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Aula Teórica nº 4

Processos fluviais (cont.) – Cálculo do declive do leito do rio na carta topográfica. Fórmula de Manning

Trabalho dos Cursos de Água – Erosão – Eficiência do canal. Variação da velocidade no canal de um curso de
água.
Na última aula: Escoamento fluvial

• Destino das águas das chuvas


• Tipos de escoamento (subterrâneo superficial- escorrência, esc. hipodérmico) e e como se originam.
• Rede de drenagem e Bacia de drenagem.
• Toponímia dos cursos de água – cursos efémeros, intermitentes e perenes.
• Morfometria de um curso de água. Noção de caudal.
• Determinação do Caudal de escoamento.
• Factores que influenciam o caudal de um curso de água.
• Perfil e gradiente (declive) de um rio.
Retirado de : Understanding Earth (7th ed.) [J. Grotzinger, T.H. Jordan, 2014] pag 554
?

Understanding Earth pag 544 (7th ed.)


[J. Grotzinger, T.H. Jordan, 2014]
Variações observadas nos cursos de água

1. aumento do caudal (discharge) para jusante (descarga dos afluentes)


2. aumento da secção transversal (da largura (width) e da profundidade (depth)
3. Ligeiro aumento da velocidade de escoamento
4. Diminuição do declive do leito do rio (gradiente)

gradiente
Largura

Velocid
Profun.

caudal caudal caudal caudal

Retirado de Skinner, B. & Porter, S.(1992) – THE DYNAMIC EARTH. An introduction to physical geology . 2nd ed. John Wiley & Sons
Revendo os conceitos da aula anterior:
1. Qual o caudal diário de um rio que tem 2,6 m de profundidade, 148 m de largura e uma velocidade de 0,3 m/s?

Fórmula do Caudal:
𝑄 = 𝑣 × 𝐴 (𝑒𝑚 𝑚 ! ⁄𝑑)

2. Porque é que, em média, a velocidade do fluxo aumenta para jusante apesar do gradiente diminuir na mesma direção?
O Gradiente determina a velocidade, mas a velocidade também é determinada:
1. pela aceleração da gravidade,
2. pelas mudanças de rugosidade do leito e das margens
3. e pelas mudanças da forma do canal.
Nas cabeceiras dos cursos de água os canais tendem a ser relativamente largos e pouco profundos e
cheias de blocos e calhaus – diminuição da velocidade devido à fricção - mas semicirculares para jusante.

Além disso, o volume de água aumenta à medida que os afluentes vão confluindo, o que representa maior volume
de água, logo maior caudal e maior velocidade.
1. Declive de um troço do perfil do rio:

Diferença entre as cotas de 2 pontos considerados no perfil do rio sobre a distância que os separa e em percentagem:

dh ha1 - ha 2
=
C C

a’2

2. Como se determina na carta topográfica abaixo (extracto) à escala 1:25 000 ?

50m O troço 𝑎" 𝑎# = 2cm,

a1
E o declive é:
a2
C
Morfometria do canal de escoamento:

Grandezas morfométricas:
L – largura
h – profundidade
P – Perímetro molhado
A – secção transversal (área do perfil transversal do canal)

$
Rh – raio hidráulico = 𝑅ℎ =
%

adaptado de Christofoletti, A. (1980) – Geomorfologia, 2ª ed. Ed. Edgard Blücher


Relação entre a velocidade de fluxo/ caudal e as características do Canal:

! !
𝐴× 𝑅&# × 𝑆 𝑅&# × 𝑆
Fórmula de Manning – 𝑄 = ⟹∴ 𝜐=
𝒏 𝒏

(Rh – raio hidráulico; S = declive do canal no local considerado e n – coeficiente de Manning )

1. Quanto maior a rugosidade do leito (n é grande), menor será v e Q


2. Quanto maior o declive ( S ) e o raio hidráulico ( Rh ) , maior a velocidade (v) e maior o caudal (Q).
Tabela de valores do coeficiente de rugosidade (n)

Problema:

Foi realizada uma obra de correcção do leito de um riacho, construindo-se um canal de lados verticais e leito horizontal, com
cerca de 1,05 metros de largura. O fundo do canal declina cerca de 0,45 metros numa distância de 150 metros.
Se a profundidade do leito do canal à superfície da água tiver cerca de 0,45 metros de água de altura, qual será o caudal
!
'"# × )
$ dh 0,45
𝜐= ; 𝑅ℎ = ; 𝑄 = 𝑣 ×𝐴 ; S = = = 3 ´ 10-3
* % C 150

n= 0,012
Cálculo do Caudal utilizando a fórmula de Manning:
Grandezas morfométricas:
L – largura
h – profundidade
P – Perímetro molhado
A – secção transversal
(área do perfil
transversal
do canal)
$
R – raio hidráulico = %
dh a1- a 2
Declive = =
C C

Resolução:

Cálculo do Perímetro molhado –


Cálculo da Área da Secção transversal –
𝑨
Cálculo do Raio hidráulico – Rh 𝑹𝒉 = =
𝑷
dh 0,45
Cálculo do declive do leito – S S= = = 3 ´ 10-3
C 150
n ® na tabela = 0,012
Caudal – Q = V x A = 1,79 m/s x 0,47 m2 = 0,842 m3/s = 842 l/s
1. Trabalho dos Cursos de Água – Erosão – Eficiência do canal
A energia que um curso de água possui varia com o gradiente, com o volume de água que passa por unidade de tempo,
mas nem toda a energia que o curso de água possui é utilizada na erosão e no transporte do material do leito e das
margens
Uma grande parte dessa energia transforma-se em calor devido à fricção entre o curso de água e a superfície com que
contacta – depende da rugosidade dessa superfície, da rectilinidade do curso de água e da natureza e tamanho da secção
transversal do canal.
Natureza da secção transversal: A eficiência da forma da secção transversal é muitas vezes avaliada pela grandeza do Raio
hidráulico. Quanto maior o Rh mais eficiente é o curso de água e menor será a perda de energia devida à fricção externa
(mantendo-se constante a rugosidade do leito)

A – é a forma ideal (rara na natureza)


B – é mais eficiente que C
Rh=1,13 cm Rh =1, 00 cm C – é o menos eficiente

Rh =0, 60 cm

Adaptado de Sparks, B. W. (1990)– Geomorphology ,3rd ed. J. Wiley & Sons


Se o canal for rectangular:

A forma mais eficiente da secção num canal rectangular é aquela em que a largura do canal é o dobro da
profundidade

A – Rh= 0,28 cm
B – Rh = 0,58 cm
C – Rh = 1,00 cm
D – Rh = 1,40 cm
E – Rh = 2,25 cm
Adaptado de Sparks, B. W. (1990)– Geomorphology ,3rd ed. J. Wiley & Sons
Retirado de Cabral, J. (2001)

Tamanho da secção transversal: mantendo a largura = ao dobro da profundidade, quanto maior for o
tamanho, mais eficiente será a secção transversal como indicam os valores de R na figura.
Os 3 canais têm todos a mesma área de secção transversal (10
m2), mas o semicircular tem o menor perímetro molhado (i.e,
perde menos energia devido à fricção), por isso maior raio
hidráulico e por isso menor resistência ao escoamento.

Monroe J, Wicander R, Hazlett R, 2007 Physical Geology.


Exploring the Earth. 690 p Thomson Higher Education, 6th Edition.

Variação da velocidade no canal de um curso de água

Variação da velocidade no canal de um curso de água: diminuição


da velocidade devido à fricção com o leito do rio, margens e no
contacto com o ar. As setas são proporcionais à velocidade.

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