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Crimes Ambientais
A partir de meados dos anos 60 do século XX, a comunidade internacional tomou consciência
das consequências, ao nível ambiental, dos fenómenos de degradação causados pelo
crescimento desenfreado demográfico, económico e tecnológico, que se verificavam desde o
início daquele século. E com essa consciência, nasceu ainda a necessidade imperiosa e urgente
do reconhecimento de que os recursos naturais tinham de ser conservados para as gerações
futuras.
O impacto público causado por desastres ambientais que ocorreram no século XX,
relembrando, a título de exemplo, a fuga de gás em Bohpal (1984), o derrame do Exxon Valdez
no Alasca (1989), a explosão de Chernobyl na Ucrânia (1986) e, num tempo mais próximo, o
derrame de petróleo no Golfo do México (2010) ou a explosão de Fukushima (2011), fizeram
com que o legislador se visse obrigado a despertar para o problema da protecção do ambiente,
surgindo, assim, a tutela jurídica do ambiente.
O primeiro importante momento jurídico para tal conceção, e que abriu caminho a todas as
conferências internacionais sobre o ambiente que vieram a realizar-se posteriormente, foi a
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em Junho de 1972,
em Estocolmo. Essa Conferência, que deu origem à chamada Declaração de Estocolmo sobre o
Ambiente Humano, teve uma grande importância jurídica, uma vez que dela decorreu, pela
primeira vez, o reconhecimento do direito do ambiente como um direito do homem, nos
termos da Carta das Nações Unidas. Com esta conferência, surgiu o movimento ambientalista e
o nascimento da consciência ecológica, estando finalmente reunidas as condições que
proporcionaram o lançamento das bases do direito ambiental, sublinhando-se a necessidade
imperiosa da utilização racional dos recursos de forma a evitar danos graves nos ecossistemas,
evitando o esgotamento daqueles não renováveis, passando a responsabilizar os governos pela
preservação e melhoria do ambiente.
A esse título, referiremos duas Directivas que tiveram influência directa no crime de poluição, a
saber:
Só depois daquela primeira grande reunião planetária sobre o ambiente, no Rio de Janeiro, é
que podemos afirmar que nasceu verdadeiramente o direito do ambiente, pese embora ter
ganho uma dignidade constitucional, antes mesmo daquela reunião com diversos países a
assumi-lo como direito fundamental dos cidadãos. Foi o caso de Portugal onde, logo em 1976,
a Assembleia Constituinte da República Portuguesa consagrou na Constituição da República
Portuguesa a existência de direitos e deveres constitucionais na área do ambiente, colocando o
nosso país em lugar de destaque no âmbito do direito constitucional comparado. A
Constituição da República Portuguesa encara a protecção do ambiente numa dupla
perspectiva, considerando-a uma tarefa fundamental do Estado de acordo com o artigo 9.º,
alíneas d) e e)6 e também um direito fundamental dos cidadãos, nos termos do artigo 66.º.
Como direito fundamental, o artigo 66.º destaca-se pela forma como está integrado na
Constituição, pela sua autonomia, distinto de outros direitos, também eles,
constitucionalmente protegidos e próximos de um direito positivo a uma acção do Estado para
a sua defesa e promoção7 . Porém, tal dimensão social do direito ao ambiente não afasta a sua
outra dimensão, a de um direito subjectivo inalienável pertencente a qualquer pessoa8 . A
estrutura do preceito revela-nos que no n.º 19 se consagrou um verdadeiro direito de natureza
análoga aos direitos liberdades e garantias, ou seja, um direito fundamental dos cidadãos.
2. No Código Penal
2.2. Natureza
O CP, no domínio ambiental sofreu várias alterações significativas nas últimas duas
Incendio Florestal
https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/140247/2/537861.pdf
o número de incêndios que não são investigados, ou mesmo aqueles que sendo, continuam a
não ser possíveis de identificar (número de incêndios com causa desconhecida). O crime de
incêndio florestal é de difícil investigação e recolha de elementos probatórios e tal
característica pode explicar o facto de se verificarem percentagens tão elevadas relativamente
a incêndios de causa desconhecida ou mesmo não investigada, o que consequentemente
poderá também espelhar a existência de cifras negras neste tipo de crime.
A investigação para apurar a causa ou aquilo que esteve na origem do incêndio florestal é um
processo complexo, dividido em diversas etapas e muitas vezes há a necessidade de reiniciar
todo o processo, no entanto, deverá ser feita no mais breve espaço de tempo (Carvalho, 2018).
O resultado da investigação produzida pelo SEPNA é remetido ao MP, como titular da ação
penal, e sempre que se verifique que uma situação dolosa tenha estado na origem do incêndio,
esta é comunicada à PJ, que é o único OPC 0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000
40000 45000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
2015 2016 2017 2018 NInc_Intencionais NInc_Reacendimentos NInc_Desconhecida
NInc_NaoInvestigados 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 2001 2002 2003
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
NInc_Intencionais NInc_Reacendimentos NInc_Desconhecida NInc_NaoInvestigados 21 com
competência reservada15 nessa matéria, passando assim a uma investigação criminal (Veloso,
2018).
No ano de 2001, de entre os 28 915 incêndios florestais registados, 26 644 não foram
investigados. Relativamente aos restantes, 208 incêndios foram classificados como de causa
desconhecida, 475 incêndios com causa intencional e 1 159 reacendimentos. No ano de 2018,
com 12 273, temos 1 995 incêndios não investigados, 3 813 incêndios com causa desconhecida,
1 400 incêndios com causa intencional e 723 reacendimentos. Conseguimos perceber que ao
longo dos anos tem havido uma maior investigação das causas dos incêndios florestais,
baixando os valores na categoria dos incêndios não investigados e por consequência
aumentando os valores nas restantes categorias.
https://estudogeral.uc.pt/bitstream/10316/103987/1/desafiossocietais_direito_floresta.pdf
http://repositorio.ulusiada.pt/bitstream/11067/6507/3/FD_Disserta%C3%A7%C3%A3o%20de
%20mestrado.pdf
Acordao IF
http://www.dgsi.pt/jstj.nsf/
954f0ce6ad9dd8b980256b5f003fa814/5f05f151fae67392802586540039fe66?OpenDocument