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Nº6 Abril 2012 Psicologia Na Actualidade Psicologia Na Actualidade Nº6 Abril 2012

Percurso Histórico da PTSD à STSD


Exposição Directa e Podemos encontrar as primeiras referências à Perturbação de Stress
Pós Traumático (PTSD: Post-Traumatic Stress Disorder) nas

Indirecta ao Trauma: manifestações clínicas e sintomas que os militares apresentavam


após terem participado em conflitos bélicos. Nomeadamente, após
a Guerra Civil Americana os sintomas de PTSD manifestados pelos

Perturbação de Stress Pós militares eram descritos como um “síndrome do coração irritável” e
de “coração exausto” e após a Primeira Guerra Mundial, foram
designados por “astenia neurocirculatória” ou “shell shock” da
Traumático (PTSD) mesma forma, que as respostas perante estímulos que associavam
aos combates eram designadas de “neurose de guerra”. Foi após a
e Perturbação de Stress Guerra do Vietname (início 1964) que aumentou a preocupação da
sociedade face às consequências deste tipo de situações (Vaz Serra,
Traumático Secundário (STSD) 2003) levando ao reconhecimento científico desta perturbação.

Sendo assim, em 1980, a Perturbação de Stress Pós Traumático foi


reconhecida como entidade nosológica, data a partir da qual passou
a ser descrita na 3ª Edição do Manual de Diagnóstico e Doenças Mentais, da
Associação de Psiquiatria Americana, bem como no CID 10, da
CARLA SUSANA PEDRAS & M. GRAÇA PEREIRA
Organização Mundial de Saúde a partir do ano de 1992 (Vaz Serra, 2003).

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“Só na 4ª Edição do DSM (APA, DSM-III R, 1987), esse stressor dos homens relataram sintomas de Na IV edição do DSM passou também
(1994), novas alterações era considerado fora do âmbito das stress traumático. Já nas populações a figurar, no critério A, os acontecimen-
foram feitas, nomeadamente experiências normais dos seres hu- psiquiátricas, os valores encontrados tos traumáticos em que o individuo
manos ou seja experiências raras. Só são mais elevados podendo chegar toma conhecimento da morte violenta
o carácter raro da experiência
na 4ª Edição do DSM (1994), novas aos 90% (Kilpatrick, Edmunds, & Seymour, ou inesperada de alguém, ou da ameaça
foi excluído do critério A do
alterações foram feitas, nomeada- 1992). Contudo, apenas 15% da popu- de morte vivida por um familiar ou
quadro de diagnóstico desta
mente o carácter raro da experiência lação parece desenvolver PTSD (Kulka amigo íntimo (Vaz Serra, 2003). Nesta
perturbação. Além disso, foi foi excluído do critério A do quadro et al., 1990; Yehuda, 2002). Num es- edição surge ainda a designação de Per-
incluída a resposta da pessoa de diagnóstico desta perturbação. tudo realizado em Portugal foi veri- turbação Aguda de Stress para as mani-
envolvendo medo, impotência Além disso, foi incluída a resposta da ficado que, ao longo da vida, 75% da festações clínicas de duração inferior a
e horror (Vaz Serra, 2003).” pessoa envolvendo medo, impotência população está exposta a pelo menos um mês, dado que manifestações com
e horror (Vaz Serra, 2003). Este facto um acontecimento adverso e 43.5% a duração superior são consideradas uma
deveu-se em grande parte aos estu- mais do que um (Albuquerque, Soares, Perturbação de Stress Pós Traumático
A partir desse momento, os termos dos que foram sendo desenvolvidos Jesus, & Alves, 2003). (Vaz Serra, 2003).
anteriormente utilizados para descre- sobre a prevalência da PTSD na po-
ver as manifestações psicológicas pulação normal, onde os resultados
que os militares apresentavam após apontavam para que 39% a 69% dos in-
a sua participação na guerra, foram divíduos tivessem sido expostos a acon- “Na IV edição do DSM passou também a figurar, no critério A, os
substituídos e a designação de Per- tecimentos considerados traumáticos acontecimentos traumáticos em que o individuo toma conhecimento da
turbação de Stress Pós Traumático (Breslau, Davis, Aandreski, & Peterson, morte violenta ou inesperada de alguém, ou da ameaça de morte
começou a fazer parte do reportório 1991; Breslau & Davis, 1992). Kessler,
vivida por um familiar ou amigo íntimo (Vaz Serra, 2003). Nesta
clínico para explicar essas manifes- Sonnega, Bromet, Hughes, e Nelson
(1995) num estudo nacional sobre
edição surge ainda a designação de Perturbação Aguda de Stress
tações. Contudo, na 3ª edição do
DSM, o primeiro critério para o de- comorbilidade, constataram que para as manifestações clínicas de duração inferior a um mês, dado
senvolvimento desta patologia era a 60% da população americana tinha que manifestações com duração superior são consideradas uma
existência de um stressor reconheci- sido exposta a situações traumáticas Perturbação de Stress Pós Traumático (Vaz Serra, 2003).”
do mas, na 3º Edição Revista do DSM mas apenas 20% das mulheres e 8%

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De entre as várias situações po-


Perturbação de Stress
tencialmente traumáticas, podemos
referir os acidentes graves de mei-
Traumático Secundário
os de transporte (e.g. automóvel, (STSD)
avião); os desastres naturais, como
“Contudo, vários termos têm vindo a ser utilizados para designar este
um tsunami ou um tremor de terra;
“Ao longo dos anos, um outro processo processo de traumatização secundária, nomeadamente “stress por
a agressão criminosa, em que a pes- foi sendo estudado e hoje é designado compaixão”, “fadiga de compaixão” e “vitimação secundária” (Figley,
soa é vítima de uma agressão física, de Perturbação Secundária de Stress 1983), “co-vitimação” (Hartsough & Myers, 1985, cit. Dekel & Solomon,
esfaqueamento ou tiro; a exposição Traumático (STSD: Secondary Traumatic 2006), “contra-transferência traumática” (Herman, 1992) e “traumatização
a situações de combate, durante vicariante” (McCann & Pearlman, 1990). Figley, em 1995(a), definiu o
Stress Disorder). ”
as quais o individuo sentiu a vida
fenómeno do stress por compaixão como a consequência e o efeito
ameaçada e/ou presenciou a morte Ao longo dos anos, um outro processo
de alguém; a agressão sexual, abuso
negativo exercido sobre quem vive, ama, ajuda e fornece apoio a uma
foi sendo estudado e hoje é designado
físico, sexual e negligência na infân- de Perturbação Secundária de Stress vítima de trauma, bem como as pessoas que têm conhecimento e/ou
cia, em que a pessoa foi vítima de uma Traumático (STSD: Secondary Traumatic trabalham com uma vítima. Já a fadiga de compaixão é considerada a
violação, maus-tratos e situações Stress Disorder). Contudo, vários ter- manifestação mais severa do stress por compaixão, dado que é um estado
de rapto, tortura, ser prisioneiro de mos têm vindo a ser utilizados para de- de exaustão e disfunção, biológico, psicológico e social, resultante da
guerra e situações de doença crónica signar este processo de traumatização exposição prolongada ao stress por compaixão e a tudo o que ele suscita.
podem também desenvolver sintoma- secundária, nomeadamente “stress por
É considerada uma forma de burnout e pode levar a um aumento do
tologia traumática nas vítimas (Vaz compaixão”, “fadiga de compaixão” e
conflito e disfunção familiar e divórcio. A fadiga por compaixão pode
Serra, 2003; Mundy & Baum, 2004). “vitimação secundária” (Figley, 1983),
Nas situações referidas a natureza “co-vitimação” (Hartsough & Myers,
dar lugar a Perturbação Secundária de Stress Traumático (Figley, 1998). ”
do acontecimento em si, a sua inten- 1985, cit. Dekel & Solomon, 2006),“contra-
sidade, gravidade e a forma como a -transferência traumática” (Herman, 1992)
pessoa reage determinam a vivência e “traumatização vicariante” (McCann &
do acontecimento como traumático Pearlman, 1990). Figley, em 1995(a), defi-
(Vaz Serra, 2003). niu o fenómeno do stress por compaixão

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“Todavia, existe ainda um outro conceito que apresenta Em contrapartida, a Perturbação Se- estar exposto às suas reacções físicas e
algumas semelhanças com a Perturbação Secundária de Stress cundária de Stress Traumático surge de emocionais (Pereira, 2003), podendo de
uma forma repentina e, ao contrário, do uma forma vicariante manifestar sinto-
Traumático que é o “burnout”. ”
que acontece no burnout, existe um sen- mas análogos ao da PTSD (Solomon et
timento de desamparo e confusão, bem al., 1992) (Tabela 1). Sendo assim, o con-
como a consequência e o efeito negativo é um conceito muito estudado nos mem- como uma sensação de isolamento. Os tacto próximo e prolongado com uma
exercido sobre quem vive, ama, ajuda e bros de uma família que prestam apoio a sintomas parecem desligados das suas vítima de trauma com PTSD pode tornar-
fornece apoio a uma vítima de trauma, uma vítima de doença física ou psicológi- causas reais e envolvem um período -se num stressor crónico (Solomon et al.,
bem como as pessoas que têm conheci- ca, sendo definido por Pines e Aronson longo de recuperação (Figley, 1998). O 1992). Podemos também verificar sinto-
mento e/ou trabalham com uma vítima. (1988) como «um estado de exaustão stress traumático Secundário é o stress mas análogos ao da PTSD em terapeu-
Já a fadiga de compaixão é considerada física, emocional e mental provocada por gerado por cuidar de alguém com uma tas devido à exposição ao sofrimento
a manifestação mais severa do stress por um envolvimento por um longo período de Perturbação de Stress Pós Traumático dos pacientes (Figley, 1995b; McCann &
compaixão, dado que é um estado de tempo em situações de grande exigência e a Perturbação Secundária de Stress Pearlman, 1990; Pearlman & Saakvitne,
exaustão e disfunção, biológico, psicológi- emocional» (pp. 9, cit. Figley, 1998, pp. Traumático é um síndrome quase idên- 1995).
co e social, resultante da exposição pro- 16) que se instala de uma forma gradual tico à PTSD excepto que na PTSD, os
longada ao stress por compaixão e a (Figley, 1998). sintomas surgem de forma directa
tudo o que ele suscita. É considerada após a vivência de um acontecimento Sintomas de PTSD e
uma forma de burnout e pode levar a traumático, na STSD surgem após a STSD
um aumento do conflito e disfunção fa- “Em contrapartida, a Perturbação exposição e conhecimento acerca da
miliar e divórcio. A fadiga por compaixãoSecundária de Stress Traumático situação traumática experienciada por Os sintomas da STSD são
pode dar lugar a Perturbação Secundária outro significativo (Figley, 1998). As- semelhantes aos da PTSD
surge de uma forma repentina e, ao
de Stress Traumático (Figley, 1998). sim, a grande diferença entre a PTSD e (Figley, 2003, pp.4-5).
contrário, do que acontece no burnout, STSD é que no primeiro caso, o stressor
Todavia, existe ainda um outro concei- existe um sentimento de desamparo é directo e experienciado pela própria Assim, na PTSD o
to que apresenta algumas semelhanças e confusão, bem como uma sensação vítima e, na STSD, o stressor é indirecto
com a Perturbação Secundária de Stress
de isolamento. ”
dado que o stress reside no lidar com a Critério A: Acontecimento trau-
Traumático que é o “burnout”. O burnout vítima primária de trauma com PTSD e mático que provoca sintomas implica

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que a pessoa tenha sido exposta a um (2) O sistema é exposto a algumas acordar ou quando intoxicado). Por aumento da necessidade de tempo e
acontecimento traumático onde as ou a todas as reacções verificadas na sua vez, na STSD verifica-se um aumen- energia, necessidade de maior número
seguintes condições estiveram pre- PTSD, que estão associadas às estraté- to da necessidade de apoio e aumen- de técnicas de resolução de problemas
sentes: gias de coping utilizadas. to do conflito devido às dificuldades e apoio em resposta aos esforços do
em dormir. Na PTSD, verifica-se um traumatizado em evitar as lembranças.
(1) A pessoa experienciou, observou Critério B: O acontecimento mal-estar psicológico intenso face Um indivíduo com PTSD sente-se des-
ou foi confrontada com um aconteci- traumático é persistentemente re- à exposição a estímulos internos ligado ou estranho em relação aos ou-
mento ou acontecimentos que envol- experiênciado de um (ou mais) dos ou externos que simbolizem ou se tros mas o que tem STSD necessita de
veram a ameaça de morte, morte real seguintes modos: Na PTSD verificam-se assemelhem a aspectos do aconteci- aprender a lidar com sentimentos de
ou ferimento grave, ou a ameaça à inte- lembranças perturbadoras intrusivas e mento traumático. Em contrapartida distanciamento dos outros.
gridade física do próprio ou de outros; recorrentes acerca do acontecimento na STSD, existe um aumento da neces-
(incluem imagens, pensamentos ou sidade de tempo e energia, necessidade Critério D: Sintomas Persis-
(2) A resposta da pessoa envolveu percepções). Em crianças muito novas de maior número de técnicas de reso- tentes de activação aumentada (au-
medo intenso, sentimento de despro- podem ocorrer brincadeiras repetidas lução de problemas e apoio como res- sentes antes do trauma), indicados
tecção ou horror. Em crianças isto pode em que os temas ou aspectos do acon- posta aos sintomas traumáticos da por dois (ou mais) dos seguintes itens:
ser expresso por comportamento agita- tecimento traumático são expressos. PTSD quando expostos a estímulos que neste grupo de sintomas o individuo
do e desorganizado. Na STSD: um ou Na STSD surge um aumento da neces- se assemelhem ao trauma. com STSD apresenta os mesmos sinto-
mais elementos do sistema estiveram sidade de apoio e aumento do con- mas que o individuo com PTSD: Dificul-
expostos a um acontecimento traumáti- flito devido ao stress provocado pe- Critério C: Evitamento persis- dade em adormecer ou em permane-
co, onde ambas as condições estiveram las lembranças. Na PSTD surgem so- tente dos estímulos associados com o cer a dormir, irritabilidade e acessos
presentes: nhos perturbadores recorrentes acerca trauma e embotamento da reactividade de cólera, dificuldades de concen-
do acontecimento i.e. actuar ou sentir geral (ausente antes do trauma), indi- tração, hipervigilância, resposta de
(1) Todos ou alguns dos estímulos como se o acontecimento traumático cada por três (ou mais) dos seguintes alarme exagerada.
descritos acerca da PTSD, mais a ex- estivesse a re-ocorrer (inclui a sensação aspectos: Os esforços para evitar pen-
posição do sistema ao conhecimento do de estar a reviver a experiência, ilusões, samentos, sentimentos ou conversas Critério E: Duração da pertur-
acontecimento, activou uma resposta alucinações e episódios de flashback dis- associados com o trauma são comuns bação (sintomas dos critérios B, C e D)
sistémica no sentido de fornecer ajuda; sociativos, incluindo os que ocorrem ao na PTSD mas na STSD verificando-se um superior a 1 mês

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Critério F: A perturbação causa PTSD e Saúde Física doença crónica pulmonar, doenças no fí- que se seguem ao enfarte (van Driel & Op
mal-estar clinicamente significativo ou de- gado, diabetes, fracturas ósseas (Felitti den Velde, 1995). No caso do HIV, Kelly e
ficiência no funcionamento social, ocupa- A PTSD exerce um impacto extrema- et al., 1998; Dube, Felitti, Dong, Giles, & colaboradores (1998) verificaram que em
cional ou qualquer outra área importante: mente adverso ao nível da saúde men- Anda, 2003; Brown et al., 2010) é elevado 61 indivíduos com HIV, 32% apresentava
evidenciado por aumento dos conflitos tal mas também da saúde física (Hidalgo nos indivíduos que apresentam história critérios de PTSD após o diagnóstico da
familiares, disfunção sexual, comunicação & Davidson, 2000) que se traduz num de trauma e PTSD. Mais recentemente, doença. Nos pacientes que recuperam
interpessoal pobre, maior dependência, su- aumento de queixas de saúde (Wagner, Dube e colaboradores (2009) verificaram de uma hemorragia subaracnoide, Berry
porte social reduzido, estratégias de coping Wolfe, Rotnitsky, Proctor, & Erickson, que a vivência de experiências adversas (1998) encontrou uma prevalência de 32%
pobres. 2000), bem como num aumento de na infância aumentava a probabilidade de indivíduos com critérios de PTSD. Tam-
doenças e problemas de saúde ob- de hospitalizações devido ao diagnóstico bém sofrer acidentes como queimaduras
É importante especificar se a perturbação jectivamente avaliados (Beckham et de doenças auto-imunes na idade adulta pode levar ao desenvolvimento de PTSD.
é Aguda quando a duração dos sintomas for al., 1998), numa maior utilização dos (doença do cólon irritável, diabetes tipo 1, Roca, Spence e Munster (1992) referem
inferior a três meses ou Crónica quando a serviços de saúde (Elhai et al., 2007) psoríase, esclerose múltipla, lúpus, artrite que 7% dos sujeitos vítimas de queima-
duração dos sintomas for igual ou superior a e num aumento da mortalidade (Friedman reumatóide), enfatizando o trabalho que duras tinham diagnóstico de PTSD no mo-
três meses. Por sua vez, pode ainda definir- & Schnurr, 1995). O risco de desen- tem vindo a ser realizado sobre o impacto mento da alta, e esse número subia para
-se como uma perturbação de início dilatado volvimento de várias doenças, como a das situações de stress vividas na infância 22 % um ano depois.
quando os sintomas surgem pelo menos seis doença cardíaca isquémica, doença on- e as subsequentes respostas inflamatórias
meses depois do acontecimento. cológica (como o cancro do pulmão), (Kendall-Tackett, 2009).

Também a notícia do diagnóstico de al-


STSD e Saúde: Cuidadores
“A PTSD exerce um impacto extremamente adverso ao nível da saúde
gumas doenças como o cancro, o enfarte e e Profissionais de
mental mas também da saúde física (Hidalgo & Davidson, 2000) que o HIV, pode ser vivida como uma experiên- Saúde
se traduz num aumento de queixas de saúde (Wagner, Wolfe, Rotnitsky, cia traumática. Tedstone e Tarrier (2003),
Proctor, & Erickson, 2000), bem como num aumento de doenças e numa revisão da literatura, verificaram que Duma forma geral, os estudos mostram
a taxa de PTSD nos indivíduos que sofre- a existência de PTSD em doentes cróni-
problemas de saúde objectivamente avaliados (Beckham et al., 1998),
ram um enfarte do miocárdio varia entre cos (e.g. doenças cardiovascular, doença
numa maior utilização dos serviços de saúde (Elhai et al., 2007) e num 0% e 16% e este pode surgir nos dois anos oncológica, HIV) e de STSD nos seus
aumento da mortalidade (Friedman & Schnurr, 1995). ”

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cuidadores já que muitos stressores sintomas obsessivo-compulsivos sintomatologia psicológica. Um es- que colocam os seus profissionais
associados a uma doença crónica (Solomon, et al., 1992), pesade- tudo recente, l e v a d o a c a b o p o r mais vulneráveis e susceptíveis a
partilham das mesmas caracterís- los, insónias, ataques de pânico, F l e t c h e r , D o d d , S chumacher e este tipo de experiência, nomea-
ticas que os stressores traumáticos bem como uma resposta de alarme Miaskowski (2008), sintetiza as in- damente as profissões de “ajuda
(Mundy & Baum, 2004). Por isso, exagerada, pouco desejo sexual, vestigações mais relevantes rela- e socorro” em situação de crise,
é natural que os cuidadores apre- falta de concentração e sudorese tivas a cinco sintomas altamente como os médico e enfermeiros
sentem sintomas de stress se- extrema (Westerink & Giarratano, prevalentes em cuidadores de das equipas de emergência médi-
cundário. 1999). Além disso, apresentam doentes com cancro como a depres- ca, bombeiros e polícias (Paton &
baixa auto-estima associada a são, ansiedade, alterações do Smith, 1996). Estes profissionais
De facto, a literatura revela que um sentimento de desesperança sono, fadiga e dor. Também, Young estão sujeitos a uma exposição di-
as mulheres de Veteranos de Guer- e, como cuidadoras, sofrem de e colaboradores (2003) verifica- recta e indirecta ao trauma, sendo
ra podem sofrer de STSD por con- exaustão emocional e sobrecarga ram que os cuidadores de crian- que na primeira vivem o trauma di-
viverem há muitos anos com um ve- (Beckham et al., 1996; Calhoun et ças que haviam tido um transplan- rectamente em situações em que
terano que sofre de PTSD, podendo al., 2002). te apresentavam sintomatologia colocam a própria vida em risco e,
apresentar sintomas semelhantes a traumática elevada. Soares (2009) na segunda situação, porque pre-
esta perturbação (como flashbacks Os cuidadores de doentes cróni- verificou que 48,2% dos cuidadores senciam e observam situações de
e sonhos relacionados com a ex- cos podem também apresentar de toxicodependentes apresen- grande sofrimento humano e lidam
periência de guerra do companhei- sintomas de trauma secundário tavam STSD. Ferruzza e colabora- com corpos despedaçados após
ro) (Maloney, 1988; Matsakis, 1996; e mesmo STSD. Os filhos adultos, dores (2006) verificaram que 56.4% suicido ou outras situações de
Pereira, 2003; Pereira & Monteiro- cuidadores de doentes oncológi- dos cuidadores de pacientes com ameaça à vida (Dean et al., 2003).
Ferreira, 2006). Ao nível do fun- cos, relatam altos níveis de mor- síndroma pós-concussional apre- Sendo assim, é natural que profis-
cionamento psicológico, as esposas bilidade psicológica (Teixeira & Pereira, sentavam stress traumático. sionais nas equipas de emergên-
dos vete-ranos de guerra apresen- 2010). Segundo Sales, Schulz e cia médica apresentem sintomas
tam: elevados níveis de psicopato- Biegel (1992), quase 30% das famí- Embora qualquer pessoa este- de stress secundário (Warren,
logia nomeadamente: sintomas de lias de doentes com cancro exibem ja sujeita a vivenciar situações de Lee, & Saunders, 2003) bem como
somatização, depressão, ansiedade, níveis significativamente elevados grande adversidade, e potencialmente bombeiros (Wagner, Heinrichs, &
ideação paranóide, hostilidade e de distress que se reproduzem em traumáticas, existem profissões Ehlert, 1998) como se verificou em

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profissionais de socorro e emergên- Figley, 2003) e vítimas de guerra


Conclusão
cia dos ataques de 11 de Setembro (Nikola, 2011) estão susceptíveis a
(Creamer & Liddle, 2002). desenvolver este fenómeno. Claro Durante várias décadas, apenas foi dedicada atenção à vítima
que nem todos os profissionais que
primária de um acontecimento traumático ignorando de alguma
Os profissionais na área da saúde trabalham com indivíduos com PTSD
mental que lidam sobretudo, com desenvolvem STSD. Contudo, os es- forma, que esta se encontra inserida num sistema familiar que
indivíduos traumatizados, apre- tudos sugerem que a empatia é um pode ficar afectado e desequilibrado, por um dos seus elementos
sentam também um risco elevado elemento fundamental da relação
terapêutica e é um factor chave no
apresentar uma perturbação de stress pós traumático, e
de desenvolver STSD (Tyson, 2007;
Collins & Long, 2003). Segundo aumento do risco de desenvolver desta forma, desenvolver uma perturbação secundária de stress
Chrestman (1999), a traumatização STSD. traumático. Assim, torna-se fundamental identificar as vítimas de
secundária nos psicólogos envolve
sintomas paralelos aos verificados Ao nível da saúde física, os estudos STSD tanto na população geral como nos profissionais de saúde
nos indivíduos expostos directa- que se debruçaram sobre bombeiros e de socorro. Deste modo, as instituições, incluindo os centros
mente ao trauma, tais como pen- verificaram que estes experienciam
de saúde, onde frequentemente as pessoas recorrem quando
samentos intrusivos relacionados problemas músculo-esqueléticos,
com os relatos traumáticos do cli- em particular dor nos ombros, no apresentam sintomatologia física e mental, devem estar
ente (McCann & Pearlmann, 1990), pescoço e nas costas, fadiga, ten- preparados para identificar PTSD e STSD e, quando necessário,
respostas de evitamento e acti- são, náuseas, alterações no apetite,
referenciar para serviços onde possam receber a ajuda
vação fisiológica, emoções nega- aumento do ritmo cardíaco, dores de
tivas e dificuldades no funciona- cabeça (Robinson, 1994), problemas psicológica necessária. Por outro lado, é também importante que as
mento (Figley, 1995a; McCann & de sono e de estômago (Robinson, instituições de saúde desenvolvam programas de prevenção para
Pearlmann, 1990). Os psicólogos e os 1994; Van der Ploeg, Dorresteijn &
Kleber, 2003).
os seus profissionais no sentido de mitigar os efeitos nefastos do
assistentes sociais que trabalham com
vítimas de abuso sexual (Salston & trabalho com vítimas.

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