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Monitorando cenários

Mudanças na Petrobras (PETR4) e queda do petróleo:


no que as “junior oils” estão de olho após um 3º tri
positivo
Companhias, com destaque para PRIO e PetroReconcavo, tiveram controle de
custos e resultados foram avaliados positivamente pelo mercado
Por Augusto Diniz25 nov 2022 08h35-
Atualizado 2 dias atrás

(Getty Images)

PRIO (PRIO3), PetroReconcavo


(RECV3), 3R Petroleum (RRRP3)
“surfaram” nos altos preços do petróleo no primeiro semestre. Já no terceiro
trimestre, as  companhias mostraram resiliência mesmo com as cotações mais
baixas na base trimestral,  com crescimento na produção, seja por melhoria na
operação de seus campos ou por incorporação de novos ativos.

Em relatório, o Itaú BBA destacou que a PRIO apresentou resultados sólidos com
o controle dos custos como um dos destaques. Os resultados da
PetroReconcavo também superaram as expectativas da casa, com produção de
gás definindo o ritmo no 3T22, também combinado com um menor custo de
extração na base trimestral.

Porém, há questões que estão no radar das empresas para este final de ano e
que devem perdurar para os próximos trimestres. Agora, as estimativas do
mercado são de queda do valor do brent, com os riscos para a economia mundial
em meio à alta de juros pelos principais bancos centrais, além do cenário de
dificuldades para a atividade da China.

Já no plano doméstico, a notícia de que o governo de transição do presidente


eleito Luiz Inácio Lula da Silva vai reavaliar os planos de venda de ativos da
Petrobras (PETR3;PETR4) também é monitorado de perto pelas
empresas juniores, que compraram diversos campos da companhia estatal nos
últimos anos.

Roberto Monteiro, CEO da PRIO, comentou na apresentação dos resultados do


3T22 que a companhia buscava novas oportunidades de aquisição de campos de
petróleo, mas já pensava em negociação com outras petrolíferas que não a
Petrobras que tenham participação em campos de extração.

O executivo disse, na ocasião, logo após a eleição de Lula (PT), que a estatal
estava em “momento de redefinição de estratégia” que não dizia respeito à PRIO.
Ele complementou que a empresa “pensava em outras majors”, numa
demonstração que não conta com venda de campos de petróleo hoje nas mãos
da Petrobras.

“Se a Petrobras tiver interesse em desinvestimento, a gente vai olhar”, ponderou.


A PRIO mantém hoje com a estatal processo de transição da operação de
Albacora Leste, na Bacia de Campos, adquirida pela empresa privada em abril. A
petroleira independente espera assumir totalmente a operação de Albacora Leste
até o final do ano.

Na última sexta (18), a diretoria da Agência Nacional de Petróleo (ANP) havia


aprovado a aquisição pela PRIO da participação de 90% da Petrobras no campo
– os outros 10% pertencem a Repsol Sinopec Brasil.

Ativos pendentes

Em meio às mudanças previstas na Petrobras, Ricardo Savini, CEO da 3R


Petroleum, chegou a ser questionado durante a última teleconferência de
resultados da empresa se não via riscos de contratos ainda pendentes serem
revistos. Dos nove ativos adquiridos pela petrolífera independente da Petrobras,
três polos estavam pendentes de assinatura final de contrato: Pescada, Papa-
Terra e Potiguar.
“A gente está muito tranquilo, principalmente na parte upstream (produção e
exploração). Pessoalmente não vejo nenhum risco. A Petrobras não tem tradição
de desonrar contratos”, afirmou à época Ricardo Savini, CEO da 3R Petroleum.

O Polo Papa-Terra, na Bacia do Espírito Santo, em meados de dezembro está


previsto o closing. Sobre os outros dois polos – Pescada e o Potiguar, no Cluster
Potiguar, no Nordeste -, o primeiro deve entrar em operação até o final do ano e
o segundo no primeiro trimestre do ano que vem para iniciar imediatamente o
trabalho de perfuração.

A PetroReconcavo, no início do mês, havia anunciado a revogação da liminar que


paralisava as negociações dos acordos contratuais com a Petrobras em relação
ao Polo Bahia Terra, na Bahia. Isso permite agora finalizar a compra junto à
estatal depois de cinco meses de suspensão.

O Polo Bahia Terra é estratégico para a PetroRecôncavo – a área está sendo


adquirida em consórcio com a Eneva (ENEV3). Após o desfecho na Justiça, a
direção da Petrobras havia anunciado a continuidade do processo de venda.

Brent em baixa

Na vertente de preço de petróleo, o Goldman Sachs foi um dos bancos que


reduziram nos últimos dias a previsão de cotações para o brent de US$ 110 para
US$ 100 por barril neste quarto trimestre do ano.

A redução estaria relacionada à preocupação com a demanda na China devido a


possíveis novas restrições de controle da pandemia, dentro do plano de Covid
zero naquele país. Influenciou ainda a previsão para baixo a possível ação da
União Europeia de cria um teto para o preço do barril de petróleo na Rússia.

Roberto Monteiro, CEO da PRIO, na tele de apresentação dos resultados do


último trimestre, reconheceu que no 4T22 “estava vendo o mercado um pouco
pior”. Segundo o executivo, o petróleo estaria voltando aos preços originais e não
tão altos como antes.
Contudo, analistas seguem otimistas com o case de investimentos nas “junior
oils”. Nesta semana, por exemplo, o BTG Pactual revisou os números da PRIO
para incorporar: (i) a produção atual de petróleo; (ii) novas campanhas de
perfuração da fase 2 do programa de revitalização de Frade; e (iii) menores
custos de extração consolidados, avaliando que suas estimativas anteriores
estavam muito conservadoras. Para o banco, a companhia permanece barata
mesmo depois de subir 72% no acumulado do ano, reiterando assim
recomendação de compra e elevando o preço-alvo de R$ 37 para R$ 58.

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