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Fernando Báez
A história da destruição cultural da América Latina: da conquista à
globalização.
Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2010
que se confronta com teorias já cris- conseguiu que a Pedra do Sol fosse
talizadas sobre a história do Novo levada para o Museu.
Mundo. Por fi m, deve-se salientar o Assim como a estátua de Coatlicue
fragmento do brilhante discurso de e a Pedra do Sol, a memória cole-
Tácito sobre o sentido de devastação tiva e os imaginários astecas foram
das culturas e a ação dos predadores arrancados da história dos anti-
do mundo. gos mexicanos.
A obra é elaborada em três par- A História da destruição cultu-
tes temática se um Apêndice. Cada ral das sociedades americanas estava
parte é composta de capítulos. Na apenas começando. Associada à
primeira parte, Báez discorre sobre ação predatória dos símbolos mate-
o saque da cultura americana, apon- riais, a Igreja inicia o processo de
tando as causas do ‘etnocídio’, desde dessacralização da religião indígena
o assassinato da memória, quando a para ressacralizar a vida espiritual
estátua da deusa Coatlicue, detentora através evangelização e da força
da vida e da morte dos homens, é da Inquisição.
encontrada em 1790 e levada para o Ainda na primeira parte, Báez
pátio da Universidade do México. trata da grande catástrofe que resul-
Naquela ocasião, após uma análise tou na transição colonial, na cen-
ligeira, foi sugerido que deveria ser sura intelectual e espiritual, além da
novamente enterrada para que sua aplicação de um programa de trans-
presença não despertasse a recordação culturação defi nitiva. Este consistiu
da religião antiga entre os ‘indígenas na aplicação da educação escolás-
insensíveis à bondade do cristianismo tica, através dos princípios rígidos
(p.55)’. Em 1804, o barão alemão da Contrarreforma para apagar
Alexander von Humboldt, após exa- os vestígios da educação indígena
minar aquela arte indígena, mandou dos Calmecacs , no México e dos
que a enterrassem. Apenas em 1982 Amautas , nos Andes. Não se esque-
o governo mexicano permitiu que ceram, nessa perseguição insana, da
fosse exposta ao público. O mesmo cultura africana, abatida da mesma
ocorreu com a descoberta da Pedra maneira durante os longos séculos
do Sol, um gigantesco monólito com de devastação.
um calendário asteca, encontrada na A segunda parte do livro focaliza
Plaza Mayor, e guardada na Catedral do saque cultural, as guerras, comér-
Metropolitana. Só a pressão popular cio e a implantação do império. Báez
Maracanan