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CORPO EDITORIAL

Idealizadora
Ádila Marta da Silva e Silva

Comissão Científica e Organizadora da Escola


Ádila Marta da Silva e Silva
Denízia Pimentel do Monte
Keylah Adriana Ramos Albuquerque Dolzanes
Zilda Andrade Ribeiro

Comissão Organizadora da Instituição Promotora


Davi Nogueira da Silva
Adenira Sousa Pinto
Daniel Santana de Oliveira
Fábio André da Silva Leal
Miriam de Santiago

Instituição Promotora
Revista Científica Amazon Live Journal - https://amazonlivejournal.com
APRESENTAÇÃO
____________________________________________________________

Este livro apresenta uma coletânea de práticas pedagógicas e tem como objetivo
compartilhar estratégias pedagógicas e administrativas planejadas para dar
continuidade ao processo de ensino e aprendizagem dos estudantes da Escola
Estadual Professor Benício Leão. Práticas estas desenvolvidas por meio do ensino
remoto durante o período pandêmico do vírus Sars-CoV-2. A escola está
localizada no Amazonas, mais especificamente na cidade de Manaus, capital do
estado, passou a ser conhecida mundialmente após o colapso na saúde, mais
especificamente pelo problema da falta de oxigênio decorrente das consequências
da Covid-19, acarretando na perda de inúmeros amazonenses.

Em meio a esse cenário, a escola não se deixou abater e planejou a continuidade


das aulas por meio do ensino remoto. Esta escola vem se destacando ao longo dos
anos pelo trabalho pedagógico realizado. Durante o período pandêmico,
continuou sendo destaque na Rede Estadual de Ensino do Amazonas. Todas as
estratégias adotadas para dar continuidade às aulas no ensino remoto, frente aos
desafios impostos pela pandemia, têm sido divulgadas tanto nas redes sociais da
escola como por meio da assessoria de comunicação da Secretaria de Estado e
Educação e Desporto e, ainda, em alguns jornais locais, como um exemplo e
incentivo para as demais escolas. Todas essas ações foram planejadas com o
intuito de desenvolver um trabalho inovador com foco na continuidade do
processo de ensino e aprendizagem dos discentes, garantindo desta forma o direito
de todos à educação.

A ideia de produzir um livro partiu do desejo de compartilhar as experiências


vivenciadas, através das práticas educativas exitosas desenvolvidas durante o
ensino remoto e alternado e realizadas conforme o planejamento administrativo
para dar suporte à equipe pedagógica. A empolgação da equipe em participar do
projeto e escrita do livro foi contagiante. A alegria de saber que as estratégias
adotadas nesse período seriam eternizadas num livro fez com que a equipe escolar
se mobilizasse e se organizasse para esse fim. A escolha dos capítulos norteou-se
pela organização da rotina escolar, de modo que todos os aspectos fossem
contemplados e que ficasse claro ao leitor que as aulas no ensino remoto foram
planejadas e executadas com a mesma qualidade do ensino presencial.

No capítulo 1, intitulado “O papel da gestão escolar em meio ao ensino


remoto” será abordada a atuação da gestão escolar em meio ao desafio do
planejamento pedagógico e organização do ambiente escolar. Neste capítulo o
leitor poderá acompanhar minuciosamente como foi elaborado o plano de ação
para a organização de cada setor administrativo, respeitando e garantindo todos
os protocolos de segurança assim como o planejamento e a execução das ações
pedagógicas para dar continuidade ao processo de ensino e aprendizagem dos
alunos no ensino remoto.

No capítulo 2, “Os desafios da organização e do preparo da merenda


escolar em cumprimento aos protocolos de segurança” será apresentado como
foi elaborado o planejamento e organização da cozinha e das manipuladoras de
alimentos para seguir os protocolos de segurança e saúde, sem deixar de garantir
a qualidade da alimentação servida aos alunos.

O capítulo 3, “As contribuições das TICs para a educação em tempos


de pandemia”, apresenta a contribuição dos recursos tecnológicos como
ferramenta pedagógica de grande importância para o desenvolvimento do
processo de ensino e aprendizagem durante o ensino remoto.

O capítulo 4, “A Educação Física em tempos de pandemia: o ensino


remoto e a nova realidade”, apresenta as atividades e metodologias utilizadas
pela professora de Educação Física durante o ensino remoto, respeitando as
diferenças e necessidades de cada indivíduo, ofertando assim o ensino de forma
equitativa. Este capítulo abriu precedentes para uma nova forma de ensinar e
aprender, levando-nos a descobrir um novo mundo de oportunidades além das
paredes da sala de aula, tornando o processo de ensino mais dinâmico, divertido,
eficiente e inovador.

No que se refere ao processo de alfabetização durante o ensino remoto, este


livro apresenta em quatro capítulos as estratégias utilizadas pelos professores
alfabetizadores para atender as especificidades desse processo. No capítulo 5,
“Alfabetização em tempos de pandemia: estratégias pedagógicas para o
ensino remoto”, o público-alvo foi formado por alunos do 1º ano do Ensino
Fundamental. Neste capítulo, serão apresentadas as estratégias adotadas pelas
professoras para iniciar o processo de alfabetização dos alunos. No capítulo 6,
“Alfabetização de um aluno autista durante a pandemia: desafios e
superação” e no capítulo 7, “O processo de alfabetização de uma aluna
venezuelana na Língua Portuguesa durante a pandemia” apresentamos
desafios encontrados no processo de alfabetização de um aluno diagnosticado
com Transtorno do Espectro Autista e de uma aluna venezuelana assim como o
planejamento utilizado para atender esses alunos em meio ao ensino remoto e
alternado para que eles avançassem. O capítulo 8 intitulado “O uso de jogos
pedagógicos no processo de alfabetização para a apropriação do sistema de
escrita Alfabética e para o desenvolvimento da consciência fonológica no
ensino remoto” apresenta as estratégias pedagógicas para promover a
apropriação do sistema de escrita alfabética e o desenvolvimento da consciência
fonológica dos alunos do 3º ano do Ensino Fundamental, utilizando jogos
pedagógicos durante o ensino remoto.

O capítulo 9, “Matemática nas séries iniciais: abordagens no ensino da


adição em tempos de pandemia”, apresentará o planejamento de uma professora
de matemática para a consolidação da operação matemática de adição aos alunos
do 4º e 5º ano do Ensino Fundamental.
O capítulo 10, intitulado “As metodologias ativas no processo do ensino
e Aprendizagem dos descritores de Língua Portuguesa e Matemática”,
abordará sobre as metodologias utilizadas por duas professoras no processo do
ensino e aprendizagem dos descritores de Língua Portuguesa e Matemática com
alunos do 5º ano do ensino fundamental.
O capítulo 11, “Desafios das práticas educativas para a aprendizagem
durante o ensino remoto”, abordará as práticas educativas desenvolvidas no
ensino remoto através de metodologia ativas com educandos do 1º e 4º ano
referentes à aquisição dos conhecimentos relacionados à leitura e escrita, a
compreensão dos conceitos matemáticos e suas aplicações na prática, além de
potencializar a oralidade na apresentação dos trabalhos.
Em relação aos Temas integradores contemporâneos, este livro apresenta
em quatro capítulos as metodologias utilizadas para o desenvolvimento de
projetos que integram família e escola. No capítulo 12, “Combate ao abuso e à
exploração sexual de crianças e adolescentes no contexto da pandemia”,
apresentaremos o plano de ação utilizado pela escola com o objetivo de
sensibilizar a comunidade escolar e prevenir a violência infantil. No capítulo 13,
“Telejornal: recurso pedagógico para o enfrentamento ao Sars-CoV-2 e
divulgação de medidas de prevenção”, apresentamos os procedimentos
adotados pela escola para o desenvolvimento de um Projeto de Telejornal para o
enfrentamento e prevenção ao SARS COV-2, tendo como participação alunos do
1º ao 5º ano do Ensino Fundamental I. O capítulo 14, “Combate ao mosquito
Aedes Aegypti no ensino remoto”, vem apresentando as ações desenvolvidas
para o combate ao mosquito transmissor da Dengue, Aedes Aegypti, realizadas
durante o ensino remoto com duas turmas do 1º ano do Ensino Fundamental I.
No capítulo 15, “Lixo vira luxo na escola Benício Leão”, apresenta as
atividades desenvolvidas com o objetivo de sensibilizar a comunidade escolar
para a prática do descarte consciente e a possibilidade de transformar o lixo em
materiais úteis com características sustentáveis.

Em suma, todos os autores deste livro apresentam de forma clara e objetiva, as


estratégias planejadas e executadas para garantir a continuidade das aulas no
ensino remoto com qualidade e a superação dos desafios vivenciados.

Os organizadores
DEDICATÓRIA

Dedicamos este livro a todos os alunos da escola


que foram o foco principal do nosso trabalho. Por
eles, vencemos nossas próprias limitações e
superamos os desafios do caminho.
AGRADECIMENTOS

Agradecemos a Deus que, nos permitiu ter saúde, sabedoria e


discernimento para agir durante este período desafiador.

À comunidade escolar que apoiou todas as ações da escola.

À Secretaria de Estado de Educação e Desporto, que criou Diretrizes


Pedagógicas consistentes para garantir os direitos de aprendizagem dos alunos no
ensino remoto, tornando o Amazonas o primeiro Estado da Federação a iniciar as
aulas nesse formato;

À Coordenadoria Distrital de Educação 02 que auxiliou as escolas durante


todo o período pandêmico.
SUMÁRIO

Capítulo 1
O Papel Da Gestão Escolar Em Meio Ao Ensino Remoto 11
Capítulo 2
Os Desafios Da Organização E Do Preparo Da Merenda Escolar Em Cumprimento
Aos Protocolos De Segurança 28
Capítulo 3
As Contribuições Das TIC’s Para A Educação Em Tempos De Pandemia 39
Capítulo 4
A Educação Física Em Tempos De Pandemia: O Ensino Remoto E A Nova
Realidade 60
Capítulo 5
Alfabetização Em Tempos De Pandemia: Estratégias Pedagógicas Para O Ensino
Remoto 75
Capítulo 6
Alfabetização De Um Aluno Autista Durante A Pandemia: Desafios e Superação 86
Capítulo 7
O Processo De Alfabetização De Uma Aluna Venezuelana Na Língua Portuguesa
Durante A Pandemia 98
Capítulo 8
O Uso De Jogos Pedagógicos No Processo De Alfabetização Para A Apropriação
Do Sistema De Escrita Alfabética E Para O Desenvolvimento Da Consciência
Fonológica No Ensino Remoto 110
Capítulo 9
Matemática Nas Séries Iniciais: Abordagens No Ensino Da Adição Em Tempos De
Pandemia 122
Capítulo 10
As Metodologias Ativas No Processo Do Ensino E Aprendizagem Dos Descritores
De Língua Portuguesa E Matemática 138
Capítulo 11
Desafios Das Práticas Educativas Para a Aprendizagem Durante O Ensino Remoto 155
Capítulo 12
Combate Ao Abuso E À Exploração Sexual De Crianças E Adolescentes No
Contexto Da Pandemia 170
Capítulo 13
Telejornal: Recurso Pedagógico Para O Enfrentamento Ao Sars-Cov-2 E
Divulgação De Medidas De Prevenção 183
Capítulo 14
Combate Ao Mosquito Aedes Aegypti No Ensino Remoto 193
Capítulo 15
Lixo Vira Luxo Na Escola Benício Leão 201
O PAPEL DA GESTÃO ESCOLAR EM MEIO AO ENSINO REMOTO

Ádila Marta da Silva e Silva1


Francineide dos Santos Aragão2
Raimunda Nonata Neves Santa Brígida3
Zilda Menezes Medeiros4
Thaís Maciel da Silva5
Zilda Andrade Ribeiro6
Mário Andrade do Nascimento7
Rita de Cássia da Costa Franco8

DOI: https://doi.org/10.29327/537494.1-1

RESUMO
Este capítulo tem por objetivo apresentar a atuação da gestão escolar no planejamento e na execução das aulas
durante o período pandêmico provocado pelo SARs-CoV-2 que assolou o mundo e afetou sobremaneira a cidade
de Manaus, na qual está localizada a Escola Estadual Professor Benício Leão. O planejamento teve como enfoque
as dimensões que permeiam a gestão escolar, a saber: pedagógicas, subdividida em análise de resultados
educacionais e planejamento de ações pedagógicas; participativa, de infraestrutura e de recursos. A metodologia
utilizada foi a elaboração de um plano de ação com o objetivo de alcançar a participação do maior número de
alunos durante o ensino remoto, cujas aulas foram veiculadas por meio da televisão aberta, das redes sociais e do
aplicativo Aula em Casa, e também, posteriormente, com o retorno das aulas presenciais no ensino alternado. Os
resultados demonstraram que as práticas adotadas pela Unidade Escolar contribuíram de forma eficaz para o
processo de ensino e aprendizagem, para a prevenção de problemas emocionais ocasionados pelo isolamento social
assim como para a redução do abandono escolar. Conclui-se que as ações desenvolvidas com enfoque nas
dimensões da gestão escolar permitiram contemplar todos os aspectos que envolvem o fazer pedagógico,
garantindo a continuidade do ensino remoto e alternado sem prejuízo ao desenvolvimento acadêmico dos alunos.

PALAVRAS-CHAVES: Gestão. Ensino. Pandemia.

1
SILVA, Á. M. da S. e. Gestora na Escola Estadual Professor Benício Leão-SEDUC/AM. Graduada em
Licenciatura Plena em Matemática. Especialista em Gestão do Trabalho Pedagógico. Mestranda em Ciência da
Educação. E-mail: adila.silva@seducam.net
2
ARAGÃO, F. dos S. Secretária na Escola Estadual Professor Benício Leão-SEDUC/AM. Tecnólogo em Gestão
Pública. E-mail: Francineide_aragão@hotmail.com
3
BRÍGIDA, R. N. N. S. Pedagoga na Escola Estadual Professor Benício Leão-SEDUC/AM. Graduada em
Pedagogia, Especialista em Educação Especial Surdez Mental. E-mail: raimunda.brigida@seduc.net
4
MEDEIROS, Z. M. Pedagoga na Escola Estadual Professor Benício Leão-SEDUC/AM. Graduada em Pedagogia,
Especialista em Educação, Pobreza e Desigualdade Social. E-mail: zilda.medeiros@seduc.net
5
SILVA, T. M. da. Graduada em Licenciatura Plena em Pedagogia, professora na Escola Estadual Professor
Benício Leão. E-mail: thais.maciel.silva@seducam.pro.br
6
RIBEIRO, Z. A. Professora na Escola Estadual Professor Benício Leão-SEDUC/AM. Graduada em Pedagogia
com habilitação em gestão educacional pela Faculdade Martha Falcão –FMF. Especialista em Gestão de Currículos
e Desenvolvimento de Práticas Pedagógicas pela Universidade do Estado do Amazonas – UEA. E-mail:
zilda.ribeiro@seducam.pro.br
7
NASCIMENTO, M. A. do. Vigia na Escola Estadual Professor Benício Leão-SEDUC/AM. Graduado em
Licenciatura em Ciências da Matemática. E-mail: mario.andrade49@hotmail.com
8
FRANCO, R. de C da C. Auxiliar Administrativo na Escola Estadual Professor Benício Leão-SEDUC/AM.
Graduada em Serviço Social. E-mail: rita.franco@seduc.net.
1 INTRODUÇÃO

O presente artigo aborda a atuação da Gestão escolar nas suas dimensões específicas
com o objetivo de apresentar o planejamento desenvolvido no período pandêmico do SARs-
CoV-2 para garantir a continuidade das aulas e os direitos de aprendizagem dos alunos da
Escola Estadual Professor Benício Leão.
A garantia à educação é um direito assegurado no artigo 205 da Constituição Federal de
1988 a qual declara que a educação “é direito de todos e dever do Estado e da família, será
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento
da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”,
(SENADO FEDERAL, 2020)
Apesar do isolamento social ter provocado a suspensão das aulas presenciais, entende-
se que o direito à educação precisava ser garantido, por isso, com respaldo no parágrafo 4º do
artigo 32 da Lei Nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 de Diretrizes e Bases da Educação, que
define e regulariza a organização da educação brasileira com base nos princípios presentes na
Constituição, conforme lido em (JUSBRASIL, 1996) “o ensino fundamental será presencial,
sendo o ensino a distância utilizado como complementação da aprendizagem ou em situações
emergenciais”, garantimos a continuidade das aulas a distância de forma segura e planejada.
O plano de ação foi desenvolvido na Escola Estadual Professor Benício Leão,
gerenciada há quatro anos pela professora Ádila Marta Silva e Silva. A escola foi criada pelo
Decreto nº 11.481 de 26 de setembro de 1988 e está localizada na Avenida Jorge Biváqua s/nº
no bairro Japiim I, na cidade de Manaus no Estado do Amazonas. Está inserida numa
comunidade com sérios problemas sociais e econômicos, o que não impede a escola de alcançar
as metas estabelecidas e ter a parceria da comunidade escolar. Todas as ações desenvolvidas
foram voltadas para garantir a função da escola, conforme descreve-se a seguir:

A função básica da escola é garantir a aprendizagem de conhecimentos, habilidades e


valores necessários à socialização do indivíduo sendo necessário que a escola propicie
o domínio dos conteúdos culturais básicos da leitura, da escrita, da ciência das artes e
das letras, sem estas aprendizagens dificilmente o aluno poderá exercer seus direitos
de cidadania. (BRASIL ESCOLA, 2015).

A escola atende um total de 437 alunos na modalidade Ensino Fundamental I,


distribuídos em dois turnos, matutino e vespertino. Possui um quadro de funcionários de regime
efetivo, sendo 17 professores e 12 funcionários administrativos. Possui 22 dependências, 08
salas de aulas, sendo que as demais dependências são distribuídas em espaços administrativos
e pedagógicos, tais como: diretoria, secretaria, sala dos professores, pedagogia, banheiros,
biblioteca, sala de informática, cozinha, refeitório e depósitos além de uma área externa onde
são realizadas atividades de educação física e atividades recreativas, conforme as imagens a
seguir.

Imagem 19: Ambientes administrativos

Fonte: Equipe escolar, 2021.

Imagem 210: Ambientes pedagógicos

Fonte: Equipe escolar, 2021.

9
As imagens foram manipuladas através do aplicativo Inshot com a intenção de apresentar um quantitativo
maior de evidencias do espaço escolar.
10
As imagens foram manipuladas através do aplicativo Inshot com a intenção de apresentar um quantitativo
maior de evidencias do espaço escolar.
A partir da confirmação do primeiro caso de contaminação por SARs-CoV-2 em
Manaus, o Governo do Estado do Amazonas suspendeu em 16 de março de 2020 as aulas
presenciais por seis meses em todo o Estado por meio do Decreto nº 42.061 de 16.03.2020.
Naquele momento, os cientistas não tinham o conhecimento científico necessário para
conter a contaminação e realizar o tratamento. Por esta razão, a quarentena e posteriormente o
isolamento social foram as medidas emergenciais adotadas para conter a propagação da
contaminação.
A quarentena e o isolamento social trouxeram graves problemas sociais e econômicos
à população de um modo geral e mais especificamente à comunidade escolar. Devido a esses
fatores, a Secretaria Estadual de Educação e Desporto elaborou diretrizes pedagógicas através
da Lei nº 14.040 de 2020, para sistematizar o ensino remoto e posteriormente o ensino alternado
em todo o Estado do Amazonas. Para isso criou o Projeto Aula em Casa, que consistiu na
veiculação das aulas por meio da televisão aberta, das redes sociais tais como Facebook e
Youtube e através de um aplicativo denominado Aula em Casa, criado para este fim.

Imagem 3: Apresentação do Projeto Aula em Casa

Fonte: Centro de Mídias de Educação do Amazonas. Foto Cleudilon Passarinho

A Secretaria de Educação teve a preocupação de oferecer vários recursos para que os


alunos pudessem ter acesso às aulas. Foram selecionados docentes da Rede Estadual e
Municipal de Ensino para ministrar as aulas que foram gravadas no Centro de Mídias da
Secretaria de Educação. Além da capital, as aulas também foram veiculadas para todo o interior
do Estado do Amazonas. De forma organizada, as aulas seguiram um cronograma com horários
estabelecidos por modalidade de ensino e série. Além dessa iniciativa, a Secretaria de Educação
também criou duas plataformas denominadas Ambiente Virtual de Aprendizagem - AVA e
Saber +, nas quais eram publicadas a programação semanal das aulas, cadernos de apoio e
outros recursos que serviram de suporte aos alunos, docentes e gestores escolares. Dessa forma,
o Estado do Amazonas foi pioneiro na organização das aulas remotas.

O Amazonas foi o primeiro estado do país a retomar as atividades pedagógicas com


as aulas remotas por meio de uma solução multiplataforma, que é o projeto “Aula em
Casa”, idealizado pela pasta por meio do seu Centro de Mídias da Educação do
Amazonas - CEMEAM. A iniciativa está no ar em televisão aberta e na internet desde
o dia 23 de março e atende todas as modalidades de ensino da rede pública estadual.
(AMAZONAS, 2020).

As aulas iniciaram em primeiro de abril de 2020, no formato remoto. Após constatar a


redução dos casos de contaminação e de óbitos na capital, o Governo do Estado determinou o
retorno das aulas presenciais, por meio do decreto Nº 42.794 de 24.09.2020. Segundo o
documento, o retorno se daria no formato de ensino alternado, o qual cumpriu-se no período de
30 de setembro a dezembro de 2020.
Nesse formato, os alunos foram divididos em dois grupos, A e B. Às segundas e quartas
o grupo A iria para a escola e às terças e quintas, o grupo B. Quando o aluno não estivesse na
escola, deveria assistir às aulas do Projeto Aula em Casa; quanto às sextas-feiras, estas foram
destinadas à Hora de Trabalho Pedagógico do docente - HTP. Nesse dia, os docentes realizavam
planejamentos, elaboração de atividades, correção de avaliações e outras ações referentes ao
fazer pedagógico.
Durante o ensino remoto, os alunos foram acompanhados pelos docentes por meio dos
recursos tecnológicos. Baseada nisso, a equipe gestora elaborou um plano de ação
contemplando todas as dimensões que compõem a Gestão Escolar, mobilizando o corpo
docente e o administrativo para o planejamento dessas ações.

A gestão escolar constitui uma dimensão e um enfoque de atuação em educação, que


objetiva promover a organização, a mobilização e a articulação de todas as condições
materiais e humanas necessárias para garantir o avanço dos processos
socioeducacionais dos estabelecimentos de ensino, orientados para a promoção
efetiva da aprendizagem dos alunos, de modo a torná-los capazes de enfrentar
adequadamente os desafios da sociedade complexa, globalizada e da economia
centrada no conhecimento. (LÜCK, 2009).

No ano de 2021, o ano letivo começou no formato remoto, conforme Decreto nº 43.342,
devido ao Estado ter vivenciado uma segunda onda de contaminação por SARs-CoV-2. Dessa
vez, a população foi atingida de forma mais contundente e não foi possível um retorno ao
formato presencial. No entanto, a experiência adquirida no ano anterior proporcionou um
planejamento com mais embasamento tanto para a Secretaria de Educação como para a escola.
O planejamento é muito mais do que um mero documento digital ou impresso, é um
instrumento que serve para nortear e delimitar o trabalho que será realizado durante o ano letivo,
conforme afirmam Menegolla & Sant’anna (2001, p. 40) “É um instrumento direcional de todo
o processo educacional, pois estabelece e determina as grandes urgências, indica as prioridades
básicas, ordena e determina todos os recursos e meios necessários para a consecução de grandes
finalidades, metas e objetivos da educação”.

2 METODOLOGIA

A equipe escolar planejou estratégias pautadas no Plano de Ação para o Regime


Especial de aulas não presenciais elaborado pela Secretaria de Estado de Educação e Desporto
enviado para todas as instituições de ensino de sua Rede, conforme detalhamento na Tabela 1.
Tais ações foram denominadas Macroações e se desdobraram em Subações, nas quais foram
inseridas estratégias-padrão a serem executadas, dentro das escolas.

Tabela 1: Plano de Ação para o Regime Especial de Aulas Não Presenciais

MACROAÇÃO AÇÃO

01 Mobilização e Organização do ano letivo para o Regime Especial de Aulas Não


Presenciais.

02 Implementação de estratégias para a execução das atividades pedagógicas.

03 Controle da participação e permanência do estudante na unidade escolar.

04 Monitoramento das dinâmicas avaliativas e registro dos resultados.

05 Acompanhamento e Monitoramento do aproveitamento dos estudantes.

06 Viabilização do processo de ensino e aprendizagem.

Fonte: Equipe escolar, 2021.

De posse das macroações, para garantir a participação da comunidade escolar interna, a


equipe gestora reuniu a equipe pedagógica e administrativa, pedagogos, docentes e servidores
administrativos para que tivessem participação ativa no processo de tomada de decisões e no
planejamento de novas ações e, assim, foi construído de forma coletiva o Plano Estratégico da
escola com base nas dimensões da gestão. O planejamento contemplou a gestão pedagógica, a
gestão participativa, a gestão de infraestrutura e a gestão de recursos financeiros, e buscou
inserir novas metodologias que complementam as estratégias padronizadas pela Secretaria de
Educação e que atendessem as especificidades da escola e do público atendido.

3 RELATO DE EXPERIÊNCIA

O cenário pandêmico em Manaus foi desolador, a comunidade escolar interna e externa


precisou se adequar e se adaptar a uma nova rotina imposta pela nova realidade. A escola saiu
do espaço escolar e se transferiu para a residência dos alunos. Era preciso fazer um
planejamento minucioso que garantisse os direitos de aprendizagem dos alunos e o atendimento
da comunidade escolar de forma segura. Por essa razão, o planejamento deveria contemplar
todas as dimensões da gestão escolar de forma a não deixar de atender nenhuma especificidade.
De posse dessas macroações, a equipe gestora reuniu a equipe pedagógica e a
administrativa para que todos, pedagogos, docentes e servidores administrativos tivessem
participação ativa no processo de tomada de decisões e no planejamento de novas ações e,
assim, foi construído de forma coletiva o Plano Estratégico da escola com base nas dimensões
da gestão.
O planejamento contemplou a gestão pedagógica, a gestão participativa, a gestão de
infraestrutura e a gestão de recursos financeiros, buscando inserir novas metodologias que
pudessem vir a somar com as estratégias já padronizadas pela Secretaria de Educação.
Por exemplo, na dimensão da gestão pedagógica foram planejadas ações, tais como:
acompanhar a frequência dos alunos e o engajamento no projeto Aula em Casa; realizar
reuniões pedagógicas mensais para o planejamento das ações a serem realizadas no decorrer de
cada bloco de aulas; realizar reuniões bimestrais com os pais e/ou responsáveis, com o objetivo
de informar e orientar sobre o acompanhamento dos alunos no ensino remoto e alternado;
participar das formações ofertadas pela SEDUC voltadas para o ensino remoto e alternado;
realizar o acompanhamento das atividades propostas pelos professores voltadas para o processo
de alfabetização e letramento dos alunos do 1º ao 3º ano do Ensino Fundamental I; construir e
desenvolver de forma coletiva ações de conscientização e reflexão sobre informações voltadas
para a saúde, segurança infantil e valorização pessoal e profissional; realizar atendimento
presencial de orientação sobre as ferramentas utilizadas pela escola para pais e/ou responsáveis
e professores, assim como a entrega de declaração, transferências e outros documentos quando
solicitados pelos responsáveis dos alunos; distribuir atividades avaliativas e apostilas
preparadas pelos professores aos alunos.
Além dessas ações, a escola realizou através do aplicativo Meet reuniões mensais com
a equipe docente, pais e/ou responsáveis e administrativos, com o objetivo de informar, orientar,
planejar estratégias e traçar metas sobre as ações a serem executadas, assim como um recurso
para acompanhamento dos alunos no ensino remoto e alternado. Os professores que antes não
tinham tantas habilidades com a tecnologia, imbuídos do propósito de garantir a oferta de um
ensino de qualidade, buscaram novas práticas de atualização e apropriação das mídias e
ferramentas digitais. Nesse sentido a Secretaria de Estado e Educação e Desporto - SEDUC,
teve uma grande contribuição, pois ofereceu através do Centro de Formação Profissional Padre
José de Anchieta – CEPAN diversos cursos na modalidade online, voltados para a formação e
capacitação de professores e pedagogos, visando contribuir para o planejamento de
metodologias diferenciadas para o ensino remoto. A escola também disponibilizou em sua
plataforma digital Google Classroom vídeos e links de cursos gratuitos voltados para a
utilização das ferramentas tecnológicas.
A escola ofereceu como meio de comunicação para os pais e alunos, grupos de
WhatsApp para cada turma. Além disso, criou um espaço virtual na plataforma Google
Classroom, no qual criou salas de aula virtuais de todas as turmas como oportunidade para tirar
dúvidas dos alunos e acompanhar as atividades de fixação propostas pelos professores dos
conteúdos abordados durante as aulas do projeto Aula em Casa, conforme imagem 11.
Muitos fatores podem afastar o aluno da sala de aula e, pensando em auxiliá-los durante
o período de aulas remotas em 2021, a equipe escolar desenvolveu um plano de ação estratégico
mensal para resgatar os alunos infrequentes. Dessa forma, criou-se uma força-tarefa e com o
empenho dos profissionais da escola, por meio do Projeto Busca Ativa, conseguiu-se que
97,25% dos alunos matriculados na unidade escolar acompanhassem as atividades por meio do
projeto Aula em Casa e realizassem as atividades propostas pelas professoras através dos grupos
de WhatsApp das turmas.
No entanto com a segunda onda do Sars-CoV-2, causador da Covid-19, muitos pais e
provedores do sustento familiar ficaram desempregados, fato que pela necessidade do uso de
dados móveis e internet dificultou o acesso de vários alunos às aulas remotas e
acompanhamento das atividades propostas através dos grupos de WhatsApp da escola.
Imagem 511: Grupos de WhatsApp das turmas e sala de aula Classroom

Fonte: Equipe escolar, 2021.

Com o objetivo de alcançar todos os alunos, a equipe pedagógica realizou através da


secretaria da escola a distribuição de forma impressa dos cadernos digitais oferecidos na
plataforma do Aula em Casa, assim como atividades elaboradas pelos próprios professores da
escola conforme o nível de aprendizagem e desenvolvimento de leitura e escrita dos alunos
resgatados pelo projeto Busca Ativa.
O projeto é uma das principais ações pedagógicas da Secretaria de Estado de Educação
e Desporto e busca diminuir a evasão escolar, durante o período de suspensão das atividades
presenciais. A estratégia utilizada para identificação dos alunos na busca ativa foi a
implementação dos instrumentos disponibilizados pela Secretaria de Educação, realizando por
meio da plataforma Power Business Intelligence – BI12 o acompanhamento semanal do
preenchimento do link de engajamento do aluno, assim como a verificação da entrega das
atividades nos grupos de WhatsApp das turmas.
Após a identificação dos alunos na busca ativa, a equipe entrava em contato com o
responsável através de ligação telefônica, mensagens pelo WhatsApp e ainda por meio de visita
às residências localizadas nas proximidades da escola. Após esse contato, os responsáveis

11
As imagens foram manipuladas através do aplicativo Inshot com a intenção de apresentar um quantitativo maior
de evidências do meio de comunicação utilizado pela escola com pais e alunos.
12
O Power BI é um serviço de análise de negócios da Microsoft lançado em 24 de julho de 2015. O objetivo do
Power BI é fornecer visualizações interativas e recursos de business intelligence com uma interface simples para
que os usuários finais criem os seus próprios relatórios e dashboards.
tinham a oportunidade de receber na escola o material elaborado e preparado pela equipe
pedagógica e docente na unidade escolar seguindo todos os protocolos de segurança e saúde,
como o uso obrigatório de máscara e o respeito ao distanciamento social.

Imagem 613: Equipe realizando a busca ativa dos alunos

Fonte: equipe escolar, 2021.

Fonte: Equipe escolar, 2021.

A estratégia utilizada pela escola para a entrega do material e atividades didáticas


preparadas pelos professores, respeitando os protocolos de segurança, foi atender tanto o corpo
docente como pais, alunos e comunidade em geral, através de um cronograma mensal de
atendimento com agendamento de dia e horário, assim como seguiu as orientações da
Secretaria, fazendo o escalonamento dos servidores na unidade, com o objetivo de evitar a
aglomeração no espaço escolar. Segue um exemplo de cronograma na Tabela 2.

13
As imagens foram manipuladas através do programa Power Point e formatadas no programa Word com a
intenção de apresentar um quantitativo maior de evidências das ações realizadas pela equipe gestora na busca ativa
dos alunos.
Tabela 2: Cronograma de entrega das atividades avaliativas

Entrega das atividades avaliativas para a escola (professores)

Segunda-feira Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira

1º ano 2º ano 3º ano 4º ano 5º ano

26/04 27/04 28/04 29/04 30/04

Retirada das atividades avaliativas pelos responsáveis dos alunos

10/05 11/05 12/05 13/05 14/05

Devolução das atividades avaliativas na escola (responsáveis)

24/05 25/05 26/06 27/06 28/06

Fonte: Equipe escolar, 2021.

Com o objetivo de manter o rendimento e o desempenho dos alunos, na dimensão da


gestão de resultados as ações planejadas foram voltadas para reuniões mensais com a equipe
pedagógica para apresentação dos resultados do último ano e a partir de então traçar estratégias
de auxílio para um maior engajamento dos alunos no ensino remoto e alternado, possibilitando
aos docentes a oportunidade de intensificar as intervenções visando ao desenvolvimento das
habilidades com baixo rendimento.
Em virtude do distanciamento, a escola que teve que tinha alcançado média 6,6 no
último Índice do Desenvolvimento da Educação Básica - IDEB, realizado em 2019, com a
escala de crescimento apresentando uma evolução de 0,7 pontos, agora, diante do atual contexto
pandêmico tinha como desafio manter ou elevar esse resultado. O Índice de Desenvolvimento
da Educação Básica é mais do que uma nota. É o resultado da aprendizagem efetiva dos alunos.
Nos últimos três anos, a escola tem apresentado rendimento escolar significativo. O
índice de aprovação demonstra avanço enquanto o índice de reprovação tem sido reduzido; já
o índice de abandono escolar tem zerado. Este resultado é fruto de um trabalho planejado e da
participação efetiva de toda a comunidade escolar.
Imagem 714: IDEB da escola

Fonte: INEP, 2019.

No retorno ao ensino presencial e alternado os protocolos de saúde precisavam ser


garantidos. Na gestão de infraestrutura, a equipe gestora planejou as ações para garantir de
forma satisfatória as adaptações necessárias do espaço escolar para o recebimento dos alunos
nesse retorno. Para isso, planejou na dimensão da gestão de recursos financeiros em parceria
com a Associação de Pais, Mestres e Comunitários - A.P.M.C. ações voltadas para a compra e
manutenção dos insumos de forma a garantir os protocolos de saúde e um retorno seguro.
A associação de pais, mestres e comunitários é composta pela Diretoria e pelo Conselho
Fiscal que são formados por professores, pelo diretor da escola e por membros da comunidade
escolar. Essa Associação coordenou e gerenciou os recursos recebidos pela escola através dos
governos estadual e federal com o objetivo de suprir as necessidades mais urgentes da unidade
escolar, através do recurso Programa Dinheiro Direto na Escola – P.D.D.E, enviado às escolas
como um recurso emergencial para garantir a compra e manutenção dos insumos para utilização
dos protocolos de saúde.
Com intuito de garantir o abastecimento diário de álcool em gel, limpeza, assim como
a manutenção dos protocolos, a escola adquiriu através desse recurso álcool em gel e líquido
70%, luvas, toucas, máscaras descartáveis, material de limpeza, assim como toda equipagem
necessária de suporte para garantir o cumprimento dos protocolos por todos os usuários do
espaço escolar, além de realizar a compra de material de suporte pedagógico e administrativo
como papel, tinta para impressora e outros.

14
A imagem foi manipulada através do programa Power Point com a intenção dar melhor visualização dos
resultados do IDEB da escola.
Imagem 815: Protocolos de Segurança

Fonte: Equipe escolar, 2021.

Imagem 9: Aquisição de equipamentos de proteção e higienização pessoal

Fonte: equipe escolar, 2021.

15
As imagens foram manipuladas através do programa Power Point e formatadas no programa Word com a
intenção de apresentar um quantitativo maior de evidências das ações realizadas pela equipe gestora na busca ativa
dos alunos.
4 RESULTADOS

Os dados demonstraram que o planejamento baseado nas dimensões da gestão escolar


durante o período pandêmico contribuiu de forma significativa para o processo de ensino e
aprendizagem de qualidade. Na gestão de resultados, a imagem a seguir mostra que a escola
teve crescimento no número de aprovação e reduziu a zero o índice de abandono escolar. Na
gestão pedagógica, a equipe planejou e organizou as ações, com estratégias de oferecer várias
alternativas de acesso às aulas, materiais e atividades didáticas para os alunos, como: grupos de
WhatsApp de todas as turmas, sala de aula Google Classroom e entrega de atividades na escola,
assim como fazer a análise semanal dos resultados dos discentes realizando desta forma a
intervenção pedagógica e busca ativa em tempo hábil, alcançando o índice de 99,58% de
aprovação dos alunos que participaram e acompanharam as aulas através dos grupos de
WhatsApp das turmas e do projeto Aula em Casa.

Desta forma foi possível observar a consonância entre o planejamento executado e os


resultados da escola, pois os índices apresentaram crescimento tanto na esfera estadual como
na esfera nacional, como mostram as imagens 4 e 10: Resultados do Desenvolvimento da
Educação Básica e Resultado Geral da escola.

Imagem16 10: Índices dos três últimos anos da escola.

Fonte: Equipe escolar, 2021.

16
A imagem foi manipulada através do programa Power Point com a intenção de dar melhor visualização aos
resultados da escola.
Na dimensão da gestão de infraestrutura, a equipe organizou e viabilizou as adaptações
do espaço escolar para o retorno às aulas presenciais, acompanhando todo processo do
levantamento das necessidades à conclusão dos serviços e mudanças realizadas na unidade para
atender os protocolos de segurança e saúde da Organização Mundial de Saúde - OMS. Na gestão
de recursos a atuação foi de forma efetiva e significativa, dando suporte para todo o
planejamento da unidade escolar, adquirindo através de seus recursos equipamentos, acessórios
pedagógicos e administrativos para auxiliar no fortalecimento e desenvolvimento do trabalho
da equipe, assim como garantir a execução das ações da escola e os protocolos de saúde.

5 CONCLUSÃO

Planejar levando em consideração as dimensões da gestão escolar favoreceu as


minudências que envolvem o processo de ensino e aprendizagem. Todas as ações realizadas na
escola são voltadas para a aprendizagem do estudante. Planejar levando em consideração as
dimensões da gestão escolar permitiu que as especificidades fossem contempladas de forma
significativa durante o ensino remoto e alternado, pois através da execução das ações a escola
alcançou resultados satisfatórios. A equipe escolar promoveu a interação e a coerência entre
todas as dimensões, com foco no avanço do processo educacional e a relevância do importante
papel social da escola.
A equipe gestora esteve presente e atuante em todo processo, acompanhando todos os
passos desse planejamento. Os professores venceram as limitações da tecnologia, o
distanciamento social e se reinventaram, oferecendo e oportunizando ao discente o pleno
desenvolvimento de suas habilidades. Mesmo em tempos difíceis os pais acreditaram e
confiaram no trabalho da escola, tornaram-se mais parceiros e no reconhecimento do importante
papel da escola na vida do educando, acompanharam e motivaram os alunos a frequentarem a
escola mesmo que de forma remota ou alternada e realizar as atividades didáticas propostas
pelos professores.
O planejamento foi minucioso levando em consideração todos os aspectos que
envolvem esse processo, do qual nenhum departamento foi excluído e a organização da escola
de uma forma geral foi impecável, todos os espaços foram contemplados com adequações para
o cumprimento dos protocolos de segurança. Levando-se em consideração esses pontos,
percebe-se a importância das práticas das dimensões da gestão escolar desenvolvidas pela
escola Professor Benício Leão, como geradora de bons resultados e através dos indicadores
educacionais foi possível analisar e verificar que houve um avanço no desempenho escolar dos
estudantes.

REFERÊNCIAS

AMAZONAS. Aula em Casa 2020. Disponível em: < http://www.aulaemcasa.am.gov.br>.


Acesso em: 06, abril 2021.

AMAZONAS. Aulas remotas do Governo do Amazonas durante a pandemia tiveram 89% de


aprovação dos pais. Disponível em: <http://www.amazonas.am.gov.br/2020/07/aulas-remotas-
do-governo-do-amazonas-durante-a-pandemia-tiveram-89-de-aprovacao-dos-
pais/#:~:text=O%20Amazonas%20foi%20o%20primeiro,Educa%C3%A7%C3%A3o%20do
%20Amazonas%20(Cemeam)>. Acesso em 07/06/2021.

BRASIL ESCOLA. Função social da escola. Disponível em:


<https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/funcao-social-
escola.htm#:~:text=A%20fun%C3%A7%C3%A3o%20b%C3%A1sica%20da%20escola,estas
%20aprendizagens%20dificilmente%20o%20aluno>. Acesso em: 04/06/2021.

INEP. IDEB. Resultados e Metas. Disponível em:


<http://ideb.inep.gov.br/resultado/resultado/resultadoBrasil.seam?cid=8098384 >. Acesso em:
06, abril 2021.

JUSBRASIL. Parágrafo 4 art. 32 da Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Disponível em:


<https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11691144/paragrafo-4-artigo-32-da-lei-n-9394-de-20-
de-dezembro-de-1996>. Acesso em: 20/06/2021.

LÜCK, Heloísa. Dimensões de gestão escolar e suas competências. Curitiba: Editora Positivo, 2009.

MENEGOLLA, Maximiliano. SANT’ANNA, Ilza Martins. Por que planejar? Como planejar? 10ª Ed.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.

SENADO FEDERAL. Constituição Federal, art. Nº 205. Disponível em :<


https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/CON1988_05.10.1988/art_205_.asp
>. Acesso em: 06 de abr. 2021.

POWER BI. Wikipedia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Power_BI, Acesso em: 04


de abr. 2021.
O PAPEL DA GESTÃO ESCOLAR EM MEIO AO ENSINO REMOTO

Autores

Ádila Marta Francineide Aragão

Raimunda Nonata Mário Andrade

Zilda Menezes Rita de Cássia

Thaís Maciel Zilda Andrade


OS DESAFIOS DA ORGANIZAÇÃO E DO PREPARO DA MERENDA ESCOLAR
EM CUMPRIMENTO AOS PROTOCOLOS DE SEGURANÇA

Ádila Marta da Silva e Silva17


Alaís Costa Lima 18
Paula Andréa da Silva Dezincourt 19
DOI: https://doi.org/10.29327/537494.1-2
RESUMO

Este capítulo tem por objetivo apresentar os desafios encontrados na prática dos procedimentos
adotados na cozinha de uma escola estadual na zona sul da cidade de Manaus no retorno dos
alunos para as aulas no ensino alternado. A finalidade é mostrar como o trabalho foi
desenvolvido em meio à pandemia seguindo os protocolos de segurança e saúde de prevenção
ao SARs-CoV-2, sem deixar de garantir a qualidade da alimentação servida aos alunos. A
metodologia do trabalho foi a elaboração de um planejamento o qual obedeceu rigorosamente
os protocolos de saúde para garantir a saúde de todos e evitar a contaminação da comunidade
escolar. Os resultados demonstram que as estratégias utilizadas alcançaram os objetivos
propostos de ofertar uma alimentação com qualidade, garantindo a segurança dos alunos e de
todos envolvidos nesse processo. Conclui-se que em tempos difíceis é preciso buscar novos
conhecimentos e estratégias para continuar oferecendo um serviço de qualidade.

Palavras-chave: Escola. Merenda escolar. Pandemia.

1 INTRODUÇÃO

A merenda escolar sempre esteve presente nos programas de suplementação alimentar


do Brasil e se configura como uma das políticas públicas mais consolidadas tanto que nos
meados da década de cinquenta foi criado o Programa Nacional de Alimentação Escolar
(PNAE). Desde então as secretarias municipais e estaduais de educação das escolas públicas,
através das unidades escolares responsabilizam-se pela oferta e distribuição gratuita dessa
alimentação suplementar, contribuindo, desta forma, para o enriquecimento das condições
nutricionais e hábitos saudáveis dos alunos.

17
SILVA, Á, M, da S, e. Gestora na Escola Estadual Professor Benício Leão-SEDUC/AM. Graduada em
Licenciatura Plena em Matemática. Especialista em Gestão do Trabalho Pedagógico. Mestranda em Ciência da
Educação. E-mail: adila.silva@seduca.net.
18
LIMA. A. C. Merendeira na Escola Estadual Professor Benício Leão-SEDUC/AM. Formação acadêmica:
Ensino Médio Completo. E-mail: alaislimao@gmail.com
19
DEZINCOURT. P. A, da S. Merendeira na Escola Estadual Professor Benício Leão-SEDUC/AM. Formação
acadêmica: Ensino Médio Completo. E-mail: dezincort @gmail.com
O Programa vem ao longo dos anos exercendo um importante papel no que se refere ao
incentivo e à promoção da segurança alimentar, conforme afirma (CHAVES et al., 2007).

O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é o mais antigo programa


social do Governo Federal na área de alimentação e nutrição, sendo considerado um
eixo das políticas públicas específicas destinadas a promover a segurança alimentar e
nutricional (CHAVES, 2007).

Com a pandemia do SARs-CoV-2 afetando a cidade de Manaus, foi necessário


intensificar os cuidados para evitar o contágio em massa da população e como medida para
evitar a contaminação da população, foi determinado, através do decreto governamental, a
quarentena por tempo indeterminado. Somente os serviços essenciais continuaram com
atendimento presencial. A escola não foi considerada serviço essencial, pois é um espaço de
aglomeração de pessoas e seria arriscado para a comunidade escolar.

Com o fechamento das escolas, o serviço e a oferta da merenda escolar precisaram ser
suspensos. Através de uma iniciativa da Secretaria de Estado de Educação e Desporto - SEDUC,
as aulas foram transmitidas pela televisão aberta, pela plataforma do YouTube e pelo aplicativo
do projeto Aula em Casa.

O ensino remoto teve a duração de seis meses. Com a melhora do cenário pandêmico e
com a redução dos casos de contaminação e óbitos, o governo do estado determinou por meio
do decreto Nº 42.794 de 24.09.2020 o retorno das aulas presenciais no formato do ensino
alternado. Assim, um novo desafio chegou no chão da escola. Era hora de preparar o ambiente
escolar para receber os alunos e reorganizar as etapas de preparação e distribuição da merenda
escolar

Seguindo as orientações da Organização Mundial da Saúde - O.M.S. sobre os protocolos


de segurança, as manipuladoras da merenda escolar ficaram responsáveis pela organização da
cozinha e tudo que estava relacionado a esse ambiente, como proporcionar a oferta de um
atendimento de qualidade e garantir a segurança na oferta da merenda escolar aos alunos, assim
como seguir o cumprimento e a sinalização dos protocolos de saúde e higiene para garantir a
própria segurança.
2 METODOLOGIA

A metodologia utilizada foi a elaboração de um planejamento baseado nos protocolos


de saúde da Organização Mundial de Saúde - O.M.S. para garantir um atendimento de qualidade
e com segurança para todos os envolvidos nesse processo. O primeiro passo foi a realização de
um levantamento conduzido pela equipe gestora, no qual foram identificadas as principais
necessidades de adaptação da cozinha e do refeitório da escola, assim como a higienização de
frutas, verduras, legumes e o armazenamento dos gêneros alimentícios perecíveis e não
perecíveis.

Os dados e resultados do levantamento das necessidades de adaptação se deram através


de registros fotográficos dos locais a serem adaptados, assim como o registro dos e-mails das
solicitações de manutenção enviados da escola para o setor de infraestrutura da Secretaria de
Educação.

O segundo passo foi a execução das adaptações realizadas por empresas contratadas
pela Secretaria de Educação que durou aproximadamente vinte dias. O terceiro passo foi a
orientar as manipuladoras de alimentação escolar quanto ao cumprimento dos protocolos de
segurança, assim como planejar junto à gestão da escola estratégias para servir o lanche aos
alunos evitando aglomeração e mantendo o distanciamento social, mas garantindo a
distribuição da merenda escolar a todos os alunos.

As medidas adotadas foram planejadas minuciosamente, tais como: horário de lanche,


divisão das turmas, higienização das mesas ao término do horário de cada lanche. O quarto e
último passo foi a orientação dada às manipuladoras quanto aos protocolos de segurança na
higienização dos alimentos recebidos, manipulação dos mesmos e o uso dos equipamentos de
proteção como forma de garantir a segurança delas e garantir uma alimentação saudável e
segura. Após o retorno das aulas, através da observação, foi analisado de forma qualitativa se
todas as ações executadas surtiram o efeito esperado.

3 RELATO DE EXPERIÊNCIA

Com a baixa dos casos de contaminação, em setembro de 2020, houve o retorno das
aulas de forma alternada. Os alunos passaram a frequentar a escola em dias alternados com 50%
da sua capacidade total. Com isso foram planejadas e tomadas medidas de segurança
fundamentais para garantir a distribuição da merenda escolar seguindo os protocolos de
segurança e garantindo a qualidade da alimentação.

Na cozinha da escola Professor Benício Leão não foi diferente, após o levantamento das
necessidades, o espaço recebeu várias adequações para garantir o cumprimento dos protocolos
de segurança, as torneiras que antes eram do modelo padrão, ou seja, acionadas usando as mãos,
foram trocadas por modelos acionados pelo cotovelo, uma forma de d atender às medidas de
segurança e evitar o contato das mãos com o máximo de superfícies possíveis.

As manipuladoras de alimento receberam o Manual20 de Boas Práticas da Secretaria de


Estado de Educação e Desporto, além de orientações da gestora da escola quanto ao
cumprimento dos protocolos e medidas para evitar aglomeração dos alunos na hora da merenda
escolar, como a divisão das turmas para esse momento; também ganharam adereços novos no
fardamento o qual, além da bata, bota, calças, camisas, toucas e aventais, foi complementado
com equipamentos de proteção contra o SARs-CoV-2, tais como máscaras, luvas e protetor
facial, assegurando assim o preparo dos alimentos com mais higiene e segurança.

Imagem 121: Manipuladoras de alimentação fardadas e adequação do espaço.

Fonte: equipe escolar, 2021.

20
Manual de Boas Práticas - Descrever os procedimentos a serem adotados pela escola, a fim de atender os
requisitos relacionados às Boas Práticas de Fabricação (BPF), incluindo os aspectos de higiene e saúde dos
manipuladores, higienização das instalações, equipamentos e utensílios, higienização do reservatório de água,
controle de pragas e controle dos processos para garantir a segurança na produção da Alimentação Escolar.
21
As imagens foram manipuladas através do aplicativo Inshot com a intenção de apresentar um quantitativo maior
de evidências do espaço escolar e cumprimento dos protocolos.
O cardápio era planejado semanalmente e fixado à vista de todos. Assim os alunos
poderiam acompanhar e saber o que seria a merenda durante toda a semana. Por outro lado, a
quantidade de merenda escolar a ser preparada passou a ser definido diariamente, pois o medo
dos pais de enviar seus filhos à escola fez com que todos os dias houvesse uma oscilação entre
o número de alunos previstos e presentes, então era necessário esperar em média quinze minutos
depois do horário de entrada, contabilizar o número de alunos presentes e a partir de então
decidir a quantidade de merenda a ser preparada, assim como a divisão dos alunos no horário
do lanche com o objetivo de evitar aglomeração.

Toda alimentação oferecida aos alunos passava por procedimentos de higiene com
produtos adequados a cada tipo de alimento. Os legumes e frutas eram higienizados e depois
emergidos a uma mistura de água com hipoclorito de sódio. Quando possível, esses alimentos
eram congelados e utilizados conforme a necessidade. Os pacotes de carne, frango, peixe e
polpas de frutas e outros eram higienizados e armazenados de forma organizada no freezer ou
no expositor refrigerado. A limpeza da cozinha era feita seguindo o Procedimento Operacional
Padrão - POP22. Com a pandemia os procedimentos foram intensificados. No refeitório foram
disponibilizados dispensers com álcool em gel, pias, sabão e toalha de papel para o uso dos
alunos e demais funcionários.

Imagem 223: Organização e higienização dos alimentos e mantimentos.

Fonte: Equipe escolar, 2021.

22
O Procedimento Operacional Padrão (POP) é um documento organizacional que traduz o planejamento do
trabalho a ser executado. É uma descrição detalhada de todas as medidas necessárias para a realização de uma
tarefa.
23
As imagens foram manipuladas através do aplicativo Inshot com a intenção de apresentar um quantitativo maior
de evidências da organização e higienização dos alimentos e mantimentos.
Após a sinalização de distanciamento social, o refeitório da escola acomodava em
média 42 alunos. Quando a quantidade de alunos era maior do que isso, os alunos eram
divididos de dois a três grupos em que cada um tinha direito a quinze minutos de merenda, entre
um horário e outro tinha um intervalo de cinco minutos para a preparação e higienização do
refeitório para o próximo grupo.

Desta forma, conforme apresentado na Tabela 1, o horário do lanche se estendeu ainda


mais que antes da pandemia, já que, em um cenário normal, este era servido durante um período
de quinze minutos para todos os alunos do turno, porém, nesse novo contexto, foi preciso
ampliar o horário para que os alunos pudessem lanchar em segurança e para que as auxiliares
de serviços gerais pudessem fazer a limpeza.

Tabela 1 – Divisão do horário da merenda escolar / turno matutino


Quantidade de Horário Intervalo 1 Intervalo 2 Intervalo 3 Intervalo 4
alunos

0 - 42 1 8h30 – 8h45 8h50 – 9h05 9h10 – 9h25 9h30 – 9h45

43 - 85 2 8h30 – 8h45 8h50 – 9h05 9h10 – 9h25 9h30 – 9h45

86 - 144 3 8h30 – 8h45 8h50 – 9h05 9h10 – 9h25 9h30 – 9h45

Fonte: Equipe escolar, 2021.

A hora da merenda sempre foi a mais esperada e na qual se via muita alegria. Ao soar o
sino, os alunos ficavam eufóricos. O momento de comer era mais do que especial. Conforme
Bezerra, 2009, a merenda escolar como fator determinante da frequência e da aprendizagem do
aluno objetiva-se na figura do aluno que não se alimentou antes de ir à escola, infelizmente,
para alguns alunos, aquela seria a primeira refeição do dia. (BEZERRA, 2009). Era o momento
em que as crianças brincavam, conversavam, trocavam e dividiam frutas e lanches.
Demonstração de gestos afetuosos, como um abraço, nunca foram tão preocupantes como no
momento em que vivemos hoje.

No primeiro dia do retorno às aulas presenciais recebemos um número de alunos abaixo


do previsto. Após a contagem dos alunos presentes, seguiu-se a Cartilha de Boas Práticas para
a produção segura de alimentos24 e intensificaram-se as medidas de segurança na hora de servi-

24
O Guia prático com normas básicas da ANVISA para a produção segura de alimentos orienta que as boas
práticas são procedimentos que devem ser seguidos pelos serviços de alimentação para garantir uma produção
segura dos alimentos e atender a legislação sanitária em vigor. Esses procedimentos orientam os estabelecimentos
na manipulação segura dos alimentos evitando assim as doenças de origem alimentar.
la. A preocupação em manter o distanciamento entre as crianças foi constante e para isso
contamos com o apoio da equipe de professores e pedagogas da escola, que orientavam e
direcionavam os alunos a sentarem no refeitório respeitando a sinalização de distanciamento
fixada nas mesas. No início alguns alunos acabavam esquecendo dos protocolos de segurança,
mas com a orientação diária das professoras, com o passar do tempo eles foram se adaptando,
era tudo muito novo, um grande desafio não só para as crianças como também para todos os
profissionais da educação.

Imagem 325: Horário da merenda escolar

Fonte: Equipe escolar, 2021.

Um momento de tensão foi na hora de recolher os pratos, copos, talheres e louças


utilizadas para servir a merenda aos alunos. Para garantir a higienização desses utensílios, foi
necessário lavá-los e imergi-los em uma solução de hipoclorito de sódio durante cerca de 10
minutos e em seguida enxaguá-los. Medidas semelhantes foram tomadas na hora de higienizar
legumes, frutas e hortaliças, com a utilização de hipoclorito26 de sódio, o que assegurou ainda

25
As imagens foram manipuladas através do aplicativo Inshot com a intenção de apresentar um quantitativo maior
de evidências na organização do horário de merenda escolar.
26
O hipoclorito de sódio serve para lavagem e higienização de verduras, assim como purificador da água para
consumo humano, para reduzir as chances de contaminação por vírus, parasitas e bactérias causadores de diarreia,
hepatite - A, cólera ou rotavírus. (Manual de Boas Práticas de Fabricação de Alimentos – SEDUC/AM, 2018).
mais a higienização completa de todo o material utilizado no espaço da cozinha, assim como a
boa conservação dos alimentos.

4 RESULTADOS

Os resultados mostram que os procedimentos adotados pela escola para garantir a


qualidade e a segurança no preparo e na distribuição da alimentação oferecida aos alunos foram
satisfatórios. O planejamento realizado foi seguido rigorosamente e, quando necessário, foram
realizadas adaptações.

O cumprimento dos protocolos de saúde garantiu a segurança de todos, desde o


recebimento dos alimentos até a distribuição da merenda escolar. Com o levantamento das
necessidades foi possível dar celeridade nas adaptações e adequações das torneiras e pias, a
sinalização da cozinha e refeitório com cartazes informativos à vista de todos fez com que os
usuários tivessem maior atenção para o cumprimento dos protocolos.

O cronograma de distribuição de alunos para o horário de merenda garantiu a


higienização das mesas de um lanche para o outro, assim como um menor número de alunos no
refeitório e com o apoio dos professores eles aprenderam a respeitar o distanciamento e a
importância do cumprimento dos protocolos, ficando na fila para receber a merenda, mantendo
o distanciamento nas mesas e higienizando as mãos antes e depois do lanche.

Através das orientações dadas pela gestora da escola, de posse do Manual de Boas
Práticas da Secretaria de Estado de Educação e Desporto e com vestimentas adequadas, as
manipuladoras de alimentos se sentiram mais seguras e confiantes no preparo e na distribuição
da merenda escolar. Ao serem recebidos, os alimentos passaram a ser higienizados e
armazenados de forma correta e cautelosa, o cuidado e higienização no preparo da merenda
passaram a ser intensificados. A higienização dos utensílios após o lanche passou por
procedimentos e medidas de limpeza de acordo com o manual de boas práticas.

Os pais se sentiram mais seguros e incentivaram seus filhos a consumirem a merenda


escolar e no final foi possível oferecer esse serviço de qualidade garantindo o cumprimento dos
protocolos de saúde e segurança. Ressaltamos ainda que durante o período de aulas presenciais
não houve registro de casos de alunos com Coronavírus, sendo este o maior objetivo da escola.
5 CONCLUSÃO

Conclui-se que em tempos difíceis é preciso buscar novos conhecimentos e estratégias


para continuar oferecendo um serviço de qualidade e garantir o direito à educação. A estratégia
da escola em organizar e preparar o espaço para receber os alunos garantindo o cumprimento
dos protocolos, assim como as orientações dadas aos alunos, às professoras e às manipuladoras
de alimento foram de grande importância para dar continuidade à oferta da merenda escolar
sem deixar de cumprir os protocolos de segurança.
Os cuidados tomados no recebimento, preparo e distribuição da merenda escolar, a
organização da cozinha, a sinalização de distanciamento no piso e nas mesas, assim como a
distribuição controlada e o monitoramento dos alunos durante o horário de intervalo foram de
fundamental importância para que todos se sentissem seguros no momento de servir a merenda
escolar, uma vez que, neste intervalo de tempo, os alunos precisavam tirar a máscara para se
alimentarem.
Os resultados demonstram que seguir rigorosamente os protocolos de saúde garantem a
segurança de todos. Dessa forma a escola mostra que é possível oferecer um serviço de
qualidade quando se trata da oferta da merenda escolar mesmo em tempos de pandemia. Prática
que pode ser planejada e adotada por outras unidades de ensino.

REFERÊNCIAS

BEZERRA, José Arimatea Barros. Alimentação e escola: significados e implicações


curriculares da merenda escolar. Revista Brasileira de Educação, v. 14, n. 40, p. 103-115,
2009.

BRITO, R. Manual de Boas Práticas de Fabricação de Alimentos. Coordenadoria Distrital de


educação 02 - SEDUC/AM, 2018.

Cartilha de Boas Práticas na Manipulação de alimentos-RDC-216-Anvisa. Rede Abrasel, 2020.


Disponível em: < https://redeabrasel.abrasel.com.br/read-blog/202_cartilha-de-boas-praticas-
na-manipulacao-de-alimentos-rdc-216-anvisa.html>. Acesso em: 14/07/2021.
CHAVES, L. G.; BRITO, R. R.; TEIXEIRA, R. M.; MUSTAFA, V. S. Programa Nacional de
Alimentação Escolar: compromisso com a saúde pública. Nutr. Prof., v. 3, n. 12, p. 22-27, 2007.
Procedimento Operacional Padrão – POP. Blog da Qualidade 2013. Disponível em: <
https://blogdaqualidade.com.br/procedimento-operacional-padrao-pop/ >. Acesso em: 01/07/2021.

STEFANINI, Maria Lúcia Rosa. Merenda escolar: história, evolução e contribuição no atendimento
das necessidades nutricionais da criança. 1997. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.
OS DESAFIOS DA ORGANIZAÇÃO E DO PREPARO DA MERENDA ESCOLAR
EM CUMPRIMENTO AOS PROTOCOLOS DE SEGURANÇA

Autoras

Ádila Marta da S. e Silva

Alaís Costa Lima

Paula Andréa da Silva Dezincourt


AS CONTRIBUIÇÕES DAS TICs PARA A EDUCAÇÃO EM TEMPOS DE
PANDEMIA

Angela Paula da Silva Pessoa27


Daniele Lemos Carvalho28
DOI: https://doi.org/10.29327/537494.1-3
RESUMO

O relato apresenta as contribuições das TICs em uma escola na zona sul de Manaus durante o
período da pandemia do SARS-CoV-2, que iniciou no ano de 2020, prolongando-se para 2021.
A metodologia empregada foi a observação do trabalho docente desenvolvido durante o ensino
remoto e a verificação da utilização de ferramentas tecnológicas como contribuição para o
processo de ensino através de uma pesquisa quali-quantitativa por meio de formulário elaborado
no Google forms e aplicado com 18 professores da escola. Os resultados da pesquisa mostram
que a utilização das tecnologias contribuiu de forma significativa para o desenvolvimento do
processo de ensino e aprendizagem durante o ensino remoto, em que os recursos tecnológicos
conhecidos foram colocados em prática e vários objetivos foram alcançados, denotando-se que
o uso das TICs para a continuidade das aulas em meio à pandemia foi exitoso e que essa
contribuição ganhará extensão como recurso didático após a pandemia.

Palavras-chave: Tecnologia. Aprendizagem. Pandemia.

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objetivo geral analisar a contribuição dos recursos tecnológicos
na perspectiva do ensino remoto na Escola Estadual Professor Benício Leão durante o período
da pandemia causada pelo novo Coronavírus (SARS-CoV-2); teve, ainda, como objetivos
específicos: a) a reflexão da inclusão da tecnologia como auxiliadora no ensino remoto e b)
identificar a utilidade dos recursos digitais para o processo de ensino e aprendizagem dos alunos
do Ensino Fundamental I, na escola supracitada.
No primeiro semestre de 2020, houve a chegada da pandemia no Brasil se prolongando
até o ano de 2021. Decretos foram acionados pelo Governador a fim de prevenir a proliferação
do vírus no Estado.

27
PESSOA, A. P. da S. Graduada em Licenciatura Plena em Matemática, graduada em Física, cursando Bacharel
em Teologia, Especialista em Educação Matemática, Mestranda em Ciências da Educação, Professora da rede
particular e da rede pública estadual de educação. E-mail: prof.mat.angela@gmail.com
28
CARVALHO, D. L. Graduada em Licenciatura Plena em Pedagogia, Especialista em Gestão e Supervisão
Escolar e Gestão do Currículo. Professora da Rede Estadual. E-mail: daniele.lemos@seducam.pro.br
O distanciamento social entrou em vigor limitando a presença dos alunos nas escolas,
na cidade de Manaus. Porém, de acordo com o artigo 205 da Constituição Federal de 1998 “a
Educação é um direito de todos os brasileiros e dever do Estado e da família”. Significa dizer
que o acesso à educação básica é um direito social também mencionado no Art. 6º da
Constituição Federal. Portanto, visando cumprir e garantir este direito, o governo estadual
determinou por meio do Projeto Aula em Casa29 a continuação das aulas no modelo de Ensino
Remoto no qual as aulas seriam transmitidas por meio de programação televisiva gerenciada
pelo Centro de Mídias da Secretaria de Estado de Educação e Desporto.
A escola foi surpreendida pela grave situação da saúde pública, todos entendiam a
importância da continuação do Ensino Básico para o desenvolvimento das crianças inseridas
no âmbito escolar e agora o desafio foi buscar novas estratégias para que a educação não
perdesse a qualidade no ensino. Muitas foram as adversidades enfrentadas neste período, tanto
pelos docentes quanto por discentes e familiares dos alunos no que diz respeito ao apoio das
atividades à distância, pois a escola está inserida em uma comunidade com sérios problemas
sociais e econômicos, onde o acesso à internet era um privilégio para poucos. No entanto, no
atual contexto pandêmico, a possibilidade do ensino à distância trouxe esperança para que a
educação, que é um direito de todos, pudesse continuar.

A impossibilidade de realizar os encontros presenciais entre professores e alunos,


devido às medidas de isolamento social, as aulas remotas surgem como alternativas
para reduzir os impactos negativos no processo de ensino e aprendizagem. (NÚÑEZ,
s./d.)

Por sua vez, a tecnologia encontra um espaço maior na Educação, pois a sua utilização
tornou-se o elo não somente entre professores e alunos, mas também no aumento da
participação da família na escola. A internet tornou-se a maior aliada para esta nova experiência
acompanhada das tecnologias digitais que têm suprido as necessidades educacionais no mundo.
Os avanços tecnológicos surgiram e com eles, o uso das TICs30 que possibilitam
propagação das informações e interações em tempo real com enorme aceitação na sociedade

29
O Projeto Aula em Casa é uma iniciativa do Governo do Estado do Amazonas por meio da Secretaria de Estado
de Educação e Desporto (SEDUC-AM) em parceria com a Secretaria Municipal de Educação de Manaus
(SEMED), que em função da pandemia ocasionada pelo novo Coronavírus (COVID-19), objetivam disponibilizar
à comunidade escolar conteúdos didáticos pedagógicos para possibilitar a continuidade dos estudos fora do
ambiente escolar presencial. (Saber mais,2020)
30
TICs (Tecnologias da informação e comunicação) pode ser definida como um conjunto de recursos tecnológicos,
utilizados de forma integrada, com um objetivo comum. As TICs são utilizadas das mais diversas formas, na
indústria (no processo de automação), no comércio (no gerenciamento, nas diversas formas de publicidade), no
setor de investimentos (informação simultânea, comunicação imediata) e na educação (no processo de ensino
aprendizagem, na Educação a Distância. (InfoEscola,2020)
que as utilizam por meios como: a televisão, o rádio e os computadores, da mesma forma, tais
práticas tornaram-se recorrentes e necessárias no âmbito educacional. A evolução da
informática permitiu a criação de cursos realizados em videoaulas impressas em CD-ROM que
ao serem inseridos em aparelhos de DVD ou até mesmo em computadores geravam
comodidades de tempo e lugar aos estudantes.
Posteriormente, com o surgimento da internet, muitos cursos foram ganhando espaço
na sociedade pela facilidade do compartilhamento de dados. Esta nova modalidade é
caracterizada pelo distanciamento físico entre aluno e professor com algumas flexibilidades,
visto que a interação entre discentes e docentes pode ocorrer em qualquer lugar que tenha acesso
à internet.
A disponibilização de plataformas digitais com conteúdo educacionais, cada vez mais
se alargam na Educação em modo geral. Diante das informações do avanço tecnológico e a
vinda de um modelo de Ensino Remoto proposto pelo governo, as TICs, sem dúvida, tornaram-
se ferramentas essenciais e necessárias para comunicação à distância. Dessa forma, equipes
gestora e pedagógica reuniram-se para elaborar um plano de ação cuja finalidade foi identificar
quais aplicativos seriam utilizados para o acompanhamento das aulas remotas.
Com base nisso as autoras deste capítulo planejaram a aplicação de uma pesquisa
utilizando a plataforma do Google forms para a elaboração de um formulário com perguntas
fechadas com o objetivo de identificar quais ferramentas tecnológicas foram utilizadas pelos
docentes da escola com os discentes para realização do acompanhamento das aulas remotas.
Neste mesmo contexto, refletiremos também, sobre as possibilidades de adaptar a
didática pedagógica de forma abrangente com a utilização das redes sociais como parte
colaborativa para fins educacionais. Com o objetivo de integrar, compartilhar informações,
entreter e aproximar pessoas, sua utilização está sendo de suma importância para a Educação.
A criatividade faz parte desta reflexão, uma vez que o professor busca outras formas de interagir
com os seus alunos e público em geral, dando continuidade ao trabalho sob outras perspectivas,
dentre elas, o uso das redes sociais.

2 METODOLOGIA

Os procedimentos metodológicos deste relato de experiência apresentam-se com uma


tipologia descritiva, que busca observar, analisar e compreender melhor a realidade do contexto
educacional contribuindo positivamente para solução de problemas inerentes ao referido tema.
Segundo FACHIN (2003), o pesquisador, ao observar os fenômenos reais, busca encontrar
resultados ao término da pesquisa e, ao analisá-lo, permite a compreensão destes fenômenos.
Na pesquisa descritiva não há interferência do pesquisador, ele apenas descreve o objeto da
pesquisa e procura descobrir com que frequência tais fenômenos ocorrem.
Na investigação, utilizou-se métodos quali-quantitativos. A estratégia mista permite
aplicação simultânea dos métodos proporcionando um efeito transformador ao objeto
(CRESWELL, 2007).
A coleta de dados em campo se deu através da aplicação de um formulário do Google
forms com perguntas fechadas, com a finalidade de analisar a prática pedagógica docente
através da utilização das ferramentas tecnológicas que contribuíram para o processo de ensino
e aprendizagem dos discentes durante o ensino remoto, conforme mostra na Imagem 1.

Imagem 131Amostra do formulário aplicado com os Docentes da escola.

Fonte: Acervo escolar, 2021.

3 RELATO DE EXPERIÊNCIA

A aula ministrada com apoio de tecnologia digital foi a principal estratégia utilizada pelas
escolas durante o ensino remoto para que a educação não ficasse estagnada. Uma nova

31
As imagens foram manipuladas através do programa Word com a intenção de apresentar uma mostra das
evidências do formulário aplicado com os professores.
metodologia de ensino tornou-se necessária e cada vez mais evidenciada na tentativa de
amenizar impactos negativos no ensino durante a pandemia. Segundo Novo (2020), aula remota
e educação à distância são a tendência do momento para dar continuidade ao ano letivo em
meio às restrições impostas pela pandemia do novo Coronavírus. Na prática, o ensino remoto é
feito pelo professor que ministra aulas, sejam elas ao vivo ou gravadas, por meio de
videoconferências.
Por sua vez, a Secretaria de Estado de Educação e Desporto - SEDUC ofereceu diversos
cursos na modalidade online, voltados para a formação e capacitação de professores e
pedagogos visando à reorganização de tempos e espaços da sala de aula no ensino remoto.
Contribuição de grande importância para a elaboração de metodologias diferenciadas e
utilização das tecnologias digitais. Conforme respostas do formulário, a escola também
disponibilizou em sua plataforma digital Google Classroom vídeos e links de cursos gratuitos
voltados para a utilização das ferramentas tecnológicas.
No cenário das aulas no formato do ensino remoto, foi possível observar o importante
papel das tecnologias no fazer pedagógico e para constatar e dar visibilidade às ações
desenvolvidas pela escola, as autoras deste relato de experiência planejaram uma pesquisa com
o objetivo de identificar quais ferramentas e recursos tecnológicos foram utilizados pelos
docentes para manter a comunicação à distância com os discentes, a fim de orientá-los e
acompanhá-los durante esse período.
O formulário foi elaborado na plataforma google forms, posteriormente tendo seu link
compartilhado no grupo de Institucional da escola. O público-alvo era composto por docentes
e pedagogas da escola. O link ficou aberto durante três dias e, após esse período, já de posse
dos resultados, as autoras puderam analisar, observar e registrar a prática da escola para esse
novo desafio e dar continuidade ao processo de ensino e aprendizagem através da utilização
dos recursos tecnológicos durante as aulas no ensino remoto.
Conforme a devolutiva do formulário, foi possível observar que as reuniões e os
encontros pedagógicos foram realizados por meio do Google Meet32: a ferramenta que reúne
colaboradores de forma virtual e online, este aplicativo foi um dos primeiros auxílios das TICs
utilizado pela escola. Observou-se ainda que alguns professores também utilizaram essa
ferramenta como meio de comunicação, realização de encontros e até mesmo para correção de
atividades.

32
O Google Meet é uma solução para fazer chamadas de videoconferência corporativas. Foi desenvolvida
principalmente para atender as necessidades das empresas, permitindo que os colaboradores remotos possam
interagir com a equipe presencial em tempo real. QiNetwork, 2020.
Outro ponto de destaque entre as respostas foi a ferramenta utilizada por todos os
docentes para manter o contato diário com os discentes e responsáveis, o WhatsApp 33. Segundo
Nuvens (2021), este aplicativo é um dos mais usado no mundo, especialmente fora do seu país
de origem, os Estados Unidos. É um aplicativo gratuito que com o auxílio da internet é possível
fazer a comunicação através de áudios e videochamadas, criação de grupos específicos,
compartilhamento de imagens, vídeos e documentos.
Algumas respostas apontaram a utilização das salas de aulas digitais, criadas através do
Google Classroom34 que também pode ser chamado de Google Sala de aula. O Google
Classroom é um software online e gratuito. Durante a pandemia, este instrumento tem sido
muito eficaz para o auxílio das aulas remotas e alternadas, por meio deste sistema os professores
podem enviar videoaulas, listas de exercícios, organizar as disciplinas em tópicos, corrigir e
pontuar as tarefas respondidas pelos alunos. Além de oferecer uma comunicação online mais
completa entre professores e alunos. Também permite que os discentes possam interagir entre
si com mensagens que serão avisadas através das notificações.

Ensinar com as novas mídias será uma revolução se mudarmos simultaneamente os


paradigmas convencionais do ensino, que mantêm distantes professores e alunos.
Caso contrário, conseguiremos dar um verniz de modernidade, sem mexer no
essencial. (MORAN, 2000, p. 63)

Conforme dados da pesquisa, as devolutivas das atividades dos alunos aconteceram por
meio da utilização de aplicativos, e-mails, plataformas, fotos, vídeos e emissão de documentos
no formato em PDF e Word. Assim como outros aplicativos que auxiliaram os professores nas
edições de vídeos gravados pelo celular e para montagens de fotos, além das devolutivas das
atividades realizadas pelos alunos que se deram através de Gifs35, fotos, PDF, vídeos entre
outros. O InShot36, editor de vídeos, foi fundamental para a montagem de vários trabalhos
escolares realizados na forma concreta. Com esta ferramenta, professores transformavam em
vídeos interativos as atividades feitas pelos alunos e publicavam nas redes sociais na página do

33
WhatsApp é um aplicativo de troca de mensagens e comunicação em áudio e vídeo pela internet, disponível
para smartphones Android, iOS, Windows Phone, Nokia e computadores Mac e Windows. O programa tem mais
de 1,5 bilhão de usuários ativos mensais espalhados por mais de 180 países. (Nuvens, 2021).
34
A ferramenta foi lançada pelo Google em 2014, mas ganhou muito destaque em 2020 em consequência da
paralisação das atividades escolares presenciais como medida de prevenção ao novo coronavírus, responsável pela
pandemia recente de covid-19. (FRANCO, 2021).
35
O GIF é um formato de imagem que pode compactar várias cenas e com isso exibir movimentos.
36
O InShot é um editor de foto e vídeo disponível para iOS ou Android. Apesar de oferecer uma versão paga, com
acesso a todos os recursos do aplicativo, a versão gratuita ainda traz funcionalidades bastante úteis. (LIMA, Lucas
2021)
Facebook37 da escola. As redes sociais tais como o Facebook, o Instagram38, o Youtube, entre
outras, se tornou grande parceiro da Educação neste período de pandemia. Além do
oferecimento de entretenimento, também podem ser utilizados como meios de informações para
aqueles que se relacionam com essas páginas.

Entende-se que o uso das redes sociais tem sido de grande importância na atual
sociedade. As informações em tempo real, proporcionam aos usuários uma interação
virtual e, com ela, a necessidade de mais informações difundidas ao mesmo tempo.
Com todas essas disponibilidades tecnológicas, muitas pessoas, instituições
educacionais, empresas têm aderido às redes sociais para uma nova relação digital.
(OLIVEIRA, 2021).

Para fins educacionais, como uma das alternativas, as redes sociais têm sua parcela de
contribuição, pois apesar de seus espaços serem mais utilizados para relacionamentos entre
pessoas com interesses comuns, para divulgação de assuntos atuais e fatos curiosos, estas
também podem contribuir para o meio educacional com o compartilhamento de ideias
pedagógicas, assuntos em destaques e situações-problemas vividos entre os professores. A
criação de comunidades ou grupos específicos nas redes sociais permite a inclusão de vídeos,
documentos, mensagens de textos ou de voz e links, facilitando a comunicação entre docentes
e discentes. Segundo Lorenzo, (2013, p. 30) por meio da utilização de um espaço de
colaboração, como redes sociais, o professor terá a oportunidade de verificar aspectos muitas
vezes difíceis de serem identificados em uma sala de aula.
A Secretaria de Estado de Educação e Desporto contribuiu de forma significativa com
o projeto Aula em Casa que oferecia por meio do Centro de Mídias, aulas através de
programação televisiva, Youtube e aplicativo do Aula em Casa39, além das plataformas digitais
com a finalidade de apoiar as práticas pedagógicas e facilitar o uso das tecnologias como: Saber
Mais - Plataforma de Conteúdos Digitais; Ambiente virtual de aprendizagem - AVA40 e Aula
em casa. Durante este período de aulas remotas, as oportunidades tecnológicas conhecidas,
foram colocadas em práticas na escola e vários objetivos foram alcançados.

37
O Facebook é um aplicativo ou "serviço" da Internet de grande poder. (Zuckerberg,Apud Kirkpatrick,2011)
38
Instagram é um tipo de software concebido para desempenhar tarefas práticas ao usuário para que este possa
concretizar determinados trabalhos. (PIZA,2012).

39
O aplicativo Aula em Casa é uma das ferramentas utilizadas por professores e alunos da rede estadual durante
as transmissões do projeto da Secretaria de Estado de Educação e Desporto.
40
Ambientes virtuais de aprendizagem são ambientes que auxiliam na montagem de cursos acessíveis, livres ou
acadêmicos, pela Internet. Elaborado para ajudar os professores e tutores no gerenciamento de conteúdos para seus
alunos e na administração do curso, permite acompanhar constantemente o progresso dos estudantes.
4 RESULTADOS

Os resultados mostram que a utilização das tecnologias contribuiu de forma significativa


para o desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem durante o ensino remoto, pois,
a era digital e consequentemente o uso das tecnologias já se faz presente no cotidiano tanto dos
docentes quanto dos discentes.

Através dos resultados do formulário foi possível perceber a importância da tecnologia


como contribuição para o planejamento dos professores, principalmente no que se refere à
comunicação com os alunos, dando continuidade à educação durante o ensino remoto por meio
de aplicativos e plataformas digitais. Com isso, através da aplicação do formulário Google
Forms aplicado com 18 professores, obtivemos as seguintes respostas, conforme as imagens
abaixo, manipuladas através de prints feitos pelo celular e transformadas em arquivos JPEG
com a intensão de apresentar um quantitativo maior de evidências das respostas do formulário.

Questão 01

Fonte: Acervo escolar, 2021.

100% dos professores entrevistados responderam que sim


Questão 02

Fonte: Acervo escolar, 2021.


100% dos professores responderam que sim.
Questão 03

Fonte: Acervo escolar, 2021.

88,9% responderam que sim e 11,1% que não.


Questão 04

Fonte: Acervo escolar, 2021.


83,3% responderam que participaram de formações oferecidas pela Secretaria de Educação e
16,7% disseram que não participaram de nenhuma formação.

Questão 05

Fonte: Acervo escolar, 2021.


94,4% responderam ,100% responderam Google Classroom,83,3% responderam, Facebook,
44,4% responderam E-mails,83,3% Google Meet e 33,3% Outros.
Questão 06

Fonte: Acervo escolar, 2021.


16,7% responderam que as devolutivas se deram por Gifs,50% PDF,100% Vídeos,100%
Fotos,83,3% Áudios e 44,4% Outros.

Questão 07

Fonte: Acervo escolar, 2021.


100% dos professores responderam que sim.
Questão 08

Fonte: Acervo escolar, 2021.


100% dos professores responderam que sim

Questão 9

Fonte: Acervo escolar, 2021.


94,4% responderam que sim, 5,6% responderam que não.
Questão 10

Fonte: Acervo escolar, 2021.

100% dos professores responderam que sim, dessa forma podemos observar que a cultura
digital já se faz presente de forma latente dentro das escolas, auxiliando a prática pedagógica
dos professores.

Fonte: Acervo escolar, 2021


100% dos professores utilizam essa ferramenta, Google Forms -61,1% responderam que
também fazem uso do Google forms, Google Classroom-88,9% disseram que utilizam as salas
de aulas virtuais, Youtube-100% dos professores utilizam essa ferramenta em sua prática
pedagógica e 38,9% dos professores responderam que além dessas fazem uso de outras
ferramentas tecnológicas.

Neste contexto foi fundamental a capacitação dos professores quanto ao uso das
tecnologias em sala de aula, levando-os a adotar importante ação que a escola agenciou em
disponibilizar em sua plataforma digital recursos tecnológicos de fácil acesso e entendimento.
De maneira significativa, tudo colaborou para o trabalho do professor durante as aulas remotas
como pode ser visualizado pelas evidências abaixo:

Tabela 1. Evidência

Evidência 01
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=1882407235250449&id=100004435720998
Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
No mês de maio a Escola Benício Leão desenvolveu diversas atividades de alfabetização
para abordar o tema. Além das atividades desenvolvidas pelos alunos, a escola ainda realizou
um Workshop através do aplicativo MEET, utilizou-se das redes sociais como Instagram e
Facebook para convidar toda a comunidade a participar.

Evidência 02
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=1872269149597591&id=100004435720998
A alfabetização da Matemática sendo trabalhada de forma lúdica, na qual os alunos
foram desafiados a construir o seu conhecimento. Desenvolvendo desta forma um tipo
especial de pensamento matemático, além de aprender a gostar da disciplina por compreender
e conseguir enxergar que ela faz parte de tudo em sua volta. As ferramentas utilizadas foram:
vídeos, fotos, aplicativo para montagem e apresentação da atividade.

Evidência 03
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=1860929404064899&id=100004435720998
A importância do reconhecimento e respeito à cultura dos Povos Indígenas. O mês de
abril é um perfeito cenário para reforçar a história e resistência dos povos indígenas, cenário
muito especial e sua importância deve ser lembrada diariamente. Com o foco na leitura escrita
e oralidade foi realizada uma atividade interdisciplinar desenvolvida no formato de sequência
didática com alunos do 1º ano do ensino fundamental 1. Utilizando como ferramenta
tecnológica: aparelhos de celulares e aplicativos como InShot para a montagem dos vídeos.

Evidência 04
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=1846516208839552&id=100004435720998
A Matemática e a riqueza dos números. Com o objetivo de proporcionar e reforçar o
conhecimento dos números, quantidades e seu uso. A professora realizou atividades para
alfabetização da Matemática, resgatando e revisando as habilidades desenvolvidas na
Educação Infantil. Além das atividades escritas, os alunos também realizaram atividades
práticas utilizando os mais diversos recursos como: seus brinquedos e objetos da casa para
contar quantidades e exercitar a escrita dos numerais. A ferramentas utilizadas nessa
atividade foram aulas no aplicativo MEET.

Evidencia 05
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=1881046715386501&id=100004435720998
Alunos do 4º e 5º ano puderam vivenciar a aprendizagem da Adição através de uma
sequência didática com diferentes atividades. Além das atividades escritas e de material de
apoio, os alunos puderam assistir vídeos no YouTube produzidos pela própria professora e
depois com a ajuda da família produzir o seu próprio vídeo e experimentar a sensação de
ensinar através de vídeo-aula. As famílias tiveram papel fundamental na participação e
construção desse momento de aprendizagem. Os resultados têm sido excelentes, pois fica
claro pelo sucesso da aprendizagem e interesse dos alunos que a ferramenta pedagógica
YouTube escolhida pela professora traz um significado diferente para a aprendizagem dos
alunos.

Evidência 06
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=1859037540920752&id=100004435720998
Atividade para comemorar o dia do livro infantil que é celebrado nessa data porque
é o dia do nascimento do famoso escritor Monteiro Lobato, considerado o grande
representante nacional da literatura infantil. Sob a coordenação da professora os alunos do 1°
ano realizaram a leitura de várias histórias infantis disponibilizadas em um novo recurso
tecnológico muito apreciado pelas crianças, a Biblioteca Virtual e representaram através de
desenhos os personagens que mais gostaram de conhecer nas histórias lidas. A atividade
além de promover o hábito e gosto à leitura, desperta a curiosidade, estimulando a
imaginação, desenvolvendo a autonomia e o pensamento.

Evidência 07
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=1852703764887463&id=100004435720998
Podemos usar diferentes recursos para trabalhar com as sílabas em sala de aula e fazer
uma apresentação de maneira mais prazerosa e que desperte a curiosidade dos pequenos. O
objetivo da atividade é desenvolver o nível silábico-alfabético, onde a criança precisa
entender que as sílabas possuem mais de uma letra. Atividade é uma atividade interativa de
recorte, colagem e pintura que, onde os alunos foram orientados por meio de um vídeo feito
pela professora ensinando como montar a atividade e apresentar em forma de fotos, vídeos
ou gifs.

Evidência 08
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=1860315180792988&id=100004435720998
Combate e prevenção à tuberculose estão previstos no calendário letivo da Secretaria
de Estado de Educação e Desporto/SEDUC. Com o aumento dos casos em volta da escola, a
equipe pedagógica planejou juntamente com os docentes uma atividade que envolveram os
alunos em realizar pesquisas em SITES, montar cartazes, leituras e produções de texto. As
apresentações foram feitas por meio de vídeos, fotos e publicações nas redes sociais como
Facebook.

Evidência 09
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=1868646516626521&id=100004435720998
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=1889343481223491&id=100004435720998
O projeto de Combate e Prevenção ao Covid-19, trabalhado de maneira lúdica no
formato de telejornal apresentado de forma brilhantes pelos alunos um projeto que envolveu
atividades de pesquisas, produção de cartazes, produção de textos, recorte, colagem e pintura,
oralidade, leitura e escrita, pois o objetivo foi informar e alertar toda comunidade escolar dos
riscos e danos que o (SARS-CoV-2)provoca à saúde e principalmente conscientizar sobre a
importância de seguir e respeitar os protocolos de segurança e saúde contra o Covid-19.
A 2ª edição do telejornal foi apresentada na Feira das Profissões: Destaques e
impactos em meio à pandemia. Que teve como principal objetivo incentivar o
desenvolvimento da leitura, escrita e produção do aluno, assim como conhecer a trajetória de
algumas profissões e reconhecer a sua importância para a sociedade. As ferramentas
tecnológicas utilizadas foram os aplicativos InShot, Power Director para a montagem do
telejornal.

Evidência 10
ttps://m.facebook.com/story.php?story_fbid=1894450454046127&id=100004435720998
Com a finalidade de trabalhar e reforçar os conteúdos, os alunos realizaram atividades
com Jogos Pedagógicos tendo como objetivo principal promover o desenvolvimento da
competência leitora dos alunos que estão na fase da alfabetização. Os jogos, são importantes
porque servem como instrumentos mediadores no processo de apropriação do sistema de
escrita alfabético, na formação da consciência fonológica e no desenvolvimento da
competência leitora dos alunos. As ferramentas utilizadas foram, vídeos, aplicativos e as
redes sociais para publicação das atividades.
Fonte: Acervo escolar, 2021.

5 CONCLUSÃO

Os educadores e educandos enfrentaram grandes desafios com as aulas remotas, porque,


em meio ao contexto pandêmico, tiveram que adaptar toda a dinâmica da sala de aula presencial
para os ambientes virtuais e isso demanda tempo, planejamento e investimentos tecnológicos,
mas tudo isso teve que ser pensado e analisado para garantir aos estudantes o direito à educação.
Novos padrões de ensino foram emergencialmente necessários para que os alunos não
perdessem o ano escolar. As TICs foram e ainda estão sendo uma excelente ferramenta para
que esse processo seja realizado com muito sucesso.
Dando início a um novo tempo, muitos paradigmas foram rompidos para que a
tecnologia ganhasse espaço na educação escolar. As parcerias cultivadas entre a gestão da
escola, professores, responsáveis e alunos facilitaram e fortaleceram em larga escala a
introdução das TICs neste novo âmbito de ensino remoto, tanto no currículo escolar quanto no
manuseio da tecnologia para ambos. Quando se falava em informática, para alguns, mesmo
vivendo em um século com muitas tecnologias, a sua eficácia ainda era vista como um tabu,
porém, para um bem maior, todos adotaram a causa gerando excelentes resultados.
A escola obteve um grande avanço no conhecimento tecnológico, as evidências ficam
claras e comprovam o sucesso dos trabalhos realizados com as turmas do Ensino Fundamental.
A participação dos responsáveis ao ajudar seus filhos colaborou significativamente para este
crescimento. As adversidades na área da informática foram muitas, porém os professores
estavam unidos com uma mesma linguagem para ajudar a resolver o que estivesse ao seu
alcance. Além disso, a gestora da escola era acionada para que situações adversas com níveis
elevados fossem sanadas. Os docentes com suas particularidades, obtiveram novas experiências
tanto de maneira individuais como no coletivo, a exemplo disso, temos os aplicativos que, por
sua vez, foram compartilhados entre eles. Quando um docente tinha acesso a novos recursos
tecnológicos com potencial para melhorar a qualidade das aulas remotas, logo este partilhava
as novas informações com o corpo docente que as recebiam e utilizavam-nas de acordo com as
necessidades demandadas pelos conteúdos a serem ministrados.
Dessa forma, verificou-se que todas as sugestões tecnológicas registradas no Plano de
Ação foram aceitas e frequentemente usadas pelos professores possibilitando o alcance de
resultados exitosos. Os elogios e reconhecimentos que a escola recebeu por desenvolver estas
atividades apoiadas com recursos tecnológicos serviram como fonte de motivação que também
pode ser somada à esperança de alcançar e garantir um ensino de qualidade no qual a
aprendizagem seja o foco. Sendo assim, para que a Educação não fosse rompida em tempos de
pandemia, foi percebido que além da parceria entre a gestora, docentes e responsáveis
envolvidos neste novo formato de ensino, a utilização de recursos tecnológicos ferramentas de
apoio à educação na escola durante o ensino remoto alcançou resultados surpreendentes, e
potencializou o uso das TICs no âmbito escolar.

REFERÊNCIAS

AMAZONAS. Portal oficial da Secretaria de Educação e Desporto. Aplicativo Aula em Casa


ganha funções que aumentam interação entre aluno e professor, durante ensino remoto.
Disponível em: http://www.amazonas.am.gov.br/2021/03/aplicativo-aula-em-casa-ganha-
funcoes-que-aumentam-interacao-entre-aluno-e-professor-durante-ensino-remoto/. Acesso em
30 jun. 2021.

___________. Aulas remotas do Governo do Amazonas durante a pandemia tiveram 89% de


aprovação dos pais.Amazonas.am.gov.b,2020.Disponívelem:http://www.amazonas.am.gov.
r/2020/07/aulas-remotas-do-governo-do-amazonas-durante-a-pandemia-tiveram-89-de-
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______. Educação e tecnologia. Portal Saber mais. Disponível em:


https://www.sabermais.am.gov.br/. Acesso em: 28 junho 2021.

AMBIENTE VIRTUAL DA APRENDIZAGEM. Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em:


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BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.

_______. Constituição Federal, art. nº 205. Senado Federal,2020. Disponível em:


<https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/CON1988_05.10.1988/art205.asp>.
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_______. Parecer do Conselho Nacional de Educação - CNE/CP nº 19/2020. Disponível em:
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AS CONTRIBUIÇÕES DAS TICs PARA A EDUCAÇÃO EM TEMPOS DE
PANDEMIA

Autoras

Angela Paula da Silva Pessoa

Daniele Lemos Carvalho


A EDUCAÇÃO FÍSICA EM TEMPOS DE PANDEMIA: O ENSINO REMOTO E A
NOVA REALIDADE
Erika Franco de Lima Costa41
DOI: https://doi.org/10.29327/537494.1-4
RESUMO

O isolamento social devido à pandemia do SARS-CoV-2 trouxe uma nova realidade para a
comunidade escolar que precisou adaptar-se a uma nova dinâmica para dar continuidade ao
processo de ensino e aprendizagem. Essa nova realidade trouxe um desafio a mais para os
professores de Educação Física, uma vez que as atividades passaram a ser transmitidas por
plataformas digitais e aplicativos e realizadas no espaço reduzido da casa dos estudantes, sem
o acompanhamento presencial do professor. Este capítulo tem como objetivo apresentar as
atividades e metodologias utilizadas pela professora de Educação Física durante o ensino
remoto com alunos do Ensino Fundamental I da escola, respeitando as diferenças e necessidades
de cada indivíduo, ofertando assim o ensino de forma equitativa. Concluiu-se que a atual
realidade abriu precedentes para uma nova forma de ensinar e aprender, levando-nos a descobrir
um novo mundo de oportunidades além das paredes da sala de aula, tornando o processo de
ensino mais dinâmico, divertido, eficiente e inovador.
Palavras chaves: Ensino. Educação Física. Aprendizagem. Pandemia.

INTRODUÇÃO

O momento pandêmico vivido na cidade de Manaus obrigou as escolas a pararem as


aulas presenciais para cumprir o isolamento social determinado pelo governo estadual.
Subitamente, os professores tiveram que refazer todo o seu planejamento para adequar-se ao
formato de ensino remoto, o qual utilizou-se basicamente da tecnologia digital. As famílias
também tiveram que se adaptar à nova realidade, conciliando o trabalho com o tempo dedicado
ao acompanhamento dos filhos durante o ensino remoto e o cumprimento de prazo das
devolutivas das atividades enviadas pelos professores. Essa nova realidade trouxe um desafio a
mais para os professores de Educação Física, uma vez que as aulas no Ensino Fundamental I
são essencialmente práticas e recreativas e muitas vezes necessitam de contato físico.
O ambiente escolar é de grande importância para o desenvolvimento integral do
indivíduo e para a construção do conhecimento através dos componentes curriculares, entre os
quais se insere a Educação Física.
De acordo com a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, a educação é
um direito de todos e dever do estado e da família, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa.

41
COSTA, E, F de L. Professora na Escola Estadual Professor Benício Leão – SEDUC/AM. Graduada em
Licenciatura em Educação Física, graduanda em Pedagogia, pós-graduanda em Educação Física Escolar. E-mail:
erika.costa@seducam.pro.br.
Rodrigues (2014) considera que todos os indivíduos são diferentes nos aspectos biológico,
psicológico, social e afetivo, e que a diferença é algo que deve ser vista como natural. A
Educação Física, apoiada na cultura corporal de movimento, deve considerar as necessidades e
características de cada um dos alunos para que a equidade se estabeleça no processo de ensino.
Segundo a Base Nacional Curricular Comum (BNCC), a Educação Física aborda a
expressão dos alunos através das práticas corporais, que possibilitam experiências sociais,
estéticas, afetivas e lúdicas, essenciais para a Educação Básica.
No cenário atual, a disciplina Educação Física tornou-se ainda mais importante, pois os
exercícios físicos são grandes aliados para a saúde física e mental. Sem aulas presenciais e
trancadas em suas casas, as crianças acumulam energia e a Educação Física tem o papel de
ajudar a gastar essa energia de maneira saudável e educativa.
Nesse contexto, este capítulo tem como objetivo apresentar as atividades e metodologias
utilizadas pela professora de Educação Física durante o ensino remoto com alunos do Ensino
Fundamental I na Escola Estadual Professor Benício Leão, respeitando as diferenças e
necessidades de cada indivíduo, ofertando assim o ensino de forma equitativa.

METODOLOGIA

Durante as aulas remotas, percebeu-se que para dar continuidade ao ensino da disciplina
de Educação Física alguns desafios seriam enfrentados: afinal, qual metodologia poderia ser
utilizada para trabalhar uma disciplina essencialmente prática de forma estimulante e
satisfatória durante a pandemia?
Pensando na importância da atividade física para o desenvolvimento integral da criança
e em como promovê-la de forma divertida e educativa, a professora inseriu em seu
planejamento o envio semanal de atividades como jogos e brincadeiras tradicionais, confecção
de brinquedos com materiais disponíveis em casa e pequenos circuitos motores. O caráter lúdico
das atividades foi intencionalmente escolhido, pois, segundo Maluf (2003, p. 21)

Toda criança que brinca tem uma infância feliz, além de tornar-se um adulto muito
mais equilibrado física e emocionalmente, conseguirá superar com mais facilidade os
problemas que possam surgir no seu dia a dia. (MALUF, 2003, p. 21)

Segundo Fortuna (2003) o professor precisa inserir o brincar no seu processo


pedagógico com metodologia e objetivo definidos, tendo consciência da sua importância em
relação ao desenvolvimento e à aprendizagem da criança.
Portanto, após o planejamento, selecionou-se oito atividades para serem enviadas aos
estudantes: circuito “vamos brincar”, jogo dos sete erros, ginástica natural, boliche adaptado,
construção do brinquedo “peteca”, amarelinha, esquema corporal e esportes de invasão:
handebol e basquetebol.

Imagem 142: Amostra das atividades realizadas durante o período de aulas remotas.

Fonte: Acervo escolar, 2021.


Os conteúdos foram escolhidos de acordo com as unidades temáticas e objetos de
conhecimento da Base Nacional Curricular Comum e as atividades têm como objetivo o
desenvolvimento de habilidades como lateralidade, equilíbrio, coordenação motora fina e
global, raciocínio lógico, concentração, força, agilidade, orientação espacial, coordenação
óculo-manual, esquema corporal, entre outros conhecimentos.
O envio das atividades foi realizado por meio dos grupos de WhatsApp, Google
Classroom, além de materiais de apoio impressos que ficavam disponíveis na secretaria da
escola para os estudantes que não tinham acesso à internet. Sempre que necessário, era enviado
também um vídeo explicativo sobre as atividades.
As atividades eram elaboradas conforme a faixa etária de cada ano escolar e se
utilizavam de uma linguagem de fácil entendimento para facilitar a compreensão e a execução.

42
A imagem foi manipulada através do aplicativo Pic – collage e programa Word com o intuito de apresentar um
maior número de evidências das atividades propostas pela professora.
A frequência dos alunos era computada através da devolutiva das atividades semanais que se
dava via fotos, GIFS e vídeos dos alunos realizando-as.

RELATO DE EXPERIÊNCIA

O ano de 2020 foi um ano cheio de desafios e descobertas. A pandemia por SARS-CoV-
2 nos trouxe uma nova realidade. As medidas de restrição impostas pelos órgãos de saúde
impactaram a nossa vida em diversos setores, inclusive na educação. Inicialmente realizar as
atividades de forma virtual foi um choque tanto para as professoras como para os alunos, pois
ninguém estava preparado. As professoras que tinham pouca ou nenhuma experiência com
ferramentas tecnológicas precisaram fazer mudanças em sua rotina e adaptar totalmente suas
práticas pedagógicas. As famílias também tiveram que se adaptar à nova realidade, pois muitos
pais continuaram trabalhando ao mesmo tempo em que cuidavam da casa e auxiliavam os filhos
com as atividades prescritas pelos professores.
No cenário atual, a disciplina Educação Física tornou-se ainda mais importante, pois os
exercícios físicos são grandes aliados para a saúde física e mental, pois, além de proporcionar
a produção de hormônios como a endorfina, dopamina e serotonina, conhecidos como
hormônios da felicidade, a atividade física também é responsável pela liberação da irisina,
hormônio liberado pelos músculos durante o exercício. Segundo Lourenço et al (2019), o
hormônio irisina está ligado à aprendizagem e à memória, sendo também um hormônio
neuroprotetor que evita doenças neurodegenerativas como o Alzheimer.
Sem aulas presenciais e trancadas em suas casas, as crianças acumulam energia. Para
ajudá-las a gastar de maneira saudável e educativa, a professora passou a enviar semanalmente
pelos grupos de WhatsApp das turmas atividades lúdicas com um grande repertório de
movimentos, resgatando jogos e brincadeiras tradicionais, confecção de brinquedos com
materiais disponíveis em casa e pequenos circuitos motores, que além de ser algo divertido,
desenvolve habilidades físicas como coordenação, agilidade, equilíbrio, força muscular, entre
outros, promovendo também a interação familiar e o desenvolvimento da identidade,
imaginação e autonomia da criança. Os conteúdos foram escolhidos de acordo com as unidades
temáticas e objetos de conhecimento da Base Nacional Comum Curricular. Esta metodologia
foi escolhida porque, segundo Yogman et al (2018), o comportamento lúdico é uma das
melhores formas de adaptar uma criança a situações de estresse, além de promover bem-estar e
qualidade de vida.
O professor que usa a ludicidade em sua sala de aula tende a ser mais bem aceito pelos
alunos que passam a vê-lo como dinâmico e agradável [...]. Quando se admira um
mestre, o coração dá ordens à inteligência para aprender as coisas que o mestre sabe.
(ALVES, 2005, p. 70)

Por entender que as famílias poderiam ter dificuldade com as atividades que as crianças
teriam que fazer em casa, a professora disponibilizou seu número pessoal para oferecer o apoio
necessário à realização das atividades propostas e dirimir as dúvidas que surgissem, sempre que
necessário, esclarecimentos eram enviados por meio de vídeos curtos.
Após alguns pais e responsáveis relatarem dificuldade de acesso à internet, pensou-se
em disponibilizar materiais de apoio impressos que ficavam disponíveis na secretaria da escola.
A frequência dos alunos era computada através da devolutiva das atividades semanais que se
dava via fotos, GIFS e vídeos dos alunos realizando-as.
A primeira atividade intitulada “Circuito Vamos Brincar”, conforme Imagem 2, enviada
aos alunos do 1° ao 5° ano do ensino fundamental I, abrangeu a unidade didática Jogos e
Brincadeiras, tendo como objeto de conhecimento a psicomotricidade que, segundo o Instituto
NEUROSABER:
[...] é a ciência cujo objetivo de estudo é o indivíduo através de seu corpo,
relacionando-o ao seu ambiente externo e interno. Entretanto, tudo isso considerando
o movimento como aspecto fundamental. (INSTITUTO NEUROSABER, 2018).

A atividade proposta desenvolveu habilidades como a lateralidade que, segundo Rosa


Neto (2002), é a dominância lateral direita ou esquerda, dos níveis: mão, pé olho e do hemisfério
cerebral; o equilíbrio, que é a qualidade física conseguida por uma combinação de ações
musculares com o intuito de sustentar o corpo sobre uma base, contra a lei da gravidade,
podendo ser estático, dinâmico e recuperado; a coordenação motora global, que é a capacidade
de usar de forma mais eficiente os músculos resultando em uma ação global mais eficiente e
prática; e o raciocínio, que é um processo de estruturação do pensamento com o intuito de
chegar a uma determinada conclusão ou resolução de problema e requer consciência e
organização do pensamento.
A atividade também promoveu uma grande interação familiar, pois foram relatados
muitos casos em que toda a família envolveu-se na atividade junto à criança. Esse
comportamento traz muitos benefícios, pois, segundo Yogman et al (2018), os pais que brincam
junto com a criança interagem mais, compartilham individualidades e comunicam-se de
maneira mais eficaz, melhorando o desenvolvimento geral da criança.
A devolutiva ocorreu de forma muito satisfatória, sendo poucos os alunos que não
concluíram a atividade no prazo estipulado.
Imagem 243: Amostra das devolutivas da atividade intitulada “Circuito Vamos Brincar”.

Fonte: Acervo escolar, 2021.

A segunda atividade intitulada “Jogo dos sete erros", conforme imagem 3, enviada para
os alunos de 1°, 2° e 3° ano do ensino fundamental I, também abrangeu a unidade didática
Jogos e Brincadeiras, a qual tinha como objeto de conhecimento psicomotricidade. A atividade
tinha a proposta de desenvolver o raciocínio lógico e a concentração. Assim como a atividade
anterior, a atividade dois também teve devolutiva satisfatória.

Imagem 344: Amostra das devolutivas da atividade intitulada “Jogo dos sete erros”.

Fonte: Acervo escolar, 2021.

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A imagem foi manipulada através do aplicativo Pic – collage e programa Word com o intuito de apresentar um
maior número de evidências da devolutiva das atividades.
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A imagem foi manipulada através do aplicativo Pic – collage e programa Word com o intuito de apresentar um
maior número de evidências da devolutiva das atividades.
A terceira atividade enviada aos alunos do 4° e 5° ano do ensino fundamental I,
conforme imagem 4, abrangeu a unidade didática Ginásticas, com o objeto de conhecimento
Brincadeiras de imitação de animais e elementos da natureza, explorando e recriando diferentes
espaços para realização das atividades.
Com o título de “Ginástica natural”, a atividade propunha-se a desenvolver habilidades
relativas aos aspectos motor e cognitivo, beneficiando coordenação, força, agilidade, entre
outros, além de servir como base para outros esportes e atividades. A devolutiva da atividade
foi extremamente satisfatória e dentro do prazo pré-estipulado pela professora.
A quarta atividade intitulada “boliche adaptado”, conforme imagem 5, foi enviada aos
alunos do 1° ao 5° ano do ensino fundamental I, abrangendo a unidade didática jogos e
brincadeiras, com o objeto de conhecimento construção de habilidades durante jogos, lutas,
brincadeiras e danças. Além de ser uma atividade divertida, o jogo estimula a orientação
espacial que segundo Rosa Neto (2002) é a percepção que temos do espaço que nos rodeia e
das relações entre os elementos que o compõem.
A atividade também estimula coordenação motora, raciocínio, concentração, percepção
visual, atenção, criatividade, bem como desperta valores éticos, entre outros conhecimentos.

Imagem 445: Amostra das devolutivas da atividade intitulada “ginástica natural”.

Fonte: Acervo escolar, 2021.

A devolutiva da atividade foi muito satisfatória e os relatos dos alunos apontam que os
mesmos acharam a atividade muito divertida.

45
A imagem foi manipulada através do aplicativo Pic – collage e programa Word com o intuito de apresentar um
maior número de evidências da devolutiva das atividades.
Imagem 546: Amostra das devolutivas da atividade intitulada “Boliche adaptado”

Fonte: Acervo escolar, 2021.

A quinta atividade intitulada “Construção do brinquedo Peteca” foi enviada aos alunos
do 1° ao 5° ano do ensino fundamental I, abrangendo a unidade didática Jogos e brincadeiras,
com o objeto de conhecimento “Jogos tradicionais”.

Imagem 647: Amostra das devolutivas da atividade intitulada “Construção do brinquedo


Peteca”

Fonte: Acervo escolar 2021


Atividade simples que estimula principalmente a coordenação óculo manual,
motricidade fina e criatividade. A devolutiva da atividade ocorreu de forma satisfatória e dentro
do prazo estipulado.

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A imagem foi manipulada através do aplicativo Pic – collage e programa Word com o intuito de apresentar um
maior número de evidências da devolutiva das atividades.
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A imagem foi manipulada através do aplicativo Pic – collage e programa Word com o intuito de apresentar um
maior número de evidências da devolutiva das atividades.
A sexta atividade foi enviada aos alunos do 1° ao 5° ano do ensino fundamental I,
conforme imagem 7, intitulada “amarelinha”, abrangendo a unidade didática Jogos e
brincadeiras, com o objeto de conhecimento Brincadeiras tradicionais.
A brincadeira da amarelinha é uma brincadeira antiga e divertida que desenvolve
habilidades motoras de manipulação (possibilitam ao indivíduo um relacionamento motor com
um ou mais objetos), locomoção (permitem ao indivíduo deslocar-se de um ponto para outro
no espaço) e estabilização (possibilitam ao indivíduo recuperar e manter o equilíbrio).
A devolutiva ocorreu de forma satisfatória e assim como na primeira atividade, alguns
responsáveis aproveitaram a atividade para interagir e brincar com as crianças.

Imagem 748: Amostra das devolutivas da atividade intitulada “Amarelinha”

Fonte: Acervo escolar 2021

A sétima atividade enviada para os alunos do 1°, 2° e 3° ano do ensino fundamental I


intitulada “esquema corporal” abrangia a unidade didática Jogos e brincadeiras, com o objeto
de conhecimento psicomotricidade.
Os alunos precisavam recortar de jornais e revistas partes do corpo humano que eles
conheciam e depois descrevê-las.

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A imagem foi manipulada através do aplicativo Pic – collage e programa Word com o intuito de apresentar um
maior número de evidências da devolutiva das atividades.
Imagem 849: Amostra das devolutivas da atividade intitulada “Esquema Corporal”

Fonte: Acervo escolar 2021


Dentre outras habilidades, a atividade desenvolve o esquema corporal que, segundo
Rosa Neto (2002), é um esquema, modelo postural e uma imagem que temos do nosso corpo
que desempenha papel importante na consciência que cada um tem de si em associação com os
dados do mundo exterior. A atividade foi muito bem executada pelos alunos e teve devolutiva
satisfatória.
A oitava atividade enviada aos alunos do 4° e 5° ano do ensino fundamental I intitulada
“Esportes de invasão – handebol e basquetebol” abrangia a unidade didática Esportes, com os
objetos de conhecimentos Esportes coletivos.
O intuito da atividade foi apresentar a modalidade basquetebol, seu histórico e regras,
propondo também uma atividade pré-desportiva que poderia ser feita sem aglomeração e em
segurança dentro de casa.
Os benefícios do esporte ultrapassam os limites do bem-estar físico e tornam-se visíveis
também a nível educacional para crianças, adolescentes e jovens (BASSANI; TORRI;
VAZ, 2003, p. 90). Segundo Teixeira (1999), os benefícios do esporte são promoção da saúde,
socialização, construção de valores, recreação e lazer.

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A imagem foi manipulada através do aplicativo Pic – collage e programa Word com o intuito de apresentar um
maior número de evidências da devolutiva das atividades.
Imagem 9: Atividade 8 intitulada “Esportes de invasão – handebol e basquetebol”

Fonte: Acervo escolar 2021

Alguns dias após o envio das atividades descritas acima, as aulas passaram para o
sistema alternado, por isso a devolutiva da oitava atividade aconteceu de forma presencial e foi
realizada individualmente pelos alunos, respeitando os protocolos de distanciamento e higiene
impostos pelos órgãos de saúde.
Em 2020 as aulas no ensino remoto tiveram duração aproximada de seis meses. A
retomada das aulas presenciais ocorreu de forma alternada (parte presencial e parte remota) no
dia 30 de setembro. Para evitar aglomerações, os alunos foram divididos em dois grupos (A e
B) que alternavam seus dias de aulas presenciais e remotos.
A continuidade da oferta de aulas em meio a esse contexto, permitiu-nos perceber o
fortalecimento da parceria entre escola e família. Muitos pais, mesmo diante das inúmeras
dificuldades, não mediram esforços para que as crianças pudessem participar de todas as
atividades, minimizando assim os prejuízos do período de ausência das aulas presenciais.
Porém, alguns alunos, por não terem acesso à TV ou à internet, não puderam acompanhar as
aulas remotas.
Em 2021, com o Amazonas sofrendo o segundo grande pico da doença, o ano letivo
iniciou-se dia 18 de fevereiro de forma totalmente remota, permanecendo assim por
aproximadamente quatro meses.
Durante todo o período de aulas remotas, a devolutiva das atividades ocorreu de forma
satisfatória, sendo poucos os alunos que não participaram de nenhuma das atividades propostas.
No dia 02 de junho de 2021 os alunos passaram para a forma alternada de ensino.
Durante o período inicial do retorno presencial, eles aprenderam sobre os protocolos de higiene
e adaptaram-se à “nova educação física escolar”, já que, no momento, várias atividades são
inviáveis de serem praticadas por não poder ter contato entre os alunos e nem compartilhamento
do mesmo material. O uso de máscara continua sendo obrigatório, assim como o distanciamento
seguro entre eles.
A disciplina Educação Física passou a ser uma disciplina totalmente presencial, não
sendo mais enviadas atividades remotas.

RESULTADOS

Os resultados obtidos mostraram a importância de planejar atividades utilizando o


lúdico através de jogos e brincadeiras tradicionais, confecção de brinquedos e pequenos
circuitos motores como instrumento pedagógico, pois a ludicidade agrega conhecimentos
possibilitando a aprendizagem de forma significativa e prazerosa.
As atividades desenvolveram habilidades motoras como lateralidade, equilíbrio,
coordenação motora fina e global, orientação espacial, esquema corporal, assim como o
raciocínio lógico, concentração, coordenação óculo-manual, força, agilidade, criatividade, entre
outros conhecimentos.
A professora percebeu uma grande interação familiar durante o desenvolvimento da
atividade com a participação de pais, irmãos, avós e primos.
O psicólogo Roberto (2012, p. 11) afirma que:

[...] os filhos precisam de pais presentes, que proporcionam a vivência da afetividade.


É através das experiências vividas com seus pais que as crianças vão estruturar as
relações com que elas vivem em sociedade. (ROBERTO, 2012)

É na interação familiar que a criança cria a sua identidade e identifica-se como ser
humano, aprendendo a viver em sociedade.
Durante a devolutiva das atividades, foi relatado pelos alunos que os mesmos acharam
as atividades divertidas e desafiadoras e as devolutivas foram satisfatórias.

CONCLUSÃO

Durante as aulas remotas, com o intuito de minimizar os prejuízos do período sem aulas
presenciais e visando garantir o direito constitucional à educação integral, a professora de
Educação Física reformulou seu planejamento buscando novas ferramentas para que o processo
de ensino e aprendizagem fosse mais eficiente, apesar dos percalços.
As aulas de Educação Física tornaram-se ainda mais importantes, pois os exercícios
físicos são grandes aliados para a saúde física e mental, além de que, quando executada
corretamente, ajudam os alunos a gastarem energia de forma lúdica, saudável e educativa.
As atividades propostas desenvolveram habilidades como lateralidade, esquema
corporal, equilíbrio, coordenação motora fina e global, raciocínio, força, agilidade,
concentração, noção espacial, entre outros. Essas habilidades ajudaram as crianças a conhecer
o seu corpo eficientemente e dominar uma ampla variedade de habilidades fundamentais,
contribuindo positivamente para o desenvolvimento das capacidades físico-motoras, cognitivas
e socioafetivas. Promoveram também a interação familiar que contribuiu significativamente
para o desenvolvimento integral da criança.
Os desafios são muitos, e espera-se que diante da nova realidade educacional, a
utilização de tecnologias na educação possa receber atenção adequada dos poderes públicos.
Vale ressaltar que a atual realidade abriu precedentes para uma nova forma de ensinar,
aprender e avaliar, levando-nos a descobrir um novo mundo de oportunidades além das paredes
da sala de aula, tornando o processo de ensino mais dinâmico, divertido, eficiente e inovador.

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A EDUCAÇÃO FÍSICA EM TEMPOS DE PANDEMIA: O ENSINO REMOTO E A
NOVA REALIDADE

Autora

Erika Franco de Lima Costa


ALFABETIZAÇÃO EM TEMPOS DE PANDEMIA: ESTRATÉGIAS
PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO REMOTO

Daniele Lemos Carvalho50


Denízia Pimentel do Monte51

DOI: https://doi.org/10.29327/537494.1-5
RESUMO

Este capítulo tem por objetivo apresentar as estratégias pedagógicas utilizadas no ensino
remoto, para auxiliar os alunos no processo de alfabetização durante a pandemia do Sars-CoV-
2. A metodologia utilizada foi a elaboração de apostilas do componente curricular de Língua
Portuguesa com atividades específicas de alfabetização para auxiliar a aprendizagem dos alunos
nos blocos de aulas do Projeto Aula em Casa. O público-alvo foram alunos do 1º ano do Ensino
Fundamental dos turnos matutino e vespertino de uma escola da Rede Estadual de Educação,
localizada na zona Sul de Manaus, no Estado do Amazonas. Os resultados demonstram que as
estratégias utilizadas contribuíram para o progresso dos alunos no processo de alfabetização,
visto que eles avançaram na apropriação do sistema de escrita alfabética, conforme a sondagem
de escrita baseada na psicogênese da língua escrita. Conclui-se que as apostilas disponibilizadas
aos estudantes proporcionaram a continuidade do processo de alfabetização no ensino remoto
mesmo sem a presença física do professor. Embora o processo de alfabetização seja complexo
e necessite da atuação sistemática do professor, a forma como as apostilas foram estruturadas e
as orientações transmitidas aos responsáveis, permitiu que o alcance do objetivo em sua
totalidade.

Palavras-chave: Alfabetização. Pandemia. Ensino remoto

1 INTRODUÇÃO

A pandemia do Sars-CoV-2 que assolou o mundo também afetou sobremaneira a cidade


de Manaus, no Estado do Amazonas. No início do ano letivo de 2021, Manaus viveu a segunda
onda de contaminação. Desta vez muito mais grave que a primeira onda. As redes pública e
privada de saúde não tinham capacidade física, profissionais de saúde suficientes, assim como
não havia cilindros de oxigênio para atender a demanda da população contaminada. Por esta
razão, o Governo Estadual decretou estado de calamidade pública e suspendeu as aulas
presenciais em todas as escolas da Rede Estadual de Educação. Assim, o ano letivo foi iniciado

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CARVALHO, D. L. graduada em Licenciatura Plena em Pedagogia, especialista em Gestão e Supervisão
Escolar e Gestão do Currícul
o. Professora da Rede Estadual. E-mail: daniele.lemos@seducam.pro.br
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MONTE, D. P. graduada em Normal Superior, especialista em Gestão Escolar, Mestranda em Educação.
Professora da Rede Estadual e Municipal de Educação. E-mail: montedenizia@hotmail.com
com as escolas desta Rede no formato de ensino remoto. Conforme, MOREIRA, J. António;
SCHLEMMER, Eliane. (2020),

O termo remoto significa distante no espaço e se refere a um distanciamento


geográfico. O Ensino Remoto ou Aula Remota se configura então, como uma
modalidade de ensino ou aula que pressupõe o distanciamento geográfico de
professores e estudantes e vem sendo adotada nos diferentes níveis de ensino, por
instituições educacionais no mundo todo, em função das restrições impostas pelo
COVID-19, que impossibilita a presença física de estudantes e professores nos
espaços geográficos das instituições educacionais. (MOREIRA,2020)
Diante desse momento desafiador, foi necessário planejar estratégias para iniciar o
processo de alfabetização dos alunos ingressos no 1º ano do Ensino Fundamental de uma escola
da Rede Estadual de Educação, localizada na zona Sul de Manaus, no Estado do Amazonas.
Estes alunos ou eram oriundos do 2º período da Educação Infantil ou ainda não haviam tido
contato com a educação formal, o que tornava ainda mais desafiador para o professor. Partindo
desse pressuposto, foram elaboradas apostilas do componente curricular de Língua Portuguesa
para auxiliar esses alunos no processo de alfabetização, durante o ensino remoto. O objetivo
principal foi proporcionar condições para que os alunos pudessem iniciar o processo de
alfabetização no ensino remoto sem a presença física do professor e desse modo avançarem
nesse processo. Foi trabalhado, devido ao distanciamento social, o processo específico de
alfabetização, cujo conceito pode ser definido como,

[...] processo de aquisição da “tecnologia da escrita”, isto é do conjunto de técnicas –


procedimentos habilidades - necessárias para a prática de leitura e da escrita: as
habilidades de codificação de fonemas em grafemas e de decodificação de grafemas
em fonemas, isto é, o domínio do sistema de escrita (alfabético ortográfico)
(MORAIS; ALBUQUERQUE, 2007, p. 15)
Dessa forma, apesar da Política Nacional de Alfabetização vigente no Brasil seguir outra
vertente, o método escolhido para iniciar o processo de alfabetização dos alunos foi o método
sintético, visto que seria mais fácil para os responsáveis auxiliarem os alunos, por exigir menos
conhecimento técnico e muitos responsáveis dos estudantes terem sido alfabetizados nesse
método. Conforme Sebra et al (2011),

Nos métodos sintéticos são usados procedimentos que partem de unidades menores
para chegar a unidades maiores (da parte para o todo). Ou seja, as unidades ensinadas
são menores que as unidades de significado da língua em questão. Logo, podem ser
apresentadas inicialmente as letras, os sons das letras ou as sílabas. Tal apresentação
pode ocorrer conforme uma ordem específica ou sem uma sequência previamente
determinada. Após a introdução das unidades mínimas, ensina-se a sua síntese em
unidades maiores, formando sílabas, palavras, frases e, finalmente, textos. (SEBRA
ET AL, 2011)
2 METODOLOGIA

O trabalho foi desenvolvido na Escola Estadual Benício Leão, pertencente à Rede


Estadual de Educação, nas turmas de 1º ano do Ensino Fundamental dos turnos matutino e
vespertino, no período de março a junho de 2021, durante a pandemia do vírus Sars-CoV-2.
Foram elaboradas três apostilas do componente curricular de Língua Portuguesa para
auxiliar no processo de alfabetização dos alunos durante as aulas do Projeto Aula em casa. Este
projeto era dividido em blocos de aulas, ministradas nos componentes de Língua Portuguesa e
Matemática e veiculadas através da televisão aberta, redes sociais e aplicativo Aula em Casa.
Cada bloco de aulas tinha a duração de 30 dias. Seguindo essa organização, cada apostila
deveria ser respondida no prazo de 30 dias.
Após a elaboração dos cadernos pelas professoras do 1º ano, os responsáveis deveriam
se dirigir à secretaria da escola, seguindo os protocolos de saúde, para fazer a retirada das
apostilas no prazo estabelecido por elas.
As orientações para a realização das atividades foram dadas pelas professoras, por meio
do grupo das turmas no aplicativo WhatsApp. A cada início de bloco de aulas, as professoras
reforçavam as orientações acerca da realização das atividades das apostilas.
Ao final de cada mês, os responsáveis enviavam as devolutivas por meio de fotografias
dos alunos com as atividades realizadas.
A avaliação do progresso de alfabetização dos alunos foi realizada por meio de uma
sondagem de escrita, baseada na Psicogênese da Língua Escrita. Para isso foi utilizada uma
amostragem com 28 alunos, correspondendo à porcentagem de 47% do total de alunos do 1º
ano.

3 RELATO DE EXPERIÊNCIA

A cidade de Manaus vivia a segunda onda de contaminação da pandemia do vírus Sars-


CoV-2. Devido a esse quadro grave da saúde pública, o governo estadual decretou estado de
calamidade pública e suspendeu as aulas da Rede Estadual. Por esta razão, o ano letivo iniciou
com as aulas no formato de ensino remoto. A Secretaria Estadual de Educação para dar
continuidade às aulas e garantir o direito à educação, aproveitou a experiência vivida no ano de
2020 e continuou a desenvolver o Projeto Aula em Casa.
Este projeto foi muito bem estruturado para atender a comunidade escolar no ano
anterior, o que facilitou a continuidade no ano letivo de 2021. As aulas desse Projeto eram
organizadas em blocos, com a duração de um mês cada um. No caso do 1º ano, as aulas
ministradas eram dos componentes curriculares de Língua Portuguesa e Matemática, de forma
interdisciplinar. No entanto, estas aulas não seguiam uma sequência específica para o processo
de alfabetização, devido precisar contemplar os eixos de ensino do Referencial Curricular
Amazonense, sendo eles Análise linguística, oralidade, leitura e produção escrita. Por esta
razão, foram elaboradas apostilas específicas para que os alunos pudessem iniciar o processo
de alfabetização, visto que eles ou são oriundos do 2º período da Educação Infantil ou não
tiveram acesso a essa modalidade de ensino. Esse diagnóstico é realizado no início do ano
letivo. No entanto, devido ao ensino remoto, não foi possível realizar de forma fidedigna esse
diagnóstico.
Os alunos eram regularmente matriculados no 1º ano na escola, localizada na zona Sul
da cidade de Manaus, no Estado do Amazonas. O público atendido foram 56 alunos desse ano
de ensino. O trabalho foi realizado por duas professoras que atuam nessas turmas.
O trabalho foi desafiador porque era necessário elaborar um material para auxiliar os
estudantes de forma compreensível, pois não teria a presença física do professor para orientar
e intervir nas dificuldades. Por outro lado, os responsáveis pelos alunos não tinham
conhecimento técnico específico para auxiliarem os alunos. Dessa forma, foram elaboradas
apostilas, conforme Figura 1, baseadas no método sintético de alfabetização para que os
responsáveis pudessem seguir as orientações das professoras e auxiliar os alunos na realização
das atividades de forma satisfatória. As apostilas continham atividades com o alfabeto, ordem
alfabética, vogais, encontros vocálicos, formação dos padrões silábicos, formação de palavras
e frases e fichas de leitura.
Foi feita a escolha do método sintético com foco no domínio do princípio alfabético,
por ser de mais fácil compreensão pelos responsáveis que estavam nos seus lares colaborando
com os professores. Segundo Braslavsky (1971, p. 43-45),
Figura 152 – Apostila de Língua Portuguesa

Fonte: Acervo da escola, 2021.

[...] Os métodos sintéticos apoiam-se na ideia de que a língua portuguesa é fonética


e silábica, de modo que a dedução é a melhor maneira de dominar a leitura e que a
aprendizagem da escrita se dá por meio de um processo que atente para essa
característica. Dependendo do ponto de partida, ou seja, da unidade linguística
analisada, os métodos sintéticos podem classificar-se em: alfabético (ou da
soletração), que parte dos nomes das letras [...]. (BRASLAVSKY, 1971, p. 43-45)
A colaboração da família foi fundamental na realização deste trabalho. É importante
destacar que a parte técnica do processo de alfabetização compete ao professor, mas conforme
preconiza a Constituição Federal Brasileira, no Art. 205 “A educação, direito de todos e dever
do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando
ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho. ” Dessa forma, para que a família colabore efetivamente na
aprendizagem dos alunos, é importante que a escola busque estratégias para que a família possa
fazer o seu papel de forma exitosa.

Após a elaboração das apostilas, os responsáveis foram orientados pelas professoras nos
grupos de WhatsApp das turmas para fazer a retirada do material na secretaria da escola. Foi
organizado um cronograma de atendimento com datas e horários por turma para irem buscar o
material, de forma a seguir os protocolos de saúde. A entrega ocorreu de forma segura e todos
foram buscar o material. Os responsáveis ficaram satisfeitos com os materiais produzidos, pois
contribuíram com a alfabetização dos alunos.

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A imagem foi manipulada através do programa Word com o intuito de apresentar o maior número de evidência
do material preparado para os alunos.
Todas as orientações para que os alunos realizassem as atividades eram dadas no grupo
de WhatsApp das turmas, por meio de áudios e mensagens. Sempre que iniciava um novo mês,
após os responsáveis irem à escola buscar o material, as professoras reforçavam as orientações
no grupo da turma.
Devido à pandemia, as devolutivas foram realizadas através das fotos enviadas pelos
responsáveis às professoras. As fotos podiam ser das atividades realizadas e também fotos dos
estudantes com a atividade realizada, conforme Figura 2. Era muito gratificante ver o progresso
dos estudantes e a alegria deles ao avançarem na aprendizagem da leitura e da escrita.

Figura 253: Devolutiva das atividades

Fonte: Acervo da escola, 2021.

Após o término dos três blocos de aulas do Projeto Aula em casa, foi realizada uma
avaliação, denominada sondagem de escrita, conforme figura 3. Essa sondagem foi baseada na
Psicogênese da Língua Escrita. Essa teoria foi elaborada por Ferreiro e Teberosky (1986) e elas
sustentam que a criança passa por quatro níveis até que esteja alfabetizada. Esses níveis são
denominados, pré-silábico, silábico, silábico-alfabético e alfabético. De acordo com essa

53
A imagem foi manipulada através do programa Word com o intuito de apresentar o maior número de
evidência da devolutiva das atividades propostas.
sondagem é possível avaliar como os estudantes estão se apropriando do princípio alfabético e
fazer as intervenções necessárias para que eles consolidem a alfabetização.

Figura 354: Instrumento de sondagem de escrita

Fonte: Acervo da escola, 2021.

A sondagem de escrita consiste num ditado de quatro palavras do mesmo campo


semântico e de uma frase com uma dessas palavras para verificar como o aluno está
segmentando a frase.

Foi um período muito desafiador para a escola e mais especificamente para as


professoras do 1º ano. Nesta fase, eles estão ingressando no Ensino Fundamental. Eles deixam
aquele universo pequeno restrito às professoras e aos colegas para ingressarem num mundo
maior com mais pessoas na sua rotina escolar. Essa adaptação é muito difícil para eles no início,
aliado a isso, a pandemia impediu o contato presencial com as professoras. Por isso, enviar
áudios explicando as atividades, diminuía esse distanciamento. Outros recursos poderiam ser
utilizados, porém, o meio mais acessível para os responsáveis era o aplicativo WhatsApp com
o mínimo de internet para acessar as informações da escola.

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A imagem foi manipulada através do programa Word com o intuito de apresentar o maior número de
evidência do instrumento de sondagem de escrita.
Essa experiência foi muito enriquecedora, pois permitiu às professoras saírem da zona
de conforto e irem em buscas de estratégias para auxiliar os estudantes na alfabetização. Esse
trabalho só foi possível devido ao engajamento das professoras do 1º ano que se uniram para
elaborar esse material, dividindo tarefas entre si. O envolvimento de todas as professoras e o
trabalho colaborativo, realmente fez toda a diferença e possibilitou resultados exitosos.
O que foi mais motivador nesse período de ensino remoto foi o engajamento dos
responsáveis que não mediram esforços para colaborarem com as professoras. Sem a
colaboração deles, não seria possível realizar esse trabalho, uma vez que as crianças são
pequenas e precisam do apoio dos responsáveis para a busca dos materiais na escola assim
como orientação da professora para que eles pudessem apoiar os filhos na realização das
atividades.
O distanciamento social imposto para professor e aluno foi fator complicador para o
processo da aprendizagem, pois a alfabetização exige a mediação constante do professor, o que
não foi possível durante o ensino remoto. Em muitos momentos, as professoras se sentiam
impotentes diante desse desafio. Entretanto, as estratégias pensadas por elas, contribuíram
sobremaneira na alfabetização dos alunos, mesmo à distância. Prova disso foi o avanço dos
alunos na aprendizagem da leitura e da escrita. Além disso, no pós-pandemia, os responsáveis
continuarão sendo orientados a respeito dos procedimentos que norteiam o processo de
alfabetização e que muito colabora para o progresso dos alunos.

4 RESULTADOS

Após a realização das atividades das apostilas, foi realizada uma sondagem de leitura e
escrita, baseada na Psicogênese da língua escrita, com o objetivo de verificar como os
estudantes estavam se apropriando do princípio alfabético. Devido ao distanciamento social,
essa sondagem foi realizada com uma amostra de 28 alunos do 1º ano do total de 56, o que
corresponde a 47% dos alunos que realizaram as atividades das apostilas. Essa sondagem foi
realizada por meio das fotos das devolutivas dos alunos. Os 56 estudantes do 1º ano avaliados,
iniciaram o ano letivo, conforme devolutivas das atividades na fase pré-silábica (fase icônica),
que consiste na escrita por meio de garatujas. Conforme descrito na Tabela 1, o resultado da
sondagem de escrita demonstra que houve um avanço na apropriação do princípio alfabético.
Tabela 1 – Resultado da Sondagem de Escrita
Total de alunos avaliados Nível 2 (Intermediário I) Nível 3 Nível 4
Silábico sem valor sonoro Silábico alfabético Alfabético

28 16 02 10

Fonte: Instrumento de sondagem de escrita, 2021.

É importante destacar que o processo de alfabetização ainda não foi consolidado. Essas
estratégias foram realizadas no ensino remoto por um período de três meses. O processo de
alfabetização teve continuidade no retorno das aulas presenciais no formado alternado.

5 CONCLUSÃO

O período do ensino remoto foi desafiador para toda a comunidade escolar, sobretudo
para o professor alfabetizador que precisava iniciar o processo de alfabetização dos alunos no
ensino remoto. Diante de um desafio desse porte havia duas alternativas, paralisar sem saber o
que fazer ou se movimentar em busca de estratégias para solucionar essa problemática.
Neste sentido, as professoras resolveram se movimentar e superar seus próprios
desafios. O primeiro passo foi pensar estratégias que suprissem a presença física do professor
e que os responsáveis pudessem auxiliar os alunos. Foi então que surgiu a ideia das apostilas
no componente curricular de Língua Portuguesa. No entanto, para que os responsáveis
pudessem auxiliar os alunos, o método de alfabetização deveria ser de fácil compreensão.
Dessa forma, foi pensado no método sintético que vem sendo utilizado há décadas no
sistema educacional brasileiro com o qual, em algum momento, os responsáveis dos estudantes
tiveram contato. Embora esse método não seja o ideal e não esteja de acordo com a política
nacional de alfabetização vigente no Brasil, essa ideia deu certo, visto que com a explicação
das professoras, os responsáveis auxiliaram adequadamente os estudantes.
Isso pôde ser comprovado no resultado da sondagem de escrita. Vale ressaltar que os
responsáveis não têm o domínio técnico do processo de alfabetização e ao invés de auxiliar os
alunos, eles aumentariam as dificuldades, caso o método escolhido fosse o vigente no Brasil e
que exige conhecimento técnico. Além disso, quando os alunos retornarem às aulas presenciais,
os professores poderão fazer um novo diagnóstico e a partir do resultado utilizar o método
instituído pelo Ministério da Educação.
Essa experiência proporcionou não só o progresso dos alunos no processo de
alfabetização que era o objetivo principal como também proporcionou aos professores a
oportunidade de se aproximarem das famílias dos alunos, embora de forma remota. A mesma
ansiedade que os responsáveis tinham que os filhos não aprendessem a ler e escrever, os
professores também tinham, pois o profissionalismo falava mais alto. Família e escola é uma
parceria que sempre dá certo.
As estratégias adotadas contribuíram para o desenvolvimento de atividades que poderão
continuar a ser elaboradas de acordo os níveis de escrita em que os alunos estão e que poderão
ser trabalhadas em sala de aula, com a presença do professor através de agrupamentos por níveis
de escrita, de forma que os alunos consolidem o processo de alfabetização.

REFERÊNCIAS

BRASLAVSKY, B. P. Problemas e métodos no ensino da leitura. São Paulo:


Melhoramentos/Ed. da USP, 1971.

FERREIRO, E.; TEBEROSKY, A. Psicogênese da Língua Escrita. Tradução de Diana Myriam


Lichtenstein et al. Porto Alegre: Artes Médicas, 1986.

MORAIS, Artur Gomes de; ALBUQUERQUE, Eliana Borges Correia de. Alfabetização e
letramento. Construir Notícias. Recife, PE, v. 07 n.37, p. 5-29, nov/dez, 2007.

MOREIRA, J. António; SCHLEMMER, Eliane. Por um novo conceito e paradigma de


educação digital online. Revista uFG, v. 20, n. 26, 2020.

SEBRA, Alessandra et al. Métodos de alfabetização: delimitação de procedimentos e


considerações para uma prática eficaz. 2011.

SENADO FEDERAL. Assembleia Legislativa Disponível em:


<https://www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/CON1988_05.10.1988/art_205_.asp
URL>. Acesso em: 12 de agos de 2021.
ALFABETIZAÇÃO EM TEMPOS DE PANDEMIA: ESTRATÉGIAS
PEDAGÓGICAS PARA O ENSINO REMOTO

Autoras

Daniele Lemos Carvalho Denízia Pimentel do Monte


ALFABETIZAÇÃO DE UM ALUNO AUTISTA DURANTE A PANDEMIA:
DESAFIOS E SUPERAÇÃO

Ádila Marta da Silva e Silva55


Gesilda de Nazaré de Pontes Bastos56
Luciele Oliveira da Silva57

DOI: https://doi.org/10.29327/537494.1-6
RESUMO
Este artigo tem por finalidade discorrer sobre os desafios encontrados no processo de
alfabetização de um aluno diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista - TEA,
matriculado no 4º ano do Ensino Fundamental I, durante o período das aulas remotas. O objetivo
do trabalho foi promover o desenvolvimento gradual das habilidades cognitiva, motora, afetiva,
e social do educando, visando à alfabetização. As metodologias utilizadas foram pesquisa
bibliográfica e aplicação de três sequências didáticas, utilizando a ludicidade e o uso de
materiais manipuláveis como ponto de partida, tendo como suporte a participação e
contribuição da família do aluno. Os resultados mostram o avanço significativo na
aprendizagem e na socialização do aluno. Conclui-se que utilizar metodologias diferenciadas
para o desenvolvimento do processo de alfabetização do aluno com TEA, envolvendo a família
como agente ativo desse processo foi significativo para o alcance dos objetivos.

Palavras: Alfabetização. Autista. Ensino.

1 INTRODUÇÃO

O presente relato visa apresentar as estratégias utilizadas para a alfabetização de um aluno


diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista - TEA, além dos desafios encontrados pela
professora da turma da Escola Estadual Professor Benício Leão durante o ensino remoto. A Educação
Inclusiva se configura na atualidade como parte da função social da escola sob a perspectiva da
diversidade inerente à espécie humana. Tal iniciativa vai muito além dos preceitos legais. Tem o enfoque
na busca de conhecimentos necessários para perceber, compreender e atender as necessidades educativas
especiais de todos os alunos em salas de aulas comuns no sistema regular de ensino presencial ou remoto.

55
SILVA. Á. M. da S. e. Graduada em Licenciatura Plena em Matemática, Pós-Graduada em Gestão do
Trabalho Pedagógico. Mestranda em Ciência da Educação. Gestora na Escola Estadual Professor Benício Leão.
E-mail: adila.silva@seduc.net
56
BASTOS. G. de N. de P. Graduada em Licenciatura Plena em Pedagogia. Pós-Graduanda em Educação Especial,
Professora na Rede Municipal e Estadual de Educação. E-mail: gesilda.bastos@seducam.pro.br.
57
SILVA. L. O, da. Graduada em Licenciatura Plena em Pedagogia. Pós-Graduada em Psicopedagogia
Institucional. Professora na Escola Estadual Professor Benício Leão. E-mail: luciele.silva@seducam.pro.br.
Conforme Matos (2013) a inclusão é hoje mais que uma proposta escolar, é uma proposta
social. Afirma Drago (2011) que, historicamente, a educação especial deixou muitas crianças segregadas
do convívio social, já que a escola do passado não era pensada para todos, pois era comum a prática da
exclusão de alunos que apresentassem qualquer tipo de deficiência, ou seja, aqueles que não tivessem
no modelo esperado pela instituição eram encaminhados para instituições específicas que trabalhavam
a educação especial.
Segundo o Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira – INEP. Censo Escolar da Educação Básica é crescente o número
de alunos com necessidades especiais ou que apresentam algum tipo de deficiência que estão
matriculados e frequentam a educação básica. Porém, há de se ressaltar que entre as diversas formas de
deficiências identificadas no Censo Escolar, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) ganhou destaque,
pela evolução de alunos matriculados em classes comuns no Brasil.
No que se refere ao processo de inclusão escolar, em especial no que se menciona a
etapa do ensino fundamental, a modalidade educação especial tem percepções e nuances
específicas quando se trata de alunos com o Transtorno do Espectro Autista. Percebe-se na
literatura pesquisada que esse tema é recorrente em estudos nas áreas de Pedagogia, Psicologia
e Serviço Social.
Para Schwartzman (2011) uma das características das crianças com Autismo em idade
escolar consiste no fato de que esse transtorno do desenvolvimento apresenta etiologias
múltiplas, que são definidas de acordo com critérios eminentemente clínicos. Com isso,
Sifuentes e Bosa (2010) afirmam que essas características são de certa forma muito abrangentes,
uma vez que afeta essas crianças em diferentes graus, com grande influência nas áreas de
interação social, comunicação e comportamental.
O Brasil tem, nos últimos anos, avançado na promoção dos direitos das pessoas com
deficiência por meio de políticas públicas que buscam valorizar a pessoa como cidadã,
respeitando suas especificidades. Essas políticas públicas visam garantir a universalização de
políticas sociais e o respeito às diversidades, sejam elas étnico-raciais, de gênero, de deficiência
ou de qualquer outra natureza.
Desde então, o Brasil tem buscado, por meio de formulação de políticas públicas,
garantir a autonomia, a ampliação do acesso à saúde, à educação, ao trabalho, entre outros. Com
o objetivo de melhorar as condições de vida das pessoas com deficiência, em dezembro de 2011
foi lançado o Viver Sem Limite: Plano Nacional de Direitos da Pessoa com Deficiência
(Decreto 7.612 de 17/11/11), o qual, em seu artigo Art. 2o enfatiza que:
São consideradas pessoas com deficiência aquelas que têm impedimentos de
longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em
interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e
efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.
(BRASIL, 2011).

Em consonância com a Convenção sobre os Direitos da Pessoa com deficiência, o


governo brasileiro institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com
Transtorno do Espectro do Autismo (Lei 12.764 de 27/12/12) mais conhecido como Lei
Berenice Piana que surge em alusão a uma mãe de autista que muito lutou e se articulou pela
criação de tal lei e assim "nasceu" uma proposta da população para o Legislativo,
especificamente ao Senado Federal, através da Comissão de Direitos Humanos.

A lei Berenice Piana em seu artigo 3° destaca que:

Toda criança com Espectro Autista tem direito à vida digna, à integridade física
e moral, ao livre desenvolvimento da personalidade à segurança e ao lazer: III-
o acesso a ações e serviços de saúde, com vistas à atenção integral as suas
necessidades de saúde, incluído: o diagnóstico precoce, ainda que não definido.
O atendimento multiprofissional, a nutrição adequada e a terapia nutricional.
(BRASIL, 2012).

Portanto, a pessoa com TEA tem os mesmos direitos previstos na Constituição Federal
de 1988, além dos outros tantos advindos de legislações e normatizações específicas que
objetivam garantir a atenção integral às pessoas com transtorno do espectro do autista.
Com base nisso, diante do contexto pandêmico ocasionado pelo SARs-CoV-2,
causador do novo Coronavírus, diversos segmentos sofreram grandes impactos. Na educação
especial não foi diferente, muitos foram os desafios, no entanto, foi necessário dar continuidade
ao processo de alfabetização dos alunos, especialmente ao aluno autista. Um grande desafio
surgiu no que tange ao atendimento deste aluno no ensino remoto, visto que ele não teria a
presença do professor para mediar a sua aprendizagem.
Durante o ensino presencial, os alunos que possuem uma deficiência ou transtorno são
acompanhados por um auxiliar de vida escolar que é um professor contratado pela Secretaria
de Estado de Educação e Desporto com a finalidade de acompanhar diariamente o aluno,
auxiliando-o a superar as barreiras que o impedem de ser inserido no ambiente escolar e facilitar
o processo de ensino e aprendizagem. Com as aulas no ensino remoto, a professora planejou
estratégias para atender à necessidade desse aluno e, para isso, planejou três sequências
didáticas com a finalidade de dar continuidade ao processo de alfabetização do aluno.
2 METODOLOGIA

A estratégia utilizada foi o estudo e análise das bibliografias pesquisadas com foco na
reflexão da inclusão de alunos com deficiência, inserindo no planejamento da discente
metodologia que promovam o pleno desenvolvimento do aluno com Transtorno do Espectro
Autista. A relevância dessa etapa está no fato da professora realizar uma avaliação diagnóstica
com o educando, englobando os vários eixos de desenvolvimento: motor, linguagem, social,
adaptativo e emocional.
A partir do resultado da avaliação diagnóstica, observou-se que o educando encontrava-
se no nível pré-silábico I, portanto, foram planejadas três sequências didáticas com o objetivo
de iniciar o processo de alfabetização do aluno.
Neste artigo vamos relatar as experiências vivenciadas pelo aluno que possui o
Transtorno do Espectro Autista. Através de pesquisas a professora buscou metodologias e
ferramentas adequadas para o desenvolvimento de atividades diversificadas para alfabetizar o
aluno no ensino remoto. O aluno apresentou muita dificuldade em acompanhar e desenvolver
as atividades propostas pela professora, então foi necessário uma aproximação maior entre
professora, família e aluno.
As orientações sobre o uso de recursos e/ou materiais manipuláveis se deu por meio do
WhatsApp e telefone, em que as atividades foram desenvolvidas através das seguintes
sequências didáticas do componente curricular Língua Portuguesa: 1) Eu /Minha identidade,
com o principal objetivo de fazer com que o educando se reconheça como um sujeito importante
e capaz que possui um nome que é só seu e aprecie os registros de sua história desde o
nascimento até a presente data, além de iniciar o processo de alfabetização do mesmo; 2) O
alfabeto: letras e ordem alfabética, com o objetivo de visualizar as letras por meio de
brincadeiras, se familiarizar com o formato delas e reconhecer a ordem alfabética. Esse contato
ajudou na sistematização e assimilação da escrita durante a primeira fase da alfabetização; 3)
Palavras, número de letras e sílabas, com o objetivo de reconhecer e ordenar as letras nas
palavras; realizar composição de palavras e figuras; participar da leitura e escrita, tais
sequências foram repassadas por meio de aplicativos de mensagens, ligações e chamadas de
vídeo, aumentando assim a interatividade com o educando e sanando dúvidas que surgiram
durante as orientações.
3 RELATO DE EXPERIÊNCIA
Diante do desafio da pandemia e com as aulas no formato do ensino remoto, fez-se
necessário que a professora do aluno, buscasse informações mais específicas sobre a educação
autista, visando minimizar os impactos educacionais neste período e contribuir para o
desenvolvimento cognitivo do aluno com Transtorno do Espectro Autista. Para isso a professora
realizou pesquisas e estudos bibliográficos para se apropriar mais do assunto. A partir disso,
investigou e observou sobre as dificuldades e potencialidades do aluno.
Primeiramente a docente entrou em contato com a responsável pelo aluno por
mensagens e ligações telefônicas, com a finalidade de coletar informações referentes ao
educando. Em seguida, através de vídeo chamada, estabeleceu o contato com o discente,
solicitando que ele se apresentasse. Neste momento, logo percebeu um certo comprometimento
na fala, dificuldades de atenção e de interação. A dedicação da professora e acompanhamento
da família foi de grande importância para o interesse do aluno na participação das aulas. De
acordo com Cunha (2014), “professores dedicados, que não se negam a ter desafios, são
inspiradores para os pais. Da mesma forma que, pais afetuosos e esperançosos estimulam o
professor”.
Após esse contato inicial e levando em consideração a educação inclusiva e que o direito
de todas as crianças à educação está assegurado na Declaração Universal dos Direitos
Humanos58 (1948) e na Declaração de Salamanca59 (1994), a professora buscou recursos e/ou
alternativas metodológicas para promover o ensino. Deu início a este processo que propõe a
alfabetização por meio de sequências didáticas com temas contextualizados ao universo do
educando com TEA fazendo uso de materiais manipuláveis e da ludicidade.
A estratégia foi a organização de três sequências didáticas. Na Sequência didática 1: Eu
- Minha identidade, o objetivo principal foi o desenvolvimento das habilidades como:
Reconhecer e escrever o próprio nome e selecionar objetos e documentos pessoais e de grupos
próximos ao seu convívio e compreender sua função, seu uso e seu significado, através dos
conteúdos como oralidade, escrita, nome, identidade, registros de vida, linha do tempo, o lugar
onde se vive, as comunidades de que faço parte, meu corpo, minhas características físicas,
esporte, número, calendário, cor, respeito às diferenças e diversidade.

58
A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) é um documento criado para estabelecer medidas que
garantam direitos básicos para uma vida digna. O objetivo da Declaração é que os direitos humanos sejam
assegurados a todos os cidadãos do mundo.
59
Documento elaborado na Conferência Mundial sobre Educação Especial, em Salamanca, na Espanha, em 1994,
com o objetivo de fornecer diretrizes básicas para a formulação e reforma de políticas e sistemas educacionais de
acordo com o movimento de inclusão social.
De forma interdisciplinar a professora propôs atividades utilizando o alfabeto móvel60,
para o período de dez dias seguindo as etapas: na primeira etapa a professora enviou um vídeo
sobre a história do nome (identidade), solicitando do responsável pelo aluno que apresentasse
ao mesmo seus principais documentos, como: certidão de nascimento, cartão de vacina e alguns
registros da sua linha do tempo, como fotos e vídeos. Através do contato com seus documentos
e registros o aluno percebeu a sua individualidade e importância da sua identidade. Na segunda
etapa a professora fez contato por vídeo chamada solicitando ao aluno uma apresentação
pessoal, depois orientou-o a recortar as letras do alfabeto móvel que compõem seu nome e
confeccionar um crachá, colando uma foto 3x4 para identificar que o objeto era seu, em seguida,
procurar figuras ou objetos em casa que iniciassem cada letra do seu nome. Através dessa etapa
o aluno conseguiu identificar em objetos do seu cotidiano uma relação com as letras do seu
nome. Na terceira etapa a continuação da sequência didática se deu no ensino alternado, onde
usando alfabeto móvel de E.V.A. e treinando a escrita no caderno o aluno passou a copiar seu
nome completo. A quarta etapa foi a confecção de um material intitulado Meu álbum, minha
história. Nessa etapa o aluno se reconheceu como indivíduo único ao identificar seu nome e
sobrenome como uma das características de sua individualidade, estimulou o desenvolvimento
da escrita, leitura, percepção visual e auditiva, sequência lógica e temporal, coordenação motora
grossa e fina.
Imagem 161: Atividades realizadas pelo aluno.

Fonte: Acervo escolar, 2021. Disponível em: https://youtu.be/FYu1ht4Luv4

60
O Alfabeto Móvel é um material essencial para auxiliar na alfabetização do aluno, introduz a leitura, a formação
de palavras, identificação de letra inicial, letra final, número de letras e muito mais. Diponível em
https://portal.colegiofaesa.com.br/destaques/167/alfabeto-movel/
61
As imagens foram manipuladas através do aplicativo Inshot com a intenção de apresentar um quantitativo maior
de evidências da devolutiva das atividades do aluno.
Na sequência didática 2: O alfabeto: letras (vogais e consoantes) e ordem alfabética,
com o objetivo de desenvolver as habilidades como: Diferenciar letras de números e de
desenhos, identificar fonemas e sua representação por letras, nomear as letras do alfabeto e
recitá-los na ordem e organizar palavras e imagens de acordo com a ordem alfabética. No mês
de abril, foram trabalhados os conteúdos com alfabeto, como ordem alfabética, animais através
da ludicidade e uso de materiais manipuláveis como alfabeto móvel (em papel, tampinhas de
garrafas pet, madeira e em E.V.A.), livros, figuras, tesoura, cola, forma de ovo, TNT e barbante.
A professora propôs atividades seguindo três etapas.
Na primeira etapa o educando foi orientado a separar as fichas das letras do alfabeto,
dos números e dos desenhos, através dessa atividade percebeu que há diferenças entre os sinais
gráficos e identificou as funções das letras, números e símbolos. Na segunda etapa usando
materiais recicláveis, a docente solicitou que o aluno organizasse as letras do alfabeto móvel
coladas nas tampinhas de garrafa pet colocando-as em ordem alfabética na forma de ovo em
seguida foi estimulado a treinar a sua coordenação motora recortando as letras do alfabeto
móvel do livro para montar uma trilha na cartolina em ordem alfabética, colando figuras que
iniciam com cada letra, a atividade possibilitou visualizar as letras por meio de brincadeiras e
se familiarizar com o formato delas, reconhecer a ordem alfabética. Na terceira etapa como
culminância da sequência foi selecionado previamente no cantinho da leitura o livro
Bichionário (contém os nomes de 23 bichos organizados em ordem alfabética), feito uma
exposição visual do livro e conversa, onde a professora mostra o livro Bichionário e a cada
animal que aparece no texto, ajuda o discente a classificar os bichos de acordo com a cobertura
do corpo (penas, pêlos, placas duras, ...) em vertebrado ou invertebrado, como nascem (da
barriga da mãe ou do ovo), onde vivem, como se locomovem e do que se alimentam. O aluno
identifica a letra inicial de cada ficha com o nome dos animais e coloca no alfabetário em ordem
alfabética. Esse contato possibilitou um desenvolvimento na sistematização e assimilação da
escrita e da leitura durante o processo de alfabetização.
Imagem 262: Atividades realizadas pelo aluno.

Fonte: Acervo escolar, 2021. Disponível em: https://youtu.be/PD54bf9qRpk.

Na Sequência didática 3: Palavras, número de letras e de sílabas, com o objetivo de desenvolver


as habilidades de Reconhecer o sistema de escrita alfabética como representação dos sons da
fala; Segmentar oralmente palavras em sílabas; Relacionar elementos sonoros (sílabas,
fonemas, partes de palavras) com sua representação escrita; Utilizar letras na escrita das
palavras; Identificar e comparar o número de letras e de sílabas das palavras, através dos
conteúdos como: formação de palavras, número de letras e de sílabas, divididas em etapas. Na
primeira etapa, orientou o educando a montar o quebra cabeça de palavras fatiadas, este jogo é
composto por cartelas de papel com desenhos e abaixo dos mesmos a palavra correspondente.
Cada cartela foi cortada em tiras verticais separando cada letra para que dessa forma cada tira
corresponda a um pedaço da figura. Distribuir para o aluno um conjunto de tiras. Solicitar que
realize a composição da figura e da palavra. Na segunda etapa, usando uma caixa de sapato,
recortes de imagens e alguns gargalos e tampas de garrafa pet, montamos um recurso didático.
Nele, o aluno escolhe uma figura e monta a palavra referente à imagem com orientação da
professora até adquirir confiança de fazer com autonomia, através desta atividade buscou-se
desenvolver a atenção, aprimorar as habilidades motoras e cognitivas do estudante. Na terceira
etapa, o discente confeccionou o jogo de figuras e palavras, o qual contém fichas de palavras

62
As imagens foram manipuladas através do aplicativo Inshot com a intenção de apresentar um quantitativo
maior de evidências da devolutiva das atividades do aluno.
ilustradas, confeccionadas em retângulos de papel cartão, a professora organiza as fichas com
as figuras na mesa e o aluno deve encontrar as palavras correspondentes.

Imagem 363: Atividades realizadas pelo aluno.

Fonte: Acervo escolar, 2021. Disponível em: https://youtu.be/PD54bf9qRpk.

4 RESULTADOS

Através dos estudos bibliográficos realizados pela professora, observou-se que o


processo de inclusão de crianças com TEA teve um grande avanço histórico, ampliando o olhar
crítico da docente sobre o tema abordado, levando-a refletir sobre o enfoque da integralidade,
inclusão e da diversidade sociocultural.
Quando falamos sobre a inclusão de crianças com autismo na escola do ensino regular,
devemos pensar também no professor, pois este deve não apenas inserir o aluno na sala de aula,
mas buscar maneiras para melhorar o aprendizado da criança com deficiência, sem fazer
distinção, comparação ou até a exclusão dos mesmos.
Com o desafio de trabalhar com um aluno com Transtorno do Espectro Autista no
ensino remoto, a professora aprofundou seu conhecimento referente às características comuns
no Espectro Autista, e ao considerar conhecer o aluno, suas dificuldades e também as
habilidades, ficou mais fácil planejar atividades para alfabetização no TEA, visando promover

63
As imagens foram manipuladas através do aplicativo Inshot com a intenção de apresentar um quantitativo
maior de evidências da devolutiva das atividades do aluno.
um ensino inclusivo. Pode-se perceber a coerência em todas as etapas do percurso desenvolvido
no 1º semestre de 2021, pois o processo de leitura e escrita tem um caminho gradativo. A cada
atividade buscou-se saber se houve aprendizagem, enfatizando que dessa forma, podemos
afirmar que o educando teve avanços significativos devido a oportunidade de desenvolver suas
habilidades, a partir de experiências de aprendizagem que atendessem às suas necessidades.

5 CONCLUSÃO

A inclusão de crianças com Transtorno do Espectro Autista nas escolas da educação


básica é de extrema importância para que a sociedade promova a inclusão e promova a
alfabetização desse público.
Foi de grande relevância a pesquisa sobre a inclusão na educação. Através dos
conhecimentos adquiridos foram planejadas estratégias para auxiliar a alfabetização desse
aluno. O aluno com o TEA necessita do trabalho comprometido de todos os profissionais
envolvidos com a educação e principalmente da dedicação e empenho dos seus familiares, onde
as relações harmoniosas e comprometidas sustentam o processo inclusivo.
Com base na observação e avaliação das atividades desenvolvidas com o aluno com
TEA, percebemos que, apesar dos desafios impostos pela pandemia e isolamento social, houve
uma maior interação entre professora e aluno. Vale ressaltar que o comprometimento da família
foi de fundamental importância para o desenvolvimento gradual das habilidades cognitivas,
motora, afetiva, e social do educando que visavam facilitar a internalização do conhecimento
contribuindo para a alfabetização. O lúdico é indubitavelmente mais propício para a
aprendizagem neste contexto.
Concluímos que os jogos são ferramentas indispensáveis e devem estar no planejamento
de cada professor com objetivos definidos e estratégias metodológicas individualizadas,
explorando atividades lúdicas, atrativas com uso de materiais manipuláveis, pois o brincar
pedagogicamente no cotidiano das crianças os auxiliam na alfabetização.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.

DECLARAÇÃO DE SALAMANCA. Sobre os Princípios, Políticas na Área das Necessidades


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<URL>https://www.google.com/search?client=firefox-b-
d&q=Declara%C3%A7%C3%A3o+Universal+dos+Direitos+Humanos . Acesso em: 29 de
junho de 2021.

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da pessoa com deficiência-plano viver sem limite. Diário Oficial da União, 2011. Disponível
em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/ decreto/ d7612.htm. Acesso em
20 abr. 2019

_______. Lei nº 12.764/2012, de 27 de dezembro de 2012. Política Nacional de Direitos da


Pessoa com Transtorno do Espectro Autista,. Brasília, DF. Institui a Política Nacional de
Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l127 64.htm. Acesso em: 13 abr.
2019

________. Ministério da Saúde. Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com


Transtornos do Espectro do Autismo (TEA). Brasília, MS, 2013.

________. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção


Especializada e Temática. Linha de cuidado para a atenção às pessoas com Transtorno do
espectro do autismo e suas famílias na Rede de Atenção Psicossocial do Sistema Único de
Saúde. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção
Especializada e Temática. Brasília: Ministério da Saúde, 2015.

________. Ministério da Educação. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais


Anísio Teixeira – INEP. Censo Escolar da Educação Básica – 2018. Disponível em:
http://inep.gov.br/web/guest/indicadores-educacionais. Acesso em: 17 abr. 2021.

MATOS, Maria Almerinda de Souza Matos. Cidadania, Diversidade e Educação Inclusiva: um


diálogo entre a Teoria e a Prática na Escola Pública

SCHWARTZMAN, J. S. Neurobiologia dos transtornos do espectro do autismo. In:


SCHWARTZMAN, J. S.; ARAÚJO, C. A. (Org.). Transtornos do espectro do autismo. São
Paulo: Memnon Edições Científicas, 2011. v. 6, p.65-111.

SIFUENTES, Maúcha; BOSA, Cleonice Alves. Criando pré-escolares com autismo:


características e desafios da coparentalidade. Psicologia em estudo, v. 15, n. 3, 2010.
Disponível em http://www.redalyc.org/pdf/2871/287122134005.pdf. Acesso em 15 abr. 2019.
ALFABETIZAÇÃO DE UM ALUNO AUTISTA DURANTE A PANDEMIA:
DESAFIOS E SUPERAÇÃO

Autoras

Ádila Marta da Silva e Silva

Gesilda de Nazaré de Pontes Bastos

Luciele Oliveira da Silva


O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO DE UMA ALUNA VENEZUELANA NA
LÍNGUA PORTUGUESA DURANTE A PANDEMIA

Lucélia Coelho de Souza da Silva 64


DOI: https://doi.org/10.29327/537494.1-7

RESUMO

Este capítulo tem por objetivo contextualizar como a escola tem trabalhado no processo de
ensino e aprendizagem de uma aluna imigrante da Venezuela, durante o período de ensino
remoto e alternado. A metodologia se deu através do estudo e reflexão bibliográfica dos
documentos legais que norteiam a educação brasileira, tais como, a Constituição Federal do
Brasil (1988); o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990); a Lei da Migração Nº 13.445
(2017); a Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996) e a aplicação de uma
sequência didática com a finalidade de iniciar o processo de alfabetização desta aluna na língua
portuguesa. Os resultados demonstram que o objetivo foi alcançado visto que o nível de
compreensão da docente foi ampliado em relação à temática em estudo, assim como o
desenvolvimento e avanço da aluna no processo de alfabetização. Conclui-se que é possível
planejar estratégias em meio à diversidade cultural e atender de forma inclusiva alunos
imigrantes da Venezuela, assim garantindo o direito de todos à educação.

Palavras-chave: Imigrantes. Escola. Aprendizagem. Ensino remoto

1 INTRODUÇÃO
A escola, como um local de aprendizagem e socialização de conhecimentos entre
alunos e professores, necessita adequar suas propostas metodológicas a fim de suprir as
necessidades educacionais de todos os alunos, independentemente de sua condição econômica,
social, cultural e de origem, bem como uma política pública voltada aos alunos imigrantes
vinculada ao acolhimento específico para esses alunos que, possivelmente, foram alfabetizados
ou não na sua língua-mãe. Nesse mesmo pensamento, faz-se necessária uma abordagem
cautelosa do docente no decorrer da transmissão de conteúdos ministrados no idioma da língua
portuguesa para os alunos nessa condição. É de extrema importância a verificação da
regulamentação de Projetos Educacionais interventivos que foram readaptados ao longo do
percurso da pandemia do Coronavírus.
Segundo Valadares (2007), a função da escola é a de atender às demandas da
diversidade cultural no mundo atual; de fortalecer os Projetos Políticos-Pedagógicos para
abranger a comunidade; de criar oportunidades de estudos e pesquisas relacionados ao trabalho

64
SILVA. L. C, de S da. Licenciada em Pedagogia. Especialista em Pesquisa nos Espaços Educativos, da Escola
Normal Superior da Universidade do Estado do Amazonas. E-mail: luceliac.1986@seducam.pro.br
transdisciplinar do professor com os alunos, respeitando as diferenças e o ritmo de
aprendizagem de cada aluno. Candau (2011) enfatiza o contexto histórico a respeito da
educação silenciadora do século XX, processo de homogeneização das culturas até o
rompimento paulatino desse silenciamento como o advento da Escola Nova, que oferece
oportunidade de os alunos aprenderem no seu ritmo. À vista disso, Candau considera a
diversidade cultural como componente do processo de aprendizagem.
O espaço escolar tem uma responsabilidade imprescindível de realizar ações didático-
pedagógicas que contemplem as necessidades educacionais de alunos que trazem consigo
diferentes idiomas, costumes e culturas. Em vista disso, a escola precisa desempenhar suas
ações com foco transformador pautado na melhoria do acolhimento aos alunos imigrantes.
Nessa perspectiva, Valadares (2007) reitera a função primordial da escola:

A transformação da escola, em face das demandas do mundo atual, para atender às


diversidades culturais e à necessidade de novos conhecimentos, não é mera exigência
legal, modismo, ou vontade isolada. É uma responsabilidade inerente à cidadania,
porque a escola de qualidade é a que contempla as diferenças, pois só assim será a
escola de todos, sendo a inclusão uma consequência natural. (VALADARES, 2007,
p. 29)

A escola deve estar provida de meios e instrumentos educacionais, cujo objetivo é o


aprimoramento da aprendizagem e a valorização do conhecimento trazido pela criança ao
adentrar no âmbito escolar. Os alunos, durante esse percurso educacional, precisam ter acesso
às informações científicas sem obstruções. As propostas metodológicas de ensino e
aprendizagem devem estimular a participação do aluno durante o período de aprendizagem.
Diante à pandemia e para garantir a educação como direito de todos, as aulas das
escolas públicas de Manaus foram adaptadas para o formato de ensino remoto e posteriormente
alternado. E para isso fez-se necessário a professora buscar recursos bibliográficos com a
finalidade de inserir em seu planejamento estratégias metodológicas com o envio de atividade
de forma virtual para alcançar o desenvolvimento no processo de ensino e aprendizagem de
uma aluna imigrante da Venezuela matriculada na turma do 2° ano do Ensino Fundamental I
da Escola Estadual Professor Benício Leão.
O capítulo do livro tem por objetivo contextualizar como o docente tem trabalhado no
processo de ensino e aprendizagem dessa aluna, durante o período das aulas no ensino remoto
e alternado. No âmbito dos objetivos específicos, foi fundamental fazer uma reflexão sobre as
questões legais que envolvem o direito de todos à educação, assim como descrever o
planejamento do trabalho docente vinculado ao acompanhamento da vida escolar dessa
imigrante, relacionando-o à situação da pandemia.

2. METODOLOGIA

A metodologia para a elaboração do capítulo desenvolveu-se por meio do estudo e


reflexão acerca dos documentos da Constituição Federal do Brasil (1988); o Estatuto da Criança
e do Adolescente (1990); a Lei da Migração N° 13.445 (2017); a Lei das Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (1996) com a finalidade de elaborar estratégias pedagógicas para atender
as dificuldades de aprendizagem apresentadas por uma aluna imigrante da Venezuela durante a
pandemia.
O espaço educativo, receptor de alunos venezuelanos, no caso, a escola, deve rever seu
sistema de ensino, verificando sempre o andamento da aprendizagem dos alunos que trazem de
seu país de origem uma cultura diferenciada. Nesse sentido, a escola como um todo deve
executar [...] “ações que desenvolvam o trabalho com as diferenças e com os variados ritmos
de aprendizagem” [...] (VALADARES, 2007, p. 26).

O planejamento das ações com garantia de oportunidades aos educandos precisa ser
executado não somente no ambiente escolar, porém, há a necessidade de se criar mecanismos
de atividades que estimulem a aprendizagem do aluno fora do espaço da sala de aula,
envolvendo contextos, tanto formais quanto informais. Isto se dá de forma contínua e sempre
vinculada ao “trabalho transdisciplinar, como forma de leitura e compreensão da realidade, com
a contribuição das diferentes áreas e a escolha de temas culturais desdobrados em roteiros
semanais e diários de trabalho do professor com os alunos” (VALADARES, 2007, p. 26- 27).
Os alunos refugiados e imigrantes precisam ser inseridos na implementação das
propostas metodológicas estabelecidas na escola como um todo, e a escola precisa desenvolver
um trabalho que ajude esses estudantes a suprirem sempre suas necessidades de aquisição da
linguagem oral e escrita, principalmente, na sua condição de imigrante. As escolas, de um modo
geral, precisam de uma política pública voltada para as crianças imigrantes da Venezuela, assim
como um acolhimento específico para esses alunos que, possivelmente, vêm alfabetizados ou
não no idioma de origem de seu país. O Ministério da Educação (MEC) é o órgão que está
encarregado de desenvolver a política pública, bem como a fiscalização da qualidade de ensino
das escolas públicas do Brasil.
Após os estudos e reflexão das bibliografias pesquisadas, com a finalidade de
desenvolver um trabalho que ajudasse a estudante suprir suas necessidades de aquisição da
linguagem oral e escrita, principalmente, na sua condição de imigrante. A professora inseriu
em seu planejamento atividades com foco no desenvolvimento do processo de ensino e
aprendizagem dessa aluna. Levando em consideração a pandemia, a professora não teve tempo
de avaliar a aluna e verificar se a mesma estava alfabetizada em sua língua materna. Com base
nisso a professora elaborou uma atividade diagnóstica para identificar a dificuldade de
aprendizagem da aluna e se replanejar. A partir desses resultados, a professora elaborou uma
sequência didática intitulada “Estudo do Alfabeto” para que ela conhecesse o alfabeto, requisito
fundamental para aprender a ler e escrever na língua portuguesa. A sequência didática foi
planejada para ser desenvolvida em quatro etapas. Na primeira etapa foi a apresentação do
cartaz do alfabeto à aluna; a segunda etapa se deu através da apresentação das placas ilustrativas
com as vogais. Na terceira etapa a aluna assistiu um vídeo musical temático relacionado às
vogais e alfabeto, na quarta etapa a aluna sob a orientação da professora confeccionou um
alfabeto ilustrado que servirá como instrumento para a verificação de aprendizagem da mesma.
Inicialmente as orientações e atividades foram planejadas para o ensino remoto, no entanto,
não houve acompanhamento da aluna devido à falta de recursos tecnológicos e internet. Desta
forma o planejamento foi executado no retorno às aulas presenciais no ensino alternado na
escola, em sala de aula e biblioteca.

3. RELATO DE EXPERIÊNCIA

No mês de fevereiro até a primeira quinzena do mês de março do ano de 2020, antes
da pandemia do Coronavírus foi possível fazer o acompanhamento presencial de uma aluna
imigrante da turma do 2° ano do Ensino Fundamental I sob a regência da professora na escola.
No curto período de aulas presenciais foi possível perceber a falta de diálogo da criança
venezuelana com os demais colegas da sala de aula, isto é, a aluna se mantinha muito reservada
em sua cadeira e, dificilmente, conseguia obter respostas da criança quando se perguntava algo.
Quando era realizada uma atividade no quadro com conteúdos, notou-se que a aluna não
conseguia transcrever do quadro para o caderno a atividade. Após esse ocorrido, foi realizada
uma sondagem pela gestora juntamente com a equipe pedagógica com o propósito de investigar
o porquê dessa aluna não realizar a atividade escrita no caderno.
Logo, foi fundamental o empenho da professora em sondar os conflitos de linguagem,
costumes e cultura que a aluna imigrante trouxe consigo para a sala de aula. A pedagoga da
escola pôde junto à professora dialogar com a família da criança venezuelana com a intenção
de minimizar possíveis conflitos de relações interpessoais no âmbito escolar entre a aluna
imigrante e os demais alunos da turma.
Considerando a Constituição Federal do Brasil (1988), cujo artigo 6° faz a subscrição
da seguinte afirmativa: “São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a
moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à
infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição” (BRASIL, 1988), a
professora pensou em estratégias pedagógicas para atender a aluna.
Houve um planejamento inicial sobre a utilização de recursos didáticos com o intuito
de promover a interação entre aluna imigrante e os demais alunos da turma. Contudo, a partir
do dia 17 de março de 2020, não foi possível o prosseguimento das aulas presenciais que foram
interrompidas pelo advento da pandemia do Coronavírus no Brasil. A educação de um modo
geral sofreu uma inesperada interrupção de suas atividades devido ao fenômeno da pandemia,
que foi atestada “pela Organização Mundial de Saúde (OMS), [...] a crise sanitária do
coronavírus (Covid-19) impôs uma série de restrições à circulação de pessoas no Brasil e no
mundo” (OLIVEIRA; JUNIOR, 2020, p. 207).
A pandemia obrigou muitas famílias manauaras a se isolarem em suas casas. O
processo de educação escolar foi afetado e as crianças precisaram aguardar as novas medidas
do governo estadual.
Em decorrência disso, novos planejamentos educacionais foram implantados na
estrutura da educação pública para que os alunos, de modo geral, não ficassem totalmente
prejudicados durante o ano de 2020. E uma das alternativas encontradas pelas instituições
públicas foi a de aderir amplamente o ensino remoto e, posteriormente, a modalidade alternada
para os estudantes do Amazonas. Nesse momento crítico e pandêmico, não foi possível fazer
observações do comportamento e desempenho da aluna dentro do espaço físico da escola.
Amparados pela Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996) que, de
acordo com o artigo 3º, “o ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I -
igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; [...] XII - consideração com a
diversidade étnico-racial”. Todos os imigrantes têm direito à educação escolar.
Segundo as leis e decretos do nosso país, citados neste artigo, entende-se que todas as
crianças têm direito à educação gratuita e devem receber orientações, conhecimentos e saberes
por meio de metodologias integradas no espaço da sala de aula, que é conceituada “como eixo
de ensino e aprendizagem para todos, criando oportunidades constantes de estudo e pesquisa”
(VALADARES, 2007, p. 26), interligando-se a uma política educacional que abrange o
contexto da diversidade cultural.
Durante o período de aula que se tornou completamente remota durante os meses de
abril até setembro de 2020, a professora enviou diversas atividades com o objetivo de identificar
a dificuldade de aprendizagem da aluna, no entanto, após várias tentativas o maior desafio
encontrado pela professora foi a falta de acompanhamento da aluna venezuelana durante o
estudo do Projeto Aula em Casa. Notou-se um distanciamento por parte dessa família. Ao
constatar essa problemática, foi feito o contato por meio de mensagem de texto e de voz do
aplicativo WhatsApp com a mãe da aluna imigrante com o propósito de averiguar o que estava
acontecendo com a família que se manteve tão distante do estudo virtual.
Porém, o retorno com a mensagem de voz vinha no idioma de origem, o espanhol,
assim como as mensagens de textos. Portanto, a professora teve dificuldade de compreender
algumas colocações da mãe da aluna imigrante, entendendo apenas algumas partes de sua fala.
No processo de comunicação virtual, a mãe da aluna venezuelana relatou que não
acompanhou as aulas do Projeto Aula em Casa que, mesmo transmitidas pela TV, por meio de
um canal aberto, não conseguiu colocar a aluna para assistir às aulas, porque não possuía uma
TV em sua casa. Outra dificuldade que afetou também os estudos da aluna foi a não realização
de tarefas que eram orientadas no grupo de WhatsApp da turma do 2° ano, pois o acesso à
internet no celular era bem limitado e nem sempre a mãe conseguia colocar crédito no celular
para baixar as atividades e, inclusive, outro impedimento citado pela mãe foi o idioma da
atividade, que sempre era enviado em Língua Portuguesa.
Após uma conversa informal, por mensagem de voz, a mãe da aluna comentou sobre
duas perdas de entes queridos para a doença causada pelo SARS CoV-2, ao mesmo tempo
expressou que não tinha condições psicológicas de acompanhar o grupo da escola e as
orientações realizadas durante a aula remota.
No mês de outubro de 2020 iniciou-se o período de aulas alternadas. Daí então surgiu
a esperança de que a aluna imigrante pudesse participar desse novo processo de ensino
adaptado. No entanto, a aluna venezuelana não compareceu às aulas alternadas. Isso gerou uma
preocupação de saber se a aluna continuaria ou não os estudos. Novamente foi feito contato
com a mãe para saber o motivo da ausência da aluna. A mãe esclareceu que não se sentia segura
com o retorno de sua filha para a sala por conta das perdas de entes queridos na sua família. No
entanto, embora as colocações feitas pela responsável da aluna, a professora continuou
encaminhando virtualmente todas as atividades e orientações para dar prosseguimento no
processo de aprendizagem da aluna.
No retorno às aulas remotas no ano de 2021, a aluna participou parcialmente da
realização das atividades propostas pela professora, no entanto, de forma limitada devido ao
acesso aos recursos tecnológicos. Em junho do mesmo ano com o retorno às aulas presenciais
no formato alternado a aluna passou a frequentar a sala de aula, agora possibilitando a
professora fazer a intervenção pedagógica de acordo com necessidade de aprendizagem da
discente.
Inicialmente levando em consideração a dificuldade de acompanhar as aulas online
colocada pela mãe, a professora aplicou uma avaliação diagnóstica de leitura e escrita para
verificar quais conhecimentos a aluna tinha adquirido durante o ensino remoto. A partir dos
resultados da avaliação a professora identificou a dificuldade da aluna em compreender a escrita
e leitura do alfabeto, se encontrando na fase pré - alfabética e para isso aplicou a sequência
didática “Estudo do Alfabeto”.
A sequência didática foi desenvolvida em quatro etapas, a professora apresentou e
realizou a leitura do alfabeto móvel para a aluna proporcionando a mesma a visualização e
familiarização com as letras. Em seguida foi apresentado as vogais através de placas ilustrativas
e a professora solicitou que a aluna pronunciasse a vogal e a relacionasse com a imagem correta.
Imagem 165: Identificação e pronúncia das vogais.

Fonte: Acervo escolar, 2021.


Após a familiarização com as vogais de forma prática a aluna assistiu a um vídeo
musical temático relacionado às vogais, conforme a imagem 2, visando facilitar o entendimento
e fixação das letras. Nesse momento já foi possível observar que a aluna passou a dominar a
escrita e pronúncia das vogais.

65
A imagem foi manipulada através do aplicativo Inshot com a finalidade de apresentar um maior quantitativo
de evidências da atividade realizada com a aluna.
Imagem 266: Vídeo musical temático

Fonte: Acervo escolar, 2021.

Na quarta etapa a professora usou como recurso no processo de alfabetização, o


alfabeto ilustrado confeccionado pela aluna, conforme a imagem 3, com a finalidade de
despertar a expressividade, a linguagem comunicativa e concentração, além de servir como
material de apoio para consulta quando necessário. O alfabeto ilustrado foi utilizado como
instrumento para verificação de aprendizagem da aluna na pronúncia das letras por meio da
leitura e escrita.
Todas as orientações e etapas da sequência didática foram desenvolvida conforme
planejamento e executadas em sala e na biblioteca da escola durante o período de aulas
alternadas, a avaliação se deu de forma contínua.

66
A imagem foi manipulada através do aplicativo Inshot com a finalidade de apresentar um maior quantitativo
de evidências da atividade realizada com a aluna.
Imagem 367: Confecção do alfabeto ilustrado

Fonte: Acervo escolar, 2021.

4 RESULTADOS

Através das pesquisas e reflexão teórica sobre o tema abordado foi possível perceber
que a colaboração dos autores estudados contribuiu de forma significativa para o entendimento
do processo de escolarização dos venezuelanos.
Os resultados mostram que o objetivo geral do capítulo foi alcançado, o presente relato
traz a contextualização de como a professora trabalhou para alcançar êxito no processo de
alfabetização da aluna durante o período do ensino remoto e alternado, tendo como ênfase a
inclusão escolar, social e cultural e as problemáticas relativas à educação de crianças
imigrantes.
A sequência didática elaborada fez com que a aluna conhecesse o alfabeto de forma
mais aprofundada e desenvolvesse significativamente a grafia e a pronúncia das letras. A
apresentação das placas ilustrativas com as vogais e consoantes ampliou a associação da figura
com a grafia. O vídeo musical temático relacionado às vogais e ao alfabeto despertou na aluna

67
A imagem foi manipulada através do aplicativo Inshot com a finalidade de apresentar um maior quantitativo
de evidências do alfabeto ilustrado confeccionado pela aluna.
o interesse em recitar o alfabeto, percebendo assim a diferença no som das letras ao pronunciá-
las no idioma da língua portuguesa. Através da confecção do alfabeto ilustrado a aluna
conseguiu ler e escrever o alfabeto com letra cursiva e de forma vinculado à imagem.
O resultado superou as expectativas da professora apresentando um avanço na
compreensão da leitura e escrita do alfabeto, avançando para a fase alfabética parcial, fase em
que o aluno de forma parcial faz conexões de letra-som.
Nesse aspecto, à medida que se ampliou o nível de entendimento e compreensão da docente
relacionado à condição e contexto educacional da referida aluna, realizou-se a intervenção
pedagógica, buscando a inovação do trabalho docente para o acompanhamento da vida escolar
da discente durante o ensino alternado. Ressalta-se a contribuição desse trabalho na aquisição
de conhecimentos bem como na atuação profissional da docente, assim como para o avanço das
habilidades de entendimento da leitura e escrita da aluna na língua portuguesa. No entanto, o
processo de ensino e aprendizagem da aluna continuará, visto que ela precisa avançar para
consolidar o processo de alfabetização.

5 CONCLUSÃO

Conclui-se que é possível se reinventar em meio à diversidade cultural e atender de


forma igualitária e inclusiva alunos imigrantes da Venezuela, assim garantindo o direito de
todos à educação.
A temática descrita neste relato de experiência possibilita a reflexão de como é
possível planejar ações pedagógicas para a inclusão de alunos venezuelanos no processo de
ensino e aprendizagem.
Observa-se que mesmo diante das adversidades, o diferencial da escola se deu através
da realização do atendimento a uma aluna venezuelana, oferecendo-lhes diversos suportes
pedagógicos que contribuíram para o avanço de sua aprendizagem.
Foi possível mesmo diante da pandemia executar uma ação conjunta entre professora
e equipe pedagógica da escola que se deu por meio de práticas de atividades mediadoras sempre
focadas na educação sem fronteiras culturais. A escola fez o diferencial na inclusão dos alunos
imigrantes da Venezuela realizando atividades adaptadas para o contexto cultural da aluna
imigrante no formato de ensino alternado.
Os recursos bibliográficos utilizados pela professora foram empregados com a finalidade
de inserir em seu planejamento estratégias para alcançar o desenvolvimento no processo de
ensino e aprendizagem de uma aluna imigrante da Venezuela que, por sua vez, adquiriu novos
conhecimentos do idioma a língua portuguesa por meio da sequência didática desenvolvida na
escola.
O capítulo do livro trouxe novos conhecimentos e novas estratégias educacionais para
a docente realizar o trabalho de alfabetização assim como a reflexão sobre o planejamento
específico relacionado ao acompanhamento da vida escolar de alunos de diferentes culturas e
países vizinhos.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição 1988. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.


Brasília, DF: Presidência da República, 2016.

______. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Estatuto da Criança e do Adolescente e dá


outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 1990.

_______. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação


Nacional-LDBEN. Brasília: Senado Federal, 1996.

______. Lei nº 13.445, de 24 de maio de 2017. Lei da Migração. Brasília: Senado Federal,
2017.

CANDAU, Vera Maria Ferrão. Diferenças culturais, cotidiano escolar e práticas


pedagógicas. Currículo sem Fronteiras, v.11, n.2, pp.240-255, Jul/Dez 2011.

OLIVEIRA, Dalila Andrade; JUNIOR, Edmilson Pereira A Devastação do trabalho: a classe do


labor na crise da pandemia / organização Dalila Andrade Oliveira, Marcio Pochmann. - 1.
ed. - Brasília: Gráfica e Editora Positiva: CNTE - Confederação Nacional dos Trabalhadores
em Educação e Grupo de Estudos sobre Política Educacional e Trabalho Docente, 2020.

VALADARES, C. Ética e Cidadania. Construindo Valores na Escola e na Sociedade.


Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica. Fundo Nacional de Desenvolvimento
da Educação. Brasília, 2007.
O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO DE UMA ALUNA VENEZUELANA NA
LÍNGUA PORTUGUESA DURANTE A PANDEMIA

Autora

Lucélia Coelho de Souza da Silva


O USO DE JOGOS PEDAGÓGICOS NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO PARA A
APROPRIAÇÃO DO SISTEMA DE ESCRITA ALFABÉTICA E PARA O
DESENVOLVIMENTO DA CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA NO ENSINO REMOTO

Zilda Andrade Ribeiro68

DOI: https://doi.org/10.29327/537494.1-8
RESUMO

Este capítulo apresenta o relato de experiência sobre o uso de jogos pedagógicos durante o
ensino remoto, com o objetivo de promover a apropriação do sistema de escrita alfabética e o
desenvolvimento da consciência fonológica dos alunos do 3º ano do Ensino Fundamental em
processo de alfabetização da Escola Estadual Professor Benício Leão, durante o ensino remoto
no ano de 2021. Na metodologia, foram planejadas atividades lúdicas com a utilização de jogos
pedagógicos. Os resultados demonstram que os objetivos alcançados foram satisfatórios, pois
houve um avanço no processo de alfabetização dos alunos, elevando o nível de aprendizagem
da leitura e da escrita. Conclui-se que o jogo pedagógico deve estar presente na vida escolar
dos alunos, pois de forma lúdica, os alunos foram se apropriando do sistema de escrita alfabética
e desenvolveram habilidades de consciência fonológica.

Palavras-chave: Alfabetização. Jogos. Ensino remoto.

1 INTRODUÇÃO

Um novo cenário se configurou pela pandemia causada pelo SARs-CoV-2, um vírus


letal que ocasionou várias mudanças na rotina das escolas, estas, por sua vez, tiveram que se
reorganizar diante do afastamento social. As mudanças, proporcionaram aos professores o
repensar da sua prática docente, principalmente quando se trabalha com atividades práticas
envolvendo material concreto, como no processo de alfabetização.
Na fase de alfabetização é interessante pensar em atividades bem estruturadas cuja
finalidade seja a aquisição da leitura e da escrita de forma efetiva. Dessa forma, foram
planejadas atividades lúdicas com jogos pedagógicos para auxiliar a alfabetização dos alunos
durante o ensino remoto.

68
RIBEIRO, Z. A. Professora na Escola Estadual Professor Benício Leão-SEDUC/AM. Graduada em Pedagogia
com habilitação em gestão educacional pela Faculdade Martha Falcão – FMF. Especialista em Gestão de
Currículos e Desenvolvimento de Práticas Pedagógicas pela Universidade do Estado do Amazonas – UEA. E-
mail: zilda.ribeiro@seducam.pro.br
O uso de jogos pedagógicos teve como objetivo principal promover a apropriação do
sistema de escrita alfabética e o desenvolvimento da consciência fonológica de forma lúdica.
Jean Piaget (1987) pontua que a atividade lúdica é um princípio fundamental para o
desenvolvimento das atividades intelectuais da criança sendo, por isso, indispensável à prática
educativa. Atualmente, com as novas perspectivas de ensino e aprendizagem, diferentes áreas
do conhecimento passaram a utilizar-se de atividades lúdicas, por meio de jogos e brincadeiras,
para desenvolver a aprendizagem de crianças e jovens em processo de escolarização.

No 3º ano do Ensino Fundamental, os alunos deveriam consolidar o processo de


alfabetização. No entanto, devido à pandemia, os alunos passaram o ano de 2020 em ensino
remoto e sem a presença do professor. Basicamente, eles não cursaram o 2º ano. Assim, a
alfabetização das crianças se tornou um desafio. Por esta razão, surgiu a necessidade de tornar
as atividades propostas mais atrativas e enriquecedoras, facilitando o processo de alfabetização
dos alunos. Optou-se, então, em trabalhar as atividades com os jogos no ensino remoto, durante
o primeiro semestre do ano de 2021.

Os jogos pedagógicos selecionados foram baseados na apropriação do sistema de escrita


alfabética e no desenvolvimento de habilidades de consciência fonológica, tais estudos se
fundamentam na Teoria da Psicogênese da Língua Escrita, proposta pelas autoras Emília
Ferreiro e Ana Teberosky. Tais autoras defendem que:

[...] uma concepção de língua escrita como um sistema de notação que, no caso, é
alfabético. E, na aprendizagem desse sistema, elas constataram que as crianças ou os
adultos analfabetos passavam por diferentes fases que vão da escrita pré-silábica, em
que o aprendiz não compreende ainda que a escrita representa os segmentos sonoros
da palavra, até as etapas silábica e a alfabética. No processo de apropriação do sistema
de escrita alfabética, os alunos precisariam compreender como esse sistema funciona
e isso pressupõe que descubram que o que a escrita alfabética nota no papel são os
sons das partes orais das palavras e que o faz considerando segmentos sonoros
menores que a sílaba. (ALBUQUERQUE, 2007 p.15-16).

Ferreira e Cavalcante (2012) ressaltam que, para os alunos em processo de apropriação


do Sistema de Escrita, os jogos pedagógicos ou atividades de análise fonológica são importantes
instrumentos para o aprendizado da língua, pois levam os alunos a pensar nas palavras em sua
dimensão não só semântica, mas também sonoro-escrita. Refletir sobre a relação entre a escrita
e a pauta sonora ajuda os estudantes a estabelecer e sistematizar as relações entre letras ou
grupos de letras e os fonemas com mais eficiência, princípio fundamental para a alfabetização.

Trabalhar atividades diferenciadas permite ao professor ser um mediador da


aprendizagem e, para isso necessita planejar situações pedagógicas de incentivo e estímulo,
selecionando e/ou criando recursos didáticos que possibilitem a realização do trabalho
pedagógico, eficiente e diversificado no desenvolvimento das capacidades e direitos de
aprendizagem dos alunos no ciclo de alfabetização.

[...] os estímulos não atuam diretamente, mas sim são transformados pelos sistemas
de assimilação do sujeito seus “esquemas de assimilação”: neste ato de transformação,
o sujeito interpreta o estímulo (o objeto, em termos gerais), e é somente em
consequência dessa interpretação que a conduta do sujeito se faz compreensível.
(FERREIRO; TEBEROSKY, 1999, p. 29-30).

Os estímulos foram direcionados ao aluno para o ensino e aprendizagem acerca do


desenvolvimento da leitura e da escrita da língua. Nesse sentido, ele deixa de ser o sujeito
passivo, para ser foco da aquisição do sistema alfabético, através de incentivos constantes do
professor. Para isso, a alfabetização deve ser contextualizada, o aluno deve entender, em sua
visão de mundo, os conteúdos explanados na escola e os conhecimentos prévios não podem ser
descartados ou desconsiderados. Ferreiro pontua nessa direção que:

[...] aceitar a realidade dos processos de assimilação implica também aceitar que
aprendizagem alguma começa do zero; o estudo pormenorizado do que a criança
traz consigo – sua bagagem de esquema interpretativos – antes de iniciar o processo
de escolarização é essencial – para saber sobre que bases será possível estimar que
tal ou qual informação (apresentada desta ou daquela maneira) será fácil, difícil ou
impossível de ser assimilada pela criança (FERREIRO, 2015, p. 77, destaque da
autora).

Nesse contexto, é preciso ter um olhar focado nos conteúdos e metodologias que estejam
relacionados ao que já foi vivenciado pelos alunos, bem como na atual realidade. Isso significa
expor nas aulas as experiências dos alunos, por meio de temas relevantes do universo em que
eles estão inseridos.

2 METODOLOGIA

A metodologia utilizada foram atividades lúdicas com a utilização de jogos pedagógicos


de apropriação do sistema de escrita alfabética e desenvolvimento da consciência fonológica,
realizadas no ensino remoto no primeiro semestre de 2021, com o objetivo de promover a
apropriação do sistema de escrita alfabética e o desenvolvimento da consciência fonológica dos
alunos do 3º ano no processo de alfabetização. Os alunos assistiam às aulas em casa pelo
“Projeto Aula em Casa” e recebiam orientações paralelas da professora do processo específico
de alfabetização. Eram acompanhados através do grupo de WhatsApp da turma, plataforma
Google Classroom e pelo aplicativo Meet. O planejamento dessas atividades foi desenvolvido
em seis etapas.
Na primeira etapa, foi feita a pesquisa sobre jogos em sites da internet e posteriormente
foram confeccionados vários jogos, com materiais diversos como: papel ofício, E.V.A, caixas
de presentes, cola de isopor, papel cartão, tesoura, cola branca, fita dupla face, pincel atômico
marcador e papel contact transparente.
Na segunda etapa, foram planejadas as estratégias de ensino utilizando jogos
pedagógicos, com o objetivo de promover a apropriação do sistema de escrita alfabética e o
desenvolvimento de habilidades de consciência fonológica.
Na terceira etapa, foi explicado no grupo de WhatsApp da turma, os nomes dos alunos
que iriam manusear os jogos, o dia e a hora da retirada dos materiais na secretaria da escola,
bem como o dia da devolução para que outros alunos pudessem usar também. Durante a
entrega e retirada dos materiais cumpriu-se rigorosamente os protocolos de segurança como
uso de máscaras, álcool em gel e distanciamento.
Na quarta etapa, foi utilizado o Rolinho Pedagógico das Letras Móveis, um jogo que
leva a refletir sobre os princípios do Sistema de Escrita Alfabética e, após a atividade, foi feita
a contação da história do livro ABC Doido de Ângela Lago, realizada por um adulto da família
para o aluno.
Na quinta etapa, foi aplicado o jogo Silabário Móvel, que contempla atividade de análise
fonológica. Após o término da atividade com o jogo foi feita, por um adulto, a contação da
história das letras do alfabeto, do livro Bichionário de Nilson José Machado, explorando os
elementos da obra como: capa, biografia do autor, a imagem dos bichos e seus nomes, as cores
e as letras de A a Z. Tais livros usados nas contações fazem parte do acervo de livros
paradidáticos da biblioteca da escola Benício Leão.
Na sexta e última etapa, foram propostas atividades de leitura de textos simples que
foram enviados no grupo da turma para estimular a leitura, a interpretação oral e a linguagem
escrita dos alunos que juntamente com os pais gravaram vídeos dos alunos lendo e tiraram fotos
das atividades escritas e enviaram via WhatsApp, para a professora.

3 RELATO DE EXPERIÊNCIA

Ao final do ano letivo de 2020, foi aplicada uma sondagem de escrita, que consiste num
ditado com quatro palavras do mesmo campo semântico para verificar como os estudantes
estão se apropriando do sistema alfabético. Foram ditadas quatro palavras: CAMA-FACA-
LUVA-MEIA. O resultado da atividade traçou um perfil de 11 alunos pré-silábicos, 12 alunos
silábicos e 04 alunos silábico-alfabéticos. Em virtude desse diagnóstico, considerou-se no
início do ano letivo de 2021, mesmo em ensino remoto, a necessidade de buscar recursos
didáticos que contribuíssem para que os alunos se apropriassem do princípio alfabético,
amenizassem assim dificuldades pedagógicas ocasionadas pelo distanciamento social no ano
de 2020.
O público-alvo desse planejamento foram alunos do 3º ano do Ensino Fundamental da
Escola Estadual Professor Benício Leão. Uma turma composta por 27 alunos com idades entre
7 e 8 anos, dos quais 16 são meninas e 11 são meninos.
A primeira etapa deste projeto didático foi a realização de pesquisas sobre jogos
pedagógicos que contemplassem o desenvolvimento do sistema de escrita alfabética e o
desenvolvimento da consciência fonológica, em sites da internet e em seguida foram
confeccionados vários tipos de jogos com materiais diversos.
Após as pesquisas e a confecção do material, foi realizada a segunda etapa que consistiu
no planejamento de estratégias de ensino utilizando os jogos pedagógicos a fim de elevar o
nível de aprendizagem da leitura e da escrita dos alunos durante o processo de alfabetização.
Na terceira etapa, foi repassado para os pais todas as informações necessárias para a
aplicação dos jogos em casa, esse contato se deu via grupo de WhatsApp da turma, por ligação
telefônica e mensagens. Eram informados os nomes dos alunos que iriam manusear os jogos,
o dia e a hora da retirada dos materiais na secretaria da escola, bem como o dia da devolução,
para que outros alunos pudessem usar também, a dinâmica funcionava em formato de rodízio.
Na quarta etapa, deu-se a aplicação do Rolinho Pedagógico das Letras Móveis, um Jogo
que leva a refletir sobre os princípios do Sistema de Escrita Alfabética. Para (Leal et al. 2008),
“esses jogos favorecem a reflexão sobre o funcionamento do sistema de escrita, ou seja, os
princípios que constituem a base alfabética, promovendo reflexões sobre as correspondências
entre letras ou grupos de letras e fonemas”. Tal jogo, consiste, primeiramente, na observação
das imagens, entender o que é, qual a letra inicial e ir em busca de todas as outras letras até
formar a palavra, ou seja, o nome da imagem. Ao final, o aluno fez leitura em voz alta das
palavras formadas.
Depois do manuseio dos rolinhos e da leitura em voz alta, o aluno fez os registros das
palavras na folha da atividade de fixação, escreveu a quantidade do número de letras e a
quantidade de sílabas que compõem cada palavra e depois fez produção de pequenas frases com
palavras do jogo. Juntamente com o jogo Rolinho Pedagógico das Letras Móveis foi enviado o
livro ABC Doido de Ângela Lago, para leitura deleite com a orientação de que um adulto da
família fizesse a contação da história para o aluno, explorando os elementos do livro com
perguntas orais de alguns nomes de animais, extraindo número de sílabas, de letras e de vogais.
Foram feitas também, perguntas sobre algumas palavras que rimavam entre si.

Imagem 0169 – Rolinho pedagógico das letras móveis

Fonte: Acervo escolar, 2021.

A professora enviou, na quinta etapa, o jogo Silabário Móvel, que contempla atividade
de consciência fonológica. Para Leal et al. 2008, “esses jogos auxiliam as crianças a tomar os
sons como objeto de reflexão, de modo que os estudantes podem mais facilmente perceber que,
para escrever, precisam refletir sobre como se constituem as palavras e quais são as
semelhanças e diferenças entre as palavras quanto à dimensão sonora”. O jogo Silabário Móvel
consiste em mexer a sílaba ou a letra do silabário, para baixo ou para cima e descobrir as
palavras por meio da leitura e depois registar, no caderno, sempre analisando a formação de
cada palavra considerando o número de letras e as sílabas iniciais e finais.
Ao término da atividade com o jogo foi feita, por um adulto, a leitura deleite da história
das letras do alfabeto do livro Bichionário de Nilson José Machado. Tais livros usados nas
leituras deleite fazem parte do acervo de livro paradidáticos da biblioteca da escola.

69
As imagens foram manipuladas através do Aplicativo CYMERA com o objetivo de apresentar um maior número
de evidências das atividades desenvolvidas com o jogo pedagógico Rolinho pedagógico das letras móveis.
Imagem 0270 – Silabário Móvel: letras e sílabas

Fonte: Acervo escolar, 2021.

As atividades propostas na sexta e última etapa, foram atividades de verificação da


aprendizagem de conteúdo, do desenvolvimento da leitura de textos simples que foram
selecionados e enviados pela professora no grupo de WhatsApp, a verificação da interpretação
oral e escrita dos alunos. Juntamente com os pais gravaram vídeos realizando a leitura, tiraram
fotos das atividades escritas e enviaram via WhatsApp, para a professora.
Vale ressaltar, que além desses dois jogos acima relatados, outros jogos pedagógicos
foram utilizados pelos alunos, em casa, a fim de avançar no seu processo de alfabetização, que
não serão relatados neste capítulo, mas serão evidenciados por meio das imagens abaixo, que
foram manipuladas pelo aplicativo Cymera e todas fazem parte do acervo escolar, 2021.

Imagem 03 - Jogo Formando Palavras Imagem 04 - Rolo letra inicial móvel

70
As imagens foram manipuladas através do Aplicativo CYMERA com o objetivo de apresentar um maior número
de evidências das atividades desenvolvidas com o jogo pedagógico Silabário Móvel: letras e sílabas.
Imagem 05-Caça-animais e Atividade escrita Imagem 06 - Quebra-cabeça

Imagem 07-Trilha da Chapeuzinho Vermelho Imagem 08 - Jogo da Memória dos Animais

4 RESULTADOS

Os resultados demonstram que os objetivos alcançados foram satisfatórios, pois os


alunos avançaram no processo de alfabetização, o que contribuiu para a continuidade desse
processo no ensino alternado. Vale ressaltar a contribuição da família dos alunos que seguiu as
orientações da professora e dessa forma a distância entre a escola e os alunos foi diminuída
facilitando o processo de alfabetização.
Percebeu-se também, que os avanços só foram possíveis porque houve um planejamento
prévio repassado aos pais e por eles compreendido. Os objetivos de cada jogo estavam bem
definidos e a sua aplicabilidade foram bem executadas pelo aluno com o auxílio da família.
Corroboro com a professora Ivanise Cristina da Silva Calazans, do 2º ano da Escola
Municipal Nova Santana (Camaragibe – PE), quando a mesma afirma que
[...] Julgo que o ensino, quando aplicado e assistido por meio de jogos e brincadeiras,
proporciona um ambiente atraente e divertido, servindo como estímulo para o
desenvolvimento global dos alunos. Ressalta-se ainda, que cabe ao professor uma
busca contínua de ampliação de seus conhecimentos sobre o ato de ensinar e aprender
e que ao fazer uso contínuo de jogos, proporciona o desenvolvimento integral de seus
alunos. (CRUZ, 2012)

Planejar atividades lúdicas ao longo do processo de alfabetização permite ao professor


ter um olhar respeitoso e atencioso das formas de aprendizagens e dos saberes adquiridos. E
enquanto alfabetizador atuante no processo, cabe criar novas ideias, utilizar novos recursos e
métodos de ensino. Nesse sentido, os jogos foram confeccionados para facilitar a compreensão
e a aprendizagem dos alunos de forma lúdica.
Por este motivo a escolha do uso dos jogos no desenvolvimento do projeto são um
exemplo dessa ideia, visto que os estudantes veem no lúdico uma forma de aprender nessa
etapa da escolaridade, ainda que não tenham consciência disso. Assim, o aluno, ao jogar,
envolve-se com os conteúdos do jogo, apreendendo-os, em virtude de o jogo ser algo presente
em seu contexto de vivência infantil. No entanto, é preciso prestar a atenção para o fato de
que nem tudo se aprende e se consolida durante uma brincadeira. É preciso criar situações em
que os alunos possam sistematizar aprendizagens, tal como propõe Kishimoto (2003):
A utilização do jogo potencializa a exploração e construção do conhecimento, por
contar com a motivação interna, típica do lúdico, mas o trabalho pedagógico requer a
oferta de estímulos externos e a influência de parceiros bem como a sistematização de
conceitos em outras situações que não jogos. (KISHIMOTO, 2003)

Durante o ensino remoto, a realização das atividades com os jogos pedagógicos só foi
possível graças ao engajamento entre os agentes escolares como a secretaria da escola, que
montou um cronograma com datas para entrega e recebimento do material, e a professora ia até
a escola (cumprindo todos os protocolos de segurança), orientava e fazia o acompanhamento
via grupo de WhatsApp, dos pais que vinham à escola fazer a retirada e a devolução dos jogos
e dos alunos que manuseavam os jogos pedagógicos para realizarem suas atividades.

5 CONCLUSÃO

O planejamento foi desenvolvido no período de fevereiro a maio do ano de 2021 durante


o ensino remoto. O alcance dos objetivos só foi possível devido ao envolvimento dos
responsáveis pelos alunos que contribuíram para que eles se tornassem protagonistas de todo o
processo de aplicação deste planejamento. Durante o percurso, foi observado que os erros
cometidos pelos alunos ao tentarem escrever palavras durante a realização das atividades
corroboraram como reveladores das hipóteses da Psicogênese da Escrita, evidenciando o
processo de construção de conhecimentos sobre um sistema notacional e inserção em práticas
sociais de leitura e escrita. A aprendizagem, portanto, passa a ser vista como um processo
exitoso, em que os alunos (aprendizes) ativos buscam entender os princípios que constituem o
nosso sistema de notação.
Os alunos aprenderam a gostar dos estudos, compartilhar e a cuidar dos jogos.
Avançaram de modo significativo, tanto na leitura quanto na escrita. A realização deste projeto
contou com o apoio dos pais e da secretaria da escola na entrega e recebimento dos materiais e
o cuidado em guardá-los; da professora alfabetizadora que ia até a escola para fazer a separação
e organização da entrega dos jogos e da gestão escolar que passou a divulgar as atividades dos
professores mostrando à comunidade os trabalhos exitosos e despertando o interesse nos demais
professores pela busca de novas metodologias.
Considera-se a experiência da confecção dos jogos pedagógicos, da aplicabilidade de
cada um deles e do engajamento dos agentes envolvidos, um sucesso, porque entende-se que
ninguém é autossuficiente diante de um trabalho que demanda várias ações diretamente com 27
ou mais crianças, principalmente nessa fase da vida escolar que exige os atos de cuidar e educar,
pois percebeu-se o verdadeiro espírito coletivo ao se perceber de quem era possível pedir ajuda.
Diante das experiências com jogos, conclui-se este trabalho na certeza de que as
atividades lúdicas quando presentes na prática docente contribuem para o crescimento físico,
psíquico e mental das crianças que estão na fase do processo de apropriação do sistema de
escrita alfabética, uma vez que contribuem para a consolidação desse processo.

REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, Eliana B. Conceituando alfabetização e letramento. In: SANTOS, Carmi


Ferraz (org.). Alfabetização e letramento: conceitos e relações. Belo Horizonte: Autêntica,
2007.

CRUZ, Magna C. S. Currículo no ciclo de alfabetização: ampliando o direito de aprendizagem


a todas as crianças. In: Pacto nacional pela alfabetização na idade certa: vamos brincar de
construir as nossas e outras histórias: ano 02, unidade 01 / Ministério da Educação, Secretaria
de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. - Brasília: MEC, SEB, 2012.

FERREIRO, Emília. Alfabetização em processo. São Paulo: Cortez, 2015.

FERREIRO, E. & TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua escrita. Tradução Diana Myriam


Lichtenstein, Liana Di Marco, Mário Corso. Porto Alegre: Artmed. 1999.
KISHIMOTO, T. (Org.). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo: Cortez, 2003.

LAGO, Ângela. ABC Doido/Angela-Lago; [ilustrações da autora]. 2ª edição. São Paulo:


Melhoramentos. 2010.

LEAL, Telma Ferraz; ALBUQUERQUE, Eliana Borges; BRANDAO, Ana Carolina P;


FERREIRA, Andrea T. B.; LEITE, Tania M. R.; LIMA, Ana Gabriela.; Organização do
planejamento e da rotina no ciclo de alfabetização na perspectiva do letramento. Ano 02.
Unidade 01: In Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa Ministério da Educação
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MACHADO, Nílson José. Bichionário/Nílson José Machado; [ilustrações Dulce Osinski] – São
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AMAZONAS. Aula em casa. Secretaria de Estado de Educação. Governo do Estado do


Amazonas- SEDUC, 2020. Disponível em: <http://www.educacao.am.gov.br/aula-em-casa>.
Acesso em: 25/05/2021.

AMAZONAS. Centro de Mídias de Educação do Amazonas. Secretaria de Estado de Educação.


Governo do Estado do Amazonas, 2020. Disponível em:
<http://www.educacao.am.gov.br/centro-de-midias-de-educacao-do-amazonas>. Acesso em:
25/05/2021.
O USO DE JOGOS PEDAGÓGICOS NO PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO PARA A
APROPRIAÇÃO DO SISTEMA DE ESCRITA ALFABÉTICA E PARA O
DESENVOLVIMENTO DA CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA NO ENSINO REMOTO

Autora

Zilda Andrade Ribeiro


MATEMÁTICA NAS SÉRIES INICIAIS: ABORDAGENS NO ENSINO DA ADIÇÃO
EM TEMPOS DE PANDEMIA

Thaís Maciel da Silva71


DOI: https://doi.org/10.29327/537494.1-9
RESUMO

Este capítulo tem por objetivo relatar as experiências vivenciadas pelos alunos do 4º e 5º anos
do Ensino Fundamental, relacionadas à aprendizagem e consolidação da adição. A metodologia
utilizada foi uma sequência de atividades diversificadas e fundamentadas na construção do
conhecimento pelo aluno, permeadas por interações interpessoais, formação de laços afetivos,
vivências concretas e contextualizadas com a conjuntura da pandemia da SARS-CoV-2. Os
resultados demonstram que trabalhar a adição através de uma sequência de atividades
proporciona ensino permanente e atrativo. Conclui-se que o trabalho trouxe resultados positivos
para a aprendizagem dos alunos e pode ser aplicado tanto no modo de ensino remoto como no
presencial.

Palavras-chave: Matemática. Adição. Ensino remoto.

1 INTRODUÇÃO

Como ensinar adição no ensino remoto e consolidar um conteúdo base da matemática


em meio a uma pandemia? A busca de alternativas que respondessem essa pergunta resultou
em um trabalho pedagógico realizado na Escola Estadual Professor Benício Leão com os alunos
do 4º e 5º anos do Ensino Fundamental I.
O objetivo principal foi o aluno aprender e consolidar a aprendizagem da operação
matemática de adição. O trabalho foi realizado no modo de ensino totalmente remoto, através
de aulas na TV oferecidas pelo Programa Aula em Casa da Secretaria de Educação do
Amazonas e de uma sequência de atividades sobre adição, aplicada pela professora da turma.
A aprendizagem que acontece nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental é um tema
muito relevante, pois é durante este período que esperamos que a criança forme sua base de
conhecimentos, aprenda a ler, escrever e interpretar o mundo. “Sendo a matemática um
conhecimento de natureza cumulativa, os anos iniciais da escolarização são decisivos para a
construção de alicerces que sustentem os conteúdos posteriores.” (BRANDT e MORETTI, 2016,
p.19). Nesse sentido, é importante entender que os conhecimentos matemáticos ensinados nessa

fase e o modo como essa aprendizagem acontecerá serão essenciais para o futuro escolar do

71
SILVA. T. M. da. Graduada em Licenciatura Plena em Pedagogia, professora na Escola Estadual Professor
Benício Leão. E-mail: thais.maciel.silva@seducam.pro.br
aluno, já que é nesse momento que eles precisam aprender a base da matemática que irão utilizar
no resto da vida, como nos diz a Base Nacional Comum Curricular – BNCC:
Nesse período da vida, as crianças estão vivendo mudanças importantes em seu
processo de desenvolvimento que repercutem em suas relações consigo mesmas, com
os outros e com o mundo... a relação com múltiplas linguagens, incluindo os usos
sociais da escrita e da matemática, permite a participação no mundo letrado e a
construção de novas aprendizagens, na escola e para além dela. (BRASIL, 2018, p.58)

Partindo desse entendimento é preciso pensar em como não deixar essa fase tão
significativa para os alunos ser comprometida pelas adversidades, já que no ano de 2020 o país
e o mundo sofreram com a crise pandêmica devastadora da SARS-CoV-2. Durante uma
pandemia todas as áreas do cotidiano sofrem consequências terríveis, problemas comuns do
dia-a-dia são agravados. Luto, internação, falta de oxigênio, desemprego, ansiedade e fome
foram alguns desses problemas. As famílias passaram a viver em um intenso estado de alerta,
com as crianças ociosas dentro de casa, e sem saberem como seria seu futuro breve ou distante.
O mundo da educação também foi impactado e o trabalho do professor nesse cenário
toma perspectivas inesperadas. É preciso planejar um trabalho que possa funcionar de modo
remoto, que não paralise ante as dificuldades e que se ajuste à realidade dos alunos e às suas
inúmeras problemáticas: falta de acesso à internet; famílias com um único televisor; crianças
cuidadas pelos avós e os que cuidam de irmãos menores que eles; estudantes com dificuldade
na leitura e na escrita; famílias enlutadas e desmotivadas. O trabalho relatado aqui aconteceu
no primeiro bimestre de 2021, executado completamente durante o ensino remoto, pois a cidade
de Manaus estava passando pelo segundo momento mais crítico da pandemia.
A função do professor foi administrar as dificuldades e planejar alternativas visando
alcançar o maior número de alunos. Como todos estavam em um momento atípico e inesperado,
foi preciso muito diálogo e paciência no processo de adaptação tanto dos professores quanto
dos alunos; muito diálogo foi travado a fim de se verificar quais as melhores estratégias para
obter um resultado satisfatório. Dessa forma a aprendizagem foi sucedendo-se simultaneamente
entre professora e alunos, o que foi muito relevante para o ensino da matemática, pois como
nos lembra Lourenço (2012):

Para que o aluno aprenda matemática, ele precisa se sentir seguro diante de sua
representação, precisa descobrir o caminho de uma relação menos angustiante,
substituindo o caráter que o oprime na aprendizagem pela alegria da descoberta, para
que juntos, aluno e professor, possam aprender, criar e recriar seus conhecimentos.
(LOURENÇO, 2012)

Durante os diálogos percebeu-se algumas dificuldades na aprendizagem dos alunos


relacionadas a problemas antigos. É importante informar que no 1º ciclo, que corresponde às
turmas de 1º ao 3º ano, essas turmas passaram por diversas situações que comprometeram o
pleno desenvolvimento dos alunos e a consolidação da alfabetização no período esperado, como
paradas das aulas ocasionadas por greve, a reforma da escola, a constante troca de professores,
além da pandemia que tornou o ano letivo de 2020 quase inexistente para os alunos que não
tinham acesso à internet e nem acompanhamento familiar.
Através das devolutivas das atividades, os alunos demonstraram desempenho
insatisfatório no aprendizado da adição já que essas habilidades não foram consolidadas no
período esperado. Durante o período remoto em 2020 foi possível perceber o quanto o ensino
da matemática através de aulas online trazia resultados não satisfatórios, devido à ausência do
professor. Os alunos retornaram para a escola no modo alternado em setembro de 2020 ainda
sem dominar as habilidades matemáticas relacionadas à adição.
Em 2021, quando as aulas tiveram que acontecer mais uma vez unicamente em ensino
remoto, foi necessário pensar em alternativas diferentes para alcançar esses alunos e obter
resultados positivos em suas aprendizagens. E desse modo foi escolhida uma sequência de
atividades, de modo geral, direcionadas à fixação de conteúdos matemáticos voltados para
operação de adição, tais como: sistema de numeração decimal; leitura e escrita de numerais
com até três classes; algoritmo da adição; técnicas de contagem; estratégias de cálculos;
raciocínio lógico; adição com e sem reagrupamento e situações-problemas envolvendo
situações do dia-a-dia, além de trabalhar o eixo oralidade do componente curricular de Língua
Portuguesa.

2 METODOLOGIA

Aqui veremos como foi trabalhada uma parte do processo de ensino e consolidação da
aprendizagem da operação de adição com 70 alunos da faixa etária entre 9 e 11 anos, do 4º e 5º
anos, no modo de ensino remoto. O objetivo do trabalho desenvolvido foi consolidar a
aprendizagem da adição utilizando uma sequência de atividades feitas para instigar a construção
do conhecimento pelo próprio aluno com atividades que envolveram leitura, escrita, desenho e
vídeo e pela presença de interação, de ludicidade e de afetividade durante a realização do
trabalho no formato de ensino remoto.
As atividades foram organizadas de modo que o aluno pudesse construir em etapas a
aprendizagem da operação de adição através de atividades com níveis de dificuldades diferentes
para que ao longo do processo fossem realizadas intervenções pedagógicas de modo que os
alunos consolidassem essa aprendizagem. O período de duração foi de 23 de março de 2021 até
10 de maio de 2021.
A sequência das atividades aplicadas foi: 1) Atividade com passo-a-passo ilustrado do
algoritmo da adição; 2) Atividade com algoritmos de adição feitos no quadro valor de lugar; 3)
Atividade com algoritmos da adição com desenhos de indicação para direcionar as adições com
e sem reagrupamento; 4) Atividade de adição com leitura e interpretação de gráficos e tabelas;
5) Lista com problemas simples de adição com números até três classes; 6) Atividade com
passo-a-passo sobre problemas de adição; 7) Lista com algoritmos de adição com números até
três algarismos; 8) Vídeo produzido pela professora; 9) Vídeo produzido pelos alunos; 10) Lista
com algoritmos de adição com números de até três ordens;
As atividades foram planejadas e escolhidas com o propósito de oferecer aos alunos uma
aprendizagem significativa, através de uma experiência de troca e construção de
conhecimentos, tendo o aluno como principal agente, além de estabelecer relações interpessoais
para proporcionar aproximação entre professora, alunos e família, na tentativa de tornar a
família mais participativa. O ensino da matemática por vezes limita-se a atividades escritas,
algoritmos e regras a serem decoradas. No entanto, o ensino da matemática deve ser
contextualizado com o dia-a-dia dos alunos. O ensino da matemática precisa ser voltado para o
uso efetivo dela na vida das pessoas, assim como nos orienta Brandt e Moretti:

O professor deve ter como objetivo fazer com que o aluno consiga aplicar o que
aprendeu em sala de aula, relacionando a matemática escolar com a matemática da
vida. Não se deve tomá-las como duas coisas diferentes, pois a matemática existe tanto
por uma necessidade humana de quantificar e medir o mundo quanto pela necessidade
de utilizar seus métodos em nosso cotidiano. (BRANDT e MORETTI, 2016, p.161)

Durante o trabalho realizado, foram planejadas ações que pudessem tornar a interação
entre professor e aluno mais próxima, uma vez que estavam no formato remoto, mediados pela
tecnologia. O professor precisa ser mais do que um fornecedor de informações, principalmente
no ensino remoto. Segundo Litto (2012)

O professor não é mais aquele que apenas “entrega informação” e, ao final, cobra o
conteúdo, mas é parceiro do aluno, o coordenador do processo de ensino-
aprendizagem. Age como o mais experiente ao estimular, acompanhar, polemizar e
auxiliar na formalização dos processos e resultados com os alunos. (LITTO, 2012).

Desse modo priorizou-se o diálogo entre professor e alunos, entre alunos e família e
entre família e professor. As orientações passadas por áudio, vídeo e ligações estabeleceram
esse diálogo. As atividades foram planejadas contemplando tanto questões que o aluno pudesse
fazê-las sozinho como questões que precisariam da ajuda de um familiar. Da mesma forma
podiam tirar dúvidas com a professora da turma e até olhando o exemplo de atividades de outros
colegas de turma.
Outro aspecto importante levado em consideração durante a execução das atividades foi
a afetividade. Os estudantes estavam longe da escola, sem a presença do professor vivendo um
momento desafiador. Para ajudá-los a vencer os desafios do momento e se sentirem mais
próximos da professora, a afetividade permeou todo esse processo.
Na educação infantil a afetividade que é tão essencial, por vezes acaba tendo sua
importância negligenciada nas séries iniciais. Mas os alunos do ensino fundamental ainda são
crianças e assim como a ludicidade deve ainda estar presente para oferecer aprendizagem de
um modo leve, a afetividade também deve ser parte fundamental do ensino nessa fase,
principalmente ao se trabalhar o ensino da matemática. É preciso quebrar o estigma de que a
matemática é difícil e é chata, e introjetar no aluno que a matemática é fácil e pode sim ser
divertida. Sarnoski nos orienta sobre como a afetividade afeta o desenvolvimento do ser
humano ao dizer que:

Diretamente ligada à emoção, a afetividade consegue determinar o modo com que as


pessoas visualizam o mundo e também a forma com que se manifestam dentro dele.
Todos os fatos e acontecimentos que houve na vida de uma pessoa traz recordações e
experiências por toda sua história, dessa forma, a presença de afeto determina a forma
com que o indivíduo se desenvolverá. (SARNOSKI, 2014)

Partindo desse entendimento e através da observação podemos dizer que os alunos


aprendem melhor com pessoas pelas quais eles sintam afeto, com quem eles têm laços de
amizade e com quem sentem proximidade. Presencialmente estreitamos os laços de afetividade
convivendo, conversando, brincando e conhecendo os alunos, mas com a educação acontecendo
à distância foi preciso pensar em como construir essa relação afetiva e saber se no modo de
ensino remoto, esse vínculo faria alguma diferença de fato. Então foram inseridas iniciativas
simples como chamar os alunos pelo nome, sempre levar em consideração suas dificuldades e
condições e demonstrar abertura para o diálogo, buscando através da interação afetiva um
ensino agradável e efetivo.

3 RELATO DE EXPERIÊNCIA

Seguindo o objetivo de oferecer um aprendizado significativo envolvendo diversos


meios para se trabalhar a aprendizagem da matemática, especificamente os conteúdos de adição
e problemas matemáticos envolvendo adição, foi planejada uma sequência de atividades que
pudesse trabalhar com vários recursos didáticos e de forma interdisciplinar com o componente
de Língua portuguesa com o objetivo de desenvolver a oralidade. Todas essas atividades foram
permeadas por momentos de interação e aproximação, mesmo que à distância, entre todos os
envolvidos no processo para consolidar essa aprendizagem.
Apesar do trabalho envolver os alunos do 4º e 5º ano, todas as atividades começaram
em um nível básico, como uma revisão sobre a adição. Foi levado em consideração que no ano
anterior muitos alunos ficaram sem estudar, que nem sempre conseguiam acompanhar as aulas
na TV e também os casos de alunos fora do nível esperado para sua fase. Conforme a devolutiva
dos alunos através de fotos enviadas pelo aplicativo WhatsApp, foi delimitado e traçado novos
níveis de dificuldade para que eles continuassem avançando
Foram preparados materiais escritos específicos com níveis de dificuldade diferentes,
passo-a-passo do algoritmo de adição com desenhos e gravuras, passo-a-passo de problemas de
adição com dicas de como identificar e interpretar a pergunta-chave do problema para saber
como armar o algoritmo.
Esses problemas eram contextualizados com temáticas da vivência do aluno, como seu
bairro, sua escola, seu país, a pandemia e outros. Além disso, foram utilizadas tabelas e gráficos
com vivências dos alunos para a realização de cálculos com adição. Para estimular o raciocínio
lógico, os problemas foram elaborados contendo perguntas-chave, excluindo perguntas
objetivas. Exemplos: “José tem 50 carneiros em sua fazenda e comprou mais 15. Quantos tem
agora?” para perguntas como “Maria recebeu 600 reais de auxílio emergencial em junho e
depois recebeu mais 600 em julho. Quanto ela recebeu nesses dois meses?”.
Todas as atividades foram enviadas em formato de documento PDF para que tanto os
pais quanto os alunos pudessem visualizar melhor no celular, e foram enviadas através do grupo
da turma no aplicativo WhatsApp. As orientações foram feitas no próprio grupo e também foram
registradas no documento da atividade. As ações foram planejadas em etapas.
A 1ª etapa foi feita através do envio da atividade com o passo-a-passo ilustrado do
algoritmo da adição conforme a Figura 1, com o intuito de unificar o nível de explicação para
os alunos do 4º e do 5º ano que soubessem ler ou os que ainda não dominassem a leitura. A
atividade orientou sobre o conceito da adição, como se utiliza o algoritmo de adição, como se
conta usando os dedos e a mente e o passo-a-passo em si para o aluno seguir na hora de resolver
uma adição.
A 2ª etapa foi a atividade com os algoritmos de adição feitos no quadro valor de lugar
para ajudar os alunos a visualizarem melhor a resolução dos algoritmos. Como alguns deles
ainda tinham dificuldade em entender como resolver o algoritmo da adição com números com
quantidade de algarismos diferentes, essa atividade com o quadro valor de lugar ajudou
bastante.
A 3ª etapa foi uma atividade com algoritmos da adição com desenhos de indicação para
direcionar as adições com e sem reagrupamento. Os alunos do 4º ano de 2021 cursaram o 3º
ano em 2020 que foi muito comprometido devido ao início da pandemia. Por esta razão, essa
atividade contribuiu com os alunos que estavam em nível básico assim como os que estavam
em nível avançado.
Conforme a devolutiva dos alunos, eles foram orientados pela própria professora por
meio de áudios, vídeos e ligações. Uma dificuldade encontrada nesse momento foi a
divergência de horários entre o momento em que o aluno fazia as atividades, o momento em
que o familiar estava presente para ajudar e o momento em que a professora podia responder.
Como a maioria dos pais só tinha tempo à noite ou no fim de semana para ajudar os filhos, os
horários ficaram desencontrados, mas conforme as atividades foram acontecendo, esses
impedimentos foram se alinhando. Os pais iam mandando as dúvidas e as atividades nos
horários que podiam, e assim que possível a professora ia respondendo. E a cada semana já era
possível partir para um próximo passo ou nível de dificuldade nas atividades.
Todos os áudios, vídeos e orientações escritas eram feitas de forma pessoal e distinta
para alunos e pais. A maioria delas eram direcionadas para os alunos, com o nome deles, mesmo
que quem recebesse em um primeiro momento fosse o responsável, pois depois, quando ele
mostrasse a mensagem para o aluno, esse veria que quem estava orientando ou pedindo alguma
correção era a própria professora e não o pai. As mensagens eram enviadas com linguagem
simples e descontraída como, por exemplo: “Gabriel, aqui na segunda questão você armou bem
direitinho, tá perfeito, mas você esqueceu o sinal de adição na letra A e D. Ajeita depois e
manda a foto pra mim, tá bom? ” As mensagens direcionadas para os pais eram para orientação,
sobre a importância de algumas atividades serem escritas e outras não, sobre como eles podiam
ajudar o aluno, como organizar a rotina e como fazer um cantinho de estudos. As orientações
eram em sua maioria de “como ajudar sem dar a resposta'', como por exemplo: “Mãe, toda vez
que ele quiser contar desenhando riscos, você deixa e em seguida mostra como ele pode fazer
a mesma conta usando a mente e os dedos. Ou então façam uma dinâmica onde ele faz uma
conta sozinho do jeito dele, em seguida você faz do seu jeito em voz alta pra ele perceber que
dá pra chegar no mesmo resultado mais rápido”.
Figura 172 - Atividades com passo-a-passo sobre algoritmo e problemas de adição

Fonte: Acervo escolar, 2021.

Depois de adaptados com as atividades simples de adição nas quais tinham apenas que
armar e efetuar o algoritmo corretamente, os alunos começaram a ler e interpretar problemas
com um nível um pouco maior de dificuldade. A 4ª etapa foi composta por atividades e também
por uma avaliação de adição com leitura e interpretação de gráficos e tabelas conforme a Figura
2, com o objetivo de sondar se os alunos estavam conseguindo interpretar as situações-
problemas.

Figura 273 - Avaliação com temática da vacinação para a SARS-CoV-2

Fonte: Acervo escolar, 2021.


A 5ª etapa foi uma atividade com problemas de matemática simples com valores até três
algarismos, apenas para que os alunos relembrassem ou se familiarizassem com a estrutura da
resolução de um problema de matemática que tem basicamente as informações sobre uma

72
A imagem foi manipulada através do programa Power Point com o objetivo de apresentar um quantitativo maior
de evidências das atividades enviadas aos alunos.
73
A imagem foi manipulada através do programa Power Point com o objetivo de apresentar a avaliação enviada
aos alunos.
determinada história, seguida de uma pergunta, e que o aluno deve solucionar realizando um
cálculo e respondendo com uma frase.
Notou-se, no entanto, que devido alguns alunos ainda não estarem consolidados na
aquisição da leitura, houve um número muito grande de alunos que tiveram dificuldades em
copiar os problemas no caderno e que sequer conseguiram entender qual a pergunta do
problema. E por isso na 6ª etapa foi oferecido para os alunos uma atividade com um passo-a-
passo sobre problemas de adição com dicas de como organizar a escrita de um problema no
caderno com espaço para os cálculos e para a resposta e de como identificar a pergunta do
problema. Para ajudar na fixação da aprendizagem da resolução dos algoritmos e também
observar as dificuldades dos alunos foi disponibilizado na 7ª etapa uma lista de algoritmos para
serem resolvidos com números até três algarismos com zeros, com e sem reagrupamentos.
Nesse momento foram surgindo muitas dúvidas dos alunos, mas eles precisavam desse
momento para poder organizar as ideias na hora de solucionar um problema matemático. E
conforme as dúvidas que os alunos e os pais apresentaram na devolutiva das atividades, foi
chegado o momento em que para complementar as aulas assistidas na TV e com o intuito de
analisar se um vídeo produzido por alguém do convívio dos alunos surtiria algum efeito
positivo, os alunos puderam também assistir através de vídeo uma aula ministrada pela própria
professora da turma, a qual eles já conheciam o rosto, a voz, e o jeito de ensinar.
A 8ª etapa da sequência foi a produção de vídeos pela própria professora da turma. Dois
vídeos foram produzidos e disponibilizados na plataforma do Youtube para que os alunos não
precisassem baixar no celular e ocupar a memória. O primeiro vídeo teve a finalidade de revisar
o que é algarismo, a leitura de números até três classes, as centenas, dezenas e unidades. O
segundo vídeo teve o objetivo de demonstrar como armar e resolver um algoritmo de adição
com e sem reserva de forma prática e direta, mostrando também os erros mais comuns dos
alunos, como por exemplo, armar os números fora do lugar, esquecer de somar as reservas, ou
se confundir na hora de somar com o número zero e outros. A maioria dos vídeos disponíveis
na internet são muito longos e com informações demais para alunos do fundamental 1, além de
possuírem uma linguagem muito formal ou muito lenta. O vídeo produzido pela professora da
turma teria como diferencial a ausência de apresentações desnecessárias e a narração pela
própria professora para que os alunos reconhecessem a voz, linguagem simples e acessível,
recurso visual no vídeo como figuras, algoritmo, quadro valor de lugar e até emojis e gifs, a
resolução de exemplos e também a demonstração dos erros mais comuns cometidos pelos
alunos para que os pais também pudessem observar na hora que os alunos fossem fazer os
exercícios.
Figura 374 - Vídeo disponível do Youtube sobre Leitura de números e centena, dezena e
unidade

Fonte: Acervo escolar, 2021.

Figura 475 - Vídeo disponível no Youtube sobre Adição

Fonte: Acervo escolar, 2021.

Na 9ª etapa os alunos foram desafiados a produzir um vídeo caseiro armando e


resolvendo um algoritmo simples de adição, e narrarem o que iam fazendo, com o objetivo de
desenvolver a oralidade e também fixar o conteúdo aprendido nas etapas anteriores. Os alunos

74
A imagem foi manipulada através do programa Power Point com o objetivo de apresentar a evidência do vídeo
publicado no Youtube pela professora.
75
A imagem foi manipulada através do programa Power Point com o objetivo de apresentar a evidência do vídeo
publicado no Youtube pela professora.
receberam a orientação para produzir o vídeo, que consistiu em efetuar um cálculo com adição.
Como antes eles já haviam assistido ao vídeo da professora, muitos dos alunos acharam que
deveriam imitar a professora gravando um vídeo ensinando como resolver um algoritmo.
As devolutivas foram surpreendentes e muito satisfatórias. Os alunos falaram e
ensinaram com domínio do assunto, falando todos os lembretes e até repetindo fielmente as
falas que a professora ensinou e, assim, em vários vídeos os alunos narraram do jeito deles e
repetiam frequentemente algumas frases como “Pra gente começar a conta primeiro eu tenho
que saber quem é centena, dezena e unidade”, “não esqueçam de passar a linha pessoal!”, “Não
pode esquecer o sinal de mais hein, gente!”, “E esse número aqui a gente sobe pro vizinho.”,
“Aqui como não tem ninguém pra somar com ele, eu escrevo ele aqui embaixo”.
Desde o início do ano letivo, através das atividades e das interações foi possível perceber
que os alunos do 4º ano estavam, em sua maioria, no mesmo nível de aprendizagem dos alunos
do 5º ano, e era esperado que na atividade de culminância que foi a produção individual do
vídeo fossem observadas algumas diferenças, mas de modo geral notou-se que os alunos do 4º
ano ficaram até mais "à vontade" diante das câmeras do que os alunos do 5º ano. O que mostra
o quão importante é o trabalho contínuo do docente que prioriza atividades que envolvam
oralidade com os alunos desde bem pequenos, que é o caso específico dessa turma do 4º ano.
Cada vídeo recebido foi comentado detalhadamente pela professora para que os
comentários fossem feitos com os objetivos de elogiar, encorajar e analisar o trabalho dos
alunos sem ser em forma de julgamento ou um simples apontar de erros. Foi primordial que um
diálogo afetivo estivesse presente para estabelecer a confiança entre alunos e professores para
que eles não tivessem medo de mandar um vídeo ou de errar. Criar laços de proximidade é
possível quando se observa os detalhes, a roupa que o aluno está usando, seu jeito de falar, seu
material escolar ou seu cantinho de estudos, a ajuda dos pais na hora de gravar o vídeo, seus
modos pessoais de contar com os dedos e o desenvolvimento de seu raciocínio lógico. Muitas
mensagens eram focadas em elogios e em demonstrar o quanto os alunos aprenderam. Foi
importante deixar claro que a professora realmente assistiu os vídeos, então foram comuns
frases como: “André amei sua blusa dos Vingadores”, “Rayssa, amei seu penteado”, “Cássio,
achei lindo seu gatinho querendo aparecer no vídeo”, “Você armou o algoritmo perfeitamente
e está contando usando os dedos e a mente muito bem!”, “Maisa, você deu uma verdadeira aula!
Amei sua lousa improvisada. Parabéns!”, “Seu vídeo veio até editado com música de fundo!
Sua família é show!”, “Você falou no vídeo que não sabe contar de cabeça, mas você sabe sim!
Fez isso mais de uma vez! Parabéns!”.
A 10ª etapa foi uma lista com algoritmos de adição com nível de dificuldade um pouco
maior para avaliar se as etapas anteriores haviam produzido algum efeito significativo, e a
devolutiva dos alunos demonstrou que isso aconteceu com praticamente todos os alunos que
conseguiram cumprir todas as etapas da sequência de atividades.
Alguns pais puderam perceber ao longo do processo que, às vezes, para gravar um vídeo
de um minuto é preciso mais do que uma hora de tentativas, que o barulho externo atrapalha
muito, e que até a iluminação correta faz toda diferença. Como a professora optou por
compartilhar com os pais através dos status do WhatsApp, o processo de produção dos vídeos,
eles puderam acompanhar o quão difícil é mesmo para os professores, preparar vídeos para os
alunos. Dificuldades que vão desde arrumar uma mesa, falar devagar para as palavras saírem
com uma boa dicção, até improvisar um “Ring Light” com um abajur e uma lâmpada de led. Os
pais compartilharam suas dificuldades e a professora também, e juntos foram encontrando
alternativas para resolver. Foi uma aprendizagem conjunta entre família, alunos e professora.
A culminância do trabalho se deu com um vídeo compilado dos melhores trechos dos
vídeos de cada aluno, e com a explicação da professora de como ocorreu toda a sequência de
atividades, já que é importante que os pais entendam mesmo que de maneira simplificada o
motivo de cada uma das atividades terem sido do jeito que foram. A equipe gestora
compartilhou os trabalhos das turmas para apreciação na página do Facebook da escola como
forma de incentivo para pais e alunos e também para visualizarem os objetivos alcançados.

Figura 576 - Culminância do trabalho publicada na página do Facebook da escola

Fonte: Acervo escolar, 2021.

76
A imagem foi manipulada através do programa Power Point com o objetivo de apresentar a evidência da
publicação da culminância do trabalho na página do Facebook da escola.
A abordagem, os recursos e as medidas adotadas durante toda a experiência foram muito
satisfatórios e a intenção a partir disso é aplicar no ensino de outros conteúdos da matemática,
como nas outras operações básicas de subtração, multiplicação e divisão, além de também
inserir outros eixos da língua portuguesa e de outros temas integradores contemporâneos que
permitam a aprendizagem das demais operações matemáticas.

4 RESULTADOS

No decorrer do trabalho, através da observação, da correção dos exercícios, das fotos e


principalmente pela análise do vídeo produzido pelos alunos foi possível perceber que eles
tiveram progresso na aprendizagem. Os alunos conseguiram atingir os objetivos planejados e
dessa forma consolidaram a aprendizagem da operação de adição em vários contextos.
Observou-se que o aluno que lê sobre um assunto consegue reter e lembrar pouco do
que ele leu, mas lendo e escrevendo sobre esse assunto, a porcentagem de conhecimento que
ele vai lembrar é maior. E quanto mais diversos forem os meios de abordagem (leitura, escrita,
desenho, vídeo) de um mesmo conteúdo, maiores serão os percentuais de aprendizagem real do
aluno.
Trabalhar a oralidade, mesmo na matemática foi essencial, pois quando o aluno tem que
falar sobre o que leu e escreveu ou ensinar algo que ele aprendeu em um vídeo, o aprendizado,
sai de um estágio de simples memorização momentânea e se internaliza de fato na mente do
estudante.
Além dos resultados positivos em relação à aprendizagem, notou-se que os alunos
tiveram progressos distintos no que diz respeito à participação em modo remoto. Os alunos que
já tinham uma família participativa quando o ensino acontecia de modo presencial, conseguiram
intensificar esses momentos de aprendizagem conjunta durante as aulas remotas.
Alguns alunos têm uma facilidade natural para aprenderem e se acostumarem a estudar
sozinhos, e em situações normais, acabam fazendo tudo na escola e a família geralmente tende
a se acomodar com essa independência dos alunos, deixando que eles façam sozinhos quase
tudo relacionado à vida escolar. Com a pandemia, mesmo os alunos muito bem adaptados com
a rotina de estudos, precisaram da ajuda e da orientação da família, e foi nesse momento que as
relações se estreitaram, e até mesmo os pais e irmãos mais velhos puderam perceber o quão
indispensável é o diálogo familiar e até mesmo o trabalho do professor.
Houve dois tipos de mudanças bem evidentes que foi em alguns casos o aumento
significativo da participação familiar na aprendizagem do aluno e em outros casos a diminuição
drástica desse acompanhamento. Ao precisar explicar algo para as crianças, os pais percebiam
o quão valioso é o trabalho do professor e o quão indispensável é a participação da família
durante todo o processo. Em alguns casos foi a primeira vez que o responsável conseguiu
acompanhar todo o processo de aprendizagem do aluno, desde o início com a explicação do que
é algarismo até o momento onde o aluno precisou ler uma informação em um gráfico para saber
qual algoritmo fazer.
Muitos pais seguindo a orientação da professora, puderam também perceber que até
mesmo um simples cantinho de estudos com uma cadeira de altura adequada pode fazer grande
diferença e que coisas simples como manter o ambiente com temperatura agradável também
colaboram para que o aluno consiga se concentrar mais na hora dos estudos em casa.
Alguns também perceberam o quão necessário é que o aluno aprenda a ler e escrever na
fase esperada, pois os alunos que ainda estavam muito atrasados na aquisição da leitura e da
escrita acabaram precisando muito mais da ajuda dos pais e tinham pouca autonomia para fazer
as atividades sozinhos mesmo com as atividades mais simples. Muitos buscaram dentro de suas
possibilidades, providenciar materiais e aulas de reforço para os filhos.
De modo geral os resultados foram satisfatórios, o número de alunos que realizou a
entrega das atividades, que se apropriaram da resolução do algoritmo da adição e da resolução
dos problemas envolvendo adição foi maior que o número de alunos que não participaram de
modo nenhum ou que entregaram as devolutivas de modo insatisfatório.
A sequência de atividades foi proveitosa, e a iniciativa de buscar aproximação e
aumentar os diálogos e interação para que de algum modo a aprendizagem acontecesse de forma
mais eficiente mostrou bons resultados. Desafios e metas foram superados além das
expectativas, levando-se em consideração não somente a aprendizagem dos alunos, mas
também o momento delicado pelo qual todos estavam passando.

5 CONCLUSÃO

Pela observação de tudo que foi trabalhado podemos afirmar que a experiência
proporcionou crescimento e aprendizagem para todos os envolvidos no processo. Professora,
alunos e família perceberam que é preciso trilhar um caminho mais longo para que os alunos
aprendam de fato um conteúdo, que é preciso cada vez mais incorporar conteúdos e eixos de
aprendizagem de diversas disciplinas, e que a matemática precisa ser pensada como uma
aprendizagem para a vida. Não basta querer mudar o modo como se ensina matemática, é
necessário ter coragem e competência para testar possibilidades e alternativas para alcançar os
objetivos, juntar as habilidades dos docentes e dos alunos para buscar aprendizagem real e
colocar em prática as experiências que já deram certo. O caminho mais longo traz aprendizagem
mais duradoura; neste caminho, o conhecimento é construído individualmente e coletivamente,
desse modo as experiências são vivenciadas plenamente para posteriormente serem aplicadas
no dia-a-dia.
Para os pais fica a experiência, uma vez que puderam constatar que os alunos precisam
de diálogo e interação com a família, que é nas relações afetivas que acontecem os aprendizados
mais significativos, e que prezar por isso é fundamental em toda a vida do ser humano e mais
ainda durante a infância e adolescência.
Trazer a família para atuar ativamente na aprendizagem dos alunos de maneira contínua
proporcionou a formação de relações interpessoais de afeto e compreensão mútua entre todos
os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem. As relações entre família e professor se
tornaram melhores e entre os alunos e a família se tornaram mais profundas. Elos de confiança
e amizade foram estabelecidos e o ato de aprender se tornou mais fácil e prazeroso.
Dessa experiência em diante é importante intensificar as relações de diálogo e conversa
do trabalho coletivo, da construção do conhecimento sendo direcionada pelo professor e sendo
executada pelo aluno com a ajuda da família, para que o que deu certo em matemática possa
dar certo também nas outras áreas de conhecimento e nas áreas da vida que vão além da sala de
aula e do ambiente de aprendizagem.

REFERÊNCIAS

BRANDT, Celia Finck; MORETTI, Méricles Thadeu. Ensinar e aprender matemática:


possibilidades para a prática educativa. Editora UEPG, 2016.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.

LOURENÇO, Edvânia. BAIOCHI, Vivian. TEIXEIRA, Alessandra. Alfabetização


matemática nas séries iniciais: O que é? Como fazer?. Revista da Universidade Ibirapuera -
Universidade Ibirapuera São Paulo, v. 4, p. 32-39, 2012. Disponível em <
http://www.revistaunib.com.br/vol4/44.pdf>. Acesso em: 23 mai. 2021.

LITTO, Fredric M.; FORMIGA, Marcos. Educação a distância: o estado da arte, volume 2.
2ª ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012.

SARNOSKI, Eliamara Aparecida. Afetividade no processo ensino-aprendizagem. Revista de


Educação do IDEAU, v. 9, n. 20, p. 1-12, 2014.
MATEMÁTICA NAS SÉRIES INICIAIS: ABORDAGENS NO ENSINO DA ADIÇÃO
EM TEMPOS DE PANDEMIA

Autora

Thaís Maciel da Silva


AS METODOLOGIAS ATIVAS NO PROCESSO DO ENSINO E APRENDIZAGEM
DOS DESCRITORES DE LÍNGUA PORTUGUESA E MATEMÁTICA

Fabiana Gomes e Silva77


Gesilda de Nazaré de Pontes Bastos78

DOI: https://doi.org/10.29327/537494.1-10

RESUMO

Este capítulo tem por objetivo discorrer sobre as metodologias ativas no processo do ensino
e aprendizagem dos descritores de Língua Portuguesa e Matemática, o qual teve como
metodologia o desenvolvimento de um projeto didático com o propósito de despertar o
interesse, a participação efetiva dos alunos nas aulas, visando que estes adquirissem as
competências e habilidades necessárias referentes aos descritores das disciplinas citadas
anteriormente do 5º ano do ensino fundamental. Este projeto teve como base as
metodologias ativas, sala de aula invertida, aprendizagem entre pares, aprendizagem baseada
em projetos e gamificação aliadas ao uso das tecnologias digitais. Os resultados
demonstraram que 85% dos discentes tiveram desenvolvimento positivo na competência
leitora, escrita, compreensão e interpretação de textos e na resolução de problemas
matemáticos. Conclui-se que dinâmicas atrativas e inteligentes devem ser exploradas como
ferramentas capazes de gerar o aprofundamento didático, no qual o educando participa
ativamente da sua jornada educativa, contribuindo na sua aprendizagem significativa.

Palavras-chave: Descritores. Metodologias ativas. Aprendizagem.

INTRODUÇÃO

Diante de um cenário mundial em decorrência da pandemia, surgiu um grande desafio


educacional: o ensino remoto. Como cada professor iria desenvolver as suas aulas a partir dessa
nova realidade?

77
SILVA, Fabiana G, e. Professora na Escola Estadual Professor Benício Leão, graduada em Licenciatura Plena
Pedagogia, especialista em Docência da leitura, escrita e matemática nas séries iniciais; Educação Infantil e Séries
Iniciais com Ênfase em Alfabetização. E-mail: fabiana.gomes.silva@seducam.pro.br

78
BASTOS. Gesilda. de N. de P. Graduada em Licenciatura Plena em Pedagogia. Pós-Graduanda em Educação
Especial, Professora na Rede Municipal e Estadual de Educação. E-mail: gesilda.bastos@seducam.pro.br.
Diante de tantas tentativas, é preciso que pensemos quais as razões que levam a escola
a não conseguir satisfazer os anseios dos estudantes, nem prepará-los para os desafios
da vida cotidiana. O fato não vem de uma falha na alfabetização, mas de um conjunto
de fatores que se agregam e tornam a vida estudantil em um grande dilema para
estudantes e professores. Em presença do que temos, desta angústia gerada em torno
da escola, o que podemos fazer para gerar uma nova tentativa de atualizar esta escola
e inovar as ações para que possamos fortalecer a mudança do quadro atual no qual
estamos inseridos? (TEOTONIA; MOURA, 2020, p. 194-195)

Abreu (2009) afirma que “ao contrário do método tradicional, em que os estudantes possuem
postura passiva de recepção de teorias, o método ativo busca a prática e dela parte para a teoria”. Diante
do contexto do cenário de pandemia, a fala do autor é ainda mais relevante, pode-se afirmar
que se tornou indispensável aliar a favor do processo educacional o uso das metodologias ativas
nas tecnologias digitais, tornando o aluno o protagonista do seu processo de ensino. Para obter
o sucesso desejado o professor precisa primeiramente adquirir conhecimento sobre tais
metodologias, aprender a lidar com os recursos tecnológicos, traçar objetivos, criar estratégias
dinâmicas, atrativas para despertar o interesse dos alunos e contar com a parceria da família.
Quanto a isso, Teotonia e Moura (2020) afirmam

O objetivo das Metodologias Ativas é projetar no sujeito aprendente a capacidade de


se colocar como agente que desenvolve o protagonismo na conquista da própria
aprendizagem, buscando encontrar soluções para um problema ou uma situação que
motivem a construção de meios para apontar alternativas que possam agregar
conhecimentos e trazer estratégias para se chegar a uma aprendizagem que possa
modificar a si mesmo ou o seu entorno. (TEOTONIA; MOURA, 2020, p. 9)

Em 2020, novos desafios tiveram que ser superados com o surgimento de um vírus que
atacou o mundo inteiro, deixando-nos reclusos, em virtude de uma pandemia: o Sars-CoV-2.
Dessa forma, para que as aulas não parassem, em março do mesmo ano, o Governo do Estado
do Amazonas implantou um sistema educacional remoto chamado Aula em Casa, que consistia
em transmissão televisiva das aulas, acompanhada de orientação dos professores por meio dos
grupos de WhatsApp e plataforma Google Classroom. Diante dos fatos, as professoras
precisaram adequar seus métodos de ensino, optando pelas metodologias ativas e utilizando as
tecnologias a seu favor, com o propósito de despertar o interesse e a participação efetiva dos
alunos nas aulas remotas, contribuindo para aprendizagem significativa dos educandos.
Em setembro do mesmo ano, com a diminuição dos casos da doença Covid-19, as aulas
retornaram com o sistema alternado, no qual a turma foi dividida em dois grupos e os alunos
teriam aula presencial duas vezes na semana e aulas online nos outros três. Em outubro, foi
aplicada a avaliação da AVAM79, teste que visava medir o aprendizado dos estudantes durante
o regime especial de aulas não presenciais. 36 alunos da turma do 4º ano 01 matutino
participaram deste teste e, após a análise do resultado do desempenho dos estudantes, elaborou-
se um projeto didático com o propósito de despertar o interesse, a participação efetiva dos
alunos nas aulas, visando ao fortalecimento de competências e habilidades apontadas com baixo
desempenho, conforme dados dos descritores mais críticos dos componentes curriculares
Língua Portuguesa e Matemática.
O projeto foi aplicado durante o ensino remoto, em 2021, com os mesmos alunos, agora
já cursando o 5º ano, na Escola Estadual Professor Benício Leão, com o propósito de colocar
em prática as estratégias elaboradas para a recuperação de aprendizagem dos alunos,
principalmente dos dois componentes curriculares avaliados na prova do SAEB80. Para alcançar
o objetivo traçado, optou-se por utilizar as metodologias ativas: aprendizagem entre pares, sala
de aula invertida, aprendizagem baseada em projetos e gamificação.
Os testes do SAEB são elaborados a partir de matrizes de referência, com conteúdos
associados à competência e à habilidade desejáveis para cada série e disciplinas. São
subdivididas em partes menores, chamadas descritores, que traduzem uma associação entre os
conteúdos curriculares e as operações de raciocínio desenvolvidas pelos alunos e são utilizados
como base para a construção dos itens das diferentes disciplinas.

2 METODOLOGIA

A metodologia utilizada neste relato de experiência foi o desenvolvimento de um projeto


didático pautado na análise das bibliografias referentes à Matriz de Referência Curricular e
BNCC81, fazendo um estudo comparativo com os documentos referentes ao índice de
desempenho dos estudantes do 4º ano do ano de 2020 dando continuidade ao trabalho com os
mesmos estudantes no ano de 2021. Com o objetivo de minimizar os impactos sofridos diante
da pandemia e assim atender as necessidades educacionais dos educandos por meio de práticas
pedagógicas inovadoras e atrativas que contemplassem as competências e habilidades
estabelecidas na prova do SAEB.

79
Avaliação de Verificação da Aprendizagem do Amazonas.
80
Sistema de Avaliação da Educação Básica, antiga Prova Brasil.
81
Base Nacional Comum Curricular -BNCC.
A prova de Língua Portuguesa aplicada pelo SAEB, avalia a competência leitora,
portanto, os itens testam habilidades de leitura e interpretação de texto, divididas em cinco
blocos de conteúdo: procedimentos de leitura, implicações do suporte, do gênero e /ou do
enunciador na compreensão do texto, relação entre textos, coerência e coesão no processamento
do texto, relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido. Já a prova de Matemática
avalia as habilidades de resolver problemas em quatro temas: espaço e forma, grandezas e
medidas, números e operações /álgebra e funções, tratamento da informação. Com a finalidade
de reforçar e trabalhar com os discentes as habilidades não desenvolvidas durante o ensino
remoto, as professoras buscaram estratégias para a aquisição de conhecimentos e conteúdos
contemplados na prova do SAEB.
A teoria do psiquiatra William Glasser discorre sobre como as pessoas aprendem e qual
a eficiência dos métodos nesse processo.

Imagem 1- Pirâmide de William Glasser

Fonte: karinacarrasqueira.wordpress.com82

NOVAK (1998) confirma que os métodos mais eficientes de promover aprendizagem


significativa estão inseridos nas metodologias ativas.

82
Disponível em https://karinacarrasqueira.wordpress.com/2019/04/29/tecnicas-de-estudo-e-aprendizagem/
Acesso em 27/07/2021.
A aprendizagem significativa apresenta quatro grandes vantagens sobre a
aprendizagem por memorização ou mecânica: Os conhecimentos adquiridos
significativamente ficam retidos por um período maior de tempo. As informações
assimiladas resultam num aumento da diferenciação das ideias que servirão de
âncoras, aumentando, assim, a capacidade de uma maior facilitação da subsequente
aprendizagem de materiais relacionados. As informações que não são recordadas (são
esquecidas), após ter ocorrido a assimilação, ainda deixam um efeito residual no
conceito assimilado e, na verdade, em todo o quadro de conceitos relacionados.
As informações apreendidas significativamente podem ser aplicadas numa enorme
variedade de novos problemas e contextos.

Diante do exposto, foi inserida a metodologia ativa com ênfase na gamificação. Santos e
Vale apud Medeiros e Schimiguel (2012) afirmam que “quando um aluno é colocado numa
situação-desafio, saindo do agente passivo para o ativo, disponibilizando a eles várias
ferramentas para resolver o problema proposto”, este passa a construir seu conhecimento, pois
forma novas associações cognitivas para chegar a uma solução.

Uma proposta interdisciplinar, contextualizada com o cotidiano do educando, aliada ao


lúdico, leva a um maior aprendizado devido à percepção que o aluno vai ter dos conteúdos
ministrados em sala de aula, além de proporcionar um ensino com metodologias que incluam
atividades que culturalmente ele gosta, como jogos pedagógicos, dinâmicas e atividades
lúdicas, sem perceber que a realização de tais atividades exigem leitura, interpretação,
raciocínio lógico e estratégico.

Partindo desse princípio as professoras elaboraram um projeto didático utilizando


metodologias ativas como: (i) aprendizagem baseada entre pares com atividades elaboradas a
partir do material de apoio pedagógico intitulado Aprova Brasil - Língua Portuguesa e
Matemática. O objetivo traçado foi possibilitar a troca de ideias sobre o conteúdo estudado com
intuito de desenvolver as competências leitoras e de raciocínio lógico; (ii) a sala de aula
invertida, aplicada por meio de atividade sobre o folclore, a qual envolveu os gêneros textuais
lendas e adivinhas. O objetivo da atividade foi o desenvolvimento das competências leitoras;
(iii) aprendizagem baseada em projetos com a atividade referente ao Jornal Benício Leão, cujo
objetivo foi desenvolver habilidades de leitura, interpretação de textos contendo tabelas e
gráficos; (iv) a gamificação inicialmente utilizada como atividade de reforço das quatro
operações matemáticas. Os conteúdos foram trabalhados por meio de jogos online e concretos
e tinham o objetivo de consolidar as habilidades para resolver situações problemas envolvendo
os diferentes significados das quatro operações fundamentais. Tal metodologia, além de
despertar interesse promovendo maior participação dos educandos, contribui para a aquisição
de seus conhecimentos e possibilita a verificação de aprendizagem através de recursos como
Quiz e Roleta Virtual dos descritores.

3 RELATO DE EXPERIÊNCIA

Neste relato, serão apresentadas as práticas desenvolvidas pelas professoras Fabiana


Gomes e Gesilda Bastos com a turma do 4º ano de 2020, dando continuidade com a mesma em
2021, já cursando o 5º ano, com foco nas metodologias ativas empregadas para fortalecer o
processo de ensino e aprendizagem dos descritores de Língua Portuguesa e Matemática durante
o ensino remoto, considerando a aquisição dos saberes e o desenvolvimento necessário das
habilidades e competência leitora, escrita, compreensão e interpretação de textos e na resolução
de problemas matemáticos.
Vale ressaltar que no final do ano letivo de 2020, as professoras avaliaram o resultado
que a turma obteve na AVAM e decidiram, então, elaborar um plano de intervenção para ser
desenvolvido no ano seguinte. Segundo o Power BI – “Business Intelligence”83 a porcentagem
de acerto dos estudantes em Língua Portuguesa, Matemática, História, Geografia e Ciências
(componentes testados pela AVAM) foi de 53,26%.
No entanto, em janeiro de 2021, o estado do Amazonas viveu a segunda onda da
pandemia, o que impossibilitou o retorno às aulas presenciais. Assim a escola teve que se
adaptar à realidade de isolamento social e adequar as metodologias para minimizar os impactos
provocados pela Covid-19 e aplicar atividades que ajudassem a desenvolver as competências e
habilidades dos alunos mesmo durante o ensino remoto.
Dessa forma, planejou-se um projeto didático, o qual seguiu diversas etapas e primou
por atividades baseadas nas metodologias ativas a fim de desenvolver as habilidades nas quais
os alunos haviam apresentado baixo desempenho. Portanto, após estudos e conversas das
professoras parceiras neste desafio, optou-se por utilizar metodologias ativas como:
aprendizagem entre pares, sala de aula invertida, gamificação e aprendizagem baseada em
projetos tendo como culminância do projeto a chamada “Roleta dos Descritores Virtual”.
A aprendizagem entre pares refere-se à formação de duplas para que o aprendizado seja
construído conjuntamente e haja o compartilhamento de ideias. Tal metodologia ativa foi
utilizada no ensino remoto por meio de uso de tecnologia, já que devido à pandemia os alunos

83
Power BI: é o sistema utilizado pela Secretaria de Estado de Educação e Desporto com a
finalidade de compartilhar informações e resultados da rede estadual de ensino.
não tinham como se encontrar presencialmente. Para aplicar tal metodologia, as professoras
organizaram os alunos em duplas com habilidades e competências complementares, de modo
que o aprendizado e o ensino ocorressem ao mesmo tempo devido à ajuda mútua durante a
realização da atividade.
As atividades foram desenvolvidas a partir de material de apoio impresso
disponibilizado pela SEDUC intitulado Aprova Brasil e aplicadas no decorrer dos anos letivos
de 2020 e 2021. As atividades foram elaboradas com o intuito de desenvolver as habilidades e
competências visando aos descritores e inclusive com aplicação de simulados e rodas de
conversa em tempo real pelo Aplicativo Meet com o objetivo de esclarecer questões que os
levaram ao erro.

Imagem 284: Aprova Brasil 4º e 5º anos

Fonte: Acervo escolar, 2021.

A sala de aula invertida é um modelo pedagógico que ocorre quando os estudantes se


tornam aprendizes ativos e estudam os conteúdos da aula previamente como tarefas de casa.
Em Língua Portuguesa, a atividade lançada foi sobre a junção de dois gêneros textuais, lendas
folclóricas e adivinhas. A professora enviou um vídeo com adivinhas sobre personagens
folclóricos e os alunos tiveram que pesquisar sobre os gêneros textuais trabalhados, e enviar o

84
As imagens foram manipuladas através do Word com a intenção de apresentar um quantitativo maior de
evidências das atividades realizadas pela professora
resultado juntamente com a resposta das adivinhas por meio de vídeos. Ao final, com a
atividade editada, várias adivinhas eram respondidas em apenas um vídeo. Foram trabalhados
os procedimentos de leitura abordando os descritores 1- Localizar informações explícitas em
um texto; descritor 3 -Inferir o sentido de uma palavra ou expressão e descritor 4 -Inferir uma
informação implícita em um texto.

Imagem 385: Apresentação do tema Folclore

Fonte: Acervo escolar, 2020. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=i7qc6sYYe-c

Imagem 486: Apresentação dos alunos sobre adivinhas de folclore

Fonte: Acervo escolar, 2020.

Disponível em: https://youtu.be/Zgj8eH0x75I

85
As imagens foram manipuladas através do Word com a intenção de apresentar um quantitativo maior de
evidências das atividades realizadas pela professora.
86
As imagens foram manipuladas através do Word com a intenção de apresentar um quantitativo maior de
evidências das atividades realizadas pelos alunos.
A gamificação tem como foco envolver emocionalmente o indivíduo dentro de uma
variedade de tarefas realizadas, portanto se utiliza de mecanismos resultantes de jogos que são
percebidos pelos alunos como elementos atrativos, desafiadores e prazerosos, favorecendo o
interesse em participar ativamente do processo de construção, avaliação e análise do
conhecimento.
Em matemática desenvolvemos uma sequência didática envolvendo atividade teóricas
e práticas para reforçar as quatro operações básicas da matemática e assim desenvolver as
competências e habilidades necessárias dos descritores D17- Calcular o resultado de uma adição
ou subtração de números naturais D18- Calcular o resultado de uma multiplicação ou divisão
de números naturais.

Imagem 587: Construção de material para cálculos matemáticos

Fonte: Acervo escolar, 202088.

Adição com reagrupamento https://youtu.be/k2PwcvIiC7w


Subtração com empréstimo https://youtu.be/u8qibGI_zZQ
Multiplicação https://youtu.be/w2NsxpjaQgc
As quatro operações https://youtu.be/UXW-FSM53Uc

A aprendizagem baseada em projetos (ABP) é considerada uma das metodologias ativas


de ensino mais eficazes da atualidade. Os educandos abordam temas importantes e trabalham
com questões e problemas do cotidiano de forma interdisciplinar e contextualizada, elaboram

87
As imagens foram manipuladas através do aplicativo Photogrid com a intenção de apresentar um quantitativo
maior de evidências das atividades realizadas pelos alunos.
88
Disponível em https://youtu.be/UXW-FSM53Uc; https://youtu.be/k2PwcvIiC7w;
tps://youtu.be/u8qibGI_zZQ https://youtu.be/w2NsxpjaQgc
hipóteses, analisam dados reais, colaboram na criação de possíveis soluções e apresentam os
resultados. Assim, os alunos tornam-se mais interessados no conteúdo de cada disciplina, sendo
protagonistas na construção do conhecimento, aumentando seu entusiasmo pelo aprendizado e
melhorando seu desempenho.

Imagem 689: Jogos online

Fonte: Acervo escolar, 2020.90

De forma interdisciplinar, os estudantes fizeram pesquisas e atividades sobre o novo


Sars-CoV-2. em Língua Portuguesa trabalharam diversos descritores para desenvolver a
competência leitora, entre eles podemos destacar os descritores D8 - Estabelecer relação causa
e consequência entre partes e elementos do texto e D11 - Distinguir um fato da opinião relativa
a esse fato, momento em que os alunos buscavam compreender as informações e encontrar nos
textos propostos o que era fato e o que era opinião. em Matemática foram explorados os
descritores D27-Ler informações e dados apresentados em tabelas e D28-Ler informações e
dados apresentados em gráficos (particularmente em gráficos de colunas), em que os alunos,
baseados nas informações do jornal falado ou escrito, treinavam tais habilidades sobre o índice
do avanço da doença em Manaus. Sempre que possível, reforçamos a importância dos
protocolos de saúde para proteção dos nossos alunos e de suas respectivas famílias.
Na primeira etapa, houve a pesquisa individual dos alunos sobre o Sars-CoV-2. Na
segunda etapa, a partir das pesquisas realizadas, foram escolhidos dois alunos para

89
As imagens foram manipuladas através do aplicativo Photogrid com a intenção de apresentar um quantitativo
maior de evidências das atividades realizadas pela professora.
90
Os jogos online estão disponíveis nos links. Disponível em: https://www.nossoclubinho.com.br/jogo-de-
matematica-soma-subtraca/; http://grupovirtuous.com.br/matkids/jogo.php;
http://www.escolagames.com.br/jogos/tabuadaDino/?deviceType=mobile
representarem a turma na exibição de um jornal virtual feito por todas as turmas da escola. A
partir desse jornal, a terceira etapa contou com a participação de todos os alunos do 5º ano,
neste momento, os estudantes apresentavam notícias contendo gráficos.
Imagem 791: Jornal Benício Leão

Fonte: Acervo escolar, 202192.

O desafio da prova do SAEB estava cada vez mais próximo e baseadas nas análises das
devolutivas das metodologias ativas aplicadas, as professoras perceberam que a gamificação
foi a que deu mais retorno positivo.

Oliveira (2010) confirma que “O lúdico viabiliza a construção do conhecimento de


forma interessante e prazerosa, garantindo às crianças a motivação intrínseca necessária para
uma boa aprendizagem, [...] mesmo aqueles que apresentam alguma dificuldade na sua
aprendizagem ou na aquisição do conhecimento”. Nesse sentido concordamos que para um bom
aprendizado, é de fundamental importância ter as práticas lúdicas como objetos permanentes
de ensino para que possa aumentar a capacidade de assimilação com um método que valorize a
educação e estabeleça interesse entre os alunos. Com a metodologia ativa da gamificação, as
professoras estimularam os alunos a responderem o Quiz dos descritores de Língua Portuguesa
e de Matemática, encontrados nos seguintes links:
https://profwarles.blogspot.com/2016/02/quiz-01-matematica-5-ano.html e
https://profwarles.blogspot.com/2017/01/quiz-1-portugues-5-ano.html.

Pensando em minimizar os impactos do distanciamento entre professoras e alunos


ocasionado pelas aulas remotas, as discentes quinzenalmente utilizavam o Meet para
interagirem com os alunos em tempo real e assim surgiu a ideia de transformar a roleta física
dos descritores em algo mais inovador e criaram a roleta virtual dos descritores.

91
As imagens foram manipuladas através do Word com a intenção de apresentar um quantitativo maior de
evidências das atividades realizadas pelos alunos.
92
Disponível em https://www.facebook.com/100004435720998/videos/1865703363587503/.
A roleta de Língua Portuguesa, conforme imagem 8, possui 15 descritores e tem como
foco central a leitura e interpretação de texto, dividida em 6 tópicos que são: Procedimentos de
leitura; Implicações do suporte de gênero e/ou do Enunciador na Compreensão do Texto;
Relação entre textos; Coerência e Coesão no processamento do texto; Relações entre recursos
expressivos e efeitos de sentido e Variação linguística.
A roleta de Matemática, conforme imagem 9, está dividida em 28 descritores que estão
distribuídos em 4 eixos: Espaço e forma que refere-se aos descritores de 1 a 5; Grandezas e
medidas que contém os descritores de 6 a 12; Números e operações que contempla o maior
número de descritores referentes de 13 a 26 respectivamente e o último eixo é o Tratamento da
informação que contém os descritores 27 e 28.
Objetivo do Jogo: Acertar o maior número de questões possíveis, marcando mais pontos
para ser o jogador vencedor do desafio dos descritores.
Objetivos Pedagógicos: Revisar os descritores de Língua Portuguesa e Matemática de
forma dinâmica e prazerosa, promovendo a interação entre os estudantes e professoras visando
ao desenvolvimento das competências e habilidades referentes à série.
Imagem 893: Amostra da Roleta dos descritores de Língua Portuguesa

Fonte: Acervo escolar, 2021.

93
As imagens foram manipuladas através do Word com a intenção de apresentar um quantitativo maior de
evidências das atividades realizadas pela professora com os alunos.
A roleta aconteceu da seguinte forma: na primeira etapa, as professoras abriram uma
reunião via Meet; na segunda etapa, apresentou-se a roleta dos descritores, previamente feita
pelas professoras (Roleta dos descritores de Língua Portuguesa -
https://www.flippity.net/rp.php?k=19_7jPvCLsbco2ljcCPup79A5uCNw5E-vyYLPsSPDFiY,
Roleta dos descritores de Matemática -
https://www.flippity.net/rp.php?k=1wwnJNEedw6jEprUeZFPjsG0gDW9aXKTB_QdJPWLpJ
fk); a terceira etapa foi a professora clicar na roleta para ver o descritor sorteado; na quarta
etapa, após o descritor sorteado ser mostrado, a professora apresentou a questão aos alunos e
estes tinham um tempo para pensar e indicar a alternativa que julgassem por meio das
plaquinhas previamente confeccionadas por eles mesmos; a cada acerto, o ponto era marcado
para os alunos que acertaram; a etapa final foi contabilizar os pontos dos alunos para descobrir
o(s) vencedor(es).
Imagem 994: Amostra da Roleta dos descritores de Matemática

Fonte: Acervo escolar, 2021.

94
As imagens foram manipuladas através do Word com a intenção de apresentar um quantitativo maior de
evidências das atividades realizadas pela professora com os alunos.
Segue o link da amostra de uma aula com a Roleta dos
descritores.(https://drive.google.com/file/d/15Y8h0uWhYBiDryk1Sp15chWs4PE-
U1zD/view?usp=drivesdk).

4 RESULTADOS

Houve significativo crescimento no índice de desempenho dos alunos após a aplicação


das metodologias ativas no processo de ensino e aprendizagem de língua portuguesa e
matemática, como exemplo, a “Roleta dos descritores” que permitiu obter-se resultado
satisfatório, pois contribuiu para a absorção dos conteúdos e conceitos estudados.

É notório que a utilização de atividades dinâmicas e interativas que aliam teoria com a prática
torna a aprendizagem mais atrativa e eficiente no desenvolvimento das competências leitoras e
no raciocínio lógico-matemático. Dos 36 alunos, somente 2, até o momento, ainda apresentam
dificuldades, mantendo-se nos níveis mais baixos de desempenho, situação que se dá em virtude
de aspectos que fogem do controle das professoras como deficiência e/ou ausência de
acompanhamento escolar da família em relação ao estudante, dificultando a aprendizagem,
além de dificuldades financeiras da família provocando a falta de acesso às tecnologias digitais.

Outros resultados também foram alcançados como: trabalho em equipe, solidariedade,


envolvimento, ajuda mútua e bastante interesse dos alunos em resolver os desafios propostos,
além da parceria fundamental entre escola e família.

5 CONCLUSÃO

Fazer atividades diferenciadas no período pandêmico foi um desafio para as professoras.


Adaptar-se à distância física, falta de internet, possível evasão dos alunos eram algumas das
dificuldades encontradas nesse período. Porém, tivemos a oportunidade de trabalhar com pais,
responsáveis e alunos esforçados e que aceitaram enfrentar os desafios.
A roleta dos descritores era uma atividade que utilizávamos nas aulas presenciais, antes
da pandemia. No novo contexto, o desafio era transpô-la para o ambiente virtual. E deu certo.
Além de conseguirmos capacitar o máximo de alunos para o Saeb, ainda pudemos proporcionar
competição, diversão e um encontro, mesmo que através de câmeras, para os alunos. Eles
podem não saber quais são os descritores, nem precisam, mas obter ou desenvolver a capacidade
de interpretar e solucionar as questões, nisso eles estão aptos.

Como sugestão, pensamos em apresentar a atividade da roleta virtual no ensino


presencial ou alternado, em um momento propício. Aconteceria da seguinte forma: a turma
seria dividida igualmente em número de alunos; com um dado ou jogando “ímpar ou par”,
verifica-se qual grupo foi primeiro; um dos componentes da equipe girará a roleta e fará a leitura
do descritor sorteado; a equipe, então terá um tempo para conversar e responder a pergunta de
múltipla escolha, levantando a plaquinha de acordo com a alternativa escolhida (A, B, C ou D);
a cada acerto, a equipe marcará um ponto e ao final, vencerá aquela que tiver obtido o maior
número de pontos.

REFERÊNCIAS

ABREU, José Ricardo Pinto de. Contexto Atual do Ensino Médico: Metodologias
Tradicionais e Ativas - Necessidades Pedagógicas dos Professores e da Estrutura das
Escolas. 2011. 105 f. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde) -
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2009.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.

CARRASQUEIRA, Karina. Técnicas de estudo e aprendizagem. Disponível em


<https://karinacarrasqueira.wordpress.com/2019/04/29/tecnicas-de-estudo-e-aprendizagem/ >.
Acesso em 27/07/2021.

DA SILVA, Alcina Maria Testa Braz; METTRAU, Marsyl Bulkool; BARRETO, Márcia
Simão Linhares. O lúdico no processo de ensino-aprendizagem das ciências. Revista
Brasileira de Estudos Pedagógicos, v. 88, n. 220, 2008.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. 36. ed, São Paulo: Paz e Terra, 2009.

Jogos matemáticos, soma e subtração. Disponível em:


<https://www.nossoclubinho.com.br/jogo-de-matematica-soma-subtraca/>;
http://grupovirtuous.com.br/matkids/jogo.php;
http://www.escolagames.com.br/jogos/tabuadaDino/?deviceType=mobile. Acesso em
18/06/2021.
LORAN, J. e BACICH, L. Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma
abordagem teórico-prática. 260, p. 2017.

MEDEIROS, Maxwell de Oliveira; SCHIMIGUEL, Juliano. Uma abordagem para avaliação


de jogos educativos: ênfase no ensino fundamental. RENOTE-Revista Novas Tecnologias
na Educação, v. 10, n. 3, 2012.

NOVAK, Joseph David. Apreender, criar e utilizar o conhecimento: Mapas conceptuais


TM como ferramentas de facilitação nas escolas e empresas. Lisboa: Plátano edições
técnicas, 1998.

OLIVEIRA, Fabiane dos Santos. Lúdico como instrumento facilitador na aprendizagem da


Educação Infantil.

SANTOS, Simone Cardoso dos. A importância do lúdico no processo de ensino


aprendizagem. 2010.

TEOTONIA; MOURA. Metodologias ativas na aprendizagem: um desafio para o professor


do século XXI. Formação Docente e Trabalho Pedagógico: Diálogos Fecundos. Org. Andréa
Koachhann. Editora Scotti, Goiânia, 2020. p. 193- 209.
AS METODOLOGIAS ATIVAS NO PROCESSO DO ENSINO E APRENDIZAGEM
DOS DESCRITORES DE LÍNGUA PORTUGUESA E MATEMÁTICA

Autoras

Fabiana Gomes e Silva Gesilda de Nazaré de Pontes Bastos


DESAFIOS DAS PRÁTICAS EDUCATIVAS PARA A
APRENDIZAGEM DURANTE O ENSINO REMOTO

Fabiana Gomes e Silva95


Gesilda de Nazaré de Pontes Bastos96
Sheila Maria Freitas da Costa97
DOI: https://doi.org/10.29327/537494.1-11
RESUMO

Este capítulo tem por objetivo abordar as práticas educativas que foram desenvolvidas no
ensino remoto com a parceria fundamental entre escola e família. Como metodologia foram
utilizadas as metodologias ativas com atividades de gamificação e sala de aula invertida,
visando facilitar a aprendizagem dos educandos do 1º e 4º anos referentes à aquisição dos
conhecimentos relacionados à leitura e escrita, a compreensão dos conceitos matemáticos e suas
aplicações na prática, além de potencializar a oralidade na apresentação dos trabalhos. Os
resultados obtidos atingiram as expectativas, sendo satisfatórios; houve avanço significativo na
absorção dos conteúdos e conceitos estudados; a relação da teoria com a prática tornou a
aprendizagem mais atrativa e eficiente. Concluiu-se que nenhum desafio é intransponível
quando a relação escola-família é desenvolvida de maneira responsável e comprometida com o
avanço do desenvolvimento cognitivo do educando.

Palavras-chave: Escola. Família. Aprendizagem.

1 INTRODUÇÃO

Com o cenário pandêmico de 2020 foi necessário manter o distanciamento e, dentre as


medidas orientadas pelos órgãos de saúde para evitar potencializar a contaminação da
população, estavam a quarentena e o isolamento social. Para garantir a educação como direito
de todos, foi decidido que, a partir de abril do mesmo ano, as aulas continuariam no formato do
ensino remoto. Desde essa data, todas as aulas passaram a ser transmitidas via programação
televisiva e as principais orientações foram enviadas pelos grupos de WhatsApp da escola e o
professor passou a atuar como mediador entre o processo educacional, escola e aluno.

95
SILVA, Fabiana G, e. Professora na Escola Estadual Professor Benício Leão-SEDUC/AM graduada em
Licenciatura Plena Pedagogia, especialista em Docência da leitura, escrita e matemática nas séries iniciais;
Educação Infantil e Séries Iniciais com Ênfase em Alfabetização. E-mail: fabiana.gomes.silva@seducam.pro.br
96
BASTOS, Gesilda de N. de P. Graduada em Licenciatura Plena em Pedagogia. Pós Graduanda em Educação
Especial, Professora na Rede Municipal e Estadual de Educação. E-mail: gesilda.bastos@seducam.pro.br
97
COSTA, Sheila Maria Freitas da. Professora na Escola Estadual Professor Benício Leão-SEDUC/AM.
Graduada em Licenciatura Plena Pedagogia pela UNIP, especialista em Pedagogia e Organização do Mundo do
Trabalho pela UFAM. E-mail: sheila.costa@seducam.pro.br
Diante da pandemia, o panorama do sistema educacional foi marcado por diversas
mudanças e conflitos; antes a escola era o principal espaço para a transmissão do conhecimento
e agora a sala de aula passou a ser um dos ambientes das casas dos professores e alunos. Com
tantas reflexões, análises acerca da práxis docente pautada em um ensino remoto de forma que
haja a interação entre os sujeitos nas relações sociais do processo de construção do
conhecimento, o professor, peça chave importante neste elo educacional, precisou adaptar-se
para utilizar de forma exitosa as novas ferramentas metodológicas, foi um processo de
reinvenção necessário para poder ensinar por meios virtuais, inserindo a família como
mediadora no processo de aprendizagem e o aluno como agente principal na aquisição de seu
conhecimento.
A importância das práticas educativas ao utilizar a metodologia ativa98 de ensino, é,
principalmente, estimular o desenvolvimento de cada aluno como pessoa, cidadão e
profissional, e para isso, o professor oferece maior liberdade e autonomia para que o estudante
desenvolva suas habilidades e percepções sobre o mundo ao seu redor. Segundo o teórico
Berbel (2011), ao desenvolver práticas pedagógicas norteadas pelo método ativo, o estudante
passa a assumir uma postura ativa, acrescentando que essa característica da autonomia é
fundamental.

Figura 1 – Metodologias Ativas

Fonte: edisciplinas.usp.br

O engajamento do aluno em relação a novas aprendizagens, pela compreensão, pela


escolha e pelo interesse, é condição essencial para ampliar suas possibilidades de
exercitar a liberdade e a autonomia na tomada de decisões em diferentes momentos

98
Consiste em uma forma de ensino no qual os alunos são estimulados a participar do processo de forma mais
direta. Seu objetivo é estimular o aluno a sair do estado de estagnação durante a aula e colocá-lo como protagonista
do processo de aprendizagem.
do processo que vivencia, preparando-se para o exercício profissional futuro. (Berbel
2011, p. 29).

O resultado é significativo quando se trabalha a interdisciplinaridade para o


desenvolvimento das atividades contemplando metodologias ativas como: gamificação99 e sala
de aula invertida100, de acordo com Moran & Bacich (2017), nesta, o processo de aprendizagem
é centrado no sujeito, na autonomia, na contextualização, no professor como facilitador, no
trabalho em equipe e na reflexão.
As atividades foram desenvolvidas no ensino remoto inicialmente em 2020 com alunos
do 1º e 4º ano dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, matriculados, na Escola Estadual
Professor Benício Leão, dando continuidade com as mesmas turmas no ano de 2021, seguiu na
direção de assegurar este processo, assim como incentivar o aluno na busca por mais
conhecimentos e se aprofundar em assuntos que são do seu interesse, deixando de ser um agente
passivo, em que só recebe informações, passando a se engajar como agente ativo no processo
de ensino e aprendizagem.

2 METODOLOGIA

Com as dificuldades encontradas mediante a pandemia durante o ensino totalmente


remoto em que o atendimento aos alunos se realizava de forma virtual, através do WhatsApp,
optou-se por procurar metodologias diferenciadas das tradicionais, visto que estava sendo um
momento atípico tanto para os alunos quanto para os pais. Pensou-se, então, como metodologia
ativa e construção de seu próprio conhecimento, desenvolver atividades por meio da
gamificação com uso de jogos que pudessem ser confeccionados pelos alunos e/ou jogos online
já produzidos na internet ou aqueles produzidos via Google Forms e na sala de aula invertida
através de pesquisas por meio do uso de livros ou materiais digitais, como: videoaulas,
podcasts, textos, fóruns etc. onde o aluno formará seu primeiro conceito do conteúdo abordado.

Tendo a família o importante papel de mediadora do incentivo e integração do aluno à


escola, participando ativamente em todo o processo, dando ênfase ao pensamento de (DESSEN
et al, 2007) quando diz que:

99
Técnica que usa jogos em situações que não são brincadeira. Ou pelo menos elementos deles: competição,
cooperação, resolução de problemas, passar de fases, ganhar prêmios.
100
Modelo onde primeiro o aluno faz a internalização dos conceitos essenciais antes da aula e depois, junto à
turma, discute os conhecimentos adquiridos e tira possíveis dúvidas de conteúdo com a ajuda e orientação do
professor.
É importante ressaltar que a família e a escola são ambientes de desenvolvimento e
aprendizagem humana que podem funcionar como propulsores ou inibidores dele.
Estudar as relações em cada contexto e entre eles constitui fonte importante de
informação, na medida em que permite identificar aspectos ou condições que geram
conflitos e ruídos nas comunicações e, consequentemente, nos padrões de colaboração
entre eles. Nesta direção, é importante observar como a escola e, especificamente, os
professores empregam as experiências que os alunos têm em casa. Face à leitura, é
muito importante que a escola conheça e saiba como utilizar as experiências de casa
para gerir as competências imprescindíveis ao letramento. A interpretação de textos
ou a escrita podem ser estimuladas pelos conhecimentos oriundos de outros contextos,
servindo de auxílio à aprendizagem formal. (DESSEN et al, 2007)

As atividades lúdicas se tornam educativas quando temos um objetivo pedagógico que


leva o aluno a perceber o que se quer ensinar. Através dos jogos educativos que são ferramentas
que estimulam e facilitam o aprendizado do aluno, possibilitando sua compreensão na aquisição
de novos conceitos, fazendo uso da gamificação com o objetivo de tornar o processo de
aprendizado mais prazeroso e produtivo, transformando conteúdos que não despertavam
interesse nos alunos em atividades divertidas. A gamificação é, portanto, uma maneira de
motivar pessoas em situações difíceis e tediosas por meio de elementos lúdicos.

A gamificação [...] pode impactar de forma positiva a experiência educacional dos


indivíduos, pois ela pode fornecer um contexto para a construção de um sentido mais
amplo para a interação, tanto nas escolas como em outros ambientes de aprendizagem,
potencializando a participação e a motivação dos indivíduos inseridos nesses
ambientes. (FARDO, 2013, p. 7)

Na sala invertida, o foco é o aluno. Se no modelo tradicional é o professor quem traz o


conhecimento até o aluno, na sala invertida é o contrário, onde este busca o conhecimento em
casa e o leva até a escola, buscando debater e discutir o assunto e comparar com o que foi
encontrado por seus colegas. Neste caso, o professor torna-se apenas o mediador do debate,
incitando para que haja mais conhecimento mútuo. Mendonça apud Viégas, Bacellar e
Rehfeldt (2016) destacam que no estudo on-line os alunos se apropriam dos conteúdos de
maneira autônoma por meio de recursos apontados pelos professores. Dessa forma, a sala de
aula fica destinada a solucionar dúvidas sobre o material exposto, debater individualmente ou
em grupo e resolver atividades pertinentes ao conteúdo, promovendo, assim, um ambiente
cooperativo de aprendizagem.
3 RELATO DE EXPERIÊNCIA

Neste relato de experiência apresentaremos as estratégias metodológicas utilizadas no


ensino remoto complementando as aulas do Projeto Aula em casa dando continuidade ao
processo de ensino e aprendizagem de alunos do 1º e 4º do ensino fundamental I, por
professoras de uma escola na zona Sul de Manaus.
Com o início da pandemia e a continuidade das aulas no ensino remoto, surgiram várias
dificuldades no âmbito escolar: falta de ferramentas (celular, computador e internet), famílias
que preferiram se resguardar em interiores e alunos sumidos. Diante do desafio as professoras
autoras deste relato inseriram em seus planejamentos a metodologia ativa, tendo como foco a
continuidade no processo de alfabetização, oferecida de forma atrativa para o aluno.
A ideia era encontrar caminhos que favorecessem o aprendizado e nesta busca as
professoras optaram em usar o método da gamificação e sala invertida, apresentado através de
vídeos explicativos, jogos educativos e biblioteca virtual. O próximo passo foi trazer os pais
para exercer o papel de mediadores, sendo assim, pode-se afirmar que a participação da família
foi de suma relevância neste processo de inovação e adaptação.
As orientações para as atividades se deram através dos grupos de WhatsApp das turmas
do 1º e 4º ano, adaptando a metodologia utilizada para cada etapa de ensino, assim como o nível
de desenvolvimento dos alunos. As ações serão apresentadas pelas professoras autoras deste
relato de experiência na seguinte ordem: Sheila Costa, Gesilda Pontes e Fabiana Gomes.
As professoras optaram por usar os métodos da gamificação e sala invertida,
pesquisando vídeos explicativos, jogos educativos e biblioteca virtual, a ideia era encontrar
caminhos que favorecessem o aprendizado dos alunos, pois, Rizzo (1996) afirma que “os jogos
constituem um poderoso recurso de estimulação do desenvolvimento integral do
educando. Eles desenvolvem a atenção, disciplina, autocontrole, respeito às regras e
habilidades perceptivas e motoras relativas a cada tipo de jogo oferecido”.

Nas atividades a seguir, foi utilizado o método de gamificação, em que os alunos


confeccionaram e apresentaram jogos através de vídeos gravados pela família e enviados para
as professoras através da técnica de comunicação audiovisual.

1. Atividades desenvolvidas pela professora Sheila Costa com alunos do 1º ano do ensino
fundamental I.
O Jogo Roleta das Sílabas tem como objetivo reconhecer as sílabas estudadas e dizer
nomes de objetos e pessoas que iniciam com as sílabas apontadas na roleta, observando que
diferentes combinações e posicionamento de sílabas podem formar diferentes palavras. O jogo
é composto por uma roleta confeccionada de cartolina e colchete (bailarina) ou outro material.
Na roleta deverá ter sílabas com todas as letras do alfabeto. O aluno gira o ponteiro da roleta e
são diversas as possibilidades e estratégias: dizer o nome da sílaba onde o ponteiro parou ou
dizer o nome de objetos, animais e outras coisas que iniciam com a sílaba apontada pelo
ponteiro da roleta. Como primeira experiência os alunos, apesar de nervosos, saíram-se muito
bem, a partir deste desafio se familiarizaram com as câmeras.

Imagem 1101: Roleta das Sílabas.

Fonte: Acervo escolar 2020.102

2. Atividades desenvolvidas pela professora Gesilda Bastos com alunos do 1º ano do


ensino fundamental I.

O jogo Composição e decomposição de números naturais tem como objetivo desenvolver


as habilidades da BNCC como: Identificar características do sistema de numeração decimal,
utilizando a composição e a decomposição de número natural; comparar e ordenar números
naturais (até a ordem de centenas) pela compreensão de características do sistema de numeração

101
As imagens foram manipuladas através do aplicativo PicCollage Beta com a intenção de apresentar um
quantitativo maior de evidências das atividades realizadas pelos alunos.
102
Disponível em: https://youtu.be/mbnYvMq-11w.
decimal (valor posicional e função do zero). A gamificação com os jogos online podem ser
acessados através dos links: https://wordwall.net/pt/resource/5111156/aprendendo-com-o-
%C3%A1baco; https://wordwall.net/pt/resource/16875490/inicia%c3%a7%c3%a3o-
%c3%a0-matem%c3%a1tica/identifica%c3%a7%c3%a3o-das-centenas-exatas;
https://wordwall.net/pt/resource/11388851/centena-dezena-e-unidade-
representa%C3%A7%C3%A3o-com-material-dourado
O recurso pedagógico concreto é composto por um puxa-puxa de valor posicional e um
ábaco, os quais preferencialmente devem ser confeccionados com materiais recicláveis. Para
atividade prática, o estudante deverá girar a roleta ou jogar um dado para verificar o número
sorteado, em seguida utilizar o ábaco colocando peças, objetos em cada ordem e indicar no
puxa-puxa de valor posicional, o número referente às unidades, dezenas e centenas.
Vale ressaltar, que a parceria entre a família e a escola foi determinante para que as
atividades propostas fossem exitosas, pois essa relação contribuiu para que houvesse
desenvolvimento cognitivo e aprendizagem significativa dos educandos.

Imagem 2103: Composição e decomposição de números.

Fonte: Acervo escolar, 2020104.

3. Atividades desenvolvidas pela professora Fabiana Gomes com alunos do 4º ano do ensino
fundamental I.
O jogo denominado Quiz Abolição da Escravatura tinha como objetivo saber o que os
alunos entenderam sobre o tema, a partir de perguntas e respostas que, ao final, contaram
pontos. Para ter mais competição, optou-se por ranquear seus pontos. Para jogá-lo, era
necessário ter acesso à internet para acessar o link https://wordwall.net/pt/resource/16138048.

103
As imagens foram manipuladas através do aplicativo PhotoGrid com a intenção de apresentar um
quantitativo maior de evidências das atividades realizadas pelos alunos.
104
Disponível em: https://youtu.be/029G4qWmaGc e https://youtu.be/Uqh6q9w2xZ8.
Imagem 3105: Quiz Abolição da Escravatura

Fonte: Acervo escolar, 2020.

Nas atividades a seguir, conforme Imagem 4, as professoras utilizaram a metodologia


da sala invertida lançando desafios muito interessantes e de forma interdisciplinar.

1. Atividades desenvolvidas pela professora Sheila Costa com alunos do 1º ano do ensino
fundamental I.

Na releitura das obras do artista japonês Raku Inoue, o aluno mostraria a sua
criatividade e habilidade criando figuras de todo tipo de animais a partir de elementos da
natureza. Essa atividade de releitura de obras tem como objetivo valorizar a natureza e
desenvolver a criatividade.

105
As imagens foram manipuladas através do Word com a intenção de apresentar um quantitativo maior de
evidências das atividades realizadas pelos alunos.
Imagem 4: Sala Invertida.

Fonte: https://www.researchgate.net/figure/FIGURA-1-Esquema-basico-da-sala-de-aula-
invertida_fig1_322567566

No primeiro momento a orientação da professora foi para o aluno pesquisar as obras do


artista e apreciar as suas obras se preparando desta forma para fazer a atividade de Releitura;
no segundo momento o aluno escolheu qual animal ele iria criar, depois recolheu a matéria
prima como os galhos, folhas e flores que já estão expostos ao chão. Família e alunos
trabalharam juntos sob a orientação da professora fazendo colagem com as matérias naturais
criando figuras de todo tipo de animais. Todo trabalho foi registrado com fotos e a professora
editou um vídeo com todos os trabalhos enviados e postou no grupo de pais no WhatsApp para
que todos pudessem apreciar o trabalho artístico dos alunos.
Imagem 5106: Releitura das Obras do artista japonês Raku Inoue.

Fonte: Acervo escolar, 2021.

2. Atividades desenvolvidas pela professora Gesilda Bastos com alunos do 4º ano do


ensino fundamental I.

Nas aulas de arte, a releitura de obras famosas, teve como objetivo principal incentivar
os estudantes a apreciarem obras de arte e recriá-las usando a criatividade e imprimindo uma
marca pessoal. Na primeira etapa a professora solicitou que os alunos pesquisassem sobre o
tema. Na segunda etapa, por meio do aplicativo Meet, fizemos uma roda de conversa e cada
aluno falou sobre o que tinha compreendido. Na terceira etapa a professora então enviou um
vídeo no grupo de WhatsApp da turma explicando mais sobre o assunto, solicitou que os alunos
pesquisassem obras de arte e escolhessem a que achavam mais interessante. Na quarta etapa,
os alunos, com ajuda de suas respectivas famílias, organizaram o cenário, fizeram a releitura
através da fotografia e gravaram um vídeo sobre as obras de artes original e a releitura. Na
quinta etapa, foi feita uma exposição através do vídeo postado no grupo da turma e na escola
um painel com as fotografias impressas das releituras das obras de arte, que ficou no pátio da
escola para apreciação da comunidade escolar.

106
As imagens foram manipuladas através do aplicativo PicCollage Beta com a intenção de apresentar um
quantitativo maior de evidências das atividades realizadas pelos alunos.
Imagem 6107: Releitura de obras de arte.

Fonte: Acervo escolar, 2021.

3. Atividades desenvolvidas pela professora Fabiana Gomes com alunos do 4º ano


do ensino fundamental I.
Com a intenção de conhecer e celebrar o dia da Consciência Negra foi proposto aos
alunos uma pesquisa com o objetivo de apresentar personalidades negras e seu legado para seus
colegas de sala e sociedade. Desde Zumbi dos Palmares, Tereza de Benguela até Michael
Jackson, Pelé, todas estas personalidades foram apresentadas à turma por meio de uma
encenação na qual os estudantes assumiram esses personagens e contaram um pouco de sua
história e luta.
Após o envio dos trabalhos, a professora editou os vídeos e postou no grupo de pais e
alunos para que todos pudessem apreciar e aprender sobre o assunto.

107
As imagens foram manipuladas através do aplicativo Photo Grid com a intenção de apresentar um
quantitativo maior de evidências das atividades realizadas pelos alunos.
Imagem 7108: Consciência Negra: eu sou alguém importante. Alunos caracterizados
de Thiaguinho (cantor), Pelé (jogador de futebol), Barack Obama (ex presidente dos EUA),
Dandara dos Palmares (escrava e companheira de Zumbi dos Palmares)

Fonte Acervo escolar, 2021. Disponível em: https://youtu.be/qQoGXVyDSC8.

4 RESULTADO

Com base nas análises das professoras referente à utilização das metodologias ativas
constatou-se uma evolução no aprendizado dos alunos através da devolutiva das atividades
realizadas. Foi possível perceber que os alunos do 1º ano desenvolveram o raciocínio lógico
matemático, composição e segmentação de palavras, oralidade, criatividade e concentração. Os
alunos do 4º ano desenvolveram habilidades leitoras, múltiplas formas de comunicação
facilitando sua expressão oral, escrita e interpretativa.
A atividade incentivou a parceria fundamental entre escola e família na orientação de
confecção de recursos concretos, os quais foram usados em jogos, brincadeiras e dinâmicas
proporcionando mais dinamismo ao processo de ensino/aprendizagem e minimizando o
distanciamento entre professor e aluno no ensino remoto.

108
As imagens foram manipuladas através do Word com a intenção de apresentar um quantitativo maior de
evidências das atividades realizadas pelos alunos.
O resultado obtido com o lúdico no processo do ensino foi satisfatório, atingindo 80%109
dos alunos. Houve avanço significativo na absorção dos conteúdos e conceitos estudados, a
relação entre a teoria com a prática tornou a aprendizagem mais atrativa e eficiente no
desenvolvimento da alfabetização, leitura, escrita e no raciocínio lógico-matemático. Os outros
20%110 da turma tiveram dificuldades devido a fatores como a falta de acompanhamento
familiar, recursos tecnológicos e domínio digital.

5 CONCLUSÃO

Ao nos depararmos com os resultados alcançados pelos alunos, utilizando as


metodologias ativas, acreditamos que o professor é um dos principais motivadores da
aprendizagem dos alunos a aprender, por isso busca aprimorar sua prática para tornar esse
processo mais dinâmico, experimentando novas metodologias, caminhos e estratégias e sempre
aberto às mudanças e aos desafios.
A utilização das metodologias ativas proporcionou uma maior participação e interesse
dos educandos no processo de construção do seu conhecimento e no desenvolvimento da
autonomia contribuindo para uma aprendizagem significativa. Foi relevante a interação entre
escola e família para o acompanhamento e realização das atividades solicitadas pelas
professoras.
Consideramos a experiência da aplicação das metodologias ativas envolvendo a sala de
aula invertida e a gamificação um sucesso, pois contribuiu de forma satisfatória para o processo
de ensino/aprendizagem dos alunos. Portanto, acreditamos que os desafios são superados
quando existe a parceria escola e família no processo de alfabetização e letramento dos
educandos.

REFERÊNCIAS

BACICH, Lilian; MORAN, José M. Metodologias ativas para uma educação inovadora:
uma abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2017.

109
Dados encontrados a partir de cálculos realizados pelas professoras, utilizando o total de alunos matriculados
e alunos participantes
110
Dados encontrados a partir de cálculos realizados pelas professoras, utilizando o total de alunos matriculados
e alunos participantes
BERBEL, Neusi, A. N. As metodologias ativas e a promoção da autonomia de estudantes.
Semina: Ciências Sociais e Humanas. Londrina, v. 32, n.1, 2011.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.

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OLIVEIRA, Cynthia Bisinoto Evangelista de; MARINHO-ARAÚJO, Claisy Maria. A relação


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SIGOLO, S. R. R. L. As relações entre família e escola: perspectivas e desafios. Formação


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VALENTE, José Armando. Aprendizagem Ativa no Ensino Superior: a proposta da sala


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______, José Armando. Blended learning e as mudanças no ensino superior: a proposta da


sala de aula invertida. Educar em revista, n. 4, p. 79-97, 2014.

______, José Armando. A sala de aula invertida e a possibilidade do ensino personalizado:


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inovadora: uma abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso, p. 26-44, 2018.

VIÉGAS, Shirley Ribeiro Carvalho; BACELLAR, Tatiana Mendes; REHFELDT, Márcia


Jussara Hepp. Sala de aula invertida como metodologia ativa: percepção dos estudantes do
curso de pedagogia em uma faculdade do Maranhão. Revista Tecnologias na Educação, n,
v. 18, p. 1-13, 2016.
DESAFIOS DAS PRÁTICAS EDUCATIVAS PARA A
APRENDIZAGEM DURANTE O ENSINO REMOTO

Autoras

Fabiana Gomes e Silva Gesilda de Nazaré de Pontes Bastos

Sheila Maria Freitas da Costa


COMBATE AO ABUSO E À EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇAS E
ADOLESCENTES NO CONTEXTO DA PANDEMIA

Ádila Marta da Silva e Silva111


Elisângela Brandão112
Zilda Andrade Ribeiro113

DOI: https://doi.org/10.29327/537494.1-12
RESUMO

Este capítulo apresenta o relato de experiência a partir das ações educativas realizadas com
alunos do 1º ao 5º ano, de uma escola pública da zona sul de Manaus-AM. Ações referentes ao
tema do combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes no contexto da
pandemia. As ações visavam à sensibilização de toda a comunidade escolar, a fim de promover
a prevenção à violência infantil. A metodologia utilizada foi um plano de ação desenvolvido
pela escola e posteriormente executado com pais e alunos. Apesar de ser um tema delicado e
complexo de ser trabalhado com crianças, principalmente durante o ensino remoto, os
resultados foram satisfatórios. Conclui-se que, a escola enquanto instituição social, espaço de
construção de conhecimento e apoiadora das causas sociais, necessita continuar abordando
temáticas relevantes como esta, pois desempenha papel fundamental na prevenção, na
identificação, e no combate ao abuso sexual na infância e adolescência.

Palavras-chave: Escola. Abuso. Combate.

1 INTRODUÇÃO

O dia 18 de maio, é uma data marcada por um crime hediondo e pela barbárie que
chocou toda a sociedade brasileira, dia em que a pequena Araceli Cabrera Crespo de apenas
oito anos de idade, foi sequestrada, violentada e assassinada de forma brutal. Os autores dessa

1111
SILVA, Á. M. da S, e. Gestora na Escola Estadual Professor Benício Leão-SEDUC/AM. Graduada em
Licenciatura Plena em Matemática. Especialista em Gestão do Trabalho Pedagógico. Mestranda em Ciência da
Educação. adila.silva@seducam.net
1122
BRANDÃO, E. dos S. Professora efetiva na Escola Estadual Professor Benício Leão-SEDUC/AM e na Escola
Municipal Izabel Angarita-SEMED/AM. Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal do Amazonas-
UFAM. Especialista em Gestão Escolar pela Universidade Salesiana Dom Bosco-FSBD. Especialista em Docência
nas Séries Iniciais pela Faculdade Tahirih- ADECAM. elisangela.brandao@seducam.pro.br
1133
RIBEIRO, Z. A. Professora efetiva na Escola Estadual Professor Benício Leão-SEDUC/AM. Graduada em
Pedagogia com habilitação em gestão educacional pela Faculdade Martha Falcão –FMF. Especialista em Gestão
de Currículos e Desenvolvimento de Práticas Pedagógicas pela Universidade do Estado do Amazonas – UEA.
zilda.ribeiro@seducam.pro.br
barbárie até hoje não foram punidos e, por esse motivo, ficou conhecido como o “Dia Nacional
de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes”, instituído pela Lei
Federal 9.970/00, em 17 de maio de 2000. Sem dúvidas é uma conquista que demarca a luta
pelos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes no território brasileiro.
A cada ano, esta data vem ganhando destaque perante a sociedade, por meio da
Campanha “Faça Bonito” que entende o abuso e a violência contra criança e adolescente como
atos de violência que ferem os direitos humanos, comprometendo o direito e a escolha de uma
sexualidade segura, conforme descrito a seguir:

A proposta anual da campanha é destacar a data para mobilizar, sensibilizar, informar


e convocar toda a sociedade a participar da luta em defesa dos direitos de crianças e
adolescentes. É preciso garantir a toda criança e adolescente o direito ao seu
desenvolvimento de forma segura e protegida, livres do abuso e da exploração sexual.
(CAMPANHA FAÇA BONITO, 2020).

Embora o combate a esse tipo de violência venha se destacando de modo positivo a


cada ano, muito ainda há que se fazer no sentido de alertar a comunidade em geral no combate
ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes. De acordo com Ventura (2003), “a
educação é tanto um direito humano em si mesmo, como é um meio indispensável para
realização de outros direitos”. Nesse sentido, a escola, enquanto espaço de formação, é
responsável por informar, orientar e sensibilizar a comunidade escolar sobre a importância do
tema.
Com a pandemia e o isolamento social foi necessário pensar estratégias para trabalhar
de maneira interdisciplinar temáticas que abordassem os problemas que envolvem o universo
das crianças. Com a proximidade do mês de maio e das campanhas para o “Maio Laranja”, o
tema abuso sexual de crianças e adolescentes foi o escolhido pela equipe escolar da Escola
Estadual Professor Benício Leão, uma vez que este é um assunto de grande relevância para a
prevenção da violência, assim como mais uma oportunidade de promover o conhecimento
através de atividades interdisciplinares.
Após a análise de alguns dados emitidos pela Secretaria de Segurança Pública do
Amazonas – SSP-Am (vide Tabela 1) a respeito de crimes sexuais cometidos contra crianças e
adolescentes no período de março de 2020 a abril de 2021 em Manaus, divulgados nos diversos
canais de comunicação, tais como: canais de TV aberta e redes sociais, houve a preocupação
com o bem estar dos alunos. A partir de então, a escola elaborou um plano de ação intitulado
“O combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes no contexto da
pandemia”, por meio do qual foram realizadas diversas ações educativas durante o ensino
remoto em 2021, com o objetivo de mobilizar e sensibilizar a comunidade escolar no combate
e prevenção ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes. Um tema
contemporâneo transversal pautado na coletividade que pôde contar com participação ativa de
todos os agentes escolares, alunos do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental I, pais, comunidade
e colaboradores de demais órgãos.

Tabela 1: Crimes sexuais contra crianças e adolescentes

Crimes ocorridos entre março de 2020 a abril de 2021 em Manaus

Natureza Faixa etária (0 a 11 anos) Faixa etária (12 a 17 anos) Total

Estupro de vulnerável 340 187 527

Estupro 69 69

Fonte: AMAZONAS, 2020/2021.

A escola enquanto instituição de ensino responsável pela formação social do cidadão


compreende que Temas Contemporâneos Transversais114 são questões importantes, urgentes e
presentes sob várias formas na vida cotidiana. São conhecidos como conteúdo de caráter social
que chegam à escola e que de alguma forma interferem na vida dos alunos e que devem ser
incluídos no currículo de forma transversal, não como uma área de conhecimento específico,
mas como conteúdos a serem ministrados no interior das várias áreas estabelecidas. Os
professores entendem que temas locais são conteúdos que transversalizam as áreas do
conhecimento do currículo, são eixos unificadores possíveis de serem trabalhados de forma
contextualizada através da interdisciplinaridade de forma não fragmentada para que haja
realmente uma transformação social.

2 METODOLOGIA

Diante de um tema importante e de difícil abordagem para se trabalhar com pais e


alunos do ensino fundamental I, a escola optou por desenvolver um plano de ação voltado para

114
Os Temas Contemporâneos Transversais (TCTs) têm a condição de explicitar a ligação entre os diferentes
componentes curriculares de forma integrada, bem como de fazer sua conexão com situações vivenciadas pelos
estudantes em suas realidades, contribuindo para trazer contexto e contemporaneidade aos objetos do
conhecimento descritos na Base Nacional Comum Curricular – BNCC.
a temática que envolvesse todos os agentes da área da educação, da sociedade e demais
parceiros, para de fato, atingir um aprendizado significativo.

A iniciativa envolveu toda a comunidade escolar, foi dividida em cinco etapas e


posteriormente executada com pais e alunos ao longo do mês de maio. Durante este período, os
alunos desenvolveram atividades interdisciplinares de forma organizada e dinâmica. A
mobilização e interação foi geral por parte dos pais e alunos e acredita-se que atividades como
essas, que têm a função de contextualizar o conteúdo com a vivência do aluno, conseguem
atingir os objetivos propostos pelos professores. Quanto a isso os Parâmetros Curriculares
Nacionais afirmam
[...] Atividades nas quais os alunos tenham que refletir, questionar, comunicar e
compreender informações expressas por meio dessas regras e convenções – e não
apenas descrevê-las e memorizá-las – podem ser planejadas pelo professor para que
as conheçam e aprendam a utilizá-las. (BRASIL, 1997)

Todas as orientações foram enviadas através dos grupos de WhatsApp da escola. Em


seguida, a gestora buscou parcerias junto aos órgãos da Secretaria de Estado de Educação e
Desporto- SEDUC, Polícia Civil do Amazonas e Secretaria de Assistência Social e Cidadania,
no sentido de convidá-los a participar de um workshop, conforme previsto n o planejamento. O
convite foi compartilhado em todas as redes sociais da escola. A etapa seguinte foi a abertura
da Campanha Faça Bonito115 na escola, através da realização do workshop com toda a
comunidade com o objetivo de sensibilizar sobre a importância do tema. A quarta etapa foi o
desenvolvimento de atividades voltadas para o tema de acordo com a faixa etária dos alunos. A
última etapa foi a culminância das ações planejadas através do compartilhamento de dois vídeos
montados com os principais momentos de cada etapa.
A abordagem das práticas pedagógicas, as orientações e as ações de sensibilização dos
pais e alunos, ocorreram durante o ensino remoto, de fevereiro a maio de 2021, em meio à
pandemia do SARs-CoV-2. Todas as ações desenvolvidas pela escola, assim como a devolutiva
das atividades realizadas pelos alunos ocorreram de forma virtual, no período de três semanas,
do mês de maio, pelos aplicativos do WhatsApp e Meet.
A organização das ações foi de suma importância para que o planejamento fosse
executado conforme o previsto; isso é possível quando há o empenho dos vários agentes, ainda
que de diferentes áreas do conhecimento, na busca de atingir um único e principal objetivo o

115
A Campanha tem o objetivo de mobilizar, sensibilizar, informar e convocar toda a sociedade a participar da
luta em defesa dos direitos de crianças e adolescentes, a fim de garantir a toda criança e adolescente o direito ao
seu desenvolvimento de forma segura e protegida, livres do abuso e da exploração sexual.
qual deverá ser muito bem definido no planejamento. Para Santos (2008), “o planejamento
educacional necessita de uma visão sistêmica e transdisciplinar, que significa substituir
compartimentalização por integração, desarticulação por articulação, descontinuidade por
continuidade nos aspectos teóricos e na práxis da educação”.

3 RELATO DE EXPERIÊNCIA

A ideia de elaborar um plano de ação tendo o combate ao abuso sexual como tema
gerador deu-se durante reunião pedagógica ocorrida no dia 23 de abril de 2021, ocasião em que
a gestora da escola, Ádila Marta da Silva e Silva, sugeriu a realização de um workshop voltado
para os pais e responsáveis, bem como, realização de atividades interdisciplinares com os
alunos. A partir da aceitação da equipe escolar, composta por professoras, pedagogas e gestora,
o passo seguinte foi pensar as ações possíveis de serem realizadas.
Após a elaboração do plano de ação, o próximo passo foi uma mobilização visando ao
combate, à orientação e à prevenção à violência infantil, para isso, a gestora, junto com toda a
equipe docente, utilizou os grupos de WhatsApp e a rede social da escola (Facebook) para
convidar a comunidade escolar a participar do workshop com o tema “Enfrentamento e
Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes”. Com a parceria de
órgãos municipais e estaduais a abertura da Campanha Faça Bonito116 na escola se deu através
de um workshop virtual apresentado por meio do aplicativo Meet, com o foco primeiramente
nos pais, professores e servidores da escola, posteriormente trabalhando com os alunos
conforme a faixa etária, momento de sensibilização que reuniu um número significativo de
participantes de toda comunidade escolar. Participaram como palestrantes do workshop,
representando a Secretaria de Estado de Educação e Desporto-SEDUC, a psicóloga Ketty
Figueiredo, representando o Conselho Tutelar da zona sul, o conselheiro Álvaro Reis e como
representante da Polícia Civil, o Especialista em Criminologia Rubens Estivalet.

116
A Campanha tem o objetivo de mobilizar, sensibilizar, informar e convocar toda a sociedade a participar da
luta em defesa dos direitos de crianças e adolescentes, a fim de garantir a toda criança e adolescente o direito ao
seu desenvolvimento de forma segura e protegida, livres do abuso e da exploração sexual.
Figura 1117: Participação no workshop

Fonte: Acervo da escola, 2021.

Após o workshop, foram aplicadas as atividades planejadas. Desta forma, cada turma
desenvolveu atividades voltadas para a alfabetização dos alunos, mas que tinham como foco o
tema abordado, elaboradas de acordo com o nível de aprendizagem em que cada turma se
encontrava.
Após a sensibilização realizada com os pais, a próxima ação foi orientar os alunos
através dos grupos de WhatsApp das turmas com mensagens de texto e vídeos explicativos
sobre o tema, esclarecendo o porquê este foi escolhido, os objetivos da campanha e a
importância de trabalhar o assunto com os todos os alunos.
Foram compartilhados nos grupos de WhatsApp, vídeos direcionados aos alunos, os
quais foram elaborados a partir de pesquisas para que fossem adequados a cada faixa etária.
Para o primeiro ciclo (alunos do 1º ao 3º ano), foi compartilhado um vídeo simples e de fácil
compreensão “O semáforo do toque”, que aborda os cuidados com algumas partes do corpo e,
por meio do qual, as crianças aprenderam o que pode e o que não pode ser tocado em seu
corpinho.
Após a visualização do vídeo, os alunos do 1º ano realizaram uma atividade
interdisciplinar impressa, na qual foram trabalhadas habilidades dos componentes curriculares

117
As imagens foram manipuladas através do Aplicativo CYMERA com o objetivo de apresentar um
quantitativo maior de evidências da Participação no workshop.
Ciências, Arte e Língua Portuguesa: inicialmente, orientamos uma atividade que envolvia
desenho e pintura dirigida das partes do corpo que não devem ser tocadas, além de ilustrações
referentes à campanha Faça Bonito. Em seguida, com o auxílio dos pais, os estudantes
trabalharam a linguagem oral ao explicarem os cuidados que se deve ter com o corpo e o que
fazer diante de uma atitude suspeita de pessoas estranhas ou até de pessoas próximas. E, visando
ao desenvolvimento da linguagem escrita, os estudantes tiveram que listar nomes de algumas
partes do corpo que precisam ser cuidadas.

Figura 2118: Produção dos alunos _ Semáforo do Toque e Faça Bonito

Fonte: Acervo da escola, 2021.

Para o 2º e 3º anos as propostas foram a realização de um jogral com os alunos, no qual


eles recitaram frases de efeito que abordavam a temática da campanha Faça Bonito. A escolha
dos alunos participantes do jogral se deu de forma espontânea. Lançamos um convite nos
grupos de WhatsApp e os alunos começaram a manifestar o desejo de participar da atividade
sugerida. Quanto à linguagem oral, gravaram vídeos com frases de impacto; visando ao eixo
leitura, solicitou-se que os alunos lessem pequenas frases a partir de cartazes que abordavam a
temática. E visando ao eixo escrita, eles produziram a interpretação escrita dos cartazes da
campanha que foram compartilhados nos grupos e, por fim, as professoras confeccionaram um
mural com as fotos enviadas pelos pais.

118
As imagens foram manipuladas através do Aplicativo CYMERA com o objetivo de apresentar um
quantitativo maior de evidências das atividades realizadas pelos alunos: Semáforo do Toque e Faça Bonito.
Foram disponibilizados ainda nos grupos dos alunos do 2º ano, vídeos gravados pelas
professoras contando a história “A menina das cores”, do livro infantil de Rita Cândida. Após
a contação da história, as atividades propostas foram direcionadas à prática da leitura,
interpretação e escrita. Ao final, foi solicitado de cada aluno a resposta para as seguintes
questões: identificação do título do livro, o nome da autora; citar as cores que representavam o
humor da personagem na história; encontrar as rimas das palavras indicadas na atividade;
completar as palavras com as letras faltosas; pesquisar sinônimos de algumas palavras do texto;
elaborar frases com as palavras pesquisadas, além de fazer a leitura delas.
Figura 3119: Jogral das Frases de impacto

Fonte: Acervo da escola, 2021.

Figura 4120: Produção dos estudantes - Cartazes sobre o tema

Fonte: Acervo da escola, 2021.

119
As imagens foram manipuladas através do Aplicativo CYMERA com o objetivo de apresentar um
quantitativo maior de evidências das atividades do Jogral: frases de impacto.

120
As imagens foram manipuladas através do Aplicativo CYMERA com o objetivo de apresentar um
quantitativo maior de evidências das produções dos estudantes.
Para os alunos do 4º e 5º ano foi compartilhado, nos grupos, um vídeo sobre o caso
Araceli Cabrera Crespo, com a finalidade de divulgar as principais informações. O próximo
passo foi a realização de pesquisas próprias sobre o caso; em seguida, os alunos enviaram áudio
expondo suas reflexões sobre o ocorrido. Como atividade escrita, foi solicitada a produção de
cartazes informativos objetivando o desenvolvimento da leitura, da interpretação e da oralidade
com a participação e orientação dos pais.

Para finalizar, foi realizada culminância realizada por meio de atividades lúdicas. No
componente curricular Arte todos os alunos participaram de atividades envolvendo desenho,
pintura, recorte e colagem da flor símbolo da campanha: Faça Bonito. Cada aluno preparou sua
flor e, em seguida, compartilhou a foto de sua produção no grupo do WhatsApp.
As flores criadas pelos alunos integraram um mosaico juntamente com uma foto
montagem com as mãos dos alunos em sinal de PARE! Também símbolo da campanha. Os
vídeos, fotos e todo material enviado pelos alunos foram editados e compilados, sendo agregado
às evidências na culminância das ações realizadas.
Figura 5121: Mural Mosaico das atividades

Fonte: Acervo da escola, 2021.

121
As imagens foram manipuladas através do Aplicativo CYMERA com o objetivo de apresentar um
quantitativo maior de evidências do Mural Mosaico das atividades.
4 RESULTADOS

Os resultados mostram que apesar do tema escolhido ser delicado e complexo de ser
abordado, principalmente, com crianças do ensino fundamental 1, a persistência e mobilização
da equipe escolar contribuiu de forma significativa para um resultado satisfatório.
No decorrer do processo alguns desafios foram encontrados como a necessidade de fazer
a sensibilização dos pais e responsáveis para que estes compreendessem a importância de
trabalhar a temática com os alunos. A sensibilização foi necessária em virtude dos receios que
algumas pessoas ainda têm de explanar o tema para crianças. Depois da apresentação do
workshop foi notória a aceitação dos pais em relação à abordagem do assunto com os alunos,
pois através das palestras puderam perceber a importância de trabalhar esse tema na escola.
Outro desafio a ser destacado foi a elaboração de estratégias para desenvolver as
atividades com a turma, levando em consideração a faixa etária dos alunos e seus níveis de
alfabetização, visto que os professores não recebem formação ou capacitação para trabalhar
com temas importantes como esse. O modelo das aulas remotas, também foi um grande desafio,
visto que alguns responsáveis alegaram não poder acompanhar as orientações nos grupos de
WhatsApp, como as vídeos-aulas e demais atividades, devido à dificuldade de acesso à internet
e por esse motivo, alguns de nossos alunos deixaram de compartilhar com a turma suas
atividades.
Por outro lado, a maioria dos alunos participou de forma efetiva da realização das
atividades. Foi possível perceber que o assunto abordado chamou a atenção de todos e o quanto
foi importante para eles o vídeo do Semáforo do Toque, pois temos a certeza de que eles, mesmo
que ainda pequenos, saberão pedir ajuda e se defender de atitudes suspeitas e esperamos que de
tudo que foi desenvolvido, conceitos e orientações tenham sido assimilados.
Para a escola ficou um grande aprendizado, no que diz respeito ao plano de ação e às
estratégias para o desenvolvimento das diversas atividades propostas durante a pandemia do
SARs-CoV-2. Afirma-se que o engajamento da equipe docente foi fundamental durante todo o
processo de elaboração e execução das ações planejadas. Mesmo diante do distanciamento
social e sem contato presencial com os alunos, essa experiência foi considerada por todos os
agentes desse processo um aprendizado significativo, pois mostrou que ações bem planejadas,
com atividades orientadas e bem acompanhadas, mesmo temas contemporâneos transversais
delicados de se trabalhar com os alunos e famílias, podem sim, alcançar seu êxito.
No entanto, é preciso registrar que nem tudo foi perfeito, porém o que não deu certo,
oportunizou o repensar das estratégias, pois sabe-se que nenhum planejamento educativo é
rígido, ele é uma ferramenta que precisa ser entendido como um processo de acompanhamento
diário, em que devem ser considerados os elementos que levam a uma execução de sucesso.
Portanto, um planejamento de aulas não está completo quando a sua escrita é posta num papel
e, sim, quando as suas estratégias são executadas com sucesso e os seus objetivos devidamente
são alcançados.

5 CONCLUSÃO

É possível perceber que planejar ações que abordem temas transversais como o
escolhido pelos autores deste relato de experiência, envolvendo toda comunidade escolar e
buscando parcerias com representante de órgãos municipais e estadual para a apresentação do
workshop é fundamental para integrar a família à escola, superar os desafios encontrados e
alcançar resultados satisfatórios. O trabalho com a temática só foi possível graças ao
engajamento de toda a equipe escolar, todos os professores e pedagogas da escola tiveram a sua
contribuição no processo, mesmo com as dificuldades encontradas, as ações foram executadas
de acordo com o planejado, o auxílio dos órgãos e profissionais competentes foi de grande
relevância na orientação aos pais e responsáveis de como encaminhar os casos para os órgãos
responsáveis e tomar as medidas para garantir a proteção das crianças e adolescentes.
No decorrer das ações foi possível vislumbrar que o plano desenvolvido pela escola
trouxe a todos os envolvidos inúmeras sensações, sentimentos, reflexões e indagações, e
algumas certezas em comum: é preciso discutir sexualidade com as crianças e adolescentes,
disponibilizar formações específicas para os profissionais da educação sobre a problemática da
violência e do abuso sexual contra crianças e adolescentes. Notou-se que as respostas foram
bem positivas pelos pais, responsáveis e alunos, diante das diversas atividades desenvolvidas
ao longo do mês.
Conclui-se que a escola enquanto instituição social é um espaço de construção de
conhecimento e apoiadora das causas sociais necessita continuar abordando temáticas
relevantes como esta, pois esta postura colabora para a prevenção, identificação e, para o
combate ao abuso sexual na infância e adolescência assim como minimizar essa problemática
na sociedade.
REFERÊNCIAS

AMAZONAS. Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM). Crimes tendo


crianças e adolescentes como vítimas, por faixa etária e natureza - Manaus 2020. Manaus, 2020.
Disponível em: < http://www.ssp.am.gov.br/wp-content/uploads/2021/05/Crimes-tendo-
criancas-e-adolescentes-como-vitima-por-faixa-etaria-e-natureza-Manaus-2020.pdf > Acesso
em: 29/05/2021.

BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Vol. 8.


Apresentação dos Temas Transversais, Brasília: MEC/SEF, 1997.

CAMPANHA FAÇA BONITO. Disponível em < https://www.facabonito.org/acampanha >


Acesso em: 29/05/2021.

Portal da Câmara dos Deputados. LEI Nº 9.970, DE 17 DE MAIO DE 2000. Disponível em <
https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2000/lei-9970-17-maio-2000-377148-
publicacaooriginal-1-pl.html/ > Acesso em: 27/05/2021.

SANTOS, E. da C. Transversalidade e Áreas Convencionais. Manaus: Edições UEA/Valer,


2008.

VENTURA, Mirian. (Org.). Direitos sexuais e direitos reprodutivos na perspectiva dos direitos
humanos, Rio de Janeiro: Advocaci, 2003.
O COMBATE AO ABUSO E À EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇAS E
ADOLESCENTES NO CONTEXTO DA PANDEMIA

Autoras

Ádila Marta da Silva e Silva Elisângela dos Santos Brandão Zilda Andrade Ribeiro
TELEJORNAL: RECURSO PEDAGÓGICO PARA O ENFRENTAMENTO AO
SARS-COV-2 E DIVULGAÇÃO DE MEDIDAS DE PREVENÇÃO

Ádila Marta da Silva e Silva122


Fabiana Gomes e Silva123
Zilda Andrade Ribeiro124
DOI: https://doi.org/10.29327/537494.1-13
RESUMO

Este capítulo tem por objetivo apresentar os procedimentos adotados pela escola para o
desenvolvimento do Projeto Telejornal para Enfrentamento e Prevenção ao SARS COV-2,
tendo como participação alunos do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental I durante o ensino
remoto. Como metodologia foi planejado um projeto didático de apresentação de orientações
sobre a prevenção ao vírus, tendo como público-alvo toda a comunidade escolar interna e
externa. Diante do cenário pandêmico em que a cidade de Manaus estava passando pela segunda
onda do vírus, o objetivo principal do projeto é sensibilizar a comunidade escolar acerca da
importância de se prevenir contra o Coronavírus. Os resultados demonstram que o trabalho
realizado contribuiu de forma significativa para esclarecer e sensibilizar a comunidade escolar
interna e externa sobre a importância da prevenção ao vírus para a saúde da coletividade.
Palavras-chave: Aprendizagem. SARS CoV-2. Telejornal.

1 INTRODUÇÃO
No final de 2019 surgiu na China, em Wuhan, um vírus desconhecido pela ciência,
provocando uma grave doença pulmonar com alto risco de morte, que rapidamente se espalhou
por todo o mundo e em março de 2020, chegou à cidade de Manaus. Ele recebeu a nomenclatura
de SARS CoV-2 e tem os sintomas bem parecidos com os de uma gripe. No entanto, de forma
mais acelerada provoca uma infecção nos pulmões que sem os cuidados necessários e imediatos
levam à morte. A terra parou e o sistema de saúde público e privado não suportou a grande
demanda de pessoas necessitando de cuidados e leitos para combater o vírus, um verdadeiro

122
SILVA, Á. M. da S., e. Gestora na Escola Estadual Professor Benício Leão-SEDUC/AM. Graduada em
Licenciatura Plena em Matemática. Especialista em Gestão do Trabalho Pedagógico. Mestranda em Ciência da
Educação. E-mail: adila.silva@seduc.net
123
SILVA, Fabiana G. e. Professora na Escola Estadual Professor Benício Leão-SEDUC/AM graduada em
Licenciatura Plena Pedagogia, especialista em Docência da leitura, escrita e matemática nas séries iniciais;
Educação Infantil e Séries Iniciais com Ênfase em Alfabetização. E-mail: fabiana.gomes.silva@seducam.pro.br
124
RIBEIRO, Z. A. Professora na Escola Estadual Professor Benício Leão-SEDUC/AM. Graduada em Pedagogia
com habilitação em gestão educacional pela Faculdade Martha Falcão –FMF. Especialista em Gestão de Currículos
e Desenvolvimento de Práticas Pedagógicas pela Universidade do Estado do Amazonas – UEA. E-mail:
zilda.ribeiro@seducam.pro.br
caos na saúde, que fez com que o número de óbitos tivesse um aumento significativo no
Amazonas.

O ano letivo de 2021 iniciou neste cenário pandêmico e para garantir a educação como
um direito à todos, o governo do estado do Amazonas com vistas a garantir a continuidade das
aulas, em conformidade com o artigo nº 205 da Constituição Federal de 1988 que “define que
a educação é direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com
a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. O governo do estado determinou
através do Decreto governamental de Nº 43.342, de 29 de janeiro de 2021, o Conselho Estadual
de Educação do Amazonas - CEE-AM aprovou, para o dia 18 de fevereiro, o retorno das aulas
da rede pública estadual no formato de ensino remoto, tendo como objetivo promover o pleno
desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem do educando.

Nesse período o Amazonas estava vivendo a segunda onda de contaminação. A situação


na cidade de Manaus estava um caos. A população não estava seguindo os protocolos de saúde
orientados pela Organização Mundial de Saúde - OMS e por esta razão a pandemia estava sem
controle. Baseada nisso, a equipe pedagógica com a finalidade de sensibilizar a comunidade
escolar sobre a importância da prevenção ao SARS CoV-2, planejou um projeto tendo como
recurso pedagógico o telejornal que foi executado no período de 22/03 a 30/04/2021,
totalizando aproximadamente 35 dias letivos. O projeto contou com a participação dos alunos
da escola e teve como público-alvo a comunidade escolar interna e externa.
Nesse sentido, é importante ratificar o papel da escola não só como facilitadora de
conhecimentos, formadora de opinião e da inserção do cidadão na sociedade, mas também ter
um olhar coletivo a fim de perceber as diversas especificidades e principalmente o cuidado com
os alunos levando em consideração os aspectos cognitivos nos atos de ensinar e aprender.
Conforme pontuam Teleken et al (2020)

A escola exerce dois papéis fundamentais na sociedade: socializar e democratizar o


acesso ao conhecimento e promover a construção moral e ética nos estudantes. Esses
dois papéis compõem a formação de pessoas conscientes, críticas, engajadas e com
potencial de transformação de si mesmas e da sociedade. (TELEKEN et al,
2020).
Para planejar o projeto didático do telejornal, foram mobilizados todos os professores
da escola para que fossem selecionados os tópicos mais relevantes sobre o tema explorado e as
ferramentas pedagógicas e tecnológicas de fácil acesso aos pais e alunos de forma a facilitar o
repasse das orientações e informações, garantindo o êxito na execução do projeto, assim como
as estratégias metodológicas a serem utilizadas para o desenvolvimento do processo de ensino
e aprendizagem do discente. O aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp foi utilizado
para agilizar a comunicação com os pais e com os estudantes e repassar as orientações para
execução das apresentações do telejornal e produção dos cartazes de reflexão do tema abordado.

2 METODOLOGIA

O projeto foi realizado totalmente no formato do ensino remoto iniciando no mês de


março e tendo sido concluído no mês abril de 2021. O público-alvo foi toda comunidade escolar
interna e externa. A metodologia utilizada foi um projeto didático com a exibição de um
telejornal com as principais informações sobre a prevenção ao SARS-CoV-2. Participaram do
planejamento e elaboração do projeto professores e pedagogas da escola, em que o projeto foi
desenvolvido em cinco etapas. Na primeira etapa os professores apresentaram para os alunos
de todas as turmas as principais informações sobre o tema. A segunda etapa se deu através da
distribuição das ações conforme Tabela I, os alunos receberam as orientações dos professores
e se organizaram para o próximo passo.

Tabela I: Organização das ações


Dia Tópico Turma Professor Produção dos Professor
participante responsável Cartaz responsável

1º Covid no 5º 01 Fabiana Gomes 2º02 Érika Franco


Amazonas e no
mundo

2º Sintomas 4º 01 Zilda Andrade 2º01 e 2º03 e Sheila Freitas,


3º03 Elisângela
Brandão e Luciele
Oliveira.

3º Prevenção 4º 03 Raimunda 1º01 e Assunta Torres e


neves Daniele Carvalho
02

4º Tratamento 4º 02 Gesilda Pontes 3º02 Lucélia Coelho.

5º Vacina 5º 02 Thaís Maciel 3º01 Adriana Araújo.


Fonte: equipe escolar, 2021.
Na terceira etapa, sob a orientação dos professores, os alunos começaram a elaborar,
construir e enviar nos formatos de imagem e vídeos o material para apresentação do Telejornal,
nesta mesma etapa os professores organizaram o material recebido dos alunos.
A última etapa foi a divulgação do produto final, o telejornal apresentado pelos alunos
nas redes sociais da escola e no site da Secretaria de Estado de Educação e Desporto. Os
episódios foram apresentados durante cinco dias.
Todas as orientações do projeto, assim como as devolutivas do material preparado pelos
alunos com suporte da família se deram através dos grupos de WhatsApp das turmas da escola.
Criados com a finalidade de manter a comunicação da escola com alunos e seus responsáveis
durante o período do ensino remoto.
Diante de fenômenos inesperados como uma pandemia ou outras situações que
impedem a presença em sala de aula, as tecnologias não podem ficar à margem do ensino e
aprendizagem, para tanto a estratégia do telejornal utilizada pela escola reafirma a importância
da tecnologia na contribuição entre a comunicação família e escola, no sentido de propagar
informações significativas sobre a prevenção ao Coronavírus elevando assim, o nível de
conhecimento, por faixa etária, de todos os envolvidos, num período em que a única forma de
proporcionar conhecimento foi através dos recursos tecnológicos.

3 RELATO DE EXPERIÊNCIA

Realizou-se na escola Benício Leão, um projeto didático, sendo o produto final a


exibição de um telejornal. Este projeto envolveu todos os alunos e professores da instituição.
Desenvolver atividades didáticas do currículo repriorizado, determinado pela Secretaria de
Educação para o ensino remoto como forma de garantir o currículo mínimo aos alunos do 1º ao
5º ano, não foi uma tarefa fácil devido a diversos fatores econômicos e sociais da comunidade
em que a escola está inserida. Optar por realizar um projeto diferenciado e inovador no qual as
informações e orientações são enviadas pela internet, através dos grupos de WhatsApp das
turmas foi tarefa árdua.

Com a finalidade de alertar e informar a comunidade sobre a importância da prevenção


e os cuidados necessários para combater a propagação do Coronavírus, assim como promover
o desenvolvimento no processo de ensino e aprendizagem dos alunos, a escola superou o
desafio do distanciamento social e executou o projeto envolvendo toda a escola, graças ao
modelo utilizado de um Telejornal que despertou a curiosidade dos alunos e o
comprometimento deles e de seus responsáveis, agentes necessários para estimular ainda mais
os alunos a buscarem novos saberes.

O primeiro momento deu-se separadamente, cada um em seu grupo de WhatsApp, em


que as professoras apresentaram e explicaram dados atuais da situação da doença no mundo,
fazendo uma comparação com o Brasil e o Amazonas. Nessa etapa, já ocorre a leitura/escuta e
interpretação sobre o assunto explanado.
Em seguida, os trabalhos e funções foram distribuídos e divididos com base nos tópicos
a serem apresentados, os alunos receberam as orientações de quais temas iriam fazer a pesquisa.
O primeiro ciclo (1º, 2º e 3º anos) ficou responsável pela produção dos cartazes explicativos
sobre o tema e os alunos do segundo ciclo (4º e 5º anos) com a responsabilidade de explicar e
apresentar tais assuntos via vídeo. Sob a orientação dos professores, os alunos do primeiro ciclo
realizaram pesquisas sobre o tema abordado e confeccionaram cartazes criativos, de forma
resumida apresentaram os pontos mais relevantes da pesquisa com o objetivo de sensibilizar o
leitor. Já os alunos do segundo ciclo foram orientados e desafiados a irem além da pesquisa,
leitura e escrita. Precisaram produzir vídeos com informações atualizadas do assunto, com
explicações esclarecedoras que promovessem a conscientização e prevenção ao Coronavírus.

Imagem 1125: Cartazes produzidos pelo 1º ciclo.

Fonte: Equipe escolar, 2021.

125
As imagens foram manipuladas através do aplicativo Inshot com a finalidade de apresentar um quantitativo
maior de evidências dos cartazes confeccionados pelos alunos.
Como produto final do projeto, realizado em cinco episódios, a primeira edição do
Telejornal Benício Leão apresentou os seguintes tópicos: COVID-19 no Amazonas e no mundo;
sintomas; prevenção; tratamento e vacina. O resultado do projeto foi divulgado nas mídias
sociais da escola, da Coordenadoria Distrital de Educação 02, da qual a escola faz parte, e na
página principal da Secretaria de Estado de Educação e Desporto – SEDUC, com a finalidade
de viabilizar aos pais e/ou responsáveis e toda comunidade o acesso às informações
apresentadas e explicadas pelos seus próprios filhos de forma mais acessível, além de dar
visibilidade ao trabalho desenvolvido pela escola e poder contribuir para novas pesquisas.
O projeto foge da realidade de atividades do dia a dia, o aluno se torna agente ativo no
seu processo de aprendizagem, se familiariza com os conteúdos através de meios tecnológicos
de comunicação enfatizando todo o aprendizado audiovisual, se tornando parte importante na
construção do seu próprio conhecimento social. Conforme registro na BNCC, em que:

As experiências das crianças em seu contexto familiar, social e cultural, suas memórias, seu
pertencimento a um grupo e sua interação com as mais diversas tecnologias de informação e
comunicação são fontes que estimulam sua curiosidade e a formulação de perguntas. O estímulo
ao pensamento criativo, lógico e crítico, por meio da construção e do fortalecimento da
capacidade de fazer perguntas e de avaliar respostas, de argumentar, de interagir com diversas
produções culturais, de fazer uso de tecnologias de informação e comunicação, possibilita aos
alunos ampliar sua compreensão de si mesmos, do mundo natural e social, das relações dos
seres humanos entre si e com a natureza. (BRASIL)

O telejornal trouxe essa experiência para os alunos, em que eles mesmos estavam
ensinando seus colegas e, ao mesmo tempo, aprendendo. O assunto escolhido também ajudou
bastante, pois o SARS CoV-2 está nas rodas de conversa, nos jornais, nas rádios, e, apesar de se
ouvir muito sobre o assunto, algumas informações podem chegar deturpadas, inclusive se as
crianças fizerem associação com o que presenciam nas ruas. Após o projeto, elas se tornaram
agentes observadoras e multiplicadores dos conhecimentos adquiridos durante o processo.

4 RESULTADOS

Com os resultados foi possível observar que ao realizar atividades envolvendo o aluno
como coautor do processo de construção de sua própria aprendizagem foi significativo para o
desenvolvimento de suas capacidades educativas, em que a realização do telejornal foi
satisfatória para o desenvolvimento das atividades coletivas.
Investir em metodologias inovadoras de ensino é desafiador, porém gratificante ao
constatar que o resultado obtido supera as expectativas iniciais, e principalmente estimula que
novos e diferentes métodos de aprendizado sejam aplicados com os alunos, a fim de sair da
mesmice de livros, atividades impressas e vídeos explicativos pela própria professora. Afinal,
uma das maneiras de aprender é ensinando.
Destacou-se o empenho e interesse de todos os agentes envolvidos na atividade, e
principalmente o interesse dos alunos pelo projeto na abordagem de um tema contemporâneo
de grande relevância para a proteção da saúde de todos, em que eles foram os agentes principais,
apresentadores de um telejornal e fonte de informação para seus colegas de sala, de escola e de
bairro. Além, é claro, do próprio conhecimento adquirido ao longo do processo, em que os
alunos tornaram-se observadores de suas famílias, apontando os erros e acertos quanto ao
cumprimento dos protocolos de segurança e proteção de todos.

Imagem 2: Apresentador do Telejornal Benício Leão

Fonte: equipe escolar, 2021.


Os resultados foram significativos, os alunos do 1º ao 3º ano conseguiram expressar por
meio da produção de cartazes o aprendizado adquirido, pois os trabalhos foram fonte de
informação e sensibilização da necessidade de prevenção contra o Coronavírus. A elaboração
destes materiais favoreceu a leitura e escrita do aluno, já que foi desenvolvida a partir de
diversos gêneros textuais, através da apresentação e exposição de seus trabalhos os alunos
desenvolveram a oralidade, promovendo a socialização de conhecimentos adquiridos que fazem
parte no processo de aprendizagem.
Os alunos do 4º e 5º ano, mediante pesquisas realizadas em diversos suportes textuais
sobre a temática, conseguiram reunir informações corretas sobre o vírus, os sintomas, as formas
de prevenção como distanciamento social, algumas formas de tratamento, e principalmente os
cuidados básicos que são os protocolos de saúde. Com a produção dos vídeos, os alunos
passaram a se interessar ainda mais pela leitura e desenvolveram habilidade de escrita por meio
da produção de texto, visto que escreveram sobre algo tão atual e relevante. As famílias se
destacaram como integrantes fundamentais, uma vez que orientados pelos professores,
filmaram, produziram e editaram os vídeos dos alunos e no final se sentiram parte importante
na construção das evidências desse trabalho.
A parceria entre escola e família foi de extrema importância para que o aluno se sentisse,
mesmo que no ensino remoto, em um ambiente acolhedor, respeitoso, inclusivo e solidário.
Desta forma a proposta inicial e objetivo do projeto foram alcançados de forma satisfatória.

5 CONCLUSÃO

Trabalhar na escola com temas transversais contemporâneos, despertar o aluno para


atuar como agente ativo é de grande relevância para o processo de ensino e aprendizagem, pois
através da realização das atividades, ele desenvolve atitudes necessárias voltadas para promover
uma vida saudável e segura. As informações sobre o tema transmitidas em forma de telejornal
foram esclarecedoras e serviram para alertar a comunidade escolar acerca da importância de se
prevenir contra o Coronavírus, sendo assim a proposta do projeto foi alcançada de modo
significativo.

A escola enquanto espaço de construção de conhecimento está sempre atenta a temas


contemporâneos relevantes cumprindo o seu papel social na busca de atividades que contribuem
para fixação dos conhecimentos e abrir novas possibilidades de estudos e, principalmente, de
construir novos saberes e assim, não deixar o tema apenas nas discussões em sala de aula
(virtual), como também em casa e comunidade, superando as expectativas de aprendizagem dos
alunos.

Os desafios que o SARs-CoV-2 trouxe para as instituições escolares foram vários, e a


escola onde foi desenvolvido esse trabalho passou por eles com maestria, pois os autores desse
processo aprenderam a se reinventar diante das adversidades e, principalmente, reafirmando
que a educação é um direito de todos, com os conhecimentos adquiridos não importando o seu
formato, seja através do ensino remoto ou no ensino alternado. E assim, com todas as
dificuldades que uma situação pandêmica traz em seu bojo, a escola, por meio do engajamento
entre equipe gestora, corpo docente, pais e alunos possibilitaram a realização do Telejornal,
atingindo o objetivo de alertar a comunidade sobre a importância da prevenção e cuidados
contra o Coronavírus, bem como elevando o nível de aprendizagem dos alunos por meio das
práticas de leitura, escuta, produção e oralidade, cumprindo de forma eficiente o seu papel
social.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição Federal, art. nº 205. Senado Federal, 2020. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm> Acesso em: 20 mai.
2021.

______. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Disponível em: <
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/abase> Acesso em: 20 mai. 2021.

SILVA, Bento Duarte da. Questionar os pressupostos da utilização do audiovisual no


ensino: audiovisual/rendimento da aprendizagem/democratização do ensino. 2001.

TELEKEN, Paula Maristela; RESSLER, Marlene Soder. A escola em tempos de pandemia:


um ano de incertezas. Formação de Professores em Revista-Faccat, v. 1, n. 2, p. 23-33, 2020.
TELEJORNAL: RECURSO PEDAGÓGICO PARA O ENFRENTAMENTO AO
SARS-COV-2 E DIVULGAÇÃO DE MEDIDAS DE PREVENÇÃO

Autoras

Ádila Marta da S. e Silva Fabiana Gomes e Silva

Zilda Andrade Ribeiro


COMBATE AO MOSQUITO AEDES AEGYPTI NO ENSINO REMOTO

Assunta Maria de Sousa Torres 126


Daniele Lemos Carvalho 127
DOI: https://doi.org/10.29327/537494.1-14
RESUMO

Este relato tem por objetivo apresentar as ações desenvolvidas para o combate ao mosquito
transmissor da Dengue Aedes Aegypti que foram realizadas durante o ensino remoto com duas
turmas do 1º ano do Ensino Fundamental 1. O objetivo principal foi orientar os alunos a fazerem
uma limpeza na área externa de sua casa para verificar focos do mosquito e eliminá-los. Essa
ação faz parte de um Projeto da Secretaria de Estado de Educação e Desporto intitulado Dez
minutos contra a Dengue, Chikungunya e Zika. A metodologia utilizada foi uma Sequência
Didática Interdisciplinar. As turmas foram divididas em subgrupos, nos quais os alunos ficaram
responsáveis pela realização de atividades diversificadas. O resultado final foi um vídeo
produzido pela professora. Os resultados demonstraram que a aprendizagem dos alunos foi
significativa, pois alguns pais relataram que as crianças passaram a cuidar mais do ambiente
onde vivem. Concluiu-se que as atividades elaboradas foram relevantes e importantes para o
aprendizado dos alunos, pois as ações aprendidas passaram a ser praticadas diariamente.

Palavras-chave: Dengue. Prevenção. Escola. Ensino remoto

1 INTRODUÇÃO

O presente relato resultou da abordagem do tema Dengue, realizado na escola Estadual


Professor Benício, localizada no bairro Japiim na Zona Sul de Manaus no período de 24 a 31
de março de 2021, com o objetivo de orientar os alunos a fazerem uma limpeza na área externa
de suas casas para verificarem possíveis focos do mosquito e eliminá-los. A execução desse
trabalho envolveu a participação das famílias dos alunos, visto que eles estavam no ensino
remoto e dependiam dos recursos tecnológicos disponibilizados por seus responsáveis e do
auxílio na execução das atividades
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, no bairro onde a escola está localizada, foram
notificados 27 casos de Dengue, sendo que 10 casos foram confirmados (SEMSA, 2021). A
dengue de modo geral, é uma doença considerada como um problema de saúde pública tanto

126
TORRES. A. M, de S. Formada em Normal Superior UEA, Graduada em Licenciatura Plena em Pedagogia,
especialista em Psicopedagogia. Professora da Rede Estadual. E-mail: assunta.torres@seducam.pro.br.
127
CARVALHO.D.L, graduada em Licenciatura Plena em Pedagogia, especialista em Gestão e Supervisão Escola
e Gestão do Currículo. Professora da Rede Estadual. E-mail: daniele.lemos@seducam.pro.br
no Amazonas quanto no Brasil. Segundo dados da Fundação de Vigilância em Saúde - FVS-
Am, o Amazonas vivenciou a última epidemia no ano de 2011, ocasião em que foram
notificados 65 mil casos de Dengue (FVS-AM-NEWS,2020). Desde então, o Governo do
Estado vem realizando campanhas de ações preventivas para a eliminação de focos do
mosquito, pois possui um calendário anual que contempla temas transversais como o de Saúde,
recomendado pelos Parâmetros Curriculares Nacionais- PCN, o qual assim afirma:

A escola cumpre papel destacado na formação dos cidadãos para uma vida saudável,
na medida em que o grau de escolaridade em si tem associação comprovada com o
nível de saúde dos indivíduos e grupos populacionais. Mas a explicitação da educação
para a Saúde como tema do currículo eleva a escola ao papel de formadora de
protagonistas — e não pacientes — capazes de valorizar a saúde, discernir e participar
de decisões relativas à saúde individual e coletiva. (BRASIL, 1997, p. 34)

Eis a importância da abordagem do tema, pois, nós, enquanto professores, devemos


orientar nossos alunos a respeito da reflexão e tomadas de decisões que geram problemas
socioambientais e, consequentemente, interferem tanto na saúde individual quanto na coletiva.
Alguns exemplos percebidos na cidade são: o acúmulo de lixo em lugares impróprios; os
desmatamentos causados por invasões; falta de saneamento; elevação da temperatura; os longos
períodos chuvosos característicos dos climas tropicais, enfim, estes são fatores que tornam a
cidade de Manaus uma região endêmica. Por isso faz-se necessário a abordagem desse tema
dentro das escolas, seja de forma presencial ou remota, principalmente no período chuvoso, que
se torna um ambiente propício para a proliferação do Aedes Aegypti e, consequentemente, da
doença.

2 METODOLOGIA

Em consonância com os temas sugeridos e inseridos no calendário escolar da Secretaria


de Estado de Educação e Desporto- SEDUC e devido ao crescimento de casos de dengue na
cidade de Manaus e no bairro Japiim serem alarmantes, pensou-se na abordagem do tema por
meio de uma Sequência Didática Interdisciplinar, pois, segundo os Parâmetros Curriculares
Nacionais, os Temas Transversais, por se tratarem de questões sociais, não podem ser
trabalhados de forma isolada, havendo assim a necessidade da contribuição das outras áreas do
conhecimento. (BRASIL,1997).
A sequência foi executada no período de uma semana, dividida em quatro etapas e teve
como público-alvo duas turmas do 1º ano do ensino fundamental I dos turnos matutino e
vespertino, composta por 28 alunos cada uma, totalizando 56 alunos. Para o desenvolvimento
da Sequência foram planejadas as seguintes ações: Cada turma foi dividida em 4 grupos de 7
crianças que participaram e realizaram as atividades propostas na sequência, disponibilizadas
por meio do grupo de WhatsApp. A atividade foi acompanhada de todas as orientações para que
os estudantes e familiares compreendessem como ela seria realizada, portanto, definiu-se a
composição de grupos, os quais receberam as seguintes tarefas: Grupo1 (Desenho de prevenção
contra a dengue), Grupo 2 (Desenho do ciclo de vida do mosquito), Grupo 3 (Fazer um vídeo
realizando alguma ação de prevenção contra a dengue), Grupo 4 (Gravar um vídeo recitando
um verso do gênero textual poema “O cordel contra a dengue’’). As atividades tiveram o
objetivo de orientar tanto as crianças como também as famílias sobre a importância do combate
ao mosquito Aedes Aegypti, transmissor da Dengue. As devolutivas foram realizadas através
de fotos e vídeos enviados pelo WhatsApp da turma. O produto final foi a elaboração de um
vídeo com todas as atividades desenvolvidas pelos alunos e publicadas no facebook da escola.

3 RELATO DE EXPERIÊNCIA

Em virtude do alerta sobre o aumento de casos de Dengue em nosso Estado, foi


necessário manter ativo, mesmo com o ensino remoto, o Programa de Brigadas da Fundação de
Vigilância em Saúde - FVS- Am, cuja notificação afirma que

O objetivo é que todo imóvel não residencial, como igrejas, agências bancárias, escolas
e shoppings, tenham o programa implantado e atuante. Mesmo com o cenário da
pandemia de Covid-19, não podemos esquecer do Aedes Aegypti, pois as arboviroses
também podem matar (AMAZONAS, 2021).

O planejamento da ação considerou o contexto pandêmico, pois este fez com que se
pensasse na necessidade de adaptação da abordagem do tema, em virtude das aulas serem
realizadas no formato remoto. Dessa forma, decidiu-se por uma Sequência Didática que
envolveu 56 alunos do 1º ano do Ensino Fundamental 1 da escola.
O tema abordado foi sobre o mosquito transmissor da dengue em virtude dos dados
oficiais apontarem não só aumentos de casos da doença na cidade de Manaus no ano de 2021,
como também pelo número de casos notificados no bairro Japiim, onde está localizada a escola.
Para essa abordagem foi escolhida uma Sequência Didática Interdisciplinar
contemplando os componentes curriculares de Ciências, Língua Portuguesa e Artes. Em
Ciências, foi trabalhado sobre a Dengue: mosquito transmissor, profilaxia, sintomas e
tratamento. Em Língua Portuguesa trabalhou-se o gênero textual Folheto, explorando
habilidades das práticas de linguagem: oralidade, leitura e escrita. Para trabalhar o conteúdo de
Ciências, foi utilizado um folheto com todas as informações sobre o mosquito transmissor da
Dengue. As atividades foram realizadas de forma lúdica para que os alunos se sentissem
motivados a realizá-las, visto que eles não teriam a presença do professor para estimulá-los.
Todos os anos esse trabalho é realizado no ambiente escolar com a mediação do
professor. Esse ano o foco principal não foi o ambiente escolar e, sim, os lares das crianças e
de seus familiares. No primeiro momento o contato foi com os pais por meio do grupo de
WhatsApp onde foi apresentado um roteiro em forma de Sequência Didática e a divisão da
turma em grupos de sete alunos.
Cada grupo fez uma atividade da sequência: O grupo 1 fez o desenho de prevenção
contra a dengue utilizando a linguagem não verbal, na qual os alunos expressaram o
aprendizado adquirido; O grupo 2 fez o desenho do ciclo de vida do mosquito Aedes Aegypti;
O grupo 3 fez um vídeo realizando uma ação de prevenção contra a doença. Em seguida, os
pais fizeram um vídeo das crianças realizando a verificação de possíveis focos de mosquito em
água parada em pneus, garrafas, caixas d' água, vasos de plantas entre outros, mantendo assim
um ambiente limpo e saudável, conforme mostra a Figura 3; O grupo 4 gravou um vídeo
recitando um verso do gênero textual poema “O cordel contra a dengue’’ do Cordelista Tárcio
Costa. Como afirma “[...] “O cordel contra a dengue”, de Tárcio Costa, tem um guia de
prevenção em que nos deparamos com uma linguagem bem acessível, própria para crianças.
Linguagem esta que retrata justamente o nosso foco principal: o lar das crianças. (CONDE,
2019)
.Figura1128: Cartazes produzidos em 2021 Figura 2129: Verificação de possíveis
focos

Fonte: Acervo da escola, 2021. Fonte: Acervo da escola, 2021.

128
As imagens foram manipuladas através do aplicativo Canva com a finalidade de apresentar um quantitativo
maior das evidências dos cartazes feitos pelos alunos.
129
As imagens foram manipuladas através do Word com a finalidade de apresentar um quantitativo maior de
evidências das verificações de possíveis focos de mosquito Aedes Aegypti em seus lares e da recitação do poema.
Figura 3130- Desenhos de prevenção produzidos durante o Ensino Remoto em 2021

Fonte: Acervo da escola, 2021.

Sabemos que os temas integradores voltados para a saúde precisam fazer parte do
cotidiano dos alunos, pois é por meio deles que os adultos vão se sensibilizando e colocando
em prática as ações preventivas de combate à Dengue, mantendo limpos os ambientes como
quintais; caixas d’águas fechada;, sacos de lixos lacrados; higienização de vasos de plantas;
evitar acúmulos de materiais como pneus, garrafas, copos de material plástico e tudo quanto é
objeto que acumule água e facilite o criadouro do mosquito. Principalmente em períodos
chuvosos que facilitam a proliferação do mosquito.
A experiência nos permitiu concluir que é possível alcançar resultados exitosos mesmo
no ensino remoto, desde que haja engajamento tanto dos atores escolares quanto da família dos
estudantes, pois essa é uma parceria de sucesso. Isso não significa que não tivemos que superar
desafios.
O primeiro desafio foi o cenário de aulas 100% remotas o que levava à inquietação:
como poderíamos abordar esse tema com os alunos envolvendo os seus familiares, visto que os
mesmo muitas vezes não têm muito tempo para acompanhar as crianças. Por isso, foi importante

130
As imagens foram manipuladas através do aplicativo Canva com a finalidade de apresentar um quantitativo
maior de evidências dos desenhos feitos pelos alunos.
sensibilizar as famílias a participar junto com os alunos na realização das atividades. Foi uma
experiência muito gratificante, pois os pais realizaram juntamente com as crianças todas as
atividades propostas, percebendo assim que os cuidados começam dentro de casa.

4 RESULTADOS

Os resultados mostram que o trabalho com a sequência didática de forma


interdisciplinar, envolvendo alunos e família alcançou os objetivos propostos. Todas as etapas
foram executadas pelos alunos com a confirmação da realização por meio das devolutivas
enviadas. Além de compreenderem todo o conteúdo sobre o mosquito transmissor da Dengue,
também desenvolveram habilidades de oralidade, leitura e escrita. Além disso, promoveu-se
não somente a busca pelo conhecimento e informação, mas também possibilitou aos agentes
desse processo a reflexão sobre o tema, sensibilizando-os e incentivando-os a cuidarem melhor
de suas casas, já que perceberam a importância da prevenção contra a Dengue, tornando-se
assim multiplicadores dos conhecimentos adquiridos durante todo o processo e
desenvolvimento dessa da ação.
O produto final foi um vídeo produzido pelas professoras, registrando o resultado de
cada etapa desenvolvida na sequência didática O vídeo foi compartilhado no grupo de
WhatsApp da turma e também nas redes sociais da escola. Assim, serviu como fonte para
propagar a importância do combate ao Aedes Aegypti e, principalmente, a importância da
prevenção em casa. Todo esse trabalho foi realizado de forma remota, durante um período
pandêmico, o que o torna ainda mais significativo, visto que isso não impediu a escola de
garantir o direito à educação e de trabalhar o tema integrador Saúde. O material pode ser
visualizado pelos links a seguir:
http://www.educacao.am.gov.br/alunos-da-rede-estadual-se-dedicam-a-acoes-de-
prevencao-contra-dengue-em-manaus/
https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=1851635141660992&amp;id=10000443
5720998 https://www.facebook.com/watch/?v=943104423131197

5 CONCLUSÃO

Conclui-se que todas as etapas vivenciadas pelos alunos durante a execução da


sequência didática de forma interdisciplinar proporcionou conhecimento acerca do mosquito
transmissor da Dengue e as formas de prevenção, assim como o desenvolvimento de habilidades
em Língua Portuguesa e Arte. Promoveu também a interação entre família, alunos e professores.
Foi desafiador o trabalho no ensino remoto, mas com o apoio da família as dificuldades foram
superadas e isso ampliou as possibilidades de continuar o processo de ensino e aprendizagem
de forma remota, assegurando os direitos de aprendizagem dos alunos.

REFERÊNCIAS

AMAZONAS. Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas. Programa Brigadas contra o


Aedes Aegypti está em 1,2 mil instituições no Amazonas, 2021. Disponível
em:<https://www.fvs.am.gov.br/en/noticias_view_en/4733>. Acesso em: 19, maio 2021.

AMAZONAS. Autoridades da Saúde reforçam importância das medidas de prevenção contra a


dengue no Amazonas,2020Disponível em
<https://www.fvs.am.gov.br/en/noticias_view_en/3741#:~:text=Rosemary%20acrescenta%20
que%20a%20%C3%BAltima,infestadas%20pelo%20mosquito%20Aedes%20aegypti>
Acesso em:19, maio 2021.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais :


apresentação dos temas transversais, ética / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília :
MEC/SEF, 1997.

CONDE, Érica. Uso da poesia de cordel na educação infantil. Disponível em:


https://cordeispedagogicos.blogspot.com/2019/05/o-uso-da-poesia-de-cordel-na-
educacao.html. Acesso em: 19 de maio 2021.

FVS-AM. NEWS. Autoridades da Saúde reforçam importância das medidas de prevenção


contra a dengue, 2021. Disponível em<https: //
www.fvs.am.gov.br/en/noticias_view_en/4733>. Acesso em: 19, maio 2021.

SEMSA. Prefeitura de Manaus promove ação educativa de combate ao Aedes aegypti. 2021.
Disponível em: https://semsa.manaus.am.gov.br/noticia/prefeitura-de-manaus-promove-acao-
educativa-de-combate-ao-aedes-aegypti/. Acesso em: 03 de junho 2021.
COMBATE AO MOSQUITO AEDES AEGYPTI NO ENSINO REMOTO

Autoras

Assunta Maria de Sousa Torres

Daniele Lemos Carvalho


LIXO VIRA LUXO NA ESCOLA BENÍCIO LEÃO

Adriana Araújo da Silva131

DOI: https://doi.org/10.29327/537494.1-15
RESUMO

Este capítulo apresenta o relato das atividades desenvolvidas com os alunos de uma escola na
zona sul de Manaus, através do projeto intitulado Lixo vira luxo. As atividades tinham o
objetivo de sensibilizar a comunidade escolar para a prática do descarte consciente, além de
levá-los a perceber a possibilidade de transformar o lixo em materiais úteis com características
sustentáveis. A metodologia se deu através da ação participativa de todos os alunos da escola,
com aulas informativas e pesquisas sobre os impactos ambientais causados pelo lixo, coleta
seletiva, transformação de resíduos sólidos e reciclagem. Os resultados mostram que através da
aquisição de conhecimentos despertou-se o interesse e promoveu-se sensibilização dos alunos
e das famílias sobre os problemas ambientais e a importância de promover atitudes sustentáveis.
Conclui-se que a escola, enquanto instituição de construção de conhecimento e apoiadora das
causas sociais, necessita continuar com abordagens sobre temas locais de relevância que
envolvam a comunidade de seu entorno, pois desempenha um papel de suma importância no
que tange à sensibilização de todos os agentes envolvidos nos conceitos de reciclar, reutilizar e
reduzir os resíduos produzidos ao seu redor.

Palavras-chave: Sensibilizar. Reciclar. Educar

1 INTRODUÇÃO

A proposta desse capítulo é apresentar as ações desenvolvidas por meio de um projeto


voltado para o meio ambiente e saúde durante o ensino alternado, realizado com alunos do 1º
ao 5º ano do ensino fundamental I na Escola Estadual Professor Benício Leão, localizada na
zona sul de Manaus, no bairro do Japiim. A proposta pedagógica em questão abordou temas
relacionados ao descarte consciente do lixo e à transformação desse material. A iniciativa do
projeto se deu a partir da inscrição no Programa Ciência na Escola - PCE, promovido pela
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas - FAPEAM, edição 2020. Ao refletir
sobre quais temas seriam relevantes para a comunidade escolar, a professora optou por
desenvolver um trabalho que promovesse conhecimento e sensibilização dos alunos sobre a
importância da reciclagem e sustentabilidade.

131
SILVA, A. A, da. Professora na Escola Estadual Professor Benício Leão, graduada em Licenciatura em
Pedagogia, pós-graduanda em Psicopedagogia. E-mail: adrianaa.1984@seducam.pro.br.
A sociedade de uma forma geral não tem se preocupado com o descarte correto do lixo
e seu destino, com isso as causas de poluição ambiental têm tido um crescimento considerável,
gerando problemas não somente relacionados às questões ambientais, como também à saúde
pública.
A falta de informação sobre reciclagem e tempo de decomposição dos resíduos sólidos
tem causado sérios problemas naturais, pois em tempo chuvoso os objetos descartados de forma
imprópria se tornam obstáculos para a passagem da água em rios e igarapés, provocando
alagamentos em áreas residenciais, fazendo com que a população sofra as consequências da
falta de conhecimento e conscientização.
Ao trabalhar com a reciclagem, estamos sensibilizando o nosso aluno a desenvolver a
consciência de um futuro sustentável. Morodim e Morais (2004, p. 3) pontuam que “Através da
reciclagem, o lixo passa a ser visto de outra maneira, não como um final, mas como o início de
um ciclo em que podemos preservar o meio ambiente, a participação consciente e a
transformação de hábitos”. Nesse sentido, o professor tem papel primordial na construção de
conhecimento acerca da reciclagem do lixo e seu produto final.
A escola está inserida em uma comunidade com sérios problemas sociais e econômicos,
portanto, é comum encontrar lixos em locais impróprios como: praças, ruas, feiras e
principalmente na frente da escola. Com isso se fez necessário pensar estratégias para trabalhar
com os alunos envolvendo toda comunidade escolar, com a finalidade de multiplicar
informações relevantes de sustentabilidade e conscientização sobre o tema.
Como indicam Dassoler e Lima (2012), o professor “domina a arte de reencantar, de
despertar nas pessoas a capacidade de engajar-se e de mudar”. Lembrando Paulo Freire (1996),
concordamos que o ensinar não se limita apenas em transferir conhecimentos, mas em
desenvolver a consciência de que, por ser humano, somos inacabados, assim, ensinar e aprender
torna-se um processo contínuo de intervenção/transformação na realidade da pessoa e do
mundo.

2 METODOLOGIA

A metodologia escolhida foi pesquisa bibliográfica e ação participativa desenvolvida


através de um tema contemporâneo transversal, com foco na compreensão e sensibilização dos
alunos sobre causas de poluição ambientais voltadas para a produção de lixo, coleta seletiva,
transformação de resíduos sólidos e reciclagem. A participação efetiva do sujeito diretamente
envolvido é fundamental na produção dos conhecimentos sobre a sua realidade, uma vez que
sua própria observação sobre o ambiente vivido e os problemas que direta e indiretamente o
afetam os torna capazes de perceber a necessidade de mudanças positivas em suas ações.
É na escola que as práticas sustentáveis efetivamente contribuem para um aprendizado
integral, já que as atividades propostas suscitam exercício de participação, compartilhamento
de responsabilidades e compromisso com o futuro; levando em consideração esses pontos,
provoca-se o debate com os alunos instigando-os a refletirem, por exemplo, sobre: Qual a
quantidade de lixo produzido do momento em que acordamos até a hora em que dormimos?
Para onde vai todo esse lixo? Qual o tempo de decomposição?; além de incentivá-los a pensar
sobre os impactos ambientais causados.
Segundo Silva (2011), “não há como não produzir lixo, no entanto, podemos reduzir a
produção reutilizando, sempre que possível, os materiais recicláveis, através da coleta seletiva”.
Em concordância com o autor, afirma-se que a coleta seletiva é de suma importância na
reutilização de alguns materiais, pois é mediante a reutilização dos materiais recicláveis que
podemos reduzir a produção de lixo.
Durante a elaboração do projeto foi pensado em uma estratégia que envolvesse alunos
do 1º ao 5º ano do ensino fundamental I matriculados na escola, de forma que estes fossem
levados à conscientização e sensibilização em relação ao meio ambiente e à saúde. Nesse
sentido, todas as ações do projeto foram organizadas e realizadas durante o ensino alternado,
divididas em seis etapas, sendo a última delas, a culminância do projeto que teve como público-
alvo toda a comunidade escolar.
A primeira abordagem se deu através da exposição do tema por meio de textos
informativos, vídeos explicativos e a leitura do livro Da escola para o mundo, disponibilizado
para a escola pelo Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD), momento em
que os alunos puderam conhecer e se apropriar mais sobre o assunto.
A segunda etapa consistiu em realizar uma roda de conversa e pesquisas com os alunos
do ensino alternado, fazendo o levantamento sobre o que entendiam do assunto e debatendo
sobre o que poderia ser feito como melhoria no bairro.
Na terceira etapa foi realizada a atividade de coleta seletiva, da qual a comunidade
participou ativamente coletando e doando resíduos sólidos, como papéis, vidros, embalagens,
entre outros objetos que seriam descartados, e que aos poucos foram limpos, desinfetados e
separados para a próxima etapa.
Na quarta etapa com os materiais separados pelos alunos e comunidade foi desenvolvida
a pesquisa sobre o tempo de decomposição de cada um deles e as formas que poderiam ser
reaproveitadas. Esse trabalho teve a participação de alunos de outras turmas, visto que o
objetivo era sensibilizar a comunidade sobre o descarte consciente.
Na quinta etapa esses materiais foram selecionados e separados por categoria passando
pelo processo de transformação e reciclagem, permitindo que os próprios alunos
transformassem esses resíduos e dessem a eles nova utilidade.
Na sexta etapa foi a realização da culminância do projeto, através de uma feira reciclável
os alunos fizeram a exposição dos trabalhos com materiais reciclados confeccionados por eles
durante o projeto.

3 RELATO DE EXPERIÊNCIA

No retorno às aulas presenciais no formato do ensino alternado, regime em que o aluno


um dia assiste à aula na escola e, no outro, assiste-a em casa através do programa Aula em Casa,
foi desenvolvido o projeto tendo como temática o lixo. Com o objetivo de envolver todos os
alunos da escola, a professora planejou as etapas do projeto, que teve início no ensino remoto
e após o retorno às aulas presenciais deu continuidade no ensino alternado.
No primeiro momento, conforme Figura 01, a professora ministrou palestras sobre o
conceito de lixo aos alunos apresentando materiais, como livros, pesquisas sobre tempo de
decomposição, vídeo explicativo de como ocorre a coleta e para onde esses materiais são
descartados em nossa cidade. Nessa etapa a professora orientou os alunos para que realizassem
pesquisas e confeccionassem cartazes com as principais informações sobre o lixo.
Figura 01132 – Palestra sobre o conceito do lixo: Produção e Descarte.

Fonte: Equipe escolar, 2020.

132
As imagens foram manipuladas através do Aplicativo InShot com o objetivo de apresentar um maior número
de evidências da atividade com a reciclagem do lixo.
Em seguida, os alunos participaram de uma roda de conversa para debater sobre a
pesquisa realizada e apresentar os cartazes produzidos por eles, conforme visto na Figura 02.
Refletiu-se, ainda, neste momento, sobre o que poderia ser feito para melhoria da qualidade de
vida no bairro do Japiim I. Após a atividade, os cartazes foram expostos no mural da escola e
apresentados a outras turmas.

Figura 02133 – Pesquisa e produção de cartazes

Fonte: equipe escolar, 2020.

Após as etapas iniciais de conversa, exposição sobre o tema e elaboração de cartazes, a


professora organizou a atividade da coleta seletiva, com o objetivo de colocar ações de
sustentabilidade em prática na comunidade em torno da escola. Nessa etapa a professora
realizou uma reunião com os alunos e seus responsáveis para apresentar a organização da
atividade e montar juntamente com eles um esquema de reciclagem no bairro, coletando
materiais que pudessem ser reciclados, conforme Figura 03. Dessa forma o trabalho conseguiu
abranger a comunidade de forma mais extensa e participativa.
Após a organização das equipes para a coleta em torno da escola, todos os materiais que
poderiam ser reaproveitados como: vidro, garrafa pet, latinhas, plásticos, foram selecionados,
identificados conforme tempo de decomposição e expostos no pátio da escola para sensibilizar
a comunidade escolar sobre a importância da reciclagem.

133
As imagens foram manipuladas através do Aplicativo InShot com o objetivo de apresentar um maior número
de evidências da atividade com a reciclagem do lixo.
Figura 03134 – Atividade Coleta Seletiva

Fonte: equipe escolar, 2020.

Desta forma, sob a orientação da professora os alunos fizeram a seleção para limpeza
dos materiais e cada equipe ficou responsável junto com a família por organizar, limpar e
reciclar esses resíduos. Os alunos transformaram esses materiais em objetos que pudessem ser
reaproveitados, dando a eles uma nova utilidade e, assim, contribuir para a construção de um
ambiente menos poluído.
Porém, durante esse processo, muitos desafios foram encontrados, principalmente pelo
fato de estarmos trabalhando no formato do ensino alternado, no qual os estudantes só vão às
aulas presenciais dois dias da semana, comprometendo, assim, o andamento do projeto, além
da necessidade de ter mais cuidados e atenção na coleta e orientação na comunidade do próprio
bairro escolar, mas foi gratificante ver o desempenho de todos os envolvidos.
A culminância do projeto se deu através da exposição dos trabalhos produzidos e
confeccionados pelos alunos, representando uma significativa etapa no desenvolvimento social,
além da apresentação e troca de experiência entre os alunos todos aprenderam na prática que
com criatividade e boa vontade há como se entender sobre sustentabilidade e reaproveitar
materiais que podem ser reciclados e reutilizados.

134
As imagens foram manipuladas através do Aplicativo InShot com o objetivo de apresentar um maior número
de evidências da atividade com a reciclagem do lixo.
Figura 04135 – Culminância do projeto

Fonte: Equipe escolar, 2020.

4 RESULTADOS

O resultado se deu de forma significativa, pois no retorno às aulas presenciais, no


formato alternado, os alunos participaram ativamente dentro de suas condições e realidade da
escola e da família. Aprenderam o conceito de lixo; pesquisaram e estudaram sobre o tempo de
decomposição de diversos materiais; como ocorre a coleta seletiva e o local de descarte de
materiais que são produzidos pela população amazonense. Foi possível perceber que com os
debates os alunos desenvolveram a linguagem oral, com as pesquisas avançaram na leitura e
devido às inúmeras anotações das informações pertinentes sobre o tema avançaram na escrita.
Diante de todas as etapas relatadas anteriormente, os alunos perceberam a importância
de conhecer e desenvolver ações envolvendo a reciclagem como responsabilidade social.
Entenderam que atitudes simples e conscientes geram grandes resultados, unindo
sustentabilidade e ação social. Compreenderam que a prática em conjunto pode levar a um
processo para vida toda, pois o que seria descartado cria uma nova utilidade.

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As imagens foram manipuladas através do Aplicativo InShot com o objetivo de apresentar um maior número
de evidências da atividade com a reciclagem do lixo.
Diante da pesquisa sobre o descarte consciente, os alunos passaram a perceber que de
forma educativa pode-se abordar um tema tão relevante para a sua própria vida e para o meio
ambiente e que através da reciclagem ele se torna responsável e ajuda a diminuir os impactos
ambientais no meio ambiente. Na etapa final do projeto todos aprenderam que através da
reciclagem cada um contribui para a diminuição da quantidade de lixo no planeta.
Muitos desafios foram encontrados, principalmente pelo fato das aulas ocorrerem no
formato do ensino alternado, onde nem todos os dias os alunos estavam na escola, dificultando
o processo de desenvolvimento do projeto, além da necessidade de ter mais cuidado e atenção
na coleta e orientação de toda a comunidade escolar, mas considerou-se que foi gratificante
perceber o desempenho de todos os envolvidos nas atividades práticas.
O trabalho foi finalizado com a culminância do projeto e com a exposição dos trabalhos
produzidos e confeccionados pelos alunos, representando uma significativa etapa de
desenvolvimento social, além da apresentação e troca de materiais entre os alunos, onde as
turmas aprenderam na prática que com criatividade e vontade de aprender há como se entender
sobre sustentabilidade.
Portanto, os resultados do projeto foram bastante satisfatórios pois através da coleta de
lixo os alunos puderam perceber a necessidade de dividir, separar e organizar esses materiais,
reconhecendo que nem todos os lixos eram descartados, podendo alguns serem reciclados e
reaproveitados, na utilização de novas formas, além da proximidade da família com a escola,
promovendo a relação de escola, aluno e família somando tudo isso ao desenvolvimento de
práticas sustentáveis na comunidade escolar, visando à construção de um futuro sustentável.

5 CONCLUSÃO

Com a conclusão do trabalho pôde-se observar as mudanças nas práticas desenvolvidas


pela comunidade escolar, percebeu-se a partir do relato dos alunos que eles passaram a reciclar
e reduzir a produção de lixo, demonstrando que houve sensibilização e entendimento de que
todos têm responsabilidade sobre o consumo e descarte consciente.
Através dessa experiência, a troca de conhecimento entre os alunos mostrou-se bem
positiva e enriquecedora, pois a iniciativa para reduzir a produção de lixo e reciclar materiais
que possibilitam essa ação, torna-os cidadãos responsáveis pelas causas ambientais e a escola,
enquanto instituição de construção de conhecimento e apoiadora das causas sociais, precisa
propor trabalhos com abordagens sobre temas locais de relevância que envolva a comunidade
em seu entorno, pois desempenha um papel de suma importância no que tange à sensibilização
de todos os agentes envolvidos sobre a importância de reciclar, reutilizar e reduzir a quantidade
de materiais que são descartados diariamente.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares nacionais: Meio


Ambiente e Saúde, vol. 9. Secretaria de Educação, Brasília: MEC/SEF, 1997.

MARODIN, V. S, MORAIS, G. A. Educação Ambiental com os temas geradores lixo e água e


a confecção de papel reciclável artesanal. Anais do 2º Congresso Brasileiro de Extensão
Universitária. Belo Horizonte. UEMS.

SILVA, Lucimara; DE PAULA, Silvio Mello. Lixo urbano, população e saúde: um desafio.
Nucleus, v. 8, n. 1, p. 1-12, 2011.
LIXO VIRA LUXO NA ESCOLA BENÍCIO LEÃO

Autora

Adriana Araújo da Silva

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