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INSTITUTO FEDERAL DO MARANHÃO – IFMA CAMPUS AÇAILÂNDIA

Valcleane Soares dos Reis¹; Israel da Silva Pereira 1; Kleber Lucas Araújo de

Lima1

Ivan José Duarte de Morais2; Felipe Alexandre Rizzo2

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

GESTÃO DE FLORESTAS PÚBLICAS: Uma breve revisão bibliográfica alinhada à


prática da Lei nº 11.284/2006.

AÇAILÂNDIA-MA
2022
¹ Estudantes do Curso Técnico em Florestas Integrado- IFMA Campus Açailândia. Professores IFMA Campus Açailândia.

GESTÃO DE FLORESTAS PÚBLICAS: Uma breve revisão bibliográfica alinhada à


prática da Lei nº 11.284/2006.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso Técnico em Florestas, como


requisito para a obtenção de nota e conclusão da disciplina de Projetos II e requisito
parcial para obtenção do título de Técnico Florestal.

Orientador: Prof. Ivan José Duarte de Morais

AÇAILÂNDIA-MA
2022
AGRADECIMENTOS

Agradecemos à Deus em primeiro lugar, por nos dar força e saúde para
concluirmos este trabalho, e por sempre nos ajudar nas mais diversas situações.
Somos gratos por nossas famílias, que sempre nos apoiaram. E por fim,
agradecemos grandemente aos nossos orientadores, que tiveram paciência conosco
e não mediram esforços para nos ajudar e ensinar.

RESUMO

As florestas públicas se caracterizam como florestas, sendo estas nativas ou plantadas, que
pertencem à União, aos municípios, aos Estados, ao Distrito Federal ou a entes da
administração pública indireta. Conforme Conforto, Amaral e Silva (2011) apud Dane (1990)
“a revisão bibliográfica é importante para definir a linha limítrofe da pesquisa que se deseja
desenvolver, considerando uma perspectiva científica”. A metodologia empregada para a
realização deste trabalho de conclusão de curso, tratando-se do curso técnico em Floresta
ofertado pelo Instituto Federal do Maranhão – IFMA campus Açailândia partiu de um
exercício de pesquisa que teve como metodologia de análise da revisão bibliográfica, referente
aos critérios de seleção e análise do material bibliográfico pertinente ao tema que envolve a
Lei nº 11.284/2006, esta que dispõe sobre a gestão de florestas públicas para a produção
sustentável. Assim, dentro da seleção dos organismos que buscamos as informações contidas
artigos e periódicos pesquisados e dividimos este através dos macroprocessos da gestão de
florestas públicas no Brasil sendo o Manejo em Florestas Comunitárias, Monitoramento de
Florestas Públicas e o Fomento Florestal pontuando a leitura da Lei em questão estudada, que
melhor promove a ligação entre as empresas e/ou comunidades para o exercício da gestão de
florestas públicas enquadrada pela lei. Como observado nos artigos norteadores desta leitura
bibliográfica, primeiramente da Lei nº 11.284/2006, o caminho para garantir a preservação da
floresta está também intervir em sua manutenção através de uma gestão sustentável.

Palavras-chave: Lei de Gestão de Florestas Públicas. Recursos florestais. Manejo florestal


sustentável. Revisão bibliográfica.
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO...................................................................................................5
2.REFERENCIAL TEÓRICO……........…........................………………………6
3.METODOLOGIA................................................................................................8
4.RESULTADOS E DISCUSSÃO ..........................................................................9
4.1. Manejo em florestas comunitárias..................................................................10
4.2. Monitoramento de Florestas Públicas.............................................................12
4.3. Fomento Florestal...........................................................................................14
5.CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................16
6.AGRADECIMENTOS........................................................................................17
7.REFERÊNCIAS………………………………………………………………..17
5

1. INTRODUÇÃO

As florestas públicas se caracterizam como florestas, sendo estas nativas ou plantadas,


que pertencem à União, aos municípios, aos Estados, ao Distrito Federal ou a entes da
administração pública indireta. Tais áreas servem como base econômica para os povos das
florestas, mas deve-se sempre fazer o uso sustentável dela. Dessa forma se torna necessário
uma boa gestão das florestas públicas, para que sua diversidade biológica não seja ameaçada
ou extinta.
Ao analisarmos o aumento das atividades agropecuárias e o extrativismo, há
possibilidades do manejo florestal sustentável e a boa gestão destas áreas serem em alguns
momentos deixados de lado. Resultando assim, em uma grande porcentagem da degradação
ambiental e a perda da biodiversidade, além de comprometer o futuro da população.

Dentro deste cenário onde ocorre o uso econômico destas florestas, mas que ao mesmo
tempo, deve-se ser utilizada a prática de conservação das florestas públicas, foi criada a lei
11284/2006, que dispõe sobre a gestão destas florestas para a produção sustentável. Lei esta
que garante o uso econômico destas áreas pelos gestores atuantes alinhada à sustentabilidade.
Sendo então analisados os macroprocessos desta Lei que são aplicados no Brasil, sendo eles o
Manejo em Florestas Comunitárias, o Monitoramento de Florestas Públicas e o Fomento
Florestal.

Além disso, a revisão bibliográfica alinhada a este tema se torna imprescindível, pois ela
não irá somente trazer o resultado da utilização da Lei sobre a Gestão de Florestas Públicas,
mas trazer o conhecimento científico e eficaz que resultará em melhores resultados em
trabalhos como este que são baseados em revisão bibliográfica.
O presente trabalho foi desenvolvido com base no seguinte questionamento: Como
avaliar a aplicação da lei 11.284/2006 na gestão de florestas públicas? Com base nessa
pergunta chegamos à seguinte temática: gestão de florestas públicas: Uma Breve revisão
bibliográfica alinhada à prática da lei 11.284/2006. Sendo este tema de grande importância
para o manejo florestal sustentável, que tem por finalidade manejar as florestas corretamente
evitando, assim, a sua degradação. A importância da pesquisa se dá na aplicabilidade da Lei
sobre Gestão de florestas públicas através de revisões bibliográficas, que irão garantir o bom
funcionamento e preservação das mesmas.

Nesse sentido, pretende-se com este trabalho analisar três artigos que contém os
macroprocessos da lei 11.284/2006, assim como a sua aplicabilidade nas florestas públicas.
Pretendemos por meio deste trabalho contribuir para o conhecimento desse tema tão
importante que envolve o âmbito florestal, a sociedade e a legislação.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Ao organizar uma revisão bibliográfica para pautar uma temática, no nosso caso a
gestão das florestas públicas, devemos considerar primeiramente a importância de realizar esta
revisão para garantir que a temática seja explorada e apresentar como um conjunto de
informações aglutinadas para uma melhor consulta. Conforme Conforto, Amaral e Silva
(2011) apud Dane (1990) “a revisão bibliográfica é importante para definir a linha limítrofe da
pesquisa que se deseja desenvolver, considerando uma perspectiva científica”.

Para aprofundarmos nossa leitura sobre a pesquisa bibliográfica recorremos a Gil


(2007) que acrescenta “a pesquisa bibliográfica possui caráter exploratório, pois permite maior
familiaridade com o problema, aprimoramento de ideias ou descoberta de intuições”. E
verificarmos como ela, a pesquisa bibliográfica, na sua prática realiza uma função primordial
nos trabalhos científicos e para Conforto, Amaral e Silva (2011) apud Cook et al. (1997):

A revisão bibliográfica pode ser narrativa ou sistemática. O primeiro tipo é baseado


em uma descrição simplificada de estudos e informações sobre um determinado
assunto. O segundo tipo, apesar de também ter o caráter narrativo, é baseado na
aplicação de métodos com maior rigor científico, podendo alcançar melhores
resultados e reduzir erros e o viés do pesquisador responsável pela investigação

Assim, diante dos tipos de revisão bibliográfica a narrativa e a sistêmica, ajustamos


no sentido de trabalhar a revisão bibliográfica a narrativa como elucida os autores “uma
descrição simplificada de estudos e informações sobre um determinado assunto”. Outro ponto
a ser considerado para a formação da estrutura deste artigo é que além da revisão bibliográfica,
como alicerce, fazer o uso de exemplos já caracterizados da gestão das florestas públicas e
conforme por Zimmerman e Risemberg (1997); Zimmerman e Kitsantas (2002) apud Pacheco,
Ortega e Carpio enfatiza que “considerando que o uso de exemplos favorece o
desenvolvimento

7
de habilidades de revisão e modificação dos textos elaborados. Pesquisas futuras determinarão
o efeito de expor escritores apenas a exemplos, em tarefas semelhantes às usadas no estudo.”

Ao trazermos para este trabalho de revisão bibliográfica e os exemplos da gestão


das
florestas públicas pretendemos montar uma estrutura de informações para garantir a sua
compreensão das discussões sobre as políticas ambientais. Está tendo como seu início no
Brasil na vigência da Coroa Portuguesa, cujo foco foi essencialmente a proteção de recursos
naturais que também intencionava a demarcação de áreas para reafirmar sua soberania. Pois
segundo Medeiros (2006), no final do Império e início do regime republicano já se delineava
projetos de criação de áreas com regimes especiais de proteção em função, ainda, dos recursos
naturais.
Segundo Duarte de Morais (2015) “A questão da proteção à natureza entrava como
um objetivo da agenda desenvolvimentista nacional, que figurou em alguns importantes
dispositivos legais como o Código Florestal (Decreto 23793/1934), o Código de Águas
(Decreto 24643/1934), o Código de Caça e Pesca (Decreto 23672/1934) e o decreto de
proteção aos animais (Decreto 24645/1934)”. Diante de movimentos que criaram legislações
para garantir a proteção ambiental nasceu com o primeiro código florestal, instituído pela lei
federal nº4771/196

Dentro da sequência de acontecimentos para garantir a criação de áreas de


preservação surgiu em 1967 o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF), a
instituição encarregada de gerir todas as áreas protegidas do país. Nos anos 70, no cenário
político brasileiro se refletiam as questões propostas pelo ambientalismo mundial, com a
realização de diversos encontros internacionais como a Conferência da Biosfera (1968) e a
Conferência de Estocolmo (1972). (DUARTE DE MORAIS, 2015).

Tão inesperadamente quanto as leis de proteção ambiental para todas as áreas foram
sendo apresentadas, discutidas e promulgadas, surgi também a Lei de Gestão das Florestas
Públicas, estas entradas agiram no sentido de sensibilizar o governo para criar ou reforçar
instituições específicas para a questão ambiental, que conforme De Araújo (2008):

As primeiras propostas formais a respeito de uma lei regulando a possibilidade de a


União conceder à iniciativa privada a exploração de florestas em áreas de seu domínio
surgiram no âmbito do Programa Nacional de Florestas (PNF) do Ministério do Meio
Ambiente (MMA) e diziam respeito apenas às Florestas Nacionais (Flonas). Em
dezembro de 2002, o governo Fernando Henrique Cardoso enviou projeto de lei ao
Congresso Nacional prevendo essa possibilidade, o PL 7.492/2002.
Sendo assim, é importante verificar todo o movimento que se fez para criação da Lei
de Gestão das Florestas e no interstício que gerou para sua criação muitos órgãos participaram
e comissões foram criadas. Sendo estabelecida a Lei nº 11.284, de 2 de março de 2006 e traz
nos seus artigos iniciais sua principal finalidade.

Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a gestão de florestas públicas para produção
sustentável, institui o Serviço Florestal Brasileiro - SFB, na estrutura do Ministério
do Meio Ambiente, e cria o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal -
FNDF. Art. 2º Constituem princípios da gestão de florestas públicas:
I - A proteção dos ecossistemas, do solo, da água, da biodiversidade e valores
culturais associados, bem como do patrimônio público;
II - O estabelecimento de atividades que promovam o uso eficiente e racional das
florestas e que contribuam para o cumprimento das metas do desenvolvimento
sustentável local, regional e de todo o País;
III - O respeito ao direito da população, em especial das comunidades locais, de
acesso às florestas públicas e aos benefícios decorrentes de seu uso e conservação;
IV - a promoção do processamento local e o incentivo ao incremento da agregação
de valor aos produtos e serviços da floresta, bem como à diversificação industrial,
ao desenvolvimento tecnológico, à utilização e à capacitação de empreendedores
locais e da mão-de-obra regional;
V - O acesso livre de qualquer indivíduo às informações referentes à gestão de
florestas públicas, nos termos da Lei nº 10.650, de 16 de abril de 2003;
VI - A promoção e difusão da pesquisa florestal, faunística e edáfica, relacionada à
conservação, à recuperação e ao uso sustentável das florestas;
VII - O fomento ao conhecimento e a promoção da conscientização da população
sobre a importância da conservação, da recuperação e do manejo sustentável dos
recursos florestais;
VIII - A garantia de condições estáveis e seguras que estimulem
investimentos de longo prazo no manejo, na conservação e na recuperação das
florestas.

Como expõe Ramadhani (2010) apud De Paula Heimann e Hoeflich (2103) “aponta
para os princípios fundamentais e orientadores da boa governança florestal, incluindo
equidade, justiça, autonomia, responsabilidade, transparência, subsidiariedade e
sustentabilidade”. Dentro disso, feito a sequência de ideias iniciando sobre a utilização da
revisão bibliográfica, o uso de exemplos e um breve caminho histórico para o nascimento da
Lei sobre a gestão de florestas públicas para a produção sustentável alicerçam este trabalho.

3. METODOLOGIA

A metodologia empregada para a realização deste trabalho de conclusão de curso,


tratando-se do curso técnico em Florestas ofertado pelo Instituto Federal do Maranhão –
IFMA campus Açailândia partiu de um exercício de pesquisa que teve como metodologia de
análise da revisão bibliográfica, referente aos critérios de seleção e análise do material
10

bibliográfico pertinente ao tema que envolve a Lei nº 11.284/2006, esta que dispõe sobre a
gestão de florestas públicas para a produção sustentável.

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Congregada à pesquisa bibliográfica está a pesquisa de campo realizada junto a
exemplos de organismos que hoje fazem a gestão de florestas públicas de maneira sustentável,
sendo empresas, comunidades. Nesta etapa foi feita a busca através da internet utilizando
principalmente o buscador google para alinhar a aplicação dos exemplos. Para a organização
das informações, demonstramos através do quadro 01 as 04 (quatro) publicações científicas
encontradas, que foram utilizadas para exemplificar a conexão da Lei nº 11.284/2006 com a
sua efetivação.

Quadro 01 – Publicações científicas utilizadas para exemplificação da implementação da Lei nº 11.284/2006.

Macroprocesso da Lei nº Autores Título e ano


11.284/2006
Marcus Vinício Neves d’ Estudo da dinâmica da floresta
Oliveira e Evaldo Muñoz Braz manejada no projeto de manejo
florestal comunitário do PC Pedro
Manejo em Florestas Comunitárias Peixoto na Amazônia Ocidental
(2006)
Ana Luiza Violato Espada, Mário Manejo florestal comunitário em
Vasconcellos Sobrinho, parceria na Amazônia brasileira:
Gilberto de Miranda Rocha e o caso da Flona do Tapajós
Manejo em Florestas Comunitárias Ana Maria de (2018)
Albuquerque Vasconcellos

André Luiz Silva Monteiro, Monitoramento remoto


Monitoramento de Florestas Denis Conrado Cruz, Dalton Ruy de concessões florestais na
Públicas Seco Cardoso e Carlos Moreira de Amazônia Flona do Jamari,
Souza Jr Rondônia, (2013).

Luciana Di Paula Pereira, Mario A política de concessão em


Vasconcellos Sobrinho e Maria florestas públicas no estado do
do Pará: o caso da unidade de manejo
Fomento Florestal florestal (UMF) III da gleba
Socorro Almeida Flores estadual Mamuru
Arapiuns.
(2019)

4.RESULTADOS E DISCUSSÃO

A temática gestão de florestas públicas permitiu posicionar a preservação da


floresta, que hoje podem fazer uso das permissões pontuadas pela Lei nº 11.284, esta que
dispõe sobre a gestão de florestas públicas para a produção sustentável. Assim, dentro da
seleção dos organismos que buscamos as informações contidas artigos e periódicos
pesquisados e dividimos este através dos macroprocessos da gestão de florestas públicas no
Brasil sendo o Manejo em Florestas Comunitárias, Monitoramento de Florestas Públicas e o
Fomento Florestal pontuando a leitura da Lei em questão estudada, que melhor promove a
ligação entre as empresas e/ou comunidades para o exercício da gestão de florestas públicas
enquadrada pela lei.

Manejo em Florestas Comunitárias

Segundo Da Silva (2012) “o Manejo Florestal Comunitário é o Manejo Florestal


Sustentável pensado e realizado pela própria comunidade”. O primeiro exemplo de uso de
manejo em florestas comunitárias obtivemos através do trabalho intitulado “Estudo da
dinâmica da floresta manejada no projeto de manejo florestal comunitário do PC Pedro
Peixoto na Amazônia Ocidental” de autoria de Marcus Vinício Neves d’ Oliveira e Evaldo
Muñoz Braz publicado em 2006, podemos perceber que é um estudo do mesmo ano da criação
da Lei nº 11.284/2006 é que os autores trazem a forma como o manejo já era realizado pela
comunidade do Projeto de Colonização Pedro Peixoto, este foi criado em 1977 o exemplo não
trata essencialmente de uma floresta pública mas sim realizado nas áreas de
reserva legal. Os autores explicam como o sistema de manejo florestal se configurou no PC
Peixoto:
Cada um dos lotes do PC Pedro Peixoto tem em média 80,0 ha. O projeto de manejo
florestal foi executado no fundo destes lotes, nas áreas de reserva legal, que possuem em
torno de 40,0 ha. Os compartimentos (área explorada anualmente) foram dispostos de
forma paralela à frente das propriedades. Cada um deles possuiu 4,0 ha (400 m x 100 m.
O sistema foi desenhado para ser executado em um ciclo de corte mínimo de 10 anos,
intensidade de corte entre 5 e 10 m3. ha-1. ciclo-1 e utilização de tração animal (bois)
para o arraste da madeira através da floresta até as estradas secundárias. Tratamentos
silviculturais (corte de cipós com um ano de antecedência) e técnicas de manejo
florestal de impacto reduzido (microzoneamento, planejamento da exploração,
seleção de espécies, corte direcionado das árvores) foram aplicadas à floresta.

É imperativo demonstrar que a criação de uma Lei não está sendo desejada de forma
aleatória, mas porque já existe processos que venham a garantir a sua criação, e no caso da
gestão de floresta públicas o exemplo de PC Pedro Peixoto é pertinente, pois no corpo da Lei
nº 11.284/2006 sobre o manejo em florestas em seu Art. 3º que enumera os fins do disposto na
Lei, ou seja, a sua finalidade e nos seus parágrafos VI ao VIII considera que:

VI - Manejo florestal sustentável: administração da floresta para a obtenção de


benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de
sustentação do ecossistema objeto do manejo e considerando-se, cumulativamente ou
alternativamente, a utilização de múltiplas espécies madeireiras, de múltiplos
produtos
12
13

e subprodutos não madeireiros, bem como a utilização de outros bens e serviços de natureza
florestal;
VII - Concessão florestal: delegação onerosa, feita pelo poder concedente, do direito de
praticar manejo florestal sustentável para exploração de produtos e serviços numa
unidade de manejo, mediante licitação, à pessoa jurídica, em consórcio ou não, que
atenda às exigências do respectivo edital de licitação e demonstre capacidade para seu
desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado;
VIII - Unidade de manejo: perímetro definido a partir de critérios técnicos,
socioculturais, econômicos e ambientais, localizado em florestas públicas,
objeto de um Plano de Manejo Florestal Sustentável - PMFS, podendo conter áreas
degradadas para fins de recuperação por meio de plantios florestais.

Figura 01- Imagem ARAUJO (2015) Acervo arbóreo madeireiro das áreas sob manejo florestal comunitário do
Projeto de Colonização Pedro Peixoto. Disponível em https://ainfo.cnptia.embrapa.br. Acesso: outubro 2022

O segundo exemplo do Manejo em Florestas Comunitárias este baseado e estrutura


pela Lei nº 11.284/2006 pesquisado através do artigo de autoria de Ana Luiza Violato Espada,
Mário Vasconcellos Sobrinho, Gilberto de Miranda Rocha e Ana Maria de Albuquerque
Vasconcellos (2018) com o título “Manejo florestal comunitário em parceria na Amazônia
brasileira: o caso da Flona do Tapajós”. Em que os autores analisaram a Unidade de
Conservação de Uso Sustentáve l Florest a Nacional do Tapajós, localizada no Distrito Florestal da
BR-163 (Rodovia Santarém-Cuiabá), região oeste do Estado do Pará é o trabalho das famílias
envolvidos caracteriza hoje da seguinte forma

As famílias e os cooperados desenvolvem diversas atividades produtivas ao longo do


ano, sendo o manejo florestal, especificamente da madeira, é apenas um dos
segmentos rurais produtivos que envolve, também, a agricultura de subsistência com
força de trabalho familiar. Assim, o calendário produtivo é composto por atividades
para produção agrícola de subsistência, extração de produtos florestais não
madeireiros, como óleos vegetais, sementes e frutos, madeireiros, pesca artesanal e
turismo de base comunitária.
14

Em sua conclusão sobre a viabilidade desse sistema os autores externam que:

Considera-se que a parceria se apresenta como uma importante dimensão da governança


ambiental para se atingir a gestão apropriada dos recursos naturais na
Amazônia. O caso do manejo florestal comunitário em curso na Floresta Nacional do
Tapajós revela que as parcerias contribuem para a formação da gestão coletiva dos
recursos florestais que se mostra eficiente e qualificada, uma vez que foi
desenvolvida por um coletivo formado por diferentes setores da sociedade.

Figura 02- Floresta Nacional do Tapajós. Disponível em https://g1.globo.com. Acesso: outubro 2022

Para aprofundarmos nossa proposta dessa questão relacionada à gestão de florestas


públicas desdobram-se em mais uma categoria, que se verifica na sequência. Assim, uma vez
pontuados dois exemplos sobre o manejo em florestas comunitárias, segue-se a amostra com
exemplificação de outra categoria que abrange a Lei nº 11.284/2006 sendo o Monitoramento
de Florestas Públicas.

Monitoramento de Florestas Públicas

Há ainda mais categorias, relacionada aos macroprocessos da gestão de florestas


públicas no Brasil, e uma delas é o Monitoramento de Florestas Públicas, que dentro da Lei nº
11.284/2006 está pontuado no Art. 30 que dispõe sobre as cláusulas essenciais do contrato de
concessão para a ocorrência da gestão de florestas públicas e no seu parágrafo treze reporta à
15
forma de monitoramento e avaliação das instalações, dos equipamentos, dos métodos e
práticas de execução do manejo florestal sustentável e exploração de serviços.
Somado a isto, temos exemplos na literatura que trata deste
monitoramento de
florestas públicas e entre eles recorremos ao trabalho dos autores André Luiz Silva Monteiro,
Denis Conrado Cruz, Dalton Ruy Seco Cardoso e Carlos Moreira de Souza Jr (2013) com
apresentação do Monitoramento remoto de concessões florestais na Amazônia - Flona do
Jamari, Rondônia, estes autores estabelecem a conexão deste monitoramento com a Lei nº
11.284/2006 com a seguinte observação “Monitorar essas florestas públicas é imprescindível
para o sucesso de sua gestão, além de estar previsto na Lei de Gestão das Florestas Públicas.
Dessa forma, realizou-se o monitoramento independente, por meio de imagens de satélite, de
uma área de
96.361 hectares”.

Por se tratar de um monitoramento remoto as áreas da floresta Flona do Jamari foi


entregue a empresas através de processo de concessão ficando segundo Monteiro et al (2013)
com a seguinte configuração “elas foram divididas em três Unidades de Manejo Florestal
(UMF): UMF I, com 17.179 hectares, concedida à empresa Madeflona; UMF II, com 32.998
hectares, concedida à empresa Sakura e UMF III, com 46.184 hectares, concedida à empresa
Amata.”

Monteiro et al (2013) conclui em seus estudos que há a viabilidade de monitorar


remotamente a floresta pública, mas o monitoramento presencial deve ser também mantido,
conforme verificou no estudo “Este estudo mostra que é possível monitorar remotamente a
exploração florestal nas áreas de floresta pública sob concessão florestal na Amazônia. Porém,
o monitoramento por imagem de satélite não substitui o monitoramento da exploração
florestal

realizado no campo”.
16
14

Figura 03- Floresta Nacional do Jamari – Rondônia. Disponível em https://portalamazonia.com. Acesso: outubro 2022

É neste sentido que se constroem as relações da Lei com seu objeto de criação, que
no caso a Lei nº 11.284/2006, onde as concessões para a gestão de florestas públicas vão se
configurando como uma realidade. Na sequência como o encontro da realidade da gestão das
florestas dispomos de outro macroprocesso enumerado pela supracitada lei o Fomento
Florestal.

Fomento Florestal

Os Autores Luciana Di Paula Pereira, Mario Vasconcellos Sobrinho e Maria do


Socorro Almeida Flores (2019) em publicação intitulada “A política de concessão em florestas
públicas no estado do Pará: o caso da unidade de manejo florestal (UMF) III da gleba estadual
Mamuru
Arapiuns”. Traz em sua estrutura o valor do fomento florestal direcionado pela Lei nº
11.284/2006 inicialmente com uma afirmativa muito positiva no sentido da promoção da
conservação das florestas como “Atualmente, se observa claramente que o fomento e a
implantação dos projetos agropecuários foram os principais responsáveis pela conversão de
grandes áreas de floresta em áreas de uso alternativo do solo”.

A Lei nº 11.284/2006 estabelece que o fomento florestal, ou seja, o estímulo a


preservação das florestas é contemplado em seu Art. 2º, este estabelece a constituição dos
princípios da gestão de florestas públicas, e mais precisamente no parágrafo sétimo reproduz a

15
seguinte estrutura “o fomento ao conhecimento e a promoção da conscientização da população sobre
a importância da conservação, da recuperação e do manejo sustentável dos recursos

florestais”.
A unidade de manejo florestal (UMF) III da gleba estadual Mamuru Arapiuns tem

sua estrutura de fomento segundo os autores que “com a institucionalização da concessão


florestal, e para atender a demanda de fomento e da gestão em si, a LGFP, além de dispor
sobre a gestão das florestas, criou Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal (FNDF) ”. E
o governo do Estado do Pará também promoveu baseado na Lei nº 11.284/2006 a criação de
um órgão a manutenção do fomento florestal segundo Pereira, Sobrinho e Flores (2019):

No âmbito estadual por meio da legislação específica foram criados o Instituto de


Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará (Ideflor-bio) como órgão gestor e de
fomento florestal, e para atender a necessidade de administração dos recursos
financeiros pertinentes a exploração dos recursos florestais em regime de concessão,
foi criado em 2007 o Fundo de Desenvolvimento Florestal – FUNDEFLOR

Utilizando as reflexões dos autores Pereira, Sobrinho e Flores (2019) pode-se dizer
que há muitas brechas com a implantação da Lei nº 11.284/2006 visto como “há ainda lacunas
para entender a efetividade no uso dos recursos pelo Ideflor-bio, considerando a aplicação dos
mesmos em termos de melhoria da qualidade de vida das comunidades ainda são ações
incipientes". Mas também os autores estabelecem pontos positivos a respeito da concessão
para a gestão de floresta como verificado “há eficiência e eficácia enquanto a execução do
instrumento de concessão da política pública florestal, considerando que houve grande avanço
de ações da preservação das florestas públicas na área de concessão, com baixo custo, o que
era o objetivo inicial da concessão”.
16

Figura 04- Imagem aérea da Floresta das Glebas Mamuru Arapiuns. Disponível em https://redepara.com.br.
Acesso: outubro 2022

Sendo assim, como pensar em alternativas para a garantir a proteção da floresta,


deve sempre ser pautada em procedimentos científicos e que geram escolhas técnicas, que não
só envolve os organismos públicos, mas também a sociedade, principalmente a envolvida
economicamente na vida da floresta, a Lei nº 11.284/2006 se configurou como uma dessas
alternativas.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante das considerações tecidas acima, podemos perceber como a leitura das
publicações científicas que pautam sobre a Lei nº 11.284/2006 e a aplicação da mesma no
cotidiano de quem trabalha diretamente com a exploração da floresta gera uma situação de
eficiência na sua aplicação de rentabilidade. A tarefa de propor soluções para uma situação tão
complexa que é a preservação das florestas e esta solução perpassa pela criação de leis e este
trabalho vem dispor de fatores da aplicabilidade da Lei de forma real, que envolve o Manejo
em Florestas Comunitárias, Monitoramento de Florestas Públicas e o Fomento Florestal.

Como observado nos artigos norteadores desta leitura bibliográfica, primeiramente


da Lei nº 11.284/2006, o caminho para garantir a preservação da floresta está também
intervindo na sua manutenção através de uma gestão sustentável. Os beneficiados desta Lei
são muitos como os órgãos públicos que passam a exercer o papel de fiscalizador, as empresas
que garantem a preservação da floresta e as comunidades que vivem economicamente desta.
17

REFERÊNCIAS

ARAUJO, H. J. B. de. Acervo arbóreo madeireiro das áreas sob manejo florestal comunitário
do Projeto de Colonização Pedro Peixoto. Rio Branco: Embrapa Acre, 2015. 49 p. (Embrapa
Acre. Documentos, 139).

BRASILEIRO, Serviço Florestal. Gestão de florestas públicas: relatório 2007. Brasília.


Disponível em:< www. sfb. gov. br. (acesso: outubro 2022), 2010.
CONFORTO, Edivandro Carlos; AMARAL, Daniel Capaldo; SILVA, SL da. Roteiro para
revisão bibliográfica sistemática: aplicação no desenvolvimento de produtos e gerenciamento
de projetos. Trabalho apresentado, v. 8, 2011.

Cook, D.J.; Mulrow, C.D.; Haynes, R.B. Systematic reviews: synthesis of best evidence for clinical
decisions. Annals of Internal Medicine, v.126, n.5, pp.376-380, 1997.

DA SILVA, Diana Suzete Nunes et al. Gestão sustentável das florestas públicas no Brasil (Lei
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