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JOVEM RELATA DIFICULDADES NA BUSCA DO 1º EMPREGO: 'PRECISO

DE OPORTUNIDADE PARA TER EXPERIÊNCIA'; ESPECIALISTA DÁ


ORIENTAÇÕES PARA PROCESSOS SELETIVOS

Segundo o governo do Paraná, pandemia prejudicou recrutamento de jovens, mas


avanço da vacinação reaqueceu contratações. Estado tem cerca de 5 mil vagas de estágio
abertas.
Por Mari Kateivas, g1 PR — Londrina
09/05/2022 05h31 Atualizado há 11 meses

Nicolas buscou cursos técnicos para ajudar na busca do primeiro


emprego, em Curitiba — Foto: Arquivo pessoal

Aos 20 anos de idade, Nicolas Ribas Andrade Mattos


de Oliveira procura há mais de um ano por um estágio ou trabalho com carteira assinada. A
vontade de trabalhar parece não ser suficiente.
Ao g1 ele conta que nem mesmo as menções a trabalho voluntário, a cursos técnicos e
à graduação em andamento no currículo têm ajudado a conseguir o primeiro emprego,
em Curitiba.
Conquistar uma vaga no mercado de trabalho também representa para ele o caminho
para outro objetivo importante, o de voltar para a faculdade de Engenheira Mecânica.
"O mercado de trabalho procura pessoas com experiência. Acho que
às vezes não entendem que podem contratar alguém sem experiência
e moldar como a empresa quer. É complicado. Preciso de
oportunidade para ter experiência", contou.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de


desocupação entre os jovens, de 18 a 24 anos, atingiu 30,8% no país no quarto trimestre de
2021.
A analista de gestão de pessoas Mariana Oliveira concorda que a procura pela primeira
oportunidade no mercado de trabalho pode ser desafiadora, principalmente por causa das
exigências.
Recrutadora dá orientações para quem deseja fazer um currículo para primeiro emprego
Entretanto, ela explica que, apesar do conhecimento técnico ser um fator importante, o
comportamento tem sido cada vez mais levado em consideração.
"O conhecimento técnico pode ser aprendido, mas mudar comportamento é muito mais
complicado. Desta forma, as empresas buscam pessoas que tragam ideias, que tenham
interesse em aprender, proatividade para identificar oportunidades, comprometimento, bom
relacionamento com a equipe de trabalho e que contribua para o crescimento da instituição."
O rapaz de Curitiba depende dos avós, que não têm condição de pagar a graduação dele.
Além do marco do primeiro emprego, essa busca tem mostrado a dificuldade de conseguir a
independência financeira.
"Eu acho bem frustante. É complicado. Têm muitas pessoas passando por dificuldade e
que querem trabalhar, mas por falta de oportunidade não podem."

Efeitos da pandemia
A Secretaria da Justiça, Família e Trabalho (Sejuf) do Paraná explica que, dentre os
diferentes impactos, a pandemia do coronavírus prejudicou a colocação de adolescentes e
jovens no primeiro emprego em 2020.
Conforme os dados da Sejuf, em 2020, o estado teve saldo negativo nos postos de
trabalho na faixa etária de 14 a 24 anos.
O levantamento leva em consideração os registros da secretaria, pela Intermediação de
Mão de Obra (IMO), e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
De acordo com a chefe do Departamento do Trabalho, Suelen Glinski, com início da
retomada da economia em 2021, o mercado voltou a empregar os mais novos. Veja a tabela
abaixo.
"Durante a pandemia muitas empresas deixaram de contratar aprendizes ou não
renovaram os contratos pela questão do teletrabalho, principalmente dos menores de 18 anos,
que tiveram de desempenhar suas funções em home office. Foram os últimos a vacinarem
também em função da faixa etária. Agora, com a liberação das medidas restritivas da
pandemia e avanço da vacinação, as empresas voltaram a contratar aprendizes, em especial
os menores de 18 anos."

Mercado de trabalho: JOVEM APRENDIZ


Faixa etária: de 14 a 24 anos

Segundo Suelen, o programa Jovem Aprendiz tem também o atrativo de formar esse
novo funcionário.
"Para o empregador é ótimo, pois ele forma este profissional de acordo com sua
necessidade. Nesses contratos, os jovens fazem um curso de aprendizagem em uma
instituição formadora na área ou atividade de atuação da empresa contratante."

Oportunidades
De acordo com o Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), o programa de aprendiz
busca adolescentes e jovens, entre 14 e 22 anos, matriculados nos anos finais do ensino
fundamental, ensino médio ou que concluíram o ensino médio.

Veja abaixo a evolução do número de vagas ofertadas no programa:


1º emprego no Paraná: APRENDIZ
Entre 2020 e 2022
Para o programa de estágio, o foco são os estudantes a partir de 16 anos, que estejam
regularmente matriculados e frequentando o ensino médio, técnico ou superior.
No Paraná, há cerca de 5 mil vagas de estágio abertas, segundo o CIEE.
Conforme os dados do centro, em 2021, o estado registrou 5.322 contratos emitidos no
programa de aprendiz. No caso dos estágios, foram 38.243.
1º emprego no Paraná: ESTÁGIO
Entre 2020 e 2022

Na prática, o que devo fazer para conseguir o 1º emprego?


Busque conhecimento
De acordo com a especialista em recrutamento e seleção, na falta de experiência para o
primeiro emprego, o candidato deve estar munido do conteúdo que buscou ao longo dos anos.
Mariana orienta jovens a fazer cursos, trabalhos voluntários, participar de workshops e
projetos para desenvolvimento profissional.
Além disso, ressalta que há sites e instituições com oportunidades gratuitas e com
certificado.
"Quando isso chega na mão do recrutador, ele vai entender que a pessoa não teve o
primeiro emprego CLT, mas, mesmo assim, buscou a oportunidade e formas de ganhar algum
tipo de experiência. Esse é o primeiro passo para quando não tenho o que pôr no meu
currículo", explicou.

Pesquise a empresa
Atualmente, muitas entrevistas têm sido feitas de forma remota e, por isso, algumas
pessoas não levam o processo seletivo tão a sério, segundo Mariana.
"Muita gente chega no momento da entrevista e, pasmem, ela não sabe nem para qual
processo está participando. É importante a pessoa pesquisar a vaga que está concorrendo, o
que vai fazer, para não acontecer isso no momento da entrevista", contou.
Outro erro comum é o candidato não conhecer a empresa para a qual concorre a uma
vaga.
Quando isso acontece, alerta a especialista, o recrutador entende que não houve
preparação para a entrevista, pois a pessoa não pesquisou sobre o lugar onde quer trabalhar.
"Mesmo que seja de forma remota, a pessoa também deve se preparar. Quando falo de
aparência, não é questão de beleza, mas é questão do preparo em vestir uma roupa adequada,
até estudar o dress code da empresa, pontos que indicam que ele está preparado."

Nervosismo na entrevista
Ficar nervoso ou ansioso antes é uma entrevista é algo normal, segundo a especialista.
Por isso, o que pode ser feito para amenizar isso é o candidato se preparar, por exemplo,
estudando sobre a empresa.
No caso das entrevistas remotas, a orientação é se antecipar e deixar tudo pronto com
pelo menos 10 minutos de antecedência. Assim, é possível fazer tudo com calma e garantir
que tudo funcionará.

Seja verdadeiro
Uma das recomendações mais importantes, segundo Mariana, é ser verdadeiro do início
ao fim do processo de seleção.
Ela explica que, às vezes, o nervosismo faz com que pessoas imaginem o que recrutador
pode perguntar. Nesse caso, se o candidato acha que não vai atender as expectativas, pode
acabar inventando alguma informação, mas isso não deve ser feito.
"Seja simplesmente você, estude a empresa que está se candidatando, entenda a vaga
para você ter conteúdo e demonstrar isso para o recrutador no momento da entrevista."
*Com colaboração de Mariah Colombo, assistente de produtos digitais do g1 Paraná

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