Você está na página 1de 8

o Cap.

& • AÇÖES CONSTITUCIONAIS

o termo inicial para a formalização de mandado de dos afetados (atingidos) pela proteção do manda-
segurançapressupöe a ciência do impetrante, nos mus. Nesse sentido, podemos a rmar que o mes-
termosdos arts. 3° e 26 da Lei n° 9.784/99, quando mo se apresenta como: uma ação constitucional
oato impugnado surgir no âmbito de processo ad- de natureza civil e procedimento especial, que visa
ministrativo do qual seja parte.139 a proteger direito líquidoe certo da coletividade'4
8) Sobre o novo CPC de 2015, o seu art. 219 (direitos coletivos, difusosl“ e individuais homo-
estabelece,que "na cóntagem de prazo em dias, gêneos), lesionado ou ameaçado de lesão, não
estabelecidopor lei ou pelo juiz, computar-se-ão amparado por Habeas Corpus ou Habeas Data,
somenteos dias úteis". A questão aqui é se este art. em virtude de ilegalidade ou abuso de poder pra-
219 do CP 2015 é aplicado para o prazo do man- ticado por autoridade pública ou agente jurídico
dadode segurança? Ou seja, se a partir dessa nor- (privado) no exercício de atribuições públicas.
mao prazo de 120 dias deverá ser contado em dias Certo é que a recente Lei no 12.016/09 deixa
úteis.Por óbvio que não, pois o art. 219 aplica-se assente, de forma expressa, que os direitos prote-
apenas aos prazos processuais, ou seja, àqueles gidos pelo mandado de segurança coletivo podem
prazos para a prática de atos dentro do processo. ser, os direitos: a) coletivos, assim entendidos,
já o prazo de impetração do Mandado de Segu- para efeito da Lei, os transindividuais, de natureza
rança, em regra, não é processual, de forma que indivisível, de que seja titular grupo ou categoria
eledeve ser contado de forma corrida (e não em de pessoas ligadas entre si ou com a parte con-
dias úteis). Porém, existe uma exceção. Essa será trária por uma relação jurídica básica; b) indivi-
nocaso de mandado de segurança contra ato ju- duais homogêneos, assim entendidos, para efeito
dicial, na qual o prazo máximo para impetração da referida Lei, os decorrentes de origem comum
será contado em dias úteis. O fundamento é do e da atividade ou situação especí ca da totalidade
queneste caso o prazo terá natureza processual já ou de parte dos associados ou membros do impe-
quecorre dentro do processo., Assim, por exem- trante. Porém, devemos salientar que, além dos,
plo, se é prolatada uma decisão judicial irrecor- ora citados, direitos coletivose individuais homo-
rível, a parte prejudicada terá 120 dias úteis para gêneos, devemos acrescentar os direitos difusos.
impetrar mandado de segurança.0 Embora a Lei tenha olvidado sobre os mesmos,
9) Por último, é mister salientar que, se o eles também devem ser objeto de mandado de se-
mandamus é impetrado de forma preventiva em gurança coletivo. Aliás, chega a ser risível (e ina-
virtude de ameaça de lesão a direito líquido e cer- dequado à luz do sistema de proteção das tutelas
to, não há que se falar em prazo decadencial de coletivas) o argumento de que pela falta de inclu-
120 (cento e vinte) dias, na medida em que, en- são no novo diploma legal, eles não poderiam ser
quanto perdurar a ameaça, há a possibilidade de objeto de MS coletivo.
interposiçãodo writ.41 Corroborando com nosso posicionamento,
temos que "andou mal o legislador, ao tentar ex-
2. MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO cluir- ou deixar de incluir- os direitos difusos
dentre aqueles que podem ser protegidos através
2.1. Conceito
do mandado de segurança coletivo". (...) De qual-
A rigor, a sua conceituação é a mesma'42 do quer modo, a omissão do legislador em deixar de
mandado de segurança individual, com exceçāo

desegurança tradicional por intermédio da tutela jurisdicional coletiva. [.]


O adjetivo coletivo diz respeito à forma de exercer-se a pretensão manda-
139.RMS32487/RS, STF.1 Turma. Rel. Min. Marco Aurélio, julgado mental e não propriamente a preternsão deduzida em si mesma. Portanto, o
em07.11.2017 (Informativo 884). mandado de segurança poderá ser utilizado para a tutela de direitos difusos,
140.CUNHA, Leonardo Carneiro da. A Fozenda Pública em Julzo. Rio coletivos ou individuais[..J" In: Almeida, 2007, p.412.
de lanero: Forense, 2016, p. 562. Também In: Márcio André Cavalcante, 143. Atençāo à seguinte digressão: "O que de ne o mandado de se-
DizeroDireito,2016.
gurança como ação coletiva ou não é o seu objeto materiale não (apenas)
141.DIPIETRO,Maria Sylvia, Direito administrativo, 2003, p. 675. Nesse a simples legitimidade ativa coletiva. [.J para se de nir o mandado de segu-
sentido,também é a jurisprudência do STJ, conforme a ementa:"Proces- rança impetrado como sendo ação coletiva ou individual, torna-se impres-
SualCivile Tributário. Recurso especial. Mandado de segurança preventivo. cindivel a análise da causa de pedir e do pedido formulado concretamente."
Prazodecadencialde 120 dias. Não aplicação. 1. Tratando-se de mandado In: Almeida, 2007.Estes envolvem ilegalidade ou abuso de poder que cau-
desegurançapreventivo, não há por que se falar em prazo decadencial de sam lesão ou ameaça de lesão a direitos líquidos e certos coletivos.
120dios.2.Recursoespecial provido." (STJ,2 Turma, REsp n° 652046/RJ, Rel. 144. É bom que o leitor seja informado, que, ainda existe corrente mi-
Mn.JoãoOtávio Noronha, j. em 24.08.2004) noritária (e inadequada a nosso ver, apesar da falta de referência dos direitos
142.Conformeposlcionamento majoritário: "-JO mandado desegu- difusos na nova Lei do MS) que entende não caber mandado de segurança
Tançacoletivonada maiseédo que a possibilidade de impetrar-se o mandado coletivo para a defesa de direitos ou interesses difusos.

(577
fi
fi
fi
fi
CURSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL • Bernardo Gonçalves Fernandes

incluir os direitos difusos no rol do art. 21 da Lei senador da República, não havendo a exigênciade
do Mandado de Segurança mostra-se irrelevante, membros do Poder Legislativo nas duascasaspara
data vênia, pois o art. 5°, incisos LXIX e LXX, da tal.147
CF/88 exige apenas que tenha sido violado direi- 2) Desde o começo da década de 90, até os
to líquido e certo, não restringindo a categoria do dias atuais, o STJ vem entendendo que ospartidos
direito (difuso, coletivo ou individual homogê- políticos com representação no CongressoNaio-
neo).43 Assim, temos queo mandado de seguran- nal, só podem ajuizar Mandado de SegurançaCo-
ça é, atualmente, à luz da nossa atual Constituição, letivo para defesa de direitos dos seus liados eem
um gênero que se divide em duas espécies que são: questões que guardem relação com o Estatuto do
o mandado de segurança individual e o coletivo. partido político. Portanto, segundo esseposicio-
namento, não caberia a impetração de mandado
2.2. Finalidades de segurança coletivo para defesa de direitos da
sociedade, 148
Segundo abalizada doutrina, o Mandado de
Segurança Coletivo tem tríplice nalidade, quais Sem dúvida, o STJ adotou uma interpretação
sejam: 1) evitar acúmulo de demandas idênti- restritiva do instituto, pois,apesar dospartidos
cas (na medida em que, por exemplo, em vez de políticos serem pessoas jurídicas de direito pri-
centenas ou milhares de mandados de segurança vado, nos moldes das associações (sociedadesem
individuais basta um mandado de segurança co- ns lucrativos), eles são instrúmentos deinterme-
letivo); 2) facilitaro acessoà justiça; 3) fortalecer diação entre representantes e representados, na
as entidades de classe (na medida em queo man- medida em que não existe candidatura avulsaem
dado de segurança coletivo se arvora na defesa de nosso ordenamento jurídico. Certo é que oexerci-
direitos dos membros ou associados, por exemplo, cio de nossa soberania popular, passanecessaria-
das associações ou das entidades de classe).0 mente, pela escolha de candidatos (representantes
que exercem o poder em nosso nome) atrelados
2.3. Legitimidade do Mandado de Seguran- aos partidos que, mesmo com esse viés público,
só poderiam, segundo o posicionamento doSTJ,
ça Coletivo
defender seus liados. Aliás, não pode ser outra
Conforme normativa constitucional, a legiti- a nossa crítica à luz da dicção normativa do art.
midade ativa será do Partido Político com repre- 1° da Lei n° 9.096/95 (Lei Orgânica dos Partidos
sentação no Congresso Nacionale dos sindicatos, Políticos), na qual: o partido políticopessoajuri-
entidades de classe e associações em funciona- dica de direito privado, destina-se a assegurar,no
mento há pelo menos 1 ano, legalmente constituí- interesse do regime democrático, a autenticidade
das e para a defesa de seus membros ou associa- do sistema representativo e a defender os direitos
dos.l46
Sobre o tema, algumas re exões devem ser
aventadas:
1) O Partido Político para ter representação 147. Alguns doutrinadores defendem que a legitimidade dos parti-
no Congresso Nacional (e, portanto, legitimidade dos, prevista na CR/88 poderia ser ampliada (interpretação extensiva)por
simetria ao âmbito estadual (representação na AssenmbleiaLegisativa)se
ativa) necessita de um deputado federal ou de um
a questão for estadual, e municipal (representação na Câmara dosVerea-
dores) se a questão aventada for de cunho local In: Cruz,Cerqueira,Gomes
Junior, Favreto, Palharini Júnior. Comentários à nova Lei do mandadode
145. In: Cruz, Cerqueira, Gomes Junior, Favreto, Palharini Júnior. Co- segurança, p. 178, 2009. Contra esse posicionamento: Klippel, Rodigoe
mentários à nova Lei do mandado de segurança, p. 192-193, 2009. A r- Neffa Junior, José Antônio, p. 316. 2010.
mam ainda os autores, a nosso ver, de forma adequada que:"0 art. 83 do 148. Segundo o Superior Tribunal de Justiça: "Quando aConstr-
Código de Defesa do Consumidor, que integra o sistema único coletivo tuição autoriza um partido político a impetrar mandado deseguranga
de proteção dos direitos coletivos, autoriza a utilização de qualquer espé- coletivo, só pode ser no sentido de defender os seus liados e emques
cie de demanda (incluindo logicamente o atual mandado de segurança tões políticas, ainda assim, quando autorizado por lei ou peloestatuto.
coletivo) para a defesa de direitos difusos" Impossibilidade de dar ao partido político legitimidade para vir aJuizo
146. Cuidado com relação à legitimidade ativa, pois não devemos defender 50 milhões de aposentados, que não são, em suatotalidade,
confundir a mesma nos mandados de segurança individual e coletivo. O liados ao partido e que não autorizamo mesmo a impetrar dado
seguinte caso, ilustra a advertência, ora explicitada: Em um Município X, de segurança em nome deles." (RSTJ 12:215) (STJ - 1 Seção -Manda
existe uma associação que atua na defesa de interesses e direitos de seus do de Segurança n° 197/DF - Rel. Garcia Vieira acórdão publicadoem
membros ou associados que estão presentes no Município. Se o Prefeito 20/08/90). Nos mesmos moldes: STJ - 2 T. - RMS n° 1.348/MA - Re.
desse Município pratica um ato ilegal que lesa a associaçāo, o que cabe- Américo Luz DJU Seçāo I, 13 dez. 1993. Nesse mesmo sentido: (]0
rá? MS Individual ou Coletivo? Mandado de Segurança individual, pois ireit
partido político, por essa via, só tem legitimidade para postulardiren
o Prefeito feriu um direito líquido e certo da associação e não dos seus integrante de sua coletividade. (STJ -6T.-recurso ordinárioemMSr
associados. 2.423/PR - V.U - DJU, 27.04.1993)
578
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fl
om zh Cap.8 ACÖES
CONSTITUCIONAIS 00ND

bumanos fundamentais, de nidos na Constitui- com vozes dissonantes, se os partidos políticos


ção
Federal."149 2 podem impetrar mandado de segurança coletivo
O STEĘ acompanhou de forma inconteste a para defesa de interesses da sociedade (direitos
interpretação restritiva (e inadequada) conferida coletivos ou difusos) e não só de seus liados. A
pelo STJ, até o' ano de 2004. Apesar de parte da Ministra Ellen Gracie (no que foi acompanhada
doutrina se olvidar (estranhamente) em relaçãoa pelos Ministros Carlos Ayres Britto e Marco Auré-
uma possível mudança de posicionamento do Pre- lio) entendeu que os partidos políticos podem im-
tório Excelso, esta se encontra debatida no Infor- petrar mandado de segurança coletivo para defesa
mativo n° 372,150 no qual o STF passou a discutir, de intereses da sociedade (direitos coletivos ou
difusos) não podendo, porém, impetrar manda-
do de segurança coletivo para impugnar exigência
149. Nesse diapasão, também as abalizadas doutrinas de Lucia Valle
Figueiredo (2005) e Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2006). (cobrança)
tributária.151 n) t2:tiexqo'ai
150. Conforme o voto da Ministra relatora Ellen Gracie, no R. Ext. no
9i Mas aqui, ainda que o debate permaneça,
196.184/AM julgado em 27.10.2004, temos que:"[] A tese do recorrente
no sentido da legitimidade dos partidos politicos para impetrar mandado uma advertência é necessária. Como se posicio-
de segurança coletivo estar limitada aos interesses de seus liados não nou a atual Lei n° 12.016/2009 sobre a questão?
resiste a uma leitura atenta do dispositivo constitucional supra. Ora, se
o Legislador Constitucional dividiu os legitimados para a impetração do A nova lei n° 12.016/2009, que regulamenta o
Mandado de Segurança Coletivo em duas alíineas, e empregou somente
mandamus, deixa assente, em seu art. 21, que os
com relaçāo à organização sindical, à entidade de classe e à associação
legalmente constituída a expressão 'em defesa dos interesses de seus partidos políticos com representação no Congresso
membros ou associados'é porque não quis criar esta restrição aos parti- Nacional devem atuar em mandado de segurança
dos políticos. Isso signi ca dizer que está reconhecido na Constituiçāo o
deverdo partido politico de zelar pelos interesses coletivos, independen- coletivo na defesa de seus interesses legítimos rela-
te de estarem relacionados a seus liados. Também entendo não haver tivos a seus integrantes ou à nalidade partidária.
limitações materiais ao uso deste instituto por agremiações partidárias,
à semelhança do que ocorre na legitimação para propor ações declara-
Nesse sentido, embora o tema seja controvertido,
tórias de inconstitucionalidade. Com efeito, o Plenário desta Corte, no entendemos que o recente diploma legal corrobora
julgamento da ADIMC 1.096 (DJ 07/04/2000), entendeu que o requisito
da pertinência temática é inexigível no exercício do controle abstrato de
com o posicionamento da Ex-Ministra Elen Gra-
constitucionalidade pelos partidos politicos. LJ Dessa forma, tudoo que cie no STE. Ou seja, o dispositivo normativo expli-
foi dito a respeito da legitimação dos partidos políticos na ação direta de
cita que os partidos devem impetrar o mandado de
inconstitucionalidade pode ser aplicado ao mandado de segurança co-
letivo. A previsão do art. 5°, LXX, da Constituição objetiva aumentar os segurança coletivo năo só para a defesa de seus -
mecanismos de atuação dos partidos políticos no exercício de seu mis- liados,12 mas também para a nalidade partidária,
ter, tão bem delineado na transcrição supra, não podendo, portanto, ter
esse campo restríto à defesa de direitos políticos, e sim de todos aqueles
interesses difuso e coletivos que afetam a sociedade. A defesa da ordem
constitucional pelos Partidos Políticos não pode car adstrita somente ao os cidadãos na defesa de interesses individuais a serem postulados em julzo
uso do controle abstrato das normas. A Carta de 1988 consagra uma série por meio de ações próprias. Porestes motivos, entendo que o Partido Politico
de direitos que exigem a atuação destas instituições, mesmo em sede de podeimpetrar mandadodesegurança coletivo na defesa de qualquer in-
controle concreto. A agremiação partidária, não pode ser vedado o uso teresse difuso, abrangendo, inclusive, pessoas não liadas a ele, não
do mandado de segurança coletivo em hipóteses concretas em que este- estando, porém, autorizado a se valer desta via para impugnar uma
jam em risco, por exemplo, o patrimônio histórico, cultural ou ambiental exigência tributária.
de determinada comunidade. Assim, se o partido politico entender que n 151.STF - pleno- MS n° 24.394/DF - Rel. Min. Sepúlveda Pertence,
determinado direito difuso se encontra ameaçado ou lesado por qual- Didrio deJustiça, Seçãol, 6 set. 2004, p. 47. STF- 2T. - Rextr. n° 196.184/
quer ato da administração, poderá fazer uso do mandado de segurança AM - Rel. Ellen Gracie, Informativo STF n° 372. Porém, devemos deixar
coletivo, que não se restringirá apenas aos assuntos relativos a direitos consignado que o novo posicionamento do STF ainda é insu ciente, pois,
políticos e nem a seus integrantes. Não se está a excluir a necessidade do apesar de deixar assente a possibilidade da impetração do mandamus por
atendimento dos requisitos formais previstos nos estatutos dos partidos, partido político para a defesa de direitos coletivose difusos da sociedade
tampouco afastando a necessidade de respeito aos pressupostos de ca (de liados e não liados), não permite a impetração para impugnar co-
bimento de mandado de segurança, que, no presente feito, não foram brança de tributos, ou seja, para a defesa de direitos individuais homogê-
objeto de impugnação no recurso extraordinário. 2. A hipótese dos autos, neos. Assim, a conclusão é a seguinte: o partido político com representa-
todavia, não trata de direito coletivo ou interesse difuso, mas da majora- ção no Congresso Nacional pode impetrar mandado de segurança para a
çãode um tributo, o que, conforme já decidido pelo Plenáio desta Corte, defesa da sociedade (proteção de direitos ou interesses difusos), mas não
noRE213.631, rel. Min. lmar Galvão (DJ 07/04/2000) con gura um direíto tem legitimidade para impetrar o mandamus para a proteçāo de direitos
individualizável ou divisível, nos termos da ementa ora transcrita in verbis: individuais homogêneos. Assim sendo, entendemos e advogamos que o
'Ministério Público. Ação Civil Pública. Taxa de iluminação pública do mu- posicionamento correto éo de admitir a impetração de MS coletivo para
nicipio de Rio Novo-MG. Exigibilidade impugnada por melo de ação pú- a defesa de qualquer tipo de interesse ou direito da coletividade (seja ele:
blica,sob alegação de inconstitucionalidade. Acórdão que concluiu pelo direito coletivo, difuso ou mesmo individual homogêneo).
seu não-cabimento, sob invocação dos arts. 102,1, a,e 125,S 2°, da Consti 152.Nesses termos:"Os partidos políticos não têm como razão de ser
tulção.Ausência de legitimação do Ministério Público para ações da espé- a satisfação de interesses ou necessidades particulares de seus liados,
cie, por não con gurada, no caso, a hipótese de interesses difusos, como nem são eles o objeto das atividades partidárias. Ao contrário das demais
tais considerados os pertencentes concomitantemente a todos e a cada associações, cujo objeto está voltado para dentro de si mesmas, já que
Um dos membros da sociedade, como um bem não individualizável ou ligado diretamente aos interesses dos associados, os partidos políticos
divislvel,mas, ao revés, interesses de grupo ou classe de pessoas, sujeitos visam a objetivos externos, só remotamente relacionados a interesses es-
passivosde uma exigência tributária cuja impugnaçāo, por isso, só pode pecí cos de seus liados. (..) Por conseguinte, os liados ao partido são,
ser promovida por eles próprios, de forma individual ou coletiva. Recurso na verdade, instrumentos das atividades e bandeiras partidárias, e não
não conhecido' Se o Partido Poltico pode atuar na defesa do interesse de objeto delas. O objeto das atenções partidáias são os membros da co-
váriaspessoas, independente de liação, não pode, contudo, substituir todos letividade em que atuam, independentemente da condição de liados"
(579
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
fi
CURSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL • Bernardo Gonçalves Fernandes

que a nosso ver alcança (em uma leitura constitu- extraordinária no mandamus coletivo, advind
cionalmente adequada), devido ao caráter público daí o que chamamos processualmente desubsti.
dos partidos (como instrumentos constitucionais tuição processual, na qual o impetrante irá ajuj.
de intermediação entre representantes e represen- zar a ação em nome próprio, só que para adefesa
tados no desenvolvimento da soberania popular), de direito de terceiros, quais sejam, os direitosde
os interesses da sociedade, referindo-se, sem dúvi- membrosou
assOCiados. ,isth etriut
da, de forma ampla a direitos da coletividade (di- 5) Mas, atenção, pois o STF entende, a teor
reitos e interesses de cunho coletivo e difuso). do R. Ext. n° 181.438/SP, que, se o objeto doman-
Nesses termos, corroborando com nosso en- dado de segurança coletivo é um direito dosasso-
tendimento, conforme Cássio Scarpinella Bue- ciados, não há necessidade (independe) dodireito
no, temos que à luz da nova Lei do andamus o de guardar vínculo com os ns próprios daenti-
partido político tem legitimidade para a impetra- dade e nem mesno há exigência de ser um direi.
ção do mandado de segurança coletivo tanto que to peculiar ou próprio da classe. Porém, odireito
o direito (interesse) a ser tutelado coincida com deve estar compreendido na titularidade dosasso-
as suas nalidades programáticas, amplamente ciados e existir em razão das atividadesexercidas
consideradas, independentemente de a impetra- pelos mnesmos. Is6
ção buscar a tutela jurisdicional de seus próprios a 6) Sem dúvida, a entidade deve defender
membros 153
direitos subjetivos comuns de seus membros (di-
3) O STF rmou entendimento no Informa- reitos que estejam na titularidade dosmesmos).
tivo n° 154, que o requisito em funcionamento há Mas, pode ser que o mandamus interesseapenas
pelo menos l ano é somente para asassociações54 a uma parte da categoria, o que não obstaculizaa
e não para as entidades de classe ou sindicatos.155 impetração. É o que se depreende da atualSúmula
Portanto, sindicato e entidade de Classe só pre- n° 630 do STF: "a entidade de classe temlegitima-
cisam estar legalmente constituídos e terem por ção para o mandado de segurança ainda quandoa
objetivo a defesa de interesses de seus membros pretensão veiculada interesse apenas a uma parte
ou associados.ggi t:it3723c darespectiva
categoria."l575oh)ere&t hato)
- 4) Segundoentendimentoconsolidadono 7)- Ainda sobre a legitimidade, émisterres-
Pretório Excelso, a legitimidade ativa no manda- saltar que o STF não exige a autorização expressa
do de segurança é a extraordinária. Ou seja, não dos membros da entidade para a impetração do
teríamos representação, mas sim legitimidade mandanus. Nesse sentido, a determinação deau-
torização expressa, aludida no art. 5°, XXI (hipó-
tese de representação), não se aplica no mandado
ZAVASCKI, Teori Albino. Defesa de direitos coletivos e defesa coletiva de direi- de segurança coletivo (hipótese de substituição
tos, p. 147,2007. No mesmo sentido, defendendo a impetração de manda-
do de segurança coletivo por partidos políticos para a defesa de interesses processual). Aliás, não é outra a dicção contidana
difusos, temos o clássico Celso Agricola Barbi. BARBI, Celso Agricola. Do Súmula n° 629 do STE: a impetração demandado
mandado de segurança. 8ª Ed. Rio de janeiro, Forense.p. 295, 1996.
de segurança coletivo por entidade classe em fa-
153. BUENO, Scarpinella Cássio, A nova Lei do Mandado de Segurança,
São Paulo: Ed. Saraiva, p. 124, 2009, Contra esse posicionamento, enten- vor de associados independe da autorizaçãodes-
dendo que o art. 21 da Lei n° 12.016/09 deve ser declarado inconstitucio-
tes.
nal em virtude de ter positivado de forma restritiva (e inadequada) a legi-
timidade ativa dos Partidos Políticos, temos Fernando Jayme. O professor 8) E, por digressão, não haverá a necesi-
também advoga (como nós) uma legitimaçāo mais ampliada para os Par-
tidos Politicos visando, sobretudo, a defesa de direitos fundamentais da
dade de constar na petição inicial domandamus
sociedade, porém não busca uma leitura constitucionalmente adequada coletivo os nomes de todos os associados, pois,
(e compatível) da nova Lei n° 12.016/09 com a Legislação infraconstitucio
como aqui citado, estamos diante do instituto da
nal dos partidos políticos (Lei n° 9.096/95) e coma Constituição (interpre-
tação conforme) advogando, em virtude disso, a inconstitucionalidade do
diploma normativo em comento. JAYME, Fernando G. Mandado de Segu-
rança. Belo Horizonte, Del Rey, p. 151-161, 2011. 156. STF - Tribunal Pleno - RE ne 181.438/SP - vu. - Rel.Min.Carlos
154. Embora o entendimento constitucionalmente mais adequado, Velloso, j. em 28.06.1996. Como exemplo: (..) um sindicato podeimpetrar
em nossa opinião, seja o de que, até mesmo, as associações comportariam mandado de segurança coletivo para impugnar um tributo queincidaso-
exceções, na medida em que em determinados casos poderlamos estar diante bre a renda dos associados, vez que a renda é fruto das atividades porele
de um manifesto interesse social que poderia ser evidenciado pela dimensão exercidas, não sendo este um direito peculiar da classe detrabalhadores
de um dano ou mesmo pelas características do mesmo ou ainda pelo bem a ser defendida no mandamus. In: Direito Constitucional, Holthe, LeoVan,
juridico a ser protegido. Nessestermos, a pré-constituição no lapso temporal p. 360, 2008.
determinado não deveria ser exigida, inclusive, das associações. ALMEIDA, 157. Nesse sentido, também está expresso no art. 21 da Lei n
Gregório Assagra de p. 604, 2007. 12.016/09. Nesta, foi positivado o entendimento pretoriano de que oMS
155.STF - 1T.- Rextr. n° 198.919-DF-Rel.Min. lImarGalvāo,decisão, coletivo pode ser impetrado para a defesa da totalidade ou de partedos
decisão: 15-06-1999- Informativo STF n° 154. membros ou associados de uma entidade de classe.
580
fi
fi
fi
Cap.8 AÇÓES CONSTITUCIONAIS

legitimação extraordinária, e não de litisconsórcio Pois bem, o Pretório Excelso, em 09.06.2021,


ativoem mandado de segurança individual.io julgando a referida ADI, decidiu pela inconstitucio-
o9) Por último, é mister colocar que, confor- nalidade do art. 22, S 2° da Lei n° 12.016/2009. Nes-
me entendimento externalizado no MS n° 21.059/ ses termos, o STF julgou inconstitucional a exigência
RJ (Rel. Ministro Sepúlveda Pertence), o Supremo de oitiva prévia do representante da pessoa jurídica
Tribunal Federal já decidiu que Estados-membros de direito público como condição para a concessão
nãosão dotados de legitimidade ativa para propor de liminar em mandado de segurança coletivo, por
mandado de segurança coletivo contra a União considerar que a disposição restringe o poder geral
em defesa de "supostos interesses das populações de cautela do magistrado. 160
residentes nas respectivas unidades federadas":
A fundamentação de tal falta de legitimação 2.5. Decisão e Seus Efeitos
pode ser resumida nos seguintes termos: a) os Es- No que tange à decisāo, os seus efeitos irão
tados não estão arrolados na restrita legitimidade abranger todos os associados que se encontram
ativa do art. 5°, LXX; b) os Estados (entes políti- na situação descrita na petição inicial do re-
cos da federação) "não são propriamente órgãos médio heroico, não importando se ingressaramn
de representação ou de gestão de interesses da po- na associação antes ou depois da impetração
pulação?is8 do mandamus. Nesses termos, corroborando
Já a legitimidade passiva é a mesma outrora com o nosso entendimento, estabeleceu a Lei nº
trabalhada no mandado de segurança individual. 12.016/09 que no mandado de segurança coleti-
vo a sentença fará coisa julgada limitadamente
2.4. Procedimento 22104 aos membros do grupo ou categoria substituídos

O procedimento,'59 em linhas gerais, segue a peloimpetrante. .3 fsabiaibni 2


eiCerto é que, para boa parte da doutrina, l6. ha-
mesma exegese do mandanus individual, mas
vendo a concessão do mandamus, existirá coisa
com uma ressalva envolvendo a concessão de
julgada material com o agraciamento de todos
medida limínar, pois ela só seria possível após a
aqueles que se encontram como membros da enti-
audiêncía do representante judicial da pessoa ju-
dade no momento de execução da sentença. Mas,
rídica de direito público, que deverá se pronunciar
no prazo de 72 (setenta e duas) horas, conforme
se a sentença for denegatória, gerará apenas coisa
julgada formal, não excluindo a possibilidade de
o art. 22, S 20 da Lei n°12.016/2009 (norma que
qualquer um dos membros ou associados da en-
anteriormente estava presente no art. 2° da Lei no
8.437/92).
tidade pleitearem individualmente mandado de

Aqui é importante salientar que, esse dispo- Segurannçdutu2 9rsbovilaic) o


S Portanto, a impetração do mandado. de se-
sitivo normativo ora citado, sempre foi objeto de
gurança coletivo não impedirá a utilização do
críticasna doutrina no que diz respeito à sua cons-
titucionalidade. Além das críticas doutrinárias, res-
saltamosque o Conselho Federal da OAB na ADI (n62iutileno) sb iss0rNun ytt &
4296 defendeu a inconstitucionalidade dessa norma. 160. ADI 4296/DF, STE. Plenário. Rel. do acórdão Min. Alexandre de
Moraes julgado em 09.06.2021 (Inf. 1021). Conforme o Min. Marco Au-
rélio: "O preceito contraria osistema judicial alusivo à tutela de urgência. Se
esta surge cabivel no caso concreto, é impertinente, sob pena de risco do pe-
158.MENDES;COELHO; BRANCO, Curso de direito constitucional, 2008,3 recimento do direito, estabelecer contraditório ouvindo-se, antes de qualquer
p.537. Aqui, é interessante, deixarmos consignado, que pensamos dife- providēncia, o patrono da pessoajurídica. Con ita como acessoao Judiciário
rente,em relação ao Ministério Público, pois esse, apesar de năo estar ar- para afastar lesão ou ameaça de lesão a direito."
roladocomo legitimado no rol da Constituição, bem como no rol da Lei no iE161. Nessesentido, a posição de Michel Temer:"A decisão judicial fará
12.016/09,deve ser dotado (em nossa opinião) de legitimidade ativa em coisa julgada quando for favorável à entidade impetrante e nāo fará coisa
MScoletivo. A exegese de tal assertiva deve-se a interpretação adequada julgada quando a ela desfavorável. Com isso ca aberta a possibilidade do
dosarts. 127 e 129 da CR/88, bem como da Lei Complementar n° 75/93 mandado de segurança individual quando a organização coletiva nāo for
(ho que tange ao MPU) e Lei ne 8625/93 (No que tange ao Ministério Pú- sucedida no pleito judicial. (1993: 196).Este também éo posicionamento
blicodosEstados).No mesmo posicionamento: Nelson Nery Jr e Rosa Ma- de Lúcia Valle Figueiredo Per l do mandado de segurança coletivo, 1989,
riade Andrade Nery, In: Constituição Federal Anotada, p. 196, 2008; Cássio p. 36.
ScarpinellaBueno, p. 127, 2009. In: Mandado de Segurança, 2009. Porém, 162. Nesses termos: ".J em regra a ação coletiva, não prejudica as
Contranosso posicionamento, bem como dos autores citados: JAYME, Fer- ações individuais, mesmo quando julgada improcedente. O resultado
nàndoGonzaga,Mandado de Segurança, Belo horizonte: Ed. Del Rey, 2011. favorável, contudo, tende a bene ciar os indivíduos. Trata-se de uma ní-
159. Segundoo STF: "0s principios básicos que regemo mandado de tida opção política feita pelo legislador brasileiro para incentivar o uso
Segurançainformam e condicionam no plano juridico-processual, a utiliza- das ações coletivas sem o receio de que uma má atuação do legitimado
Gãodo writ mandamental coletivo" (STF - Pleno MS no 21.615-8/RJ - Rel. coletivo possa, por si só, prejudicar aqueles que não agiram em juízo [.J".
Celsode Mello, DJU, Seção l, 13 mar. 1998, p. 4) BUENO, Cássio Scarpinella, Mandado de seguranço, 2009, p. 189.
(581
fi
fi
fl
fi
CURSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL • Bernardo Gonçalves Fernandes

mandado de segurança individual 6 (não ocorren- mandado de segurança coletivo impetradoparaa


do litispendência entre o individual e o coletivo), tutela de direitos difusos, a coisa julgadacole:.
obviamente, desde que preenchidos os requisitos, va será (art. 103, I, do CDC) erga omnesemcas0
inclusive o do prazo decadencial de 120 dias. Po- de concessão de nitiva da segurançapleiteada
rém, é mister explicitar que a Lei n° 12.016/09, re- Denegatória, a decisão, mesmo comjulgamento
gulando o MS individual e o coletivo, estabeleceu de mérito, não haverá prejuízo àspretensõesin.
que o mandado de segurança coletivo não induz dividuais (art. 103, parágrafo 1° do CDC). [J2)
litispendência para as ações individuais, mas os Em se tratando de mandado de segurançacoletivo
efeitos da coisa julgada não bene ciarão o impe- impetrado para a tutela de direitos coletivosem
trante a titulo individual se ele não requerer a de- sentido estrito, a coisa julgada coletiva será(art.
sistência de seu mandado de segurança no prazo 103, II, do CDC): ultra partes, maslimitadamente
de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprova- ao grupo, classe ou categoria de pesoas, emcasO
da da impetração da segurança coletiva. de concessão de nitiva da segurançapleiteada

Entendemos que essa norma não coaduna Também se denegatória a decisão, mesmo que

com o modelo processual-constitucional ínsito com julgamento de mérito, não haveráprejutzożs

ao mandado de segurança presente em nosso or- pretensões individuais (art. 103, parágrafo 1,do

denamento, pois a desistência da ação individual CDC); [...] 3) Em se tratando de impetraçãopara


a tutela de direitos individuais homogêneos, acoi-
fulminaria com qualquer possibilidadeprocessual
de obter um direito pleiteado e não alcançado na sa julgada coletiva será (art. 103, II, doCDC;
tutela coletiva. Certo é que a tutela coletiva pode erga omnes, em caso de concessão de nitivada

ser eivada de insucesso por uma plêiade de mo- sentença pleiteada, bene ciando-se assimtodas

tivos e possibilidades, e diante de tal ocorrência as vítimas e sucessores, titulares dos respectivos

o direito individual caria obstado em virtude direitos de dimensão homogênea. Também, se

da desistência, acima citada. Sem dúvida, o mais denegatória a decisão não haverá prejuízo àspre-

correto e adequado seria a nova Lei ter normati- tensões individuais, salvo em relação aosinteres
zado a possibilidade de suspensão do mandado sados que tiverem intervindo comolitisconsortes
de segurança individual (e não de desistência!), no processo do mandado de segurançacoletivo
nos moldes do art. 104 do CDC (código de defe- (art. 103, parágrafo 2°, do CDC)"5
sa do consumidor).l64 Porém, infelizmente não foi A conclusāo, aqui, é a de que temos trêsposi-
essa a positivação do legislador. bilidades aventadas, que merecem nossare exac:
Por último, acreditamos que a saída mais ade- a) a legal (dogmatizada na exigência dedesistên-

quada para tal problemática (envolvendo o MS cia do MS individual); b) a do "diálogo entreas

individual e o Coletivo), deve ser uma leitura fontes", que advoga, com base no sistema depro-
constitucionalmente adequada do mandado de teção coletiva processual a interpretação deque
segurança, coadunando com um modelo cons- o impetrante do MS individual poderámanejara
titucional de processo coerente (e que dê ênfase suspensão do MS individual (e não adesistência),
à força normativa da Constituição). Nesses ter- nos termos do art. 104 do CDC; ) a queadvog
mos, apesar de haver divergência na doutrina, ex- (com base em um modelo constitucional dopro-
pressando apenas nossa opinião, salientamos que cesso adequado) que a decisão do MS individual,
somos adeptos da corrente que advoga (com base deve, em regra, prevalecer sobre a decisão(dene-
no diálogo das fontes e mesmo sob a égide da Lei gatória) do MS coletivo, e nesse caso, tambémde-
n° 12.016/09) a prevalência, em regra, da decisão veria haver a suspensão do MS individual e nãoa

de mérito do mandado de segurança individual necessidade de desistência do mesmo.


sobre a decisão do mandado de segurança cole-
tivo, nos seguintes termos: 1) "Em se tratando de SÜMULAS DOSTE SOBREMANDADODESEGURANÇA

Súmula O mandado de sequrança não substitui aação


o101 popular.
163. Segundo antigo posicionamento do STJ: O ajuizamento de man-
dado de segurança coletivo por entidade de classe não inibe o exerclcio do
direito subjetivo de postular, por via do writ individua, o resguardo de direl-
to llquido e certo, lesado ou ameaçado de lesão por ato de autoridade, não
ocorrendo, na hipótese, os efeitos da litispendência. (STJ, MS n° 7.522 - DE,
Rel. Min. Vicente Leal, DJU 06.05.2002, p. 239)
164. No mesmo sentido, temos: Cássio Scarpinella Bueno, 2009. 165.ALMEIDA, Gregório Assagra de, 2007, p.607.
582)
fi
fl
fi
fi
fi
fi
fi
zahoms 25vo Cap. 8 AÇÕES CONSTITUCIONAIS90 2002U3

SUMUEASDOSTESOBREMANDADO DESEGURANGASUMULASDOSIESo
STFSOBREMANDADO.DESEGURANÇA

Écompetente, originariamente, o Supremo Tri- O prazo para recorrer de acórdão concessivo de


Súmula bunal Federal, para mandado de segurança con- Súmula segurança conta-se da publicação o cial de suas
248 tra ato do tribunal de contas da União. no 392 conclusões, e não da anterior ciência à autorida-
Gt Sn de para cumprimento da decisão.
Súmula Não cabe mandado de segurança contra lei em
266 tese Denegado o mandado de segurança pela sen-
Súmula tença, ou no julgamento do agravo, dela inter-
Súmula Não cabe mandado de segurança contra ato ju- n° 405 posto, ca sem efeito a liminar concedida, retroa-
267 dicial passivel de recurso ou correição. 3 gindo osefeitosdadecisãocontráría.

Súmula Não cabe mandado de segurança contra deci- A existência de recurso administrativo com efeito
Súmula
n° 268 são judicial com trânsito em julgado. o n° 429
suspensivO não impede o uso do mandado de
segurança contra omissão da autoridade.
Súmula O mandado de segurança não é substitutivo de
269 ação de cobrança. Pedido de reconsideração na via administrativa
Súmula
não interrompe o prazo para o mandado de se-
n° 430
Não cabe mandado de segurança para impug- gurança.
Súmula nar enquadramento da lei 3780, de 12/7/1960,
n° 270 que envolva exame de prova ou de situação fun- É competente o tribunal regional do trabalho
cional complexa. Súmula para julgar mandado de segurança contra ato de
n° 433 seu presidente em execução de sentença traba-
Concessão de mandado de segurança não pro- Ihista.
Súmula d duz efeitos patrimoniais em relação a período
n° 271 pretérito, os quais devem ser reclamados admi- Não há direito líquido e certo, amparado pelo
nistrativamente ou pela via judicial própria.Sn mandado de segurança, quando se escuda em
Súmula
lei cujos efeitos foram anulados por outra, de-
no 474
Não se admite como ordinário recursO extraor- clarada constitucional pelo Supremo Tribunal
Sumula
n°272
dinário de decisão denegatória de mandado de Federal. 6cid D 606 S
segurança.
O agravoa que se refere o art. 4o da lei 4348, de
São inadmissiveis enbargos infringentes contra 26/6/1964, cabe, somente, do despacho do pre-
Súmula
decisão do Supremo Tribunal Federal em man- Súmula sidente do Supremo Tribunal Federal que defere
294
dado de segurança. no 506 a suspensão da liminar, em mandado de segu-
rança; não do que a 'denega. (súmula cancelada
O recurso ordinárioeo extraordinário interpos- em abril 2003)
Súmula tos no mesmo processo de mandado de segu-
299 rança, ou de "habeas corpus, serão julgados Praticado o ato por autoridade, no exercício de
Súmula
conjuntamente pelo tribunal pleno. competência delegada, contra ela cabe o man-
n°510
dado de segurança ou a medida judicial.
Decisão denegatória de mandado de segurança,
Súmula
no304
não fazendo coisa julgada contra o impetrante,
não impede o uso da ação própria.
o3 Compete à justiça federal, em ambas as instân-
cias, processar e julgar as causas entre autarquias
Súmula federais e entidades públicas locais, inclusive
Quando a intimação tiver lugar na sexta-feira, ou n° 511 mandados de segurança, ressalvada a ação scal,
a publicação com efeito de intimação for feita nos termos da constituição federal de 1967, art.
Súmula nesse dia, o prazo judicial terá início na segunda- 119,§ 3°.(CR/88, art. 109, )
n°310 -feira imediata, salvo se não houver expediente,
caso em que começará no primeiro dia útil que Súmula Não cabe condenação em honorários de advo-
203 se seguir. no 512 gado na ação de mandado de segurança.

O prazo do recurso ordinário para o SupremoTri- Não cabem embargos infringentes de acórdão
Súmula Súmula
bunalFederal, em"habeas corpus' ou mandado que, em mandado de segurança decidiu, por
n°319 no 597
de segurança, é de cinco dias. (súmula superada) maioria de votos, a apelação.

O Supremo Tribunal Federal não é competente Não cabe agravo regimental contra decisão
Súmula Súmula
n° 330 para conhecer de mandado de segurança contra do relator que concede ou indefere liminar em
o622
atos dos tribunais de justiça dos estados. mandado de segurança.

583
fi
fi
fi
CURSO DE DIREITO CONSTITUCIONAL Bernardo Gonçalves Fernandes

SUMULAS DOSTFSOBRE MANDADO DESEGURANÇA SUMULASDOSTJ SOBRE MANDADODE


SEGURANCA
Não gera por si só a competência originária do
Supremo Tribunal Federal para conhecer do O Superior Tribunal de Justiça não temcompe.
mandado de segurança com base no art. 102, i, Súmula tência para processar e julgar,originariamente
Súmula n° 41 mandado de segurança contra ato de outok
"n, da constituição, dirigir-se o pedido contra de-
n° 623 tribunais ou dos respectivosórgãos.
liberação administrativa do tribunal de origem,
da qual haja participado a maioria ou a totalida-
de de seus membros. O Ministério Público tem legitimidade parare-
Súmula
correr no processo em que o ciou comofscal
n° 99
Não compete ao Supremo Tribunal Federal co- da lei, ainda que não haja recurso daparte.
Súmula
nhecer originariamente de mandado de sequ-
n° 624
rança contra atos de outros tribunais. Súmula Na ação de mandado de segurança não sead-
no105 mite condenação em honoráriosadvocaticios
Súmula Controvérsia sobre matéria de direito não impe-
no 625 de concessão de mandado de segurança. 18 Proposta a ação no prazo xadoparaoseu
exercício, a demora na citação, por motivosinę-
Súmula
A suspensão da liminar em mandado de se- rentes ao mecanismo da justiça, nãojustí cao
no106
gurança, salvo determinação enm contrário da acolhimento da arguição de prescrição oude-
decisão que a deferir, vigorará até o trânsito em cadência.
Súmula julgado da decisão de nitiva de concessão da
n° 626 segurança ou, havendo recurso, até a sua ma- Súmula São inadmissíveis embargos infringentes no

nutenção pelo Supremo Tribunal Federal, desde no 169 processo de mandado desegurança.
que o objeto da liminar deferida coincida, total
ou parcialmente,como da impetração. O Superior Tribunal de Justiça éincompetente
Súmula para processar e julgar, originariamente, man-
No mandado de segurança contra a nomeação n° 177 dado de sequrança contra ato de órgãocole-
de magistrado da competência do presidente da giado presidido por ministro deestado.
Súmula república, este é considerado autoridade coato-
n° 627 ra, ainda que o fundamento da impetração seja A impetração de segurança por terceiro,contra
Súmula
nulidade ocorrida em fase anterior do procedi- ato judicial, não se condiciona a interposiçãode
n° 202
mento. recurso.netadec
Integrante de lista de candidatos a determinada O mandado de segurança constitui açãoade-
Súmula
Súmula vaga da composição de tribunal é parte legitima quada para a declaração do direito à compen-
n° 213
n° 628 para impugnar a validade da nomeação de con- sação tributária.
corrente.
Não cabe agravo de decisão que indefereope-
A impetração de mandado de segurança coleti- Súmula dido de suspensão da execução da liminar,ou
Súmula n° 217 da sentença em mandado desegurança.(i-
Vo por entidade de classe em favor dos associa-
n° 629 mula cancelada em outubro 2003).
dos independe da autorização destes.

A entidade de classe tem legitimação para o Cabe mandado de segurança contra atoprati-
Súmula
Súmula mandado de segurança ainda quando a preten- cado em licitação promovida porsociedadede
n° 333
n° 630 são veiculada interesse apenas a uma parte da economia mista ou empresa pública.
respectiva categoria.

Extingue-se o processo de mandado de segu-


3. MANDADO DE INJUNÇÃO
Súmula rança seo impetrante não promove, no prazo
°631 assinado, a citação do litisconsorte passivo ne-
cessário.
3.1. Conceito e Antecedentes Históricos

Ação Constitucional de natureza civil e pro-


É constitucional lei que xa o prazo de decadên-
Súmula cedimento especial, l66 que visa a viabilizar oexer-
cia para a impetração de mandado de seguran-
632 cício de direitos, liberdades constitucionais ou
ça.
prerrogativas inerentes à nossa nacionalidade,
No mandado de segurança impetrado pelo Mi-
soberania ou cidadania, que estãoinviabilizados
Súmula nistério Público contra decisão proferida em pro-
no701 cesso penl, é obrigatória a citação do réu como por falta de norma regulamentadora denormas
litisconsorte passivo.

166. Segundo o STJ, o Mandado de Injunção terá prioridadesobreos


demais atos judiciais, exceto sobre o Habeas Corpus, Mandado deSegu
rança e o Habeas Data.

584
fi
fi
fi
fi
fi

Você também pode gostar