento
na área da saúde e outras áreas de atuação do profissional de serviço social.
Apesar da aparente natureza rotineira de suas atividades, têm uma reserva
de resistência e autonomia, ainda que submetidos a propostas institucionais.
[...] ênfase no trabalho em equipe multidisciplinar — que
permitiu: suprir a falta de profissionais com a utilização
de pessoal auxiliar em diversos níveis, ampliar a abor-
dagem em saúde, introduzindo conteúdos preventivos e
educativos, e criar programas prioritários com segmentos
da população, dada a inviabilidade de universalizar a
atenção médica e social (BRAVO, 2008, p. 199).

Nas definições dos parâmetros de atuação de Assistente Social na Saúde


em relação ao trabalho em equipe:
Esclarecer as suas atribuições e competências;
Elaborar, junto com a equipe de saúde, a organização
e realização de treinamentos e capacitação do pessoal
técnico-administrativo;
Incentivar e participar junto com os demais profissio-
nais de saúde da discussão do modelo;
Assistencial e da elaboração de normas, rotinas e
da oferta de atendimento (CONSELHO FEDERAL DE
SERVIÇO SOCIAL, 2010, p. 44).
Serviço social e a ética na atualidade 151

Requer que o profissional tenha o compromisso ético com a Lei de Re-


gulamentação da Profissão, o atual Código de Ética do Serviço Social, como
estar atento aos princípios fundamentas do Código de Ética diante da atuação
profissional, independente da área que esteja atuando.
O final da década de 1980 e o início da década de 1990 foram marcados
por conquistas com avanços no que refere as Leis de proteção e promoção nos
aspectos sociais, destacamos algumas das principais legislações sociais que con-
tribuem como garantia dos direitos aos usuários das políticas sociais da saúde.
Compreende-se como um dos desafios profissionais do serviço social refere
o trabalho interdisciplinar que requer articular-se com os outros profissionais
de saúde perante os movimentos sociais, bem como o desafio do projeto de
reforma sanitária; com a sociedade transpondo o caráter emergencial e buro-
crático com clareza de atribuições e competência, com garantia de acesso a
direitos e assim caminhando para uma sociedade menor desigualdade social.
O trabalho do assistente social na saúde deve ter como
eixo central a busca criativa e incessante da incorporação
dos conhecimentos e das novas requisições à profissão,
articulados aos princípios dos projetos da reforma sani-
tária e ético-político do Serviço Social (BRAVO, 2008,
p. 213).

Faz-se necessária a reflexão do contexto histórico das políticas sociais;


no bojo de concepção de direitos, cidadania e políticas sociais devemos re-
conhecer o papel do destaque dos assistentes sociais, bem como considerar
o projeto ético-político do serviço social adota a liberdade como principio
central, e propõe a construção de uma nova ordem social, sem dominação
e/ou exploração de classe, etnia, ou orientação sexual. É reafirmar direitos
políticas sociais no âmbito do capitalismo e lutar por eles.
Como compreender a ética e a atuação do profissional de Serviço Social
na Assistência Social?
Esta década está sendo marcada pela implementação da Política Nacional
de Assistência Social de 2004, a qual se apresenta comprometida com a visão
social capaz de entender que a população tem necessidades, mas também
possibilidades ou capacidades que devem ser desenvolvidas, o que requer
o trabalho profissional com uma visão ampliada, e romper com o conser-
vadorismo de restringir-se ao mero repasse de benefício com capacidade e
potencialidade, e ser capaz de atuar como potencializadora das capacidades
152

individuais e coletivas, com resgate ao acesso a bens e serviços públicos aos


invisíveis à sociedade (BRASIL, 2005).
A proposta da Assistência Social como uma política de proteção social visa
à garantia de um padrão básico de inclusão social, faz-se necessário que os
profissionais de serviço social se desafiem a conhecer os riscos do público-alvo
de demanda do serviço social e defina a classificação da vulnerabilidades so-
ciais de cada indivíduo, região, território, resgatando o acesso a bens e serviços
públicos aos invisíveis à sociedade.
A Política Nacional da Assistência Social (BRASIL, 2005) tem o propósito
com uma perspectiva mais progressiva sem alterar o modelo que privilegia
interesses econômicos em detrimentos do social, com a perspectiva de ter-
ritorialização, com a proposta de desenvolvimento local, com investimentos
em ações de cooperativas de trabalho, geração de renda, tendo o enfoque na
matricial idade familiar, e no monitoramento e avaliação, com a coletivização
das demandas por meio de participação popular; fomento ao protagonizo das
pessoas.
A definição do CFESS, de acordo com a cartilha dos Parâmetros de atuação
de Assistente Social na Política de Assistência refere que o serviço social tem
parâmetros que direcionam a conduta profissional, como:
São estes parâmetros que balizam a defesa da Seguridade
Social, entendendo que esta deve incluir todos os direitos
sociais previstos no artigo 60 da Constituição Federal
(educação, saúde, trabalho, moradia, lazer, segurança,
previdência e Assistência Social) de modo a conformar um
amplo sistema de proteção social, que possa responder e
propiciar mudanças nas perversas condições econômicas
dos cidadãos(ãs) brasileiros(as) (CONSELHO FEDERAL DE
SERVIÇO SOCIAL, 2009, p. 1, grifo do autor).

Os parâmetros de atuação de assistente social na Política de Assistência:


As competências e atribuições dos/as assistentes sociais,
na política de Assistência Social, nessa perspectiva e com
base na Lei de Regulamentação da Profissão, requisitam,
do(a) profissional, algumas competências gerais que são
fundamentais à compreensão do contexto sócio-histórico
em que se situa sua intervenção:
Apreensão crítica dos processos sociais de produção e
reprodução das relações sociais numa perspectiva de
totalidade.
Serviço social e a ética na atualidade 153

Análise do movimento histórico da sociedade brasileira,


apreendendo as particularidades do desenvolvimento do
Capitalismo no País e as particularidades regionais.
Compreensão do significado social da profissão e de
seu desenvolvimento sócio-histórico, nos cenários in-
ternacionais e nacionais, desvelando as possibilidades
de ação contidas na realidade; Identificação das deman-
das presentes na sociedade, visando formular respostas
profissionais para o enfrentamento da questão social,
considerando as novas articulações entre o público e o
privado (ABEPSS, 1996) [...].
A intervenção profissional, na perspectiva aqui assina-
lada, pressupõe enfrentar e superar duas grandes ten-
dências presentes hoje no âmbito dos CRAS. A primeira
é de restringir a atuação aos atendimentos emergenciais
a indivíduos, grupos ou famílias, o que pode caracteri-
zar os CRAS e a atuação profissional como um “grande
plantão de emergências”, ou um serviço cartorial de
registro e controle das famílias para acessos a benefícios
de transferência de renda. A segunda é de estabelecer
uma relação entre o público e o privado, onde o poder
público transforma-se em mero repassador de recursos
a organizações assumem a execução direta dos servi-
ços sócio-assistenciais. Esse tipo de relação incorre no
risco de transformar o(a) profissional em um(a) mero(a)
fiscalizador(a) das ações realizadas pelas ONGs e esvazia
sua potencialidade de formulador(a) e gestor(a) público(a)
da política de Assistência Social (CONSELHO FEDERAL
DE SERVIÇO SOCIAL, 2007, p. 1, grifo do autor).

Compreende-se que a ação de articular a profissão com a realidade é


um dos maiores desafios do Serviço Social, pois ele não atua apenas sobre a
realidade, mas atua na realidade, e estar inserido no contexto, com parte dele,
nem sempre é uma tarefa fácil, cabe a análise do contexto vivenciado, e não
desvincular do foco principal da atuação do profissional de serviço social que
está nas particularidades das questões sociais.
154

Seção 3 O profissional de serviço social

Estamos encerrando nosso livro da disciplina Ética e Legislação Social.


A intenção é motivar, estimular os alunos à identificação com os princípios
éticos que norteiam a atuação do profissional de serviço social, com com-
promisso com a categoria profissional, o que requer a indagação constante
acerca do significado da profissão do serviço social, assim como a busca
constante pelo aperfeiçoamento profissional.
Em que condições os assistentes sociais enfrentam o mercado de trabalho?
Sabe-se que é a partir das contradições de classes que determinam a pro-
fissão do serviço social e quando referimos a democracia com um valor ético
temos clareza que a democracia política é escolher caminhos, construir es-
tratégias político-profissionais, definir rumos de atuação, e o nosso projeto é
expressão das contradições que particularizam a profissão.
[...] a transformação é profunda. No decorrer de meio
século, passamos de uma visão filantrópica, de genero-
sidade assistencial, de caridade, de um tipo de bálsamo
tranquilizador para as consciências capitalistas, para a
compreensão de que a área social se tornou essencial
para as próprias atividades econômicas (RAICHELIS;
RICO, 1999, p. 35).

Cabe o fortalecimento no que refere à formação profissional, com a defi-


nição dos espaços ocupacionais comprometidos com os movimentos sociais,
os quais requerem respostas às expressões da questão social com o direciona-
mento em superá-los.
Requer o envolvimento com as representações da profissão junto aos or-
ganismos representativos como o conjunto — CFESS/ABEPSS/CRESS/ENESSO
nas lutas gerais dos trabalhadores e particulares na profissão.
O profissional assistente social tem, em seu discurso, o compromisso com
a população usuários, porém não representa que temos o papel de um “super-
-herói”, muitas vezes, esbarramos nos limites da profissão vinculada com os
limites das instituições diante do sistema vigente.
É possível identificar os profissionais ao mediar os direitos sociais, já que
podem reforçar os objetivos das instituições e não o do Projeto Ético-político
da profissão, “[...] há de superar essa posição fatalista, como também aquelas
visões idealizadas” (IAMAMOTO, 2001, p. 161).
Serviço social e a ética na atualidade 155

Os assistentes sociais trabalham com as questões sociais nas mais variadas


expressões cotidianas, de acordo com Iamamoto (2001, p. 28):
É nesta tensão entre produção de desigualdade e pro-
dução da rebeldia e da resistência, que trabalham os
assistentes sociais, situados nesse terreno movidos por
interesses sociais distintos, aos quais não é possível abs-
trair ou deles fugir porque tecem a vida em sociedade.
[...] é fundamental importância para o Serviço Social em
uma dupla perspectiva: para que se possa tanto apreen-
der as várias expressões que assumem, na atualidade,
as desigualdades sociais — sua produção e reprodução
ampliada — quando projetar e forjar formas de resistência
e de defesa da vida.

Requer que o profissional se aproprie de uma visão ampliada, com novos


horizontes, comprometendo-se com o seu envolvendo profissional nas relações
de classes sociais, com o Estado e a Sociedade.
Segundo Netto (2010, p. 12):
[...] ética profissional, do ensino na graduação ao
elenco das atividades nos locais de trabalho, tomada
não como o rançoso rol de permissões e proibições, mas
como espaço privilegiado de indagação acerca do signi-
ficado social da profissão e do alcance das nossas liber-
dade/responsabilidade enquanto técnicos e cidadãos.

Compreende-se que a profissão de serviço social implica competência e


aprimoramento intelectual, com o investimento na formação acadêmica de
qualidade e compromisso ético diante dos princípios e projeto ético político
da profissão, como uma análise concreta da realidade social a qual estão in-
seridos, a busca constante na qualificação profissional com a autoformação,
bem requer do assistente social um perfil de uma postura investigativa.
Qual é o cenário do século XXI?
O século XXI apresenta-se marcado pelo avanço das frentes neoliberais,
como estado causador da crise e apresenta propósitos de canalizar o fundo pú-
blico para alimentar o mercado financeiro. A receita dos neoliberais concentra-
-se em reduzir o tamanho do estado, com a redução de gasto social,
[...] a descentralização, a participação, o fortalecimento
da sociedade civil pressionam por decisões negociadas,
políticas e programas controlados por fóruns públicos
não estatais, por uma execução em parceria e, portanto,
publicizada (RAICHELIS; RICO 1999, p. 25).
156

O surgimento das políticas sociais, de acordo com a tradição teórica de Marx


o capitalismo experimenta profundas mudanças no decorrer do século XIX com
o capitalismo concorrencial e o capitalismo dos monopólios. As consequên-
cias do capitalismo monopólios na economia relacionam-se ao crescimento
progressivos dos preços das mercadorias e serviços; o aumento das taxas de
lucros; a concentração de novas tecnologias, o aumento dos custos de vendas,
a economia do trabalho vivo; que exige a refuncionalização do estado, em
assumir além das funções políticas, também as funções econômica.
Quais os desafios do atual cenário brasileiro para as políticas sociais
públicas?
Neste cenário, requer repensar as condições e possibilidades da atuação no
cotidiano do profissional de serviço social, como desvendar as práticas profissionais
diante das tensões relações sociais e relações de classes estabelecidas na sociedade
brasileira, a qual fundamenta as relações sociais com as relações de produção
de trabalho. Os limites da sociedade burguesa são estabelecidos mediante uma
oposição por meio dos movimentos sociais, partidos políticos, sindicados,
trabalhadores, enfim a sociedade organiza-se com o propósito de afrontar o
valor moral dominante, o que determina ao logo da história as conquistas, por
meio de muitas lutas, de valores e direito de cidadania.
Iamamoto (2001, p. 151-152, grifo do autor), propõem algumas conside-
rações que o profissional deve ter os cuidados pertinentes, cabe destacá-los:
1. É que a profissão tem olhado menos para a sociedade
e mais para o Estado;
2. Considerar a analise das demandas profissionais e do
leque de resposta passível de ser a elas atribuídas é a
consideração dos processos de trabalho e do mercado
nacional para a forca de trabalho;
3. Outra questão “oculta”, decorrente da “porta de en-
trada” privilegiada para a análise da profissão, qual
seja, a ação do Estado via políticas sociais — penso
ser a tendência a uma análise politicista da demanda
profissional;
4. A tendência de considerar a sociedade brasileira numa
ótica meramente urbana.
Enfrentamos um crescimento constante de demandas dos serviços sociais,
encontra-se frequentemente profissionais estressados com ação de uma prática
pela prática, relatam que a demanda extrapolam a reflexão crítica da profissão,
assim como os programas seletivos, manipulando a política de direitos, “[...]
Serviço social e a ética na atualidade 157

embora direitos sejam legalmente contemplados, não havendo recursos, altere-


-se a lei” (IAMAMOTO, 2001, p. 160).
[...] as condições de trabalho e relações sociais em que
se inscreve o assistente social articulam um conjunto de
mediações que interferem no processo da ação e nos
resultados individual e coletivamente projetados, após a
história é o resultado de inúmeras vontades projetadas em
diferentes direções que tem múltiplas influências sobre a
vida social (IAMAMOTO, 2008, p. 183).

Pode-se compreender que as relações sociais estabelecidas na atuação do


profissional de serviço social articulam um conjunto de mediações que interferem
no processo de atuação e resultados individuais ou coletivos, como uma proje-
ção de uma conduta profissional que direciona resultados, como momento de
avanços ou mesmos retrocessos para as conquistas diante das questões sociais
expostas como objeto da atuação profissional.
Quais são os desafios do Assistente Social na atualidade?
Os desafios da atuação profissional na atual e oportunidade de desenvolvi-
mento profissional estão vinculados à capacidade da reflexão ética da concepção
histórica da profissão, a qual percorre por constantes desafios nas experiências
social no espaço ocupacional, trazendo uma relação complexa entre o conhe-
cimento teórico e a práxis profissional. Assim, o questionamento entre a teoria e
a práxis, compreende que a teoria busca a fundamentação de regras das nossas
relações, ou mesmo ações, a práxis refere à aplicação da base concreta dos
procedimentos metodológicos.
A discussão ética e a profissão do Serviço Social trazem o desenvolvimento
de referências teóricas acumuladas e materializadas no contexto histórico dos
últimos 30 anos, com o Código de Ética, as Diretrizes Curriculares e a Lei de
Regulamentação da Profissão do Serviço Social.
A ética se objetiva na intervenção profissional, teórica e práticas na medida
em que a ética vincula-se à emancipação do ser social, e elege a liberdade e
a democracia com valor ético comprometidos com seu Projeto Ético-político
da profissão.
Os assistentes sociais convivem de forma direta ou indireta com pobreza,
violência, desigualdade econômica, encontra no seu público-alvo de serviços
sociais, sobrevivendo em limites “graves” de vulnerabilidades sociais, com a
falta de acesso as políticas sociais públicas.
158

O profissional tem seu propósito comprometido como o avançar em seu


projeto profissional uma sociedade justa e igualitária, “[...] a transformação nas
decisões, na ação pública, na negociação, na participação — e, também, o
maior profissionalismo — se apresenta como de uma nova ética na prestação
dos serviços públicos” (RAICHELIS; RICO, 1999, p. 28).
De acordo com a Lei de Regulamentação da profissão o assistente social,
consideramos que a profissão que tem conquistado avanços e está habilitado a
planejar, elaborar, propor e executar políticas sociais, programas sociais e pro-
jetos sociais e gerenciar serviços sociais vinculados à iniciativa governamental,
empresarial ou sociedade civil organizada.
Em específico o profissional formado pelo EAD, qual o seu papel diante
deste contexto ético da categoria?
O Código de Ética do Serviço Social, de 1993, referência aos princípios
profissionais e estabelece no decimo primeiro princípio diz que: “[...] o exercí-
cio do Serviço Social sem ser discriminado, nem discriminar, por questões de
inserção de classe social, gênero, etnia, religião, nacionalidade, opção sexual,
idade e condição física” (RIO DE JANEIRO, 2013, p. 3).
Você, aluno do EAD, está vivenciando um período de transição e conquistas,
acredita-se que com o propósito de quebrar paradigmas, enfrentamos a dificul-
dade de aceitação da graduação de Serviço Social a Distância, por parte de alguns
colegas da categoria, não cabe aqui desenvolver um debate, temos o propósito
de ressaltar que alunos de acordo com o atual Código de Ética não devem ser
discriminados por nenhuma instituição ou organização ou mesmo organismos
que representam a categoria profissional de Serviço Social; caso venha acontecer
algum tipo de discriminação, é seu direito ético denunciar.
É momento de reforçar o compromisso ético com a qualidade do ensino, a
busca constante do saber, e assim, assumir sua identidade e não ter vergonha
de ser formados na EaD, o que não os tornam inferiores ou superiores ao en-
sino presencial; requer o compromisso da instituição de ensino, professores,
colaboradores e alunos na responsabilidade na formação com qualidade.
Cabe a você aluno de serviço social a competência de assumir os espaços
de atuação profissional e fazer diferença com qualidade, com responsabili-
dade, ética com a profissão, investir na busca da qualificação constante e com
o comprometimento com o projeto ético-político da categoria profissional.
Serviço social e a ética na atualidade 159

Para concluir o estudo da unidade


Esta unidade traz a reflexão do Serviço Social e a Ética diante do
contexto que o profissional enfrenta no seu cotidiano na atualidade. Con-
siderando os desafios do sistema capitalista, os quais refletem diante da
atuação ética com a profissão, o compromisso coletivo perante o projeto
ético-político construído pela categoria profissional ao longo das últimas
três décadas, sua fundamentação no agir com compromisso diante do
projeto da categoria, cabe o compromisso da ética crítica diante dos
fundamentos contemporâneos na relação profissional.
É nesse contexto que o profissional é desafiado com o agir ético diante
das novas demandas e contexto sociais relacionados às questões sociais,
as quais expõem o profissional a um cenário contraditório diante do
compromisso ético.
Encerramos a unidade com uma análise diante das Condições de traba-
lho do profissional de serviço social como uma profissão inserida na divisão
técnica e social do trabalho enfrenta os limites e possibilidades apresentadas
à profissão, diante do compromisso ético-político da categoria.
Pretendemos motivá-los a não limitar os conhecimentos no referido
conteúdo deste livro, e sim, na busca constante do aprofundamento do co-
nhecimento ante o compromisso da categoria com o Projeto Ético-político,
o qual propõe a construção de uma nova ordem social, igualitária e justa,
como valor central à liberdade do indivíduo enquanto cidadão de direito.
Nesta última unidade estamos encerrando o nosso estudo; nela foram
apresentadas as contribuições éticas diante do processo de formação
acadêmica de alunos do curso de serviço social.
Foram apresentadas algumas reflexões sobre o processo histórico da
construção da ética; os fundamentos éticos do serviço social; o processo
histórico dos códigos de ética do serviço social; o Código de Ética do
Serviço Social de 1993; e abordamos os desafios da profissão na con-
temporaneidade com esta última unidade, a qual nos proporcionou o
estudo do serviço social e a ética na atualidade com o enfoque no com-
promisso coletivo frente ao Projeto Ético-político, bem como os desafios
da profissão do serviço social na sociedade atual e a reprodução social
e condições de trabalho do serviço social.
160

Resumo
Foi abordado neste estudo sobre O Serviço Social e a Ética na Atuali-
dade e os seus Compromisso coletivo diante do Projeto Ético-político do
Serviço Social; e abordamos o Serviço Social e a Ética diante das novas
demandas e contexto.
Este referencial traz determinações diante das condições de trabalho
do profissional de serviço social na contemporaneidade.
Sabe-se que foi por meio das contradições das classes que a profissão
do serviço social se constituiu enquanto profissão na divisão social e téc-
nica do trabalho e é nas contradições que a profissão avança na ocupação
do mercado de trabalho e na mediação entre as relações de classes.

Atividades de aprendizagem
1. Qual o contexto político, econômico, social que estamos vivendo na
atualidade?
2. Como um profissional liberal mantém vínculos empregatícios?
3. Como pensar o Serviço Social no atual contexto econômico, político
e social?
4. Qual é o cenário do século XXI?
5. Quais os desafios do atual cenário brasileiro para as políticas sociais
públicas?
6. Quais são os desafios do Assistente Social na atualidade?
7. Em relação ao profissional formado pelo EAD, qual o seu papel diante
deste contexto ético da categoria?
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