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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE


INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA
CENTRO DE RECURSO DE PEMBA
Curso de Licenciatura em Ensino de Geografía
Cadeira de Geografia de Moçambique II

A gestão de recursos florestais e faunisticos em Moçambique

Nome do estudante: Atanásio Pedro Tutor: Renato Hélder Uane


Código: 708204899
Ano de frequência: 3o

Pemba, Julho de 2022


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 Índice 0.5
Aspectos  Introdução 0.5
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organizacionais  Discussão 0.5
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(Indicação clara do 1.0
problema)
Introdução
 Descrição dos objectivos 1.0

 Metodologia adequada
2.0
ao objecto do trabalho
 Articulação e domínio
do discurso académico
Conteúdo (expressão escrita 2.0
cuidada, coerência /
Análise e coesão textual)
discussão  Revisão bibliográfica
nacional e internacional
2.0
relevante na área de
estudo
 Exploração dos dados 2.0
 Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
 Paginação, tipo e
Aspectos tamanho de letra,
Formatação 1.0
gerais paragrafo, espaçamento
entre linhas
Normas APA 6ª
 Rigor e coerência das
Referências edição em
citações/referências 4.0
Bibliográficas citações e
bibliográficas
bibliografia
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Índice
Introdução..............................................................................................................................4

A Participação Comunitária na Gestão de Florestas no Contexto Moçambicano.................5

Enquadramento legal do maneio dos recursos naturais em Moçambique.............................6

Limitações sócioe-conómicas................................................................................................7

Limitações políticas - legais..................................................................................................7

Limitações ecológicas - ambientais.......................................................................................7

Conflitos de interesse entre as comunidades locais e os operadores florestais.....................8

Conclusão..............................................................................................................................9

Referências Bibliográficas..................................................................................................10
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Introdução

O presente trabalho aborda sobre a gestão de recursos florestais e faunisticos em


Moçambique, onde Moçambique, é um País que ainda possui recursos naturais virgens
para as comunidades rurais. A exploração ilegal florestal para o aproveitamento da
madeira, a caça furtiva para o consumo familiar, as queimadas descontroladas e
agricultura itinerante, são apontadas como os principais fatores que ameaçam a extinção e
o desenvolvimento dos recursos naturais. A situação torna-se mais complicada, porque os
mesmos recursos são explorados sem beneficiar as comunidades locais. O governo, têm
realizado alguns esforços a nível local para reconhecer a importância florestal e faunísco,
promovendo a sua gestão sustentável. Assim, este trabalho tem como objetivo principal:
fazer das comunidades locais autores mais dinâmicos participativos na gestão e controlo
dos recursos florestais e faunísticos no processo de desenvolvimento rural local, partindo
do reconhecimento e formalização cadastral dos seus direitos, e a seguir, lhes oferecendo
uma série de opções para realizar os seus próprios projetos de exploração dos recursos
naturais, melhorando as suas condições de vida.

Quanto a metodologia usada para a realização deste trabalho foi a de consulta


bibliográfica, que consistiu na leitura, criticas e análise das informações da obra que foi
disponível pela UCM no departamento do curso a distância assim como outras referências
bibliográficas encontradas fora desta instituição.A estrutura do trabalho começa com
introdução, desenvolvimento, conclusão e referencias bibliograficas.
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A Participação Comunitária na Gestão de Florestas no Contexto Moçambicano

“A desflorestação e degradação das florestas são das questões ambientais globais


mais relevantes da actualidade, principalmente com o crescente reconhecimento do papel
destes ecossistemas no ciclo de carbono e possível mitigação das mudanças
climáticas” (FAO 2015, )
Têm sido realizados alguns esforços a nível internacional para reconhecer a importância
das florestas e promover a sua gestão sustentável. Estes esforços remontam à Conferência
de Estocolmo, realizada em 1972. Esta reconheceu as florestas como o maior, mais
complexo e mais durável de todos os ecossistemas. Alertou ainda para o facto de grande
parte da cobertura florestal já ter sido derrubada.
Actualmente, Moçambique apresenta uma cobertura florestal ainda extensa, mas a área de
floresta tem registado uma diminuição a um ritmo acelerado. O mais recente inventário
florestal nacional indica uma perda anual de cerca de 217000 hectares, o que equivale a
um índice de desflorestação anual de 0,58 por cento. Tudo indica, que esse valor tenha
tendência a aumentar devido ao crescimento económico que actualmente se regista no
país, ao crescente interesse na exploração comercial da madeira para exportação, à
expansão da agricultura comercial, bem como ao crescimento da população.

De acordo com Matakala (1998), “o MCRN relaciona-se com o conceito de Maneio


comunitário de florestas que é o controlo, uso e gestão das florestas arredores pelas
comunidades locais para o seu beneficio e garantido a sustentabilidade do curso a longo
termo”. Neste contexto, é essencial considerar opções para promover o uso sustentável e a
conservação dos recursos florestais em Moçambique a médio e longo prazo. São várias as
intervenções ou estratégias possíveis para controlar o problema da desflorestação e
degradação das florestas. Estas resumem-se desde reformas legais e institucionais até a
acções muito específicas, tais como a implementação de projectos de Gestão Florestal
Sustentável.

Reconhecidamente, Moçambique conta com uma das mais avançadas políticas e


legislação para o ambiente em geral e florestas em particular em África. Nesse quadro
legal e institucional, a descentralização da gestão florestal e participação das comunidades
locais constituem elementos de destaque.
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Acredita-se que a participação comunitária contribua para a boa gestão das florestas e
melhoria do bem-estar das populações locais através da sua capacitação e partilha de
benefícios resultantes da exploração das florestas.

Enquadramento legal do maneio dos recursos naturais em Moçambique

A lei de florestas e fauna bravia (LFFB), DNFFB (1999), enfatiza a gestão participativa
dos recursos florestas e faunisticos no artigo 31 ao determinar a criação de conselhos
locais de gestão dos recursos naturais constituidos por menbros das comunidades locais,
do sector privado, das associacções e das autoridades locais do Estado. Portanto, permite
de igual modo, a utilização dos recursos florestais e faunisticos que estejam dentro e ou
fora das áreas de conservação, quer parques ou reservas para o consumo próprio de acordo
com as rstrições impostas pela lei e o plano de maneio sem causar danos ambientais.

Apesar do quadro legal e institucional aparentemente progressivo, com a adopção da


participação das comunidades locais como um dos princípios fundamentais na gestão
florestal, têm surgido algumas dúvidas em relação à sua efectiva implementação.
Na prespectiva de Nhantumbo (2004), “aponta para vários constrangimentos à aplicação
dos instrumentos legais existentes. Entre eles, regista-se a falta de informação por
parte das comunidades locais sobre os seus direitos na partilha de benefícios, um
conhecimento técnico limitado, o fraco domínio dos procedimentos legais bem como a
fraca capacidade de custear as despesas que o usufruto dos benefícios previstos na
legislação implica”. Para os outros autores apontam várias preocupações em relação ao
real grau de envolvimento das comunidades locais na gestão dos recursos florestais e na
distribuição equitativa dos benefícios económicos gerados.
Para Mustalahti (2011), por exemplo, aponta três problemas reais relacionados com a
gestão florestal sustentável, nomeadamente:
A falta de incentivos para a população local se capacitar na participação activa no
controlo e gestão de recursos naturais;
Uma atitude conservadora entre os silvicultores e políticos, que se assumem como
únicos na tomada de decisão, mesmo reconhecendo que a floresta precisa de ser
protegida pela população local;
A falta de incentivos e motivação necessários para as administrações distritais
poderem promover os direitos locais e a capacitação das pessoas.
Nas abordagens sobre participação comunitária vai mais além, sintetizando as principais
limitações na gestão participativa de recursos naturais em cinco domínios principais
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relacionados com aspectos socioeconómicos, político-legais, económicos, técnicos e


ecológico-ambientais, tais como:
Limitações sócioe-conómicas

Diversidade e heterogeneidade das comunidades rurais;


A não incorporação do conhecimento local no processo técnico da gestão
sustentável de recursos;
Existência de conflitos sociais com e sem origem nos recursos naturais;
Instabilidade social devido a baixas rendas das famílias e a falta de alternativas de
rendimento.
Limitações políticas - legais

Falta de vontade política aos níveis governamentais e resistência às mudanças aos


níveis administrativos e locais que se manifestam pelo persistente estado de
monopólio estatal na gestão de recursos;
Ausência de posse segura de recursos, incluindo terra, desencoraja os processos
participativos nalguns territórios.
Limitações económicas
Falta de fundos por parte das comunidades beneficiárias na fase inicial para a
comparticipação em iniciativas participativas;
Dependência em relação a iniciativas participativas apoiadas por doadores ou
agentes de desenvolvimento local;
Falta de iniciativas económicas e acesso ao crédito. Limitações técnicas
Limitada capacidade técnica a nível dos serviços respectivos (terras, florestas,
água, fauna) própria comunidade, incluindo falta de habilidades técnicas e
capacidade para implementar a gestão participativa;
Limitadas experiências bem-sucedidas na gestão sustentável aos diferentes níveis
do país (que sirvam de modelo bem sucedido).
Limitações ecológicas - ambientais

A existência de recursos naturais que possam promover alternativas de


actividades/rendimentos por parte das comunidades interessadas (disponibilidade
de recursos);
As condições climáticas (precipitação, temperatura, ventos etc.) podem não ser
favoráveis para o desenvolvimento de uma determinada actividade requerida em
determinados locais.
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Os constrangimentos acima descritos não esgotam a temática da participação das


comunidades locais na gestão florestal, mas sim apontam para a necessidade de aprofundar
a compreensão destas dinâmicas, principalmente atendendo a diversidade e
hetereogenidade das comunidades locais em Mocambique.
Conflitos de interesse entre as comunidades locais e os operadores florestais

Os conflitos em causa estão relacionados com a incompatibilidade entre os interesses


imediatistas usuais na área de estudo e a implementação dos planos de gestão por
operadores florestais. Tais conflitos têm-se caracterizado por acusações mútuas: enquanto
as comunidades locais alegam que os operadores florestais não trazem benefícios tais
como emprego, infra-estruturas sociais, limitando-se a cortar e transportar os toros para
outros locais, os operadores florestais acusam as comunidades locais de serem as autoras
das queimadas descontroladas, praticarem a caça furtiva e cortes de madeira sem
autorização.

Com efeito, a fim de garantirem o cumprimento dos planos de gestão, os operadores


florestais impõem às comunidades locais a ruptura dos seus hábitos tradicionais na
utilização das florestas. Tratando-se de planos executados sem uma prévia negociação
entre os antigos e os recentes utilizadores das florestas, as comunidades locais têm
reagido à sua implementação recorrendo, inúmeras vezes, ao uso de actos nocivos às
florestas, tais como a prática de queimadas descontroladas, o envenenamento das águas
superficiais como técnica de pesca, entre outras. Refira-se que os operadores florestais em
causa, regra geral, são externos à área de estudo, porque como é de lei, em Moçambique,
qualquer cidadão pode explorar as florestas mediante uma licença concedida pelas
autoridades florestais.

De acordo com a Lei de Florestas e Fauna Bravia, os operadores florestais têm entre
outras, a obrigação de efectuar consultas comunitárias, definirem os benefícios e os
serviços apropriados nas diferentes áreas sociais e económicas, de modo a obterem o
consentimento das comunidades residentes ou vizinhas das áreas de exploração florestal.
O entendimento entre os operadores florestais e as comunidades locais visa proporcionar
benefícios mútuos, reduzir a ocorrência de conflitos entre as duas partes e contribuir para
a redução da pobreza das comunidades através do uso racional dos recursos florestais.
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Conclusão

Chegado neste ponto conclui-se que na atualmente em Moçambique, tem registado uma
diminuição a um ritmo acelerado dos recursos florestais. O mais recente inventário
florestal nacional indica uma perda anual de cerca de 217000 hectares, o que equivale a
um índice de deflorestação anual de 0,58 por cento, Tudo indica que, esse valor tenha
tendência a aumentar devido maior exploração excessiva da madeira que posteriormente é
exportada para o continente Asiático, concretamente na China.
É nesse contexto que se aponta vários constrangimentos em relação ao real grau de
envolvimento das comunidades locais na gestão dos recursos florestais com a sua fauna-
bravia, como por exemplo: falta de incentivos para a população local na participação
ativa no controlo e gestão de recursos naturais; uma atitude conservadora entre os
silvicultores e políticos, que se assumem como únicos na tomada de decisões, mesmo
reconhecendo que a floresta precisa de ser protegida pela população local; a falta de
incentivo e motivação necessária para as administrações distritais poderem promover os
direitos locais e a capacitação das pessoas.
A política de florestas e fauna bravia em Moçambique envolve as comunidades locais na
gestão e conservação de recursos florestais e faunísticos. O envolvimento da comunidade é
baseado na premissa de que o controle e uso de recursos pelas comunidades é mais
eficiente e eficaz do que a sua exclusão. Porém, enquanto a gestão de recursos baseada na
comunidade atrai cada vez mais atenção, a sua implementação nem sempre coincide com
as expectativas formais.
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Referências Bibliográficas

1. DNFFB, Lei Florestas e Fauna Bravia, Maputo. 1999.


2. FAO - Fundo das Nações Unidas para Agricultura e Florestas (2015) – Global Forest
Resources Assessment - How are the world’s forests changing? (Rome, 2015).

3. MATAKALA, P. Participação pública, análise de género e resolução de conflitos na


gestão dos recursos naturaís. DNFFB/FAO/IUCN. Maputo. Moçambique.1998.
4. Mustalahti, I. - The Realities of Participatory Forest Management: Case Study
Analyses from Tanzania, Mozambique, Laos and Vietnam, in: Footprints in forests.
(2011)

5. Nhantumbo, I. Maneio Comunitário em Moçambique: Evolução e Desafios para o


futuro, DNFFB, Maputo. 2004.

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