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Girl, Woman, Other

Bernardine Evaristo
(2019)

Biografia da Autora: Nascida em Londres, com origem nigeriana, BERNARDINE EVARISTO é autora
de nove livros de ficção e não ficção. Sua obra retrata a diáspora africana, entre o passado, o presente e a
fabulação. Além do premiado Garota, mulher, outras, publicou, entre outros livros, Mr. Loverman e
Blonde Roots. É presidente da Royal Society of Literature e professora de escrita criativa na Brunel
University, em Londres.

RESENHA

É uma mais Obra de romance dessa escritora, em que apresenta uma abordagem
bem-planejada e bem-executada, esse livro é subdividido em seções, contendo como
título o nome da personagem, havendo conexão entre todas elas, partindo da história da
Inglaterra. Com doze protagonistas e grande parte delas mulheres negras, com idade
variando entre 19 até 93 anos, com histórias relacionadas a experiência de imigrantes
etíopes, barbadianos, entre outros países que foram pioneiros no processo de imigração
na década de 1950 na Inglaterra.
A obra começa apresentando as histórias das personagens, Amma, Dominique e
Yaz, a primeira é uma diretora de teatro, que lutou bastante por espaço no teatro,
conseguindo estrear uma peça no National Theatre, em que houve alguns críticas por
parte dos amigos, acusando ela de ter se tornado parte do establishment. Amma era
sócia de Dominique no ramo teatral. Dominique acabou emigrando para os Estados
Unidos e acabou vivenciando a experiência de relacionamento tóxico, ela também é
uma das muitas madrinhas de Yaz, filha de Amma concebida por inseminação artificial,
em que o pai de Yaz é Roland, grande amigo de Amma, gay, casado, professor
universitário, escritor e personalidade de TV.
No discorre do capítulo com a perspectiva de Amma é possível verificar um
pouco da sua história na juventude, no teatro ao momento em que resolveu a ser mãe, na
visão de Dominique uma mulher inquieta em que o Londres não era suficiente para ela e
que posteriormente a ascensão de um grande amor se tornou em relacionamento tóxico
e abusivo, mesmo assim, ainda conseguiu se livrar dessa situação e pelo os olhos de
Yaz, é visto Amma como mãe e um mundo cheio de novas perspectivas e possibilidades
de serem alcançadas.
Outra madrinha de Yaz, a personagem Shirley é professora em uma escola que
recebe menos fundos do que deveria e cujos alunos sofrem um intenso processo de
marginalização, amiga de infância da sua mãe. Foi professora da atual vice-presidente
de um grande banco chamada Carole, uma jovem que sofre com as manifestações de
racismo estrutural e a precarização do sistema. Ela é filha da personagem Bummi, uma
imigrante da Nigéria para a Inglaterra recém-casada porque seu marido acreditou em um
país com mais oportunidades de emprego na sua formação acadêmica e que poderia
lecionar em uma faculdade de Economia em uma universidade britânica.
Bummi tinha o diploma na área de matemática, mas teve que trabalhar em outras
áreas, por exemplo, faxineira. Essa profissão ajudou ela a poupar e abrir sua própria
firma de limpeza, alguns eventos coloca Bummi insistindo que Carole não desista de
Oxford, no entanto, quando a filha volta para casa nas férias, o qual foi exposta a
inúmeras demonstrações de racismo na universidade isso machuca bastante as duas
personagens.
Na perspectiva de Bummi é possível observar que ela como mãe é complexa,
tem duas dores, suas convicções e uma mulher de muita força, na visão de mundo de
Carole é vivenciado as experiências e as limitações de uma adolescente e a dificuldade
de comunicação com a mãe após um evento traumático. Completando esse ciclo é
apresentado a La Tisha, uma mãe solo que luta arduamente para conseguir prover os
filhos e sua família, e se afastou de sua ex-melhor amiga de infância, Carole.
A personagem Shirley é incorporada e lembrada como uma professora rigorosa
que deu aula para Carole e La Tisha, com o passar do tempo foi envelhecendo e
perdendo grande parte de sua própria força, tendo um relacionamento próximo com sua
mãe, Winsome, com segredo longe dos olhos de todos, a personagem Penelope trabalha
juntamente com Shirley e é bastante complexa e evita lidar com seus sentimentos a todo
custo.
Posteriormente surgi o novo núcleo familiar com Grace, Hattie e
Megan/Morgan, em que Hattie, a idosa de 93 que abre sua mente e seu coração para
aceitar, apoiar e amar seu bisnete Megan/Morgan, pessoa de gênero neutro e que nunca
se sentiu livre enquanto crescia, devido não entender completamente seus sentimentos e
gênero. Também a personagem da Grace traz o peso do estágio da maternidade e de que
como algumas mulheres podem sentir ao colocarem outro ser humano sobre esta terra,
tudo de acordo com suas experiências e vivências.
A autora destaca muito os eventos a partir de diversos pontos de vista, mas
também constrói experiências e estabelece vozes marcadamente diferentes entre si,
mostrando doze ou mais possibilidade de ver o mundo através da sua narrativa. Um
romance com muitos debates atuais com narrativas de sofrimentos, alegrias e tensões,
contribuindo na ideia de se colocar no lugar do outro.

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