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Congresso aprova mudanças no “orçamento secreto” de olho em

julgamento do STF
Maioria dos partidos orientou e votou a favor do projeto, casos do PT, do
presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, e do PL, do presidente Jair
Bolsonaro
Por Reuters16 dez 2022 15h21-Atualizado 11 minutos atrás

Deputados discutem e votam propostas no plenário da Câmara em 3 de


maio de 2022 (Foto: Paulo Sergio/Câmara dos Deputados)

BRASÍLIA – O Congresso Nacional aprovou, nesta sexta-feira (16), um


projeto de resolução para redistribuir os recursos das emendas de relator
conforme o tamanho das bancadas partidárias da Câmara dos Deputados
e do Senado Federal.

A iniciativa ocorre em meio ao julgamento pelo Supremo Tribunal Federal


(STF) que discute a legalidade das emendas de relator, o chamado
“orçamento secreto”, diante de questionamentos sobre a sua
transparência e falta de critérios sobre a distribuição da verba.

O julgamento tem cinco votos a favor para barrar o orçamento secreto e


quatro para mantê-lo, mas fazendo alterações para aumentar a
transparência e adotar critérios de distribuição.

O Supremo deve concluir a apreciação do caso na segunda-feira (19),


com o voto dos ministros Ricardo Lewandowski e Gilmar Mendes.

A sessão do Congresso, de maneira extraordinária, numa sexta-feira, é


atípica. Tradicionalmente as votações ocorrem de terça a quintas-feiras. A
votação da proposta ocorreu em modelo híbrido, medida que acabou
sendo adotada durante a pandemia para facilitar a votação dos
parlamentares.

A maioria dos partidos orientou e votou a favor do projeto, casos do PT,


do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, e do PL, do presidente Jair
Bolsonaro.

O senador Renan Calheiros (MDB-AL) disse que a votação do projeto é


um escárnio e afirmou que conhece a posição contrária de Lula contra as
emendas de relator. Durante a campanha ele chegou a falar contra o
mecanismo, mas depois tanto Lula quanto aliados modularam suas
manifestações.

“Acho que é uma incoerência brutal do PT, eu conheço a posição do


presidente Lula, é contrária à constitucionalidade do RP-9”, disse Renan.

Durante a votação do projeto, o senador Alessandro Vieira (PSDB-SE)


criticou a votação da medida e anunciou que vai recorrer à Justiça para
anular os efeitos dela ao argumentar que a proposta mantém a lógica do
orçamento secreto.

Duas emendas que propunham mudanças ao parecer do senador Marcelo


Castro (MDB-PI) foram rejeitadas. O texto segue para a promulgação das
Mesas Diretoras da Câmara e do Senado e não depende de sanção ou
veto do presidente da República.

Articulação

A articulação da votação do projeto de resolução foi encabeçada pelos


presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara, Arthur
Lira (PP-AL).

A discussão sobre o orçamento secreto pelo Supremo e pelo Congresso


poderá mudar a correlação de forças entre Executivo e Legislativo e, no
momento, é apontada nos bastidores como um dos fatores para a votação
da PEC da Transição.

Em entrevista após a sessão do Congresso, Pacheco disse que o projeto


aprovado é bom para o aprimoramento das emendas de relator.

“Quando se fala de impessoalidade, o mínimo para a saúde, educação e


ação social, são métodos e mecanismos que aprimoram o instituto, isso é
uma atribuição do Congresso Nacional”, disse.

“Caberá ao STF uma análise jurídica e constitucional, mas considero que


o projeto de resolução aprimora para melhor um instituto de prerrogativa
parlamentar que, no fundo, interessa aos entes federados”, reforçou.

Segundo Pacheco, a depender da decisão do Supremo, se houver algo


mais que o Congresso possa fazer, ele fará para melhorar o expediente.

(Reportagem de Ricardo BritoEdição de Alexandre Caverni)

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