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INTENSIVO II

Fernando Gajardoni
Direito Processual Civil
Aula 14

ROTEIRO DE AULA

Juizados Especiais (Cíveis, Fazenda Pública e Federais)

1. Generalidades JEC/JEFP/JEF

Antes do modelo proposto pela Constituição Federal de 1988, instrumento normativo que criou os juizados especiais, já
havia uma experiência (1985) referente aos juizados informais de conciliação. Essa experiência foi fundamental para que
em 1988 o legislador criasse uma justiça mais desburocratizada, barata e acessível, facilitando o acesso à justiça.
Portanto, o precursor dos juizados especiais são os juizados informais de conciliação (ou juizados de pequenas causas).

1.1. Fatores que ensejaram a criação dos Juizados

a) Ampliação do acesso à Justiça

I – Até 1988 subsistia um déficit de cidadania, pois apenas aqueles com instrução e recursos financeiros acessavam o
sistema de justiça. De outro lado, a larga massa da população brasileira não o acessava, seja em razão do
desconhecimento seja em razão do custo.

II – A partir do contexto acima, o legislador procurou criar um mecanismo de acesso à justiça, dotado de duas
características: a) informal, na medida em que o indivíduo não se ocupe com as formalidades geralmente exigidas
(petições iniciais com requisitos e sistema recursal complexo); e b) menos onerosa (inexistência de custas em primeiro
grau, prescindibilidade de advogado até determinado valor, capacidade postulatória das partes, presença de
conciliadores, mediadores e juízes legais).

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III – Portanto, o primeiro fator que ensejou a criação dos juizados é a ampliação do acesso à justiça, tanto pela
facilitação do acesso como pela gratuidade, inclusive quanto ao advogado.

b) Participação popular na administração da Justiça

Outro fator que permeou a criação dos juizados foi a possibilidade de participação da própria comunidade na
administração da justiça, e não apenas dos juízes. Isso seria possível através da participação de duas figuras: o
conciliador e o juiz leigo.

1.2. Justiça especial ou procedimento especial: sumarização procedimental

Há duas formas de compreender os juizados especiais:

➢ Novo setor ou novo órgão do Poder Judiciário.

Para compreender a posição, válido rememorar o organograma da justiça brasileira: justiça especial (Justiça Eleitoral e
Justiça do Trabalho) e justiça comum (Justiça Federal e Justiça Estadual). Assim, os juizados especiais seriam um novo
setor do Poder Judiciário, pois eles passariam a compor a justiça especializada, modificando o organograma da justiça
brasileira.

Entretanto, o professor não concorda com essa posição, defendida por parcela da doutrina, pois, para ser considerada
uma justiça especializada, ela não poderia ter nenhum vínculo com a justiça comum. Não obstante os juizados especiais
terem autonomia jurisdicional, não há nenhuma autonomia administrativa - os juizados federais são vinculados à justiça
comum da União e os juizados especiais cíveis e da Fazenda Pública são vinculados à justiça comum dos Estados.

➢ Procedimento especial.

Os juizados especiais são justiças integrantes da justiça comum, que se desenvolvem por meio de um procedimento
especial de legislação extravagante: o procedimento sumaríssimo, que trabalha com o modelo de sumarização
procedimental.

Observação n. 1: conforme Fairén Guillen, existem duas espécies de sumarização nos sistemas processuais:

• Cognitiva (juiz): acelera-se o trâmite do procedimento porque o juiz não se aprofunda na investigação. Em
outras palavras, a cognição sumária autoriza que o juiz decida com probabilidade ou verossimilhança. Exemplo:
tutelas provisórias (em regra, não há a imutabilidade e a indiscutibilidade).

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• Procedimental ou ritual: a decisão é exauriente e produz coisa julgada material, ou seja, a cognição não é
sumarizada. Trabalha-se com a sumarização do procedimento, acelerando o trâmite processual, por meio da
supressão de atos e a concentração de outros em uma única oportunidade. De acordo com a doutrina de
Guillen, o procedimento sumaríssimo dos juizados é um “plenário rápido”: processo de cognição plenária, mas
rápido.

1.3. Previsão legal (CF, art. 98, I e § 1º) (Leis n. 9.099/95, 10.259/01 e 12.153/09)

I – A Constituição Federal traz as diretrizes gerais sobre os juizados especiais:

CF, art. 98: “União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:
I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a
execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os
procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos
por turmas de juízes de primeiro grau;
(...)
§ 1º: Lei federal disporá sobre a criação de juizados especiais no âmbito da Justiça Federal.
(...)”.

II - As principais características dos juizados especiais foram previstas na própria Constituição Federal:

• Procedimento oral.
• Procedimento sumaríssimo.
• Compostos por juízes togados ou por juízes togados e leigos.
• Julgamento de recursos pelos próprios juízes de primeiro grau.
• Causas de menor complexidade.

III – Regulamentação das normas constitucionais:

• Juizados Especiais Cíveis (Justiça Estadual): Lei n. 9.099/95.


• Juizados Especiais Federais (Justiça Federal): Lei n. 10.259/01.
• Juizados Especiais da Fazenda Pública (Justiça Estadual): Lei n. 12.153/09.

Observação n. 2: como a Lei n. 9.099/95 veda o ajuizamento de ações contra a Fazenda Pública, criaram-se os Juizados
Especiais da Fazenda Pública no ambiente estadual, viabilizando que Municípios e Estados ocupassem o polo passivo.

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1.4. (Micro) Sistema dos Juizados Especiais (quando não se aplica?)

I – Sistema é o conjunto de elementos capazes de interagirem entre si – exemplo: sistema normativo (conjunto de
normas que interagem entre si).

II – Dentro do sistema normativo brasileiro há o microssistema dos juizados, composto por três leis, que funcionam
integrativamente, inclusive por referência expressa (artigos 1º). Assim, a Lei n. 9.099/95, a Lei n. 10.259/01 e a Lei n.
12.153/09 conversam entre si (teoria do diálogo das fontes normativas) de modo a compor um conjunto harmônico,
cujos vários dispositivos contribuem para a criação do sistema dos juizados especiais.

Observação n. 3:

• A aplicação não é meramente subsidiária, mas integrativa. Portanto, as deficiências de uma normativa são
corrigidas e supridas pela outra norma. Por conseguinte, a aplicação também é subsidiária, na medida em que,
havendo ausência de norma em qualquer uma delas, aplica-se a outra.
• O Código de Processo Civil não integra o microssistema dos juizados. Portanto, ele é aplicado subsidiariamente,
desde que haja compatibilidade.

III – O microssistema dos juizados não é aplicável em duas hipóteses:

• Quando houver completa previsão legal da temática na lei de regência. Em outras palavras, a respectiva lei de
regência esgota o tratamento do tema. Exemplo: Lei n. 12.153/09, art. 5º (partes).
• Quando a própria lei de regência ou lógica dela afastar a integratividade. Exemplo: Lei n. 12.153/09, art. 6º
(citações e intimações da Fazenda Pública).

IV – Exemplos de aplicação do microssistema (os artigos aplicam-se a todos os juizados):

• Artigo 2º da Lei n. 9.099/95 (princípios informadores).


• Artigo 59 da Lei n. 9.099/95 (vedação à ação rescisória).
• Artigo 30 da Lei n. 9.099/95 (contestação oral).

1.5. Jurisprudência: FONAJE e FONAJEF, Res. STJ n. 3/16 (substituiu a Res. STJ 12/09) e CPC, art. 985, I

I – No âmbito dos juizados especiais há uma situação em que, conforme o modelo das leis de regência, os recursos não
são julgados por um tribunal estadual ou por um tribunal regional, mas pelos próprios juízes da região. Esse modelo

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gera a existência de inúmeras turmas e colégios recursais, gerando problemas quanto à temática da jurisprudência no
ambiente dos juizados.

II – Com o intuito de uniformização e de estabelecimento de um padrão comportamental para os juizados, há a


contribuição de órgãos extraoficiais: FONAJE (Fórum Nacional dos Juizados Especiais) e FONAJEF (Fórum Nacional dos
Juizados Especiais Federais):

• FONAJE: JEC e JEFP.


• FONAJEF: JEF.

Os dois órgãos extraoficiais são compostos por juízes, que se reúnem periodicamente. Além do compartilhamento de
boas práticas, há a edição de enunciados interpretativos, a respeito dos juizados especiais (JEC, JEFP e JEF). Esses
enunciados acabam por estabelecer um padrão no ambiente dos juizados, já que a larga maioria dos juízes os observam.

III – Entretanto, não obstante a busca pela padronização no ambiente dos juizados, os enunciados não solucionam o
problema, pois eles não obedecem a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, já que as decisões prolatadas pelas
turmas e colégios recursais não estão sujeitas a controle por recurso especial. No máximo, há o controle pelo Supremo
Tribunal Federal, em razão de eventual interposição de recurso extraordinário.

IV – Com o intuito de solucionar a celeuma, o Superior Tribunal de Justiça editou duas resoluções.

• Res. STJ n. 12/09: cabimento de reclamação para o STJ contra as decisões prolatadas pelas turmas recursais dos
juizados cíveis que contrariarem sua jurisprudência.
• Res. STJ n. 3/16 (substituiu a Res. STJ n. 12/09): cabimento de reclamação para o Tribunal de Justiça contra as
decisões prolatadas pelas turmas recursais dos juizados especiais cíveis que contrariarem os precedentes do
Superior Tribunal de Justiça. Inclusive, da decisão do tribunal será cabível recurso especial (CF, art. 105, III).

Observação n. 4: a Res. STJ n. 3/16 criou uma etapa inexistente na legislação brasileira e na própria Constituição Federal,
sendo de duvidosa constitucionalidade.

V – Por fim, quanto ao incidente de resolução de demandas repetitivas:

CPC, art. 985: “Julgado o incidente, a tese jurídica será aplicada:

I - a todos os processos individuais ou coletivos que versem sobre idêntica questão de direito e que tramitem na área de
jurisdição do respectivo tribunal, inclusive àqueles que tramitem nos juizados especiais do respectivo Estado ou região;

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(...)”.

Portanto, a decisão prolatada no IRDR também será aplicada aos juizados.

1.6. Princípios informadores (Lei n. 9.099/95, art. 2º)

Os princípios compõem o espírito dos juizados especiais. Toda a interpretação das regras dos juizados, e demais regras
aplicáveis ao microssistema, passa pela análise dos princípios informadores.

a) Oralidade (Lei n. 9.099/95, arts. 9º, § 3º, 13, § 3º, 14, § 3º, 30 e 52, IV)

I – A ideia da oralidade é a preponderância da palavra escrita pela palavra falada, com o intuito de simplificação.

II - Disposições a respeito da oralidade:

• Lei n. 9.099/95, art. 9º, § 3º: “O mandato ao advogado poderá ser verbal, salvo quanto aos poderes especiais”.
• Lei n. 9.099/95, art. 13, § 3º: “Apenas os atos considerados essenciais serão registrados resumidamente, em
notas manuscritas, datilografadas, taquigrafadas ou estenotipadas. Os demais atos poderão ser gravados em
fita magnética ou equivalente, que será inutilizada após o trânsito em julgado da decisão”.
• Lei n. 9.099/95, art. 14, § 3: “O pedido oral será reduzido a escrito pela Secretaria do Juizado, podendo ser
utilizado o sistema de fichas ou formulários impressos”.
• Lei n. 9.099/95, art. 30: “A contestação, que será oral ou escrita, conterá toda matéria de defesa, exceto
arguição de suspeição ou impedimento do Juiz, que se processará na forma da legislação em vigor”.
• Lei n. 9.099/95, art. 52: “A execução da sentença processar-se-á no próprio Juizado, aplicando-se, no que
couber, o disposto no Código de Processo Civil, com as seguintes alterações:
(...)
IV - não cumprida voluntariamente a sentença transitada em julgado, e tendo havido solicitação do interessado,
que poderá ser verbal, proceder-se-á desde logo à execução, dispensada nova citação;
(...)”.

b) Simplicidade e informalidade (Lei n. 9.099/95, arts. 13 e 18, II)

• Lei n. 9.099/95, art. 13: “Os atos processuais serão válidos sempre que preencherem as finalidades para as quais
forem realizados, atendidos os critérios indicados no art. 2º desta Lei”.

• Lei n. 9.099/95, art. 18: “A citação far-se-á:

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(...)
II - tratando-se de pessoa jurídica ou firma individual, mediante entrega ao encarregado da recepção, que será
obrigatoriamente identificado”.

c) Economia processual (Lei n. 9.099/95, arts. 38 e 46)

• Lei n. 9.099/95, art. 38: “A sentença mencionará os elementos de convicção do Juiz, com breve resumo dos
fatos relevantes ocorridos em audiência, dispensado o relatório”.
• Lei n. 9.099/95, art. 46: “O julgamento em segunda instância constará apenas da ata, com a indicação suficiente
do processo, fundamentação sucinta e parte dispositiva. Se a sentença for confirmada pelos próprios
fundamentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão”.

d) Celeridade (Lei n. 9.099/95, art. 10)

Lei n. 9.099/95, art. 10: “Não se admitirá, no processo, qualquer forma de intervenção de terceiro nem de assistência.
Admitir-se-á o litisconsórcio”.

e) Conciliação (Lei n. 9.009/95, art. 22)

Lei n. 9.099/95, art. 22: “A conciliação será conduzida pelo Juiz togado ou leigo ou por conciliador sob sua orientação”.

1.7. Opção do autor pelos juizados?

a) JEC (Enunciado n. 1 FONAJE e STJ) (Lei n. 9.099/95, art. 3º, § 3º - renúncia ao excedente)

I – É opcional ou facultativo. Nesse sentido:

• Enunciado n. 1 FONAJE: “O exercício do direito de ação no Juizado Especial Cível é facultativo para o autor”.
• STJ.

II – Entretanto, caso o autor ajuíze ação com valor superior à alçada de 40 salários-mínimos no juizado especial cível, ele
estará, automaticamente, renunciando ao excedente:

Lei n. 9.099/95, art. 3º, § 3º: “A opção pelo procedimento previsto nesta Lei importará em renúncia ao crédito
excedente ao limite estabelecido neste artigo, excetuada a hipótese de conciliação”.

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b) JEFP (Lei n. 12.153/09, art. 2º, § 4º) (Lei n. 12.153/09, art. 22 e Enunciado n. 9 FONAJEFP) (não há renúncia tática)

I – Não é opção do autor (competência valorativa absoluta): Lei n. 12.153/09, art. 2º, § 4º: “No foro onde estiver
instalado Juizado Especial da Fazenda Pública, a sua competência é absoluta”.

II – Caso não exista juizado especial da Fazenda Pública na comarca, provavelmente há um provimento do Tribunal de
Justiça, no sentido de que alguma vara da comarca absorveu a competência. Nesse sentido:

• Enunciado n. 9 FONAJEPF: “Nas comarcas onde não houver Juizado Especial da Fazenda Pública ou juizados
adjuntos instalados, as ações serão propostas perante as Varas comuns que detêm competência para processar
os feitos de interesse da Fazenda Pública ou perante aquelas designadas pelo Tribunal de Justiça, observando-se
o procedimento previsto na Lei 12.153/09”.
• Lei n. 12.153/09, art. 22: “Os Juizados Especiais da Fazenda Pública serão instalados no prazo de até 2 (dois)
anos da vigência desta Lei, podendo haver o aproveitamento total ou parcial das estruturas das atuais Varas da
Fazenda Pública”.

III – Tratando-se de regramento obrigatório, caso uma ação de menos de sessenta salários seja ajuizada na vara comum,
o juiz responsável por ela remeterá os autos para o juizado especial. Por outro lado, caso eventualmente seja ajuizada
ação acima de sessenta salários-mínimos no juizado na Fazenda Pública, o juiz a extinguirá (Lei n. 9.099/95, art. 51) -
esse raciocínio também é aplicado no ambiente dos juizados especiais federais.

IV – Como não existe a possibilidade do juiz do juizado especial da Fazenda Pública julgar causas acima de sessenta
salários-mínimos, não há renúncia tácita ao excedente - esse raciocínio também é aplicado no ambiente dos juizados
especiais federais.

c) JEF (Lei n. 10.259/01, art. 3º, § 3º) (não há renúncia tácita – Enunciado n. 16 FONAJEF)

I - Não é opção do autor (competência valorativa absoluta): Lei n. 10.259/01, art. 3º, § 3º: “Compete ao Juizado Especial
Federal Cível processar, conciliar e julgar causas de competência da Justiça Federal até o valor de sessenta salários
mínimos, bem como executar as suas sentenças”.

II – Não há renúncia tácita ao excedente. Nesse sentido, o Enunciado n. 16 FONAJEF: “Não há renúncia tácita nos
Juizados Especiais Federais para fins de fixação de competência”.
1.8. Aplicação no Novo CPC? (Enunciado n. 161 FONAJE e CJF n. 2) (Enunciados n. 162 a 170 FONAJE) (Enunciado n.
175 FONAJEF) (Enunciados n. 16, 19, 25, 37 do CJF) (Enunciados 21 e 43 a 47 ENFAM)

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I – A regra geral sobre a aplicação do Código de Processo Civil de 2015 ao microssistema dos juizados especiais está
disposta em dois enunciados:

• Enunciado n. 161 FONAJE: “Considerado o princípio da especialidade, o CPC/2015 somente terá aplicação ao
Sistema dos Juizados Especiais nos casos de expressa e específica remissão [exemplo: Lei n. 12.153/09, art. 6º]
ou na hipótese de compatibilidade com os critérios previstos no art. 2º da Lei 9.099/95 [análise
principiológica]”.
• Enunciado n. 2 CJF: “As disposições do Código de Processo Civil aplicam-se supletiva e subsidiariamente às Leis
n. 9.099/1995, 10.259/2001 e 12.153/2009, desde que não sejam incompatíveis com as regras e princípios
dessas Leis”.

II – Enunciados FONAJE (CPC/15):

• 162: “Não se aplica ao Sistema dos Juizados Especiais a regra do art. 489 do CPC/2015 diante da expressa
previsão contida no art. 38, caput, da Lei 9.099/95”.
• 163: “Os procedimentos de tutela de urgência requeridos em caráter antecedente, na forma prevista nos arts.
303 a 310 do CPC/2015, são incompatíveis com o Sistema dos Juizados Especiais [incompatível com os
princípios]”.
• 164: “O art. 229, caput, do CPC/2015 não se aplica ao Sistema de Juizados Especiais [incompatível com os
princípios]”.
• 165: “Nos Juizados Especiais Cíveis, todos os prazos serão contados de forma contínua [contra: FONAJEF,
ENFAM e CJF] [prejudicado pelo artigo 12-A da Lei n. 9.099/951, que manda aplicar o artigo 219 do CPC – dias
úteis]”.
• 166: “Nos Juizados Especiais Cíveis, o juízo prévio de admissibilidade do recurso será feito em primeiro grau
[CPC, art. 1.010, § 3º] [disciplina própria: Lei n. 9.099/95, art. 43]”.
• 168: “Não se aplica aos recursos dos Juizados Especiais o disposto no artigo 1.007 do CPC 2015 [disciplina
própria: Lei n. 9.099/95, art. 42]”.
• 169: “O disposto nos §§ 1.º e 5.º do art. 272 do CPC/2015 não se aplica aos Juizados Especiais [incompatível
com os princípios]”.
• 170: “No Sistema dos Juizados Especiais, não se aplica o disposto no inc. V do art. 292 do CPC/20152
especificamente quanto ao pedido de dano moral; caso o autor opte por atribuir um valor específico, este

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Lei n. 9.099/95, art. 12-A: “Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo juiz, para a prática de qualquer
ato processual, inclusive para a interposição de recursos, computar-se-ão somente os dias úteis” (Incluído pela Lei nº
13.728, de 2018).
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CPC, art. 292: “O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será:
(...)

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deverá ser computado conjuntamente com o valor da pretensão do dano material para efeito de alçada e
pagamento de custas [?]”.

Observação n. 5 (Enunciado n. 170 FONAJE): conforme a doutrina, o pedido de dano moral deve ser quantificado (CPC,
art. 292, V). De acordo com o entendimento do FONAJE, a indicação do valor do dano moral poderia inviabilizar o acesso
ao microssistema dos juizados especiais. Entretanto, conforme o entendimento do professor, não há incompatibilidade
entre a regra do Código de Processo Civil (CPC, art. 292, V) e a regra do microssistema (Lei n. 9.099/95, art. 14, § 2º).
Inclusive, também não haveria incompatibilidade com os princípios informadores (Lei n. 9.099/95, art. 2º).

2. Cabimento no JEC (Lei n. 9.099/95, art. 3º, §§ 1º e 2º) (lei local não pode ampliar – Enunciado n. 3 FONAJE) (rol
taxativo – Enunciado n. 30 FONAJE)

I – A lei local não poderá ampliar a competência do juizado especial.

Não obstante os juizados especiais cíveis serem órgãos da justiça comum estadual, as regras de competência são regras
de processo, cabendo somente à União legislar sobre elas (CF, art. 22. I). Nesse sentido, o Enunciado n. 3 - FONAJE: “Lei
local não poderá ampliar a competência do Juizado Especial”. Portanto, a lei local não poderá ampliar a competência
dos juizados para outros temas, além daqueles já previstos na Lei n. 9.099/95.

II – Como decorrência da primeira observância, a competência estabelecida no artigo 3º da Lei n. 9.099/95 encerra rol
taxativo. Nesse sentido, o Enunciado n. 30 - FONAJE: “É taxativo o elenco das causas previstas na o art. 3º da Lei
9.099/1995”.

2.1. Critérios (3)

a) Critério valorativo (Lei n. 9.099/95, art. 3º, I e § 1º): 40 salários mínimos (renúncia excedente)

I – Previsão legal:

Lei n. 9.099/95, art. art. 3º: “O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação, processo e julgamento das
causas cíveis de menor complexidade, assim consideradas:
I - as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo;
(...)
§ 1º: Compete ao Juizado Especial promover a execução:

V - na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor pretendido;


(...)”.

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I - dos seus julgados;
II - dos títulos executivos extrajudiciais, no valor de até quarenta vezes o salário mínimo, observado o disposto no § 1º
do art. 8º desta Lei.
(...)”.

Observação n. 6: qualquer valor excedente ao teto de 40 salários mínimos é considerado renunciado (Lei n. 9.099/95,
art. 3º, § 3º).

II – De acordo com a Constituição Federal, os juizados especiais são competentes para a conciliação, o julgamento e a
execução das causas cíveis de menor complexidade (art. 98, I). A tarefa de compreender a expressão constitucional
“menor complexidade” é do legislador infraconstitucional, que entendeu ser o valor da causa o fator determinante,
dentre outros.

b) Critério material (CPC, art. 1.063 – CPC/1973, art. 275, II) (III – despejo uso)

I – No critério material não importa o valor da causa. Portanto, o legislador infraconstitucional considerou que
determinados assuntos são considerados de “menor complexidade”, independentemente do valor da causa. Previsão
legal:

Lei n. 9.099/95, art. art. 3º: “O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação, processo e julgamento das
causas cíveis de menor complexidade, assim consideradas:
(...)
II - as enumeradas no art. 275, inciso II, do Código de Processo Civil;
III – a ação de despejo para uso próprio;
(...)”.

II – O despejo para uso próprio (inciso III) é um dos procedimentos especiais cabíveis nos juizados especiais cíveis (Lei n.
8.245/91) – o outro é o das ações possessórias (inciso IV). Trata-se da possibilidade do autor requerer a rescisão do
contrato de locação para que ele, ou seus familiares próximos, ocupe o bem.

III – O inciso II do art. 3º da Lei n. 9.099/95 refere-se às hipóteses do rito sumário do Código de Processo Civil de 1973:

CPC-73, art. 275: “Observar-se-á o procedimento sumário:


(...)
II - nas causas, qualquer que seja o valor;
a) de arrendamento rural e de parceria agrícola;
b) de cobrança ao condômino de quaisquer quantias devidas ao condomínio;

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c) de ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico;
d) de ressarcimento por danos causados em acidente de veículo de via terrestre;
e) de cobrança de seguro, relativamente aos danos causados em acidente de veículo, ressalvados os casos de processo
de execução;
f) de cobrança de honorários dos profissionais liberais, ressalvado o disposto em legislação especial;
g) que versem sobre revogação de doação;
h) nos demais casos previstos em lei.
(...)”.

Observação n. 7 (em relação ao CPC-73, art. 275): CPC, art. 1.063: “Até a edição de lei específica, os juizados especiais
cíveis previstos na Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, continuam competentes para o processamento e
julgamento das causas previstas no art. 275, inciso II, da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973”.

c) Critério mesclado (Lei n. 9.099, art. 3º, IV)

O critério considera tanto a matéria (posse) como o valor da causa (teto de 40 salários mínimos): Previsão legal:

Lei n. 9.099/95, art. art. 3º: “O Juizado Especial Cível tem competência para conciliação, processo e julgamento das
causas cíveis de menor complexidade, assim consideradas:
(...)
IV - as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente ao fixado no inciso I deste artigo.
(...)”.

2.2. Hipóteses de exclusão (pouco importa valor ou matéria) (Lei n. 9.099/95, art. 3º, § 2º) (STJ – Reclamação n.
12.062/GO – dano social) (Enunciado n. 8 FONAJE) (complexidade – Lei n. 9.099/95, art. 3º, “caput” e Enunciados 54,
12, 69 e 70 - FONAJE)

I – O legislador estabeleceu hipóteses de exclusão. Ou seja, são exceções ao cabimento, independentemente do valor
ou da matéria.

II – Primeiro grupo de exclusão: Lei n. 9.099/95, art. 3º, § 2º:

Lei n. 9.099/95, art. 3º, § 2º: “Ficam excluídas da competência do Juizado Especial as causas de natureza alimentar,
falimentar, fiscal e de interesse da Fazenda Pública, e também as relativas a acidentes de trabalho, a resíduos e ao
estado e capacidade das pessoas, ainda que de cunho patrimonial”.

Observação 8:

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• Alimentar: justiça comum.
• Falimentar: justiça comum.
• Fiscal: justiça comum, JEF ou JEFP.
• Interesse da Fazenda Pública: justiça comum, JEF ou JEFP.
• Acidente de trabalho: justiça comum.
• Estado e capacidade das pessoas: justiça comum.

III – Segundo grupo de exclusão: dano social.

O dano social é o fixado para punir condutas exemplarmente negativas – exemplo: plano de saúde que reiteradamente
nega atendimento a inúmeros pacientes. De acordo com o Superior Tribunal de Justiça, é válida a condenação por dano
social (Recl. n. 12.062/GO). Entretanto, ela não poderá ser prolatada no âmbito dos juizados especiais, pois o dano
social somente pode ser veiculado por ação coletiva, que é incompatível com os juizados (previsão expressa - JEF e
JEFP).

III – Terceiro grupo de exclusão: procedimentos especiais.

➢ O procedimento sumaríssimo é um procedimento especial, havendo incompatibilidade, caso aplicado outro


procedimento especial. Nesse sentido, o Enunciado n. 8 - FONAJE: “As ações cíveis sujeitas aos procedimentos
especiais não são admissíveis nos Juizados Especiais”.

➢ Conforme a maioria da doutrina há duas exceções: a ação de despejo para uso próprio e as ações possessórias, até
quarenta salários mínimos, conforme a própria lei dos juizados. Entretanto, segundo o professor, haveria uma
terceira exceção: embargos de terceiros, conforme o procedimento do Código de Processo Civil.

III – Quarto grupo de exclusão: complexidade probatória, desde que inviável a aplicação do artigo 35 da Lei n. 9.099/953.

Enunciados:
• N. 12: “A perícia informal é admissível na hipótese do art. 35 da Lei 9.099/1995”.
• N. 54: “A menor complexidade da causa para a fixação da competência é aferida pelo objeto da prova e não em
face do direito material”.
• N. 69: “As ações envolvendo danos morais não constituem, por si só, matéria complexa”.

3
Lei n. 9.099/95, art. 35: “Quando a prova do fato exigir, o Juiz poderá inquirir técnicos de sua confiança, permitida às
partes a apresentação de parecer técnico.

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• N. 70: “As ações nas quais se discute a ilegalidade de juros não são complexas para o fim de fixação da
competência dos Juizados Especiais, exceto quando exigirem perícia contábil”.

3. Cabimento no JEFP (Lei n. 12.153/09, art. 2º)

3.1. Critérios

Na Lei n. 12.153/09 há um único critério, utilizado pelo legislador para a definição de causa de pequena complexidade: o
valor da causa.

a) Critério valorativo: sessenta salários mínimos (sem renúncia excedente)

I – Previsão legal:

Lei n. 12.153/09, art. 2º, “caput”: “É de competência dos Juizados Especiais da Fazenda Pública processar, conciliar e
julgar causas cíveis de interesse dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, até o valor de 60
(sessenta) salários mínimos”.

Observação n. 9: como a competência dos juizados especiais da Fazenda Pública é absoluta, não há renúncia ao
excedente.

II – Atualmente, os juizados especiais da Fazenda Pública são basicamente ocupados por ações de servidores públicos,
ações de trânsito e ações de medicamentos.

III – Quanto ao litisconsórcio, há enunciado estabelecendo que o teto de valor do juizado especial da Fazenda Pública é
por autor: “É cabível, nos Juizados Especiais da Fazenda Pública, o litisconsórcio ativo, ficando definido, para fins de
fixação da competência, o valor individualmente considerado de até 60 salários mínimos” (Enunciado n. 2 – FONAJEFP).

3.2. Hipóteses de exclusão (pouco importa o valor) (Lei n. 12.153/09, art. 2º, § 1º e Enunciado n. 39 FONAJE/IH)
(Enunciado n. 8 FONAJE e n. 1 FONAJEFP) (complexidade: Lei n. 12. 153/09, art. 10 e Enunciados n. 11 e 12 FONAJEPF)

I – Primeiro grupo: Lei n. 12.153/09, art. 2º, § 1º:

Lei n. 12.153/09, art. 2º, § 1º: “Não se incluem na competência do Juizado Especial da Fazenda Pública:

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I – as ações de mandado de segurança, de desapropriação, de divisão e demarcação, populares, por improbidade
administrativa, execuções fiscais e as demandas sobre direitos ou interesses difusos e coletivos;
II – as causas sobre bens imóveis dos Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios, autarquias e fundações públicas
a eles vinculadas;
III – as causas que tenham como objeto a impugnação da pena de demissão imposta a servidores públicos civis ou
sanções disciplinares aplicadas a militares.

Observação n. 10: não se incluem na competência do juizado especial da Fazenda Pública, inclusive, ações coletivas que
tenham como objeto direito individual homogêneo. Nesse sentido, Enunciado n. 39 – FONAJE: “Em observância ao art.
2º da Lei 9.099/1995, o valor da causa corresponderá à pretensão econômica objeto do pedido”.

II – Segundo grupo: procedimentos especiais.

• N. 8 FONAJE: “As ações cíveis sujeitas aos procedimentos especiais não são admissíveis nos Juizados Especiais”.
• N. 1 FONAJEFP: “Aplicam-se aos Juizados Especiais da Fazenda Pública, no que couber, os Enunciados dos
Juizados Especiais Cíveis”.

Observação n. 11: não vigoram as exceções relacionadas à ação de despejo para uso próprio e à ação possessória.
Entretanto, são possíveis os embargos de terceiro, nos processos em que a constrição tivesse sido ordenada pelo
juizado especial da Fazenda Pública.

III – Terceiro grupo: complexidade probatória, desde que inaplicável o exame técnico4.

Enunciados (FONAJEFP):

• N. 11: “As causas de maior complexidade probatória, por imporem dificuldades para assegurar o contraditório e
a ampla defesa, afastam a competência do Juizado da Fazenda Pública”.
• N. 12: “Na hipótese de realização de exame técnico previsto no art. 10 da Lei 12.153/09, em persistindo dúvida
técnica, poderá o juiz extinguir o processo pela complexidade da causa”.

4. Cabimento no JEF (Lei n. 10.259/01, art. 3º)

3.1. Critérios

4
Lei n. 12.153/09, art. 10: “Para efetuar o exame técnico necessário à conciliação ou ao julgamento da causa, o juiz
nomeará pessoa habilitada, que apresentará o laudo até 5 (cinco) dias antes da audiência”.

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O critério é único: valorativo.

a) Critério valorativo: sessenta salários mínimos (sem renúncia excedente – Enunciado n. 16 FONAJEF)

I – Previsão legal: Lei n. 10.259/01, art. 3º: “Compete ao Juizado Especial Federal Cível processar, conciliar e julgar
causas de competência da Justiça Federal até o valor de sessenta salários mínimos, bem como executar as suas
sentenças”.

II – Trata-se de critério de competência absoluta. Portanto, ou o juiz do juizado julga ou extingue o processo. Por essa
razão, não há renúncia pelo excedente. Nesse sentido, o Enunciado n. 16 FONAJEF: “Não há renúncia tácita nos Juizados
Especiais Federais para fins de fixação de competência”.

III – Litisconsórcio: “No caso de litisconsorte ativo, o valor da causa, para fins de fixação de competência deve ser
calculado por autor” (Enunciado n. 18 – FONAJEF).

IV – Controle do valor de alçada a qualquer tempo: “O controle do valor da causa, para fins de competência do Juizado
Especial Federal, pode ser feito pelo juiz a qualquer tempo” (Enunciado n. 49 – FONAJEF).

V – As ações mais comuns nos juizados especiais federais são as previdenciárias.

4.2. Hipóteses de exclusão (pouco importa o valor) (Lei n. 10.259/01, art. 3º, § 1º e Enunciado n. 22 - FONAJEF)
(Enunciado n. 9 FONAJEF) (Lei n. 12.259/01, art. 12 e Enunciado n. 91 FONAJEF)

I – Primeiro grupo: Lei n. 12.259/01, art. 3º, § 1º.

Lei n. 10.259/01, art. 3º, § 1º: “Não se incluem na competência do Juizado Especial Cível as causas:
I - referidas no art. 109, incisos II, III e XI, da Constituição Federal, as ações de mandado de segurança, de
desapropriação, de divisão e demarcação, populares, execuções fiscais e por improbidade administrativa e as demandas
sobre direitos ou interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos;
II - sobre bens imóveis da União, autarquias e fundações públicas federais;
III - para a anulação ou cancelamento de ato administrativo federal, salvo o de natureza previdenciária e o de
lançamento fiscal;
IV - que tenham como objeto a impugnação da pena de demissão imposta a servidores públicos civis ou de sanções
disciplinares aplicadas a militares”.

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Observação n. 12: não se incluem na competência do juizado especial federal as ações coletivas, inclusive aquelas que
buscam tutelar direitos individuais homogêneos. Nesse sentido: Enunciado n. 22 - FONAJEF: “A exclusão da competência
dos Juizados Especiais Federais quanto às demandas sobre direitos ou interesses difusos, coletivos ou individuais
homogêneos somente se aplica quanto a ações coletivas”.

Observação n. 13 (inciso I):

CF, art. 109: “Aos juízes federais compete processar e julgar:


(...)
II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no
País;
III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional;
(...)
XI - a disputa sobre direitos indígenas [direitos coletivos]”.

II – Segundo grupo: procedimentos especiais.

Enunciado n. 9 FONAJEF: “Além das exceções constantes do § 1º do artigo 3º da Lei n. 10.259, não se incluem na
competência dos Juizados Especiais Federais, os procedimentos especiais previstos no Código de Processo Civil, salvo
quando possível a adequação ao rito da Lei n. 10.259/2001”.

Observação n. 14: a regra tem uma única exceção: embargos de terceiros.

III – Terceiro grupo: complexidade probatória5.

Enunciado n. 91 FONAJEF: “Os Juizados Especiais Federais são incompetentes para julgar causas que demandem perícias
complexas ou onerosas que não se enquadrem no conceito de exame técnico (art. 12 da lei n. 10.259/2001)”.

5
Lei n. 12.259/01, art. 12: “Para efetuar o exame técnico necessário à conciliação ou ao julgamento da causa, o Juiz
nomeará pessoa habilitada, que apresentará o laudo até cinco dias antes da audiência, independentemente de
intimação das partes”.

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