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A IMPORTANCIA DO BANHO NO PROCESSO EDUCATIVO

Maria Nancy Nunes de Matos1

RESUMO
Este trabalho objetiva refletir sobre a história do banho e a sua importância no
ambiente escolar, sendo uma prática diária do povo amazônico, assim como, no arquipélago
marajoara, e muitas vezes, passa despercebido seu verdadeiro objetivo como prática
educacional, mesmo estando incluído no processo de higiene pessoal e corporal. Em
Curralinho, Sul da Ilha de Marajó, Pará, Brasil, o banho dar-se-á de várias maneiras, em
praias, em igarapés, em rios, em banheiros nas casas, chuveiros nos quintais, debaixo da
chuva, nas biqueiras quando chove ou mesmo em lava jato e outros. O banho tem sua
origem desde a criação do mundo, desta forma os hebreus foram pioneiros nessa prática,
pois na Bíblia Sagrada encontramos várias referências sobre o banho, mas foi Roma quem
criou aquedutos e termas públicas onde seu povo podia tomar banho e aos poucos foi sendo
divulgado esse habito. Quando os portugueses tomaram posse das terras brasileiras já
encontraram aqui um povo que tinha o costume de tomar banho e essa prática foi sendo
adquirida pelos portugueses colonizadores. Observa-se que, os hábitos higiênicos,
principalmente o banho são pouco citados em salas de aulas e até de certa forma esquecidos
pela maioria dos professores. Mas qual a importância de se conhecer a história do banho e
sua importância no processo educativo? Essa temática que será motivo de um olhar
diferenciado no decorrer desta pesquisa.
Palavra-chave: História do Banho. Processo Educativo. Pratica Pedagógica

1-Doutora em Teologia em Educação Cristã 2-Doutoranda em Ciências da Educação


3-Mestra em Ciências da Educação 4-Esp. Neurociências e Aprendizagem
5-Esp. NeuroPsicopedagogia 6-Esp. Psicopedagogia Clinica e Institucional
7-Esp. Ciências Políticas 8-Esp. Educação Especial Inclusiva
9-Esp. Adm. Es. Sup. e Orientação 10-Esp. Educação Infantil e Anos Iniciais
11-Esp. em História e Cult. Afro-brasileira 12-Graduada em História –Licenciatura-
INTRODUÇAO
No decorrer da História, o banho nas civilizações mais antigas como os Hebreus,
Egípcios, Gregos e Romanos era ligado com a religião, a medicina, ao prazer, a ostentação
de riquezas, a utilização de essências e óleos aromáticos. Os hebreus usavam o banho
obedecendo duas regras, primeiro para efeito de higiene e segundo como ato religioso,
cerimonial.
Para a lavagem do corpo após o ato sexual (Levítico 15:17); após o sacrifício da
novilha queimada (Números 19:7-8-19), assim também se banhavam nos rios, lagos ou
poços (2Samuel 11:2), e poços temos como exemplo os de Siloé (João 9:7) e de Ezequias
(Neemias 3:15-16).
A vida de Moisés foi preservada graças a filha do Faraó ir tomar banho no rio
(Êxodo 2:5). Observa-se que não há muitas menções de banhos com propósitos higiênicos
na Antiga Aliança, mas Gênesis 18:4 e 19:2 nos diz que o banho era um sinal de
hospitalidade para com os recém-chegados e em Rute 3:3, temos a impressão de que nas
palavras de Noemi há uma sugestão de como eram os banhos naquela época antes de visitar
alguém de status superior.
Quanto que os banhos Cerimoniais e Ritualistas, os judeus tinham hábito de lavar
os pés e as mãos antes das principais refeições, era hábito antigo vinculado as purificações
religiosas, assim também como se banhavam após as lamentações dos mortos (2Samuel
12:20) e antes dos cultos religiosos (Gênesis 35:2); Êxodo 19:10). Para os judeus auxiliar
outra pessoa ao banho era considerado um ato de humilhação (1Samuel 25:41), assim
também como, o banho é um símbolo de purificação como o batismo nas águas.
No Egito, o banho era usado para rituais sagrados aos seus deuses e também
acreditavam que a água purificava a alma, eis porque usavam óleos aromáticos e massagens
feitas pelos escravos, os egípcios eram vaidosos e foram inventores dos primeiros
cosméticos, diferentes dos hebreus que usavam o banho como símbolo.
Na Grécia, os banhos foram bastante prósperos, em muitas casas havia recipientes
com água para tomarem banho e havia outros que colocavam nas encruzilhadas um
recipiente de mármore para que os pobres pudessem tomar banho. Foram os pioneiros em
balneários coletivos, e também os banhos na Grécia eram para a higiene, a espiritualidade
e a prática do esporte na modalidade natação, sendo um dos pilares da educação dos jovens,
para os gregos antigos o bom cidadão eram os que sabiam ler e nadar.
Em Roma, os banhos chegaram com a fusão da cultura grega (helenismo), e os
romanos visitavam as termas com objetivo religioso, haja vista, que o banho público era
um ato de adoração a Minerva, deusa do comércio, da educação e do vigor, assim também
como Fortuna, deusa do destino era representada nas casas de banho para proteger as
pessoas.
Os romanos possuíam fontes e poços onde todas as classes sociais tomavam banho
sem constrangimento e tinham o hábito de tomar banho nus em público, mas com o
surgimento do Cristianismo, que pregava a castidade e virtude por todo Império Romano,
essa prática e outros costumes foram extintos.
Tanto os gregos quanto os romanos mantinham o hábito de reunirem-se em locais
de banhos públicos para discutirem e decidirem sobre política e questões sociais. Eis porque
as termas se tornaram símbolos de luxo porque eram pontos de encontros da sociedade
romana. E influenciaram o mundo com seus hábitos e costumes de banharem-se
Na Idade Média, isto é, anos de 400 até 1500, os pobres tomavam banho uma vez por
ano e os ricos tomavam banho uma vez por mês, e as influencias religiosas foram muito
influentes, que se pode dizer que eram exageros fora do comum, porque tudo era pecado,
até tomar banho, porque acreditavam que a água amolecia a alma, dilatando os poros,
sendo que essa crença foi responsável por inúmeras doenças, inclusive a peste negra que
extinguiu populações inteiras.
Em 22 de abril de 1500, os portugueses sob o comandado de Pedro Álvares Cabral
chegaram ao Brasil e não tomavam banho, começaram a tomar banho por influência dos
povos indígenas que habitavam as terras que foram tomadas em nome do rei do Portugal.
Segundo Athos Moura (2015) no século XVIII, o rei Dom João VI era contra os
banhos, mas ao ser picado por carrapato e o ferimento infeccionou, os médicos da época
recomendaram banhos de mar porque o sal da água ajudava a cicatrizar os ferimentos.
Os índios, primeiros habitantes da Brasil transmitiram aos portugueses os hábitos
de tomar banho diariamente, se depilavam, cortavam e lavavam os cabelos usando
produtos naturais colhidos na natureza.
É importante explicar para as crianças que nos tempos atuais não existe regra de
quando se pode tomar banho, porque depende da cultura familiar, da necessidade, mas as
crianças precisam saber a importância de tomar banho diariamente e sempre que for
preciso. Se observarmos o banho é importante para a,
1.Saúde Física, sendo que, os banhos diários com sabão, xampu e outros,
ajudam a eliminar os germes do corpo e prevenir doenças, evacuações e
outros problemas, em seguida secar com uma toalha limpa ou mesmo
deixar-se secar ao vento.
2.Saúde Mental, tomar banho pela manhã pode ser revigorante e ajuda o
corpo e manter o equilíbrio, assim como o banho a noite pode ser calmante
e contribui para um sono reparador.

3.Saúde Social, os corpos têm cheiros, por isso, é importante a limpeza do


corpo de modo geral, limpando as partes íntimas com cuidado e com sabão,
lavando os cabelos com xampu, etc. A limpeza corporal dá sensação de
bem-estar e seguindo uma rotina de limpeza regular mantém o corpo
saudável e sensação agradável a si aos outros.

Deste modo, a higiene pessoal, corporal e ambiental é fundamental para a saúde e a


interação com o meio em que se vive, como já relatamos acima, não era assim na
Antiguidade e na Idade Média ou Medieval, o zelo pela higiene surge com o Renascimento
e o Protestantismo, no século XVI em se instalaram grandes incentivos para a limpeza
pessoal e corporal em todas as idades e classes sociais principalmente nas crianças, tanto
na área da saúde quanto da educação, como enfatiza VIGOTSKY (1991, pág. 101,

(...) o aprendizado desperta vários processos internos de desenvolvimento,


que são capazes de operar somente quando a criança interage com pessoas
em seu ambiente e quando em cooperação com outros indivíduos. Uma vez
internalizados, esses processos tornam-se parte das aquisições do
desenvolvimento independente da criança.”

Percebe-se que desde tempos remotos os incentivos para a higiene pessoal e corporal
se dá na interação em que a criança desenvolve sua capacidade cognitiva, não podemos
pensar na formação de uma criança sem que ela esteja fazendo parte do contexto social,
porque a o desenvolvimento do ser humano é promovido pela convivência, pela socialização
com o outro.
O banho atualmente, principalmente no Brasil faz parte da higiene pessoal e
corporal de todo ser humano e deve ser diário para que o corpo seja limpo de todas
impurezas, assim também para refrescar devido ao calor intenso.
Tomar banho é mania de todo brasileiro, principalmente da região Amazônica.
Quando o portugueses tomaram posse das terras brasileiras encontraram um povo que
tomava banho nos rios e igarapés com muita intensidade, e esse hábito causou impacto aos
portugueses porque eles não tinham esse hábito, e demorou muito para ser aceito, pois há
relatos de que a Corte Portuguesa resistiram por muito tempo essa prática natural e
cultural dos índios brasileiros, e que os colonos humildes aceitaram o banho diário com
mais facilidade, a priori lavavam somente os pés diariamente em bacias, com o tempo os
rios e igarapés tornou-se um local natural para os banhos, portanto, no Brasil, o banho é
considerado herança cultural dos povos indígenas.
O banho é de fundamental importância no processo educativo, e a Escola precisa
incentivar a higiene corporal em sala de aula orientando na hora do banho lavar as partes
escondidinhas como, as partes íntimas, pescoço, a nuca, atrás das orelhas, esfregar bem os
joelhos, cotovelas e pés.
Assim também, realizar reuniões com os pais e responsáveis por alunos
matriculados na escola, orientando sobre a importância da higiene física, individual,
ambiental, mental e social, como escovar dentes, lavar as mãos antes das refeições e quando
se chega da rua, asseio intimo porque em pleno século XXI ainda nos deparamos com
pessoas que não utilizam o asseio diário, e o suor exala de forma terrível impregnando o
ambiente devido a sudorese ser desagradável, principalmente das axilas. São casos raros,
mas que existem.
Eis porque a Escola necessita inserir em seu Projeto Político Pedagógico (PPP)
importância da higiene pessoal e corporal destacando sempre que manter os corpos limpos
e o ambiente em que se vive também é importante e indispensável, porque cada parte do
corpo humano possui características diferentes e por isso precisa ser cuidada de maneira
especifica.
Embora estejamos acostumados a ver a maioria de crianças, adolescentes, jovens,
adultos, idosos homens e mulheres todos arrumados, perfumados, limpos, banhados, a
Escola precisa sempre estar alertando sobre os cuidados que o ser humano precisa ter com
o corpo e com o meio em que vive.
Conscientizar na prática pedagógica de que o banho é indispensável para eliminar
as impurezas da pele proporcionando bem-estar físico, principalmente usando água com
abundancia, sabão e uma esponja, massagear todo o corpo ajudando a limpeza, remoção
das células mortas, ativando a circulação sanguínea, evitando problemas de pele como a
sarna e micoses.
O banho nas crianças deve ser feito por um adulto quer no seio familiar ou nos
Centros de Educação Infantil e deve ser feito com calma, porque nos momentos do banho
o adulto interage com a criança e este momento deve ser de conversa, de olho no olho, de
brincadeiras com a água, e para melhor interação, deve utilizar alguns objetos, como tigelas
plásticas e outros e bastante precaução para evitar afogamentos ou sufocamentos.
A Bíblia Sagrada nos informa que a Educação começa no seio do lar (Provérbios
22:6) e a prática mostram algumas situações como já foram citadas no decorrer desta
pesquisa a importância da interação entre as crianças e adultos. Segundo (LOURO (1997,
pág. 17),
“(...) a escola reproduz o reflexo das concepções da sociedade sobre gênero
e sexualidade, como também produz tais concepções e estas concepções são
aprendidas com amor facilidade na Educação, principalmente na
Educação Infantil ou Seres Iniciais, fase na qual as crianças se encontram
na fase de interação e integração com o mundo”

Deste modo, o banho é muito importante para todo ser humano e na escola torna-se
necessário maior conscientização desta prática cultural porque é uma prática saudável,
evita muitas enfermidades assim também como baixa febre, prática recomendada por
médicos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa foi um olhar minucioso, importante para ampliação do meu cabedal
de conhecimentos sobre a importância do banho no processo educativo, conheci sobre a
história do banho desde seus primórdios, assim como os tempos e espaços em que vários
povos influenciaram e viveram suas crenças positivas e negativas de acordo com a sua
cultura em relação ao banho e seus rompimentos estereotipados desde o Renascimento até
aos tempos atuais, em que as escolas começaram a conscientizar e sensibilizar a
importância do banho no dia a dia dos alunos e todos seres humano.
Sabemos que a palavra banho vem do latim balineum ou balneum, que significa a
lavagem do corpo com fins de higiene, e higiene é saúde, por isso o banho é fundamental
pela manhã, antes das refeições e a tarde ou antes de dormir. Após o banho sente-se uma
sensação de bem-estar porque as células mortas e outros resíduos da superfície de nossa
pele foram retiradas pela água e nos renova dando brilho, frescor e um cheirinho gostoso!
O banho no igarapé ou na praia como acontece nas regiões ribeirinhas da Ilha de
Marajó, Estado do Pará, Brasil, ou nos chuveiros, nas biqueiras, enfim, o importante é
aproveitar seus benefícios e também usufruir do lazer.
Finalmente quem não gosta de se livrar daquela sensação horrível de que se está
impregnado, ao final de quaisquer outras atividades físicas ou mesmo mentais e sobretudo
quando os dias estão de intenso calor, mas se fizer frio, torna-se necessário o asseio geral.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

-BIBLIA Sagrada. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e


Atualizada no Brasil. 2 edições. Barueri. SP. Sociedade Bíblica do Brasil.1900.
-Disponível em: < www.informaticaeinternet.com.br> acessado no dia 19 de setembro de
2022, às 23:10 horas.
-JOSEFO, Flávio – Guerras dos Judeus-. Tradução e Adaptação A.C.Godoy. Juruá.
Curitiba.2009
-Disponível em: <http://origin.guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/aguas-
tempo-historia-banho-435136.shtml> acessado no dia 20 de setembro de 2022, ás 21:39
horas
-LOURO, Guacira Lopes. Gênero, Sexualidade e Educação: Uma perspectiva pós-
estruturalista. Petrópolis. RJ : Vozes. 1997.

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