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CÓDIGO DE ÉTICA DO YÔGA

Elaborado pelo Mestre DeRose inspirado no Yôga Sútra de Pátañjali.


 

INTRODUÇÃO 

Yôga é qualquer metodologia estritamente prática que conduza ao samádhi.

I. AHIMSÁ
A primeira norma ética milenar do Yôga é o ahimsá, a não-agressão. Deve ser
entendido lato sensu.
O ser humano não deve agredir gratuitamente outro ser humano, nem os animais, nem a
natureza em geral.
 Não deve agredir fisicamente, nem por palavras, atitudes ou
pensamentos.
 Permitir que se perpetre uma agressão, podendo impedi-la e não o
fazer, é acumpliciar-se no mesmo ato.
 Derramar o sangue dos animais ou infligir-lhes sofrimento para
alimentar-se de suas carnes mortas constitui barbárie indigna de uma
pessoa sensível.
 Ouvir uma acusação ou difamação e não advogar em defesa do
acusado indefeso por ausência, constitui confissão de conivência.
 Mais grave é a agressão por palavras, atitudes ou pensamentos
cometida contra um outro praticante de Yôga.
 Inescusável é dirigir tal conduta contra um professor de Yôga.
 Sumamente condenável seria, se um procedimento hostil fosse
perpetrado por um professor contra um de seus pares.
Preceito moderador:
A observância de ahimsá não deve induzir à passividade. O yôgin não pode ser passivo.
Deve defender energicamente os seus direitos e aquilo em que acredita.

II. SATYA
A segunda norma ética do Yôga é satya, a verdade.

 O yôgin não deve fazer uso da inverdade, seja ela na forma de


mentira, seja na forma de equívoco ou distorção na interpretação de
um fato, seja na de omissão perante uma dessas duas circunstâncias.
 Conseqüentemente, ouvir boatos e deixar que sejam divulgados é tão
grave quanto passá-los adiante.
 O boato mais grave é aquele que foi gerado com boa-fé, por falta de
atenção à fidelidade do fato comentado, já que uma inverdade dita
sem más intenções, tem mais credibilidade.
 Emitir comentários sem o respaldo da verdade, sobre fatos ou
pessoas, expressa inobservância à norma ética.
 Praticar ou transmitir uma versão inautêntica de Yôga constitui
exercício da inverdade.
 Exercer o ofício de instrutor de Yôga sem ter formação específica,
sem habilitação mediante avaliação de autoridade competente ou sem
a autorização do seu Mestre, constitui ato ilegítimo.
Preceito moderador:
A observância de satya não deve induzir à falta de tato ou de caridade, sob o pretexto de ter
que dizer sempre a verdade. Há muitas formas de expressar a verdade. 

III. ASTÊYA
A terceira norma ética do Yôga é astêya, não roubar.

 O yôgin não deve se apropriar de objetos, idéias, créditos ou méritos


que sejam devidos a outrem.
 É patente que, ao fazer uso em aulas, em entrevistas a órgãos de
comunicação e em textos escritos ou gravados de frases, definições,
conceitos, métodos ou símbolos de outro professor, seu autor seja
sempre honrado através de citação e/ou direito autoral, conforme o
caso.
 Desonesto é prometer efeitos que o Yôga não pode proporcionar, bem
como acenar com benefícios exagerados, irreais ou mirabolantes e,
mormente, curas de qualquer natureza: física, psíquica ou espiritual.
 Um professor de Yôga não deve roubar alunos de outro professor.
 Em decorrência disso, será antiético um professor instalar-se para dar
aulas nas proximidades de outro profissional da mesma linha de
trabalho, sem consultá-lo previamente.
 Considera-se desonesto o professor cobrar preços vís, pois, além de
desvalorizar a profissão, estará roubando o sustento aos demais
professores que dedicam-se exclusivamente ao Yôga e precisam viver
com dignidade e sustentar suas famílias como qualquer outro ser
humano.
 Tal procedimento estaria, ademais, roubando da Humanidade o
patrimônio cultural do Yôga, já que só poderia ministrá-lo a preços
ignóbeis quem tivesse uma outra forma de sustento e, portanto, não
se dedicasse a tempo integral ao estudo e auto-aprimoramento nessa
filosofia de vida, o que culminaria numa gradual perda de qualidade
até sua extinção total.
Preceito moderador:
A observância de astêya não deve induzir à recusa da prosperidade quando ela representar
melhor qualidade de vida, saúde e cultura para o indivíduo e sua família. Contudo, a
opulência sem responsabilidade social é um roubo tácito.

IV. BRAHMÁCHÁRYA
 A quarta norma ética do Yôga é brahmáchárya, a não-dissipação da
sexualidade.
 Esta norma recomenda total abstinência de sexo aos adeptos do Yôga
Clássico e de todas as correntes não-tântricas.
 O yama brahmáchárya não obriga o celibato nem a abstinência do
sexo para os yôgins que seguirem a linha tântrica.
 A sexualidade se dissipa pela prática excessiva de sexo com
orgasmo.
 O yôgin ou yôginí que tiver conquistado progressos em sua qualidade
de energia mediante as práticas e a observância destas normas,
deverá preservar sua evolução, evitando relações sexuais com
pessoas que não se dediquem ao mesmo ideal de saúde e
purificação.
Preceito moderador:
A observância de brahmáchárya não deve induzir ao moralismo, puritanismo, nem ao
distanciamento ou à falta de afeto entre as pessoas, nem como pretexto para furtar-se ao
contato íntimo com seu parceiro ou parceira conjugal.

V. APARIGRAHA
A quinta norma ética do Yôga é aparigraha, a não-possessividade.

 O yôgin não deve ser apegado aos seus bens e, ainda menos, aos
dos demais.
 Muitos dos que se “desapegam” estão apegados ao desejo de
desapegar-se.
 O verdadeiro desapego é aquele que renuncia à posse dos entes
queridos, tais como familiares, amigos e, principalmente, cônjuges.
 Os ciúmes e a inveja são manifestações censuráveis do desejo de
posse de pessoas e de objetos ou realizações pertinentes a outros.
Preceito moderador:
A observância de aparigraha não deve induzir à displicência para com as propriedades
confiadas à nossa guarda, nem à falta de zelo para com as pessoas que queremos bem.

VI. SAUCHAN
A sexta norma ética do Yôga é sauchan, a limpeza.

 O yôgin deve ser purificado tanto externa quanto internamente.


 O banho diário, a higiene da boca e dos dentes, e outras formas
comuns de limpeza não são suficientes. Corporalmente, é necessário
proceder à purificação dos órgãos internos e das mucosas, mediante
as técnicas do Yôga.
 De pouca valia é lavar o corpo por fora e por dentro se a pessoa
ingere alimentos com elevadas taxas de toxinas e impurezas tais
como as carnes de animais mortos que entram em processo de
decomposição logo depois da morte.
 Da mesma forma, cumpre que o yôgin não faça uso de substâncias
intoxicantes, que gerem dependência explícita ou que alterem o
estado da consciência, ainda que tais substâncias sejam naturais.
 Aquele que só trata da higiene física não está cumprindo sauchan.
Esta recomendação só está satisfatoriamente interpretada quando se
exerce a prática da limpeza interior. Ser limpo psíquica e mentalmente
constitui requisito imprescindível.
 Ser limpo interiormente compreende não alimentar seu psiquismo com
imagens, idéias, emoções ou pensamentos intoxicantes, tais como
tristeza, impaciência, irritabilidade, ódio, ciúmes, inveja, cobiça,
derrotismo e outros sentimentos inferiores.
 Finalmente, esta norma atinge sua plenitude quando a limpeza do
yôgin reflete-se no meio ambiente, cujas manifestações mais próximas
são sua casa e seu local de trabalho.
Preceito moderador:
A observância de sauchan não deve induzir à intolerância contra aqueles que não
compreendem a higiene de forma tão abrangente.

VII. SANTÔSHA
A sétima norma ética do Yôga é santôsha, o contentamento.

 O yôgin deve cultivar a arte de extrair contentamento de todas as


situações.
 O contentamento e sua antítese, o descontentamento, são
independentes das circunstâncias geradoras. Surgem, crescem e
cingem o indivíduo apenas devido à existência do gérmen desses
sentimentos no âmago da personalidade.
 O instrutor de Yôga deve manifestar constante contentamento em
relação aos seus colegas e expressar isso através da solidariedade e
apoio recíproco.
 Discípulo é aquele que cultiva a arte de estar contente com o Mestre
que escolheu.
Preceito moderador:

A observância de santôsha não deve induzir à acomodação daqueles que usam o pretexto


do contentamento para não se aperfeiçoar.

VIII. TAPAS
A oitava norma ética do Yôga é tapas, auto-superação.

 O yôgin deve observar constante esforço sobre si mesmo em todos os


momentos.
 Esse esforço de auto-superação consiste numa atenção constante no
sentido de fazer-se melhor a cada dia e aplica-se a todas as
circunstâncias.
 O cultivo da humildade e o da polidez constituem demonstração de
tapas.
 Manter a disciplina da prática diária de Yôga é uma manifestação
desta norma. Preservar-se de uma alimentação incompatível com o
Yôga faz parte do tapas. Conter o impulso de expressar comentários
maldosos sobre terceiros também é compreendido como correta
interpretação desta observância.
 A seriedade de não mesclar com o Yôga sistemas, artes ou filosofias
que o conhecimento do seu Mestre desaconselhar, é tapas.
 A austeridade de manter fidelidade e lealdade ao seu Mestre constitui
a mais nobre expressão de tapas.
 Tapas é, ainda, a disciplina que respalda o cumprimento das demais
normas éticas. 
 Preceito moderador:
A observância de tapas não deve induzir ao fanatismo nem à
repressão e, muito menos, a qualquer tipo de mortificação.     IX.
SWÁDHYÁYA
 A nona norma ética do Yôga é swádhyáya, o auto-estudo.

 O yôgin deve buscar o autoconhecimento mediante a observação de


si mesmo.
 Esse auto-estudo também pode ser obtido através da concentração e
meditação. Será auxiliado pela leitura de obras indicadas e, na mesma
proporção, obstado por livros não recomendados pelo orientador
competente.
 O convívio com o Mestre é o maior estímulo ao swádhyáya.
 O auto-estudo deve ser praticado ainda mediante a sociabilidade, o
alargamento do círculo de amizades e o aprofundamento do
companheirismo.
Preceito moderador:

A observância de swádhyáya não deve induzir à alienação do mundo exterior nem à adoção


de atitudes que possam levar a comportamentos estranhos ou que denotem desajustes da
personalidade.

X. ÍSHWARA PRANIDHÁNA
A décima norma ética do Yôga é íshwara pranidhána, a auto-entrega.

 O yôgin deve estar sempre interiormente seguro e confiante em que a


vida segue o seu curso, obedecendo a leis naturais e que todo esforço
para a auto-superação deve ser conquistado sem ansiedade.
 Durante o empenho da vontade e da dedicação a uma empreitada, a
tensão da expectativa deve ser neutralizada pela prática do íshwara
pranidhána.
 Quando a consciência está tranqüila por ter tentado tudo e ainda
assim não se haver conseguido o resultado ideal; quando a pessoa
está literalmente impossibilitada de obter melhores conseqüências,
esse é o momento de entregar o fruto das suas ações a uma vontade
maior que a sua, cujos desígnios muitas vezes são incompreensíveis.
Preceito moderador:
A observância de íshwara pranidhána não deve induzir ao fatalismo nem à displicência.

CONCLUSÃO

 O amor e a tolerância são pérolas que enriquecem os mandamentos


da nossa ética.
 Que este Código não seja causador de desunião.
 Não seja ele usado para fins de patrulhamento ideológico,
discriminação, manipulação nem perseguição.
 Nenhuma penalidade seja imposta por nenhum grupo aos eventuais
descumpridores destas normas. A eles lhes bastará a desventura de
não usufruir do privilégio de vivenciá-las.
Yámas e Nyámas-os preceitos éticos do yoga
Yámas e Nyámas são os preceitos éticos do Yoga.

O PRIMEIRO ESTÁGIO:

 YAMA:

Raiz da árvore do yoga segundo B.K.S. Iyengar

 Refreamento;
 O que deve ser evitado.
  Disciplina Ética.
  Mandamentos morais universal transcendendo credos, países, épocas e
tempos.
 Disciplina social e individual relacionada aos cinco órgãos da ação: braços,
pernas, órgãos reprodutores e excretores.
 Abrange Cinco princípios: Ahimsa; Satya; Asteya; Brahmacharya e
Aparigraha. 

Yámas:

 AHIMSA: A Não-Violência:1.AHIMSA: Não – Violência. 

Himsa= verbo que significa machucar, ferir.

A= negação.

Como levar o ahimsa para a prática de yoga ,evitando forçar perigosamente


o próprio corpo?
o  Qual a força motriz para a violência?

A Raiva( Uma ameaça em potencial e real á Paz). Para o filósofo estóico


Sêneca a raiva é a mais hedionda e frenética das emoções.Raiva é uma
ameaça á sobrevivência da humanidade, aos valores humanos e
ao ambiente.Nos últimos anos vários estudos científicos comprovaram o que
a experiência já havia nos ensinado: a raiva e sua forma superlativa_ o
ódio_ enfraquecem as defesas do organismo e são uma causa importante de
doenças e morte prematura. Além disso, por destruírem nossa serenidade
mental e nossa virtude, a raiva e o ódio podem ser considerados os maiores
obstáculos ao desenvolvimento da compaixão e do altruísmo.

O Avô e os lobos
Um velho avô disse ao neto, que veio a ele com raiva de um amigo o qual lhe
havia feito uma injustiça.

“ Deixe-me contar-te uma história. Eu mesmo, algumas vezes, senti grande


ódio daqueles que aprontaram tanto, sem qualquer arrependimento daquilo
que fizeram. Todavia, o ódio corrói você, mas não fere seu inimigo. É o
mesmo que tomar veneno, desejando que seu inimigo morra. Lutei muitas
vezes contra esses sentimentos.”

E ele continuou:

“ É como se existissem dois lobos dentro de mim. Um deles é bom e não


magoa. Ele vive em harmonia com todos ao redor dele e não se ofende
quando não se teve intenção de ofender. Ele só lutará quando for certo fazer
isto e da maneira correta.”

“ Mas, o outro lobo, ah! Este é cheio de raiva. Mesmo as pequeninas coisas o
lançam num ataque de ira. Ele briga com todos  o tempo todo, sem qualquer
motivo. Ele não pode pensar porque sua raiva não irá mudar coisa alguma.

Algumas vezes é difícil conviver com estes dois lobos dentro de mim, pois
ambos tentam dominar meu espírito.”

O garoto olhou intensamente nos olhos do seu avô e perguntou: e qual deles
vence, vovô?!

O avô sorriu e respondeu baixinho: Aquele que eu alimento mais


freqüentemente.

 
 
 SATYA: A Verdade. SATYA.Veracidade.Aqui nesse yama há um apelo á
forma como você utiliza a verdade.

Lembrar de evitar criticar, condenar e queixar-se de alguém, situação e a


você mesmo(a).

A verdade aqui é abordada no sentido de se fazer ser verdadeiro consigo


mesmo no ãmbito emocional, físico, mental e espiritual. Praticando a
ahimsa, a não-violência, na maneira de se comunicar consigo mesmo e com
tudo mais a seu redor. O fato de você falar a verdade e vivenciá-la não lhe
dá o direito de ser arrogante, prepotente, cruel e agressivo quando
exteriorizar a sua verdade. Essa é a mensagem desse yáma. 

A Maneira de Dizer a Verdade 

Certa vez, um sultão sonhou que havia perdido todos os dentes. Logo que
despertou mandou chamar um advinho para que interpretasse seu sonho.

_ Que desgraça, senhor! Exclamou o advinho. Cada dente caído representa a


perda de um parente de vossa majestade.

_Mas que insolente! Gritou o sultão enfurecido. _Como te atreves a dizer-me


semelhante coisa?! Fora daqui!

Chamou os guardas e ordenou que lhe desse, 100 açoites. Mandou que
trouxessem outro advinho e lhe contou seu sonho. Este, após ouvir o sultão
com atenção, disse-lhe:

_ Excelso senhor! Grande felicidade vos está reservada. O sonho significa


que haveis de sobreviver a todos os vossos parentes.

A fisionomia do sultão iluminou-se num sorriso, e ele mandou dar 100


moedas de ouro ao segundo advinho. E quando este saía do palácio um dos
cortesãos lhe disse admirado:
_ Não é possível! A interpretação que você fez foi a mesma que o seu colega
havia feito. Não entendo porque ao primeiro ele pagou com cem açoites e a
você com cem moedas de ouro.

_ Lembra-te, meu amigo, respondeu o advinho: _ que tudo depende da


maneira de dizer.

Um dos grandes desafios da humanidade é aprender a arte de comunicar-se.


Da comunicação depende, muitas vezes, a felicidade ou a desgraça, paz ou
guerra. Que a verdade deve ser dita em qualquer situação, não resta dúvida.
Mas a forma como ela é comunicada é que tem provocado em alguns casos
grandes problemas. A verdade pode ser comparada a uma pedra preciosa.
Se a lançarmos no rosto de alguém pode ferir, provocando dor e revolta.
Mas se a envolvermos em delicada embalagem e a oferecemos com ternura,
certamente será aceita com facilidade.

A embalagem, nesse caso, é a indulgência, o carinho, a compreensão e


acima de tudo, a vontade sincera de ajudar a pessoa a quem nos dirigimos.

Ademais, será sábio de nossa parte, antes de dizer aos outros o que
julgamos ser uma verdade, dizê-la a nós mesmos diante do espelho. E ,
conforme seja a nossa reação, podemos seguir em frente ou não.

 ASTEYA: Não-roubar:
o Não- Roubar. 
o Abstenção da avareza;
o Excessivo e sórdido apego ao dinheiro, pessoas, situações;
enganação;
o falta de generosidade; mesquinhez; ciúme; zêlo.
o Não-roubar tempo dos outros, espaço dos outros.
o Mensagem: dar créditos ás pessoas. Elogiar honesta e sinceramente
os seus íntimos, as pessoas as quais convive.
o  Lembrar-se de praticar o elogio a si mesmo.

O Sábio Mestre
  

Há muito tempo atrás havia um mestre que vivia junto com um grande número de
discípulos em um templo arruinado.Os discípulos sobreviviam através de esmolas e
doações conseguidas numa cidade próxima. Logo, muitos deles começaram a
reclamar sobre as péssimas condições em que viviam.Em resposta, o velho mestre
disse um dia: “ Nós devemos reformar as paredes do templo. Desde que nós
somente ocupamos o nosso tempo estudando e meditando, não há tempo para que
possamos trabalhar e arrecadar o dinheiro que precisamos. Assim, eu pensei numa
solução simples.”

Todos os estudantes se reuniram diante do mestre, ansiosos em ouvir suas


palavras.

E o mestre disse: “ Cada um de vocês deve ir para a cidade e roubar bens que
poderão ser vendidos para a arrecadação de dinheiro. Desta forma, nós seremos
capazes de fazer uma boa reforma em nosso templo.”

Os estudantes ficaram espantados por este tipo de sugestão vir do sábio mestre.
Mas, desde que todos tinham maior respeito por ele, não fizeram nenhum protesto.
O mestre disse logo a seguir, de modo bastante severo:

“ No sentido de não manchar a nossa excelente reputação, por estarmos


cometendo atos ilegais e imorais, solicito que cometam o roubo somente quando
ninguém estiver olhando. Eu não quero que ninguém seja pego.”

Quando o mestre se afastou os estudantes discutiram o plano entre eles. “ È errado


roubar”, disse um deles. “ Por que nosso mestre nos solicitou para cometermos
este ato?” Um deles perguntou e outro respondeu em seguida: “ Isto permitirá que
possamos reformar o nosso templo, no qual é uma boa causa.”

Assim todos concordaram que o mestre era sábio e justo e deveria ter uma razão
para fazer tal tipo de requisição. Logo, partiram em direção à cidade, prometendo
coletivamente que eles não seriam pegos, para não causarem a desgraça para o
templo. “ Sejam cuidadosos e não deixe que ninguém os veja roubando” ,
incentivavam uns aos outros, todos os estudantes que foram á cidade, com exceção
de um.  O sábio mestre se aproximou dele e perguntou-lhe: “ Por que você ficou
pra trás?!”
O garoto respondeu: “ Eu não posso seguir as suas instruções para roubar onde
ninguém esteja me vendo. Não importa aonde eu vá, eu sempre estarei olhando
para  mim mesmo. Meus próprios olhos irão me ver roubando. O sábio mestre
abraçou o garoto com um sorriso de alegria e disse: “ Eu somente estava testando
a integridade de meus estudantes e você é o único que passou no teste.”

Após muitos anos o garoto se tornou um grande mestre.

 BRAHMACHARYA:
Contenção da energia sexual
o Não- promiscuidade.
o Mensagem: Controle do prazer sensorial. 
o Outras definições: celibato, estudo religioso, castidade.Evitar
relações sexuais ás quais você não exalte a espiritualidade da
pessoa, á qual você não enxerga no outro a sua alma divina, a qual
você não entenda que a quem você se entrega é uma alma em
movimento que habita um corpo. 

Dois amigos e quatro mulheres

“ Que maravilha é ter duas mulheres”, falou entusiasmado um homem ao


seu amigo, enquanto fumavam narguilé num bar. Com as mais floreadas
palavras, ele louvava a variedade e a magnificência de poder testemunhar o
fato de que duas flores podem ter perfumes tão diferentes. Os olhos do
amigo ficavam cada vez mais arregalados. “ Meu amigo deve viver tão bem
como no paraíso”, pensou ele com seus botões. “ Por que não deveria eu
também saborear a doçura de ter duas mulheres como meu amigo aqui
provavelmente faz? “

Logo após esse encontro, ele tomou para si uma segunda esposa. Ao tentar
compartilhar o leito nupcial com ela na noite do casamento, ela o rejeitou
zangadamente.

“ Deixe-me dormir” , disse ela, “ vai procurar tua primeira esposa. Eu não
quero uma quinta roda na carreta. Escolhe: ou eu, ou a tua outra esposa”.
Em busca de consolo, ele foi até sua segunda esposa.Mas , quando tentou
deitar na cama junto a ela, veio a reclamação: “ Não comigo! Se casaste com
uma segunda mulher é porque  eu não te sou suficiente, então volta para os
braços dela!”

Nada mais lhe restava fazer senão sair de sua própria casa e buscar um
lugar para dormir na mesquita mais próxima. Quando tentava adormecer em
posição de oração , escutou alguém que pigarreava atrás dele. Espantado,
voltou-se para trás, pois a pessoa que havia chegado não era outra senão
seu bom amigo que havia exaltado a maravilha de ter duas esposas.

“ Por que vieste aqui?” perguntou ele assombrado.

“ Minhas esposas não me deixam chegar perto delas. Assim tem sido por
várias semanas.”

“ Mas então por que me disseste que era maravilhoso viver com duas
esposas?”

Envergonhado, o amigo respondeu: “ Eu me sentia tão solitário nessa


mesquita, que desejava ter um amigo comigo…”

 APARIGRAHA: Desapego, lei do distanciamento.

 Não – possessividade.
 Evitar querer colecionar pessoas, coisas, situações às quais não lhe são mais
úteis.
 Aprender a largar, aprender a abandonar hábitos fúteis, condicionamentos
que lhe fazem mal e são opressores.
 Aprender que nada e nem ninguém lhe pertence.
 Mensagem: “ Cuide de seu jardim que as borboletas vêm até você.”

Amigo
 

Numa aldeia vietnamita, um orfanato dirigido por um grupo de missionários foi


atingido por um bombardeio.

Os missionários e duas crianças tiveram morte imediata e os restantes ficaram


gravemente feridos. Entre elas uma menina de 8 anos, considerada em pior estado.
Foi necessário chamar a ajuda por rádio e ao fim de algum tempo um médico e uma
enfermeira da marinha dos EUA chegaram ao local. Teriam que agir rapidamente,
senão a menina morreria devido ao traumatismo e a perda de sangue. Era urgente
fazer uma transfusão, mas como?

Após vários testes rápidos, puderam perceber que ninguém ali possuía o tipo de
sangue necessário. Reuniram as crianças e entre gesticulações, arranhadas no
idioma tentaram explicar o que estava acontecendo e que precisariam de um
voluntário para doar sangue.

Depois de um silêncio sepulcral , viu-se um braço magrinho levantar timidamente.


Era um menino chamado Heng. Ele foi preparado às pressas ao lado da menina
agonizante e espetaram-lhe uma agulha na veia. Ele se mantinha quieto e com o
olhar no teto.

Passado um momento, ele deixou escapar um soluço e tapou o rosto com a mão
que estava livre. O médico perguntou-lhe se estava doendo e ele negou. Mas, não
demorou muito a soluçar de novo, contendo as lágrimas. O médico ficou
preocupado e voltou a lhe perguntar, e novamente ele negou. Os soluços ocasionais
deram lugar a um choro silencioso e ininterrupto. Era evidente que alguma coisa
estava errada. Foi então que apareceu uma enfermeira vietnamita vinda de outra
ala. O médico pediu então que ela procurasse saber o que estava acontecendo com
o Heng. Com a voz meiga e doce, a enfermeira foi conversando com ele e
explicando algumas coisas, e o rostinho do menino foi se aliviando….

Minutos depois ele estava novamente tranqüilo. A enfermeira então explicou aos
americamos:

_ “ Ele pensou que ia morrer, não tinha entendido direito o que vocês disseram e
estava achando que ia ter que dar TODO o seu sangue para a menina não morrer.”

O médico se aproximou dele, e com a ajuda da enfermeira, perguntou-lhe:

_” Mas se era assim por que então você se ofereceu a doar seu sangue para ela?

E o menino respondeu simplesmente:

_” Ela era minha AMIGA” .

  

Nyámas:

SEGUNDO ESTÁGIO DO YOGA:NYAMA

  Autopurificação pela disciplina;


 Tronco da árvore do yoga segundo Iyengar.
 Os princípios de Nyama são cinco: Sauchan; Santosha; Tapas; Swadhyaya e
Iswara- Pranidhana.
 Tais princípios controlam os órgãos da percepção: os olhos, os ouvidos, o
nariz, a língua e a pele.
 Os Nyamas são o que queremos e devemos focar, pois descrevem ações e
atitudes às quais geram comportamentos que devemos cultivar.

 SAUCHAN: Limpeza;                           
  Pureza; Limpeza.Varrer da mente, coração e corpo tudo aquilo que não lhe
é produtivo e saudável. Agir mentalmente com clareza, sendo limpo com
você mesmo, cultivando bons pensamentos, bons sentimentos e mantendo
seu corpo saudável. Um coração limpo, livre de ressentimentos e com ampla
capacidade de compaixão e perdão.

 SANTÔSHA: Bom humor, alegria;        


  Contentamento; Atitude positiva perante a vida; Otimismo sempre; ….
Predisposição à felicidade; Boa vontade para com a alegria;
Comprometimento com o auto-elogiar-se.  
 TAPAS: Auto-superação;Disciplina; Esforço; Vem do verbo queimar em
sânscrito( língua oficial do yoga).Focar em ser uma pessoa melhor sempre.

 SWADHYAYA: Auto-estudo;Estudo de si mesmo; auto-estudo. SWA= self-


soul, atman, higher-self.DHY- Vem de Dhyana= concentração perfeita.Ya=
um sufixo que evoca uma qualidade ativa. Swadhyaya é como se fosse um
holograma, um microcosmo contendo a essência do yoga. Significa
ativamente meditar ou estudar a natureza do si mesmo. Pede como princípio
para que lembremos de estar alerta, consciente, desperto para a nossa
verdadeira natureza. A medida que estudamos e compreendemos que o
nosso mundo externo só é o que é por conta do nosso mundo interno, aí
então estaremos de acordo com esse princípio ético yogue. É um princípio
que faz com que nos tornemos atentos a idéia de sincronicidade que rege
tudo o que há..Tradicionalmente swadhyaya é compreendido como o estudo
das escrituras. Porém, na verdade, qualquer prática que te faça lembrar
sobre a sincronicidade de tudo, inter-relação entre você mesmo e tudo o que
te cerca é swadhyaya. Assistir ao documentário The Secret , saber sobre
EFT, PNL, astrologia, terapia é swadhyaya. Para você swadhyaya pode ser
ler um bom livro, praticar ásanas ou cantar com o coração e isso está
totalmente coerente com tal princípio.Entenda que tudo aquilo que te leva a
ser uma pessoa melhor para si e para o seu universo é o meio de se estar
praticando swadyaya.
 ISHWARA PRANIDHANA: A entrega.Patânjali define ISWARA como
“Senhor”. Iswara-pranidhana pode ser traduzido como entregar os frutos de
todas as nossas ações ao senhor. Abandonar o apego aos resultados, aos
frutos de nossas ações. Aprender a lavar as mãos depois de concluir o que
tinha de ser concluído. Deixar a energia divina trabalhar a seu favor.
Confiar.   É a Lei do distanciamento segundo Deepak Chopra.Muitas pessoas
ficam confusas com este niyáma em função do yoga raramente ser
associado como uma filosofia teísta.( Apesar de Patânjali afirmar no seu 23
VERSO DO Yoga Sutra que devoção ao senhor é uma das principais avenidas
para o alinhamento, equilíbrio). Na realidade, algumas tradições yogues
interpretam iswara-pranidhana como uma devoção direcionada para uma
deidade particular ou representação de Deus, enquanto outras linhas se
referem a um conceito mais abstrato do divino.O importante é compreender
que nem sempre temos o controle total de tudo o que nos acontece e que
está tudo bem se isso acontecer. Ás vezes as coisas não saem conforme o
planejado, mas e daí? Isso é motivo para você duvidar de si mesmo? Claro
que não. Esse nyáma faz com que a gente se lembre que há algo maior ,
divino, supremo que rege a ordem universal. Temos que aprender a
agradecer por tudo aquilo de bom que nos acontece diariamente. O
agradecimento é a avenida para se ser coerente com esse nyama e entender
a sua verdadeira essência, que é a de venerar o divino que habita em cada
um de nós. Todos nós temos algo de sagrado e espetacular e é a esse algo
que devemos depositar nossa fé , deixando de lado os infortúnios da
vida.Entregue ao senhor, joga para o universo tudo aquilo que você faz e
então estará de acordo com esse preceito maravilhoso, que nos ensina a
arte de aceitar a vida que escolhemos ter, afinal de contas a gente escolhe o
que se quer ser sempre. Pense nisso e faça boas escolhas! Depois agradeça! 
Daśan

Ṣaṭkarma, as seis ações de purificação


1 – Kapālabhāti
O nome significa crânio brilhante, imagem que define
claramente a sensação que se tem ao fazê-lo.
No kapālabhāti enviamos uma carga extra de oxigênio ao
cérebro, que causa uma sensação de brilho. Este exercício
proporciona uma limpeza total das vias respiratórias.

Elimine todo o ar dos pulmões. Inspire lenta e


profundamente e, sem reter o ar, expire vigorosamente
pelas narinas, fazendo bastante ruído e contraindo com
força o abdômen.

Volte a inspirar de forma completa, com suavidade, e solte


o ar outra vez com vigor, porém sem contrair a
musculatura facial nem movimentar os ombros. Faça isto
pelo menos dez vezes.

O intervalo entre duas expirações é muito maior que


no bhastrikā, a respiração do sopro rápido. A posição na
qual você senta deve ser perfeitamente firme, para evitar
oscilações devidas à força da exalação. É aconselhável
utilizar um lenço debaixo das narinas, pelo menos durante
os primeiros ciclos, para reter nele o excesso de
mucosidade que será eliminado durante o exercício.

Efeitos: o kapālabhāti limpa instantaneamente as vias


respiratórias. Fortalece o sistema nervoso e tonifica o
organismo, regulando o seu metabolismo.

Proporciona excelente oxigenação cerebral, limpando e


purificando os pulmões e revigorando os órgãos internos e
a musculatura abdominal. Produz um estado de clareza
mental, aumenta a confiança em si próprio e a capacidade
de comandar a mente. Igualmente, desperta as faculdades
sutis da percepção.

Na Gheraṇḍa Saṁhitā , um dos textos clássicos do


Haṭhayoga, descrevem-se três formas
de kapālabhāti: vātakrama (expiração rápida e vigorosa,
parecida com o bhastrikā), vyutkrama (se aspira água
morna e salgada pelo nariz e se elimina pela boca),
e śītkrama kapālabhāti (se absorve água morna e salgada
pela boca e se expulsa em um sopro pelo nariz).

2 – Trātaka
Trātaka é a fixação ocular. Serve para limpar e tonificar os
músculos e nervos ópticos, assim como para descansar a
vista. Desenvolve força de vontade e intuição e favorece a
meditação. Basicamente, os diferentes tipos
de trātaka consistem em fixar firmemente o olhar em um
ponto ou em fazer certos movimentos de rotação,
alongando músculos e nervos ópticos. Neste sentido,
podemos dizer que os trātakas são āsanas feitos com os
olhos. Existem três categorias de trātaka.

O primeiro tipo é o bahirāṅga trātaka exercício externo,


que inclui a fixação do olhar em algum ponto, como uma
flor, uma folha, um símbolo ou a chama de uma vela, sem
piscar, até lacrimejar intensamente. Contemplar o céu
deixando o olhar aprofundar-se infinitamente no azul, nas
ondas do mar, nas folhagens de uma floresta, observar o
sol poente ou nascente, a lua ou as estrelas, também são
formas de trātaka.
Para fazer bahirāṅga trātaka você vai sentar em uma
posição de meditação bem confortável, estendendo seu
braço direito à frente com a mão fechada e o dedo polegar
para cima. Olhe detidamente para a unha do polegar e
comece a movimentar o braço, deslocando-o muito
lentamente primeiro para o lado, depois para cima e por
fim para baixo, acompanhando o dedo com os olhos,
porém sem mover a cabeça. Faça o mesmo para o outro
lado.

Agora execute um movimento circular: mova a mão para


cima, desça com ela pelo lado e ao chegar no chão troque
de braço, subindo então pelo lado e completando o círculo
que será feito na próxima vez no outro sentido. Execute
diversas vezes. O movimento deve ser lento. Somente os
olhos acompanham a mão: a cabeça permanece imóvel.

Aproxime então o polegar de seus olhos e focalize-o bem de


perto. Logo em seguida foque um ponto distante à sua
frente e rapidamente volte o olhar para o polegar, olhe
sucessivamente para o ponto distante e para o polegar,
diversas vezes. Depois fixe o olhar em algum ponto, como
uma flor, uma folha, um desenho ou a chama de uma vela,
sem piscar, até lacrimejar intensamente.

Por fim, atrite as palmas das mãos uma na outra até


produzir um intenso calor. Cubra os olhos com as palmas,
cuidando para não apertá-los, bloqueando qualquer
entrada de luz e permitindo que os globos oculares
assimilem esse calor. Enquanto isso, visualize-os em
perfeito funcionamento.

Pode-se fazer o movimento com os olhos sem utilizar a


guia do dedo, imaginando um círculo em torno deles e
mirando primeiramente o ponto entre as sobrancelhas,
depois movendo vagarosamente os olhos para a extrema
direita, para baixo, seguindo para a extrema esquerda e
retornando para o ponto acima. Executa-se diversas vezes
esta rotação, invertendo sempre o sentido.

Já o antarāṅga trātaka é um exercício interno, que envolve


visualização. Imagina-se um objeto, um símbolo ou um
yantra no espaço escuro dentro da cabeça, na altura do
intercílio. O objetivo é alcançar a mesma clareza que
quando se olha para esse mesmo objeto com os olhos
abertos.

O terceiro tipo, antarbahirāṅga trātaka, combina os outros


dois, que se fazem de forma alternada. Esses exercícios
podem fazer-se a qualquer momento do dia.
O trātaka beneficia a saúde geral dos olhos, chegando em
alguns casos a melhorar condições de miopia ou
astigmatismo, aumenta a força de vontade, desperta a
clarividência (śāmbhavísiddhi) e constitui uma excelente
preparação para as técnicas avançadas. De todos os
exercícios de trātaka, escolhemos a fixação na chama da
vela, por ser ao mesmo tempo simples, fácil e de resultados
rápidos.

3 – Nauli
É o isolamento do músculo reto abdominal, pressionando
os órgãos internos contra a espinha dorsal e elevando ao
máximo o diafragma, ao mesmo tempo em que se imprime
um movimento ondulante à musculatura do ventre. Deve
fazer-se sempre com os pulmões vazios. Durante o nauli, o
abdômen apresenta uma aparência côncava, ficando
totalmente recolhido contra a coluna e para cima,
enquanto que o músculo reto abdominal permanece
projetado para frente, deslocando-se sinuosamente.
Para fazer nauli, acompanhe estas instruções. Em pé, com
os pés paralelos e afastados na distância do quadril, apoie
as palmas das mãos sobre a parte alta das coxas e flexione
levemente os joelhos, inclinando-se à frente.

Inspire, expire todo o ar e contraia vigorosamente o


abdômen para cima e para trás, forçando o músculo reto
abdominal a projetar-se à frente. Transfira então o apoio
do tronco para o braço direito, mantendo o abdômen
contraído. O reto tenderá a deslocar-se para esse lado. Em
seguida mude o apoio, deslocando-o para a esquerda. Por
fim, pressione firmemente ambos os lados, projetando o
músculo para frente. Treine bastante desta forma, até
conseguir efetivamente isolá-lo.

Depois passe à fase dinâmica: expire e contraia bem o


abdômen, provocando um movimento ondulante e girando
o reto para ambos os lados: primeiramente em sentido
horário, deslocando o reto para a direita, para o centro e
para a esquerda, promovendo com isso uma massagem
fortíssima nos órgãos internos.

Repita essa movimentação o número de vezes que


conseguir, sempre mantendo os pulmões vazios.
Precisando inspirar, cesse o exercício, descanse durante
alguns fôlegos e reinicie-o, até completar um mínimo de
cem contrações fortes e cadenciadas. Logo faça o nauli em
sentido anti-horário: para a esquerda, ao centro e para a
direita, procedendo da mesma forma.

No início, vinte e cinco contrações a cada retenção é um


número razoável. Porém, quando estiver devidamente
treinado poderá ultrapassar facilmente as quinhentas
contrações por sessão, fazendo, por exemplo, dez ciclos de
cinqüenta giros a cada śūnyaka. Lembre, no entanto de
fazer igual número de contrações em cada sentido, para
trabalhar a musculatura de forma equilibrada.

Temos um vídeo com instruções detalhadas sobre


o nauli aqui.

Agnisāradhauti

Caso você ainda não consiga fazer o nauli, recomendamos


como preparatório o agnisāradhauti, que é o recolhimento
do abdômen, pressionando os órgãos internos contra a
espinha dorsal e elevando ao máximo o diafragma, que fica
totalmente encolhido e elevado.

4 – Neti
Neti é a atividade de purificação das mucosas nasais.
Compreende o sútra neti, que se faz usando um cordão,
o jalaneti, que se faz com água, o dugdhaneti, com leite e
o ghrītaneti, na qual usa-se ghee, manteiga clarificada. É
ótimo contra males dos seios frontais e nasais, como
sinusite, enxaquecas, rinites, corizas ou resfriados e ainda
favorece a saúde das regiões cerebral, cervical e escapular.
Cabe ressalvar que está contra-indicado para pessoas que
sofrem de hemorragias nasais freqüentes.

Sūtraneti

Sūtra significa cordão, fio. Antigamente se usava um fio de


algodão banhado em cera de abelhas. Hoje em dia esta
prática pode ser feita com uma sonda bem fina, de
aproximadamente 4 mm de espessura e 36 cm de
cumprimento, lubrificada com ghee.

Coloque uma das pontas da sonda em uma das fossas


nasais. Empurre-a lenta e cuidadosamente até que alcance
a garganta. Neste ponto, introduza os dedos polegar e
indicador da outra mão na boca, pegue a extremidade da
sonda e puxe-a para fora. Agora segurando-a por cada
extremidade, movimente-a para cima e para baixo várias
vezes. Repita todo o processo com a outra narina. Este
exercício está reservado somente aos praticantes
experientes. Se você sentir que pode ser difícil para si,
prefira o jalaneti, que utiliza apenas água levemente
salgada.

Jalaneti

Advertência importante: use sempre água previamente


fervida para fazer esta purificação, especialmente se você
mora numa região tropical.

Já houve varios casos de morte pela ameba naegleria


fowleri (conhecida popularmente como a ameba come-
cérebros) nas regiões quentes dos EUA.

Para fazer o śaṅka prakṣalāna ou os demais ṣaṭkarmas que


usam água não é necessário fervê-la, pois os fluidos
gástricos tem a capacidade de matar essa ameba.

Jala significa água. Jalaneti é a limpeza das narinas feita


água salgada. Para fazer este ṣaṭkarma necessita-se de um
pequeno bule de cerâmica próprio, chamado lota. A água
utilizada deve ser mineral, morna e salgada na proporção
de uma colher de sobremesa de sal para um litro de água.

Se a água estiver pouco ou demasiado salgada, poderá ter


uma sensação de ardência na altura dos seios frontais. Se
for o caso, adicione um pouco de água pura para diluir o
sal. Caso queira tonificar os vasos sangüíneos desta área,
utilize água fria. Isto melhora a circulação e evita
hemorragias nasais.
Fique em pé, com o tronco ligeiramente inclinado para
frente e incline a cabeça para o lado direito. Coloque o bico
do lota na narina esquerda e incline-o, permitindo que a
água entre por essa fossa e saia pela outra. A passagem da
água deve ser natural e sem esforço. Isto vai depender da
inclinação da cabeça. Mantenha a boca entreaberta e
respire por ela.

Havendo esvaziado o recipiente, deixe o tronco na mesma


posição e o rosto agora voltado para baixo.
Execute kapālabhāti a fim de extrair o restante da água. Em
seguida, observando as mesmas instruções, faça fluir a
água da fossa nasal esquerda para a direita.

O neti limpa as narinas, elimina o excesso de mucosidade


acumulado nos seios nasais e frontais, estimula
o ājñacakra e desenvolve a clarividência.

As outras duas formas de fazer esta lavagem, bastante


menos utilizadas, são dugdha e ghrītaneti: para fazer
o dugdhaneti emprega-se leite morno ao invés de água e o
procedimento é o mesmo do jalaneti.

Já o ghrītaneti se faz passando ghee no interior das narinas


com o dedo indicador. Isso é muito necessário na Índia,
pois o ar é muito seco e é preciso lubrificar as narinas para
facilitar a respiração.

5 – Dhauti
Existem quatro tipos de dhauti: antardhauti, que
compreende diversas técnicas para a limpeza dos órgãos
internos; dantadhauti que engloba um grupo de exercícios
para asseio dos dentes e órgãos dos sentidos; hṛddhauti,
que é descrito como purificação do coração, mas que
também atua sobre os órgãos internos e mūlaśodhāna, que
consiste em fazer a lavagem do reto. Dhauti significa
limpar, lavar, purificar.

Antaradhauti

Antara, palavra que significa literalmente, interno, é


um dhauti que envolve quatro técnicas para a
desintoxicação dos órgãos internos: vātasāra na qual
utiliza-se o elemento ar; vārisāra onde é utilizado o
elemento água; vahnisāra ou agnisāra, a limpeza feita
através do elemento fogo e bahiskṛta, a lavagem do reto.

Vātasāradhauti. Este é um método de difícil execução,


acessível apenas para aqueles praticantes que adquiriram
um bom conhecimento e domínio do corpo. Vāta é ar em
sânscrito. Vātasāradhauti é a purificação do estômago, feita
utilizando ar.

A técnica consiste em sorver ar pela boca, através do bico


de corvo (kakimudrā, gesto que consiste em fechar os
lábios, deixando uma abertura circular pela qual flui o ar),
até encher todo o estômago. Faz-se o ar circular por ele e
em seguida executa-se uma posição de inversão.

A melhor delas é o sarvaṅgāsana, invertida sobre os


ombros, com os joelhos flexionados tocando a testa ou o
chão. Desta forma o ar será pressionado, empurrado para
os intestinos e expelido naturalmente.

Caso surja alguma dificuldade, é possível eliminar o ar


através da permanência no mayurāsana. A Gheraṇḍa
Saṁhitā, diz que este dhauti purifica o corpo, evita diversas
enfermidades e aumenta a secreção do suco gástrico.

Vārisāradhauti
Vāri significa água. Com o estômago vazio, ingere-se um
litro e meio de água morna e salgada. A continuação
fazem-se alguns ciclos de agnisāradhauti ou nauli e uma
invertida. Finalmente expele-se a água pela boca,
colocando dois dedos na garganta para provocar a
vomição. Para algumas escolas, vārisāradhauti é sinônimo
de vátasára dhauti ou shanka prakshálana.

Vahnisāradhauti

Esta técnica dinamiza o elemento fogo no interior do


corpo, associado ao vāyusamāna, o ar vital responsável
pela correta assimilação dos alimentos. Agni significa
precisamente fogo. O agnisāradhauti consiste em executar
cem contrações abdominais em um só śūnyaka (retenção
com os pulmões vazios).

Sente-se em posição de meditação. Apoie as mãos nos


joelhos e deixe o tronco ligeiramente inclinado para frente.
Elimine todo o ar dos pulmões, execute jalāndharabandha e
contraia vigorosamente o abdômen, como se quisesse tocar
com o umbigo na coluna vertebral.

Em seguida relaxe a musculatura. Contraia e relaxe


inúmeras vezes de forma intensa e dinâmica, enquanto
mantém os pulmões vazios. Este dhauti aumenta a força de
vontade e o fogo interno.

Bahiskṛtadhauti é a limpeza do reto. Esta limpeza é feita


com água: deve-se ficar submerso na água até a altura do
umbigo e lavar o reto com os dedos. Também pode utilizar-
se ar em lugar de água. Bahiskṛta significa colocar para
fora, exterior.

O nome derivaria da qualidade que alguns yogis teriam de


fazer esta lavagem pondo o reto e o cólon para fora do
corpo para poder lavá-los, após ter enchido de ar o
estômago e tê-lo expelido pelos intestinos, segundo está
exposto nas escrituras. Obviamente, não é a nossa intenção
que você sequer tente fazer isto: fica registrado aqui
apenas a título de curiosidade.

Dantadhauti

Embora a palavra danta signifique apenas dente,


o dantadhauti inclui as seguintes
purificações: dantamūladhauti, limpeza da raiz dos
dentes; jihvadhauti ou jihvaśodhāna, a lavagem da
língua; karnadhauti, asseio dos canais
auditivos; kapālarandhradhauti desobstrução dos seios
nasais; e cakṣudhauti, ablução dos olhos.

Para fazer a limpeza dos dentes de acordo com a tradição,


emprega-se pó de catechu, que é esfregado nos dentes a fim
de limpá-los bem. Atualmente encontram-se diversos
produtos à base de ervas ou argila para esta finalidade.
Como sucedâneo, podemos servir-nos da combinação de
azeite de oliva com sal.

Misturam-se estes dois ingredientes e com o dedo


indicador esfrega-se o preparado nos dentes e nas
gengivas. Se for utilizar escova dental, escolha aquelas de
cerda suave e escove-se fazendo movimentos circulares.
Evite os movimentos horizontais, pois isso pode prejudicar
o esmalte dos dentes. Utilize fio dental para remover os
resíduos acumulados nas cavidades.

Danta múla dhauti: a purificação da raiz dos dentes faz-se


pressionando com força os maxilares fechando bem a
musculatura da mandíbula. O dantamūladhauti inclui
também a purificação e massageamento das gengivas. Para
essa finalidade aconselha-se também a ingestão de
alimentos de textura firme, como frutas secas: amêndoas,
castanhas, nozes ou ainda torradas e outros alimentos
duros, pois estes produzirão uma massagem na base dos
dentes.

Jihvadhauti. Diariamente, ao escovar os dentes, passe a


escova dental na língua, desde a raiz para a ponta, com
bastante água, até remover toda a camada esbranquiçada e
junto com esta, resíduos de alimentos e bactérias. A
limpeza da língua também pode ser feita utilizando uma
colher para raspar e remover o excesso de mucosidade ou
esfregando-a com os três dedos maiores e lavando-a com
muita água.

Karnadhauti. Lavagem dos ouvidos com o dedo médio.


Também podem utilizar-se hastes flexíveis de algodão
embebidas em óleo de bétula ou similar, passando-as com
cuidado no canal auditivo. Isto não deve fazer-se todo dia,
pois retirar a cera com demasiada freqüência pode
prejudicar a lubrificação natural dos canais. Karna é
ouvido em sânscrito.

Kapālarandhradhauti é a limpeza dos seios frontais.


Consiste em estimular e massagear com movimentos
circulares a região do intercílio ou fazendo uma leve
percussão nesta área com os dedos da mão direita. Essa
massagem é tonificante, descansa os olhos e a musculatura
do rosto, aumenta o poder de concentração e a lucidez em
momentos de esgotamento físico ou intelectual.
Kapálarandhra designa o crânio e, mais especificamente, a
parte interior dele.

Cakṣudhauti. É a ablução dos olhos feita com água mineral,


morna e salgada ou ainda com chá de pétalas de rosa, de
camomila ou outras ervas com ação emoliente. Também se
pode utilizar soro fisiológico. Para fazer esta purificação
precisaremos empregar um copo pequeno de vidro, que
encaixe perfeitamente no olho.

Verta o líquido no copo, incline a cabeça, coloque e afirme


o recipiente na cavidade ocular, eleve a cabeça e abra o
olho, fazendo o líquido circular. Repita depois a operação
com o outro olho.

Hṛddhauti

Hṛddhauti significa limpeza do coração, embora o


termo hṛd designe não apenas o coração, mas toda a área
do tórax até a garganta, incluindo-se aqui estômago,
esôfago, laringe e faringe. O nome provém da purificação
que se processa no plexo cardíaco, beneficiando
o prāṇavāyu (o ar vital do coração), que é responsável pela
captação de energia do meio ambiente. Duas técnicas
configuram este dhauti: vāmana e vastra.

Vāmanadhauti é a lavagem do estômago com água. Em


jejum, bebem-se de quatro a seis copos de água morna e
salgada e executam-se vários ciclos de nauli. Em seguida, se
faz uma massagem com os dedos médio e indicador na raiz
da língua, para provocar o vômito.

Em utkāsana, sentado de cócoras, expulsa-se toda a água.


As unhas devem estar bem cortadas, caso contrário você
poderá machucar a garganta. Repete-se o exercício mais
três vezes: água, nauli, vomição.

É importante a repetição desta vomição, pois não é possível


purificar a vesícula biliar logo na primeira execução.
Eliminando o excesso de bílis, estimulamos o
funcionamento de todos os órgãos internos: fígado, rins,
baço, pâncreas, estômago, pulmões e coração.

Acaba com as disfunções provocadas pelo excedente de


muco, azia, dispepsia e outros males do aparelho digestivo.
Aumenta a saúde, a força de vontade, o ânimo e a
disposição. Em alguns textos, vāmanadhauti e sinônimo
de vārisāradhauti. Noutros, aparece ainda como sinônimo
de śaṅkaprakṣālaṇa.

Vastradhauti ou vāsodhauti é a limpeza do estômago com


uma tira de gaze de algodão umedecida. Deve ser ingerida
lenta e cuidadosamente, deixando uma parte dela para
fora; em seguida executam-se alguns ciclos de nauli,
mantendo-a no máximo durante quinze minutos no
estômago.

Este dhauti reveste algum risco para a saúde caso seja mal


executado, razão pela qual pedimos ao nosso caro leitor
que o faça apenas sob a supervisão direta de um instrutor
qualificado e responsável.

Aconselha-se fazer alguns ciclos de kapālabhāti em


seguida. Procure não comer ou tomar banho até meia hora
após a execução deste dhauti. É conveniente evitar a
ingestão de alimentos crus na primeira refeição.
O vāmanadhauti não precisa fazer-se com demasiada
freqüência: uma vez a cada quinze dias ou uma vez por
mês serão suficientes para manter o aparelho digestivo em
perfeito estado.

Mūlaśodhāna

Este exercício recebe também o nome


de mūladhauti. Consiste em fazer uma lavagem do reto e da
última porção do cólon. O apána váyu (ar vital responsável
pela excreção) não flui livremente se essa área não estiver
purificada. O mūlaśodhāna acaba com a constipação
intestinal, problemas digestivos e dispepsia. Introduz-se o
dedo médio no reto e fazendo movimentos circulares nos
dois sentidos, limpa-se cuidadosamente a região com o
auxílio de água. Deve-se prestar atenção para que as unhas
estejam bem aparadas.

6 – Vasti
O vasti inclui dois métodos para a purificação dos
intestinos: um feito com água, jalavasti e outro com
ar, sthālavasti. No caso do primeiro exercício, necessitará
apenas de disponibilidade de tempo, pois este terá a
duração de uma a duas horas, dependendo das condições
dos intestinos do praticante. Já a segunda técnica exige um
domínio total da musculatura do abdômen.

Jalavasti

Jala é água. Jalavasti é a lavagem dos intestinos, feita com


água. O método tradicional faz-se usando uma cânula ou
tubo de bambu de cinco dedos de comprimento por um de
espessura. Antigamente, quando as fontes de água não
estavam poluídas, o praticante ficava dentro de um rio,
com a água na altura do umbigo e utilizava o bambu para
sugar através dele a água e fazê-la penetrar nos intestinos.
Depois expelia-se tudo. Dominando a técnica, ele tinha
condições de fazê-la sem o bambu.

Concordamos com você se achar que estas descrições têm


um quê de folclórico, mas considere a época em que estas
técnicas foram desenvolvidas (mais de 5000 anos atrás!) e
pense também que, naquele, tempo os nossos ancestrais
deste lado do mundo moravam em cavernas e nem sequer
estavam sabendo da existência dos próprios intestinos…

Atualmente, na falta de rios cristalinos, podemos realizar o


jala vasti com um clister que tenha capacidade para dois
litros de água. Esta deve ser mineral, morna e salgada, em
proporção igual à utilizada no jalaneti.

Assimilam-se dois litros de água pelo reto. Executa-se uma


posição de inversão até sentir forte vontade de evacuar.
Este processo deve ser repetido até que a água saia bem
clara. A prática de jalavasti aumenta a saúde de um modo
geral, o vigor físico e a imunidade. Não se preocupe com a
perda da flora intestinal que acontece durante a lavagem,
pois ela se regenera e renova rapidamente, o que, aliás, é
muito benéfico. Beba iogurte ou coalhada e pronto.

Sthālavasti

Ficando em viparītakaraṇīmudrā, a variação mais simples


da invertida sobre os ombros, com as costas em um ângulo
de 60 graus em relação ao chão, traga os joelhos até o peito.
Nesta posição, puxe ar pelo reto, provocando o vazio no
abdômen através do nauli ou uddiyanabandha. Após alguns
minutos, expila-o fazendo diversas contrações abdominai

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