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O MEU ANJO T…
de dudaahfonseca   

|CAPÍTULO 3|
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de dudaahfonseca

Istambul, Turquia a
4

Minhas mãos estão latejando de dor. O arrame

farpado preso na corrente fez um belo estrago.
Engulo em seco e desvio o olhar do corpo do
soldado. a
1

Eu sou um ser humano horrível. a

3

— Vestiário. Em quinze minutos na área de

pressão — Ordena o treinador titular. a
2

Encaro os olhos do líder da Çukur escondendo

toda a dor e cólera que estou sentindo. Ele é o
meu pai, mas não concordo com as diretrizes
que exige que a família siga. E neste momento
sinto mais raiva ainda por lembrar que
entregou a minha irmã caçula para um homem
estranho que tem idade para ser seu avô. a
5

Jogo a faca no descarte de armas utilizadas

durante os treinos e sigo para o vestiário
feminino. Abro o armário velho, puxo minha
mochila e entro na última cabine individual,
trancando-a em seguida. a
2

Dispo-me largando a roupa de qualquer jeito e

entro debaixo da água gelada respirando em
sorvos. Fecho os punhos no ladrilho antigo
tentando engolir o choro. As cabines ao meu
lado e frente estão ocupadas, alguma das
garotas pode escutar e informar para o
treinador; obviamente chegará nos ouvidos do
meu pai. a
4

Sem conseguir controlar, viro o rosto para o

lado esquerdo, ergo transpasso meu braço
direito na frente do esquerdo e mordo com
toda a força a pele antes da curva do cotovelo.
Lágrimas salta dos meus olhos, e os fecho mais
ainda. Preciso de alívio. a
2

Paro de morder quando sinto o gosto de fel na

boca. Abro os olhos tremendo, percebendo o
estrago que fiz na minha pele. Rapidamente
busco na memória quando está marcado meu
checape. a
2

As mulheres da família passam por um

checape periódico. É uma das formas que os
homens da Çukur utilizam para nos controlar.
Além dos exames médicos de rotina passamos
pela humilhante avalição com a ginecologista
para comprovar se ainda somos virgens — ou
puras, como os integrantes dessa família
costumam falar. a
4

Faço uma careta de dor sentindo a região que

cravei os dentes palpitar. Será cerca de duas
semanas ou mais para o roxo e marca sair. Isso
se chegar a limpar por completo. a
3

Merda. a
2

***

O suor escorre na minha testa. Prossigo

segurando firme na barra fixa sem olhar para
baixo. Qualquer coisa menos olhar para as
estacas com pontas em formato de triângulo.
Dos trinta que vieram treinar na área de
pressão, quatro perderam a vida por não
suportarem mais. a
2

— Cinco minutos.

Malditos cinco minutos. a

2

Acabo fazendo careta ao sentir meu braço e

mãos feridos latejarem de dor. Sequer pude
enfaixar minhas mãos. Meu pai solicitou
alguns dos que estavam treinando,
provavelmente querendo exibir seus soldados
para seus aliados. Engana-se quem conjectura
que o senhor Riza tem piedade de mim por ser
sua filha. a
4

A HISTÓRIA CONTINUA ABAIXO

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conteúdos educativos sobr…
Inteligência Financeira

Quando era pequena as coisas eram muito

piores. a
4

— Acabou! a
1

Movo minhas mãos entre as barras ansiando

chegar o quanto antes em terra firme. Fixo
meus pés na terra controlando a respiração e
dor que estou sentindo. a
2

— Seu pai está solicitando sua presença no

escritório dele. a
2

Informa o treinador secundário sem disfarçar

seu olhar de desdém. Nenhuma mulher
destinada ao campo de guerra foi tão bem
sucedida quanto eu. E isso os perturba, e
muitos julgam que meu pai tem dedo nisso.
Porém, quando sou colocada a prova mostro o
motivo de estar no nível que estou. Não me
orgulho de ser uma máquina perversa. Apenas
aceito que esse é meu dever dentro da família
para nos proteger e proteger o legado histórico
da Çukur. a
3

Nasci para matar. Infelizmente não pude

escolher. a
6

Meneio a cabeça assentindo. Entro no

elevador, aperto no botão do segundo andar.
Peço para o assistente do meu pai avisar que
estou aqui.

— Pode entrar, senhorita Ayla.

Profere assim que desliga o telefone fixo.

Bato na extensa porta de madeira. Escuto a voz

rouca autorizando minha entrada. Ando até o
meio do escritório de cabeça baixa.

— Solicitou minha presença, baba.

— Venha aqui.

Ergo a cabeça e noto álcool 70%, pacotes de

gazes e embalagens de curativo prontos.

Paro próximo a ele, que está em pé diante da

janela.

— Vire as palmas das mãos para cima, filha. a

1

— Eu posso fazer isso, baba.

Não estou acostumada com meus pais, ou

qualquer outra pessoa cuidando dos meus
ferimentos. Quando são mais profundos a
enfermeira ou médica, que trabalha para a
família, trata. a
2

— Sei que pode. a

1

Joga uma boa quantidade de álcool nas gazes

e começa a aplicar na lesão. Aperto os lábios
reprimindo a vontade de gritar e xingar.

— Tenho orgulho de você, Ayla. a

6

Prefiro continuar calada. a

1

— Sei que está preocupada com o casamento

da sua irmã. a
9

— Beren só tem dezesseis anos. Eu me caso no

lugar dela. a
2

— Seus irmãos tem muita sorte de tê-la. Sei

que faria qualquer coisa pela nossa família,
pela Çukur. a
4

Eu faria qualquer coisa pela Beren. Pela Demet

já não sei, pois seu egoísmo e frieza comigo e
nossa irmã caçula deixa claro que não se
colocaria no fogo por nossa causa. O nojo e
raiva que sinto pelo Kenam são inestimáveis, e
mesmo assim tenho a obrigação de proteger o
futuro líder da Çukur. a
1

— Não posso voltar no acordo. As máfias estão

passando por uma grande crise por conta das
Organizações justiceiras. Quanto mais aliados
eu fizer, melhor para nós. a
5

Abre o curativo pronto e cobre toda a área

machucada.

— Em breve chegará um grande carregamento.

Conto com você para que não tenhamos
problemas.

— Armas?

Não contenho a curiosidade. Papai disse que a

Çukur não se envolveria mais com o tráfico
humano. E isso trouxe um pouco de alívio para
o meu interior. No entanto, estou desconfiada
da sua decisão há tempos. Ele ainda mantém
os dois navios, que usa para exportar as
pessoas traficadas para outros países sem
chamar atenção. a
5

A HISTÓRIA CONTINUA ABAIXO

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— Também.

É sisudo na resposta.

— Obrigada.

Suas mãos seguram o meu rosto marcado

pelos socos que levei.

— Luz da lua. — Fala o significado do meu

nome em nossa origem. — Destemida, forte,
linda. Você é diferente dos seus irmãos.
Sempre disse isso por ser verdade. Ficarei
tranquilo quando me aposentar e seu irmão
assumir, pois você será o equilíbrio que Kenam
precisa. a
11

Quero vomitar. Forço um pequeno sorriso

fitando os olhos escuros do meu pai.

Rio de Janeiro, Brasil. a

4

Lia continua agarrada no meu pescoço. Escuto

seu fungar baixinho. Não está sendo fácil para
mim ficar longe da minha família,
principalmente dos meus irmãos. a
5

— Princesa, vamos nos falar todos os dias. a

1

— Já estou com muita saudade, grandão. —

Funga descolando o rosto do meu pescoço, e
esfregando seus olhinhos. — Amanhã tenho
aula de dança, e só você sabe fazer trança
direito no meu cabelo. a
7

— Eu ensinei para os nossos pais como fazer.

Eles vão conseguir, bebê.

— Tenho minhas dúvidas. — Resmunga

Manassés, levando uma cotovelada de leve do
Átila. a
7

— Viu só, grandão. Até o chato do Manassés

sabe que os nossos pais não sabem fazer
trança como você. — Cochicha, tocando no
meu brinco com seus dedinhos espertos. —
Fica, irmãozinho. a
4

Beijo sua testa demoradamente.

— Estou indo a trabalho. Quando os nossos

pais forem me visitar vocês irão também. Sabe
que não consigo ficar muito tempo longe das
minhas pessoas preferidas. a
1

— Eu sou a sua preferida. — Resmunga Lia. a

1

Sorrio acariciando a bochecha rosada pelo sol.

— Cuidem um do outro, e tentem não arranjar

problemas.

— Claro, irmão. — Diz Átila abrindo um enorme

sorriso. a
6

— Problemas são coisas do passado, mano. —

Fala Thor. a
8

— Nem sei mais o que é problema. — Profere

Manassés.

— Eu nunca me meto em encrenca, grandão.

Conhecendo os pirralhos, peço:

— Ergam as mãos, pirralhos. — Encaro Lia que

mantém uma expressão séria para os nossos
irmãos como se estivesse os avaliando. — Você
também, princesa.

Bufa baixinho e faz o que pedi. Certo, nada de

dedos médios e indicadores cruzados.

Nossos pais se aproximam.

— Tudo certo para a viagem.

Papai avisa e observo o piloto conversando

com o copiloto. Estamos no hangar localizado
na terra da família. Ano passado adquirimos
um jatinho para ficar a minha disposição
enquanto eu estiver na minha empreita em
Istambul.

A HISTÓRIA CONTINUA ABAIXO

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Lia desce do meu colo, aparentemente mais

conformada. Nos afastamos das crianças para
ter mais privacidade. Os observo correndo
pelo hangar atrás do Kostas, que apesar de
reclamar não vive sem nenhum dos pirralhos
da família por um dia sequer. a
10

— Perdi as contas de quantas vezes indaguei

isso a você, mas preciso escutar de novo. Tem
certeza, filho? a
1

— Tenho, pai.

— As coisas que Luri descobriu não foram nada

boas. Cem e os filhos dele são membros da
Çukur. a
8

— O que me deu mais munição para me vingar.

Além disso, a porcaria da Çukur está na nossa
lista, mãe.

— Principalmente agora que voltaram a

traficar pessoas. O foco da colmeia sempre
será combater o tráfico de pessoas. A Çukur
havia parado, porém um navio deles foi visto
por um dos nossos. a
3

Comenta o doutor Enzo Lacerda com os olhos

fixos em mim. Meus pais estão sofrendo com a
minha partida. Estou indo sem data para
voltar, se eu regressar para casa. Amo a
Turquia, mas lá não é mais o meu lar. Deixou
de ser quando arrancaram minha mãe
biológica e eu da nossa cidade. a
3

— Sabe que pode nos ligar a qualquer instante.

E se por um acaso a paralisia voltar... a
3

Puxo minha mãe para um abraço apertado.

Beijo sua cabeça sentindo uma saudade
enorme se instalar no meu peito. A doutora
Jasmim Rosenberg Lacerda sabe melhor do
que ninguém a dor que carrego dentro de mim
por tudo que vivi no inferno. Mamãe é uma
sobrevivente do tráfico humano e do infeliz
que fez dela sua escrava por anos. a
1

Sinto-me péssimo por ocultar que a paralisia

do sono e TSPT continuam me destruindo. a
2

— Por favor, mãe, não precisa chorar. — Limpo

suas lágrimas com carinho. a
1

— É que... deixa para lá. Amo você, filho. E não

hesite em ligar caso precise de ajuda com
qualquer coisa que seja. a
1

Essa é a minha família. Anuo com um pequeno

sorriso contido. a
2

— Não ouse desobedecer a sua mãe, meu filho.

Se não vai sobrar para mim também. — Meu
pai fala humorado e segura meus braços. Sou
alguns centímetros mais alto que ele. — Caso
algo saio fora do imprevisto, ligue e iremos
voando até você, entendeu? a
7

Meneio positivamente emocionado. Recebo

seu beijo no meu rosto e um abraço afetuoso.

Até hoje não consegui me acostumar com o

carinho e respeito demasiado da minha
família. Em comparação de como eu era
quando cheguei tive uma grande evolução
tendo ajuda de todos os integrantes da família
e profissionais ligados ao bem-estar
psicológico. a
2

Meus irmãos vêm para cima de mim. Nos

abraçamos em grupo. a
4

Vinte minutos depois preciso entrar no jatinho.

Aceno para eles e sigo em direção as escadas
da aeronave. Serão mais de doze horas de voo.
Confiro o horário no relógio de pulso Cartier,
são nove horas e quinze minutos. a
1

— Já que teremos uma longa viagem pela

frente, vai me ajudar a fazer meu perfil nesse
aplicativo de namoro. a
12

Sento-me na confortável poltrona, começando

a colocar os cintos de segurança.

— Estarei ocupado lendo os desempenhos dos

advogados que fazem parte da nova sede da
advocacia.

— Não quero chocar minhas futuras

pretendentes. Então, não irei colocar de cara:
solteiro, rico, gostoso e garanto orgasmos. a
15

O comissário de bordo, que trabalha para a

família há alguns anos, passa as
recomendações e oferece bebida. Aceito água
com limão e gelo.

Pondero o que o Kostas disse. Ele realmente é

rico. Os membros da organização têm uma
excelente condição financeira, e os que
trabalham fazendo a segurança da família
ganham muito mais. Somos generosos. a
2

— Pode colocar que está à procura de novo

amor. a
2

— Que sem graça, garoto problema. A ursinha

com certeza estaria cheia de ideias. a
3

Ele anda me comparando bastante com a

Arizona. Acho que é um tipo de joguete para vê
se acabo o aceitando mais na minha vida.
Tenho o bastante do Kostas. a
2

— Irei colocar que adoro ler romances eróticos.

Os que tem mais putaria são os meus
preferidos. a
15

— Ótima ideia.

— Você não está sendo irônico. a

1

Contenho a vontade de ri.

— Não estou. Segundo o que meu pai, avô, tios

e meus melhores amigos disseram: mulheres
gostam quando homens são leitores assíduos,
principalmente de romances, sendo dos
clássicos até os contemporâneos eróticos. a
10

A única experiência que tenho com mulher é

fazendo sexo sujo e carnal no clube de sexo.
Fora isso, nada. Claramente não sou a melhor
pessoa para dá ideias ao Kostas. a
13

NOTA: Gente, eu confundi o que havia dito

kkkkk não coloquei na segundo pq na minha
cabeça eu não tinha marcado para segunda,
e sim falado que depois do dia 18 iria
conseguir atualizar com mais frequência.
Enfim, aqui está o capítulo. a
1

Quem puder vai na amazon.com.br adquirir

meu novo livro MINHA MELHOR VERSÃO É
VOCÊ comédia romântica hot ambientada no
RJ. a
1

Desafio de 480 comentários para liberar o

próximo sexta-feira.

ALERTA SPOILER a
4

Minhas mãos tremem quando abro a porta da

casa que cresci. Quando entro uma enxurrada
de lembranças me bombardeiam. A casa com
pátio permanente tipicamente em três pisos.
Uma arquitetura antiga e tradicional de
Mardin. Está tudo destruído, acabo, feio. a
2

Assusto-me quando escuto minha mãe

biológica cantarolando, enquanto carrega uma
bandeja com a carne de cordeiro que
preparava com suas mãos abençoadas. Logo
atrás dela me vejo aos sete anos carregando os
pratos. Coloco a mão no meu peito esquerdo
emocionado sentindo o vento bater contra o
meu corpo trazendo as poucas lembranças
bonitas que tenho da minha infância. a
1

Eu vou matar o Cem Çelik e todos os

envolvidos. a
12

Continua a ler o próximo capítulo



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    
Deixe um comentário

RegianeAlmeida293 
 há 2 dias
Espera seu futuro genro chegar vc vai
ver só
Responder

Juju87894 
out 08
Caralho n pode nem chorar pqp
Responder

Divirta-se mais e melhor

Visit Orlando

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