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o RORSCHACH COMO CATARSE TERÁPICA

GLÓRIA QUINTELA

Neste trabalho despretensioso, tudo da personalidade abrange


vamos, a conselho do Dr. Mira, aspectos mais amplos. O desen-
expor o que vimos realizando com volvimento das respostas de claro-
o teste de Rorschach, no Instituto escuro nas suas diferentes e di-
de Seleção e Orientação Profis- versas modalidades nos permite
sional da Fundação Getúlio Var- chegar a um conhecimento mais
gas, os resultados dêle advindos, completo dos farores que ocasio-
imediatamente, para os que nos nam os distúrbios da personalida-
procuram, e a contribuição que de, relativamente à angústia, à
pode oferecer ao conhecimento dos ansiedade, à depressão, à tendên-
problemas que perturbam a per- cia exagerada a escrúpulo, à pos-
sonalidade das pessoas por nós sibilidade de contrôle, e ainda a
estudadas. um característico bastante impor-
Deixaremos de descrever a teo- tante que é o relacionado à sen-
ria do teste e a sua técnica, assaz sualidade, determinada pelas res-
conhecidas dos que a êle se dedi- postas de textura.
cam: desenvolveremos, apenas, a Relativamente às formas boas e
finalidade visada. más (F+ e F-), bem como aos
A técnica empregada na apura- detalhes (D) e pequenos detalhes
ção dos nossos protocolos é a de (Dd), preferimos usar o critério
Klopper-Kelley, com acréscimo, adotado por Beck, mais generali-
apenas, da determinante F (C) zado entre nós, acrescentando,
para as gradações de claro-escuro ainda, a modalidade de F neutro,
em pequenas porções de mancha, isto é, nem mais, nem menos,
quando não se enquadram nas es- quando não figura na lista orga-
tabelecidas por Klopper-Kelley, o nizada pela sua experiência.
que aliás é feito pelo Dr. Leme Assim o fizemos para não usar
Lopes, de quem fomos aluna. Além critério subjetivo, uma vez que os
de havermos acompanhado no Ci- pesquisadores brasileiros não le-
ty College e na Columbia Univer- vantaram, ainda, a tabela de for-
sity as aulas do Curso de Roxs- mas, acorde com o nosso meio, o
chach, ministradas por Klopper, que se torna urgente, dadas as di-
sem dúvida a maior autoridade no ferenças de ambiente, de cultura,
teste, nos nossos dias, é inegável de interêsses entre os dois povos.
que a sua contribuição para o es- Pretendemos, com o material de
18 GLÓRIA QUINTELA

que dispomos no I. S . O . P ., sanar diagnóstico psiquiátrico. Circuns-


essa falta que, de certo modo, vem tâncias especiais de Pro assaz an-
prejudicar a percentagem de F + gustiados da nossa experiência,
nos nossos protocolos, em predo- no I. S. O. P ., levaram-nos, findf)
mínio do F neutro. Esperamos o teste, a argumentar com os
também analisar, o que já esta- mesmos as impressões obtidas, no
mos fazendo, quanto à percepção, correr do trabalho, porque, para
os detalhes (D) e pequenos deta- o psicologista experimentado, mes-
·lhes (Dd) do nosso meio. mo sem chegar às apurações nu-
Pelo que vimos observando, so- méricas, é possível avaliar os ca-
mos levados a crer que a fixação racterísticos gerais da personali-
dêsse aspecto do teste, estabele- dade, julgar da sua normalidade
cida pelo material do Dr. Leme ou dos conflitos emocj:onais que a
Lopes, o maior e mais autorizado perturbam.
experimentador do Rorschach, no Tendo tido oportunidade de en-
nosso meio, membro do Rorschach trevista, quando da nossa perma-
Institute de New York, será con- nência nos Estados Unidos da
firmada, ou talvez um pouco am- América do Norte, com Carl Ro-
pliada. Oferece o mesmo a vanta- gers, do Departamento de Psicolo-
gem de ser simples e de fácil apU- gia da Universidade de Chicago,
cacão. perguntou-nos quanto tempo gas-
Das técnicas projetivas é 3 távamos para, através dos testes,
Rorschach, sem dúvida, uma das fixar o diagnóstico de um Pro a
que oferecem estímulo mais inten- ser estudado. Árgumentou, então,
so para fazer aflorar e surgir, de que o mais importante era iniciar
maneira embora indireta ou vela- imediatamente a psicoterapia do
da, respostas relacionadas com indivíduo, conversando comêle e
recalques, complexos, problemas, discutindo sôbre os pontos em que
enfim, que perturbam a persona- necessitava de auxílio para ven-
lidade, revelando-a na sua estru- cer-se a si mesmo, e solucionar as
tura e nos métodos de ataque às dificuldades que lhe perturbavam
situações. Como bem salientam o bem estar pessoal.
Klopper e Kelley, o teste "permite Em entrevista marcada, tam-
descobrir o papel que os diferen- bém, com Frederic Allen, grande
tes estímulos desempenham na vi- autoridade psiquiátrica, Diretor
da do indivíduo, sua fôrça e im- da Child Guidance Clinic e Pro-
portância na situação geral". fessor de Psiquiatria da Universi-
O resultado, depreende-se, pode dade de Filadélfia, cuja teoria
ser mais ou menos completo, in- predomina em tôda a Pensilvâ-
formativo, além dos dados funda- nia, expondo-nos o seu método de
mentais que a técnica permite trabalho, disse-nos que aproveita
conseguir-se, segundo a maior ou desde o primeiro contato com a
menor experiência do examina- pessoa, para iniciar a psicotera-
dor. pia, partindo mesmo da atitude
Durante muito tempo, usamos evidenciada, ao entrar no seu
a técnica do Rorschach, como ins- gabinete. Posteriormente, quando
trumento apenas diagnóstico que há necessidade de explorações
é, ou melhor, contribuição para o para conhecimento mais completv
o RORSCHACH COMO CATARSE TERÁPICA 19

da personalidade, só então soli- buscar solução para os seus con-


cita sejam aplicados testes psico- flitos, são na maioria indivíduos
lógicos, ressaltando igualmente a desajustados que não se integra-
necessidade de auxiliar, dar ali- ram, ainda, ao seu meio· familiar,
vio à pessoa angustiada que nos social ou profissional, aos padrões
procura, a fim de que façamos al- sociais ou morais da sua cultura.
go em seu favor: Difícil 'se torna, pois, orientar
Trabalhando, naquela época, pessoas cuja personalidade não
em Psicologia Experimental, es- se apresenta dentro da estrutura
tudando os menorés abandonados própria: conflitos, como é sabido,
e delinqüentes do Serviço de As- perturbam tôda· a possibilidade
sistênciaa Menores, não podia inteleétual, como estámos verifi-
deixar de impressionar-nos as di- cando nos nossos protocolos.
retrizes de trabalho dessas duas Ao· iniciatmoso trabalho no
autoridades americanas. Em ver- I. S . O . P . , .surpreendeu-nos o nú-
dade, enquanto estudamos o ma- mero avultado dêsse~ consulentes,
terial fixado pelos testes, o indi- cujas causas são, em maior per-
divíduo em estudo continua dentro centagem, motivadas por fator de
dos problemas que o afligem. ordem sexual, como podemos ave-
A partir de outubro de 1947, a riguar examinando o material de
convite do Dr. Mira y Lopez, au- que dispomos. Comum é, portan-
toridade por todos conhecida e re- to, registrar-se se a produção de
conhecida como de valor invulgar. choque de côr e sombrio nos nos-
de quem tivemos a honra de ser sos protocolos: a perturbação afe-
aluna em cursos que aqui tem rea- tiva frente aos estímulos é, de mo-
lizacio, passamos a trabalhar na do geral, determinada por con-
equipe de personalidade do Insti- teúdos daquela natureza. Ao to-
tuto de Seleção e Orientação Pro- marmOB contato com o Pr., pro-
fissional da Fundação Getúlio curamos, como é natural e indi-
Vargas, sob sua clarividente dire- cado, estabelecer condições favo-
ção. Não é uma clínica, mas "um ráveis para o trabalho a ser rea-
serviço científico, aberto a indiví- lizado. Argumentamos que, se
duos e coletividades do Brasil, que vem ao I.S.O.P. submeter-se aos
proporciona indicações· e guias testes necessários à exploração da
para obter o melhor ajuste possí- sua personalidade, deve ser since~
vel entre o trabalhador e o traba- ro, deixando entrever todos os as-
lho, com o fim de assegurar o má- pectos que a caracterizam, pois o
ximo de produção com o mínimo que lhe pode parecer sem impor-
de esforço", como esclarecem os tância, ou que talvez não deva di-
seus folhetos. O que verificamos, zer, para nós poderá ter, quem
entretanto, dada a escassez, entre: sabe, maior relevância. Só assim
nós, de clínicas psicológicas, o que conseguirá o que busca melhor
se encontra em tôdas as cidades compreensão de si mesmo e maior
american'as, é que grande parte ajustamento à vida;
dos que nos procuram em busca E' sabido que o indivíduo sem-
de orientação ou de readaptação pre vacila em retratar-se, embora
profissional, de exploração da procure os meios para resolver os
personalidade, uma das formas de seus problemas. Isso ocorre prin-
20 GLóRIA QUINTELA

cipalmente quanto ao aspecto se- segundo, dez ou mais. Neste caso


xual, pelo tabu que o preconceito parece mais prático considerar-se
criou relativamente ao mesmo. No êsse segundo contacto como segun-
decorrer da provà, estamos aten- da prova, em vez de um inquérito
tos às menores reações do Pr., e contar as respostas dessa".
que, como prescreve a técnica do E' o que se verifica no caso n.o
teste, registramos. E um dos pon- I, que mais adiante passaremos a
tos de maior importância, que exi- expor.
ge habilidade, é sem dúvida o in- * Apreciemos a situação va-
quérito que pode trazer maiores cilante, de dificuldade ou dis-
esclarecimentos até, que a simples simulação do Pr. do caso n.o 2:
resposta expressa pelo indivíduo. Cartão H - Não vejo nada .. .
Vejamos como se manifesta Klop- umas manchas, no desenho ... o
per com relação a essa parte do desenho não me impressiona,
teste (The Rorschach Techniquc absolutamente. R n.o 1. (D4-
Klopper and Kelley, pág. 40) ... Beck) (2'30") Essa posição aqui ...
"A segunda função do inquérito é uma união.
dar ao sujeito a possibilidade de Cartão IH - Eu acho que não
suplementar e completar, espon- estou entendendo muito bem ...
tâneamente, as respostas que dell não me sugere nada (suspira).
durante o teste. Esta função é de No inquérito, porém, vencida a si-
particular importância, onde pes- tuação emotiva e o constrangi-
soas de alto nível mental são im- mento de expressar-se a respeito
pedidas pelos embaraços ou atitu- de conteúdo sexual, já lhe foi fá-
des negativas em expressar-se, cil completar, com clareza, as res-
ccnvenientemente, durante o tes- postas dadas e declarar, espontâ-
te, no primeiro contato com os neamente, as que havia silencia-
cartões. Em alguns casos, sOmen- do, tôdas de ordem sexual.
te a combinação das respostas da- Analisemos mais um exemplo
das no correr do teste e as adi- interessante:
ções espontâneas, no inquérito, Cartão II (D3 - Beck) R n. 1.
produzem um quadro acorde com Nesta posição parece a parte pos-
a personalidade. terior de uma mulher, não? Época
Algumas vêzes o bloqueio du- de menstruação, talvez. R n.O 3.
rante o primeiro contato é tão (D2 - Beck) Duas mãos ensan-
forte que o indivíduo não pode güentadas. Inquérito: Côr e pul-
produzir mais que duas, três ou so. Como a resposta fôsse curiosa
quatro respostas. Nos casos de e expressiva, perguntamos, ain-
psicóticos é impossível mudar a da: Por que ensangüentadas? -
situação, mesmo depois de termi- De um parto, penso associando a
nado o trabalho. Muitos neuróti- esta parte de sangue na mulher.
cos podem vencer, entretanto, Tratava-se de pessoa com forte
êsse bloqueio, depois dos dez car- sensualidade, grande preocupação
tões terem perdido seu mistério e sexual, cuja situação conflitiva
podem vencer a recusa de alguns disso decorria.
dêles. Ocasionalmente pode ocor- * Só no inquérito pôde o Pro reagir com
rer que haja no primeiro contato naturalidade e trazer a contribuição que es-
menos que cinco respostas e, no clareceu o seu problema.
o RORSCHACH COM:O CATARSE TERÁPICA 21

Localizadas e determinadas as cartões em que houve retarda-


respostas dadas espontâneamen- mento do tempo de reação e re-
te, terminado o teste, voltamos ao cusa, com maior ou menor facili-
cartão em que se registrou choquo. dade, conforme OS seus caracterÍs-
e perguntamos se houve algo de ticos pessoais.
diferente no mesmo (claro que já Conseguimos, com isso, ótimos
passamos por êle, oferecendo resultados.
oportunidade de vencer, espontâ- O comentário é feito, apenas.
neamente, a resistência manifes- no primeiro cartão em que houve
tada) e se talvez alguma coisa recusa e em que poderia ter ha-
vista não fôra dita. A pessoa é vido interferência de conteúdo se-
sempre levada a fixar a parte em xual. Se a pessoa reage negativa-
que se encontra o conteúdo silen- mente, damos por terminado o
ciado. Retrucamos, então, que, se
trabalho. Não agimos dêsse modo.
é alguma coisa de ordem sexual,
pode dizer, porque para nós que sistemàticamente, mas sempre de
trabalhamos em Psicologia nada acôrdo com a personalidade do
existe de chocante quanto a êsse Pro De modo geral, no próprio in-
aspedo e a função sexual é urna, quérito a dificuldade é vencida.
apenas, das muitas que integram Subtende-se que só interferimos
o indivíduo. Mostramo-lhe que é nesse aspecto, quando o protocolo
normal que t~nha interêsse nesse nos deixa entrever problema de
sentido e, de fato, os cartões po- ordem sexual.
dem sugerir conteúdos dessa na- Passemos, agora, à análise de
tureza. Criada a condição favorá- alguns protocolos que nos mostra-
vel e removido o tabu, já a pessoa rão como se processou a catars(>
poderá reagir nesse e nos demais em alguns casos.
22 GLÓRIA QUl~TELA

CASO t - FEMININO - 3 t ANOS


Declarou~nos que veio submeter~se aos testes, dado o
seu desajustamento ao trabalho e decréscimo na
produção do mesmo
P
I T
I I
R
Ip I D
Ic v-o Ad I I INQUÉRITO

I I
1 11" 1 Um morcêgo G F+ A V FM 1 Por causa dessas saliências que tem aqui no -centro-e
essas asas abertas.
2 Besouro G F+ A 2 O feitio.
II
II
1 15" 1 Dois mascarados dançando G M H
1'52" 2 Dois bichos brigando D FM A C 1 Estão rindo.
2 Brigando, sangue em baixo.

UI III
1 2'23" 1 Duas rã,s e um caranguejo G F A FM 1 Fonna: A rã parece que vai dar um salto e o caran-
2 Dois homens representando um bailado G M H V gllejo parado, parece que está pararIo.
3'7" S6 2 Estão sérios êles; não estão muito satisfeitos.
IV IV
1 38" 1 Uma pele sêca, de animal G Fc Ad 1 A forma, é pela forma do desenho; parece que é pe-
luda (faz o gesto, como:querendo pegar o pêlo).
V V
1 9" 1 Uma borboleta G F+ A V 1 Por causa da forma.
2 Um morcêgo G F+ A V 2 Também por causa da forma.
VI VI
1 2 1 17" 1 Um bicho partido ao meio G F+ A 1 A forma, risco do meio e patinhas.
2'47" Mais nada.
VIII VIII
1 13" 1 Vejo dois ratos D FM A V 1 Como se estivessem subindo em qualquer cousa.
1'58" É s6.
IX IX
1 2'lW' Não vejo nada nesta aqui; nada, nada que se (Perguntando se, de fato, nada vira nesse cartão, e~
pareça tando já mais à vontade, disse que viu, mas silen-
ciou:-
1 - anus e vagina. Forma e colorido.
2 - cabeça de lagosta. Garras e a côr.
X X
1 ]'58" Nesta também não vejo nada. Declarou que vira:
1 Membro masculino - Forma.
2 Orgão genital feminino: aberto, quando a pessoa está
dando a luz.
~ Feitio.
N -_.- '-------- '-- -- _._-----
24 GLÓI\IA QUINTELA

Caso n.O 1 - Feminino - 51 anos


TESTE DE RORSCHACH

Tempo
N.o da N.o de
prancha R Cálculos sôbre T e R
Inicial
I Total

I 2 lI" 1'46"
----
II 2 15" 1'46" T = 17'5"
----
IH 2 2'23" 3' 7" R = 13
IV 1 38" 1'13" T
~
= 1'18"
R
V 2
----
9" 44" VIII + IX + X = 7%
R
VI 1 2'17" 2'42"
---- ----
VII 1 46" 1'26"
- ----
VIII 1 13" 1'58"
---- ---- -----
IX - 2'13" -
X - 1'58" 2'17 11
------ -----

Per-
cepo
I I I I I I I I
N.o % R De-
termo
N.o % R Conto N.o % R

a XI M 2 A 8 Tp: a!!! «(D)))

a FM 2(2ad.)

9 69% T.: 2 M: o C

Da o (1 ad.) H
_.~ -XI- 840/~ -cF- --- --- Hd- --- --- FM + m : Fc + c + O'
D 2 15% FO Anat. 4

o"um Sexo
K Nat. Sncessão:

KF Nov.
do FK PL
k Geog. Contrôle:

Ohj. FK +F +F C
61%
R
cF Arte
Det. Fc

F+ 5 83% C' (A + H) : (Ad + Hd)


F- OF 10

F? FO'
P 5
6 46%
o
,.,. '" .i

, ,
o RORSCHACHCOMO CATARSE TERÁPICA

Interpretação: de percepção ressaltam a dificul-


dade de disciplina da função ló-
Personalidade introversiva cons- gica.
titucional e reacionalmente; com
a afetividade bastante inibida e O número de respostas popula-
alguns característicos neuróticos res (P = 5) demonstra ajusta-
(R 25, FM > M, A % = 61, K, mento ao grupo social, talvez su-
choque de côr e sombrio, recusa). perficial, levando-se em conta os
Quanto ao aspeto intelectual, outros dados.
não se evidencia, satisfatôriamen-
te, em conseqüência, talvez, do dis- Comentário:
túrbio emocional, de depressão, al-
guma angústia e ansiedade. Em- Neste protocolo, chamou-nos a
bora a percentagem de respostas atenção, além do choque de côr,
globais seja bem elevada e se con- conseqüente de conteúdo sexual
firme a tendência à generalização que o Pro silenciara, a resposta de-
(A + H: Ad + Hd = 10:1), elas clarada no inquérito:
Orgão genital feminino; aber-
são, contudo, de organização pri-
mária, donde podemos concluir to, quando a pessoa está dando a
que a capacidade de abstração, de luz.
generalização e de síntese é um Não sendo. o Pro pessoa que ti-
tanto superficial e não compensa- vesse atividade com isso relacio-
da por elementos concretos de rea- nada, e constituindo resposta ori-
lidade, havendo, mesmo, acentua- ginal que requeria, na verdade,
da deficiência de senso prático carga afetiva muito intensa para
(D = 15%). tal conclusão, terminado o teste,
A sucessão sem possibilidade de argumentamos sôbre o que fora fi-
determinar-se, os tempos de rea- xado e principalmente o interêsse
ção ao sabor das disforias e o tipo revelado nesta resposta.
28 GLÓRIA QUINTELA

Confirmou a asserção feita e Os homens que tem encontrado e


relatou-nos a sua vida, os proble- por ela se interessam são velhos,
mas e conflitos que a afligem, res- ou casados.
saltando o grande desejo que tem
de ser mãe: não considera o ca- Através de outras provas, como
samento condição essencial para questionário íntimo, autobiogra-
ser feliz, mas sim, a possibilidade fia, catálogo de livros, T. A. T . ,
de ter filhos. Desde criança aca- etc., vamos encontrar a confirma-
lenta o desejo de ter oito filhos. ção do problema.
o RORSCHACH COMO CATARSE TERÁ PICA 29

CASO 2 - FEMININO - 23 ANOS

Declarou-nos que vinha submeter-se aos testes


para conhecer o ser humano
P I T I RI u _ _ _______ I~I_~J c -l~-o 1 Ad
INQUtRITO

5" Tenho idéia de um morcego (pausa); pareM oe t


morto; eeRas manchas talvez sejam... já E'S-
tejam já em decomposição: essas reentr~cias ...
O I
Fc A I IV
(masturbação.Rapaport)
Pelas partes laterais, forma e também aparência de
morto.

1'30" Nada mais.


II
Nlo vejo nada ... umas manchas nó desenho
... o desenho não me impressiona. absolutn~
I
(comentário)
I
II

mente.
2'30" I Essa posição uma união. D F I Sexo I União sexual; fOflna.

lU IH
Eu acho que não estou entendendo muito bem (J ti, agora, mais à vontade. declarou-nos o que silen·
não me sugere nada. ciara: "A mesma impressão anterior: união sexual
2'18" I (;';spira) - órgão genital masculino e feminino".)

IV IV

1'18" I Uma planta. O Fc Pl Uma alga marinha - pela forma e também aspecto
mole.

4'11" I
2
3
Isto aqui tem o forma to de uma botina.
Isto aqui parece o corpo de um inseto; no meio,
o meio da figura.
D

F+
F+
Vest.
A F(c)
2
3 IForma.
Forma e as tonalidades também. (Declarou·nos que
silenciara: órgão genital, impressão de membrana.)

V V
49" Parecem dois bichos mortos. O Fc A Dois veados, de lado, já sem a pele, preparados para
1'38" Muito ruinzinho, não? ir para o fôrno.
VI VI

Nada.
1'35" I Essa parte aqui. superior parece o esqueleto
I D I Pc I A I Pela forma; já em decomposição, pelas manchas
de uma. ave. (masturba~ilo)

2
Deve dizer mesmo o que passa rápido?
Essa mancha, útero da mulher (retificou no
inquérito que é 6rgão genital).
Dà Pc I Sexo
2 I Pela forma; também a aparência.

I
~ I I I
-T R I I DI: I v-o I
P C Ad I INQUÉRITO

VII VII
12" 1 Útero (pasSa a mão). Dd F Sexo 1 Pela forma. (Parte genital feminina, retificou.)
2 Ésõe aqui parece a bllca de um homem enfu- Dd F Hd m 2 De ,um !ndio; como se estivesse gritando de dor; en
, recido. furecimento doloroso.
3 Do homem (parou e perguntou de maneira ex- D Fc Sexo 3 Pela forma e aparência arrepiada.
2'26" pressiva: A senhora nAo pergunta o qué?)
" d tero .', o órgão.
VIII
VIII
I
18" 1 As duas manchas vermelhas um animal polar. D FM A V 1 Como se estivessem caminhando, à procura de aI
gunlR cousa.
2 Isso aqui 'uma coluna vertebral de um anim~l. D F+ Ai 2 Por ésses risquinhos aqui que lembram vértebra.
forma.
3 Essas duas manchas juxtapostas ." lembram D F A 3 Pela forma.
talvez uns sapos.
3'15" Eu posso virar?
IX IX
(Pousou a lâmina e cruzoU as mãos.) - (Reio-
mou-a.)
4' 5" 1 A parte interna do organismo humano. Dd c Ai 1 Dá impressão de cousa mole, molenga. (Silenciadc
4'41" (Pausa). O meio da figura. órgão genital masculino e feminino.)
X X
!
12" 1 Duas manchas azues, parecem ser caranguejo. D F+ A V 1 Por essas partes aqui que parecem formas desengon
2 Parecem dois bichos dependurados num tronco
de árvore.
Nada mais.
D F~~"": 'ri 2
çadas; exclusivamente forma.
Pela forma. (Silenciado: órgão genital masculino e
feminino.)
32 GLóRIA QUINTELA

Caso N.o 2 .- Feminino -- 2:'í anos


TESTE DE RORSCHACH

Tempo
N.O da N.O de
prp.ncha R Cáloulo8 sôbre T e R
Inicial Tota!

5" 1'30" 1
T 31'5"
II 2'30" 2'fi81.1
R 17
III 2'18" ;"
1 - - - · - - - - - - - -.-----.---.-- T
1'49"
IV 3 }'18/1 4'11" R
V 1'38" VIII + IX + X 35%
R
VI 2 }'35" 4'50"

VII 3 12" 2'26"


VIII 3 18" 3'15"
lX 4':-11 4'41"

x 2 12" 3'18"

Per- N.O De- Conto N.O


cepo termo

o 3 M A 8 Tp: (O) (D) Dd!!!

o FM
08 m 8 47% T,: O -11: O C
DO C H

D 8 47% FC Anat. 2 2 : 7

SUCCSS:10:

do FK PL
Contrôle:

Ohj. FK + RF + Fc 72%
Fc Arte
Det. Fc 6 Ve"t.
F+ 5 71% C' (A + H) : (Aá + Há)
F- C'F 8 : 1

3 F(C) lem ..... d.


P 3
9 52%
O
I~
C.ASO /f! a

I
l
!I
I
I
o RORSCHACH COMO CATARSE TERÁPICA 35

Interpretação: maior interêsse, como se verifica,


é expresso em respostas de conteú-
Personalidade que não se desen- do sexual (sexo = 4, mais três de-
volveu normalmente, apresentan- claradas no inquérito). Há carac-
do insegurança, certa dificuldade terísticos de masturbação, segun-
de adaptação e misantropia. Si- do Rapaport.
tuação assaz conflitiva, coartada, Quanto ao aspecto intelectual.
apresentando divergência entre a não é possível apreciá-lo, conve-
inclinação natural e as reações nientemente, dado o distúrbio
conscientes: constitucionalmente emocional. Sucessão sem possibi-
extroversiva, reagindo coartada- lidade de determinar-se e tempos
mente. de reação ao sabor das disforias,
Iniciou o teste normalmente, evidenciando a falta de disciplina
com reação pronta (5"); na se- mental.
gunda lâmina apresentou retarda- Se por um lado as respostas Fc
mento do tempo de reação, em con- parecem revelar tacto, habilidade
seqüência de conteúdo sexual que nas relações inter-humanas, por
procurou silenciar, expressando-o outro evidencia-se a ausência de
de modo velado, e, a seguir, obser- respostas humanas e apenas 3 po-
va-se a mesma coisa, nos cartões pulares, mostrando ajustamento
em que predominou o mesmo inte- pouco satisfatório.
rêsse, silenciando-os para só os Conclusão: Personalidade em
declarar no inquérito. No cartão situação assaz conflitiva, já com
VII cessa o contrôle e expressa-se característicos neuróticos, ao que
claramente. O Pro apresenta forte parece conseqüente de:
sensualidade, como se verifica pelo a) fator ambiental que impe-
número de respostas dessa deter- di u a expansão natural da perso-
minante (c = 1, Fc = 6), pro- nalidade,
curando controlá-la, porém" e o seu b) forte sensualidade.
36. GLÓRIA Ql)'INTELA

Comentário: tanto difícil, complicada, que a


deixa em situação de dúvida e an-
Estava de tal maneira angustia- siedade, lutando para conseguir o
da, ao chegar, e no decorrer do que deseja.
teste, havendo mesmo se negado a Estudou em colégio religioso,
fazer a entrevista social, que, an- ressentindo-se, sempre, da cons-
tes de iniciar o inquérito, procura- trição do ambiente. De formação
mos animá-la. Falamos-lhe do seu católica, a leitura de livros socia-
ambiente que deveria ter sido de listas abalou-lhe a crença religio--
muita constrição e de sua situação sa, passand0 a analisar os fatos
conflitiva. sob outro prisma, vacilando até
As lágrimas irromperam-Ihe, quanto à existência de Deus.
então, e perguntou-nos se nos po- O Pro teve .três entrevistas co-
dia contar a sua vida. Confessou- nosco, fazendo uma exposição mi-
nos que, apesar de todo o confôrto nuciosa de sua vida, figurando,
de que dispõe, muito acima do co- aqui, apenas, alguns aspectos, ain-
mum, é profundamente infeliz, da assim incompletos. Ao termi-
faltando-lhe tudo. Foi sempre in- nar a primeira, quando fêz o tes-
compreendida e jamais pudera te e iniciou a catarse, sentia-se
adaptar-se ao feitio da mãe que, verdadeiramente outra,·· saindo
segundo parece, deve ser assaz bem mais tranqüila e voltando nos
nervosa. A seguir, fêz-nos confio dias subseqüentes com outra ati-
dência sôbre sua vida amorosa, um tude.
o RORSCHACH COMO CATARSE TERÁPICA 37

CASO 3 - MASCULINO - 18 ANOS

Declarou, apenas, que procurava orientação global


]8" Em todos em geral eu vejo um cad . íver, carne G Porque está meio se desfazendo; pelos contornos
morta (já vira alguns cartões, mas não fôra muito recortados e pelo colorido mais forte e mais
submetido ao teste). fraco.
2 Morcêgo. Dd
FC'! A FM 2 Pelas asas abertas, forma, pela cÔr preta. Tem as-
pecto meio aterrador: está abrindo as asas.
3 Um sacerdote, ao fundo, com as mãos levan- Dd JI H 3 Poss!velmente durante uma prece, possivelmente um
tadas. sacerdote asiático.
3'lH" !l; s6.
II II
13" A cabeça de um canldio, \"ista de cima. Gs F' Ad I O o focinho um pouco comprido, as orelhas um pouco
finas, os olhos; parte superior da cabeça, vista de
cima.
2 (Riu.) Dois palhaços com as mãos e as pernas G M H 2 l'azendo um brinquedo: possIvelmente hate-bate.
unidas.
3 Uma espécie de demônio, com uma capa preta, G M Demônio 3 A capa está amarrada nos pulsos e está levantando
2'43" vendo-se os 6rgãos genitais. S6. O os braços.
III III
16" Um pianista de costas. com as mãos leyantadas G MIH O Está em atitude, quando levanta os braços, num mo-
acima do piano. mento culminante.
2' 2 Uln osso iliaco esfacelado. G Fc I At c 2 A forma, nlais ou men.; esfacelado, faltando o centro.
(mastllrb:tçãol
IV IV
12" (RL) Um anão barbudoJcom pés muito grandes, G Fc li Está de.cansando. Olhos, sohrancelhas, barba, na-
sentado em cima de um tronco. riz, um bigode unl pouco fino. A gradação de côres
d:l inclusive o cabelo.
2 Uma figura semi-humana, dando adeus com G M H 2 Os braços parecem deIpapel, virados para a frente,
ambas as mãos. com duas fôlhas de papel um pouco viradas. Dá
impressão que êle está balançando êSRes braços.
2'57" 3 Um couro de animal selvagem, como tapête. Dd cF Ad 3 Principalmente a variação de côres, parecendo pêlos.
V V
24" Um bailarino::com fantasiaI.de morcl\go. G M H v Com as pernas meio abertas. no comêço. de uma re~
prcBcntação, pronto para dançar.
2 Umalespécie de animal mitológico com cabeça Gs FM A 2 Está pronto para o vôo, levantando o vôo
de lôbo e asas ahertas. ""
3 Um velho fincado num espêto duplo e vestido G Fc H O 3 Por essa parte de barha, feitio e a pele é mais velu-
com roupas de pele. dosa.
4 (Balança a cabeça.) U m~homem da época das ca- G M H 0+ 4 A perna está despida; dá impressão de uma roupa de
vernas, jovem, carregando nas costas um car- pele, cobrindo o corpo. Sinto. movimento não muito
4'41" regamento muito pc_ado, maior rio que êle. rápido: Unl braço segurando a carga. por baixo, o
esquerdo e o direito segura um pouco levantado.
VI
VI
18" Um idolo indígena.., em cima de uma pedra, D Fc IRelig.
com_ 08 braços abertos.
M l\1ais ou'rnlenos nal.forma em~que vi, em livros, ído-
los aztecas: um tronco central, em cima, sendo las-
cados oS olhos, nariz, etc. A coloração dá irnpressão
de pedra e n09 braços tenho impressão de tecido.
P T R r-; I ~I-; r V-~-I~d I INQU:!1;RITO

2 Um couro de ... boi '" de bovino. I D Fc Ad ! v 2 Pela tonalidade que me clá impressão de pêlos, pêlos
mais ralos. Senti primeiro a forma em que é cor-
I
I tado, depois os pêlos.
3' ü" 3 Um 6rgão genital enfeitado de maneira indígena. I D F Sexo: O 3 A forma, at6 está atrapalhando um pouco O colorido.
VII VII
35" Um gatinho apoiado nas patas traseiras com as Gs F A FM Pela cabeça arredondada e por uma atitude meio in-
patas dianteiras bem abert.~s. fantil que os gatoB pequenos costumam ter.
2 Uma criança pequena, caminh3ndo. Gs .~I fI o 2 Pernas unl pouco afastadas: não s.abe andar perfei-
tamente.
3 DURS moças, com nariz grande, um pouco abai- G AI fI O m 3 Numa posição meio artística; estão numa situação
3'39" xadas, equilibrando na cabeça uma única pe- difícil, mas parece que sabem dominá-Ia bem.
dra e a saia esvoaç!lndo.
VIII
VIU
25" Dois ursos, procurando galgar uma montanha G FM A v Estão em movimento, calmos, pacientes.
por lados opostos.
2 Um velho barbudo, de tipo oriental, aparecendo D Fc fI M 2 Primeiro os olhos, depois a. barba, com impres.ão~de
ao alto, COm aspec to aterrador. uma consistência mais dura. ,.;.i

3 Um velho de aparéncia bondosa com o chapéu [) FC fId O 3 Busto e a cabeça, pela barba branca, olhos, .nariz,
3'45" de abas enormes, de aparência urn pouco rús- bôca.
tica.
IX IX
36" Um cão IIpequinês"; não, um cão "basset", ves- G FC i A O FAI Primeiro vi a cabeça. os olhos, orelhas grandes, fo-
tido com uma capa verde e apoiado nas patas (numeia f. côr) cinho fino e, secundAriamente, a cÔr.
traseiras.
2 Um jarro bonito, aparecendo dentro de um em- Dds F + I Obj. 2 Pela forma, parece que o embrulho está meio aberto.
brulho amarelo.
3 Chegando ao tope de uma montanha, um indi- Dd AI I Cena 3 Estão galgando a montanha, com aux!lio das mãos.
víduo esverdeado. abrigado Com peles, enquan-
to um outro está um pouco atrás, com uma ca-
beça muito grande e um bigode pendente.
4 N o centro da figura, uma cabeça isolada com D F I Hd m 4 Olhos, bôoa. Impressão de que está em periga.
5'33" bôca aberta, parecendo gritar.
X
X
2·1" No carnflval um indivíduo fantasiado com G AI fI 0+ c Parece que está andando, fazendo os guizos soarem.
muitas côres, calça verde, cabeça de IÔbo,
olhando para cima, OS braços levantados e
um" coleção de guizos.
2 Uma cabeça de ave, branca, com olhos amare- DG. FC Ad O 2 Pelo bico, bico pequeno, olhos, forma da cabeça,
los e uma plumagem muito grande, multicor. contôrno. Talvez se não estivessem as cõres, .eu~ex
cI uiria o resto.
3 (Ri.) Dois indivíduos vermelhos, com a cabeça G M fI o Sexo 3 M
encostada em um mesmo tronco de árvore, com
uma das mãos levantadas e a outra das

M(nOI~:~ ai Cô~) +
mãos tocando-se, mutuamente e no· seu órgão
gcnitnl.
4 Vendo-se nos cantos sUI/eriores quatro demô- I Dd 4 Espécie de gênios.
nio9 azues, agitando-se e gritando. monIO
40 GLÓRIA QUlNTELA

Caso n.O :; - Masculino - 18 anos


TESTE DE RORSCHACH

Tempo
N.o da N.o de
prancha R Cálculos sObre T e R
Inicial
I Total

I
11
3
3
]8"

13"
3'19"
----
2'43"
T - 39'2"

111 2 16" 2'10" R = 31"


IV 3 12" 2'57"
- -4'41"
-- -
T
R
~
39"
V 4 24" VIII + IX + X ~ 35%
R
VI 2 18" 3' 6"

VII 3 35" 3'39"

VIII 3 25" 3'45"

IX 4 36" 5'33"
------
X 4' 24" 7'9"
------

I I I I I I I
I
Per- N.o % R De- N.o %8 Cont. N.o j% R
cepo termo

G 15 M 12(2emAd.) A 5 Tp: GIlI «(D))) Dd!


---- - - - - - - - - - - - - - --- --
G FM 2(3emAd.) Ad 4
---- --- - - -
G8 4 m (lemAd.) A + Ad 9 29% Tv: 12M: 1 C
- - - - - - --- --
DG8 1 C (lemAd.) H 13
-fa- -20- - - - - -CF- - ---- - - - ---
Hd 2 PM+m : Fc+c + C'
- - - - - - --- - - - - - - - --- --
D 4 12% FC 2 Anal. 1 6 : 10
- - - - - - - - - ----
Dd 6 C8um 1 Sex. 1(2emAd.)
--- --- ---
D8 K
--- Nat.
-- Sucessão: Irregular
---- - - - - - - --'-
Dd. 1 KF Nov
--- --- --- --- ----- --- --- - - - - -
do FK PI,
----- --- - - - --- --- --- --
~Dd 7 22% k Geog. ContrOle:
--- --- --- --- ----- --- FK + F+Fc
c (2emAdl Úhj. 1 35%
- - - --- --- --- --- -- R
cF 2 Arte
--- --- ---
6
---
Dem. 2
Det. Fc
- - --- - - - - ---
--- - -1 - -20%
F+ 'J ' Relig. 1 (A + H) : (Ad + Hd)
- - - --- - - -
F- C'F Cena 1 19 : 6
---- --- - - -
2
--- ---
F? 4 FC'
--- --- --- --
P 3
--
~F li 16% O 17 54%
ll~.
I CASO N." 3
~.
, f~'

ú .... - .• ~~
o RORSCHACH COMO CATARSE TERAPrcA 43

Interpretação: criadora. Muitas são assaz expres-


sivas, mostrando simbôlicamente
Os farores que revelam inteli- a tentação relacionada com o des-
gência afirmam-se satisfatOria- vio sexual e as suas preocupaçoos.
mente em alguns aspectos e são A percentagem de respostas ani-
deficientes nos que requerem mais (A = 29%) é satisfatória
maior disciplina mental, em con- classificando-se entre os inteligen-
seqüência da situação conflitiva tes, imaginativos, de bom humor
do Pr., relacionada com a sua pro- e o conteúdo é mais ou menos va-
blemática sexual. Analisando o riado, ressaltando interêsses hu-
número das respostas globais ve- manos.
mos que estão muito acima da per-
centagem normal. Encontramos, As respostas originais são apre-
pois, uma grande tendência à abs- ciáveis em quantidade e qualidade.
tração, à generalização e à sÍnte- enquadrando-se na percentagem
se, não compensada, porém, pela de artistas e estão muito relacio-
realidade, como nos mostra a bai- nadas, igualmente, com a sua pro-
xa percentagem de D (16%) e de blemática sexual e a sua situação.
F (16%), evidenciando, mesmo, O aspecto intelectual mostra-se
acentuada deficiência de sen- deficitário nas respostas de F +
so prático, certa dificuldade de (20%), nível baixo, mostrando in-
adaptação à realidade; minucioso. capacidade de exatidão formal; no
Relativamente à qualidade, algu- tipo de percepção (G!!! «(D»)
mas são originais e até ressaltam Dd !) e na sucessão que classifica-
muito boa capacidade de organiza- remos de irregular, não sendo pos-
ção e de síntese pessoal. Guardam sível apreciar-se, convenientemen-
boa relação com as respostas M te, porque em vários cartões a
que deixam ver riqueza de vida in- percepção é a mesma da primeira
terior, capacidade de imaginação à última resposta.
44 GLÓRIA QUlNTELA

Sintetizando, através dos ele- nhuma dúvida havia quanto à pro-


mentos apreciados, verificamos blemática sexual do Pro que, na
que se trata de adolescente muito aparência física e nas suas rea-
bem dotado, cuja produção inte- ções, nada deixava suspeitar. Com-
lectual é prejudicada pela sua vida preendendo, entretanto, a sua si-
emocional. tuação conflitiva, partindo da res-
O tipo de vivência evidencia di- posta n.o 4 do cartão V, - (ba-
verg€ncia entre a inclinação natu, lança a cabeça) um homem da
ral e as reações conscientes: cons- época das cavernas, jovem, carre-
titucionalmente extroversivo, rea· gando nas costas um carregamen-
gindo com forte introversão que to muito pesado, maior que êle, -
está a exigir cuidado até. Afetivi- achando que havia uma certa
dade pouco desenvolvida. OpOSI- identificação, uma razão psicoló-
ção a si mesmo. gica, dissemos-lhe : Você carrega
Há respostas características de também um grande pêso, não é
ansiedade e a sua problemática- verdade?
homossexualidade - aparece bem Respondeu-nos que sim - o seu
clara. problema de homossexualidade.
Não revela misantropia (H = Iniciara-se na prática, aos sete
= 13) e, se por um lado deixa en- anos mais ou menos. Adaptou-se
trever tacto, habilidade nas rela- à situação, aceitando-a, reagindo
ções inter-humanas (Fc = 6) por ativa e passivamente. Não decor-
outro demonstra pouca participa- re disso o seu conflito: tôda a sua
ção ao seu grupo social (V = 3). ansiedade é conseqüência do receio
Os característicos de contrôle de que o fato chegue ao conheci-
consciente da personalidade não mento da família. E' de muito bom
são assaz satisfatórios (F = 16%, nível social. Interrogado a respei-
FK + +F Fc = 35%). to de sua introversão declarou-nos
Conclusão: Personalidade em que estava de tal modo vivendo
situação conflitiva, dada a sua uma vida interior que tinha mêdo
problemática - homossexualidade. de fugir da realidade.
Perguntando se não era pouco
Comentário: afetivo, declarou: "Sempre senti
Terminado o teste, diante de vontade, tenho vontade de encon.
respostas tão significativas com trar alguém a quem me prenda
relação à homossexualidade, ne- afetivamente, mas não consegui".
o RORSCHACH COMO CATARSE TERÁPICA 45

CASO 4 - MASCULINO - 35 ANOS

Declarou-nos que visava readaptação profissional


e verificação do tipo de inteligência

w.3
P T I ;-l~- ------- _I I I I I I
P D c v Ad INQUÉRITO

I
12" I.so me recorda um 0 •• 0 qualquer do cérebro, a IF+ AI Essas reentrâncias e saliências COm que os outros OS808
vagamen te. lá d... minha. aul... de Hist6ria se encaixam - forma, questão de forma.
Nntur"1 - esfen6ide.
2
3
Poderia lembrar t .. mbém um morcêgo.
Ou fixando melhor, na parte central e b .. ixa do
Da
D
I F+
F+
A
Hd
v 2
3
A forma também.
por causa da posiçilo dos pé. voltados para lá. forma.
desenho, um esbõço de corpo, de costas, as per-
nRS e as Coxas.
Deixe ver, .. cho que nilo há nenhum detalhe,
2'20" mais; não percebo mai~ nada..
H
Posso mudá-lo à vontade. nilo é? (Ri.) ... ainda II
na anatomia.
38" Isso d .. qui podia lembrar duas alças da coluna D F- I :.4.1 A forma.
vertebral, no centro do canal, Como é que S8
chama? Dua. vértebra. formando o c.. naI.E.
2 E êsse... essas manchas vermelhas pareciam D c I Sang. 2 Por causa do vermelho.
pedaços de sangue que vieram no mínimo com
a extração violenta de.... vértebra.
8 E e••a ponta t1ltima pode indicar que .110 peça. D F I AI 3 A forma. " ponta. a •• ociada • vértebra.
a •• im. .. o c6ccix. Eu estou achando graça é
da. suge.tões, como eu di••e (ri) ó•• e.... que
o de.enho está me despert.. ndo.
3A Órgllo genital feminino. D F+ Sexo
4 I.to podia lembrar também uma ave. uma ave. Da FC A 4 Ave porque parte do bico - forma. e por causa das
nilo é ? ra.gad .... o meio, po••ivelmente abatid .. manchas de sangue, morta. --
por um tiro que lhe tenha a tingido, de cima (agreeeivid .. de)
para baixo, na coluna, esburacando..a, está
claro, fazendo o buraco do centro, um rombo.
5 Essas manchas vermelhas o sangue da mesma D c I S..ng. 5 (Superiore. e inferiores.) A c6r.
forma, salpicos de sangue.
5' 4" N .. da mais vejo. nem quero ver. (Que vai dar
e.ta prova? Aspecto. de personalid .. de. i.to
é um pouco vago).
lU IH
49" Ai o quadro. inicialmente. lembra uma compo- 1 I Form ...
• içio feita com o. dois anteriore •• o. doi. qua- (peroeveração)
dros anteriores.
O que se vê na. mesma, 8S mesmas vértebras D F At
do (olhou o qu .. dro ..nterior) do 2.· qu.. dro.
2 AOB lados, e em baixo, a idéia de umas pernas D F+ Ad 2 Parte do casco e depois a ponta. lembrou o joelho e
de um animal de casco, um boi, um casco ... depois a perna, um.. questão de forma.
P T R PI DI Cr~-r I Ad INQUÉRITO

IH IH
3 Aqui (bate no local) cobrindo a vértebra, dois D F- I At 3 Forma.
pulmões, pulmões ou pulmãos (pode dizer
que sempre faço com dubiedade o plural das
palavras em ão - quando faço discurso e fico (comentário)
nervoso a. palavras me vêm com dubiedade
e tenho de selecionar a palavra certa e nem
sempre me vêm com correção.
E pode também acrescentar que não s6 nas for-
mas plurais; a prosódia me vêm errada, me
escapam muito, muito mesmo. (Persuasão ou
persuação etc.) Sempre troquei desde peque-
nino o n por m, hoje nlo troco.)
4 Isto aqui (aponta) parece o canal do esôfago D CF I At 4 (O. dois.) A! foi a forma e também a côr; no prêto
e do estômago. Afinal de contas eu continuo não veria.
não saindo do corpo.
5 E essas duas figuras, a8 maiores do enquadro D Km I Man- 5 Por ser uniforme; como se fôsse em formas capri
do desenho. não vejo, nada mais que uma es- chas cho.a. que toma a fumaça no sair da chaminé. Como
pécie de tinta, duas manchas... duas man- se estive••e desprendendo do. pulmõe•.
chas de tinta, ou formas... forma. não ...
fumaça, não? cou.... uniform~.. (Entrega.)
9' 7" (Pede para fumar.)
IV IV
35" Is.o tudo está parecendo, assim, .ugere, pelo G I Fc Obj. Essa .ombra as.im lembra qualquer cou.a peluda
menos duas, logo inicialmente, um urso de de pêlo; primeiro impressão de forma e segundo da
brinquedo, mais menos destroçado pelas matéria; destroçado por: 08 braços Bem as D1ÃOs

~::r
OU
mãos de criança, ao usá-lo ou ... (:apa,p;.t: cabeça achatada, etc.
2 Um chimpanzé, qualquer, um macaco, um 2 A forma e o pêlo.
mono.
3 Ou ainda um .obretudo de pêlo, um capote G Fc 3 Ainda forma e pêlo.
de pêlo., de pele, rompido do meio para baixo, (Rapaport: masturbação)
jogado em cima, jogado aberto sôbre ê•• e ob-
jeto aqui, tripé ou cabide ... cabide.
4 E pode ser também a chapa radiográfica ainda G I k At A 4 ~sse .ombreado pr6prio de chapa, em que a gente
do mesmo mono ou urso, ai o animal pouco vê o corpo esfumado.
importa, aberto, não é? (Faz o gesto.) Seccio-
nado, assim. Cabeça achatada, cabecinha des-
4'31" proporcional, achatada. E nada mais.
V v
35" Um bicho também, uma ave achatada por G Fc A v As asas, êsses prolongamento. que lembram pernas,
qualquer cousa, esmagada por um bonde, es- 8,8 artérias, etc., formam os fragmentos, intersec
magada (e querendo abrir um parênteses para (Rapaport: masturbação)
acrescentar o seguinte: que a mim sempre hor- (comentário de fobia)
P T R I P -, D Ic Iv I Ad I INQUÉRITO

v v
rori.zOll a morte por esmagamento, e desde çôes lembram esmagamento; pedaços de ossos jo-
que estamos falando em morte, o enterramen- gados para fora.
to vivo dessas hist6rias infames). O curioso
aqui é que o esmagamento parece s6 ter atin-
gido as asas ou mesmo um pouco a cabeça ...
êsses prolongamentos aqui, as artérias - as
pernas e o corpo ficaram intactos, prAtica-
3'33" mente intactos. S6.
VI VI
40" Está me sugerindo já uma cousa diferente: as- DG I Fc Relig. FK (Partiu da parte superior e generalizou.) Forma; tenho
sim, um ornamento de igreja, de templo cató- imprcsãso de rclêvo e luminosidade.
lico, em que se vê uma ... colocado sôbre um
ornato e o atravessando verticalmente
isto aqui. .. (passa a mão) uma vela, a pala-
vra vela está me vindo à cabeça, mas não é
vela ... uma vara, uma vara, cujo casULo tem
uma forma humana, distingue-se bem o con-
tôrno do corpo, o contÔrno do corpo, e a ca-
beça, a cabeça que é encimada, não é? por
dURS manchas pretas, assim, como se fÔssem
duas auréolas. Do corpo sai, sob a forma de
raios, os halos que indicam ... o 9ue? .. a di-
vindade, a espiritualidade, não é 18S0 . . . a san-
tidade. E éste fundo então (passa a mão) e a
armadura, o ornato, está faltando o têrmo pre-
ciso aqui. .. (aponta a lâmina e olha atenta-
mente). Não parece igreja? Se a gente sai de
igreja pode ser também ...
2 Como é?.. um escudo, escudo assim de ran- DG I F Obj. 2 (Partiu do Dl (Beck) e generalizou.) Forma.
cho carnavalesco que as mocinhas vêm tra-
zendo, assim, ladeando os dançarinos, mas
falta a haste. Mas é mais t!pico mesmo a fo-
tografia escura, de enfeite, de ornamento de
7' 9" fundo de igreja, igreja mal iluminada.
VII VII
10" Pedaço de céu, as nuvens (parou 1'30") nuvens G K Nuv. A aus)ncia de forma, assim esparramado, forma.
2 I
me.c;mo.
Estes pontos, todos ésses pontos (já que a senho-
ra gosta que fale tudo) me lembram apêndices.
Dd F AI 2 Forma.
3 Voltou ao cartão rr, dizendo! deixa eu ver uma. Dd FC' Sexo 3 ÉSBe jôgO de sombra, as tonalidades, a forma e o
cousa aqui; lá vem um negócio escabroso, bem claro escuro - o claro central e o tom escuro.
escabroso (pode dizer obscenidades?) essas
p T R I p f D I I
c v I Ad I INQUÉRITO

VII VII
manchas escuras, êsses cortes escuros, me Essas <ousas têm caráter confidencial, não é?
lembram vagina e ânus (isso fica por conta do
desenho de imoralidade da infância, de porta
de sapataria, de homens e mulheres em pos-
turas obscenas. Essas Causas têm caráter con-
fidencial?
(Interrompe ... ) - eu quando era garôto, me-
nino, eu queria saber como eram oS órgãos
sexuais femininos. De uma feita, no tôpo de
uma escada, estava uma mulher~ se eu descesse
a escada e me colocasse numa. detftrminada
posição, Cu veria de baixo para cima, pelas
pernas abertas, pela posição em que a mulher
se encontrava, não é? todo o interior que esta-
va por baixo de seu vestido, satisfazendQ assim
a curiosidade (quantos anos tinha? - 7 OU 10
anos.) Desci a escada, sorrateira e ràpidamente
e a mêdo (pode botar entre parênteses, não
havia razão para mêdo, era a censura), levan-
tei a cabeça rapidfssimamentc. muito vivo,
bem r4pido não vi nada, escuro, saí dali com
grande sentimento de culpa, - a pessoa era
minha mãe. Eu digo isso porque o fato me
vem sempre fi lembrança. E em relação com
a vida sexual eu posso acrescentar 2 casos:
o primeiro é que iniciei muito cêdo com mu-
lher (15 anos), e foi realmente uma mulher,
não conheci as formas animais, nem homosses-
xuais, o meu primeiro ato foi realizado muito
cedo com uma mulher; tratava-se de uma
prostituta.. afinal de contas êsse quadrinbo,
com uma mulher prostituta, por decepção,
pela desproporção, pelo prazer alcançado e
imaginado. Aliás deixa fixar bem o caráter
dessa decepção; o segundo não tem segundo,
a senhora escreve. A êste, neste primeiro con-
tacto sexual me foi logo transmitida uma doen-
ça venérea. Agora, ainda ao setor sexual,
posso lhe informar o seguinte: sempre temi a
fase infantil, não é? temi me tornar homos-
sexual. Mêdo, pânico, da pederastia. Agora
é bom se fazer uma nota para dizer isso! que
nós desprezávamos 08 -vamos usar o têrmo
- oS "veados"; eram tidos pelos meus grupos
de companheiros, como tipos inferiores - s6
p T rR-l rp- \ D c v Ad INQU~RITO

VII
isso. Agora eu quero fazer uma observação:
estou dizendo isso, IDas não estou olhando
para a senhora - s6 olho quando estou bri-
gando\ - dizem por aí que quem não olha é
hipócrita e eu estou fazendo isso por autode-
fesa. Quando é para agredir eu olho e aí eu
10' 8" digo filtando a pessoa.
VIII VIU
5" Isso . . ' é causa que não acaba nlais.. parece DG FC Obj. Aí a idéia de brasão vem de forma e de coloração,
um brasão, brasão... ladeado, conforme as sem dúvida. Essas duas rapôsas é que me desper-
figuras laterais são 2 rapôsas. taram a idéia de brasão.
2 Aqui pelo centro uma coluna vertebral. 8ão D fo' At FK 2 Peh forma reta, vertical, traço vertical; os dois lados
as figuras de separação. simetria são simétricos, divide a figura exatamente ao meio;
êsses conteúdos claros e escuros dão nlais a idéia
3 Como já disse, eSSRS manchas escuras me lem-
bram OS órgãos genitais e não genitais a que
Dd I I
p-- 8e,,0 3
de líquido. dentro da colllna, com coloração.
A forma.
eu me reportava ainda há pouco. Ah! não (6rgão genital e Arius)
tem mais nada que ver nesse desenho - um
orna to e são orna tos do brasão. Como decla-
rei que a combinação de cÔres não está me
4 ajudando, êsse roxo... ri... não sei porque Dd fo' A 4 A forma.
me lembrei de uma lacraia (Posso agora. in-
formar que a minha mãe me transmitiu horror
ao que rasteja. Uma vez vi uma lacraia, re-
centemente, tal foi o meu pânico que quase (comentário)
caí sentado em cima dela e depois fiquei de
longe a tirando pedradas. Em ge'l'al os ani-
4'31" mais viscosos e de muitas pernas ... Pronto.
(Falta muito? estou sentindo que a senhora
está ficando cansada).
IX LX
40" Mas. .. at, ai, eu agora estava pel!sando co- o forma to e as cÔres.
migo mesmo. est6. virando obsesàio... eu
estou ficando obsecadó OU obsedado f me sur- (dúvida)
giu .. dúvida ... êste fenômeno me é muito

2
freqüen~e.
Eu vejo aqui um brasão.
A mesma insistente coluna i para mim todo risco
vertical é coluna. Aliás, eu tenho um amigo,
G
D
I FC IOb j .
Fc
(comentário)
At 2 A forma e idéia também de conteúdo, de líquido,
pelo. textura, alguma coisa um tanto viscosa.
parece, parece não, deve ser grande cdtico de
arte e sempre que me mostra quadros futu-
ristas me pede opinião ... eu não entendo ...
principalmente as formas humanas ... uma
cadeira é uma cadeira. Não tomo posição crí·
tica, não a compreendo.
3 Não é isto, o desenho... esta parte roxa, in- D FC 8e.xo 3 Uma mulher em postura ginecológica - a forma e a
inferior, em face ai da minha insistência de côr fazem lembrar o interior da vagina e OS lábios
ver sempre a mesma coisa ... lembra assim ...
(faz o gesto) 2 fragmentos de perna ou de
P T R r~-~-l
- -------_ .. _---
c I v-l
---------
Ad INQU:êRITO

IX
coxa, abertas e de frente, como bailarina, ca-
indo de perna aberta, não é bailarina, é .6
para mostrar o sentido da posiçllo.
O verde, não há nada, é informe, a parte verde (c omen tário)
é informe. O amarelo, ° amarelo ... nlo, como
é o nome dessa cOr? A minha garOta conhece
o nome das cOres, mas eu... a nio ser ver-
I
(nomeia a cOr)
I
melho, verde... entlio o alaranjado. Pronto,
minha senhora, nAo tenho mais nada a diEer
sObre isso.
(Em geral ésses desenho. lembram aos indivl-
duos fragmentos de corpo ou lembram ár-
vores).
X X
23" Isso agOra me lembrou um aquário, visto de G CF Aq. A côr e secundàriamente a forma, lembrandoa fauna
cima. e flora.
(Estou gostando da sua calma ... )
2 ~sses verdes aqui. . . vou chamar de bichinhos, D FM A 2 Estão em movimento.
atacando ali em alimento (suspirou).
3 ~sses dois amarelos, duas células gigantes, com D J CF J C.i- 3 Primeiro a côr, em jôgo mais escuro; penso em cé-
seu núcleo, com seus respectivos núcleos. ênCla lula pelo tom escuro, parte nuclear e a geral.
No conjunto .. . são uma flora, assim, marinha, (Repetição de R. 1)
colocada à disposiçllo de vários peixes. .. gru-
tazinha, gruta.
4 Isso aqui lembra muitos ninhos, ninhos de D F Ninho 4 A forma, ésse esgalhamento.
pássaros, ninhos. A visão de conjunto é isso:
árvores, marinhas, sub-marinha, grutas e essas
duas aqui (verde inferior) dois bichos e a cé-
lula ciliada; ela tem aqui dois rabinhos; tem
um nome técnico que não me recordo. Quan-
do, porém. abrir um parêntese, o vocabulário
usado é em referência, sem nenhum índice de
vaidade, de leitura, á massa de leitura, revi-
sada e ao conhecimento do vocabulário que
essa leitura, o ato da leitura revela, é signifi-
cante. (Quer ler?) Nilo está claro: quando
falo, o meu vocabulário é pobríssimo e des-
proporcional, conseqüentemente ao vocabu-
lário adquirido, aquisição essa comprovada
pela facilidade na leitura. Abrindo qualquer
livro, raramente abro o dicionário para, tornar
inteligfvel uma leitura e, contudo, me expres-
so com o mínimo de palavras.
N o caso concreto dêsse quadro a minha leitura
de zoologia e de botânica, e mesmo de biolo-
gia não me permitiu mais precisão em carac-
terizar as formas que o desenho sugere; em
vez de bichinho, dar o nome do que sugere.
5 Parece assim dois pulmões e 09 brônquios, o D F A+ 5 Forma.
canal .. .
9'16/1 Mais nada.
52 GLÓRIA QUlN'iELc

Caso N. 4 -!Masculino - 35 anos


TESTE DE RORSCHACH

Tempo
N.O da N.O de
prancha R Cálculos sôbre T e R
Inicial Total

I 3 12" 2'20"
-----
II 6 38" 5' 4/1 T= 1 h. 44'
------ R = 36
III 5 49" 9' 7"
---- _ _ _o

T
= 1.54
IV 4 35" 4'31" R
V 35" 3'33"
VIII + IX + x. 33%
- - - - --_o_- R
VI 2 40" 7'f!"
-----
VII 3 lO" 16'8"
VIII 4 5" 4'31"

IX 3 40" W21"
X 5 23" 9'16"

Per-
cepo
N.o I% R
I De-
termo
N.o I%R Conto N.o
I %R

G 9 M A 6 Tp: G! (D) Dd
--- --- --- --- --- --- --- --- ---
G FM Ad

m (1 em Ad.) 7 190 Tv: O M: 7~ C


DG 5 c 2 H
-~G--1-4- 38% -CF---2-----[id"------- FM
: Fc +c+ C'
D 17 47% FC 5 Anat. 11 2 5
- - - - - - ---- ---1-----1---- - - - - - - - - -
5 c·um 7 ~ Sexo 4
D8 K 2 Nat. Sucessão: Relaxada
KF No\".
do PL FK
----- - - - - - - ---1----1---- - - - - - - - - -
~ Dd 5 13% k Geog. Contrôle:
---- ---- ---- ---1----·1-·--- ---- - - - - - -
Obj. 3 FK +F+ Fc
61%
R
cF Arte
Det. Fc 4 Sangue 2
---- - - - - - - ---·1----1·---- - - - - - - - - -
8 47% C' Mancha (A + H) : (Ad + Hd)
F- 3 C'F Vest. 6 2

F? 6 FC' Nuvens
P 2 Pai8ag.
- - - - - - ---- - - - - - -
17 47% O . Ciência Ninho 1 Relig. 1 ~ Aquário 1
I
~.
o RORSCHACH COMO CATARSE TERÁPlCA 55

Interpretação : mente, em conseqüência, talvez, do


distúrbio emocional; não revela
Trata-se evidentemente de per- maturidade, ou equilíbrio entre os
sonalidade bastante desajustada, vários elementos do tipo de per-
perturbada mesmo, com certos ca- cepção; há a assinalar, ainda, a
racterísticos neuróticos: fobias, presença de 5DG, no protocolo.
dúvida, alguma depressão, insegu- Possibilidade de abstração, de ge-
rança, e ansiedade; conquanto neralização e de síntese, superfi-
não se fixe propriamente choque cial, porém; deficiência de senso
de côr e sombrio, pelo tempo de prático e algo minucioso.
reação, há contudo sensação de Conclusão: Personalidade bas-
desagrado em lâminas colori- tante desajustada, com caracterís-
das e escuras (cartões: H, IH, ticos neuróticos, decorrentes ao
IV, V, VIII, IX), complexo de in- que parece, de:
ferioridade, sentimento de culpa e
insatisfação agressiva. Extraten- a) problemática sexual,
sivo constitucional e reacional- b) complexo de inferioridade.
mente, com forte agressividade, Dado os traços patológicos do
impulsividade, apresentando, con- protocolo, seria aconselhável exa-
tudo, desejo de contrôle e adapta- me psiquiátrico.
ção.
A sua problemática parece de- Observação:
correr de fator sexual, deixando O Pro silenciou a primeira res-
suspeitar que se trata de homos- posta de conteúdo sexual no car-
sexualidade reprimida. Há, segun- tão H e ao chegar ao cartão VH
do Rapaport, respostas caracterís- reagiu prontamente, dando uma
ticas de masturbação. resposta comum (nuvens) para
Quanto aos fatôres intelectuais, fazer, em seguida, uma pausa de
não se evidenciam satisfatOria- 1'30", irrompendo, entãO, respos-
56 GLÓRIA QUINTELA

ta de conteúdo heterossexual, que profissionalmente, enfrenta per-


o levou a voltar ao cartão II e de- sonalidades que considera superio-
clarar o que vira e silenciara e fa- res, perturba-se demasiado, o que
zer o comentário que encontramos se reflete na problemática de lin-
no protocolo (ver cartão VII). guagem que declarou apresentar
Terminado o teste, perguntando (comentários cartão III e X, ver
ao Pro se tinha vida sexual nor- protocolo) .
mal, havendo nos chamado a aten- Quando se apresentou para o
ção o fato de ter êle, mais de uma teste estava assaz ansioso. Co-
vez, visto vagina e ânus, conjun- mo não fôsse possível terminar o
tamente, e, além disso, o mêdo que inquérito no mesmo dia, voltou no
expressara relativamente à ho- seguinte já em melhor disposição
mossexualidade, ao receio de se e declarou sentir-se realmente
tornar pederasta, declarou que ... mais tranqüilo após o mesmo,
(ver cartão VII). principalmente depois de argu-
Falando ao Pro sôbre complexo mentarmos relativamente ao seu
de inferioridade, revelado no tes- sentimento de culpa, pelo aconte-
te, confirmou que, de fato, tem o cimento da infância relacionado
intelectual e o racial e sempre que, com sua mãe.
o RORSCHACH COMO CATARSE TERÁPICA 57

CASO 5 - FEMININO - 23 ANOS

Declarou-nos que viera submeter-se aos testes pela


seguinte razão: Procuro descobrir minhas aptidões
para empregá-las da melhor maneira, em meu
proveito e do próximo
P T R P D c v Ad I R INQUÉRITO

12" IS80 aqui me parece, aqui assim, a parte de ba- Dd k At Sexo A bacia e a coluna vertebral - uma radiografia.
cias do esqueleto humano. Ontem vi no cinema.
2 Essa parte aqui um sino. Dd F+ Obj. 2 A forma mesmo do sino.
3 Aqui, asas. D F+ Lld 3 Pela forma.
4 Asas também, brancRs. Dd. F+ Ad 4 Pela forma também.
5 E duas caras. Dd. F+ Masc. 5 Por êsse nariz aqui.
6 Aqui assim tenho impressão daquele Prometeu Dd. Fc Escult. 6 Pela forma também e o colorido assim escuro, por-
I

do Ministério da Educação. que lá é também de bronze; sinto a matéria


7
8
Essa parte aqui nle parece a coluna vertebral.
Nuvens. Dd
Dd I FK At
Nuvens
At .
8
7 Pela forma, tenho impressão de ossos, assim.
O Bom breado.
9 Isso aqui é bacia, bacia do corpo humano. Dd. F 9 (Só o branco.) Pela forma
10 Aqui assim, o perfil de um velho narigudo; um D F+ Ad 10 Pelo nariz e pelo queixo.
de cada lado.

3'
11
12
Aqui duas cabeças de cobra.
tsses pontinhos pretos, impressão de pântano.
D
Dd
I FM
e
Ad
Pânlano
11

12
Pela forma, assim com a bôea aberta: tenho impres-
slio que a cabeça está com a bôca aberta.
Tenho iInpressão de ver pAn tanoa pelas partes es-
curas e mais claras.
II II
10" Órgãos do corpo humano; acho que são os pul- D Ik At Aqui; uma radiografia.
mões ou rins, não tendo certeza - são os pul-
mões mesmo.
2 Aqui em baixo uma borboleta. D F+ A 2 É mesmo igualzinho. pela forma, parecido mesmo com
um desenho. Na preta também veria.
3 E aqui me dá impressão de costelas. Dd k At 3 De radiografia, também: as partes filais escuras, como
se fôssem costelus.
4 Fígado (passa a mão, contornando o desenho). D F At 4 Pela forma.
5 Essa figura tôda, tenho impressão de 2 velhos, G M H 5 Com a mão assim levantada, um para o outro, dando
dURs figuras engraçadas. a mão no alto; quase que dançando.
6 Um pião (passa a mão). D. F+ Obj. m 6 Pel" forma e tenho impressão também de movimen-
to, justamente pelo colorido, dá volta.
7 Essa parte aqui é também do esqueleto humano. Dd k At Sexo 7 A parte inferior - tôda vez que falo inferior é a
parte de bacia - radiografia.
8 Essa aqui é coração. D CF At 8 Pela forma e também a côr; no prêto talvez não dis-

10
9 Isso aqui me parece órgão genital de mulher.
Aqui essa figura branca parece uma gnlinha,
D I Fc Sexo 9
sesse.
Pela forma e o colorido mais claro dá impressão de
profundidade, da diferença de supertrcie.
Ds F A 10 Os pés é que achei mais parecido com uma galinha -
com os pés juntos. amarrarias. forma.
11
12
Aqui também órgão genital d" mulher.
Aqui órgão genital do homem. D
Dd
IFF Sexo
Sexo
11
12
Forma - foi só forma; no prêto também diria.
Pela forma.
3' ·1" É s6.
P T R P D c l-V I Ad R INQUl!:RITO

IH IH

3" Dois meninos brincando. G M H v Dá impressão de movimento, dancando meAmo, 8, ..


quela dança americana (Jitteburh).

2 Uma parte do esqueleto humano, parte .uperior. Dd k AI 2 (T6rax.) Forma mesmo de radiografia, como se eu visse

3
4
Os pulmões.
Dois borrões de sangue, duas manchas de sangue.
D
D
F+
C
AI
Sang.
I F(C) 3
4
uma radiografia.
Pela forma e ê.se tom claro-escuro (não é radiografia).
Aqui pela cÔr, s6 pela cÔr.
5 Dois peixes gr~mde8. D FlIf A 5 Pela forma; como se estivessem dentro dágUB, na ..
dando - está em movimento.
6 Aqui dn semelhança com o mapa da América Dd F Geog. 6 Pela forma.
do Sul.
7 Aqui uma borboleta. Dds F A 7 Pela forma.
8 Em cima também. D F+ A I V 8 Pela forma.
9 Aqui tenho impressão de duas negrinha., de Dd lIf H 9 Estão de costas; tenho impresslio de movimento; a
costas uma para ou tra. saia. um Pouco levantada.
3 Dois 6rg1los. R no 3
10 De-ia perfi!-3. Hd !(perlil) 10 Forma.
11 ÓrgãoR genitais do homem (passa o dedo). DdSI F
Dd F Sexo 11 Pela forma.
12 Intestinos. Dd F AI 12 Pela forma.
13 Também 6rgãos genitais do homem. D F Sexo 13 Pela forma.
3'53" É .6.
IV IV
27" 1 A figura tOda me parece a bacia. G k AI 1 Radiografia.
2 Aqui dU:ls cubr:l.i1. Dd FM .1 2 Pela forma, dando impressão de rastejando. movi-
mento.
a Parecendo tamhém 6rgão genital do homem. D F Sexo 3 Pela forma.
4 Uma coruja. D D+ A 4
5
Pela forma.
Pelo tom-escuro, forma determinada nfio tem.
5 Tenho impressão de Urio. D F(C) PI.
Ü Aqui coração. D F AI 6 Pela forma.
7 Coluna vertebral. Dd F .41 F(C) 7 Forma e depois a tonalidade de claro-escuro.
8 Duas botas (paRsa o dedo). G F Ve.t. 8 Pela forma.
() P:nece uma figura do raio X. G k AI 9 (Radiografia.)
3'16" S6.
V

3" 1
2
Um morcêgo.
V
Órgão genital de mulher (passa a mllo).
G
Dd
I FC'
Fc
A
Sexo
V 1
2
Pela forma e o prêto influiu muito.
Forma a essa parte escura, dando impressão de parte
central e a mais clara, dando impressão de diferença
de superflcie.
3
4
Órgão genit:tl do homem.
Duas cabeças, dois pescoços é pescoço 86, de D
D IF FlIf
Sexo
Ad
3
4
Pela forma.
Pela forma, como Be estivessem em pé, levantados.

•5
6
uma águia, uma de cada lRdo.
Duas caras de palhaço aqui .
Um perfil.
D F+ Hd
Hd
I I
(perfil)
(FC)
5
6
Pela forma; aqui mais escuro e na parte do rosto mais
claro.
Foi o escuro que me deu impressão - forma.
7 l!:,se sombreado, dá·me impressão de nuvens. Dd
Dd 1 F
K Nuv. 7 TÔda essa tonalidade.
8 Asas. Dd F+ Ad 8 Pela forma.
\J Órgãos genitais do homem. D F Sexo 9 Também pela forma.
P T IR-I P D c I I I I
v Ad R INQUltRITO

VI VI
7" 1 I Órgão genital de mulher. Dd I Fc I Sexo Por causa da parte central eSCUra. e essa tonalidade
mais clara; mesma impressão das anteriores. como se
fósse em superflcie alta, plano, acho que ai é plano
2
3
Coluna vertebral (passa a mão).
Essa parte superior escura, impressão de uma
figura azteca de madeira. .
Dd I I k
Fc At
Arte
2
3
mesmo.
Radiografia.
Forma.
4 Borboleta (passa a mão). Dd Fc A 4 Pela forma e tenho impressão de transparência. de
asas. por essa tonalidade.
5 Duas galinhas. aqui. Dd F A 5 No chôco; são duas - pela forma.
6 Aqui dá impressão de profundidade ess •. parte. Dd FK Vista 6 Como se eu visse um abismo.
7 Aqui tenho impressão de dois braç.os estirados Dd F Hd m 7 Pela forma e se não fósse a tonalidade eu não dis
e juntos. tinguiria.
8 Dois macacos. Dd F .id 8 Pela forma.
'J Um perfil. parecido com o do Presidente Roo- Dd F Hd (perfil) 9 Forma.
10
11
12
sevelt.
Órgão genital do homem.
Pântano.
Aqui duas caras do macaco pequenininho.
Dd
Dd.
Dd
F
FM
I Sexo
Pânt.
Ad
10
11
12
Dos dois lados - forma.
Ésses pontinhos pretos e as tonalidades claras.
As diferenças de .,.tonalidade. como se estivessem
juntos uma cara perto da ,outra, como se eatives
sem se beijando.
13 A parte sul do mapa do Brasil. Dd F Geog. 13 Forma.
l' 1" 14 Dois braços abertos. Dd F Hd :n 14 Forma; esticados.
VII VII
12" 1 Órgãos .. - do corpo humano. D F AI 1 Forma - talvez rins.
2 Órgão genital da mulher. Dd FC' Sexo 2 A mesma razão':das anteriores: a-parte central mai,
escura e essa parte lateral mais clara (não tenho a
impressão de diferença de superficie).
3
4
5
Duas bailarinas patinando no gêlo.
Órgãos genitais do homem.
Uma borboleta.
D
D
D
I I F
M
F+
S~xo
H
A
3
4
5
Movimentando, patinando mesmo.
Pela forma.
Pela forma.
6 Duas caras_de mulher, duas cabeças. com uma D M H 6 Uma em frente" loutra. coma.:Be estivessem olhando
pena. uma para a outra.
2'11"
7
8
Um mapa da América do Sul.
Pernas de esqueleto. S6.
D
D
I FcF+ I At Geog.
8
7 Forma.
Pela forma e senti como se fÔSse a natureza do osso
VIII VIU
13" 1 Parece Uma parte do esqueleto hUlllano. D F At 1 A parte da bacia -" pela forma.
2 Dois ... tos côr de rosa. D FM A (nomeia a côr) 2 Andando.
3 Uma borboleta. D FC A 3" Pela forma e pelo colorido.
4 Aqui (passou a mlioL,dois 6rgllos. Dd C At 4 Ah I é8se foi pelo colorido, não posso precisar que
IFM
órgãos são.
5 Uma águia branca. Dd. F ,4 (nomeia a cór) 5 Forma - com as asas assim caldas, esticadas.
6 Órgão ganital de mulher. Dd F Sexo 6 Forma.
7
8
9
10
Uma águia..
OSS08.
Parte inferior do eS'lueleto humano.
Órgãos genitais do homem.
D
Da
D
I
(m ~ma
F
C' I
A
At
lr~srxo~tl"
I I
do 11)
FM 7
S
9
Forma - ' ,com as aBRS para cima.
Pelo colorido branco, se fôsse préto não diria.
Mesma resposta 1.

l
10 Pela forma.
11 Aqui dá-me impressão do coito. Pd m Sexo 11 Dá impressão mesmo de ação.
3'38" 12 Pulmões, s6. D F AI 12 Pela fQrllla,.
P T I R \ Ipi D c I-~ I I Ad R INQU1!:RITO

IX IX
15" 1 Órgão genital da mulher. G F Sexo 1 Pela forma e esta parte central.
2 DURs cara. de carneiro (toca). D F'C Ad 2 Forma e cÔr.
3 Pulmões. D ]lo At 3 Essa colocação aqui é que dá impressão mais do que
a forma.
4 Coraçllo. D C At 4 11:s8e foi pelo colorido, pela cÔr.
5 Coluna ve.rtehral. Dd F+ At 5 Pela forma.
6 Bacia. Dd F At 6 Pela forma.
7 Borholeta. D F .4 7 Pela forma; no préto tamhém diria.
R Duas caras d~ palhaço. D M Ad 8 Um com o nariz junto no outro, como se estivessem se
9 Dentes. Dd. C' At heijando.
6 Bacia. 9 Aqui pela cÔr.
2'24" 10 OS80S. S6. D F+ At 10 Pela forma.

X X
11" 1 Coluna vertehral, parte inferior. D F- At 1 Pela forma.
2 Dente, raIZ b6 do dente, raiz ..~,'''' D F Ae 2 Forma.
3 Em haixo, tamhém, tem raiz do dente. Dd F At 3 Forma.
4 Caheça de dragão. D FC Ad 4 Pela forma e o colorido influiu muito.
5 Aqui uma mulher com 08 hraços aherto.; s6 .e D ],f H 5 Sinto o movimento.
yê o rosto e 08 braços. .
6 Dois ontngotangos de mãos dadas, na heira de D FlII Cena 6 Como se um estivesse segurando o outro, de mllos
um precipício. dadas.
7 Tinta derramada (tamborila). D C Tinta 7 Pela mllo.
8 Chifros de veauo. D F A.d 8 Pela forma.
9 Mapa da América do Sul. Dd F Geog. 9 Forma.
10 E 6rgãos genitais do homem. D F- Sexo 10 Forma.
11 Uma figura de Budah, branca. Dd. F ReI. (nomeia a cÔr) 11 Pela forma.
12 Dois bichos feios. D FM A 12 Um em frente ao outro se mirando um para o outro,
não tam nenhuma posiçllo.:
13 Uma borboleta branca. Dd. F A 13 Forma.
14 Órgãos genitais do homem. Dd F Sexo 14 Forma
15 Um perfil. Dd. F l1d 15 Forma.
16 Bacia (pRssa a mão). Dd. F At (perfil) Sexo 16 Bacia.
4'12" 17 Dois ratos. D. FM A 17 Comendo.
62 GLÓRIA QUINTELA

Caso n.· 5 - Feminino - 23 anos


TESTE DE RORSCHACH

Tempo
N.o da N.o de
prancha 8 Cálculos silbre T e 8
Inicial Total
1
I 12 12" 5'

II 12 10" 4'4" T = 35'6"

III 13 3" 3'53" 8 = 115


----- T
IV !l 27" 3'16"
R = 18"
V 9 3" 2'27" + IX + X =
VIII
33%
R
VI 14 7" 4'1"

VII 8 12" 2'11"


- - - - - - - - -_._--
VIII 11 13" 3'38"
IX 10 15" 2'24"

X 17 lI" 4'12"

115

Per-
cepo
N.o De-
I%RI termo
N.o
I %RI Conto N.o 1%8

G 6 M 7 A 20 Tp: «(G))) «(D))) Dd!ll!


--- --- --- --- --- --- --- ---
G FM 9 Ad 9

m 1 (1) A + Ad 29 26 Tv: 7 M: 8~ C

DG C 4 H 6
-i;a---7---6-CF-------H----9----- Fl;+m :Fc+c+ C'
D 51 44 FC 3 Anat. 31 11 13

43 C8um 8~ Sexo 22
D8 3 K 2 Nat. Sucessão: confusa
Dd'-- --11- - - - KF ---. --- Nov. --2---
--_.-- --- - - --- - - - - - - - I -
do FK 1 (Ad.) PL 1

49 k 8 Geog. 4 Contrôle:

2 Obj. 2 FK +F +Fc
62%
R
cF Arte
Det. Fc 7 Másc.
Escult. 1
---------------------
F+ 17 C' 2 (Ad.) Pânt. 2 + 1
Sangue 1 (A + H) : (Ad + Hd)
-----------------1-
F- 2 F(C) 1(2 Ad.) Vest. 1
Vista 1 26 18

F ? 45 FC' 2 Cena

P 3 Tinta
Relig.
64 Po
·- -- - - --,

,
'-

t
--------_.•
o RORSCHACIi COMO CATARSE TERÁPICA 65

Interpretação: pocondria, complexo de inferiori-


dade intelectual, com característi-
O Pr. iniciou o trabalho com cos depressivos.
elação, deprimindo-se no fim de
pouco tempo. Tomou contacto com O seu tipo de vivência tende pa-
o teste com uma resposta de de- ra a ambiqualidade, com predomi-
talhe raro e de maneira um tanto nância extratensiva, tanto consti-
evasiva, para só no inquérito pre- tucional como reacionalmente.
cisar, quando interrogado, que era Observa-se ainda certa imaturida-
a bacia. No cartão lI, irrompe de afetiva; forte agressividade e
conteúdo de ordem sexual que en- impulsividade que o Pr. procura,
tão se espalha por todo o protoco- de certo modo, controlar, expres-
lo, perseverantemente, evidencian- sando desejo de adaptação social.
do a preocupação, a obsessão er6- Quanto aos fatôres intelectuais
ti~a do Pr., como se verifica pelo não se afirmam, satisfatõriamen-
numero exagerado de respostas te, em todos os seus aspectos, em
de conteúdo sexual, aliás a primei- conseqüência, talvez, do distúrbio
ra coisa a reter a atenção no pro- emocional, positivando-se quanto
tocolo, ao lado das respostas ana- ao conteúdo bastante variado e a
tômicas (31) e uma sensualidade parte de imaginação, com possi-
exaltada que o Pro procura de cer- bilidade criadora (M = 7). Plas-
to modo controlar. Há, entretanto ticidade e discipliná mental fra-
situação conflitiva, descontrôl~ cas.
do pensamento: evidenciam-se Conclusão: Personalidade desa-
resp~stas típicas de ansiedade, hi- justada, com característicos neu-
w.-+
66 , , 'GWRIA QUINTELA -, ,.;.

róticos, decorrentes, ao que pare- mou os dados que se evidenciaram


ce, de: e disse que tem vivido em verda-
a) complexo de inferioridade, deiro conflito, desde os sete anos,
b) fator sexual. quando ficou marcada, fisicamen-
te, em conseqüência de acidente.
Observação: Prejudica-se nas afeições masculi-
nas que tem tido, pelo receio de
Conversando com o Pr., após o que, quando seja percebido o seu
teste, sôbre a ansiedade que expe- defeito, o rapaz dela se desinte-
rimentava, o complexo de inferio- resse e isso a leva a reações que
ridade, e sua sensualidade exalta- desencadeiam o afastamento. Te-
da, revelados no mesmo, confir- me não casar-se.
o RORSCHAGH'COMO' O.NTARSE TERÁPICA 67

Terminado o teste, temos já, mostramos-lhe que ficara prêsa a


como ficou exposto, uma idéia ge- uma árvore, sem ver a floresta, ao
ral a respeito do que apreendemos poente, sem perceber a paisagem,
e; em sé tratando de pessoas an- e o comentário lhe foi verdadeira-
gustiadâs, 'falamos sôbre sua si- mente benéfico..
tua~ão emocional ou ainda sexual. Tem grande "espontaneidade
. quando é essa a problemática res- para a arte e todos os seus traba-
saltada. Conseguimos, como, ficou lhos refletiam a a.margura que a
relatado nas óbservações dos ca~ torturava. Pensa que poderá, de
sos, uma verdadeira catarse 'por agora ,em diante. abandonar os te-
parte dos nossos Pr.' que parecem mas exclusivos de angústia.
estar aguardand'o' o momento pro- : Às, vêzes o comentár.io de uma
pício para êss~ desab,afo. simples .resposta,como nps casos
Através dos. c~sos que ilustram n.o.1 e n.o 3, podem favorecer a
essa exposição, não' ,muito nume- reação por parte do indivíduo. E
rosos, é verdade, para não torná- isso nos leva a refletir sôbre o que
la assaz longa, mas bem diver- Stekel chama de seu "método de
sos, nos seus aspectos, podemos intuição". Embora a relação não
verificar o que é possível conse-, seja a mesma, senão na finalidade
guir-se com o teste de Rorschach de encontrar a solução de um
nos casos em queó Pro se ache . problema, .alerta-nos para parti-
muito angustiado, ou não seja' C~­ cularidades que, parecendo de so-
paz de por SI só declarar o pro- menos importância, podem servir
blema Oll a causadp mesmo. de ponto de partida para uma
No caso n.o .5, por exemplo, em conclusão satisfatória.
que nas observações não pudemos Outras vêzes, o Pr. tendo sido
entrar· .emmaiores comentários, pôsto à vontade, ao iniciar a pro-
a fim .de evitar identificação. sem· va, como no caso n.o 4, foi levado
dúvida um dos mais interessantes· a interromper a mesma, impulsio-
que tivemos, era evidente a ansie- nado pela necessidade de confis-
dade do Pr., durante a prova, são de um sentimento de culpa
confirmada pelas determinantes que o vinha afligindo desde a in-
do teste. fância. Sentiu-se realmente ali-
.Ao argumentarmos sôbre sua viado, quando lhe mostramos que
situação conflitiva, teve tal neces- não lhe ca.bia responsabilidade de
sidade de desabafo que solicitou uma natural curiosidade infantil.
do seu chefe de serviço permissão Adaptando o nosso trabalho às
para entrada mais tarde. Voltou, situações e às personalidades, va-
ainda no dia seguinte, a fim de mos conseguindo com a técnica de
terminar o relato que vinha fa- Rorschach, nos casos indicados,
zendo. Aproveitamos todos os como acabamos de ver, uma ca-
pontos que nos deixavam margem tarse conveniente e uma psicote.
para uma interferência psicoterá- rapia "relâmpago" que não só
pica e fizemos ver ao Pro quanto traz um certo alívio ao Pr., mas
era prejudicada pela obsessão do permite também um conhecimen-
seu defeito, esquecendo as autras to mais amplo das causas dos se,us
qualidades físicas de que dispõe; desajustamentos ou conflitos.
68 GLÓRIA QUINTELA

RESUMÉ

Dans ce travaill'A. se refere à ce que 1'0n est en train de réaliser à l'ISOP


de la F. G. V. avec le test de Rorschach ainsi qu'aux résultats obtenus chez
les sujets en ce qui concerne la question de la catharsis thérapeutique.
Il justifie les raisons de sa préférence pour la technique de Klopfer-Kelley,
tout en soulignant la valeur de l'enquête dans ce test d'accord avec leu r tech-
nique.
L' A. mentione les points de vue de Carl Rogers (du Dept. de Psychologie
de l'Universií.é de Chicago) et de Frederic Allen (Prof. de Psychiatrie de
l'Université de Pennsylvania et Directeur de la Clinique d'Orientation Infantile
de Philadelphie) lesquels recommendent de s'en servir - des le premier contact
avec le sujet - avec un bttt psychothérapique.
L'A. pré sente queIques exemples de son travail à I'1.S.O.P. et montre
comment les résultats obtenus avec la technique du diagnostic de Rorschach
permettent de faire non seulement une catharsis convenable aux sujets angoissés,
mais aussi une psychothérapie "écIair" de leurs troubles.

SUMMARY

In this work the A. describes her experiences with the Rorschach test,
as used in the 1.S.O.P. of the G.V. Foundation, and the cathartic-therapeutic
resuIts for the examinees.
The A. justifies the reason why she is giving preference to the Klopfer-
Kelley technique and underlines the value of the inquiry in the Rorschach Test
accordingly to these psychologists. .
She mentiones the opinions of Carl Rogers (Psychology Department of
Chicago University )and of Frederic AIlen (Psychiatry professor in the Penn-
sylvania University and Director of the Clinic for Child Guidance of Phila-
deIphia) who, both, recommend to use the test since the first contact with the
subject in order to begin psychotherapy.
The A. presents some cases out of her work in the 1.S.O.P., showing
the results obtained with the Rorschach diagnostic technique: not only a con-
venient catharsis for the more anxious "Propositus", but also the opportunity
to try a "flash" psychotherapy.

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