Você está na página 1de 17

INTENSIVO II

Fernando Gajardoni
Direito Processual Civil
Aula 16

ROTEIRO DE AULA

Mandado de segurança individual

1. Previsão legal e sumular

1.1. Previsão legal: CF, art. 5º, LXIX (e LXX); Lei n. 12.016/09, além das previsões nas Leis n. 8.437/92, art. 2º e n.
9.494/97, art. 2º

I – O mandado de segurança está previsto na Constituição Federal de 1988:

• CF, art. 5º, LXIX (mandado de segurança individual).


• CF, art. 5º, LXX (mandado de segurança coletivo).

Observação n. 1: a previsão constitucional do mandado de segurança variou conforme o regime de governo adotado
pelo Brasil (democrático ou totalitário).

II – A disciplina sobre o mandado de segurança foi regulamentada pela Lei n. 12.016/09. A título de complemento, o
mandado de segurança era regulamentado pela Lei n. 1.533/51. Inclusive, a grande maioria das súmulas editadas sobre
o mandado de segurança foram editas na vigência da Lei n. 1.533/51.

III – Há outras duas normas que se referem ao mandado de segurança. Entretanto, elas não são leis específicas sobre o
mandado de segurança, disciplinando o processo contra a Fazenda Pública:

1
www.g7juridico.com.br
• Lei n. 8.437/92 (dispõe sobre a concessão de medidas cautelares contra atos do Poder Público e dá outras
providências): art. 2º.
• Lei n. 9.494/97 (disciplina a aplicação da tutela antecipada contra a Fazenda Pública, altera a Lei n. 7.347/85 e
dá outras providências): art. 2º.

1.2. Aplicação do CPC à Lei do mandado de segurança (Lei n. 12.016/09, art. 24)

I - Já houve momentos na história do processo civil brasileiro que se entendia que o mandado de segurança era um
universo próprio, não sofrendo a influência de outras legislações. Entretanto, atualmente, a aplicação do Código de
Processo Civil à Lei do mandado de segurança é existente, porém de modo subsidiário e fazendo a adequada
compatibilização, adaptando o modelo processual ao regime do mandado de segurança.

II – Aplicam-se ao mandado de segurança as regras do Código de Processo Civil sobre litisconsórcio:

Lei n. 12.016/09, art. 24: “Aplicam-se ao mandado de segurança os arts. 46 a 49 da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de
1973 - Código de Processo Civil”.

Considerações:

• Entretanto, a previsão legal é desnecessária, pois a aplicação subsidiária já levaria à aplicação das regras do
Código de Processo Civil ao mandado de segurança.
• É necessário atualizar o artigo o artigo 24 da Lei do mandado de segurança, pois ele ainda se refere ao Código de
Processo Civil de 1973. Atualmente, as regras sobre litisconsórcio estão previstas nos artigos 113 e seguintes do
Código de Processo Civil de 2015.

III – Exemplos de aplicação subsidiária do Código de Processo Civil à Lei n. 12.016/09:

• Litisconsórcio.
• CPC, art. 332 (julgamento liminar de improcedência).
• Sistema recursal, a exemplo do artigo 1.015 (agravo de instrumento).

IV – Entretanto, há hipóteses em que a Lei do mandado de segurança disciplina de modo diferente determinados temas,
afastando, portanto, a aplicação do Código de Processo Civil. Exemplos:
• Lei n. 12.016/09, art. 25: “Não cabem, no processo de mandado de segurança, a interposição de embargos
infringentes [extintos – substituídos pelo art. 942 do CPC] e a condenação ao pagamento dos honorários
advocatícios [CPC, art. 85], sem prejuízo da aplicação de sanções no caso de litigância de má-fé”.

2
www.g7juridico.com.br
`ˆÌi`ÊÕȘ}Ê̅iÊvÀiiÊÛiÀȜ˜ÊœvʘvˆÝÊ* Ê `ˆÌœÀʇÊÜÜÜ°ˆVi˜ˆ°Vœ“
• Lei n. 12.016/09, art. 14, § 1º: “Concedida a segurança, a sentença estará sujeita obrigatoriamente ao duplo
grau de jurisdição [CPC, art. 496]”.
• Lei n. 12.016/09, art. 14, § 3º: “A sentença que conceder o mandado de segurança pode ser executada
provisoriamente, salvo nos casos em que for vedada a concessão da medida liminar [CPC, art. 1.012: a apelação
tem efeito suspensivo, como regra]”.

1.3. Previsão sumular

I – Superior Tribunal de Justiça:

• N. 604: “O mandado de segurança não se presta para atribuir efeito suspensivo a recurso criminal interposto
pelo Ministério Público”.
• N. 460: “É incabível o mandado de segurança para convalidar a compensação tributária realizada pelo
contribuinte”.
• N. 376: “Compete a turma recursal processar e julgar o mandado de segurança contra ato de juizado especial”.
• N. 333: “Cabe mandado de segurança contra ato praticado em licitação promovida por sociedade de economia
mista ou empresa pública”.
• N. 213: “O mandado de segurança constitui ação adequada para a declaração do direito à compensação
tributária”.
• N. 212: “A compensação de créditos tributários não pode ser deferida em ação cautelar ou por medida liminar
cautelar ou antecipatória”.
• N. 206: “A existência de vara privativa, instituída por lei estadual, não altera a competência territorial resultante
das leis de processo”.
• N. 202: “A impetração de segurança por terceiro, contra ato judicial, não se condiciona a interposição de
recurso”.
• N. 217: cancelada.
• N. 177: “O Superior Tribunal de Justiça é incompetente para processar e julgar, originariamente, mandado de
segurança contra ato de órgão colegiado presidido por Ministro de Estado”.
• N. 169: “São inadmissíveis embargos infringentes no processo de mandado de segurança”.
• N. 105: “Na ação de mandado de segurança não se admite condenação em honorários advocatícios”.
• N. 41: “O Superior Tribunal de Justiça não tem competência para processar e julgar, originariamente, mandado
de segurança contra ato de outros Tribunais ou dos respectivos órgãos”.

II – Supremo Tribunal Federal:

3
www.g7juridico.com.br
`ˆÌi`ÊÕȘ}Ê̅iÊvÀiiÊÛiÀȜ˜ÊœvʘvˆÝÊ* Ê `ˆÌœÀʇÊÜÜÜ°ˆVi˜ˆ°Vœ“
• N. 701: “No mandado de segurança impetrado pelo Ministério Público contra decisão proferida em processo
penal, é obrigatória a citação do réu como litisconsorte passivo”.
• N. 632: “É constitucional lei que fixa o prazo de decadência para a impetração de mandado de segurança”.
• N. 631: “Extingue-se o processo de mandado de segurança se o impetrante não promove, no prazo assinado, a
citação do litisconsorte passivo necessário”.
• N. 630: “A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda quando a pretensão
veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria”.
• N. 629: “A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em favor dos associados
independe da autorização destes”.
• N. 627: “No mandado de segurança contra a nomeação de magistrado da competência do Presidente da
República, este é considerado autoridade coatora, ainda que o fundamento da impetração seja nulidade
ocorrida em fase anterior do procedimento”.
• N. 626: “A suspensão da liminar em mandado de segurança, salvo determinação em contrário da decisão que a
deferir, vigorará até o trânsito em julgado da decisão definitiva de concessão da segurança ou, havendo recurso,
até a sua manutenção pelo Supremo Tribunal Federal, desde que o objeto da liminar deferida coincida, total ou
parcialmente, com o da impetração”.
• N. 625: “Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de mandado de segurança”.
• N. 624: “Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer originariamente de mandado de segurança contra
atos de outros tribunais”.
• N. 623: “Não gera por si só a competência originária do Supremo Tribunal Federal para conhecer do mandado
de segurança com base no art. 102, I, "n", da Constituição, dirigir-se o pedido contra deliberação administrativa
do tribunal de origem, da qual haja participado a maioria ou a totalidade de seus membros”.
• N. 622: “Não cabe Agravo Regimental contra decisão do relator que concede ou indefere liminar em Mandado
de Segurança”.
• N. 597: “Não cabem embargos infringentes de acórdão que, em mandado de segurança, decidiu, por maioria de
votos, a apelação”.
• N. 512: “Não cabe condenação em honorários de advogado na ação de mandado de segurança”.
• N. 511: “Compete à Justiça Federal, em ambas as instâncias, processar e julgar as causas entre autarquias
federais e entidades públicas locais, inclusive mandados de segurança, ressalvada a ação fiscal, nos termos da
Constituição Federal de 1967, art. 119, § 3º”.
• N. 510: “Praticado o ato por autoridade, no exercício de competência delegada, contra ela cabe o mandado de
segurança ou a medida judicial”.
• N. 506: “O agravo a que se refere o art. 4º da Lei 4.348, de 26/6/1964, cabe, somente, do despacho do
Presidente do Supremo Tribunal Federal que defere a suspensão da liminar, em mandado de segurança; não do
que a ‘denega’”.

4
www.g7juridico.com.br
`ˆÌi`ÊÕȘ}Ê̅iÊvÀiiÊÛiÀȜ˜ÊœvʘvˆÝÊ* Ê `ˆÌœÀʇÊÜÜÜ°ˆVi˜ˆ°Vœ“
• N. 474: “Não há direito líquido e certo, amparado pelo mandado de segurança, quando se escuda em lei cujos
efeitos foram anulados por outra, declarada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal”.
• N. 433: “É competente o Tribunal Regional do Trabalho para julgar mandado de segurança contra ato de seu
presidente em execução de sentença trabalhista”.
• N. 430: “Pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o prazo para o mandado de
segurança”.
• N. 429: “A existência de recurso administrativo com efeito suspensivo não impede o uso do mandado de
segurança contra omissão da autoridade”.
• N. 405: “Denegado o mandado de segurança pela sentença, ou no julgamento do agravo dela interposto, fica
sem efeito a liminar concedida, retroagindo os efeitos da decisão contrária”.
• N. 392: “O prazo para recorrer de acórdão concessivo de segurança conta-se da publicação oficial de suas
conclusões, e não da anterior ciência à autoridade para cumprimento da decisão”.
• N. 304: “Decisão denegatória de mandado de segurança, não fazendo coisa julgada contra o impetrante, não
impede o uso da ação própria”.
• N. 272: “Não se admite como ordinário recurso extraordinário de decisão denegatória de mandado de
segurança”.
• N. 271: “Concessão de mandado de segurança não produz efeitos patrimoniais em relação a período pretérito,
os quais devem ser reclamados administrativamente ou pela via judicial própria”.
• N. 270: “Não cabe mandado de segurança para impugnar enquadramento da L. 3.780, de 12.7.60, que envolva
exame de prova ou de situação funcional complexa”.
• N. 269: “O mandado de segurança não é substitutivo de ação de cobrança”.
• N. 268: “Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito em julgado”.
• N. 267: “Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou correição”.
• N. 266: “Não cabe mandado de segurança contra lei em tese”.
• N. 101: “O mandado de segurança não substitui a ação popular”.

2. Conceito (legal)

I – Conceito doutrinário: o mandado de segurança é um instrumento diferenciado e reforçado de eficácia potenciada


que ativa a jurisdição constitucional das liberdades públicas.

II – Conceito legal: extraído do inciso LXIX, art. 5º da Constituição Federal: “conceder-se-á mandado de segurança para
proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela
ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder
Público”.

5
www.g7juridico.com.br
`ˆÌi`ÊÕȘ}Ê̅iÊvÀiiÊÛiÀȜ˜ÊœvʘvˆÝÊ* Ê `ˆÌœÀʇÊÜÜÜ°ˆVi˜ˆ°Vœ“
2.1. Garantia

I – O mandado de segurança é uma garantia constitucional.

II – Distinção entre direitos, deveres e garantias (Rui Barbosa):

• Direitos e deveres: são dispositivos declaratórios, variando entre eles a sujeição, a favor (direito) ou contra
(dever).
• Garantias: são dispositivos assecuratórios ou instrumentais, que visam a tutela dos direitos.

Exemplos:

Direito Garantia
Intimidade Inviolabilidade de domicílio e de dados
Liberdade “Habeas corpus” e indenização por erro judiciário
Informação “Habeas data”
Estado de Direito Mandado de segurança

III – O Estado de Direito significa que o Estado submete-se à lei (CF, art. 37, “caput”). Caso o Estado descumpra o
ordenamento jurídico, um dos instrumentos disponível para reverter tal situação seria o mandado de segurança.

2.2. Direito individual (ou coletivo: mandado de segurança coletivo)

I - A garantia pode ser utilizada tanto para a tutela de direitos individuais como para a tutela de direitos metaindividuais

II – Existe disciplina própria para o mandado de segurança coletivo (Lei n. 12.016/09, arts. 21 e 22). De acordo com a Lei
n. 12.016/09, é cabível o mandado de segurança coletivo para a tutela dos direitos coletivos “stricto sensu” ou
individuais homogêneos, excluídos os direitos difusos.

III – Diferença entre os mandados de segurança: legitimidade e objeto. Quanto ao objeto:

• Mandado de segurança individual: tutela direitos individuais.


• Mandado de segurança coletivo: tutela direitos transindividuais.
2.3. Líquido e certo

a) Prova pré-constituída (ação documental)

6
www.g7juridico.com.br
`ˆÌi`ÊÕȘ}Ê̅iÊvÀiiÊÛiÀȜ˜ÊœvʘvˆÝÊ* Ê `ˆÌœÀʇÊÜÜÜ°ˆVi˜ˆ°Vœ“
I – A expressão “direito líquido e certo” não representa adequadamente o que ela desejaria representar, devendo ser
compreendida como a inexistência de dúvida sobre o fato afirmado. Tanto é que o mandado de segurança exige prova
pré-constituída.

E é por esse motivo que o mandado de segurança é considerado uma ação documental, exigindo que o fato afirmado
pelo impetrante esteja comprovado de plano, via prova pré-constituída (prova documental). Como efeito prático,
inexiste dilação probatória no mandado de segurança.

II - Exemplos:

• Cidadão é multado por radar de trânsito: impetração de mandado de segurança para comprovar que não era o
condutor no momento da infração. Para tanto, deseja ouvir testemunhas. Na hipótese, inviável o mandado de
segurança.
• Cidadão é multado por um radar de trânsito: ao impetrar o mandado de segurança, o cidadão anexa certidão
emitida pelo DETRAN, que constava que o veículo estava apreendido no pátio do DETRAN. Na hipótese, viável o
mandado de segurança.

b) Condição especial da ação (interesse processual)

A doutrina entende que a prova pré-constituída ou o direito líquido e certo é uma condição especial da ação do
mandado de segurança, vinculada ao interesse processual na faceta adequação.

Portanto, caso o impetrante ajuíze o mandado de segurança sem a prova pré-constituída, não possuíra interesse
processual, pois a via eleita para a postulação foi inadequada. Constatando a ausência de interesse processual, o juiz
declarará a carência da impetração, aplicando o artigo 330 (indeferimento da inicial) ou artigo 485, V (extinção o
processo sem análise do mérito), ambos do Código de Processo Civil.

c) Possibilidade de documentalização de provas (CPC, art. 381)

Questão n. 1: é possível a documentalização extrajudicial de provas não originariamente documentais para o fim de
impetração do mandado de segurança? Exemplos: declarações escritas de testemunhas e perícia extrajudicial. Sobre o
tema, existem três correntes:
• Não, pois a prova deve ser naturalmente documental, a exemplo do contrato, boletim de ocorrência ou certidão
de órgão público.

7
www.g7juridico.com.br
`ˆÌi`ÊÕȘ}Ê̅iÊvÀiiÊÛiÀȜ˜ÊœvʘvˆÝÊ* Ê `ˆÌœÀʇÊÜÜÜ°ˆVi˜ˆ°Vœ“
• Sim, desde que possível a documentalização. Entretanto, a posição viabiliza a manipulação da prova, não
gerando segurança suficiente.
• Seria possível, desde que documentalizadas através do modelo da produção antecipada de provas, previsto no
artigo 381 do Código de Processo Civil. Tratar-se-á de prova mais robusta, já que garantidos o contraditório, a
ampla defesa e a participação do adversário.

d) Exceção: Lei n. 12.016/09, art. 6º, §§ 1º e 2º

Não se exige a prova pré-constituída caso o documento esteja em poder de terceiro ou em poder da autoridade
coautora:

Lei n. 12.016/09, art. 6º: “(...).


§ 1º: No caso em que o documento necessário à prova do alegado se ache em repartição ou estabelecimento público ou
em poder de autoridade que se recuse a fornecê-lo por certidão ou de terceiro, o juiz ordenará, preliminarmente, por
ofício, a exibição desse documento em original ou em cópia autêntica e marcará, para o cumprimento da ordem, o
prazo de 10 (dez) dias. O escrivão extrairá cópias do documento para juntá-las à segunda via da petição.
§ 2º: Se a autoridade que tiver procedido dessa maneira for a própria coatora, a ordem far-se-á no próprio instrumento
da notificação.
(...)”.

e) Direito intrincado e cabimento do mandado de segurança (S. 625 STF)

I - Como qualquer outra ação, o mandado de segurança tem causa de pedir. E, como o sistema brasileiro adota a teoria
da substanciação, a causa de pedir tem um fundamento de fato e um fundamento jurídico.

II - Em relação ao mandado de segurança, o fundamento de fato deve ser provado de plano. Quanto ao fundamento
jurídico, mesmo que o direito seja controvertido ou intrincado, será cabível o mandado de segurança. Nesse sentido, a
S. 625 STF: “Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de mandado de segurança”.

2.4. Não amparado por “habeas data” (Lei n. 9.507/97) ou “habeas corpus”

O mandado de segurança tem caráter residual:

• Tutela da liberdade de locomoção: “habeas corpus” (CPP).


• Tutela de informações próprias: “habeas data” (Lei n. 9.507/97, art. 7º).
• Outros direitos, inclusive a informação de terceiros: mandado de segurança (Lei n. 12.016/09).

8
www.g7juridico.com.br
`ˆÌi`ÊÕȘ}Ê̅iÊvÀiiÊÛiÀȜ˜ÊœvʘvˆÝÊ* Ê `ˆÌœÀʇÊÜÜÜ°ˆVi˜ˆ°Vœ“
2.5. Contra ato (omissivo ou comissivo) (atual ou iminente/determinado)

I – O mandado de segurança ataca ato. Portanto, a impetração dirige-se contra ato, que esteja causando prejuízos ao
impetrante.

II – O ato atacado pelo mandado de segurança pode ser:

• Omissivo (não conduta) ou comissivo (conduta).


• Atual (ato praticado) ou iminente (ato não praticado).

Observação n. 2: o mandado de segurança que ataca o ato iminente tem natureza preventiva. Entretanto, a
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é uniforme no sentido de que o ato a ser atacado no mandado de
segurança preventivo deve ser determinado.

2.5.1. Ato administrativo (regra geral: cabe)

I – Em regra, é cabível o mandado de segurança contra atos administrativos, de qualquer natureza. Como é a
Administração Pública que geralmente dá operatividade prática às leis, a grande maioria dos atos atacados pelo
mandado de segurança serão os atos administrativos.

Exemplos de atos administrativos atacáveis por mandado de segurança: (a) portaria de nomeação de candidato fora da
ordem do concurso; (b) edital de licitação em razão de nulidade; e (c) interdição de estabelecimento comercial.

II – Exceção, e exceção da exceção:

• Exceção: Lei n. 12.016/09, art. 5º: “Não se concederá mandado de segurança quando se tratar:
I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução;
(...)”.
• Exceção da exceção: S. 429 STF: “A existência de recurso administrativo com efeito suspensivo não impede o uso
do mandado de segurança contra omissão da autoridade”.

Observação n. 3:

• Fundamento da exceção (Lei n. 10.016/09, art. 5º, I): o ato atacado não causa prejuízo - exemplo: recurso com
efeito suspensivo, e independentemente de caução, contra ato administrativo que cominou multa em razão de

9
www.g7juridico.com.br
`ˆÌi`ÊÕȘ}Ê̅iÊvÀiiÊÛiÀȜ˜ÊœvʘvˆÝÊ* Ê `ˆÌœÀʇÊÜÜÜ°ˆVi˜ˆ°Vœ“
degradação ambiental. Por conseguinte, caso o recurso seja improvido pela autoridade administrativa, é
prescindível o esgotamento da via administrativa, sendo viabilizada a impetração do mandado de segurança.
• Fundamento da exceção da exceção (S. 429 STF): a suspensão do ato omisso é inócua.

2.5.2. Ato legislativo (regra geral: não cabe)

I – Em regra, não cabe mandado de segurança contra atos legislativos, a exemplos de leis, decretos e emendas
constitucionais. A razão é que a lei, em tese, não causa prejuízos.

II – Exceções:

• Leis de efeitos concretos (S. 266 STF “a contrario sensu”): trata-se de ato administrativo que se veste da
roupagem de ato legislativo. Exemplos: (a) leis proibitivas (proibição da comercialização de cigarros, por
exemplo); (b) leis que fixam tarifas ou alíquotas; e (c) leis que extinguem cargos.
• Violação do processo legislativo: se no curso do processo legislativo houver a violação de norma do processo
legislativo, o parlamentar poderá atacar o ato legislativo pela via do mandado de segurança. Nesse caso, a
legitimidade é exclusiva do parlamentar prejudicado (STF – MS n. 24.642/DF).

2.5.3. Ato judicial (regra geral: não cabe – S. 267 e 268 STF e Lei n. 12.016/09, art. 5º, II e III)

I – Em regra, não cabe mandado de segurança contra atos judiciais, a exemplo de sentenças, acórdãos e decisões. Nesse
sentido:

• S. 267 STF: “Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou correição”.
• S. 268 STF: “Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito em julgado”.
• Lei n. 12.016/09, art. 5º: “Não se concederá mandado de segurança quando se tratar:
(...)
II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;
III - de decisão judicial transitada em julgado”.

II - As decisões judiciais são atacas pela via do recurso ou das ações impugnativas. Portanto, inadequado o uso do
mandado de segurança, em razão de existirem outros mecanismos capazes de reverter o ato judicial.

II – Exceções:
➢ 1ª exceção: contra decisão contra qual não haja recurso previsto em lei processual (antes do trânsito em julgado).

10
www.g7juridico.com.br
`ˆÌi`ÊÕȘ}Ê̅iÊvÀiiÊÛiÀȜ˜ÊœvʘvˆÝÊ* Ê `ˆÌœÀʇÊÜÜÜ°ˆVi˜ˆ°Vœ“
o Não é a hipótese do agravo de instrumento. Fundamento: CPC, art. 1.009, § 1º: “As questões resolvidas na fase de
conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e
devem ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas
contrarrazões”. Portanto, as hipóteses não contempladas pelo artigo 1.015 deverão ser suscitadas em preliminar de
apelação.

o Exemplos:

• Controle de competência dos Colégios Recurais pelos Tribunais de Justiça e pelos Tribunais Regionais Federais
(STJ). Contra a decisão do Colégio Recursal, a respeito de competência, não cabe recurso especial, apenas
extraordinário.
• Contra decisão que julga os embargos infringentes do artigo 34 da Lei de Execução Fiscal1. Trata-se de
julgamento em última instância, contra o qual cabe apenas recurso extraordinário. Entretanto, trata-se de tema
controvertido, sendo, inclusive, tema de IAC, ainda não decidido pelo STJ.

➢ 2ª exceção: contra decisão teratológica2 (mesmo após trânsito em julgado).

III - Não cabe mandado de segurança contra decisões do Pleno ou da Turma do Supremo Tribunal Federal (MS - AgRg n.
275.693).

2.6. Ilegal ou abusivo de poder (objeto do mandado de segurança)

I – Conforme a Constituição Federal e a Lei do Mandado de Segurança, o objeto do mandado de segurança é um ato
ilegal ou abusivo de poder.

II – Para a adequada distinção entre ilegalidade e abuso de poder, necessária a diferenciação entre ato vinculado e ato
discricionário:

• Ato vinculado: não há participação da vontade do administrador na eleição do ato administrativo a ser aplicado.
Exemplo: concessão de aposentadoria.
• Ato discricionário: a prática do ato administrativo estabelecido em lei fica sujeita à conveniência e à
oportunidade da Administração Pública. Exemplo: eleição de posto de trabalho de servidor público.

1
Lei n. 6.830/80, art. 34, “caput”: “Das sentenças de primeira instância proferidas em execuções de valor igual ou
inferior a 50 (cinquenta) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTN, só se admitirão embargos infringentes e
de declaração”.
2
Aquilo que deriva da monstruosidade ou aquilo que tem a característica de ser monstruoso.

11
www.g7juridico.com.br
`ˆÌi`ÊÕȘ}Ê̅iÊvÀiiÊÛiÀȜ˜ÊœvʘvˆÝÊ* Ê `ˆÌœÀʇÊÜÜÜ°ˆVi˜ˆ°Vœ“
II - Caso o administrador pratique ato diverso do ato vinculado, há a pratica de ato ilegal. Já se o administrador, ao fazer
o juízo de conveniência e oportunidade, não o fizer de modo adequado ou com desvio de finalidade, há o abuso de
poder.

III – Portanto, o objeto do mandado de segurança poderá ser tanto o ato vinculado (ato ilegal) como o ato discricionário
(ato abusivo de poder).

2.7. Praticado por autoridade pública ou quem lhe faça às vezes

O mandado de segurança é uma ação fundada em direito público. Portanto, o mandado será utilizado para atacar ato de
autoridade pública (Prefeito, Governador, Secretários) ou alguém que, embora não seja servidor público, faça às vezes
de servidor público (dirigente de partido político, superintendente de sociedade de economia mista, diretor de empresa
pública).

3. Legitimidade

3.1. Ativa

a) Qualquer pessoa

A legitimidade ativa do mandado de segurança é extremamente ampla, abrangendo: pessoa física, pessoa jurídica, entes
despersonalizados (massa falida, espólio), órgãos administrativos com prerrogativas próprias a defender (Mesa da
Câmara, Mesa do Senado, Tribunal de Justiça) e estrangeiros.

b) Ação personalíssima para o autor (não para o polo passivo). Exceção: fase de cumprimento de sentença.

I – O mandado de segurança é considerado ação personalíssima, para o autor. Incidirá, portanto, em caso de morte do
impetrante, o disposto no inciso IX do artigo 485 do Código de Processo Civil:

CPC, art. 485: “O juiz não resolverá o mérito quando:


(...)
IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal; e
(...)”.
Observação: não é possível a sucessão em ação personalíssima. Portanto, caso o impetrante morra, o mandado de
segurança será extinto, sem análise do mérito. Entretanto, isso não significa que a família perderá os direitos derivados

12
www.g7juridico.com.br
`ˆÌi`ÊÕȘ}Ê̅iÊvÀiiÊÛiÀȜ˜ÊœvʘvˆÝÊ* Ê `ˆÌœÀʇÊÜÜÜ°ˆVi˜ˆ°Vœ“
de eventual ilegalidade cometida pelo Poder Público, podendo ser ajuizada ação pelo rito comum para tanto (STJ – REsp
n. 659.594/DF; STF – RE n. 22.355).

II – Por uma questão de lógica, se o indivíduo estava vivo ao tempo da condenação, e o que resta a fazer é apenas
verificar valores em atraso, na fase cumprimento pode haver exceção, conforme a jurisprudência dos tribunais
superiores.

c) Litisconsórcio (Lei n. 12.016/09, art. 1º, § 3º)

Seria a possibilidade de impetração do mandado de segurança por mais de uma pessoa, que tem previsão expressa na
Lei do mandado de segurança:

Lei n. 12.016/09, art. 1º, § 3º: “Quando o direito ameaçado ou violado couber a várias pessoas, qualquer delas poderá
requerer o mandado de segurança”.

c.1) Até o despacho inicial (Lei n. 12.016/09, art. 10, § 2º)

I - A formação do litisconsórcio ativo é admitida até o despacho inicial do juiz. Após, é vedado o ingresso de novos
litisconsortes: Lei n. 12.016/09, art. 10, § 2º: “O ingresso de litisconsorte ativo não será admitido após o despacho da
petição inicial”.

II - O fundamento da limitação é a preservação do juiz natural, não permitindo que a parte escolha o juízo da causa.

c.2) Diferente de mandado de segurança coletivo (Lei n. 12.016/09, art. 21, parágrafo único)

I – Legitimidade:

• Mandado de segurança individual: titulares do direito.


• Mandado de segurança coletivo: partido político com representação no Congresso Nacional, sindicatos,
associações e entidades de classe em funcionamento há pelo menos um ano.

II – Direito:

• Mandado de segurança individual: direito individual de cada um dos impetrantes.


• Mandado de segurança coletivo: direitos coletivos “stricto sensu” ou direitos individuais homogêneos.

13
www.g7juridico.com.br
`ˆÌi`ÊÕȘ}Ê̅iÊvÀiiÊÛiÀȜ˜ÊœvʘvˆÝÊ* Ê `ˆÌœÀʇÊÜÜÜ°ˆVi˜ˆ°Vœ“
d) Impetração em favor de direito de terceiro (Lei n. 12.016/09, art. 3º)

I - Trata-se de uma hipótese em que a Lei n. 12.016/09 admite a legitimação extraordinária ou a substituição processual.

A legitimidade extraordinária ou a substituição processual tem previsão nos artigos 17 e 18 do Código de Processo Civil.
Esses dispositivos estabelecem que a legitimidade para a causa ocorre conforme a titularidade do direito. Assim, é o
titular do direito que poderia impetrar o mandado de segurança.

Entretanto, há hipóteses em que a legislação brasileira autoriza que uma pessoa aja em nome próprio, mas para
defender direito alheio. Tal situação ocorre, por exemplo, na Lei n. 12.016/09:

Lei n. 12.016/09, art. 3º: “O titular de direito líquido e certo decorrente de direito, em condições idênticas, de terceiro
poderá impetrar mandado de segurança a favor do direito originário, se o seu titular não o fizer, no prazo de 30 (trinta)
dias, quando notificado judicialmente”.

II - Exemplo: concurso público com três aprovados e a Administração Pública nomeia o terceiro colocado. Espera-se que
o primeiro colocado impetre mandado de segurança, requerendo a anulação da nomeação do terceiro colocado e sua
nomeação. No entanto, o primeiro colocado é omisso e não impetra a segurança. Por conseguinte, o segundo colocado
impetra o mandado em seu nome – decorrido o prazo de trinta dias da notificação judicial e mantida a omissão - para
tutelar o direito do primeiro, pedindo a anulação da nomeação do terceiro e a nomeação do primeiro.

III - Cuidado com o prazo: Lei n. 12.016/09, art. 3º, parágrafo único: “O exercício do direito previsto no caput deste
artigo submete-se ao prazo fixado no art. 23 desta Lei, contado da notificação”.

3.2. Passiva (Lei n. 12.016/09, art. 1º, §§ 1º e 2º)

Lei n. 12.016/09, art. 1º: “(...).


§ 1º: Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os representantes ou órgãos de partidos políticos e os
administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no
exercício de atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições.
§ 2º: Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial praticados pelos administradores de
empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público.
(...)”.

a) Pessoa jurídica ou autoridade? (STJ – REsp n. 842.279/MA, rel. Min. Luiz Fux, DJe 24/04/2008)

14
www.g7juridico.com.br
`ˆÌi`ÊÕȘ}Ê̅iÊvÀiiÊÛiÀȜ˜ÊœvʘvˆÝÊ* Ê `ˆÌœÀʇÊÜÜÜ°ˆVi˜ˆ°Vœ“
I - Conforme a doutrina e a jurisprudência, o réu no mandado de segurança é a pessoa jurídica, ainda que presentada no
processo pela autoridade coatora. Por essa razão, quem suporta os efeitos da procedência do mandado de segurança
não é a autoridade coatora, mas a pessoa jurídica.

II – O mandado de segurança tem regra específica de presentação da pessoa jurídica, que afasta a aplicação do artigo 75
do Código de Processo Civil. Exemplo (mandado de segurança contra a diretora da escola estadual, que indeferiu
determinada matrícula): impetrado contra o Estado, presentado pela autoridade coatora, que é a diretora da escola
estadual.

b) Litisconsórcio passivo necessário no mandado de segurança

O litisconsórcio passivo necessário é formado com base no artigo 115 do Código de Processo Civil, devendo ser
formado, sob pena de invalidade do processo, por determinação da lei ou pela unitariedade da relação jurídica.

b.1) Pessoa jurídica mais autoridade coatora (não)

Não existe litisconsórcio passivo necessário entre a pessoa jurídica e a autoridade coatora, ainda que o artigo 6º da Lei
n. 12.016/09 indique que o autor deva indicar, além da autoridade coatora, a pessoa jurídica que esta integra. Trata-se
de um único réu (pessoa jurídica).

b.2) Com o beneficiário do ato (sim) (S. 631 e 701 – STF) (Lei n. 12.016/09, art. 24)

O beneficiário do ato é litisconsorte passivo necessário. Caso não integrado, a decisão do mandado de segurança é
viciada, podendo o processo ser reconhecido nulo ou ineficaz, conforme o artigo 115 do Código de Processo Civil. Nesse
sentido:

• S. 631 STF: “Extingue-se o processo de mandado de segurança se o impetrante não promove, no prazo assinado,
a citação do litisconsorte passivo necessário”.
• S. 701 STF: “No mandado de segurança impetrado pelo Ministério Público contra decisão proferida em processo
penal, é obrigatória a citação do réu como litisconsorte passivo”.

Exemplo: impetração de mandado de segurança para impugnar o resultado de uma licitação, em razão de
favorecimento à empresa vencedora. Nesse caso, o mandado é ajuizado contra o Estado (presentado pelo Presidente da
Comissão de Licitação) e contra a empresa vencedora da licitação.
c) Definição da autoridade coatora (Lei n. 12.016/09, art. 6º, § 3º). Questões: subalterno, ato complexo, ato composto
e ato colegiado.

15
www.g7juridico.com.br
`ˆÌi`ÊÕȘ}Ê̅iÊvÀiiÊÛiÀȜ˜ÊœvʘvˆÝÊ* Ê `ˆÌœÀʇÊÜÜÜ°ˆVi˜ˆ°Vœ“
I – Como analisado, a autoridade coatora é a pessoa que presentará a pessoa jurídica ré. A definição legal é extraída da
própria Lei n. 12.016/09, que aponta dois critérios:

Lei n. 12.016/09, art. 6º, § 3º: “Considera-se autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato impugnado ou da
qual emane a ordem para a sua prática”.

II – Leitura adequada do dispositivo, segundo o professor:

• (1º): quem ordenou; caso não identificado,


• (2º): quem praticou o ato.

Observação n. 1: seja quem ordenou ou quem praticou o ato, é imprescindível ter o poder de revisão do ato.

c.1) Subalterno

O subalterno é mero executor, não podendo ser caracterizado como autoridade coatora. Fundamentos: não ordenou o
ato e não tem poder de revisão.

c.2) Ato complexo

I - Ato complexo é aquele se aperfeiçoa com a manifestação de vontade de dois órgãos distintos. Exemplo: nomeação
de Desembargador do Tribunal de Justiça (Poder Judiciário e Governador).

Nessa hipótese, a autoridade coatora é o órgão decisor final. Nesse sentido, a S. 627 STF: “No mandado de segurança
contra a nomeação de magistrado da competência do Presidente da República, este é considerado autoridade coatora,
ainda que o fundamento da impetração seja nulidade ocorrida em fase anterior do procedimento”.

c.3) Ato composto

Ato composto é aquele em que uma autoridade decide e a outra homologa. Nessa hipótese, a autoridade coatora é a
autoridade final que homologa.

c.4) Ato colegiado


A autoridade coatora é o presidente do colegiado. Exemplo: presidente da comissão de concurso público.

16
www.g7juridico.com.br
`ˆÌi`ÊÕȘ}Ê̅iÊvÀiiÊÛiÀȜ˜ÊœvʘvˆÝÊ* Ê `ˆÌœÀʇÊÜÜÜ°ˆVi˜ˆ°Vœ“
d) Indicação errônea da autoridade coatora (CPC, art. 139, IX - só se for no mesmo Tribunal – STJ, AgRg RMS n.
46.032/RJ e REsp n. 865391/BA)

I – O Código de Processo Civil estabelece que o dever do juiz de sanear vícios processuais, evitando o pronunciamento
de nulidades (princípio da primazia do julgamento do mérito, conforme parcela da doutrina):

CPC, art. 139: “O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe:
(...)
IX - determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outros vícios processuais;
(...)”.

II – Prevalecia o entendimento de que o mandado de segurança seria uma ação excepcional. Consequentemente, o mau
ajuizamento implicava em indeferimento da inicial. Contudo, esse entendimento encontra-se superado. Conforme a
atual jurisprudência, o juiz tem que determinar, de ofício ou à parte, a correção da autoridade coatora, desde que a
competência para julgamento seja dentro do mesmo tribunal (STJ - AgRg RMS n. 46.032/RJ e REsp n. 865391/BA). Caso
a correção do vício leve à mudança de competência, o juiz indeferirá a inicial.

e) Teoria da encampação (STJ)

I - A teoria da encampação estabelece a possibilidade de a autoridade coatora indicada erroneamente responder à


impetração, encampando o ato praticado pela autoridade adequada. Portanto, o intuito da autoridade coatora é o de
“salvar” mandados de segurança impetrados com a presentação da autoridade coatora errada.

II – Condições:

• Encampante seja superior hierárquico do encampado.


• Não haja alteração da competência hierárquica do órgão julgador em virtude da encampação.
• As informações prestadas pelo encampante enfrente o mérito da questão (“redarguição”).
• For razoável a dúvida quanto à real autoridade coatora (condição não adotada pela maioria dos julgados sobre o
tema).

17
www.g7juridico.com.br
`ˆÌi`ÊÕȘ}Ê̅iÊvÀiiÊÛiÀȜ˜ÊœvʘvˆÝÊ* Ê `ˆÌœÀʇÊÜÜÜ°ˆVi˜ˆ°Vœ“

Você também pode gostar