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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ - PUCPR

ESCOLA POLITÉCNICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA -PPGEM

Caracterização das propriedades radiativas de material particulado

Marcelo Borges dos Santos

Orientador: Luís Mauro Moura

Curitiba, Julho, 2021


i

Sumário
LISTA DE FIGURAS ..................................................................................................... 3
LISTA DE TABELAS ..................................................................................................... 4
SÍMBOLOGIA ................................................................................................................ 5
RESUMO ...................................................................................................................... 8
ABSTRACT ................................................................................................................... 9
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 10
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................. 12
2.1 Equação da Luz .............................................................................................. 15

2.2 Propagação de onda eletromagnética em um meio material com perdas. ....... 18

2.3 Fundamentação matemática e atenuação de onda. ......................................... 20

2.4 Vetor Poyting .................................................................................................... 24

2.5 Reflexão e transmissão de onda eletromagnética ............................................ 25

2.5.1 Incidência Normal ........................................................................................ 27

2.5.2 Incidência Oblíqua, e Polarização da Onda. ................................................ 30

2.6 Balanço de energia em filmes finos .................................................................. 33

2.7 Determinação da refletividade em meios com perdas, e incidência normal...... 35

2.8 Abordagem da refração da luz, em termos das leis de Maxwell ....................... 36

2.9 Reflexões do autor. ........................................................................................... 38

A. Corpo Negro. .................................................................................................. 42

B. Osciladores de Planck .................................................................................... 45

C. Entropia .......................................................................................................... 48

D. Entropia e o corpo negro ................................................................................ 52

METODOLOGIA.......................................................................................................... 54
3.1 Aspectos básicos do equipamento. ................................................................ 54

3.2 Percurso de feixe luminoso ............................................................................. 56

3.3 Determinação da espessura do filme de plástico ........................................... 58

RESULTADOS PRELIMINARES ................................................................................ 60


CONCLUSÕES ........................................................................................................... 66
ii

CRONOGRAMA .......................................................................................................... 67
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 68
Apêndice A .................................................................................................................. 70
Apêndice B .................................................................................................................. 72
Apêndice C .................................................................................................................. 73
Apêndice D .................................................................................................................. 75
iii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1-1 - Fibra de Junco marítimo. ................................................................................................10


Figura 2-1- Processo de Difração de Onda[25] .................................................................................14
Figura 2-2 - Aspecto físico simplificado de uma onda do tipo eletromagnética [23]. ...........................17
Figura 2-3 - Uma versão redesenhada da ilustração da reportagem de 1676 ....................................18
Figura 2-4 - Representação geométrica do vetor fasorial para um determinado número complexo. ..20
Figura 2-5 - Perfil de Onda eletromagnética no interior de um dielétrico com perdas. [23] .................24
Figura 2-6 - Esquema simplificado de um feixe de luz, passando de um meio ao outro, observe que
uma parte da onda eletromagnética é refletida, enquanto a outra parcela e transmitida. [13] ............26
Figura 2-7 - Esquema simplificado de uma onda eletromagnética incidindo sobre uma interface de
separação de meios[13]. ....................................................................................................................28
Figura 2-8 - Gravura em homenagem ao trabalho de Newton sobre o processo de refração da luz. .29
Figura 2-9 - Esquema simplificado de uma de uma onda eletromagnética refletida, polarizada
paralelamente e transmitida, na interface entre dois meios distintos[13] ............................................30
Figura 2-10 - Esquema simplificado de uma de uma onda eletromagnética refletida, polarizada
perpendicularmente e transmitida, na interface entre dois meios distintos[13] ...................................32
Figura 2-11 - Esquema simplificado da divisão de energia na interface entre os meio.[24] ................34
Figura 2-12 - Esquema simplificado de uma onda eletromagnética atingindo uma interface de
separação entre meios.[24] ................................................................................................................37
Figura 2-13 - A queda d´gua – Pintor M.S. Escher. ............................................................................39
Figura 2-14 - Esquema simplificado do efeito fotoelétrico ..................................................................41
Figura 2-15 - Esquema gráfico da lei de Wein, apontado pela reta pontilhada[12]. ............................45
Figura 2-16 - Aspecto geométrico de um pulso eletromagnético. .......................................................46
Figura 2-17 - Resposta da amplitude do deslocamento de carga no interior de um oscilador em
função da frequência de excitamento externo. ...................................................................................47
Figura 4-1- Espectro da energia total transmitida via radiação pelo filme de plástico X filme de silicone
..........................................................................................................................................................60
Figura 4-2 – Espectro da energia total Transmitida e refletida, pelo comprimento de onda ................61
Figura 4-3 - Relação entre a energia total refletida pela refletividade do material (4.3.a) e relação
entre a energia total transmitida pela transmissibilidade (4.3.b) .........................................................62
Figura 4-4 - Curvas das propriedades radiativas que caracterizam o filme de plástico ......................63
Figura 4-5 - Espectro do coeficiente de absorção da onda ................................................................64
Figura 4-6 - Espectro do índice de refração do filme de plástico ........................................................64
iv

LISTA DE TABELAS
Tabela 2-1 Distribuição da energia entre partículas em um sistema termodinâmico ..........................50
Tabela 2-2 Distribuição de energia entre dois sistemas termodinâmicos, corpo A e corpo B.[26] ......51
Tabela 3-1 Valores das espessuras do filme de plástico medidas pelo microscópio eletrônico. .........59
v

SÍMBOLOGIA
Alfabeto Latino:


𝐷 Vetor campo elétrico no interior de um meio material [N/C]

𝐵 Vetor campo magnético no interior de um meio material [A/m]
𝐸⃗ Vetor campo Elétrico [N/C]

𝐻 Vetor campo magnético [A/m]
𝐹 Vetor força de Lorentz [N]
𝑞 Carga elétrica [C]
𝑢
⃗ Vetor velocidade da carga elétrica [m/s]
𝑐 Velocidade da luz no vácuo [m/s]
⃗𝑬 Campo elétrico na forma fasorial [N/C]
⃗𝑯
⃗⃗ Campo magnético na forma fasorial [A/m]
̅
𝑺 Vetor Poyting médio [W/m2]
𝐽 Densidade de corrente [A/m2]
𝑛 Parte real do índice de refração [-]
𝑚 Índice de refração complexo [-]
⃗⃗⃗
𝒌. Vetor número de onda [rad/m]

𝒓 Vetor da direção da propagação da onda eletromagnética [m]
𝐼 Intensidade da onda refletida. [W/m2]
𝐼0 Intensidade de onda incidente. [W/m2]
𝑅𝑓𝑖𝑙𝑚𝑒 Energia total refletida do filme fino [J]
𝑇𝑓𝑖𝑙𝑚𝑒 Energia total transmitida através do filme fino [J]
𝑈 Energia interna [J]
𝑢 Energia interna por unidade de volume [J/m3]
𝑉 Volume termodinâmico [m3]
𝑃 Pressão [J/m3]
𝑇 Temperatura [K]
𝑆 Entropia [J/K]
𝑘 Constante de Boltzmann [J/K]
𝜎𝑏 Constante de Stephan Boltzmann [W/(m2K4)]
𝑊 Número de microestados distintos [-]
ℎ Constante de Planck [J.s]
𝑎 Aceleração [m/s2]
𝜔0 Frequência natural do sistema [rad/s]
𝑃 Potência irradiada [W]
vi

𝑥̂ Deslocamento da carga [m]

Alfabeto Grego:
𝜌𝑣 Densidade volumétrica de carga elétrica [kg/m3]
𝜀 Permissividade do meio material [C/(V.m)]
𝜇 Permeabilidade do meio material [N/A2]
𝜀0 Permissividade no vácuo [C/(V.m)]
𝜇0 Permeabilidade no vácuo [N/A2]
𝜆 Comprimento de onda [m]
𝜈 Frequência de onda [s-1]
𝜔 Frequência angular de onda [rad.s-1]
𝛽 Número de onda [rad/m]
𝜂 Impedância do meio [ohms]
𝜒𝜀 Susceptibilidade elétrica [-]
𝜀𝑟 Permissividade relativa [-]
𝜇𝑟 Permeabilidade [-]
𝜎 Condutividade elétrica [ohms-1]
𝜅 Coeficiente de absorção de onda eletromagnética [m-1]
𝜃𝑛 Ângulo de fase da impedância complexa [rad]
𝜃𝑖𝑛 Ângulo de incidência [rad]
𝜃𝑟𝑒𝑓 Ângulo de reflexão [rad]
Γ Coeficiente de reflexão [-]
𝜍 Coeficiente de Transmissão [-]
Γ|| Coeficiente de reflexão para incidência paralela [-]
𝜍|| Coeficiente de transmissão para incidência paralela [-]
Γ⊥ Coeficiente de reflexão para incidência perpendicular [-]
𝜍⊥ Coeficiente de transmissão para incidência perpendicular [-]
𝜌 Refletividade do material [-]
𝜏 Transmissividade do material [-]
𝜃𝑏 Ângulo de Brewster [rad]
𝛾 Índice de amortecimento. [-]
7

Todo este trabalho é baseado na seguinte premissa:

“A situação pode ser expressa por uma imagem: a ciência sem religião é manca, a religião sem
ciência é cega”

Albert Einstein
8

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo, apresentar a equação de corpo negro, na forma mais
didática possível que inclusive pode para futuros trabalhos servir como base teórica em problemas que
envolve por exemplo o efeito fotoelétrico.
A energia transmitida na forma de radiação eletromagnética, que é a energia gerada pelo corpo
negro, obedece as equações de Maxwell para o eletromagnetismo, e que por se tratar de uma
fenômeno ondulatório, além de corpuscular, estão sujeitas as leis da ótica, portanto se faz necessário
uma revisão bibliográfica na qual seja demonstrada uma fundamentação matemática sólida a respeito:
das equações do eletromagnetismo, do conceito físico de refração, reflexão, transmissão e atenuação
do feixe radiativo.
É nesse contexto que é apresentado o outro objetivo deste trabalho, que é caracterização das
propriedades radiativas, de particulados, nesse caso em especial o objeto de estudo são as fibras de
junco.
Na introdução é apresentada a viabilidade do uso da fibra de junco, tendo em vista seu impacto
sócio econômico, além de ambiental, na sequência é demonstrada a base teórica para a determinação
das propriedades radiativas, e um estudo sobre a radiação de corpo negro.
A realização do teste, apresentação do equipamento utilizado, as adaptações necessárias para
que o experimento fosse realizado fica a cargo da metodologia do experimento. E por se tratar de um
particulado, é também necessário apresentar as propriedades do filme de plástico, melhor explicando:
O particulado deve ser confinado entre duas superfícies finas de plásticos, para que o experimento
fosse viável de ser realizado, parecido com um sanduiche. Como o filme fino de plástico interfere nos
resultados obtidos, é necessário determinar também suas propriedades, para obter com clareza as
propriedades do junco. Os dados obtidos foram promissores, conforme é apresentado no capítulo de
resultados, na sequência tem-se a conclusão e finalmente o cronograma para futuros experimentos.
9

ABSTRACT

The present work aims to present the blackbody equation, in the most didactic way possible,
which can even serve for future works as a theoretical basis in problems involving, for example, the
photoelectric effect.
The energy transmitted in the form of electromagnetic radiation, which is the energy generated
by the black body, obeys Maxwell's equations for electromagnetism, and because it is a wave
phenomenon, in addition to being corpuscular, the laws of optics are subject, so if a bibliographic review
is necessary in which a solid mathematical foundation is demonstrated regarding: the electromagnetism
equations, the physical concept of refraction, reflection, transmission and attenuation of the radioactive
beam.
It is in this context that the other objective of this work is presented, which is to characterize the
radiative properties, of particulates, in this case in particular the object of study are reed fibers.
In the introduction, the feasibility of using reed fiber is presented, in view of its socio-economic
and environmental impact, in the sequence the theoretical basis for the determination of radiative
properties is demonstrated, and a study on blackbody radiation.
The performance of the test, presentation of the equipment used, as necessary adaptations for
the experiment to be carried out, is the responsibility of the experiment's methodology. And because it
is a particulate, it is also necessary to present the properties of the plastic film, better explaining: The
particulate must be confined between two thin plastic surfaces, so that the experiment was feasible to
be carried out, similar to a sandwich. As the thin plastic film interferes with the results obtained, it is
also necessary to determine its properties, in order to obtain clearly the properties of the reed. The data
obtained were promising, as shown in the results chapter, in the sequence we have the conclusion and
finally the schedule for future experiments.
10

CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO

Atualmente se tornou um imperativo a busca por materiais biodegradáveis, de baixo custo, que
possa ser utilizado para incrementar certas propriedades desejáveis em alguns materiais específicos,
quando misturados, por exemplo o junco com o cimento em construções de prédios e casas.
As mudanças climáticas, apresenta-se como um novo desafio da humanidade, juntamente com a
desigualdade social, e a utilização e o reaproveitamento de matérias orgânicas abundantes em certas
regiões, em específico em regiões mais pobres do planeta, pode promover não somente um impacto
ambiental considerável, bem como uma melhoria no padrão de vida de toda uma comunidade local. É
nesse contexto que o presente trabalho tem por objetivo, a análise da transmissividade da energia na
forma de radiação, e absorção de energia radiativa da fibra de junco.
A fibra de Junco, objeto deste trabalho, é abundantemente encontrada em todas estações do ano
ao longo do norte da África[22], uma região que graças a sua localização recebe uma intensidade de
radiação solar considerável. A Fig.(1.1), mostra a planta de junco fibra de junco cujo o nome científico
é: juncus maritimus, in natura, encontrado na Tunísia.

Figura 1-1 - Fibra de Junco marítimo.

Diante de várias das vantagens econômicas e ambientais, o estudo das propriedades


termofisicas da fibra, torna-se um tema importante de ser abordado. Pode ser citado por exemplo o
artigo de Jemni.A; N; Baillis. D.; Saghrouni.Z; (2019) intitulado “Composites based on Juncus Maritimus
fibers for building insulation” na qual é abordada algumas propriedades mecânica, tais como resistência
a flexão e compressão, de um mistura de cimento com as fibras de junco, além de apresentar a
propriedade da difusividade da umidade ao longo de um amostra de fibra previamente tratada. Outro
artigo digno de ser mencionado é o trabalho de Jemni.A; Blal. N; Naouar. N; N; Baillis. D.; Saghrouni.Z;
(2019) intitulado “Thermal Properties of New Insulating Juncus Maritimus Fibrous Mortar
Composites/Experimental Results and Analytical Laws” que como o próprio título indica é um trabalho
11

voltado para a determinação da condutividade térmica da fibra, levando em consideração a porosidade


da fibra, a umidade e se a fibra passou por um processo de tratamento químico anteriormente ou não.
O artigo de autoria H. Omrani; L. Hassini; A. Benazzouk; H. Beji; A. ELCafsi (2020) intitulado
“Elaboration and characterization of clay-sand composite based on Juncus acutus fibers” apresenta as
propriedades mecânicas de uma mistura de fibra de junco com areia e argila, para uma implementação
na construção civil. Embora estes artigos apresentem dados importantes sobre algumas das
características fundamentais de uma amostra de fibra de junco, tais como: porosidade, capacidade da
difusividade de umidade, condutividade térmica, e propriedades mecânicas de argamassa misturado
com fibras de junco, como resistência a flexão e compressão, nenhum dos artigos mencionados
reportam como esta fibra encontrada em uma região de grande incidência solar, se comporta com
relação a radiação solar.
Outro tema desta qualificação é uma nova abordagem a respeito da emissão de radiação de
corpo negro.
A troca de energia via radiação, é a fonte primaria de todo o ciclo energético que ocorre em
nosso planeta, a luz o processo de fotossíntese tanto marítima quanto terrestre da início a toda uma
cadeia alimentar, e a camada protetora da atmosfera permite que a perda de energia na forma de
calor, não seja abrupta entre o período noturno e matutino.
A compreensão e a difusão e uma nova abordagem sobre o tema de corpo negro se faz
necessário igualmente a medida que a energia solar vem tomando um protagonismo a medida que a
tecnologia avança, e em resposta a demanda de mais energia limpa.
Diferentemente do trabalho proposto por Enderds. P (2015) intitulado “(Historical Prospective:
Boltzmann’s versus Planck’s State Counting—Why Boltzmann Did Not Arrive at Planck’s Distribution
Law” a presente proposta é chegar a mesma equação da distribuição da energia em uma fonte de
corpo negro utilizando uma metodologia simples, conforme será abordado nos apêndices C e D,
utilizando a proposta de Feynmann, como cálculo de média estatística. E quanto a questão do porquê
que Boltzmann, não chegou ao mesmo resultado, encontra-se no fato de que Boltzmann, limitou
matematicamente a energia quantizada em uma quantidade ínfima, a mesma que Newton utilizou
como ferramenta para desenvolver o cálculo diferencial e integral. Maiores informações estão presente
em anexo deste presente trabalho, no artigo submetido para revisão em revistas em revistas
científicas.
12

CAPÍTULO 2
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste presente capítulo será devidamente apresentado a fundamentação teórica na qual este
trabalho está embasado, em um primeiro momento será apresentado as equações fundamentais do
eletromagnetismo, em um segundo momento algumas especulações filosóficas e por fim, a relação
entre a teoria corpuscular e ondulatória para a análise final da radiação de corpo negro.
No final do século XIX, James Clerk Maxwell, publicou as quatro equações fundamentais do
eletromagnetismo que sintetizam e descrevem de forma generalizada os fenômenos de natureza
elétrica e magnética. Estas equações, também conhecidas como equações de Maxwell, serviram de
base tanto para o desenvolvimento de equipamentos elétricos, transmissão de onda eletromagnética,
luz elétrica dentre tantos outros aparatos tecnológicos quanto para uma nova abordagem, ou
reinterpretação, de conceitos físicos que até então eram extremamente consolidados e
inquestionáveis.
As equações de Maxwell. Eq (2.1) são apresentadas em ordem cronológica conforme os
trabalhos, e as descobertas, dos cientistas renomados, que abordaram este assunto, de forma
categórica [25].

⃗⃗⃗
𝛻. 𝐷⃗ = 𝜌𝑣

⃗∇. 𝐵
⃗ =0

⃗∇x𝐸⃗ = − 𝜕𝐵 (2.1)
𝜕𝑡


𝜕𝐷
⃗∇x𝐻
⃗ =𝐽+
𝜕𝑡
Sendo:

⃗ = 𝜀𝐸⃗
𝐷

⃗ = 𝜇𝐻
𝐵 ⃗

Interpretando fisicamente o que cada equação significa conforme a ordem de apresentação. Pode-
se constar que:
1. A primeira equação, também conhecida como equação de Gauss, afirma que o divergente
do campo elétrico é proporcional a densidade de carga. Na forma integral, a primeira
equação afirma que o fluxo do campo elétrico que atravessa uma superfície que delimita
uma região fechada, é numericamente igual a carga elétrica total encerrada no interior do
volume delimitado pela mesma superfície.
13

2. A Segunda equação afirma que as curvas que representam o campo magnético são
fechadas. Portanto, para qualquer superfície igualmente fechada o fluxo líquido do campo
magnético que o atravessa sempre será nulo. A partir da segunda equação de Maxwell
pode-se afirmar que não existe um polo magnético isolado, ou seja, os polos magnéticos
sempre aparecem aos pares
3. A terceira equação, também conhecida como equação da indução magnética de Faraday,
afirma que a variação do fluxo magnético em um circuito fechado, gera um campo elétrico
no entorno do circuito, consequentemente uma diferença de potencial e geração de
corrente elétrica.
4. A quarta equação, também conhecida como a lei de Ampère, afirma que a densidade de
corrente elétrica, 𝐽, que atravessa um condutor é proporcional ao rotacional do campo
magnético. A quarta equação do eletromagnetismo foi posteriormente modificada por

𝜕𝐷
Maxwell, que acrescentou o termo denominado de corrente de deslocamento, 𝜕𝑡
, em

função da propriedade matemática do divergente de um rotacional, que é sempre nulo.


Esta propriedade matemática por sua vez, garante a lei da conservação da quantidade
carga elétrica. Consolidando de forma extremamente bela e consistente a relação entre
uma verdade matemática, e a física por de trás desta equação.

Além das equações de Maxwell, outra equação de extrema importância para futuras derivações,
que serão necessárias para o desenvolvimento da teoria de transporte de energia via radiação é a
equação da força de Lorentz, que descreve a natureza das forças que uma carga elétrica está sujeita.
Uma carga em movimento relativo e perpendicular a um campo magnético, que a circunda estará
inexoravelmente submetido a uma força de natureza magnética, enquanto que qualquer carga na
condição de movimento ou em repouso imersa em um campo elétrico, estará sujeita a uma força de
natureza elétrica, aqui é valido mencionar que somente cargas elétrica em movimento são capazes de
defletir a agulha de uma bússola.
A Eq. (2.2), também conhecida como equação de Lorentz é altamente dependente das equações
de Maxwell e vice-versa.

𝐹 = 𝑞. (𝐸⃗ + 𝑢
⃗ 𝑥⃗⃗⃗𝐵) (2.2)

Campos elétricos e magnéticos estão intimamente ligados através das variáveis espaço e tempo,
estes campos são conversíveis mutualmente, e altamente dependentes entre si. De acordo com Albert
Einstein na introdução de seu artigo “Sobre a eletrodinâmica dos corpos em movimento”, afirma que
“De fato, se o ímã está em movimento e o condutor em repouso, surgirá um campo elétrico nas
14

imediações do ímã, com uma certa quantidade de energia bem definida, produzindo correntes nos
pontos, em que há porções do condutor. Mas se o ímã estiver em repouso, e o condutor em movimento
nenhum campo elétrico é produzido próximo do ímã. No condutor, porém encontraremos uma força
eletromotriz, a qual não corresponde nenhuma energia, mas dá origem, supondo a igualdade dos
movimentos relativos no dois casos a uma corrente elétrica com o mesmo percurso e intensidade que
aquelas produzida pela forma elétrica no caso anterior” , ou seja, toda a narrativa de Einstein, pode
ser simplificada que enquanto que no primeiro caso as cargas elétricas se movem graças a um campo
elétrico derivado da terceira equação de Maxwell, o segundo a origem do movimento reside na
equação de Lorentz, uma vez que as cargas livres no interior do condutor, estão em movimento em
relação ao campo magnético externo. A consistência dos fenômenos mesmo descrito sob diversos
ponto de vista, independente de quem esteja em movimento ou repouso, demostra de forma evidente
a conversibilidade dos campos magnéticos e elétricos entre si.
O fenômeno da difração de onda da luz foi constatado pelo cientista holandês Christiaan
Huyghens, em 1678, quando observou as franjas iluminadas sobre a superfície de um aparato,
posicionado a traz de uma parede que possuía uma abertura.
O experimento consistia em verificar que após a frente de onda de luz atravessar a abertura, se
comportava como uma nova fonte luminosa, propagando em todas direções. Este mesmo
comportamento é observado para outras aberturas independentemente entre si. As novas fontes de
onda geradas interferem entre si quando se sobrepõe, outro fenômeno tipicamente ondulatório, que é
a interferência. Isaac Newton, tinha uma abordagem contrária sobre o comportamento da luz,
acreditando que a luz era composta, de partículas. Séculos após este comportamento ambíguo da luz,
é explicado através da dualidade onda partícula que será abordado posteriormente neste presente
trabalho.
De acordo com a Fig. 2.1 é possível visualizar basicamente no que consiste o fenômeno da
difração.

Figura 2-1- Processo de Difração de Onda[25]


15

2.1 Equação da Luz

É sabido que a partir das equações de Maxwell é possível, determinar com relativa facilidade a
equação que descreve o comportamento da luz.
Para demonstrar como derivar a velocidade da luz, em função das equações de Maxwell, de forma
simplificada, foram feitas as seguintes considerações:
1. Considerando uma onda eletromagnética se propagando no vácuo a permissividade, e a
permeabilidade serão consideradas respectivamente por 𝜀0 e 𝜇0 , que é a medida padrão
do comportamento dos campos elétricos e magnéticos respectivamente, no vácuo.

⃗ é uma função da variável espacial


2. O vetor campo elétrico orientado na direção do eixo x, 𝑬
em z, e variável no tempo.

3. O campo magnético ⃗𝑩
⃗ é uma função também espacial em z, variável no tempo, tendo a
direção do vetor referente ao campo magnético determinada via aplicação da equação de

𝜕𝐵
indução de Faraday: ⃗∇x𝐸⃗ = − 𝜕𝑡 . Para o caso particular referente ao problema proposto é

possível determinar que a direção do vetor campo magnético aponta ao longo do eixo y.
4. O meio na qual se encontra o campo elétrico é o vácuo, ou seja, são inexistentes as
correntes elétricas livres, portanto a variável da densidade de corrente presente na quarta
lei de Maxwell, também conhecida como lei de Ampère modificada, fica, 𝐽 = 0 , e a
densidade de carga presente na primeira lei de Maxwell, também conhecida como lei de
Gauss fica estabelecida que 𝜌 = 0.

Aplicando a terceira equação de Maxwell, para um campo elétrico, que satisfaça as


considerações anteriormente mencionadas, obtêm-se a equação diferencial representada pela
Eq.(2.3.a), que demonstra claramente que a direção do vetor do campo magnético, aponta no eixo y,
consequência da operação do rotacional sobre o vetor campo elétrico, conforme anteriormente já
mencionado, e também aplicando a lei de Ampère modificada chega-se a Eq.(2.3.b).
𝜕𝐸⃗ (𝑧,𝑡) ⃗
𝜕𝐻
⃗𝑦
𝒆 = −𝜇0 (2.3.a)
𝜕𝑧 𝜕𝑡

𝜕𝐸⃗ (𝑧,𝑡) ⃗
1 𝜕𝐻
= −𝜀 ⃗𝑥
𝒆 (2.3.b)
𝜕𝑡 0 𝜕𝑧

A Eq.2.4, também conhecida com relação de Euler, estabelece a seguinte igualdade matemática:
𝜕2 𝐻
⃗ 𝜕2 𝐻

𝜕𝑧𝜕𝑡
= 𝜕𝑡𝜕𝑧 (2.4)

Aplicando a relação de Euler apresentada anteriormente nas Eq.(2.3.a,b) obtém a seguinte


relação:
𝜕2 𝐸⃗𝑥 (𝑧,𝑡) 𝜕2 𝐸⃗𝑥 (𝑧,𝑡)
𝜕𝑧 2
= 𝜀0 𝜇0 𝜕𝑡 2
(2.5)
16

Reformulando a Eq.(2.5), obtém-se a Eq.2.6 que é conhecida como equação de onda, sendo que
a velocidade da onda eletromagnética é indicada variável representada pela letra 𝑐
𝜕2 𝐸⃗𝑥 (𝑧,𝑡) 1 𝜕2 𝐸⃗𝑥 (𝑧,𝑡)
𝜕𝑧 2
= 𝑐2 𝜕𝑡 2
(2.6)

Através das equações de Maxwell a velocidade da propagação de uma onda eletromagnética fica
definida como:
1
𝑐= (2.7)
√𝜀0 𝜇0

Assim como qualquer onda, a equação da velocidade da luz, 𝑐 pode ser escrita como:

𝑐 = 𝜆𝜈

Sendo:

𝜆-Comprimento de onda, em m [metros]

𝜈- Frequência da onda, em Hz. [Hertz]

A solução da equação da onda representada pela Eq.(2.5), pode ser escrita da seguinte forma:

𝐸⃗ (𝑧, 𝑡) = 𝐸0 cos(𝜔𝑡 − 𝛽𝑧) 𝒆


⃗𝑥 (2.8)

Sendo que as variáveis, 𝜔 e 𝛽, são respectivamente definidas como:

𝜔 = 2𝜋𝜈
2𝜋
𝛽=
𝜆
Sendo:

𝜔 -Frequência angular [rad/s]

𝛽 -Número de onda [rad/m]

A partir do resultado apresentado pela Eq.(2.8), referente a solução da propagação do campo


elétrico, pode-se determinar a componente magnético, da onda eletromagnética, através da terceira
equação de Maxwell, conforme a Eq.(2.1). Fazendo as devidas substituições chega-se ao seguinte
resultado:

⃗ (𝑧, 𝑡) = 𝐸0 cos(𝜔𝑡 − 𝛽𝑧) 𝒆


𝐻 ⃗𝑦 (2.9)
|𝜂|

Sendo:

𝜂 - Impedância, do meio.
A impedância do meio pode ser expressa igualmente como:

𝜂 = 𝑐. 𝜇0

Conhecida as propriedades do campo elétrico, e magnético, no vácuo, representada


respectivamente pela permissividade,𝜀0 ,e permeabilidade, 𝜇0 , a velocidade de uma onda
eletromagnética descoberta é numericamente igual a 299.792.458 m/s.
17

Resumindo brevemente o que foi anteriormente deduzida, com respeito a uma onda
eletromagnética pode-se afirmar categoricamente que:

1. O vetor do campo elétrico, o vetor campo magnético, e o vetor da direção da propagação


de onda, são perpendiculares entre si.
2. O campo elétrico, e o campo magnético estão em fase entre si, quando se propagam no
vácuo.
3. O campo elétrico está intimamente relacionado com o campo magnético, e vice e versa
através da impedância do meio, que é definida pela letra grega 𝜂 . E ambos são
extremamente dependentes entre si.
A Fig.(2.2) demonstra resumidamente a representação matemática vetorial de uma onda
eletromagnética com base nas equações de Maxwell.

Figura 2-2 - Aspecto físico simplificado de uma onda do tipo eletromagnética [23].

A primeira medida da velocidade da luz com valores confiáveis foi determinada através das
observações do eclipse do satélite de Júpiter chamada Io, realizadas pelos astrônomos dinamarquês,
Ole Romer, em conjunto com o cientista Giovanni Cassini, em 1676.
O surgimento da lua de Júpiter Io, é percebido pelos astrônomos de forma diferente conforme a
localização da terra em relação ao planeta Júpiter, embora a orbita de Io seja extremamente regular.
Esta diferença temporal, de acordo com Romer, ocorre devido ao excedente de espaço que a luz deve
percorrer, até chegar ao planeta Terra, especificadamente quando o surgimento de Io é observado em
diferentes épocas do ano. [1]-Bobis, Laurence; Lequeux, James (2008).
18

Figura 2-3 - Uma versão redesenhada da ilustração da reportagem de 1676

Uma vez determinada a velocidade da luz, foi especulado em um primeiro momento, qual seria o
referencial inercial privilegiado, na qual as equações de Maxwell seriam válidas, bem como a natureza
do meio físico que sustenta a propagação da onda eletromagnética. De acordo com Stephan Hawkings
“No final do século XIX, os cientistas acreditavam estar próximos de uma descrição completa do
universo. Eles imaginavam que o espaço fosse preenchido por um meio contínuo denominado de
“éter”. Raios luminosos e sinais de rádio eram ondas nesse éter, assim como o som são ondas de
pressão no ar”. Albert Einstein aborda os seguintes aspectos nos quais fica mais que evidente, a
inviabilidade da existência do éter como suporte para a propagação de uma onda eletromagnética,
contradizendo a crença comum dos cientistas como exposto por Stephen Hawking, Albert Einstein
afirma “foi, no entanto, presumir que o éter, que tudo penetra, era o portador das ondas, e a estrutura
do éter, formada de pontos materiais, não podia ser explicada por nenhum fenômeno conhecido. Não
se poderia jamais obter uma imagem clara das forças interiores que governam o éter, nem das forças
que atuavam entre este e a “matéria ponderável”. Assim, os fundamentos dessa teoria permanecem
eternamente nas trevas.”
Uma vez determinado o comportamento de uma onda eletromagnética no vácuo, na próxima
secção será abordado a propagação da onda eletromagnética em um meio que absorve energia de
uma onda eletromagnética.

2.2 Propagação de onda eletromagnética em um meio material com perdas.

A onda eletromagnética quando penetra o interior de um material, exerce uma determinada


influência sobre as cargas elétricas presentes no próprio material.
A medida que a onda eletromagnética vai penetrando o material, o campo elétrico, uma das
constituintes da onda eletromagnética, atua sobre as partículas do material, induzido as a apresentar
um movimento de vibração. A reorganização das cargas presentes no interior do material, em função
19

da excitação provocada pela onda eletromagnética, geram dipolos induzidos, para o caso de moléculas
apolares, e em alguns casos específicos como gases e líquidos, é possível que moléculas apresentam
movimento de rotação interna devido ao seu maior grau de liberdade. Enfim para quaisquer
movimentos que as moléculas que fazem parte do material, possa apresentar, sejam estas: surgimento
de dipolo induzido, vibração, rotação e deslocamento de carga, é observável um consumo de uma
certa quantidade de energia, que é retirada dos campos eletromagnéticos da própria onda.
Os materiais encontrados na natureza geralmente são neutros, e não formam dipolos, pois
apresentam em sua constituição interna moléculas dispostas nas mais diversas orientações, sem que
ocorra uma orientação privilegiada.
Um dipolo elétrico formado pela onda eletromagnética, gera um campo elétrico próprio, logo o
campo elétrico total no interior do material, pode ser expresso pela soma do campo elétrico da própria
onda, mais o campo elétrico do dipolo induzido. Portanto é esperado que o campo elétrico no interior
do material seja expresso como:

⃗𝑫
⃗ = 𝜀0 (1 + 𝜒𝜀 )𝑬

𝜀𝑟 = (1 + 𝜒𝜀 )

Sendo que a variável, 𝜒𝜀 , representa a susceptibilidade do material ao campo magnético externo.


Logo fazendo as devidas simplificações, e tendo em vistas as equações de Maxwell é possível
determinar que:

𝜀 = 𝜀𝑟 𝜀0

𝜇 = 𝜇𝑟 𝜇0
Sendo:

𝜀𝑟 − Permissividade relativa ao vácuo

𝜇𝑟 − Permeabilidade relativa ao vácuo

A reorganização das cargas internas em função da excitação provocada pelo campo magnético
geram micro corrente internas durante a formação dos dipolos. A resistência interna do material
responde a este movimento na forma de efeito Joule.
O efeito Joule, consequência direta da lei de Ohm é dado como:.

𝐽 = 𝜎𝑬 (2.10)
Sendo:

𝜎 − Condutividade elétrica do material


20

A lei de Ohm, da origem ao efeito Joule, que nada mais é, a dissipação da energia transportada
pela onda eletromagnética, na forma de calor, devido à resistência do material, ao movimento das
cargas internas, excitadas pelos campos presentes na onda.
Na sequência será apresentada a formulação matemática dos seguintes fenômenos ondulatórios,
indispensáveis para a compreensão do presente trabalho. São eles: atenuação e absorção de energia,
refração e reflexão, mas anteriormente será realizado um pequeno resumo sobre fasores, e a
identidade de Euler.

2.3 Fundamentação matemática e atenuação de onda.

A equação de onda é caracterizada por ser uma equação do tipo diferencial linear e parcial no
espaço e no tempo. A solução da equação são series harmônicas, que podem ser escritas utilizando
a identidade de Euler, como está descrito:

𝐴𝑒 𝑖(𝜔𝑡−𝛽𝑧) = 𝐴[𝑐𝑜𝑠(𝜔𝑡 − 𝛽𝑧) + 𝑖𝑠𝑖𝑛(𝜔𝑡 − 𝛽𝑧)] (2.11)

A partir da identidade de Euler fica mais fácil trabalhar com as equações diferenciais de Maxwell
do eletromagnetismo, pois permite a separação de variáveis temporais e espaciais de uma forma muito
mais simples devido as propriedades dos expoentes, como apresentado na sequência:

𝑒 −𝑖(𝜔𝑡−𝛽𝑧) = 𝑒 −𝑖(𝜔𝑡) 𝑒 −𝑖(𝛽𝑧) . (2.12)


Fasorialmente a Eq.(2.11) pode ser representada geometricamente em um plano complexo,
sendo que a coordenadas x, representa a parte Real da identidade de Euler, e o eixo y, a parte
imaginária. A Fig.(2.4) representa geometricamente um fasorial.

Figura 2-4 - Representação geométrica do vetor fasorial para um determinado número complexo.
21

Sendo:
A-Magnitude do vetor.

φ Ângulo de fase.
Vale a pena frisar que nenhum fenômeno natural, pode ser descrito através de uma variável do
tipo complexa, portanto fica patente, que somente a parte Real do número complexo, tem uma
correspondente de representação natural.
Considerando uma onda eletromagnética propagando no interior de um material dielétrico,
transparente ao campo elétrico, e neutro 𝜌 = 0, com perda de energia devido ao efeito Joule, 𝜎 ≠ 0, e
utilizando as identidades de Euler, tanto para o campo elétrico quanto o magnético, 𝑬 = 𝐸𝑒 𝑖(𝜔𝑡−𝛽𝑧) 𝒆
⃗𝑥
e 𝑯 = 𝐻𝑒 𝑖(𝜔𝑡−𝛽𝑧) 𝒆
⃗ 𝑧 , é possível escrever as equações de Maxwell na forma fasorial conforme
apresentadas na Eq.(2.1) na seguinte maneira [13]:

⃗⃗⃗ 𝑬 = 0
𝛻.

⃗ .𝑯 = 0

⃗ x𝑬 = −𝑖𝜔𝜇𝑯
∇ (2.13)

⃗ x𝑯 = (𝜎 + 𝑖𝜔𝜀)𝑬

Considerando a identidade matemática vetorial:


⃗ x∇
∇ ⃗ x𝑬 = ∇
⃗ (∇
⃗ . 𝑬) − ∇
⃗ 𝟐𝑬

Aplicando a identidade apresentada anteriormente na terceira equação de Maxwell, e tendo em


vista um região livre de cargas excedente, pode-se obter a seguinte relação:

⃗∇x∇
⃗ x𝑬 = −𝑖𝜔𝜇∇
⃗ x𝑯 (2.14)

E:

−∇2 𝑬 = −𝑖𝜔𝜇(𝜎 + 𝑖𝜔𝜀)𝑬 (2.15)


Reescrevendo a Eq.(15), no formato de uma equação diferencial, chega-se ao seguinte resultado:

∇2 𝑬 − 𝛾 2 𝑬 = 0 (2.16)

Sendo:

𝛾 2 = 𝑖𝜔𝜇(𝜎 + 𝑖𝜔𝜀)

Considerando a seguinte identidade utilizada para futuras simplificações:

𝛾 = 𝛼 + 𝑖𝛽

Tomando somente a parte real da solução da equação diferencial definida pela Eq.(16). A solução
deste presente problema, pode ser expressa como:
22

𝐸⃗ (𝑧, 𝑡) = 𝐸0 𝑒 −𝛼𝑧 𝑐𝑜𝑠(𝜔𝑡 − 𝛽𝑧) 𝒆


⃗𝑥 (2.17)

Sendo:

𝜀𝜇 𝜎 2
𝛼 = 𝜔√ [√1 + [ ] ] − 1
2 𝜔𝜀

𝜀𝜇 𝜎 2
𝛽 = 𝜔√ [√1 + [ ] ] + 1
2 𝜔𝜀

Observe que de acordo com a Eq.(2.17) a intensidade do campo elétrico presente na onda
eletromagnética diminui sensivelmente conforme penetra o interior do material, devido ao termo 𝜶, que
corresponde a atenuação de onda, isto ocorre devido a absorção da energia carregada pela onda no
material, a medida que a onda vai penetrando em seu interior.
Determinado a componente elétrica da onda eletromagnética, o próximo passo é encontrar
a componente referente ao campo magnético.
Descrevendo o campo elétrico, Eq.(2.17) na forma fasorial e substituindo na terceira lei de
Maxwell, chega-se a seguinte conclusão:
−(𝛼+𝑖𝛽)
𝑬 =𝑯 (2.18)
𝑖𝜔𝜇

A Eq.(2.18) é uma equação de extrema importância, pois em um primeiro momento, aplicando as


propriedades dos fasores, fica evidente que não só a magnitude da componente magnética é diferente
da componente elétrica bem como é constatado que as ondas elétricas e magnéticas que constitui a
onda eletromagnética não estão em fase, ou seja, a parcela magnética da onda eletromagnética
encontra-se atrasada em relação a componente elétrica, lembrando que a entidade numérica que
relaciona a intensidade do campo magnético com o campo elétrico é denominada de impedância.

Logo a impedância pode ser definida como:


1 −(𝛼+𝑖𝛽)
𝜂
= 𝑖𝜔𝜇
(2.19)

Sendo:

𝜂 impedância.

A permeabilidade magnética, 𝜇, do material dielétrico, é praticamente igual ao do ar atmosférico,


pois trata-se de um material não ferromagnético.
A Eq.(2.19), relaciona o índice de refração do material com a impedância de onda, na seguinte
maneira:
23

−(𝛼+𝑖𝛽)
𝑐. 𝜇 𝑖𝜔𝜇
= 𝑛 − 𝑖𝑘 = 𝑚 (2.20)

Sendo

𝜇 = 𝜇0

m - índice de refração complexo.


n - parte real do índice de refração complexo
k - parte imaginária.do índice de refração complexo.
A parte real do índice de refração relaciona a velocidade da luz em um determinado meio a com
velocidade de propagação da luz, no ar atmosférico, lembrando que a velocidade da luz tanto na
atmosfera quanto no vácuo apresenta praticamente o mesmo valor numérico. Outro fato indispensável,
de ser mencionado é que a frequência da onda eletromagnética não muda quando passa de um meio
ao outro, pois da frequência da onda depende da frequência de oscilação da fonte, e do movimento
relativo entre a fonte e o observador- Efeito Doppler.

A partir da Eq.(2.19) em conjunto com a Eq.(2.20) pode se categoricamente definir que [24]:

1 𝜀 𝜀 2 𝜆𝑜 𝜎 2 (2.21.a)
𝑛2 = [ + √( ) + [ ] ]
2 𝜀0 𝜀0 2𝜋𝑐𝜀0

1 𝜀 𝜀 2 𝜆𝑜 𝜎 2 (2.21.b)
𝑘 2 = [− + √( ) + [ ] ]
2 𝜀0 𝜀0 2𝜋𝑐𝜀0

Sendo

𝜆𝑜 - Comprimento de onda do feixe luminoso.

A Fig. 5 mostra de forma simplificada, o comportamento de uma onda atravessando um meio


dielétrico com perdas de acordo com explicações anteriormente realizadas.
24

Figura 2-5 - Perfil de Onda eletromagnética atenuada no interior de um dielétrico. [23]

2.4 Vetor Poyting

O vetor Poyting indica a intensidade de potência [W/m2], transportada por uma onda
eletromagnética e é definida como, o produto externo do vetor campo elétrico da onda com o campo
magnético da mesma onda[13]:

𝑺 = ⃗𝑬 𝑋 ⃗𝑯
⃗⃗ . (2.22)
Devido a não linearidade da Eq.(2.22) fica proibitivo a aplicação indiscriminada da identidade de
Euler. A aplicação apropriada do vetor Poyting, requer que os campo elétrico e magnético em um
material dielétrico, devam ser expressas como:

𝐸⃗ (𝑧, 𝑡) = 𝐸0 𝑒 −𝛼𝑧 𝑐𝑜𝑠(𝜔𝑡 − 𝛽𝑧) 𝒆


⃗𝑥 (2.23.a)

𝐸0 −𝛼𝑧 (2.23.b)
⃗ (𝑧, 𝑡) =
𝐻 𝑒 𝑐𝑜𝑠(𝜔𝑡 − 𝛽𝑧 − 𝜃𝑛 ) 𝒆
⃗𝑦
|𝜂|

Conforme mencionado, o campo elétrico se relaciona com o campo magnético através da


impedância complexa, 𝜂, e está defasado um em relação ao outro, por um ângulo, 𝜃𝑛 .

Para fins de cálculo, e análise do processo de troca de energia entre corpos distintos é mais
apropriado utilizar o vetor Poyting médio que é definido como média da parte real do produto vetorial
entre a identidade fasorial do campo elétrico com o conjugado da identidade fasorial do campo
magnético.
̅ ⃗ 𝑋 ⃗⃗⃗⃗⃗
𝑺 = ℜ(𝑬 𝑯∗ ) (2.24)

O resultado da Eq.(2.24) pode ser expressado da seguinte forma[24]:


2 4𝜋𝑘𝑧
𝑛
̅ ⃗⃗⃗⃗0 | 𝑒 −
𝑺 = 2𝑐𝜇 |𝐸 𝜆 ⃗𝑧
. cos(𝜃𝑛 )𝒆 (2.25)
25

4𝜋𝑘𝑧
Através da Eq.(2.25), fica claro e notório, que o termo exponencial, 𝑒 − 𝜆 ,refere-se a atenuação
da onda, melhor explicando a perda de energia conforme a onda eletromagnética se propaga em um
meio com dissipação de energia. Esta energia é absorvida pelo material na forma de calor. Outro ponto
de extrema importância a salientar que o vetor Poyting médio indica que a energia transportada por
uma onda eletromagnética é uma função somente da amplitude de onda. Experiência como o efeito
fotoelétrico, como observado pelo cientista alemão Philipp Lenard [1], parece contradizer, as previsões
esperadas pela Eq.(2.25), pois os resultados do experimento de Philip tendiam a debitar na frequência
e não na amplitude a energia de uma onda eletromagnética. A explicação do paradoxo gerado entre
os resultados obtidos via o experimento do efeito fotoelétrico e o vetor Poyting, é abordado no artigo
intitulado “Do ponto de vista heurístico da produção e transformação da luz”, escrito por Albert Einstein.
Posteriormente será explicado nesse trabalho, como o efeito fotoelétrico, pode ser entendido sem
desprezar a definição do vetor Poyting.
Na próxima secção será apresentado a equipartição de energia, na interface, que separa a
amostra, do meio circundante, o índice de refração, a lei de Fresnel, e o confinamento de energia na
forma radiativa.

2.5 Reflexão e transmissão de onda eletromagnética

Dando prosseguimento a fundamentação teórica a qual este trabalho se baseia, o próximo tópico
a ser estudado é a análise do processo de reflexão, refração, e transmissão de uma onda
eletromagnética.
O processo de refração constitui na mudança de direção da propagação da luz quando passa de
um meio ao outro. De acordo com o princípio do Fermat, a luz “escolhe” o caminho entre dois pontos,
que gasta menos tempo possível para percorre-lo. E o ângulo que determina a mudança de direção
da luz, denominado ângulo de refração é aquele que satisfaz devidamente esta condição, isto levando
em consideração que a velocidade é diferente para meios distintos. Vale a pena lembrar que, o índice
de refração de um determinado meio, 𝑚, relaciona a velocidade de propagação da luz para este meio
com a velocidade da luz no ar
A Fig.(2.6), é um esquema simplificado o fenômeno de refração e reflexão da luz. Quando o feixe
de luz incide sobre a interface de separação entre os meios, uma parcela da onda eletromagnética, é
transmitida para o meio 2, situação na qual é possível perceber a mudança de direção do feixe, e uma
outra parte é refletida retornando para o meio 1.
26

Figura 2-6 - Esquema simplificado de um feixe de luz, passando de um meio ao outro, observe que uma parte da onda eletromagnética
é refletida, enquanto a outra parcela e transmitida. [13]

A componente elétrica da onda eletromagnética, de uma onda de luz, propagando em uma direção
qualquer, pode ser generalizada como:

⃗𝑬(𝒓 ⃗⃗⃗ 𝒓 ⃗⃗⃗


⃗ , 𝑡) = 𝐸0 cos(𝒌. ⃗ − 𝜔𝑡)= ℜ(𝐸0 𝑒 −𝑖(𝒌.𝒓⃗−𝜔𝑡) ) (2.26)
Sendo:
⃗⃗⃗
𝒌.- Vetor número de onda
⃗ - Vetor da direção de propagação da onda eletromagnética
𝒓
O vetor número de onda indica a direção da propagação de onda eletromagnética, e pode ser
expressa como:

⃗⃗⃗ ⃗ 𝒙 +𝑘𝑦 𝒆
𝒌. = 𝑘𝑥 𝒆 ⃗ 𝒚 + 𝑘𝑧 𝒆
⃗𝒛 𝑒𝒓
⃗ = 𝒙𝒆
⃗ 𝒙 + 𝑦𝒆
⃗ 𝒚 + 𝑧𝒆
⃗𝒛 (2.27)
Observe que:

𝛽 2 = 𝑘𝑥 2 +𝑘𝑦 2 + 𝑘𝑧 2
Na interface de separação dos meios é necessário que a continuidade dos campos elétricos e
magnéticos sejam devidamente garantidas, consequência da primeira lei de Maxwell, conforme será
imposto pela Eq.(2.28):

𝐸⃗𝑖 (𝑧 = 0) + 𝐸⃗𝑟 (𝑧 = 0) = 𝐸⃗𝑡 (𝑧 = 0) (2.28)

Utilizando o teorema de Fermat, é possível concluir que:

𝜃𝑖𝑛 = 𝜃𝑟𝑒𝑓
27

Sendo:
𝜃𝑖𝑛 - Ângulo de incidência
𝜃𝑟𝑒𝑓 -Ângulo de reflexão
E dadas as condições pré-estabelecidas também é possível, inferir a relação lei de Snell-
Descartes, que será devidamente explicada posteriormente neste trabalho. A Lei de refração de Snell-
Descartes pode ser da seguinte forma Eq.(2.29):

𝑛1 sin(𝜃 )
𝑛2
= sin(𝜃2 ) (2.29)
1

2.5.1 Incidência Normal

Diferentemente do que foi abordado na secção anterior, a presente secção fará uma análise sobre
uma incidência normal de uma onda eletromagnética contra uma interface de separação de dois meios,
lembrando que os resultados inferidos nesta secção, podem ser generalizados para quaisquer meios,
incluindo os que apresentam a dissipação da energia.
As equações de Maxwell na forma fasorial, escrita em função do vetor número de onda pode ser
expressa como[13]:

⃗⃗⃗ 𝑬 = 0
𝒌.
(2.30.a)

⃗ .𝑯 = 0
𝒌
(2.30.b)

⃗𝒌x𝑬 = 𝑖𝜔𝜇𝑯
(2.30.c)

⃗𝒌x𝑯 = −(𝜎 + 𝑖𝜔𝜀)𝑬 .


(2.30.d)

A partir das Eq.(2.30) é possível observar que a componente da onda magnética inverte quando
inverte a direção da propagação da onda eletromagnética.
A Fig.(2.7) apresenta o esquema geométrico simplificado dos comportamentos das ondas
eletromagnéticas, incidente, refletida e transmitida, na interface de separação entre os meios.
28

Figura 2-7 - Esquema simplificado de uma onda eletromagnética incidindo sobre uma interface de separação de meios[13].

Na interface de separação entre meios é observado as condições de continuidade tanto para o


campo magnético quanto do campo elétrico, como já mencionado anteriormente. Resumidamente
portanto as condições de contorno podem serem expressas de tal forma que:

𝐸⃗𝑖 (𝑧 = 0) + 𝐸⃗𝑟 (𝑧 = 0) = 𝐸⃗𝑡 (𝑧 = 0) (2.31.a)


⃗ 𝑖 (𝑧 = 0) + 𝐻
𝐻 ⃗ 𝑟 (𝑧 = 0) = 𝐻
⃗ 𝑡 (𝑧 = 0) (2.31.b)

Aplicando o conceito de impedância que relaciona a magnitude do campo elétrico com o campo
magnético, transformado no conceito de índice de refração do meio conforme visto na Eq.(2.19) e
(2.20), pode-se determinar a seguinte relação:
𝐸⃗𝑖𝑛 (𝑧 = 0) + 𝐸⃗𝑟𝑒𝑓 (𝑧 = 0) = 𝐸⃗𝑟𝑒𝑓𝑟𝑎𝑡 (𝑧 = 0) (2.32.a)

𝑚1 (𝐸⃗𝑖𝑛 (𝑧 = 0) − 𝐸⃗𝑟𝑒𝑓 (𝑧 = 0)) = 𝑚2 (𝐸⃗𝑟𝑒𝑓𝑟𝑎𝑡 (𝑧 = 0)) (2.32.b)

Tendo em vista as condições de contorno o coeficiente de reflexão e transmissão pode ser


expresso, portanto, da seguinte forma:
(𝑚 −𝑚 ) 𝐸𝑟𝑒𝑓
Γ = (𝑚1 +𝑚2 ) = 𝐸𝑖𝑛𝑐
(2.33)
1 2

2𝑚1 𝐸𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠
𝜍 = (𝑚 = (2.34)
1 +𝑚2 ) 𝐸𝑖𝑛𝑐

Sendo:
Γ-Coeficiente de reflexão
𝜍-Coeficiente de transmissão
𝑚1 -Índice de refração complexo do meio 1
29

𝑚2 - Índice de refração complexo do meio 2.

A partir da Eq.(2.21), é possível, denotar que o índice de refração está vinculado ao


comprimento de onda, ou seja, a velocidade de propagação da luz no interior do dielétrico é diferente
para diferentes comprimentos de onda, isso explica o fenômeno da decomposição da luz, quando a
luz incide e atravessa um prisma, conforme por exemplo mostrado na Fig.(2.8)

Figura 2-8 - Gravura em homenagem ao trabalho de Newton sobre o processo de refração da luz.

[https://munsell.com/color-blog/sir-isaac-newton-color-wheel/]

Outra consequência direta da Eq.(2.21), é que uma onda eletromagnética é totalmente refletida,
quando incide sobre um condutor perfeito, (𝜎 ≈ ∞), (material que que apresenta uma condutividade
significativa em relação aos dielétricos por exemplo), consequentemente,𝑚1 é praticamente nulo em
comparação com 𝑚2 . Neste caso vale a pena citar o aparato que Max Planck, utilizou, para estudar o
fenômeno da radiação em corpo negro. Inúmeras ondas eletromagnéticas, produzida pelo
aquecimento do material, transportam a energia através da radiação, no interior deste aparato
constituído de paredes metálicas. Estas ondas eletromagnéticas ao incidirem e refletirem nas paredes
do equipamento geram ondas do tipo estacionária no interior do aparelho.
Visto como a luz se comporta em uma situação de incidência do tipo normal, na próxima secção
será devidamente abordado o comportamento da luz para a situação de uma incidência do tipo oblíqua.
30

2.5.2 Incidência Oblíqua, e Polarização da Onda.

Em uma incidência oblíqua, é necessário analisar como é descrito o coeficiente de transmissão e


reflexão de uma onda em função da orientação geométrica do campo magnético, presente na onda
eletromagnética. Nas próximas secções serão apresentados os coeficientes de transmissão e reflexão
para uma situação de polarização paralela e polarização perpendicular de um campo magnético com
relação ao plano de incidência.

A. Polarização de tipo Paralela

A Fig.(2.9) apresenta os aspectos geométricos direcionais dos feixes incidentes, transmitidos e


refletidos, para uma situação na qual o feixe luminoso incide sobre uma interface que faz separação
entre meios formando um ângulo. Para esta caso a componente magnética é direcionada
paralelamente com relação a superfície que separa dos meios[13]:

Figura 2-9 - Esquema simplificado de uma de uma onda eletromagnética refletida, polarizada paralelamente e transmitida, na interface
entre dois meios distintos[13]

A seguir é apresentada a formulação dos campos elétricos e magnéticos envolvidos no esquema


cujo a Fig.(2.9) representa:

⃗𝑬𝑖𝑛𝑐 = 𝐸𝑖 (𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑖 )𝒆 ⃗ 𝑧 )𝑒 −𝑗𝛽1 (𝑥𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑖)+𝑧𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑖))


⃗ 𝑥 − 𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑖 )𝒆
(2.35.a)

⃗⃗ 𝑖𝑛𝑐 = (𝑚1 𝐸𝑖 𝑒 −𝑗𝛽1 (𝑥𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑖)+𝑧𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑖)) )𝒆


⃗𝑯 ⃗𝑦 (2.35.b)

⃗ 𝑟 = 𝐸𝑟 (𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑟 )𝒆
𝑬 ⃗ 𝑧 )𝑒 −𝑗𝛽1 (𝑥𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑟 )−𝑧𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑟 ))
⃗ 𝑥 + 𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑟 )𝒆 (2.35.c)
31

⃗⃗ 𝑟 = −(𝑚1 𝐸𝑟 𝑒 −𝑗𝛽1 (𝑥𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑟 )−𝑧𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑟 )) )𝒆


⃗𝑯 ⃗𝑦 (2.35.d)

⃗ 𝑡 = 𝐸𝑡 (𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑡 )𝒆
𝑬 ⃗ 𝑧 )𝑒 −𝑗𝛽2 (𝑥𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑡 )+𝑧𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑡 ))
⃗ 𝑥 − 𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑡 )𝒆 (2.35.e)

⃗⃗ 𝑡 = (𝑚2 𝐸𝑡 𝑒 −𝑗𝛽2 (𝑥𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑡 )+𝑧𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑡 )) )𝒆


⃗𝑯 ⃗𝑦 (2.35.f)

Generalizando as condições de contorno, tal qual é observado nas Eq.(2.31.a) e Eq.(2.31.b) para
uma incidência do tipo oblíqua de polarização paralela, tem-se que:

(𝐸𝑖 + 𝐸𝑟 )𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑖 ) = 𝐸𝑡 𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑡 ) (2.36)


𝑚1 (𝐸𝑖 − 𝐸𝑟 ) = 𝑚2 𝐸𝑡 (2.37)

Das condições de contorno apresentadas, para uma onda eletromagnética polarizada de tal forma
que a componente magnética é paralela a interface, os índices de reflexão e transmissão ficam
estabelecidos, portanto, como:

(𝑚 cos(𝜃𝑡=2 )−𝑚2 cos(𝜃𝑖=1 ))


Γ|| = (𝑚 1 (2.38)
1 cos(𝜃𝑡=2 )+𝑚2 cos(𝜃𝑖=1 ))

2𝑚1 cos(𝜃1 )
𝜍|| = (𝑚 (2.39)
1 cos(𝜃2 )+𝑚2 cos(𝜃1 ))

Na próxima secção será abordado uma situação similar da que foi apresentado, só que a
componente magnética incide perpendicular ao plano representando pela superfície separadora entre
os meios.

B. Polarização do tipo perpendicular

Novamente dado um feixe luminoso na qual o campo magnético incide sobre uma interface que
separa dois meios distintos, só que para este caso o a componente magnética do feixe, viaja sobre um
plano perpendicular, em relação a superfície da interface de separação entre os meios. Nestas
circunstâncias os aspectos geométricos do feixe tanto para os campos elétricos quanto dos magnéticos
podem ser representados conforme ilustrado na Fig.(2.10):
32

Figura 2-10 - Esquema simplificado de uma de uma onda eletromagnética refletida, polarizada perpendicularmente e transmitida, na
interface entre dois meios distintos[13]

As equações dos campos elétricos e magnéticos, para este tipo de polarização são podem serem
tais quais[13]:
⃗ 𝑖𝑛𝑐 = (𝐸𝑖 𝑒 −𝑗𝛽1 (𝑥𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑖)+𝑧𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑖)) )𝒆
𝑬 ⃗𝑦 (2.40.a)

⃗𝑯
⃗⃗ 𝑖𝑛𝑐 = 𝑚1 𝐸𝑖 (−𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑖 )𝒆 ⃗ 𝑧 )𝑒 −𝑗𝛽1 (𝑥𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑖)+𝑧𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑖))
⃗ 𝑥 + 𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑖 )𝒆 (2.40.b)

⃗𝑬𝑟 = (𝐸𝑟 𝑒 −𝑗𝛽1 (𝑥𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑟 )−𝑧𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑟 )) )𝒆


⃗𝑦 (2.40.c)

⃗⃗⃗ 𝑟 = 𝑚1 𝐸𝑟 (𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑟 )𝒆
𝑯 ⃗ 𝑧 )𝑒 −𝑗𝛽1 (𝑥𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑟 )−𝑧𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑟 ))
⃗ 𝑥 + 𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑟 )𝒆 (2.40.d)

⃗ 𝑡 = (𝐸𝑡 𝑒 −𝑗𝛽2 (𝑥𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑡 )+𝑧𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑡 )) )𝒆


𝑬 ⃗𝑦 (2.40.e)

⃗𝑬𝑡 = 𝑚2 𝐸𝑡 (−𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑡 )𝒆 ⃗ 𝑧 )𝑒 −𝑗𝛽2 (𝑥𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑡 )+𝑧𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑡 ))


⃗ 𝑥 + 𝑠𝑒𝑛(𝜃𝑡 )𝒆 (2.40.f)

Aplicando as condições de continuidade na interface, para condição de polarização de campo de


onda perpendicular, tem-se que:
(𝐸𝑖 + 𝐸𝑟 ) = 𝐸𝑡 (2.41)
𝑚1 (𝐸𝑖 − 𝐸𝑟 )𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑖 ) = 𝑚2 𝐸𝑡 𝑐𝑜𝑠(𝜃𝑖 ) (2.42)
33

Finalmente tem-se que para uma onda eletromagnética polarizada de tal forma que a componente
magnética é perpendicular a interface, os índices de reflexão e transmissão podem ser definidos como:

(𝑚 cos(𝜃 )−𝑚 cos(𝜃 ))


Γ⊥ = (𝑚 1 cos(𝜃1 )+𝑚2 cos(𝜃2 )) (2.43)
1 1 2 2

2𝑚1 cos(𝜃1 )
𝜍⊥ = (𝑚 (2.44)
1 cos(𝜃1 )+𝑚2 cos(𝜃2 ))

As equações (2.43-2.44) e (2.38-2.39) são conhecidas como equações de Fresnel. É possível


observar que quando numeradores são nulos tanto da Eq.(2.43) e Eq.(2.38), a onda é 100 por cento
refratada, tanto para a incidência paralela quanto para a incidência perpendicular.
O ângulo de Brewster é o ângulo crítico de incidência na qual a onda eletromagnética é 100 por
cento transmitida. Para incidência do tipo paralela fica definido como:
𝑛2
tan 𝜃𝑏 = (2.45)
𝑛1

Para condição de incidência perpendicular, embora matematicamente possível, trata-se de um


fenômeno raramente observável, em especial em meios dielétricos.
Na próxima secção será devidamente estudado o comportamento da repartição da energia em um
filme fino.

2.6 Balanço de energia em filmes finos

O mecanismo que descreve como a luz se comporta quando incide sobre um filme fino pode ser
descrito passo a passo da seguinte forma: o feixe de luz, quando atinge a superfície do material, se
decompõe, sendo que uma parte retorna ao meio externo, devido a reflexão de onda, e a outra parte
penetra o material. A parte que penetra o material vai perdendo energia ao longo do percurso, pois
filmes finos são considerados via de regra um tipo especial de meio dielétrico com perdas. Quando o
feixe que se encontra no interior do material atinge a outra interface de separação do lado oposto uma
fração retorna para o interior do dielétrico, e uma outra prossegue no meio externo. A parte que refletiu
nessa segunda interface, se dirige agora contra a primeira face, e lá novamente ocorre o mesmo
fenômeno de redistribuição da luz entre meios, e assim sucessivamente.
A Fig.(2.11) apresenta de uma forma simplificada o esquema da divisão da energia carregada pela
onda na interface de separação dos meios, como fora exposto no parágrafo anterior. Considerando a
energia incidente normalizada, uma determinada fração desta é refletida, e o seu complementar, é
transmitida para o meio. Importante denotar, como já fora anteriormente mencionado que a onda
eletromagnética conforme penetra o interior do filme, é atenuado, devido a interação com as moléculas
constituintes do meio dielétrico.
.
34

Figura 2-11 - Esquema simplificado da divisão de energia na interface entre os meio.[24]

Considerando a energia da onda refletida pela energia da onda incidente tem-se:


𝑛1 2
⃗⃗⃗⃗⃗𝑅 |
|𝐸
𝐼
𝜌 = 𝐼 = 2𝑐𝜇
𝑛1 2 (2.46)
0 ⃗⃗⃗⃗𝐼 |
|𝐸
2𝑐𝜇

Sendo:
𝐼- Intensidade da onda refletida.
𝐼0 -Intensidade de onda incidente.
𝜌- Refletividade

Para a determinação da fração de energia transmitida é necessário considerar as propriedades


eletromagnéticas de um meio com relação ao outro.
A Eq.(2.47), apresenta a fração da intensidade de energia transmitida em relação a intensidade
de energia incidente. Note que a fração de energia refletida, também conhecida como refletividade é
o complementar da parcela transmitida. A fração transmitida da intensidade de energia também
denominada de transmissibilidade:
𝐼 𝑛 cos(𝜃 )
1 − 𝜌 = 𝐼 = 𝑛2 cos(𝜃2 ) 𝜍 2 (2.47)
𝑡 1 1

A variável 𝜏, conforme apresentado na Fig.(2.11) é definida como a transmissividade do material,


sendo que em um meio dielétrico ocorre o efeito de perdas devido a interação do campo
eletromagnético com a estrutura do material.
O sensor do espectrômetro utilizado neste trabalho detecta a energia total refletida e a energia
total transmitida, que atravessa o filme. Sendo que a refletividade do filme, corresponde ao total da
energia refletida após uma sequência de reflexão e refração interna, e a transmissibilidade do filme,
um análogo da refletividade porém, para a situação de transmissão total.
35

As Eqs.(2.48a.b), representam a refletividade e a transmissibilidade do filme fino, em função da


energia total refletida, 𝑅𝑓𝑖𝑙𝑚𝑒 e transmitida 𝑇𝑓𝑖𝑙𝑚𝑒 cujos valores são obtidos diretamente do equipamento
na qual ocorre a leitura dos dados é realizada:
𝑅𝑓𝑖𝑙𝑚𝑒 = 𝜌12 + (1 − 𝜌12 )𝜌23 𝜏 2 [1 + 𝜌12 𝜌23 𝜏 2 + (𝜌12 𝜌23 𝜏 2 )2 + ⋯ ] (2.48.a)
𝑇𝑓𝑖𝑙𝑚𝑒 = (1 − 𝜌12 )(1 − 𝜌23 )𝜏[1 + 𝜌12 𝜌23 𝜏 2 + (𝜌12 𝜌23 𝜏 2 )2 + ⋯ ] (2.48.b)

O termo que se encontra em colchetes pode ser considerado uma soma de uma PG decrescente,
pois: as variáveis 𝜌12 , 𝜌23 ,e 𝜏, são numericamente menores do 1, e infinita cuja a razão é expressa pelo
termo :𝜌12 𝜌23 𝜏 2, para ambas situações.
Para a situação particular na qual o feixe luminoso propagando do ar incide sobre o filme fino, e
do filme fino, novamente para o ar, as seguinte condições de contornos podem ser levadas em
consideração: 𝜌12 = 𝜌23 = 𝜌. Feitas as devidas simplificações, as Eqs.(2.48) podem ser devidamente
expressas como:
(1− 𝜌)2 𝜏2
𝑅𝑓𝑖𝑙𝑚𝑒 = 𝜌 [1 + 1− 𝜌2 𝜏2
] (2.49.a)
(1− 𝜌)2 𝜏
𝑇𝑓𝑖𝑙𝑚𝑒 = 1− 𝜌2 𝜏2
(2.49.b)

A fim de determinar a atenuação sofrida pela onda, a partir do vetor Poyting, definido na Eq.(2.25),
pode-se determinar o coeficiente de absorção,𝑘2 , da energia pelo material conforme demonstrado na
Eq.(2.50):
𝜏 = 𝑒 −4𝜋𝑘2 𝑑⁄𝜆0 cos 𝜃𝑇 (2.50)
Na próxima secção, será abordado como se calcula de refletividade 𝜌, para incidência normal em
um filme fino, considerando uma propagação do ar para o filme, e do filme novamente para o ar.

2.7 Determinação da refletividade em meios com perdas, e incidência normal.

Antes de analisarmos matematicamente como ocorre a equipartição da energia de uma onda


eletromagnética quando atinge uma superfície de separação entre meios, com incidência normal, é
necessário um breve resumo relembrando alguma das propriedades matemáticas sobre números
complexos.
Quaisquer números complexos podem ser expressos utilizando a identidade de Euler, na seguinte
maneira:
𝑎 + 𝑖𝑏 = 𝐴𝑒 𝑖𝜑
Sendo:

𝐴 = √𝑎2 + 𝑏 2
𝑏
𝜑 = 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑎𝑛𝑔 ( )
𝑎
36

A identidade de Euler torna as operações matemática entre funções do tipo harmônica, mais fáceis
de serem manipuladas graças as propriedades matemáticas dos exponenciais, conforme já
mencionado. Considerando novamente o coeficiente normal de reflexão, referente a Eq.(2.33):
(𝑚 −𝑚2 ) 𝐸𝑟𝑒𝑓
Γ = (𝑚1 =
1 +𝑚2 ) 𝐸𝑖𝑛𝑐

O coeficiente de reflexão: Γ, para a situação em que o feixe de luz, passa do ar, índice de refração
𝑚1 = 𝑛1,para o meio dielétrico com perdas, logo com o índice de refração complexo, devido a
impedância da onda eletromagnética, 𝑚2 = 𝑛2 + 𝑖𝑘2 ,fica definido nestas circunstâncias como:
((𝑛1 −𝑛2 )−𝑖𝑘2 )) 𝐸𝑟𝑒𝑓
Γ= ((𝑛1 +𝑛2 )+𝑖𝑘2 )
= (2.51)
𝐸𝑖𝑛𝑐

Utilizando as propriedades dos números complexos e aplicando o conceito do vetor Poyting que
deixa claro que a energia média transportada por uma onda eletromagnética é função unicamente da
amplitude de onda. Pode-se determinar a refletividade a partir do módulo do coeficiente de refletividade
complexo, Γ tal que:
((𝑛1 −𝑛2 )2 +𝑘2 2 )
𝜌|| = 𝜌⇑ = (2.52)
((𝑛1 +𝑛2 )2 +𝑘2 2 )

Os índices presentes nas variáveis 𝜌|| , 𝜌⇑ denotam que a energia refletida dependa da
polarização da onda, que para o caso de incidência normal, ambas apresentam o mesmo valor,
diferentemente quando ocorre uma incidência do tipo oblíqua.

2.8 Abordagem da refração da luz, em termos das leis de Maxwell

Apesar de até o presente momento, ter sido utilizado o princípio de Fermat, partindo do postulado
de que a luz, percorre o espaço entre dois pontos que se encontram em meios distintos de forma que
o caminho escolhido é tal que o tempo transcorrido durante o percurso seja o mais breve possível, fica
transparente que este pressuposto, não necessita de nenhuma teorização a respeito da natureza da
Luz.
As equações de Maxwell, assume de forma categórica que a luz é uma onda de natureza
eletromagnética, fazendo com que o princípio de Snell-Descartes, necessite ser reinterpretado a luz
da teoria ondulatória.
Uma determinada frente de onda ao atingir uma interface de separação muda de direção em
função da diferença da velocidade da luz de um meio em relação ao outro.
Considerando que a frente de onda é continua, pode-se deduzir através de relações geométricas
simples, determinar a relação de Snell-Descartes.
A Fig.(2.12), mostra de forma simplificada a mudança da direção do vetor de propagação de uma
onda eletromagnética. Nesta circunstância a lei de Snell-Descarte, é deduzida em termos geométricos,
a partir da propriedade da continuidade da frente de onda. Para fins mais didáticos geralmente é
comum encontrar a analogia comparando uma frente de onda propagada, a uma marcha de soldados.
37

A frente de onda pode ser visualizada como uma marcha de soldados em um desfile militar, ao
dobrar uma esquina. Muda-se a direção do desfile, mas um soldado sempre permanece ao lado um
do outro.
Uma vez que a frente de onda é continua, e a frequência da onda, depende da frequência de
oscilação da fonte, e a velocidade se altera de um meio em relação ao outro, a mudança da direção
fica definida como uma função dependente do espaçamento de uma frente de onda em relação as
demais frentes que constituem a onda eletromagnética.

Figura 2-12 - Esquema simplificado de uma onda eletromagnética atingindo uma interface de
separação entre meios.[24]

A partir das propriedades geométricas é possível deduzir que:


𝐴𝐴′ 𝐵𝐵′
=
𝑐1 𝑐2
Sendo:
𝐵𝐴′ 𝑠𝑖𝑛𝜃1 𝐵𝐴′ 𝑠𝑖𝑛𝜃2
𝑐0 = 𝑐
⁄𝑛1 0⁄
𝑛2

É somente em um contexto de descrição do comportamento ondulatório da luz, derivada a partir


das equações de Maxwell, que o índice de refração complexo, possuí um significado plausível, uma
vez que não existe uma entidade representada na natureza de forma direta por um número imaginário.
Os números imaginários descrevem com simplicidade o comportamento de uma equação de onda,
pois a identidade de Euler está vinculada a funções do tipo seno e cosseno. E é a partir do índice de
refração complexo, que a propriedade física da impedância de uma onda eletromagnética, pode ser
determinada. Nestas condições não ocorre somente uma mudança da direção do vetor propagação da
onda eletromagnética mas também a atenuação da onda conforme esta penetra o material.
38

2.9 Reflexões do autor.


“Ora, a mensagem que, da parte dele, temos ouvido e vos anunciamos é esta: que
Deus é luz, e não há nele treva nenhuma” (1 João 1:5).

As equações de Maxwell, são extremamente consistes e formam uma base sólida para explicar
de forma categórica todos os fenômenos de natureza eletromagnética. A consistência é tal que a
própria lei da conservação da carga, se relaciona com as equações de Maxwell, através das
propriedades matemáticas dos operadores temporais e espaciais presentes nas equações, ver
apêndice B. Melhor explicando: a quarta lei de Maxwell, também conhecida como lei de Ampère
modificada, quando manipulada em conjunto com a propriedade matemática de um divergente sobre
um rotacional, origina a equação da continuidade elétrica, que resulta na conservação de carga, ver
Apêndice B.
A continuidade da onda eletromagnética na interface de separação entre os meios, e como os
campos elétricos e magnéticos se relacionam entre si, através das equações de Maxwell, preveem de
forma simples a conservação da energia através do vetor Poyting. Portanto, não é a energia, uma
entidade física e autônoma, que se impõe ao problema, como uma lei física inexorável e inquebrável.
Mas sim as equações de Maxwell atrelada aos operadores matemáticos em especial, o espacial,
expresso através da variável conhecida como vetor de propagação de onda ⃗𝒌, em conjunto com o
operador temporal que dá origem a própria conservação da energia. Sugerindo que foi através da luz
que todas as coisas foram criadas, conforme escrito nos evangelhos: “Todas as coisas foram feitas
através dele, e, sem Ele, nada do que existe teria sido feito”. João 1:3.
A arte como uma manifestação humana desprovida de preconceitos, antevê a relação entre o
espaço e a energia, de forma mais simples, e belamente representado pelo artista M.C. Escher, que
assim como as equações de Maxwell, relaciona a estrutura espacial com a lei da conservação da
energia, com exceção que Maxwell utiliza campos elétricos e magnéticos como mediadores, enquanto
que o pintor utilizou a criatividade.
39

Figura 2-13 - A queda d´gua – Pintor M.S. Escher.

Ao tornar a luz objeto de estudo, curiosamente faz com que ao passar do tempo o próprio
analisador comece a questionar a sua própria concepção de como o mundo é visto. O experimento
permite a inversão dos papeis, fazendo com que o homem conheça melhor a si mesmo, pois a luz,
permite que não apenas os objetos se tornam visíveis, mas que o próprio ser humano, passa a enxerga
e a compreender a si mesmo de uma outra forma. Como ele enxerga o tempo e o espaço entidades
fundamentais para a compreensão e a sobrevivência do próprio homem. Novamente esta mudança de
paradigmas e valores se encontra em João 8,12-20 “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não
caminha nas trevas, mas terá a luz da vida”. Compreender a si para compreender a natureza é algo
tão velho quanto: “Conheça a ti mesmo e conhecerás o Universo e os deuses” Sócrates.
O conhecimento é construído a partir da memória, da casualidade, da estrutura da linguagem, e
do senso comum, e como moldamos as experiências sensoriais, em função de todos estes itens
mencionados, sendo que a fronteira do conhecimento, o máximo que podemos compreender é limitado
pela velocidade da luz. Acreditar que existe uma realidade ampla, e inacessível diretamente pelo ser
humano, é antes de tudo uma crença, como o mito da caverna de Platão que como o nome diz é
somente um mito. A concepção metafísica de Newton, sobre tempo e espaço, que serviu como base
para a compreensão das leis de Newton, perdeu o lugar para a relatividade de Einstein. O espaço e o
tempo, para Newton, são entes físicas inalcançáveis e apenas detectáveis através do conceito primitivo
e puramente sensorial na qual a “distância” das coisas entre si seria uma fagulha do verdadeiro
conceito de espaço, e que o tempo, é aquilo que acontece quando nada está acontecendo. A limitação
do conhecimento condicionada as experiências sensoriais permite que: “Pois aquilo que este mundo
acha que é sabedoria, Deus acha que é loucura”. Provérbios 25:11.
40

É a partir da teoria da Relatividade tanto a estrita como a geral, que foi possível redefinir conceitos
tão primários como tempo e espaço, o espaço está diretamente relacionado de como concebemos a
disposição das coisas, uma em relação as demais, e que espaço sem nada dentro, deixe de ser
espaço, o mesmo vale para o tempo, tendo como o seu equivalente no conceito de eventos, ou seja
como organizamos os eventos, relacionando os fatos um com os outros, através da memória dos
acontecimentos. Logo a memória da origem ao tempo, e a casualidade em conjunto com a memória e
o conceito de espaço, permite que desvendamos as leis físicas por trás dos fenômenos observáveis.
O espaço não é algo que existe detectável indiretamente, mas diretamente através do disposição dos
objetos. O conceito de espaço depende da matéria, não existe espaço sem matéria e nem matéria
sem espaço, assim como o conceito de tempo depende do evento, o evento da origem ao tempo, e
não o tempo que dá origem ao evento.
Infelizmente, a teoria da Relatividade, tem sido mal compreendida pois existe um pensamento, de
que a relatividade de Galileu Galilei, deveria ser preservada a qualquer custo, ofuscando a verdadeira
raiz teórica que fundamentou a relatividade, que são as Equações de Maxwell. Experimentos deixam
claro, que as equações de Maxwell são válidas para quaisquer referenciais do tipo inercial, e que isso
é possível, graças a intercambialidade entre os campos magnéticos e elétricos. Um viajante a
velocidade da luz, veria teoricamente um perfil senoidal de campo elétrico, estático com rotacional bem
definido, por outro lado, através das equações de Maxwell fica claro que o que propele este campo
elétrico, é um campo magnético, perpendicular dinâmico. Porém um viajante a velocidade da luz, veria
este mesmo campo magnético senoidal estático e não dinâmico, e conforme visto pelas equações de
Maxwell um campo estático magnético, é incapaz de sustentar um campo elétrico senoidal com um
rotacional definido. Os operadores de Maxwell, condenam a luz a estar sempre em movimento e a uma
mesma velocidade para todos os referenciais.
Os campos elétricos e magnéticos estão intimamente relacionados entre si, através de
operadores, espaciais e temporais, algo que não ocorre por exemplo com som. Na equação da
propagação de ondas sonoras as variáveis tempo e espaço são independentes entre si. Embora a
função de propagação do campo elétrico tenha como variáveis independentes tanto o espaço quanto
tempo, é quando o campo elétrico se relaciona com o magnético que fica patente, que está
independência não ocorre, a variação temporal do campo magnético se relaciona com a variação
espacial do campo elétrico e vice e versa. A construção do conceito do que é o tempo e o espaço é
delimitado pela relação entre o campo magnético com o campo elétrico.
Outro fato peculiar e sustentado pelo autor, é que a natureza de uma campo eletromagnético é
definido a partir da condição inercial do observador, ou seja, o que define se uma carga está sujeita a
um campo magnético ou elétrico é se o observador está em repouso ou em movimento em relação a
carga que está sujeita a forças de natureza eletromagnética.
Antes de finalizar será devidamente proposto uma abordagem sugerida pelo autor para explicar
de forma simples a origem do efeito fotoelétrico. A luz ao interagir com corpos elétricos, gera uma certa
41

quantidade de movimento, porém, é bem sabido que a quantidade de movimento, está vinculada a
ideia de partículas, corpos materiais, com localização espacial bem definida, e não com ondas, que
transportam energia de forma difusa e se propagam em várias direções. O que era mais espetacular,
é que ao incidir sobre uma chapa metálica, ondas eletromagnéticas de alta frequência conseguiam
ionizar a chapa, ao contrário de ondas com baixa frequência, o que contradizia, o que era esperado
tendo por base, o vetor Poyting, na qual a energia está vinculada somente a amplitude da onda
eletromagnética. Esquema simplificado do experimento, a respeito do processo fotoelétrico realizado
por Philipp Lenard, é devidamente apresentado na Fig.(2.14).

Figura 2-14 - Esquema simplificado do efeito fotoelétrico

[https://medium.com/@eltonwade/cap%C3%ADtulo-3-efeito-fotoel%C3%A9trico-3de7f9fd9416]

Considerando que a energia é quantizada, e partindo do pressuposto que cada elétron somente
absorver um único fóton [1] e que a energia de cada fóton está relacionado com a frequência e não
com a amplitude, e dado a energia total transportada pela onda, medida pelo vetor Poyting, é
compostas por fótons individualizados, como uma pizza fatiada, o problema se torna simples de ser
explicado. A energia total é uma função da amplitude, composta por fótons individualizados, com
energia unitária em função da frequência. Ondas eletromagnéticas com a mesma amplitude, e
frequência diferente, a de maior frequência possui menos fótons, porém a energia somada de todos
os fótons da primeira será igual a energia total da segunda onda, pois a intensidade de energia emitida
são iguais em ambos os casos.
Um elétrons pode absorver um único fóton, porém este fóton deveria ter energia o suficiente para
poder ionizar o material, o elétron não pode absorver mais do que um, pois se assim o fosse, absorveria
uma quantidade de fótons de qualidade inferior até ter energia o suficiente para ionizar o material.
Ondas eletromagnéticas de alta frequência tem fótons, mais energéticos, embora a energia total
da onda, seja limitado pelo Vetor Poyting, e por outro lado ondas de baixa frequência gerariam uma
quantidade maior de fótons, porém de baixa qualidade. Portanto mesmo que o material seja iluminado,
por uma radiação de alta intensidade e baixa frequência, o fenômeno de ionização não era observado,
os elétrons não conseguem absorver, e nem absorver de forma contínua, e acumulativa os fótons
disponíveis, pois a regra do jogo é somente um único fóton. Uma luz de baixa intensidade e alta
42

frequência produz, poucos fótons, mas cada um deles com energia o suficiente para poder ionizar o
material. O único fóton absorvido teria energia o suficiente para ionizar o metal.
O efeito fotoelétrico permite afirmar que embora a energia esteja de fato vinculada a amplitude,
conforme observado pelo vetor Poyting, o mecanismo de absorção da energia via interação com um
meio material, se dá através dos fótons.
Na sequência será feito um breve resumo sobre a energia emitida por um corpo negro.

A. Corpo Negro.

O Corpo negro é basicamente um corpo material que apresenta as seguintes propriedades[12]:


 Absorve toda radiação incidente independentemente de seu comprimento de onda e da
sua direção.
 Para uma dada temperatura e um determinado comprimento de onda, nenhum material
emite maior energia do que o corpo negro.
 Embora a radiação emitido por um corpo negro seja uma função do comprimento de onda
e da temperatura, ela é independente da direção. Isto é o corpo negro é um emissor difuso.

Anteriormente a análise de espectro de emissão de um corpo negro, será abordado


historicamente, como a equação de troca térmica via radiação, foi desenvolvida.
A componente elétrica de uma onda eletromagnética, ao incidir sobre uma carga carregada
eletricamente, atua sobre ela, gerando uma força de natureza elétrica, com o vetor apontado no mesmo
sentido do próprio campo elétrico, da onda eletromagnética como já era previsto pela equação de
Lorentz. Resumidamente o movimento sofrido pela carga, pode ser descrito como um barquinho no
meio do oceano que se movimenta para cima e para baixo, quando a onda chega até ele.
A carga responde a interação com o campo elétrico incidente, se movimentando de forma
acelerada, conforme esperado pela segunda lei de Newton, acerca do movimento dos corpos. A
medida que a carga se movimenta no sentido do campo elétrico, a parcela magnética da onda
eletromagnética começa também a atuar sobre a carga, só que desta vez a natureza da força é
magnética, e aponta no sentido da propagação da onda, portanto inesperadamente a onda
eletromagnética empurra a carga. Comportando-se similar a situação de uma bolinha de bilhar se
chocando uma com uma outra, e é um dos princípios básicos para a explicação do fenômeno da
pressão.
Considerando um sistema termodinâmico, hermeticamente fechado, aquecido. As moléculas que
constituem a parede do material metálico, vibram a medida que o aquecimento ocorre, gerando ondas
do tipo eletromagnéticas. Estas ondas no interior do material se chocam as paredes metálicas, dando
origem a um tipo de pressão de radiação, devido ao choque entre os “fótons” e as paredes metálicas
da superfície interior do corpo aquecido.
43

Através das equações de Maxwell pode-se definir a pressão de radiação calculada a partir da
energia transportada pela onda, que é obtida pelo vetor Poyting. A pressão de radiação, portanto
pode ser definida como:
̅
𝑺
𝑝=𝑐 (2.53)

Sendo:
𝑝-Pressão de radiação.
̅
𝑺-Vetor Poyting médio
𝑐-Velocidade da luz.
Para uma situação mencionada, no interior do material metálico e oco, ocorre o fenômeno de
reflexão total, pois a onda eletromagnética incide sobre uma superfície condutora de
eletricidade,(𝜎~∞). Neste caso ocorre a mudança de direção do vetor propagação de onda
eletromagnética, portanto a pressão de radiação passa a ser redefinida como:
̅
𝑺
𝑝=2∗ (2.54)
𝑐

A partir do conceito da pressão de radiação baseada nas equações de Maxwell sobre o


comportamento da luz, o cientista austríaco Boltzmann em 1884, chegou a mesma lei referente a
troca de calor via radiação, obtida de forma empírica pelo seu professor Stephan, em 1818.
Boltzmann utilizou o conceito de entropia, em conjunto com a primeira lei da termodinâmica, que
prevê a conservação da energia, e estabeleceu uma relação entre a pressão de radiação e a
temperatura do material aquecido.
Relacionando a energia interna, por unidade de volume, com a pressão, e dado que para o sistema
termodinâmico mencionado, as propriedades são uniformes em todas as direções, pode-se afirmar
categoricamente que [14]:
𝑢
𝑃=
3
Aplicando a primeira lei da termodinâmica:
𝑇𝑑𝑆 = 𝑑𝑈 + 𝑃𝑑𝑉
𝑢
= 𝑑(𝑢𝑉) + 𝑑𝑉
3
4 𝑑𝑢
= 𝑢𝑑𝑉 + 𝑉 ( ) 𝑑𝑇
3 𝑑𝑇
Isolando 𝑑𝑆.:
4𝑢 𝑉 𝑑𝑢
𝑑𝑆 = ( ) 𝑑𝑉 + ( ) 𝑑𝑇
3𝑇 𝑇 𝑑𝑇
A partir da lei fundamental do cálculo:
𝜕𝑆 𝜕𝑆
𝑑𝑆 = ( ) 𝑑𝑉 + ( ) 𝑑𝑇
𝜕𝑉 𝑇 𝜕𝑇 𝑉
𝜕𝑆 4𝑢 𝜕𝑆 𝑉 𝑑𝑢
( ) = ( ) 𝑒( ) = ( )
𝜕𝑉 𝑇 3𝑇 𝜕𝑇 𝑉 𝑇 𝑑𝑇
44

Aplicando a relação de Euler:


𝜕2𝑆 𝜕2𝑆
=
𝜕𝑉𝜕𝑇 𝜕𝑇𝜕𝑉
Considerando a relação de Euler e aplicando novamente nos resultados anteriores
𝜕2𝑆 4 𝑢 4 1 𝑑𝑢 1 𝑑𝑢
=− + =
𝜕𝑇𝜕𝑉 3 𝑇 2 3 𝑇 𝑑𝑇 𝑇 𝑑𝑇
𝑑𝑢 𝑑𝑇
=4
𝑢 𝑇
Resolvendo a equação diferencial tem-se que:
𝑢 = 𝜎𝑇 4 (2.55)
Sendo
W
𝜎- constante de Stephan Boltzmann [ (m2 K4 )]

A Eq.(2.55), atualmente conhecida como equação de Stephan-Boltzmann, descreve a relação


entre a energia de transmitida via radiação e a temperatura do corpo emissor e/ou absorvedor.
Atualmente o valor da constante de Stephan-Boltzmann é de aproximadamente 𝜎 =
W
5,670x10−8 (m2 K4 ).

A lei de Stephan-Boltzmann, considera a propagação da energia total, de radiação, para uma


dada temperatura, independentemente do comprimento de onda. Coube futuramente a Wein
determinar à parcela da contribuição que cada comprimento de onda do espectro individualizado,
exerce na energia total do sistema termodinâmico, à uma dada temperatura. Embora os resultados
teóricos de Wein, não tiveram sucesso para descrever o comportamento total da radiação de corpo
negro, Wein conseguiu estabelecer uma relação entre temperatura da fonte, e o seu correspondente
comprimento de onda dominante. Estes resultados deu origem a lei de deslocamento de Wein, que
estabelece o deslocamento linear do comprimento de onda dominante para frequências mais altas,
quanto maior a temperatura do corpo. Lembrando da relação inversamente proporcional da
frequência pelo comprimento de onda, a Lei de Wein é dada por[12]:
1
𝑇 = 𝐶𝑊 . 𝜆 (2.56)
𝑚á𝑥

Sendo:
𝐶𝑊 -2898 𝜇𝑚. 𝐾

A Lei de Wein pode ser melhor compreendida pelo gráfico apresentado na Fig.(2.15) na qual é
possível notar a evolução linear do comprimento de onda dominante do espectro em função da
temperatura para quaisquer corpos materiais. Esta evolução linear se tornará uma ferramenta
imprescindível para a teoria quântica da luz, presente no trabalho de Max Planck, sobre emissão de
corpo negro. Outro dado interessante é que para um determinado material, uma vez caracterizado
o comprimento dominante emitido para uma distribuição de energia, é possível saber qual é a sua
temperatura. Com isso em mente graças a Lei de Wein foi possível determinar a temperatura das
45

estrelas, incluindo o próprio Sol, cuja a temperatura da superfície é de 5800 K. Outro fato interessante
de ser mencionado é que os fótons mais abundantes ejetados pelo Sol, são justamente aqueles que
compreende a região do visível, no espectro.

Figura 2-15 - Esquema gráfico da lei de Wein, apontado pela reta pontilhada[12].

Apresentada a lei de Wein, na próxima secção será feito um breve resumo sobre a interação entre
cargas e ondas do tipo eletromagnética, para melhor compreensão da emissão espectral de corpo
negro.

B. Osciladores de Planck

O processo de emissão de radiação pode ser facilmente descrito como um conjunto de


osciladores elétricos distintos, de natureza distintas, que quando aquecidos começam a vibrar, e
quando estas cargas vibram geram um pulso eletromagnético, conforme apresentado na Fig (2.16), de
forma exagerada para fins didáticos.
46

Figura 2-16 - Aspecto geométrico de um pulso eletromagnético.

[https://www.quora.com/Can-an-accelerated-proton-emit-electromagnetic-radiation]

A partir da configuração geométrica das linhas de campo, apontada na Fig.(2.16) é possível derivar
a equação de Lamor que descreve matematicamente o campo elétrico gerado pelo movimento abrupto
de uma carga elétrica [5].
𝑟
−𝑞𝑎(𝑡− )𝑠𝑖𝑛𝜃
𝑐
𝐸(𝑡) = (2.57)
4𝜋𝜀0 𝑟𝑐 2

A partir da definição do vetor Poyting, e da Eq.(2.57) pode-se determinar a intensidade da energia


transportada pelo pulso eletromagnético que é dado por:
𝑞 2 𝑎̇ 2 𝑠𝑖𝑛2 𝜃
𝑆= (2.58)
16𝜋2 𝜀0 𝑟 2 𝑐 3

Integrando o vetor Poyting ao longo da face da esfera atingida pela radiação, tem-se que a
potência irradiada total emitida que é definida como:
𝑞2 𝑎̇ 2
𝑃 = 6𝜋𝜀 3 (2.59)
0𝑐

Uma vez que a carga se move periodicamente em resposta ao sinal de excitamento, para
movimentos oscilatórios o quadrado da aceleração média é definida como:
1
〈𝑎̇ 2 〉 = 𝜔0 4 𝑥0 2 (2.60)
2

Reescrevendo a potência irradiada em função da aceleração:


𝑞2 𝜔0 4 𝑥0 2
𝑃= 12𝜋𝜀0 𝑐 3
(2.61)

As equações acima apresentam a potência dissipada por carga com movimento oscilatório. Esta
taxa de energia é transmitida e espalhada para as demais partículas. Por outro lado se a partícula
oscila no momento presente, é por que ela foi excitada por um pulso eletromagnético, gerado por uma
outra partícula que anteriormente também estava oscilando, e assim subsequentemente, até o primeiro
motor imóvel de São Tomás de Aquino.
Agora para fins de cálculo considere uma carga elétrica no interior de um oscilador, sendo excitado
por um campo elétrico externo de magnitude 𝐸⃗ , oscilando a uma frequência 𝜔, e que a frequência
47

natural do oscilador do sistema é 𝜔0 , e lembrando que o movimento oscilatório é do tipo


amortecido,𝛾 ≠ 0,pois a carga irradia energia em resposta a excitação externa. Dito isto e utilizando a
aplicação das leis de Newton para vibrações mecânicas forçadas, fica possível obter a amplitude do
deslocamento da carga, que pode ser expressa como:
𝑞𝐸⃗
𝑥̂ = 𝑚(𝜔 2 −𝜔2 +𝑖𝜔𝛾) (2.62)
0

Substituindo a Eq.(2.62) na Eq.(2.61) A potência irradiada pelo pulso magnético é descrito como:
2
⃗⃗
𝑞𝐸
𝑞 2 𝜔0 4 ( )
𝑚(𝜔0 2 −𝜔2 +𝑖𝜔𝛾)
𝑃= (2.63)
12𝜋𝜀0 𝑐 3
𝑞2
A partir da relação 𝑒 2 = 4𝜋𝜀 , e da magnitude da cargo do elétron dada por 𝑞 = 1,60x10−19 𝐶, e
0

𝑒2
considerando o raio clássico do elétron expresso como 𝑟 = . A Eq.63 pode ser escrita como:
𝑚𝑐 2
1 8𝜋𝑟 3 𝜔4
𝑃 = ( 𝜀0 𝑐𝐸 2 ) ( ) ((𝜔 2 2 )2 2 2 ) (2.64)
2 3 0 −𝜔 +𝛾 𝜔

Para o experimento de corpo negro é estabelecido que os osciladores, emitem praticamente toda
a energia que recebem, e não as armazenam, e para estas condições é esperado que a oscilação
apresente um amortecimento significativo, representado pela variável, 𝛾, que fica definido como:
2 𝑟0 𝜔0 2
𝛾=3 𝑐
(2.65)

A partir do gráfico apresentado na Fig.(2.17), pode-se observar que para o caso de uma oscilação
forçada amortecida, a amplitude máxima do deslocamento ocorre, quando o oscilador é excitado por
uma fonte emitindo radiação na frequência próxima a frequência natural do sistema. Os osciladores
portanto trocam energia somente com osciladores similares, que possuem a mesma frequência
natural, portanto um corpo negro pode ser entendido como a soma de inúmeros subsistemas formado
por osciladores semelhantes, e que estes subsistemas não trocam energia entre si. O fluxo de energia
ocorre somente no interior destes subsistemas.

Figura 2-17 - Resposta da amplitude do deslocamento de carga no interior de um oscilador em função da frequência de
excitamento externo.
48

Para o entendimento completo de como é realizado o funcionamento de um corpo negro, o próximo


passo será feita uma abordagem sobre como a entropia, interpretada a luz de Boltzmann, que foi
decisivo para entendimento de troca de calor por radiação.

C. Entropia
“Deus as vezes joga dados onde ninguém pode ver”

Stephen Hawking.

Que a energia sempre se conserva é fato, quando um sistema perde energia, a sua vizinhança
ganha, e toda e qualquer reação da natureza segue esta lei. A energia pode ser transportada de um
sistema a outro de duas formas, uma delas através do trabalho mecânico, e a outra pelo calor, que
consiste basicamente na troca de energia de dois sistemas ou mais distintos, quando existe um
gradiente de temperatura entre eles, com exceção a mudança de fase. Porém a previsibilidade de um
fenômeno natural, carece de mais uma variável, pois a conservação da energia por si não basta, uma
vez que aparentemente parece que existe uma “lei” que determina para onde a energia escorre.
Portanto para que seja possível determinar o estado de um sistema termodinâmico é necessário
conhecer a quantidade total da energia de um sistema, e também como a energia é distribuída neste
mesmo sistema.
A entropia diferentemente do que se propaga, na visão do autor, não tem um vínculo com a ideia
de que certos fenômenos são inexoravelmente irreversíveis. A entropia tem sim a ver com a ideia de
que certas configuração que o sistema pode alcançar, ocorre, pois estes são mais prováveis, quando
se comparado com outras configurações, ou seja, o que ocorre, ocorre por ser mais provável, e não
por ser um lei da natureza, no sentido mais estrito do significado da palavra lei.
Para entender melhor o conceito de entropia, é necessário distinção entre um microestado de um
macroestado.
Um microestado pode ser definido como as várias formas distintas que um sistema assume para
uma determinada configuração termodinâmica. A Tabela (2.1) apresenta de forma mais clara a
distinção entre a definição de microestado em relação a um macroestado, utilizando como exemplo as
mais diversas formas de se distribuir oito níveis de energia entre seis partículas indistinguíveis de um
gás. Macroestado corresponde a um sistema termodinâmico de seis partículas, possuindo oito
unidades fundamentais de energia no total, e micro estado é quantas formas possíveis a energia total
está distribuída entre as seis partículas.
De acordo a tabela por exemplo, observa-se que para a situação na qual uma única partícula
retém os oito níveis de energia, existem seis formas possíveis. Isso obtido através da seguinte relação,
que estabelece o número de micro estado para um dado macro estado[15]:
49

(𝑛)!
𝑁𝑚𝑖𝑐𝑟𝑜 = (𝑛 (2.66)
0 )!(𝑛1 )!(𝑛2 )!…

Sendo:
𝑁𝑚𝑖𝑐𝑟𝑜 - Número de micro-estado
𝑛- Número total de partículas
𝑛0 - Número de partículas com zero nível de energia
𝑛1 - Número de partículas com um nível de energia
𝑛2 - Número de partícula com dois níveis de energia
Para o cálculo de como distribuir, 𝑚 ,níveis de energia, para 𝑛 partículas utiliza-se a fórmula da
distribuição de Bóson-Einstein, dada por:

(𝑚+𝑛−1)!
𝑁 = (𝑚)!(𝑛−1)! (2.67)

Sendo:
𝑁 - Número de configurações
𝑚- Níveis de energia
𝑛- Número de partículas.

Através da tabela (2.1) por exemplo pode-se notar que existem 1287 formas diferentes de se
distribuir 8 “pacotes” de energia entre 6 partículas distintas e indistinguíveis, conforme previsto pela
relação Bóson Einstein. Através da tabela (2.1) também é possível notar que os macroestados que
correspondem a condição 13 e 14 representam as configurações de distribuição de energia mais
prováveis frente as demais, pois apresentam o valor máximo de microestados, conforme previsto pela
Eq.(2.66). Outro dado interessante que é constatado contra intuitivamente na mesma tabela, é que a
probabilidade de se escolher uma partícula sem energia alguma é de aproximadamente 38%, enquanto
que a probabilidade de escolha de uma partícula que possuir um único nível de energia é de somente
25,6%.
50

Tabela 2-1 Distribuição da energia entre partículas em um sistema termodinâmico

Níveis de Energia
0 1 2 3 4 5 6 7 8 Microestados
Macroestado
Número de Partículas
1 5 0 0 0 0 0 0 0 1 6
2 4 1 0 0 0 0 0 1 0 30
3 4 0 1 0 0 0 1 0 0 30
4 4 0 0 1 0 1 0 0 0 30
5 4 0 0 0 2 0 0 0 0 15
6 3 2 0 0 0 0 1 0 0 60
7 3 0 2 0 1 0 0 0 0 60
8 3 0 1 2 0 0 0 0 0 60
9 3 1 1 0 0 1 0 0 0 120
10 3 1 0 1 1 0 0 0 0 120
11 2 0 4 0 0 0 0 0 0 15
12 2 2 0 2 0 0 0 0 0 90
13 2 1 2 1 0 0 0 0 0 180
14 2 2 1 0 1 0 0 0 0 180
15 2 3 0 0 0 1 0 0 0 60
16 1 4 0 0 1 0 0 0 0 30
17 1 3 1 1 0 0 0 0 0 120
18 1 2 3 0 0 0 0 0 0 60
19 0 4 2 0 0 0 0 0 0 15
20 0 5 0 1 0 0 0 0 0 6
Energia Total 2970 1980 1260 756 420 210 90 30 6 1287

Para uma compreensão melhor do conceito de entropia, na sequência será apresentado o


problema de dois corpos sólidos de temperaturas distintas, em um contato termodinâmico. Estes
corpos sólidos são conhecidos como sólido de Einstein.
O sólido A que contém 3 partículas e um segundo sólido, B, constituído de 4 partículas, neste
sistema é disponibilizado um total de 10 pacotes de energia, que podem ser distribuídos livremente
entre as partículas que constituem ambos os sólidos, pois ambos estão em contato físico. Neste
problema o número de micro estados é determinado pela relação de Boson-Eistein conforme
apresentado pela Eq.(2.67).
51

A quantidade de micro estados se relaciona a entropia através da famosa equação de Boltzmann,


na qual a entropia portanto pode ser expressa como:

𝑆 = 𝐾𝑙𝑛𝑊
Sendo:
S- Entropia
K- Constante de Boltzmann
W- Número de micro estados, para um determinado macro estado.

A relação termodinâmica da variação da entropia em relação a energia, para obter a temperatura


em termos das diferenças finitas via aproximação central, é descrita pela Eq.(2.68)
1 [𝑆(𝐸+Δ𝐸)−𝑆(𝐸−Δ𝐸)]
≈ (2.68)
𝑇(𝐸) 2Δ𝐸

Através da tabela 2 é possível de prever qual é a condição final, que o sistema termodinâmico,
alcança para este determinado problema. A tabela pode ser compreendida da seguinte maneira: Para
uma situação na qual o corpo A retém 8 pacotes de energia existe um total de 45 tipos de configurações
distintas. Como o corpo A retém 8 pacotes de energia, restam somente 2 pacotes de energia para ser
distribuído para o corpo B, neste caso por exemplo existem 10 maneiras distintas de se distribuir a
energia restante no corpo B. Todas as configurações correspondentes para esta situação é de 450,
pois para cada configuração do copo A existem 10 para o corpo B. Como as configurações totais, é a
multiplicação da quantidade de configurações para cada corpo distintos e como a entropia é uma
grandeza física extensiva, fica portanto patente reconhecer que a relação entre configurações
prováveis com uma grandeza do tipo extensiva ocorre somente através do logaritmo natural.

Tabela2-2 Distribuição de energia entre dois sistemas termodinâmicos, corpo A e corpo B.[26]

Energia A W(A) Entropia A Temp A Energia B W(B) Entropia B Temp B W(A)*W(B)


10 66 4,19 - 0 1 0,00 - 66
9 55 4,01 5,22 1 4 1,39 0,87 220
8 45 3,81 4,72 2 10 2,30 1,24 450
7 36 3,58 4,22 3 20 3,00 1,60 720
6 28 3,33 3,71 4 35 3,56 1,94 980
5 21 3,04 3,20 5 56 4,03 2,28 1176
4 15 2,71 2,70 6 84 4,43 2,62 1260
3 10 2,30 2,18 7 120 4,79 2,96 1200
2 6 1,79 1,66 8 165 5,11 3,30 990
1 3 1,10 1,12 9 220 5,39 3,64 660
0 1 0,00 - 10 286 5,66 - 286
52

Através da tabela 2, pode ser notado claramente que a entropia máxima ocorre justamente no ponto
de equilíbrio térmico, na qual as configurações correspondentes a este sistema também apresentam
os maiores valores.
Na próxima secção será abordado a relação entre a entropia, e a emissão de corpo negro.

D. Entropia e o corpo negro

Conforme anteriormente mencionado o corpo negro é basicamente um material de natureza


metálica, na qual absorve e na sequencia emite toda energia que incide sobre ele.
A medida que o corpo negro vai esquentando, ganhando energia na forma de calor, passa a emitir
radiação de natureza eletromagnética, graças aos osciladores de Planck. Porém diferente de um
sistema termodinâmico formado por gases, por exemplo, na qual uma determinada molécula pode
trocar energia via contato físico com uma outra qualquer, independentemente de sua natureza, um
oscilador de Planck troca de energia somente com osciladores semelhantes entre si, e o intercâmbio
de energia ocorre através de fótons emitidos e absorvidos pelos próprios osciladores.
Um sistema termodinâmico que caracteriza o corpo negro, é formado de inúmeros sub sistemas
independentes entre si, caracterizado pela natureza dos osciladores.
Considerando um sub sistema, com uma determinada frequência natural 𝜈, formado por uma
quantidade significativa de osciladores 𝑛 , com energia interna U, sendo que a energia é quantizada
em 𝑚 elementos, de tal forma que 𝜀 = 𝑈/𝑚 corresponde a quantidade “unitária” de energia para
cada “pacote” de energia. E dado que este sistema tem a distribuição de energia do tipo Bóson-
Einstein, pode-se portanto expressar o número de total de configurações da seguinte maneira:

(𝑚+𝑛−1)! (𝑚+𝑛)𝑚+𝑛
𝑁 = (𝑚)!(𝑛−1)! ~ (𝑚)𝑚 (𝑛)𝑛
(2.69)

Dado que a quantidade de osciladores é um número significativamente alto conforme anteriormente


mencionado. E considerando a definição de Entropia de Boltzmann, e fazendo as devidas substituições
na Eq.(2.69) tem-se que:
𝑆 = 𝐾[(𝑚 + 𝑛) ln(𝑚 + 𝑛) − (𝑚)ln(𝑚) − (𝑛)ln(𝑛)]
Colocando o número de osciladores em evidência, tem-se a seguinte relação:
𝑚 𝑚 𝑚 𝑚
𝑆 = 𝐾 [n (1+ ) ln (1+ ) − (𝑛 ) ln ( )]
𝑛 𝑛 𝑛 𝑛
Aplicando o conceito de energia média e pacote de energia na equação anterior obtém-se:
〈𝜀〉 〈𝜀〉 〈𝜀〉 〈𝜀〉
𝑆 = 𝑁𝐾 [(1+ ) ln (1+ ) − ( ) ln ( )]
𝜀 𝜀 𝜀 𝜀
Considerando a relação termodinâmica entre calor, entropia e temperatura, tem-se a seguinte
relação:
53

1 𝑑〈𝑠〉 𝐾 𝜀
= = [ln (1+ )]
𝑇 𝑑〈𝜀〉 𝜀 〈𝜀〉

Isolando o termo referente a energia média, para um determinado subsistema, no corpo negro,
obtém-se o seguinte resultado:
𝜀
〈𝜀〉 = 𝜀 . (2.70)
𝑒 ⁄𝑘𝑡 −1

Considerando o pacote de energia de Planck definido como:


𝜀 = ℎ𝜈
Extrapolando o resultado para os demais subsistemas é possível finalmente obter a curva de corpo
negro, em função da frequência dos osciladores, para uma dada temperatura que é dada por:
2ℎ𝜈3 1
𝐼(𝜈) = ℎ𝜈 (2.71)
𝑐2
𝑒 𝑘𝑇 −1
Expressando a Eq.(71) em termos de comprimento de onda tem-se que
2ℎ𝑐 2 1
𝐼(𝜆) = ℎ𝑐 (2.72)
𝜆5
𝑒 𝑘𝜆𝑇−1
Vale a pena frisar que a quantidade total de energia, representada pela área abaixo da curva que
descreve o corpo negro, é numericamente igual a lei de Stephan- Boltzmann, conforme apresentando
no Apêndice D.
No próximo capítulo será devidamente abordado a metodologia experimental para a determinação
das propriedades radiativas do filme de plástico, uma vez descrita, que sua base teórica já foi mais do
que estabelecida.
54

CAPÍTULO 3
METODOLOGIA

No presente capítulo será mostrado um passo a passo, da metodologia experimental que foi e
será utilizada na determinação das propriedades radiativas do granulado de junco. Em um primeiro
momento será apresentado o equipamento necessário para obter as medições, quais foram as
adaptações necessárias para que os teste do granulado de junco pudesse ser analisado
apropriadamente, quais as limitações, correções necessárias para obtenção de dados numéricos para
futuro tratamento e analise. E para começar será apresentado os aspectos básicos sobre o jogo interno
de lentes de correção de aberrações ópticas, e a disposição da fonte de sinal no interior do
equipamento.

3.1 Aspectos básicos do equipamento.

O equipamento utilizado para a realização dos testes foi o espectrômetro, modelo 100 FT-IR & FT-
NIR, que faz a aquisição dos dados da intensidade da onda eletromagnética utilizando um circuito
eletrônico que obtém a curva do espectro eletromagnético, através da transformada rápida de Fourier.
A grande vantagem do espectrômetro, ao utilizar a transformada rápida de Fourier, é o fato de que
o equipamento dispensa o uso de um prisma rotativo que decompõe o sinal eletromagnético, em
suas diferentes frequências para obter suas as respectivas intensidades.
A Fig.(3.1) apresenta o equipamento utilizado para a realização dos testes de reflexão e refração,
do junco, e do filme de plástico.

Figura 3-1 - Espectrômetro modelo 100 FT-IT & FT-NIR.

Anteriormente a análise das propriedades radiativas de qualquer amostra, é necessário fazer a


calibragem do equipamento, que servirão como pontos de referência para a aquisição de dados, uma
vez que todas as medidas obtidas pelo aparelho são medidas relativas.
55

No interior do equipamento, a fonte de energia, é um corpo negro aquecido, que emite energia na
forma de radiação com comprimento de onda majoritariamente pertencente a banda do infra
vermelho, que corresponde ao banda térmica do espectro eletromagnético.
A Fig.(3.2) mostra de forma clara a região do espectro que corresponde a banda do infra-vermelho,
que o espectrograma opera. A faixa de radiação emitida pela fonte do aparelho opera na banda de
1𝜇𝑚 a 15 𝜇𝑚 de comprimento de onda.

Figura 3-2 - Banda térmica da espectro de radiação[12]

A Fig.(3.3) apresenta curva de corpo negro do nível de energia emitido pela fonte em função
do comprimento de onda de radiação, conforme anteriormente já mencionado o espectro de emissão
encontra-se majoritariamente concentrado na banda do infravermelho ou seja a banda que
corresponde a troca de energia na forma de calor.

Figura 3-3 Espectro de corpo negro referente a energia da fonte de emissão


56

O comprimento de onda de 4,25 𝜇𝑚 a fonte emite a intensidade máxima de energia que


corresponde ao valor de 1.873,5 𝑊/𝑚2 o que indica que a própria fonte encontra-se a uma temperatura
de 680 K, que é determinada através da lei de deslocamento de Wein.
Na próxima secção será apresentada de forma simplificada o percurso percorrido pelo feixe
luminoso através da amostra, tanto para determinar as propriedades de transmissibilidade quanto de
refletividade.

3.2 Percurso de feixe luminoso

O feixe luminoso, é gerado através de uma fonte que se comporta como um corpo negro no interior
do equipamento, na sequência para que seja possível a análise do espectro, o feixe é divido em duas
parcelas, uma destas parcelas é direcionada para um espelho fixo, e a segunda parcela é direcionada
para um espelho móvel. As parcelas refletidas pelos espelhos se recombinam na sequência, e em
função das limitações construtivas do aparelho, o feixe atravessa uma sequência de espelhos, além
de filtros e lentes que tem por finalidade concentrar melhor o feixe luminoso que incide sobre a
amostra.
Após atravessar a amostra o feixe luminoso é desviado para um sensor que faz a aquisição de
dados. A Fig.(3.4) apresenta de forma simplificada o esquema da disposição dos espelhos óticos, no
interior do equipamento.

Figura 3-4 - Esquema simplificado da trajetória do feixe luminoso no interior do equipamento[27]

Uma vez determinado como é o aspecto geométrico da trajetória do feixe, no interior do


aparelho, próximo item imprescindível é descrever a trajetória do feixe através da amostra.
O objetivo deste trabalho é determinar as propriedades radiativas, de refletividade e
transmissibilidade da amostra de junco. E para obter estas propriedades são realizados dois testes
distintos.
57

A Fig.(3.5) apresenta um dos testes, na qual é realizado a leitura da intensidade luminosa que
consegue atravessar a amostra. Lembrando que o teste realizado conforme apresentado pela Fig.(3.5)
corresponde ao teste de transmissividade total do feixe, para uma incidência do tipo normal.

Figura 3-5 - Trajetória do feixe luminoso através da amostra.

O fenômeno óptico representado pela Fig.(3.5) pode ser interpretada da seguinte forma: o feixe
luminoso dependendo do comprimento de onda ao penetrar o material, é absorvido integralmente,
parcialmente ou nem chega a ser absorvido. E a leitura do espectro da energia total transmitida 𝑇𝑓𝑖𝑙𝑚𝑒
fica a cargo do sensor localizado no interior do equipamento, após o feixe atravessar a amostra.
O teste de reflexão é outro experimento necessário para determinar as propriedades radiativas
do material. A Fig.(3.6) apresenta de forma simples o suporte de espelhos dispostos de tal forma que
é possível realizar o teste da refletividade.

Figura 3-6 - Esquema simplificado do teste de refletividade do material.

De acordo com a Fig.(3.6), o feixe luminoso sai do equipamento, e incide sobre o espelho 1,
que reflete o feixe na direção do espelho 2, que também reflete o feixe, em direção a amostra que é
58

fixada em 4, a parcela refletida incide sobre o espelho 5 que dirige o feixe para o espelho 6, de onde
o feixe sai e retorna finalmente para o interior do aparelho onde encontra-se o sensor que faz a leitura
dos dados.
De posse da intensidade total de energia refletida 𝑅𝑓𝑖𝑙𝑚𝑒 , e da energia total transmitida 𝑇𝑓𝑖𝑙𝑚𝑒 ,
é possível finalmente determinar a refletividade 𝜌 a transmissibilidade 𝜏 e coeficiente de absorção da
energia do material 𝜅 e finalmente a principal propriedade ótica e radiativa do material que é o índice
de refração complexo, pois existe absorção e transformação de energia eletromagnética em outras
formas no interior do material.
Na sequência será apresentado como a amostra foi preparada, para que as medições fossem
possíveis de serem realizadas.

3.3 Determinação da espessura do filme de plástico

A fibra de junco tem um aspecto granulado, e para ser analisado no espectrograma, deve ser
devidamente preparado e adaptado ao equipamento. O aparato que serve de suporte para as fibras
trata-se de um placa de acrílico de 5 𝑚𝑚 de espessura, a fibra é confinada entre duas películas de
plástico PVC, aparentando um sanduiche cujo o recheio são as fibras. Os mesmos procedimento com
respeito a fibra tratada são realizadas para a fibra não tratada.
A Fig.(3.7) apresenta de forma simples o suporte para análise das amostras, devidamente
adaptadas para a realização dos experimentos.

Figura 3-7 - Foto do suporte das amostras, para a realização da determinação das propriedades radiativas.

Através da Fig.(3.7) é possível notar o raio luminoso primeiro atravessa o filme de plástico e
logo depois incide sobre a amostra de junco. Durante o percurso realizado pelo feixe no filme de
59

plástico, uma quantidade determinada de energia é absorvida, logo a energia que chega a amostra,
corresponde a energia total emitida pela fonte do aparelho excetuando a energia que retida pelo filme
de plástico. Portanto o filme de plástico tem um papel relevante no experimento, e as suas
propriedades radiativas devem ser analisada em conjunto com as propriedades da amostra de junco.
Para determinar as propriedades radiativas do filme de plástico, é necessário determinar a
espessura do próprio filme, que por se tratar de um material fino, e maleável a medição de sua
espessura teve de ser realizada no microscópio eletrônico conforme apresentado na Fig.(3.8).
A medida da espessura do filme de plástico que será utilizada nas formulas básicas referente
a filmes finos, é a média das medidas obtidas, conforme apresentado na Tab.(3.1)

Figura 3-8 - Imagem obtida pelo microscópio eletrônico da espessura do filme de plástico

A Tab. apresenta os valores medidos da espessura de filme de plástico no microscópio eletrônico.

Tabela 3-Erro! Nenhum texto com o estilo especificado foi encontrado no documento.-1 Valores das espessuras do filme de plástico
medidas pelo microscópio eletrônico.

Medida 1 (𝜇𝑚) Medida 2(𝜇𝑚) Medida 3 (𝜇𝑚) Medida 4 (𝜇𝑚) Medida 5(𝜇𝑚) Medida 6 (𝜇𝑚)
10,38 10,58 10,67 10,12 10,28 10,62

O valor médio da espessura que será considerado para a análise da perda de energia no filme de
plástico, é de 10,44∓0,01.
No próximo capitulo será apresentado os resultados numéricos referente as propriedades
radiativas do filme de plástico necessárias para determinar as propriedades das fibras de junco.
60

CAPÍTULO 4
RESULTADOS PRELIMINARES

Para determinar as propriedades radiativas da fibra de junco, é necessário igualmente


determinar as propriedades radiativas do filme de plástico, pois o filme de plástico interfere nas
medidas coletadas pelo aparelho. O filme de plástico é imprescindível para o experimento pois serve
como suporte para adaptar as amostras de fibras de junco no equipamento.
O feixe luminoso antes de penetrar as fibras de junco, atravessa o filme de plástico e durante
este percurso, ocorre a dissipação da energia transportada pela própria onda eletromagnética.
Antes de realizar o teste com o filme de plástico foi aventada a possibilidade de utilizar filme de
silicone, por ser mais facilmente manuseado, porém os resultados se mostraram insatisfatório. O filme
de plástico a base de PVC, mostrou-se mais transparente a banda de radiação proeminente emitida
pela fonte do espectrograma.
De acordo com a Fig.(4.1) é possível observar que o filme de plástico é transparente em
aproximadamente 90% da banda de radiação que corresponde a 65% da energia total emitida pela
fonte, enquanto que o filme de silicone mostrou-se resultado insatisfatório para a mesma banda do
espectro. A curva apresentado na Fig.(4.1) foi obtida através do experimento de transmitância da
energia, cujo a montagem interna do suporte é visualizado pela Fig.(3.5)

Figura 4-1- Espectro da energia total transmitida via radiação pelo filme de plástico X filme de silicone

Como a câmara onde a amostra em analise, é fixada, não é anteriormente evacuada, devido a
limitações do próprio aparelho, a umidade presente no ar absorve energia transportada pelo feixe
luminoso, para comprimento de onda de aproximadamente 3,5 𝜇𝑚 e 6,5 𝜇𝑚, conforme mostrado pela
Fig.(4.1).
61

Determinada o quanto de energia é transmitida pelo feixe, fica em aberto, do quanto da energia
que não é transmitida é de fato absorvida pelo filme de plástico, por isso foi necessário realizar o teste
da refletividade da superfície do filme de plástico.
A Fig. (4.2), apresenta a curva da energia total transmitida, a mesma obtida do gráfico anterior,
e a energia total que é refletida pelo feixe, na superfície do filme de plástico. A parcela de campo
elétrico refletido e consequentemente o vetor Poyting, depende do ângulo de incidência.
Para o teste da transmissividade, a incidência do feixe luminoso deve ser normal a superfície
da face externa do filme de plástico. Logo é esperado que o teste de refletividade deve ser realizado
nas mesma condição de teste de transmissividade, ou seja, a incidência do feixe também deve ser
normal, por isso devido as limitações do aparelho, foi necessário a introdução de um novo conjunto
de suporte conforme a montagem apresentada pela Fig.(3.6), para determinar a energia total refletida
pelo filme de plástico.

Figura 4-2 – Espectro da energia total Transmitida e refletida, pelo comprimento de onda

Determinada a energia total tanto refletida quanto transmitida, o próximo passo será determinar
as propriedade radiativas do material: a refletividade e transmissividade, que são calculadas a partir
das Eqs. (2.49.a) e (2.49.b). Os resultados obtidos são apresentados conforme a Fig. (4.3.a) e (4.3.b)
62

Figura 4-3 - Relação entre a energia total refletida pela refletividade do material (4.3.a) e relação entre a energia total transmitida pela
transmissibilidade (4.3.b)

A partir das figuras (4.3.a) e (4.3.b) é possível notar que a energia total refletida, não difere em
muito da propriedade da refletividade o mesmo vale para a transmissividade. Isto ocorre pois, o
material é praticamente transparente a radiação térmica, na banda que opera o equipamento, portanto
a energia total incidente sobre o material é praticamente transmitido, já na primeira passagem do feixe.
Como o complementar da parcela transmitida é praticamente a parcela refletida pode se concluir que
a atenuação da onda no interior do material é ínfima e praticamente insignificante.
Outro parâmetro que não pode ser deixado de lado, é a absortividade do material, obtida
através do balanço de energia. A energia total incidente, e particionada em energia transmitida, energia
refletida, e energia absorvida. A absortividade é o complemento, da combinação formada entre a
refletividade e transmissibilidade, e pode ser expresso da seguinte forma:

1 = α (absortividade) + ρ (refletividade) + τ (transmissividade total) Eq.(4.1)

A Fig.(4.4) apresenta em um mesmo gráfico as curvas das propriedades radiativas do material,


calculadas com base na partição e conservação da energia.
63

Figura 4-4 - Curvas das propriedades radiativas que caracterizam o filme de plástico

Enquanto que a absortividade corresponde a energia total absorvida pela filme de plástico, cabe
ao coeficiente de absorção, 𝜅, também conhecida como a parte imaginária do índice de refração, que
faz parte do vetor Poyting, Eq.(2.25), a análise mais efetiva sobre as característica deste material, pois
relaciona a energia total absorvida por unidade de comprimento conforme a onda eletromagnética
penetra no interior do material. Vale a pena frisar que a transmissividade τ, definida pela Fig.(2.11), é
tida como a transmissividade relativa a parcela da energia que penetra o material, enquanto que a
transmissividade definida pela Eq.(4.1), corresponde a transmissividade total de energia.
A Fig.(4.5) apresenta a curva do coeficiente de absorção 𝜅, da onda eletromagnética, conforme
obtido pela Eq.(2.50). Os picos presente na curva corresponde a absorção do vapor de água presente
na ambiente interno do espectrograma. É possível observar que existe uma relação gráfica visível
entre a absortividade do material e o coeficiente de absorção 𝜅.
64

Figura 4-5 - Espectro do coeficiente de absorção da onda

Finalmente o parâmetro mais importante a propriedade ótica, que é o índice de refração real, a
qual representa o retardo da velocidade de propagação de uma onda eletromagnética, em um
determinado meio.
A Fig.(4.6) apresenta a curva do índice de refração, que é foi calculado através da Eq.(2.52)
para um incidência não polarizada de onda eletromagnética.

Figura 4-6 - Espectro do índice de refração do filme de plástico

Determinada as propriedades eletromagnéticas do filme de plástico, fica portanto possível


agora caracterizar de forma coesa e simplificada as propriedades do filme de junco. No próximo
65

capítulo será apresentada as conclusões finais, e na sequencia será apresentado o cronograma


esperado para o término das atividades laboratoriais
66

CAPÍTULO 5
CONCLUSÕES

A determinação das propriedades radiativas do junco, sejam elas refletividade, a


transmissividade, e consequentemente a absortividade da radiação térmica do fibra é o objetivo
principal da tese referente a qualificação deste trabalho. E a determinação destas propriedades
depende de como o experimento para a obtenção destes dados, é realizado.
Em um primeiro momento foram analisadas as vantagens sócio econômicas e o impacto
ambiental positivo em fazer uso de materiais naturais biodegradáveis. Conforme já mencionado a fibra
de junco é um material biodegradável, de fácil manuseio, super abundante em países de origem
africanas, podendo ser colhido e plantado simultaneamente ao longo de todo o ano, portanto, estudar
e levantar dados sobre a fibra é uma tarefa compensatória em muitos sentidos.
Na sequência foi apresentado a teoria física que explica o comportamento da luz, sendo que
um segundo objetivo deste trabalho é abordar de forma didática e simples como deduzir a equação de
corpo negro, que servira de base tanto para futuras pesquisas, como para disseminar, o conhecimento
da origem da mecânica quântica, igualmente como demonstrar de forma muito simplificada como
efeito fotoelétrico pode abordado. O efeito fotoelétrico pode agregar substancialmente na parte teórica
de trabalho envolvendo células fotovoltaicas, sensíveis a banda do visível tendo em vista a
necessidade de fontes de energia renováveis e não poluentes. Em conjunto foram apresentadas o
comportamento da luz, na interface de separação entre meios distintos. Como pode ser obtido o índice
de refração complexo, sem a necessidade de transformada de Hilbert. A abordagem teórica deste
trabalho serve tanto como base para o tema desenvolvido no presente proposta de qualificação, que
é a determinação das propriedades radiativas da fibra de junco, quanto para novos trabalhos
envolvendo efeitos ópticos e quânticos.
Finalmente foi apresentado as propriedades radiativas do filme de plástico, isto porque, as
amostras de junco na forma de farelo, para serem analisadas devem ser adaptada ao porta amostra
do espectrograma. Nesta situação as fibras de junco ficam retida entre duas camadas de filme fino a
base de PVC, parecendo como um sanduiche, cujo o recheio é a própria fibra de junco. Como o
aparelho não faz distinção entre o sinal que chega nas fibras de junco, com o sinal que incide sobre o
filme de plástico, ficou patente a necessidade de obter informações de como o filme interfere nas
medidas, para que correções futuras fossem realizadas. O filme de plástico absorve sim certa
quantidade de energia, e reflete uma outra quantidade de energia, porém o material é praticamente
transparente a banda do espectro eletromagnético dominante emitido pelo aparelho. Portanto o filme
de plástico se mostrou um material excelente para obter as propriedades de quaisquer material que
fosse confinado por este, como era o objetivo deste presente documento.
67

CAPÍTULO 6
CRONOGRAMA

Para a realização do presente trabalho, será realizado os seguintes passos.


 Realização dos Experimentos.
 Formulação matemática
 Análise numérica dos resultados
 Apresentação da defesa da tese
 Envio dos resultados obtidos na forma de artigo para revistas competentes na área de
transferência de calor (Divulgação Científica).
O cronograma é apresentado de forma simplificada na forma de tabela, dividia por um período
quinzenal contando a a partir da primeira semana de agosto.

Tabela 6-1 Cronograma

2° Semestre
ATIVIDADES
1° 2° 3° 4° 5° 6° 7° 8° 9°
Realização do Experimento X X
Formulação matemática X X X
Análise dos resultados X X X
Apresentação da defesa X X X
Divulgação Científica X X X X X

Devido a Pandemia causada pelo Covid, esta cronograma pode estar sujeito a algumas
alterações tendo em vista a necessidade de atividades laboratoriais. A pandemia pode prejudicar,
como prejudicou de fato o andamento da presente tese.
68

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] Isaackson W. “Einstein sua vida, seu Universo” – São Paulo: Companhia das letras 2007,n°112
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[4] G.S. Ranganath(2008) “Black-Body Radiation” - Resonance
[5] Feynman R.F.[1 (1965): “The Feynman Lectures on Physics” -BOOKMAN
[6] Tran. M.(2019) “Planck's and Callendar's blackbody radiation formulas and their fitness
to experimental data” - European Journal of Physics
[7] J.A.S de Lima; J. Santos(1995) “Generalized Stefan-Boltzmann Law” International Journal of
Theoretical.
[8] Enders. P.(2015) “Historical Prospective: Boltzmann’s versus Planck’s State Counting—Why
Boltzmann Did Not Arrive at Planck’s Distribution Law”- Journal of Termodynamics.

[9] Bes. D. R.(2004) “Quantum Mechanics: A Modern and Concise Introductory Course” Springer.

[10] Greenberg.D; Hentschel.K; Weinert.F(2009) “Compendium of Quantum Physics” Springer.

[11] Koh Shun-ichiro (2002) “An interpretation of the black-body radiation” Avaliable:
https://www.researchgate.net/publication/2188556

[12] Incropera. F.P; Bergman. T. L; Larine. A. S; Dewitt. D.P(2011) ”Fundamentos de transferência de


calor e massa”-LTC.

[13] Sadiku M.N.O; (2003) “Elementos de Electromagnetismo” –Oxford Press.

[14] M. Planck (1900) “On the Theory of the Energy Distribution Law of the Normal Spectrum” English
translation from “The Old Quantum Theory,” ed. by D. ter Haar, Pergamon Press, 1967, p. 82.

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Physics, Biology, and Nanoscience” Garland Science.

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[19] Planck. M.”The teory of heat Radiation” Philadelfia:P.Blakiston’s Son&CO (1914)

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69

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Insulating Juncus Maritimus Fibrous Mortar Composites/Experimental Results and Analytical Laws”
Applied Sciences.
[23] Griffiths.J.D (2010) ”Eletrodinâmica” – São Paulo: Pearson Universidades; 3ª edição.

[24] Modest. M.F(2003) “Radiative Heat Transfer”- Pennsylvania : Academic Press; 2° edition.

[25] Nussenzveig. H. M (2014) “Curso de física Básica”- Rio de Janeiro: Blucher; 2°edição.

[26] Gould. H.;Tobochnik. J;(2010) “Statistical and Thermal Physics-With Computer Applications” Princeton
University Press.

[27] Manual Spectrum 100 Series PerkinElmer.


70

Apêndice A
Derivadas vetoriais:
Representação vetorial cartesiana
⃗ = 𝐴𝑥 𝒂
𝑨 ⃗ 𝑥 + 𝐴𝑦 𝒂
⃗ 𝑦 + 𝐴𝑧 𝒂
⃗𝑧
Divergente de um campo vetorial em coordenadas cartesianas
𝜕𝐴𝑥 𝜕𝐴𝑦 𝜕𝐴𝑧
⃗ =
∇. 𝑨 + +
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧
Rotacional de um campo vetorial em coordenas cartesianas
⃗𝑥
𝒂 ⃗𝑦
𝒂 ⃗𝑧
𝒂
𝜕 𝜕 𝜕| 𝜕𝐴𝑧 𝜕𝐴𝑦 𝜕𝐴𝑥 𝜕𝐴𝑧 𝜕𝐴𝑦 𝜕𝐴𝑥
⃗ = ||
∇x𝑨 ⃗ 𝑥+[
| = [ 𝜕𝑦 − 𝜕𝑧 ] 𝒂 − ⃗ 𝑦+[
]𝒂 − ⃗
]𝒂
𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝜕𝑥 𝜕𝑥 𝜕𝑦 𝑧
𝐴𝑥 𝐴𝑦 𝐴𝑧
Representação vetorial em coordenadas cilíndricas
⃗𝑨 = 𝐴𝜌 𝒂
⃗ 𝜌 + 𝐴𝜑 𝒂
⃗ 𝜑 + 𝐴𝑧 𝒂
⃗𝑧
Divergente de um campo vetorial em coordenadas cilíndricas
1 𝜕(𝜌𝐴𝜌 ) 1 𝜕𝐴𝜑 𝜕𝐴𝑧
⃗ =
∇. 𝑨 + +
𝜌 𝜕𝜌 𝜌 𝜕𝜑 𝜕𝑧
Rotacional de um campo vetorial em coordenas cilíndricas
⃗𝜌
𝒂 ⃗𝜑
𝜌𝒂 ⃗𝑧
𝒂
𝜕 𝜕 𝜕| 1 𝜕𝐴𝑧 𝜕𝐴𝜑 𝜕𝐴𝜌 𝜕𝐴𝑧 1 𝜕𝜌𝐴𝜑 𝜕𝐴𝜌
⃗ = ||
∇x𝑨 | =[ − ⃗𝜌+[
]𝒂 − ⃗𝜑+ [
]𝒂 − ⃗
]𝒂
𝜕𝜌 𝜕𝜑 𝜕𝑧 𝜌 𝜕𝜑 𝜕𝑧 𝜕𝑧 𝜕𝜌 𝜌 𝜕𝜌 𝜕𝜑 𝑧
𝐴𝜌 𝜌𝐴𝜑 𝐴𝑧
Representação vetorial em coordenadas esféricas
⃗ = 𝐴𝑟 𝒂
𝑨 ⃗ 𝑟 + 𝐴𝜃 𝒂
⃗ 𝜃 + 𝐴𝜑 𝒂
⃗𝜑
Divergente de um campo vetorial em coordenadas esféricas
1 𝜕(𝑟 2 𝐴𝑟 ) 1 𝜕𝐴𝜃 sin 𝜃 1 𝜕𝐴𝜑
⃗ =
∇. 𝑨 + +
𝑟 2 𝜕𝑟 𝑟 sin 𝜃 𝜕𝜃 𝑟 sin 𝜃 𝜕𝜑
Rotacional de um campo vetorial em coordenadas esféricas
71

⃗𝒂𝑟 ⃗𝜃
𝑟𝒂 𝑟 sin 𝜃𝒂⃗𝜑
𝜕 𝜕 𝜕
⃗⃗ = ||
∇x𝑨 |
𝜕𝑟 𝜕𝜃 𝜕𝜑 |
𝐴𝑟 𝑟𝐴𝜃 𝑟 sin 𝜃 𝐴𝜑

1 𝜕(𝐴𝜑 sin 𝜃) 𝜕𝐴𝜃 1 1 𝜕𝐴𝑟 𝜕(𝑟𝐴𝜑 )


= [ − ⃗𝑟+ [
]𝒂 − ⃗𝜃
]𝒂
𝑟 sin 𝜃 𝜕𝜃 𝜕𝜑 𝑟 sin 𝜃 𝜕𝜑 𝜕𝑟
1 𝜕(𝑟𝐴𝜃 ) 𝜕𝐴𝑟
+ [ − ⃗
]𝒂
𝑟 𝜕𝑟 𝜕𝜃 𝜑
72

Apêndice B
A Lei da conservação de carga escondida no
interior das equações de Maxwell.
Considerando a Lei de Àmpere, original não modificada, tem-se que:
⃗∇x𝐻
⃗ =𝐽
Aplicando o divergente sobre o rotacional do campo magnético e lembrando da propriedade
matemática que o divergente do rotacional é sempre nulo, tem-se que:
⃗ x𝐻
∇. ∇ ⃗ = ∇. 𝐽 = 0
Porém é sabido que esta afirmação é válida somente para correntes do tipo estacionária. Dado a
equação da conservação de carga tem-se que:
𝜕𝜌𝑣
∇. 𝐽 + =0
𝜕𝑡
Levando em consideração a lei de Gauss, ou primeira equação das equações de Maxwell, chega-se
ao seguinte resultado:
𝜕𝐷
∇. 𝐽 + ∇. =0
𝜕𝑡
Uma vez que:
⃗ x𝐻
∇. ∇ ⃗ =0
Pode-se afirmar que:
𝜕𝐷
∇. ⃗∇x𝐻
⃗ = ∇. 𝐽 + ∇.
𝜕𝑡
Dado que o operador divergente é um operador do tipo linear:
𝜕𝐷
⃗ x𝐻
∇ ⃗ =𝐽+
𝜕𝑡
73

Apêndice C
Equação de Planck Simplificada:
Dado que a energia é quantizada e assume valores, representados por 𝑛ℎ𝜈 tal que,𝑛 ∈ ℕ+
A distribuição da probabilidades dos números de partículas em um determinado estado de energia
pode ser definida como:
𝑛ℎ𝜐
𝑁(𝑛) = 𝑁0 𝑒 − 𝑘𝑡 (1)
Para simplificações de cálculo podemos expressar da seguinte forma a função exponencial:
ℎ𝜐
𝑥 = 𝑒 − 𝑘𝑡 (2)
A energia média de um sistema, 〈𝐸〉 ,pode ser obtida através da razão entre a energia total do sistema
pelo número de partículas , conforme denotado abaixo
𝑁0 ℎ𝜈(0+𝑥+2𝑥 2 +3𝑥 3 +4𝑥 4 +⋯ )
〈𝐸〉 = (3)
𝑁0 (1+𝑥+𝑥 2 +𝑥 3 +𝑥 4 +⋯ )

Aceitando o desafio proposto por Feynman, “Porém, deixaremos para o leitor brincar e se divertir um
pouco com as duas somas que aparecem aqui”[5]. Podemos fazer as seguintes substituições
𝑁0 ℎ𝜈𝐵
〈𝐸〉 = (4)
𝑁0 𝐴

Considerando a Função A, uma progressão geométrica decrescente e convergente pode-se descrever


que:

{ 𝐴 =1+𝑥+ 𝑥 2 +𝑥 3 +𝑥 4 + ⋯
𝑥𝐴 = 𝑥 + 𝑥 2 +𝑥 3 +𝑥 4 +𝑥 5 + ⋯
Fazendo as substituições tem-se que:
1
𝐴 = 1−𝑥 (5)

O mesmo para a Função B


2
{𝐵 = 0 + 2𝑥 + 2𝑥 +3𝑥 3 +4𝑥 4 + ⋯
𝑥𝐵 = 𝑥 +2𝑥 +3𝑥 4 +4𝑥 5 + ⋯
3

Fazendo a substituição novamente tem-se que:


(1 − 𝑥)𝐵 = 𝑥 + 𝑥 2 +𝑥 3 +𝑥 4
Observe que (1 − 𝑥)𝐵 é igualmente uma progressão geométrica decrescente, conforme foi deduzido
anteriormente para a incógnita A com o primeiro termo igual a 𝑥, e a razão 𝑥 logo pode-se escrever
que:
𝑥
(1 − 𝑥)𝐵 = (6)
1−𝑥

Fazendo as devidas substituições na energia média tem-se que


ℎ𝜈𝑥
〈𝐸〉 = (7)
(1−𝑥)

Dado a Eq.(2) substituindo na Eq.(7):


74

ℎ𝜐

ℎ𝜈𝑒 𝑘𝑡
〈𝐸〉 = ℎ𝜐 (8)

(1−𝑒 𝑘𝑡 )

Observe novamente que tem-se uma progressão geométrica:


ℎ𝜐
− 𝑁ℎ𝜐
𝑒 𝑘𝑡 −
ℎ𝜐 = ∑∞
𝑁=1 𝑒 𝑘𝑡 (9)

(1−𝑒 𝑘𝑡 )

Para facilitar futuras derivações pode-se escrever a função da média das energia como:
ℎ𝜈
〈𝐸〉 = ℎ𝜐 (10)
(𝑒 𝑘𝑡 −1)

Desafio aceito e realizado.


Agora um segundo desafio é determinar a energia média de um sistema termodinâmico proposto por
Boltzmann, utilizando a distribuição de energia em um corpo negro, para a qual é necessário
aproximar a unidade de energia quantizada ℎ𝜈, tendendo a zero, afim de garantir a continuidade, da
troca de energia entre partículas.
Utilizando a regra de L´Hospital tem-se que:
𝜕ℎ𝜈
| 1
𝜕ℎ𝜈 ℎ𝜈=0
〈𝐸〉 = ℎ𝜐 = ℎ𝜐 = 𝑘𝑇 (11)
1
𝜕(𝑒 𝑘𝑡 −1) 𝑒 𝑘𝑡 |
𝑘𝑇
| ℎ𝜈=0
𝜕ℎ𝜈 |
ℎ𝜈=0

Conforme queria ser provado.


75

Apêndice D
Deduzindo a constante de Planck, através da
constante de Stephan-Boltzmann.
Uma vez que a intensidade da potência é uma função da temperatura a quarta potência, será
necessário deduzir a constante de Planck através da seguinte equação para emissão de corpo
negro.
∞ 2ℎ𝜐3 1
𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝜋 ∫0 𝑐2 ℎ𝑣 𝑑𝜐
𝑒 𝑘𝑇 −1

Lembrando da seguinte relação:


ℎ𝜐 ∞
1 𝑒 − 𝑘𝑡 𝑁ℎ𝜐
ℎ𝑣 = ℎ𝜐 = ∑ 𝑒− 𝑘𝑡
𝑒 𝑘𝑇 −1 (1 − 𝑒 − 𝑘𝑡 ) 𝑁=1

Fazendo as devidas substituições tem-se a seguinte equação:



2ℎ ∞ 𝑁ℎ𝜐
𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝜋 2 ∫ 𝜐 3 ∑ 𝑒 − 𝑘𝑡 𝑑𝜐
𝑐 0
𝑛=1

Reagrupando pode-se expressar a Energia da seguinte maneira:


∞ ∞
2ℎ 𝑁ℎ𝜐
𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝜋 2 ∑ ∫ 𝜐 3 𝑒 − 𝑘𝑡 𝑑𝜐
𝑐 0 𝑛=1

Definido
𝑁ℎ
=𝛼
𝑘𝑇
Dada a definição de função gama, tem-se que:

3!
∫ 𝜐 3 𝑒 −𝛼𝑣 𝑑𝜐 =
0 𝛼4
Redefinindo

2ℎ 𝑘𝑇 4 1 4
𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝜋. 3! 2 ( ) ∑ ( )
𝑐 ℎ 𝑁
𝑛=1

Considerando que a soma da série harmônica dada por:



1 4 𝜋4
∑( ) =
𝑁 90
𝑛=1

Logo a energia total é dada por


2𝜋 5 𝑘 4 4
𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = 𝑇 = 𝜎𝑇 4
15𝑐 2 ℎ3
76

Considerando os valores empíricos da constante de Stephan-Boltzmann, 𝜎 ,dado como:


𝜎 =5.6704 × 10−8 W/m2K4
Pode-se determinar o valor de constante de Planck, que é dada como:
ℎ= 6.6260 × 10−34 J.s
77

Uma simples forma de deduzir a equação de Planck da emissão de radiação de corpo negro.

Abstract

A equação de Planck tal qual conhecida, tem-se mostrado um desafio para a compreensão da relação entre a
energia transportada por uma onda eletromagnética, e as leis da termodinâmica, em especial a entropia. Este
artigo tem como objetivo, superar esta dificuldade através do comparativo entre duas formas alternativas de
deduzir a equação do espectro da onda eletromagnética no interior de um corpo negro, uma das forma
utilizando a relação da entropia com o número de configurações, possíveis de distribuição de energia no interior
de um sistema termodinâmico, “complexões” de acordo com Planck. E uma segunda alternativa, mais simples e
de fácil dedução, utilizando a distribuição média da energia dos fótons emitidos e absorvidos no interior de um
corpo negro, ou dependendo do ponto de vista a energia média dos osciladores no interior do corpo negro.

Keywords: Corpo negro, entropia, distribuição média da energia, fótons, osciladores, complexões.

Introdução

Em meados de 1900 Planck deu início a era quântica através da formulação geral do espectro de emissão de
radiação de corpo negro. Planck partiu, do pressuposto de que os osciladores que constitui o corpo negro
emitem energia de forma discreta, o que contradizia sua própria concepção de como os corpos absorvem
energia. A sua insatisfação quanto sua própria explicação do comportamento de emissão de energia em um
corpo negro, ficou mais do que evidente quando ele denominou posteriormente a hipótese da quantização da
energia de “conjuntura fortuita” ou um “ato de desespero”.[1]

O corpo negro é basicamente um equipamento para laboratório desenvolvido por Gustav Robert Kirchhoff,
1859, constituído de paredes metálicas, e com um pequeno furo em uma das extremidades por onde era
possível ocorrer a fuga de uma quantidade de radiação de natureza eletromagnética. Uma das grandes
contribuições de Kirchhoff em suas próprias palavras foi,” Se um volume é cercado por corpos de mesma
temperatura e os raios não podem penetrar nesses corpos, então cada feixe de raios dentro deste volume tem
a mesma qualidade e intensidade que teria se tivesse vindo de um outro corpo negro na mesma temperatura e,
portanto, independente da constituição e da forma desses corpos, a radiação é determinada apenas pela
temperatura. ”

A relação entre radiação e temperatura de um determinado corpo teve início com a junção da teoria do
eletromagnetismo descrito por Maxwell com as leis da termodinâmica, e começaram de forma mais notória
através dos resultados empíricos do cientista austriaco Joseph Stephan em 1879. Stephan, professor de Ludwig
Boltzmann, estabeleceu a relação entre temperatura de um corpo e a taxa da intensidade de energia absorvida
via radiação, através da seguinte relação[2]:

𝑆 = 𝜎𝑇 4 (1)

Sendo:

S – A taxa da intensidade de Energia [W/m2]

𝜎- Constante de Stephan- Boltzmann [W/m2/K4]

T- Temperatura [K]
78

A constante de Stephan- Boltzmann 𝜎 possui a seguinte grandeza

𝜎 = 5,70. 10−8 (W.m-2.K-4)

A partir da equação empírica de Stephan, Ludwig Boltzmann, estabeleceu a relação termodinâmica entre e
energia emitida via radiação, e o conceito de pressão de radiação obtidas pelas equações de Maxwell. A energia
interna de um “gás” de radiação confinado no interior de um corpo negro em função da pressão de radiação é
definido como[19]:
1
𝑃 = ( )𝑈 (2)
3

Sendo:

P – Pressão de radiação

U – Energia interna por unidade de volume .

A partir da primeira lei da termodinâmica, Δ𝑄 = 𝑈𝑑𝑉 + 𝑃𝑑𝑉, sendo Δ𝑄, a variável que designa fluxo de calor,
e 𝑑𝑉, o diferencial de volume, e que o diferencial de trabalho Δ𝑊,é definido como Δ𝑊 = 𝑑𝑃. 𝑑𝑉. Dado que o
rendimento 𝜂, de uma máquina de Carnot é descrito como: 𝜂 = Δ𝑊⁄Δ𝑄 = 𝑑𝑇⁄𝑇. Pode-se determinar a
eficiência térmica a partir Eq.(2) substituindo apropriadamente nas relações termodinâmicas anteriores
mencionadas[4]. Logo é possível notar que:
𝑑𝑈 𝑑𝑇
𝜂 = 4𝑈 = 𝑇
(3)

Resolvendo a equação diferencial facilmente pode-se determina a Lei de Stephan-Boltzmann, como queria ser
demonstrado.

𝑆 = 𝜎𝑇 4 (4)

A Lei de radiação de Stephan Boltzmann, não discrimina o peso da contribuição que cada comprimento de onda,
na energia total envolvida, de um sistema térmico a uma determinada temperatura. Coube ao dispositivo de
Kirchhoff, agora melhorado pelo cientista alemão Wilhelm Wien, servir como um dispositivo viável para o
obtenção de dados empíricos na forma de tabelas numéricas sobre os quais serviriam como base para
estabelecer a relação entre o comprimento de onda, e a sua intensidade de energia correspondente.

Os resultados teóricos não se mostram satisfatórios, porém foi graças a lei de Wein, de 1893 que foi possível
estabelecer uma relação entre o comprimento de onda que corresponde a maior intensidade de energia, para
uma determinada temperatura. A lei de deslocamento de Wein, apresenta uma relação linear entre
temperatura e frequência, o que é uma contribuição gigantesca para a determinação da equação desenvolvida
por Planck, na sequência.

A Lei de deslocamento de Wein, portanto é descrita da seguinte forma[5]:


𝐶1
𝜆𝑚𝑎𝑥 . 𝑇 = 𝐶1 ∴ 𝑇 = 𝜈
𝑐 𝑚𝑎𝑥
(5)

Sendo

𝜆𝑚𝑎𝑥 - Comprimento de onda correspondente para intensidade máxima [m]

𝐶1 - Constante da lei de deslocamento de Wien

𝑐-Velocidade da Luz [m/s]

A velocidade da luz é 299.792.458 m/s e a constante, 𝐶1 ,apresenta o valor de 2898 µm.K.


79

Nos próximos tópicos serão abordado duas alternativas extremamente simples de deduzir a equação que
descreve a distribuição da energia na forma de radiação, em um corpo com uma determinada temperatura,
esta equação também conhecida como Equação de corpo negro de Planck. Embora já existam uma
quantidade imensa de artigos que aborde este tema, citando os artigos mais recentemente publicados sendo
estes: G. S. Ranganath, (2008) que faz uma excelente abordagem sobre o tema, intitulado “black body
radiation”, ou o artigo de Enders. P. (2015) intitulado “Historical Prospective: Boltzmann’s versus Planck’s
State Counting—Why Boltzmann Did Not Arrive at Planck’s Distribution Law”, outro é o artigo de Koh Shun-
ichiro (2002) “An interpretation of the black-body radiation”, poucos destes artigos apresentam de forma
extremamente simples, o assunto da radiação de corpo negro, alguns artigos até mesmo menos recente como
o “Planck's first and second theories and the correspondence principle” M. A. B. Whitaker (1985), embora de
excelente qualidade não aborda o tema em toda sua totalidade. O objetivo do presente artigo é fazer um
comparativo da dedução da equação do espectro de radiação, a partir da lei da entropia, que foi abordado
por Planck, e a abordagem extremamente simples e elegante apresentado por Feynman[5], também
conhecida como a derivação de Planck, realizada por Einstein em 1907.

Osciladores de Planck

As paredes metálicas do aparato experimental definido como corpo negro, é composta por osciladores
individuais similares a um sistema do tipo massa - mola, que quando excitados por uma onda do tipo
eletromagnética vibram, emitindo energia de forma difusa, devido a distribuição randômica dos osciladores nas
paredes do equipamento de corpo negro. E quanto maior a temperatura do corpo negro, maior a intensidade
que os osciladores começam a vibrar, emitindo consequentemente mais energia, na forma de ondas
eletromagnéticas.[5]

Conforme mencionados, os osciladores de Planck se comporta de forma análoga a um sistema massa mola do
tipo amortecido, e igualmente a este tipo de sistema o deslocamento sofrido pela carga presente nos osciladores
é descrito como:
̂ = 𝑋0 𝑒 −𝑖𝜔𝑡 .
𝑿 (6)

Sendo

𝜔 - Frequência angular do deslocamento

𝑋0 - Amplitude complexa do deslocamento.

𝜔0 - Frequência natural do sistema.

A equação que descreve o sistema é dado por:


𝑑2𝑿
̂ ̂
𝑑𝑿 𝑞0
+ ̂=
𝛾 𝑑𝑥 + 𝜔0 2 𝑿 ̂
𝑬 (7)
𝑑𝑥 2 𝑚

Sendo:
̂ - Campo elétrico do tipo oscilante.
𝑬

𝛾 – Coeficiente de amortecimento.

O deslocamento sofrido pela carga é descrito como:


𝑞0 𝐸0
̂=
𝑿 2 −𝜔2 +𝑖𝛾𝜔) (8)
𝑚(𝜔 0

Sendo:
80

𝑚 – Massa do elétron.

A magnitude do campo elétrico para cargas aceleradas, obtida pela equação de Lamor, Eq.(9) ,é definida como:
−𝑞.𝑎.sin 𝜃
𝐸(𝑡, 𝑟) = 4𝜋𝜀0 𝑐 2 𝑟
(9)

Sendo

𝑞 - Carga elétrica

𝑎- Aceleração da carga

𝑐- Velocidade da Luz

𝑟 - Distância.

Dado o vetor Poyting :

𝐼 = 𝜀0 𝑐〈𝐸 2 〉 (10)

A derivada segunda da função deslocamento Eq.(8), da origem a aceleração que é substituída na Eq.(9), a partir
do resultado pode-se obter o vetor Poyting em uma única direção. A energia total emitida pelo oscilador é
resultado da integral do vetor Poyting ao longo da superfície esférica, pois o oscilador emite energia em todas
as direções. Como o campo elétrico é do tipo oscilante a potência média fica caraterizada pela metade da
amplitude, 1⁄2 〈𝑬̂ 2 〉, do campo elétrico. Resumidamente o vetor Poyting fica portanto definido como:

1 8𝜋𝑟 2 𝜔4
|𝑰̂| = (2 𝜀0 𝑐𝐸0 2 ) ( 30 ) ((𝜔2 2 2 2) (11)
0 −𝜔 ) +(𝛾𝜔)

Sendo:

𝑞2
𝑟0 =
4𝜋𝜀0 𝑐 2 𝑚
A Fig. (1) apresenta o comportamento da potência de radiação emitida em resposta da frequência de oscilação
do campo elétrico excitante, obtido de acordo com a Eq.(11). O espalhamento da luz, de acordo com a Eq.(11)
é mais eficiente quando a frequência incidente é próxima a frequência natural das partículas de compõe o meio,
além de ser dependente.

Figura 7 Resposta em frequência.

A partir do gráfico 1, fica notório perceber que a troca de energia ocorre de modo efetivo somente entre
osciladores possuem a mesma frequência natural. Isto permite dividir o corpo negro em subsistemas
independentes entre si, bastando somente analisar a energia média trocada entre um subsistema característico
81

e logo na sequência o resultado obtido são extrapolados para os demais subsistemas que compõe o corpo negro.
A energia total portanto fica caracterizado pela soma da energia média de cada subsistema individual.

Na próxima secção será apresentado uma forma simplificada da troca de energia que ocorre entre os osciladores
no interior de um corpo negro.

Corpo negro

Uma onda eletromagnética é composta por dois campos perpendiculares entre si, um destes corresponde ao
campo elétrico e outra a parcela ao campo magnético. Ao incidir sobre uma carga elétrica em repouso, a
componente elétrica exerce uma força determinada pela Lei de Lorentz, induzindo a carga ao movimento.

Uma vez em movimento, a carga, fica sujeita a uma força magnética, devido o campo magnético que faz parte
da onda eletromagnética. Esta força sobre a carga da origem a pressão de radiação, pois atua na direção do
vetor propagação de onda, revelando uma outra “natureza” para luz, que é a natureza corpuscular.

A onda eletromagnética ao incidir sobre uma carga transfere uma certa quantidade de movimento, empurrando
a carga através do campo magnético. O momento é descrito em termos de energia transportada pela onda,
conforme a equação abaixo:

𝑒 = 𝑝. 𝑐 (12)

Sendo

𝑒- Energia [J]

𝑝 –Momento [J.s/m]

Em um corpo negro as superfícies da parede interna são metálica, (a condutividade elétrica em materiais
metálicos possui um valor expressivo), neste caso uma onda eletromagnética incidente sofre reflexão total, logo
a energia envolvida no sistema, é 2𝑒, pois o momento incidente é totalmente defletido. []

A energia emitida pelos osciladores que fazem parte do corpo negro se propaga em todas as direções, como
uma superfície esférica inflado na velocidade da luz. A frequência com que a energia atravessa um ponto a uma
determinada distância fixa do oscilador é a mesma frequência de onda da radiação emitida. Dado que o corpo
negro é divido em subsistemas caracterizados pela frequência característica de cada um. A taxa da intensidade
total propagada, para uma determinada temperatura é caracterizada como o somatório da energia média de
cada subsistema independente caracterizado pela frequência de osciladores. Matematicamente portanto :
2〈𝑒𝑖 〉𝜈𝑖 2
𝐼 = ∑∞
𝑖=1 𝑐2
Δ𝜈𝑖 (13)

Sendo:

〈𝑒𝑖 〉- Energia média dos osciladores para cada frequência de onda.

𝜈𝑖 - Frequência da onda emitida

𝐼 - Taxa da Intensidade total do corpo negro

Δ𝜈𝑖 - Diferencial de frequência.

Na próxima secção será apresentado como é possível determinar a média da energia emitida pelos osciladores
de Planck 〈𝑒𝑖 〉, Utilizando em um primeiro momento o método da entropia de Boltzmann, e em um segundo
momento a abordagem apresentado por Feynman.
82

Entropia de Boltzmann.

O cálculo da energia média dos osciladores, 〈𝑒𝑖 〉, depende da quantidade das maneiras distintas e possíveis de
distribui a energia para um determinado sistema termodinâmico.

Para ilustrar o conceito de configurações abordado por Planck, a Tab.(1) apresenta as diferentes maneiras de se
distribuir entre 6 partículas indistinguíveis 8 pacotes de energia. Para a primeira situação por exemplo, tem-se
6 formas distintas do sistema termodinâmico representar uma situação na qual uma única partícula tem oito
pacotes de energia, 𝑛8 = 1,e 5 partículas não possui pacote algum de energia, 𝑛0 = 5. Todas estas 6 formas
diferentes, corresponde ao microestado, que representam um macroestado.

Através da Eq.(14),é possível determinar a quantidade de microestados de um macroestado. Para o caso da


distribuição da energia entre partículas em um sistema termodinâmico.
𝑁!
𝑊=𝑛 (14)
0 1 !…
!𝑛

Sendo

𝑊-Número total de configurações, quantidade de microestados.

𝑁- Total de partículas presente no sistema

𝑛𝑖 - Quantidade de partículas com 𝑖 pacotes de energia.


Tabela 2 Mapa da distribuição da energia para um sistema formado por 8 pacotes de energia distribuído entre 6 partículas.

Macroestado 𝑛0 𝑛1 𝑛2 𝑛3 𝑛4 𝑛5 𝑛6 𝑛7 𝑛8 W
1 5 0 0 0 0 0 0 0 1 6
As 2 4 1 0 0 0 0 0 1 0 30
3 4 0 1 0 0 0 1 0 0 30
4 4 0 0 1 0 1 0 0 0 30
5 4 0 0 0 2 0 0 0 0 15
6 3 2 0 0 0 0 1 0 0 60
7 3 0 2 0 1 0 0 0 0 60
8 3 0 1 2 0 0 0 0 0 60
9 3 1 1 0 0 1 0 0 0 120
10 3 1 0 1 1 0 0 0 0 120
11 2 0 4 0 0 0 0 0 0 15
12 2 2 0 2 0 0 0 0 0 90
13 2 1 2 1 0 0 0 0 0 180
14 2 2 1 0 1 0 0 0 0 180
15 2 3 0 0 0 1 0 0 0 60
16 1 4 0 0 1 0 0 0 0 30
17 1 3 1 1 0 0 0 0 0 120
18 1 2 3 0 0 0 0 0 0 60
19 0 4 2 0 0 0 0 0 0 15
20 0 5 0 1 0 0 0 0 0 6

diferentes formas de como distribuir 𝑚 pacotes de energia entre 𝑛 partículas ou osciladores indistinguíveis,
pode ser determinado através da equação da distribuição Bose-Einstein, que é descrita como:
(𝑚+𝑛−1)!
𝑊 = (𝑚)!(𝑛−1)! (15)
83

No caso abordado na tabela, existe um total de 1287 formas distintas de se distribuir os oito pacotes para seis
partículas indistinguíveis, esta quantidade pode ser obtida tanto somando os todos os microestados da Tab.(1),
quanto aplicando a equação de distribuição de Bose-Einstein.

De acordo com os dados apresentados na Tab.(1) dentre todas as configurações que caracterizam este sistema
termodinâmico (6 partículas e 8 pacotes de energia) os macroestados que corresponde ao número 13 e 14 são
os mais prováveis de ocorrerem em comparação com os demais. A entropia de um macroestado, que caracteriza
um sistema termodinâmico é determinado pela relação de Boltzmann, e é dada por:

𝑆 = 𝑘. ln(𝑊) (16)

𝑘 – Constante de Boltzmann

Aplicando a identidade de Stirling, 𝑥! = (𝑥 ⁄𝑒)𝑥 , a Eq.(16) passa a ser expressa como:

𝑆 = −𝑘. 𝑁 ∑𝑁
𝑖=1 𝑝𝑖 ln(𝑝𝑖 ) (17)

Maximizando a Eq.(16) e acrescentando as variável 𝛼 e 𝛽, que indicam respectivamente a conservação do


número de partículas e conservação da energia em um sistema termodinâmico[] pode-se determinar o número
esperado de partículas que contém uma quantidade 𝜀𝑖 de energia[] , que é dado por:
𝜀𝑖
𝑁 = 𝑁0 𝑒 −𝑘𝑇 (18)

Sendo:

𝜀𝑖 - Quantidade 𝜀𝑖 energia

𝑁0 - Número de partículas sem energia, 𝜀𝑖 = 0.

No artigo de Planck publicado 1900 em Berlim, intitulado “On the Theory of the Energy Distribution Law of the
Normal Spectrum” Planck utiliza como exemplo, como distribuir 100 pacotes de energia entre 10 osciladores, as
configurações possíveis, foram denominadas por Planck de “complexion”. No exemplo ilustrado por Planck a
primeira partícula recebeu 7 pacotes de energia, a segunda três pacotes de energia, e assim sucessivamente
conforme apresentado na sequência[14].

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
7 3 8 11 9 2 20 4 4 5

Para um número grande de partículas a Eq.(15) pode ser escrita de forma aproximada, tal como:
(𝑚+𝑛−1)! (𝑚+𝑛)𝑚+𝑛
𝑊 = (𝑚)!(𝑛−1)! ~ (𝑚)𝑚 (𝑛)𝑛
(19)

Aplicando a definição de entropia de Boltzmann:

𝑆 = 𝐾[(𝑚 + 𝑛) ln(𝑚 + 𝑛) − (𝑚)ln(𝑚) − (𝑛)ln(𝑛) + (𝑚 + 𝑛) ln(𝑛) − (𝑚 + 𝑛) ln(𝑛)] =


𝑚 𝑚 𝑚 𝑚
= 𝐾𝑁 [(1+ 𝑛 ) ln (1+ 𝑛 ) − ( 𝑛 ) ln ( 𝑛 )] (20)

Dado a variável 𝑈 que representa a energia interna do sistema. A variável, 𝜀 , representa a energia discreta de
cada pacote 𝑚 possui, e a energia média do sistema termodinâmico, 〈𝜀〉. O quantitativo de cada variável são
definidas respectivamente como: 𝜀 = 𝑈⁄𝑚 〈𝜀〉 = 𝑈⁄𝑛. Reorganizando a Eq.(20) pode-se determinar que:
〈𝜀〉 〈𝜀〉 〈𝜀〉 〈𝜀〉
𝑆 = 𝑁𝐾 [(1+ 𝜀
) ln (1+ 𝜀
) − ( 𝜀 ) ln ( 𝜀 )] (21)

A partir da relação da termodinâmica entre entropia e calor médio pode-se definir facilmente que:
84

1 𝑑〈𝑠〉 𝐾 𝜀
𝑇
= 𝑑〈𝜀〉 = 𝜀 [ln (1+ 〈𝜀〉)] (22)

Isolando a energia média:


𝜀
〈𝜀〉 = 𝜀 (23)
𝑒 𝑘𝑇 −1

A partir da relação linear da Lei de Deslocamento de Wein, Planck estabelece que o pacote de energia, 𝜀 pode
ser obtido através da seguinte relação:

𝜀 = ℎ. 𝜈 (24)

Fazendo as devidas substituições da Eq.(24) na Eq.(23), e Eq.(13) é possível determinar a intensidade da radiação
térmica em função da frequência de onda.
2ℎ𝜈 3 1
𝐼(𝜈) = ℎ𝜈 (25)
𝑐2
𝑒 𝑘𝑇 −1

Distribuição média das energias entre partículas

Uma forma muito mais simples de obter a energia media é através da própria definição matemática de média
de uma grandeza física qualquer, que é calculado da seguinte forma:
𝜀
∞ −
∫0 𝜀.𝑒 𝑘𝑇 .𝑑 𝜀
〈𝜀〉 = ∞ −
𝜀 (26)
∫0 𝑒 𝑘𝑇 .𝑑𝜀

A energia é absorvida pelos osciladores de forma discreta conforme a suposição Planck. A distribuição de
probabilidade de Boltzman, Eq.(18), determina qual é a quantidade esperada de partículas que ocupam um
determinado nível de energia em questão. Tendo em vista estas duas afirmações e considerando para a
ℎ𝜐 𝑛ℎ𝜐
simplificação de cálculo que 𝑥 = 𝑒 −𝑘𝑇 , logo 𝑥 𝑛 = 𝑒 − 𝑘𝑇 . Pode se afirmar que:

∑𝑛𝑖=1 𝜀𝑖 . 𝑛𝑖 𝑁0 0. 𝑥 0 + 𝑁0 ℎ𝜈. 𝑥 1 + 𝑁0 2. ℎ𝜈. 𝑥 2 + ⋯


〈𝜀〉 = = =
∑𝑛𝑖=1 𝑛𝑖 𝑁0 𝑥 0 + 𝑁0 . 𝑥 1 + 𝑁0 . 𝑥 2 + ⋯
ℎ𝜈(0𝑥 0 +1𝑥 1 +2𝑥 2 +3𝑥 3 …..)
= (1+𝑥 1 +𝑥 2 +𝑥 3 … )
(27)

O denominador da Eq.(27) forma uma progressão geométrica decrescente e convergente de razão 𝑥, cujo o
primeiro elemento 𝑎1 = 1. Logo:
𝑎 1
lim (1 + 𝑥 1 + 𝑥 2 + 𝑥 3 … + 𝑥 𝑛 ) = 1−𝑥
1
= 1−𝑥 (28)
n→∞

Para o numerador pode-se realizar a seguinte simplificação.


0 1 2 3
{𝐴 = 0𝑥 2+ 1𝑥 3+ 2𝑥 4+ 3𝑥 … . (29)
𝑥𝐴 = 1𝑥 + 2𝑥 + 3𝑥 … … … . .
Reagrupando pode-se definir que:
𝑥
(1 − 𝑥)𝐴 = 𝑥 1 + 𝑥 2 + 𝑥 3 … + 𝑥 𝑛 = (30)
1−𝑥
85

Logo, a partir dos resultados obtidos pela Eq.(30) e Eq.(28), e tendo em vista a Eq.(27). A energia média dos
osciladores de uma corpo negro 〈𝜀〉 , e a função de equipartição de energia 𝑍 podem respectivamente serem
expressas como:
ℎ𝜐
𝑛ℎ𝜐 −
ℎ𝜈 − 𝑒 𝑘𝑇
〈𝜀〉 = ℎ𝜐 ⋀ 𝑍= ∑∞
𝑛=1 𝑒 𝑘𝑇 = ℎ𝜐 (31)

𝑒 𝑘𝑇 −1 1−𝑒 𝑘𝑇

Substituindo a energia média 〈𝜀〉, da Eq.(31) na Eq.(13) é possível igualmente obter a Eq.(25), como o esperado.

Derivando com relação a temperatura a energia média, 〈𝜀〉, é possível determinar o calor específico de um
material sólido, conhecido como sólido de Einstein, composto por 𝑁 osciladores distintos com os 3 graus de
liberdade.
ℎ𝜐
ℎ𝜈 2

𝑑〈𝜀〉 𝑒 𝑘𝑇
𝑑𝑇
= 𝐶𝑣 = 3𝑁𝑘 (𝑘𝑇) ℎ𝜐 2
(32)

(1−𝑒 𝑘𝑇 )

O resultado da derivada da intensidade do espectro de emissão do corpo negro, pela frequência igualada a zero
resulta na lei de deslocamento de Wein, como o esperado pelo próprio Planck.

Em 1912, Planck reformula a equação de corpo negro, corrigindo a Eq.(25), acrescentando um termo que até
então era ignorado. Para obter novos resultados, é considerado a seguinte expansão de Taylor da função
𝑥2
exponencial: 𝑒 𝑥 = 1 + 𝑥 + 2
+ ⋯ . Substituindo na Eq.(31) é possível determinar a energia média do sistema
para altas temperaturas 𝑘𝑇 ≫ ℎ𝜈, que pode ser expressa como [17]:
ℎ𝜈 1
〈𝜀〉 = ℎ𝜐 1 ℎ𝜐 2
≈ 𝑘𝑇 − 2 ℎ𝜈 (33)
1− + ( ) −1
𝑘𝑇 2 𝑘𝑇

A intensidade emitida pelo corpo negro, considerando as novas descobertas de Planck passa a ser escrita de
forma definitiva como:
2ℎ𝜈 3 1 1
𝐼(𝜈) = 𝑐2 ℎ𝜈 + 2 ℎ𝜈 (34)
𝑒 𝑘𝑇 −1

O novo termo é conhecido para a energia mínima que o corpo pode apresentar também conhecida como ponto
zero de Planck.

Conclusão

Em um primeiro momento o artigo apresenta um problema de como obter e interpretar a curva de emissão de
corpo negro de uma forma simples, sem a necessidade profunda de uma cálculo avançado.

Os passos seguidos foram reinterpretar os fenômenos eletromagnéticos abordado de acordo com a visão
ondulatória do comportamento da luz, e adapta-los para o problema de corpo negro, para compreender melhor
de como Planck, conseguiu chegar tão longe, na dedução da equação que deu origem a mecânica quântica.
Primeiramente, foi deduzido que diferentemente dos “átomos” de gás de Boltzmann, que trocavam de energia
entre si, independentemente de sua natureza, os osciladores de Planck, trocam de energia somente com
osciladores similares, devido a ressonância, um fenômeno de natureza ondulatória. Esta restrição de troca de
energia permite fragmentar o corpo negro, em n-sistemas distintos e que não interagem entre si. Na sequência
foi obtida a intensidade de energia de um corpo negro, com base na teórica corpuscular dos fótons, por ser mais
simples, porém o texto deixa claro que graças a peculiaridade de como o campo elétrico e magnético estão
configurados em uma onda eletromagnética, é que foi permitido que Planck ainda sustentasse a ideia da teoria
ondulatória e prosseguisse com suas investigações.
86

Feitas as considerações, sobre pressão de radiação, outro passo foi determinar a energia média dos osciladores.
Planck utiliza da entropia de Boltzmann, para determinação da energia média, o artigo apresenta uma forma
alternativa já altamente conhecida sobre o cálculo da energia média, porém faz uso de ferramentas matemática
simplórias como somatório de uma PG, para chegar no mesmo resultado.

Algumas outras conclusões são relevantes de serem mencionadas uma delas é que: Para frequências muito
baixa, a energia média 〈𝜀〉 assume o resultado de 𝑘𝑇, conforme esperado pela distribuição contínua de energia
de Boltzmann. A energia “quantizada” de Boltzmann referente a velocidade de partículas gasosas, assumia
valores infinitesimais, nesta condição a energia média é calculada através da integral conforme a Eq.(26), porém
para frequências elevadas, 𝑘𝑇 ≪ ℎ𝜈 cálculo da integral da média da energia conduz a erros crassos, pois a
energia deixa de ser infinitesimal, e passa a assumir um valor considerável, resumidamente aproximando a área
de baixo da curva através do método de trapézios de base ℎ𝜈, para frequências altas, apresenta valores
discrepantes quando comparado com o cálculo da área obtido através de uma integral direta.
87

Referências

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