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Fernando Gajardoni
Direito Processual Civil
Aula 18
ROTEIRO DE AULA
=> Parte impetrante e impetrada (PJ a que pertence a autoridade coatora), Ministério Público (quando atua como
“custus legis”) e autoridade coatora (pode apresentar recurso, mas nem sempre - é quem sofre as consequências do
acolhimento do MS – pode recorrer nas hipóteses do artigo 14§2º).
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=> Se for de sentença de procedência somente terá efeito devolutivo – significa na prática que a decisão do juiz irá valer
enquanto não for julgado o recurso na segunda instância.
Exceção: Nas hipóteses do art. 7§2º da LMS não cabe liminar, mas cabe MS. A rigor, da sentença que concede a ordem
cabe apelação só com efeito devolutivo.
3) MS Originário (arts 10, §1º, 16 e 18 da LMS e 102, II e 105, II CF) (LIMINAR/INDEFERIMENTO – agravo interno)
(DENEGAÇÃO/EXTINÇÃO – ROC) (CONCESSÃO – RE e/ou Resp)
=>MS originário é o que já começa nos Tribunais (TJ, TRF, TRT ou TRE). Ou ele está no STJ, TSE ou TST ou começa no
próprio STF.
=> São 3 recursos cabíveis:
1. LIMINAR/INDEFERIMENTO – agravo interno (15 dias) – a súmula 622 do STF está prejudica pelo art 16 p. único da
LMS.
2. DENEGAÇÃO/EXTINÇÃO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO – Recurso Ordinário Constitucional para o STJ. Se a decisão
for do próprio STJ cabe ROC para o STF.
3. CONCESSÃO – RE e/ou Resp.
=> Para evitar grave lesão à ordem, saúde, segurança ou economia pública poderá requerer ao Presidente do Tribunal
competente para o recurso a suspensão da ordem.
=> O pedido de suspensão da ordem não tem natureza recursal. Ele é muito mais um juízo político que o Presidente do
Tribunal faz sobre a decisão proferida pelo juiz do que propriamente um juízo jurídico da decisão.
O erro e o acerto da decisão são atacados via recurso. O problema é que o instrumento jurídico demora a operar
efeitos. Portanto, na esteira do que já previa a antiga Lei do mandado de segurança, a Lei n. 12.016/09 manteve o
pedido de suspensão da ordem, deixando claro de que se trata não apenas de um juízo jurídico, mas acima de tudo de
um juízo político:
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Lei n. 12.016/09, art. 15:
“Quando, a requerimento de pessoa jurídica de direito público interessada ou do Ministério Público e para evitar grave
lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas, o presidente do tribunal ao qual couber o conhecimento do
respectivo recurso suspender, em decisão fundamentada, a execução da liminar e da sentença, dessa decisão caberá
agravo, sem efeito suspensivo, no prazo de 5 (cinco) dias, que será levado a julgamento na sessão seguinte à sua
interposição”.
Observação n. 1: por se tratar de um juízo político existem autores que sustentam a inconstitucionalidade do artigo 15
da Lei n. 12.016/09, sob o fundamento de que através do expediente criou-se um controle político das decisões
judiciais. No entanto, esse entendimento não prevalece nos Tribunais. Segundo a jurisprudência, o pedido de suspensão
da ordem tem natureza de sucedâneo recursal.
Também existe a previsão legal para o pedido de suspensão da liminar ou da sentença na Lei n. 8.437/921:
Observação n. 1: o regramento da Lei n. 12.016/09 é exclusivo do mandado de segurança e ele possui pequenas
distinções. No entanto, não se aplica ao mandado de segurança o artigo 4º da Lei n. 8.437/92, apesar da similitude.
A observação decorre da Lei n. 12.016/09, art. 15, § 3º: “A interposição de agravo de instrumento contra liminar
concedida nas ações movidas contra o poder público e seus agentes não prejudica nem condiciona o julgamento do
pedido de suspensão a que se refere este artigo”.
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Dispõe sobre a concessão de medidas cautelares contra atos do Poder Público e dá outras providências.
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Da decisão do juiz cabe:
Art. 15 § 1o Indeferido o pedido de suspensão ou provido o agravo a que se refere o caput deste artigo, caberá novo
pedido de suspensão ao presidente do tribunal competente para conhecer de eventual recurso especial ou
extraordinário.
c) Duração da suspensão
Súmula 626 do STF:
A suspensão da liminar em mandado de segurança, salvo determinação em contrário da decisão que a deferir, vigorará
até o trânsito em julgado da decisão definitiva de concessão da segurança ou, havendo recurso, até a sua
manutenção pelo Supremo Tribunal Federal, desde que o objeto da liminar deferida coincida, total ou parcialmente,
com o da impetração.
=> Exceção de que o juízo definitivo da sentença ou do acórdão prevalece sobre o juízo provisório monocrático
A natureza jurídica da ordem pode abranger todos os tipos de obrigação (pagar, dar, fazer ou não fazer) e, regra geral, o
cumprimento da sentença do mandado de segurança se faz no mesmo regime jurídico do Código de Processo Civil
(artigo 523 e seguintes), mas agregado de duas modificações:
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a) Não pode ter efeitos pretéritos (Lei n. 12.016/09, art. 14, § 4º e Súmulas n. 269 e 271)
=> Efeitos não podem ser anteriores a impetração.
Segundo o STF, eventual questão patrimonial é acidental no mandado de segurança, ou seja, ele só pode ter efeitos da
impetração para frente, pois ele não concretiza uma ação de cobrança - a impetração visa a coibição ou a correção de
um ato ilegal ou abusivo.
Súmulas do STF:
Lei n. 12.016/09, art. 14, § 4º: “O pagamento de vencimentos e vantagens pecuniárias assegurados em sentença
concessiva de mandado de segurança a servidor público da administração direta ou autárquica federal, estadual e
municipal somente será efetuado relativamente às prestações que se vencerem a contar da data do ajuizamento da
inicial”.
Entende-se que o descumprimento da sentença do mandado de segurança significa o descumprimento de uma ordem
judicial, a qual possui natureza mandamental.
Lei n. 12.016/09, art. 26: “Constitui crime de desobediência, nos termos do art. 330 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de
dezembro de 1940, o não cumprimento das decisões proferidas em mandado de segurança, sem prejuízo das sanções
administrativas e da aplicação da Lei nº 1.079, de 10 de abril de 1950, quando cabíveis”.
Observação n. 1: apesar da redação do dispositivo (“desobediência”), há vários penalistas que estabelecem que o
desobedecer ordem proferida em mandado de segurança por interesse pessoal não seria o crime do CP, art. 330, mas o
de prevaricação.
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A desistência possui regramento próprio na esfera processual civil:
CPC, art. 485, § 4º: “Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação”.
Segundo o Superior Tribunal de Justiça, o dispositivo acima não é aplicado ao mandado de segurança (REsp n.
440.019/RS). Portanto, não há necessidade de concordância da autoridade coatora com a desistência do mandado de
segurança, ainda que ela já tenha apresentado as informações. Em outras palavras, a desistência é automática,
prescindindo da oitiva da autoridade coatora.
Lei n. 12.016/09, art. 23: “O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte)
dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado”.
Para a maioria da doutrina e da jurisprudência, o prazo do artigo 23 da Lei n. 12.016/09 é decadencial (perda de direito).
Logo, ele é de direito material e corre em dias corridos - não aplicação do CPC, art. 219.
=> Prazo se estende na hipótese em que o último dia do prazo não cair em dia de expediente forense.
b) Termo inicial
O termo inicial é a ciência pelo interessado (Lei n. 12.016/09, art. 23), desde que o ato já tenha o condão de causar
prejuízo - se do ato couber recurso administrativo com efeito suspensivo não é cabível o mandado de segurança (Lei n.
12.016/09, art. 5º, I).
=> A ciência poderá se dar pela via de edital ou de intimação pessoal, por exemplo.
=> Pedido de reconsideração não interrompe o prazo de 120 dias.
II –Ato omissivo.
=> Há duas situações:
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• Não há prazo legal para que a Administração Pública pratique o ato: o prazo de 120 dias não corre, pois a
omissão é permanente, podendo a segurança ser impetrada a qualquer tempo – entendimento jurisprudencial
dominante.
• Há prazo legal para que a Administração Pública pratique o ato: o termo inicial é ao término do prazo previsto
em lei.
1. Introdução
1.2. Conceito
a) Garantia constitucional
Como visto anteriormente, direitos e deveres são dispositivos declaratórios (ativos ou passivos); garantias são
dispositivos assecuratórios, isto é, consistem em mecanismos para a tutela dos direitos e dos deveres:
Direito Garantia
Liberdade HC
Informação própria HD
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Estado de Direito MS (garantia subsidiária)
Só é cabível “habeas data” para a tutela de direito líquido e certo ao conhecimento e eventual retificação dos dados
constantes dos registros de caráter público.
É necessário, portanto, comprovar de plano, sem a necessidade de produção de provas, o direito a obter a informação e
eventualmente retificá-la. Portanto, não se admite, tanto quanto no mandado de segurança, instrução ou dilação
probatória em tema de “habeas data”.
Caso seja necessário obter informações de terceiros - e houver o direito a obtê-las - a via adequada não é o “habeas
data”, mas o mandado de segurança.
d) Registros de caráter público (estatais e não estatais) (Lei n. 9.507/97, art. 1º, parágrafo único)
O “habeas data” só é cabível para a tutela de registros de caráter público (estatais ou não estatais):
Lei n. 9.507/97, art. 1º, parágrafo único: “Considera-se de caráter público todo registro ou banco de dados contendo
informações que sejam ou que possam ser transmitidas a terceiros ou que não sejam de uso privativo do órgão ou
entidade produtora ou depositária das informações”.
Portanto, é insuficiente que o registro tenha caráter público. É necessário que ele seja um registro que armazene
informações das pessoas de um modo geral. Caso, eventualmente, o registro (estatal ou privado) não seja acessível a
terceiros, em tese, não é cabível “habeas data”.
Exemplos:
• Rol de mal pagadores: particular, mas de caráter público.
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• Folha de antecedentes criminais: estatal, mas de caráter público.
• Ficha de avaliação do desempenho do funcionário na fábrica: particular, mas de caráter fechado.
1.3. Procedimento administrativo (Lei n. 9.507/97, arts. 2º a 4º) e procedimento judicial (Habeas Data - art. 7º e ss da
Lei 9507/97)
A Lei n. 9.507/97 estabelece dois mecanismos para a obtenção das informações ou a correção de informações em
bancos de dados públicos:
• Procedimento administrativo (Lei n. 9.507/97, arts. 2º a 4º): não é o “habeas data”. Seu único objetivo é
procedimentalizar o funcionamento do direito à informação e à correção exercido perante os próprios órgãos
públicos. Frustrado o procedimento administrativo:
• Procedimento judicial (“habeas data”).
b) Para retificação de dados quando não se prefira ou se consiga fazê-lo sigilosamente pela via judicial ou
administrativa (direito de retificar)
c) Para anotação, contestação ou explicação sobre dado verdadeiro, mas justificável, negado administrativamente,
que esteja sob pendência judicial ou amigável (direito de esclarecer)
• Direito ao acesso.
• Direito de retificar.
• Direito de esclarecer.
3. Legitimidade
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3.1. Legitimidade ativa (CF)
Assim como para o mandado de segurança individual, para o “habeas data” também não há previsão constitucional ou
legal sobre legitimidade ativa. Logo, qualquer pessoal poderá ajuiza-lo (física, jurídica, estrangeira, personalidade de
fato, espólio, massa falida), desde que possuam informações próprias em banco de dados público e pretendem obtê-las,
retificá-las ou esclarecê-las.
Diferentemente da Lei do mando de segurança que possui previsão legal sobre a legitimidade passiva, na Lei n. 9.507/97
e na Constituição Federal não há previsão de quem será o réu no “habeas data”.
A construção coube à doutrina, a qual entende como legitimado passivo o responsável ou a pessoa jurídica (direito
público ou privado) detentora das informações e com capacidade de divulgá-las a terceiros.
4.1. Critério funcional/hierárquico (CF, arts. 102, I, “d”, 105, I, “b”, 108, I, “c” e 114, IV) (Lei n. 9.507/97, art. 20)
(Constituições Estaduais)
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b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha,
do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal;
(...)”.
• TRF – HD contra Juiz Federal ou TRF.
• CF, art. 108: “Compete aos Tribunais Regionais Federais:
I - processar e julgar, originariamente:
(...)
c) os mandados de segurança e os habeas data contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal;
(...)”.
• CF, art. 114: “Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:
(...)
IV - os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data , quando o ato questionado envolver matéria
sujeita à sua jurisdição;
(...)”.
• Lei n. 9.507/97, art. 20: “O julgamento do habeas data compete:
I - originariamente:
a) ao Supremo Tribunal Federal, contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e
do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo
Tribunal Federal;
b) ao Superior Tribunal de Justiça, contra atos de Ministro de Estado ou do próprio Tribunal;
c) aos Tribunais Regionais Federais contra atos do próprio Tribunal ou de juiz federal;
d) a juiz federal, contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais;
e) a tribunais estaduais, segundo o disposto na Constituição do Estado;
f) a juiz estadual, nos demais casos;
II - em grau de recurso:
a) ao Supremo Tribunal Federal, quando a decisão denegatória for proferida em única instância pelos Tribunais
Superiores;
b) ao Superior Tribunal de Justiça, quando a decisão for proferida em única instância pelos Tribunais Regionais
Federais;
c) aos Tribunais Regionais Federais, quando a decisão for proferida por juiz federal;
d) aos Tribunais Estaduais e ao do Distrito Federal e Territórios, conforme dispuserem a respectiva Constituição
e a lei que organizar a Justiça do Distrito Federal;
III - mediante recurso extraordinário ao Supremo Tribunal Federal, nos casos previstos na Constituição”.
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Não havendo foro privilegiado, o “habeas data” é julgado na primeira instância.
Não há critério valorativo no âmbito do “habeas data” – a ação constitucional não é cabível no Juizado Federal, no
Juizado Especial da Fazenda Pública e no Juizado Especial Cível – as Leis de regências afastam o cabimento e rito
incompatível.
Aplica-se o regramento do mandado de segurança. Portanto, o ajuizamento do “habeas data” será sempre na sede da
autoridade coatora, pouco importando que o prejuízo tenha ocorrido em outra localidade.
5. Procedimento (prioridade – Lei n. 9.507/97, art. 19) (gratuidade – Lei n. 9.507/97, art. 21 e CF, art. 5º, LXXVII)
Considerações iniciais:
I - O “habeas data” tem prioridade de processamento:
Lei n. 9.507/97, art. 19: “Os processos de habeas data terão prioridade sobre todos os atos judiciais, exceto habeas-
corpus e mandado de segurança. Na instância superior, deverão ser levados a julgamento na primeira sessão que se
seguir à data em que, feita a distribuição, forem conclusos ao relator”.
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Observação n. 1: eventualmente, haverá sucumbência, pois inexiste na Lei do “habeas data” disposição que vede sua
incidência, conforme entendimento majoritário da doutrina (aplicação do CPC) – no mandado de segurança há vedação
expressa (Lei n. 12.016/09, art. 25).
5.1. Petição inicial (Lei n. 9.507/97, art. 8º) (prévio requerimento – S. 2 STJ)
A petição inicial, além de preencher todos os requisitos do artigo 319 Código de Processo Civil, deverá:
Lei n. 9.507/97, art. 8º: “A petição inicial, que deverá preencher os requisitos dos arts. 282 a 285 do Código de Processo
Civil, será apresentada em duas vias, e os documentos que instruírem a primeira serão reproduzidos por cópia na
segunda.
Parágrafo único. A petição inicial deverá ser instruída com prova:
I - da recusa ao acesso às informações ou do decurso de mais de dez dias sem decisão;
II - da recusa em fazer-se a retificação ou do decurso de mais de quinze dias, sem decisão; ou
III - da recusa em fazer-se a anotação a que se refere o § 2° do art. 4° ou do decurso de mais de quinze dias sem
decisão”.
Observação n. 1: o parágrafo único dá operativividade prática à S. 2 STJ: “Não cabe o habeas data (CF, art. 5, LXXII, letra
"a") se não houve recusa de informações por parte da autoridade administrativa”.
5.2. Admissibilidade
Lei n. 9.507/97, art. 15: “Da sentença que conceder ou negar o habeas data cabe apelação”.
II - O pedido de “habeas data” poderá ser renovado se a decisão denegatória não lhe houver apreciado o mérito:
Lei n. 9.507/97, art. 18: “O pedido de habeas data poderá ser renovado se a decisão denegatória não lhe houver
apreciado o mérito”.
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b) Admissão (liminar?)
Na Lei do “habeas data” não há previsão legal para a concessão de liminar pelo Poder Judiciário. Para admiti-la ou não
se deverá recorrer ao CPC ou à Lei do mandado de segurança, supletivamente - a doutrina majoritária admite a
concessão de liminar no âmbito do “habeas data”.
=> Jurisprudência é variável sobre esta questão.
A natureza jurídica das informações é de resposta e não é aplicado o prazo em dobro (CPC, art. 183, § 2º) - a Lei
estabelece prazo próprio expressamente.
Lei n. 9.507/97, art. 12: “Findo o prazo a que se refere o art. 9°, e ouvido o representante do Ministério Público dentro
de cinco dias, os autos serão conclusos ao juiz para decisão a ser proferida em cinco dias”.
=> Quem diz se quer atuar ou não é o próprio MP (Recomendação CNMP 34/2016)
Lei n. 9.507, art. 13: “Na decisão, se julgar procedente o pedido, o juiz marcará data e horário para que o coator:
I - apresente ao impetrante as informações a seu respeito, constantes de registros ou bancos de dadas; ou
II - apresente em juízo a prova da retificação ou da anotação feita nos assentamentos do impetrante”.
Lei n. 9.507, art. 14: “A decisão será comunicada ao coator, por correio, com aviso de recebimento, ou por telegrama,
radiograma ou telefonema, conforme o requerer o impetrante”.
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5.6. Recursos sem efeito suspensivo (Lei n. 9.507/97, art. 15) (CF, art. 102, II a e art. 105, II x Lei n. 9.507/97, art. 20, II,
“b”)
Lei n. 9.507/97, art. 15, parágrafo único: “Quando a sentença conceder o habeas data, o recurso terá efeito meramente
devolutivo”.
II – Não há reexame necessário no “habeas data” – não se aplica o regramento do mandado de segurança por absoluta
falta de previsão legal.
Lei n. 9.507/97, art. 16: “Quando o habeas data for concedido e o Presidente do Tribunal ao qual competir o
conhecimento do recurso ordenar ao juiz a suspensão da execução da sentença, desse seu ato caberá agravo para o
Tribunal a que presida”.
IV – Problema prático: CF, art. 105, II x Lei n. 9.507/97, art. 20, II, “b”.
A interpretação da Lei n. 9.507/97, art. 20, II, “b” não pode levar a uma conclusão contrária à CF, art. 105, II. Caso
admitido o cabimento de recurso ordinário do “habeas data” julgado pelo TJ e pelo TRF quando denegatória a decisão
para o STJ estar-se-ia ampliando, por via oblíqua, a competência recursal do STJ.
Em suma, da decisão dos Tribunais Superiores que denegam o “habeas data” originário cabe recurso ordinário para o
STF. Porém, da decisão do “habeas data” originário julgado no TJ e no TRF não cabe recurso ordinário para o STF, mas
para o STJ.
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Tema n. 3: arbitragem (principais questões)
1. Previsão legal (Lei n. 9.307/96 com redação pela Lei n. 13.129/15) (CPC/15) (outras leis – Convenção de Nova York
2002)
Além das disposições da Lei n. 9.307/96, também há previsões sobre arbitragem no Código de Processo Civil.
I - A arbitragem é facultativa – a CF, art. 5º, XXXV indica ser inconstitucional qualquer lei que exclua do Poder Judiciário
a apreciação da ameaça ou lesão a direito. No entanto, o dispositivo constitucional não impede que as partes afastem o
Judiciário das questões.
II – As partes possuem autonomia para escolher tanto as regras de forma como as regras de fundo da arbitragem. Em
outras palavras, as partes podem escolher as regras de processo e as regras de direito material:
Limites:
Lei n. 9.307/96, art. 2º: “(...).
§ 1º: Poderão as partes escolher, livremente, as regras de direito que serão aplicadas na arbitragem, desde que não haja
violação aos bons costumes e à ordem pública.
§ 2º: Poderão, também, as partes convencionar que a arbitragem se realize com base nos princípios gerais de direito,
nos usos e costumes e nas regras internacionais de comércio.
(...)”.
III – As regras de forma e de fundo não podem violar a ordem pública brasileira (Lei n. 9.307/96, art. 2º, § 1º).
Lei n. 9.307/96, art. 21, § 2º: “Serão, sempre, respeitados no procedimento arbitral os princípios do contraditório, da
igualdade das partes, da imparcialidade do árbitro e de seu livre convencimento”.
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a) Subjetiva (pessoas capazes)
Inclusive, prevalece o entendimento de que não cabe arbitragem eleita por partes representadas ou assistidas, pois elas
não são capazes, mas incapazes, agindo por representação ou assistência.
Somente pode ser objeto da arbitrabilidade objetiva temas relacionados a direitos patrimoniais disponíveis.
Temas relacionados ao Estado, a capacidade da pessoa ou a direitos indisponíveis não podem ser objeto da arbitragem.
Os artigos 1º, §§ e 2º, § 3º da Lei de arbitragem foram introduzidos pela Lei n. 13.129/15 e estabelecem três condições
para que o Poder Público possa ser julgado no âmbito da arbitragem:
• Lei n. 9.307/96, art. 1º, § 1º: “A administração pública direta e indireta poderá utilizar-se da arbitragem para
dirimir conflitos relativos a direitos patrimoniais disponíveis”.
• Lei n. 9.307/96, art. 2º, § 3º: “A arbitragem que envolva a administração pública será sempre de direito e
respeitará o princípio da publicidade”. Observação n. 1: o julgamento por equidade é vedado.
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b) Dissídios individuais de trabalho (CLT, art. 507-A – Lei n. 13.467/17)
Durante muito tempo prevaleceu o entendimento de que não seria cabível arbitragem quanto aos dissídios individuais
de trabalho. No entanto, recentemente, foi aprovada a reforma trabalhista pela Lei n. 13.467/17, que previu a
arbitragem nos contratos individuais de trabalho, desde que observado duas condições:
CLT, art. 507-A: “Nos contratos individuais de trabalho cuja remuneração seja superior a duas vezes o limite máximo
estabelecido para os benefícios do Regime Geral de Previdência Social, poderá ser pactuada cláusula compromissória de
arbitragem, desde que por iniciativa do empregado ou mediante a sua concordância expressa, nos termos previstos na
Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996”.
Lei n. 9.307/96, art. 4º, § 2º: “Nos contratos de adesão, a cláusula compromissória só terá eficácia se o aderente tomar
a iniciativa de instituir a arbitragem ou concordar, expressamente, com a sua instituição, desde que por escrito em
documento anexo ou em negrito, com a assinatura ou visto especialmente para essa cláusula”.
Convenção de arbitragem é o gênero pelo qual as partes estipulam que o conflito não será julgado pelo Poder Judiciário,
mas pela arbitragem.
a) Natureza
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A natureza da convenção de arbitragem é de negócio jurídico processual típico (pois tem previsão expressa no artigo
3º).
A cláusula em que as partes combinam que a arbitragem será o meio de solução dos eventuais conflitos futuros é
autônoma em relação ao contrato celebrado. Em outras palavras, caso alegue-se que o contrato é nulo, a decisão não
será direcionada ao Poder Judiciário, mas ao árbitro:
Lei n. 9.307/96, art. 8º: “A cláusula compromissória é autônoma em relação ao contrato em que estiver inserta, de tal
sorte que a nulidade deste não implica, necessariamente, a nulidade da cláusula compromissória”.
A partir do dispositivo acima se entende que a Lei de arbitragem brasileira seguiu o modelo alemão do Princípio do
“Kompetenz-Kompetenz” – o árbitro é o juiz da sua própria competência.
b) Cláusula compromissória vazia e instituição compulsória da arbitragem (Lei n. 9.307/96, arts. 6º e 7º)
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Cláusula compromissória vazia (ou patológica) é aquela que elege a arbitragem, mas não indica meios para a nomeação
do árbitro – quando há indicação do árbitro a cláusula compromissória é “cheia”.
Mecanismos:
Lei n. 9.307/96, art. 7º, “caput”: “Existindo cláusula compromissória e havendo resistência quanto à instituição da
arbitragem, poderá a parte interessada requerer a citação da outra parte para comparecer em juízo a fim de lavrar-se o
compromisso, designando o juiz audiência especial para tal fim”.
Observação n. 1:
O compromisso arbitral será celebrado após o conflito ter acontecido (será certo e determinado).
Observação n. 2:
O compromisso arbitral é muito mais detalhado que a cláusula compromissória.
É possível que as partes deleguem toda a administração da arbitragem para uma instituição (empresa dedicada a
prestar serviços de arbitragem).
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Na arbitragem ad hoc as partes fazem a indicação de um árbitro específico para decidir o conflito.
Art. 13. Pode ser árbitro qualquer pessoa capaz e que tenha a confiança das partes.
As partes devem escolher árbitros em numero ímpar para não haver empate.
a) Impedimento/suspeição (art. 14,15 e 16 da LA) (dever de revelação)
- Aplicação do CPC – art. 144 e 145 para definir quando o árbitro julgará ou não um conflito.
- Não há diferença entre suspeição ou impedimento na arbitragem brasileira e geram os mesmos efeitos.
- Dever de revelação é o dever do árbitro de apontar todas as circunstancias que possam torná-lo indigno de
imparcialidade.
Art. 22-A. Antes de instituída a arbitragem, as partes poderão recorrer ao Poder Judiciário para a concessão de medida
cautelar ou de urgência
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12. Carta arbitral (art. 22-C da LA e arts. 237, IV e 260 §3º do CPC)
Art. 22-C. O árbitro ou o tribunal arbitral poderá expedir carta arbitral para que o órgão jurisdicional nacional pratique
ou determine o cumprimento, na área de sua competência territorial, de ato solicitado pelo árbitro.
O árbitro não tem poderes de força, o uso da força será emprestado do juiz estatal.
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