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Capítulo 1 - Economia do Trabalho, Conceitos e Tendências do Mercado de Trabalho

Problema da escassez: Economia estuda o problema da escassez. Ou seja, como alocar


recursos que são limitados a necessidades que são por natureza infinitas/ilimitadas?
Importa desconstruir 4 mitos: Mito # 1: Economia é sobretudo uma análise de dinheiro, riqueza
e finanças. De facto economia é bastante mais vasto que isso. O objeto mais axiomático da
economia (em particular da microeconomia) são as preferências dos agentes e o seu bem-
estar; Existência da moeda, do conceito de preço de mercado e de mercados é apenas a forma
de alocar recursos mais usada. Daí o grande interesse da economia no seu funcionamento.
Mito # 2: Economia é uma ciência exata com leis claras sobre o comportamento dos mercados
e das pessoas. Economia é uma ciência social, que estuda o comportamento humano e tenta
perceber como maximizar o seu bem-estar; Não existem leis na economia, existem
regularidades, existem resultados e conclusões tendo em conta hipóteses sobre o
comportamento/prioridades dos agentes; Mito # 3: Não existem consensos na economia.
Economia gravita em torno da criação de modelos quer teóricos quer empíricos (usando dados
estatísticos) para identificar as regularidades, resultados e conclusões que determinado
conjunto de hipóteses determina; O processo de perceber que determinada ação/política causa
determinados efeitos é mais complexa do que o que normalmente se julga, devido à
multiplicidade de fatores que contaminam as alterações do resultado ao mesmo tempo que a
ação/política. (Conceito mais próximo de economia positiva.) Estudo da economia também
tenta definir objetivos de política económica e propriedades preferíveis dos equilíbrios,
prescrevendo atuações dos agentes/políticas públicas (Conceito mais próximo de economia
normativa). Mas existem inúmeros consensos metodológicos/teóricos. No campo da
adequação de modelos/teoria/hipóteses/ prioridades de política subsiste um debate maior. Mito
# 4: Economia é eminentemente teórica e sem aplicação prática. Economia versa sobre uma
infinidade de decisões no dia a dia de cada agente, frequentemente mesmo que o agente não
considere que está a fazer uma análise de custo-benefício; Devo fazer um mestrado na FEP?
Devo estudar economia ou medicina ou direito? Quantas horas devo trabalhar por semana?

Custo de oportunidade: o custo de fazer a atividade x/comprar o bem x é o valor de bem estar
que a segunda melhor alternativa me daria, o que poderia ter feito e não fiz é o custo de fazer o
que fiz.

Análise custo-benefício: análise que muitas vezes fazemos intuitivamente entre o benefício de
determinada escolha e o seu custo de oportunidade.

A Economia estruturou-se em várias sub disciplinas considerando a especificidade das


questões abordadas: divisão clássica – micro-macro – quando a análise versa sobre decisões
de 1 agente, ou um grupo de agentes numa decisão específica falamos de microeconomia.
Quando falamos do resultado de decisões agregadas, ou de policy makers influenciando o
equilíbrio de determinados setores/economia como um todo falamos de macroeconomia. Vs
Divisão mais contemporânea: disciplinas na economia. A divisão entre micro e macro é cada
vez mais subtil. A disciplina evoluiu para uma segmentação de fields. Ou seja de acordo com o
objeto das questões colocadas. Aqui surge a Economia do Trabalho, tanto na sua vertente
macro-labour como na sua vertente micro-labour. O core da Economia do Trabalho é a análise
do Mercado de Trabalho, onde os agentes transacionam trabalho. Oferta de trabalho: Os
trabalhadores oferecem o seu tempo para realizar tarefas em troco de um preço (salário).
Procura de trabalho: As empresas procuram trabalhadores para realizar tarefas e para
conseguirem produzir os seus bens. O equilíbrio no mercado de trabalho ocorre quando as
transações/contratos de trabalho são realizados e um salário emerge. A gestão de recursos
humanos tende a tratar de questões de relação específica entre 1 empregador e os seus
trabalhadores. Quem recrutar, como motivar, como decidir de quem se separar, etc. Enquanto
que a economia do trabalho tende a analisar princípios mais gerais de mercado, e
eventualmente como a gestão de recursos humanos da empresa influencia os equilíbrios de
mercado e os outcomes.
Conceitos de Mercado de Trabalho: População em Idade Ativa

População em Idade Ativa: População que pode oferecer trabalho no mercado. Considerada
pelo INE dos 16-89 anos.
População Ativa: População empregada ou que se encontra ativamente à procura de trabalho
(tenha feito diligências no período de referência ou nas 3 semanas anteriores para encontrar
trabalho).
Procura Inativa: População que não se encontra à procura de trabalho – reformados,
estudantes, pessoas focadas em trabalho doméstico (que não participam formalmente no
mercado).
Desempregados: População que se encontram ativamente à procura de trabalho mas que
ainda não encontraram. Medido pelas autoridades estatísticas através e diligências para

encontrar trabalho no período


de referência (por exemplo
últimas 3 semanas).
11 tendências de mercado de Trabalho:
#1 – Aumento e maior concentração de taxas na OCDE. Maior participação das mulheres no
mercado de trabalho. Menos participação dos jovens (particularmente homens) devido à
educação.
#2 – Queda de labour share, percentagem do rendimento nacional auferido pelos
trabalhadores.
#3 – Estagnação salarial em muitos países da OCDE, ao contrário do caso americano.
#4 – Queda do número de horas trabalhadas.
#5 – Aumento das desigualdades salariais em muitos países da OCDE.
#6 – Job Polarization. Polarização do emprego, com maior percentagem de empregos para
trabalhadores com baixas e elevadas qualificações e queda de percentagem para
trabalhadores com qualificações médias.
#7 – Desregulamentação do mercado em muitos países da OCDE. Quebra das taxas de
sindicalização, de proteção laboral, adoção de flexisegurança, etc.
#8 – Gender Gap continua significativo, inclusiva em Portugal parece que aumentou.
#9 – Esforço enorme de reforço educacional, mas ganhos salariais caem.
#10 – Subemprego e disengagement dos jovens é relevante.
#11 – Teletrabalho em crescimento, tanto antes como depois do covid-19 e confinamentos.

Capítulo 2 – Oferta de Trabalho.

Imaginem 2 cabazes compostos por quantidades dos bens X1 e X2: 1. Perguntamos ao


consumidor qual prefere; 2. Damos um número maior ao cabaz favorito; 3. Fazemos isto para
todos os cabazes que existam. Se o consumidor for racional existe a função utilidade,
U(X1,X2). Corresponde a um índice que regista a preferência
do consumidor entre cabazes de bens, sendo que cabazes
com um valor superior são preferidos. Se redesenharmos cada
nível de índice da função utilidade, temos os cabazes que o
consumidor considera indiferentes, ou seja, que não tem
preferência.
As curvas de indiferença:
1. Normalmente são convexas (formato em U);
2. Nunca se intercetam (violaria transitividade, base do
agente racional);
3. Mais afastadas da origem
representam cabazes
preferidos;
4. Têm declive negativo.

O mapa de CI

sumariza as
preferências do
consumidor.

A teoria neoclássica do
consumidor assenta
em maximizar a
utilidade(bem-estar do
consumidor racional,
considerando a sua Restrição Orçamental:
Graficamente, atingir a CI mais distante da origem, respeitando a RI (dado que mais
quantidade de ambos os bens é preferido pelo consumidor).
A solução implica a quantidade que o consumidor está disposto a abdicar de um bem, para ter
mais uma unidade do outro (a sua taxa marginal de substituição) é igual ao preço relativo no
mercado deste último bem (e ao declive da restrição orçamental).
Se resolvermos o problema do consumidor para todos os preços possíveis de um bem,
obtemos a curva da procura do consumidor, tendo fixos o rendimento e o preço do outro bem:
A procura de um bem depende de: Custo de oportunidade (p) – o que abdica para o ter (preço
de mercado); riqueza ou rendimento do consumidor (M); preferências do consumidor –
traduzidas na sua função Utilidade, e na forma funcional da função procura.

2.1 Modelo Neoclássico da Escola entre


Consumo e Lazer.

A nossa decisão sobre trabalhar depende do


benefício de trabalhar: renumeração líquida,
direitos de segurança social adquiridos,
estatuto social, realização pessoal, autonomia,
relações pessoais no local de trabalho; e do
custo de trabalhar; valor (para o próprio) que
abdica para trabalhar (CO) (lazer, cuidar da
família) + custos associados ao trabalho
(transporte, refeições adquiridas vs
cozinhadas).
RI = M + wh + C + wL
M- rendimento não laboral (subsídios, rendas,
juros, lucros, outros apoios sociais);
wT – valor do endowment de horas;
C – despesas de consumo;
wL – Custo de oportunidade do lazer

O declive da reta tangente à CI consista na TMS de mais uma hora de lazer: quantas unidades
de consumo (C) está o trabalhador disposto a abdicar por mais uma hora de lazer. A TMS é
igual ao declive da RO – preço do lazer (salário horário), para todos os trabalhadores no ativo.

Diferenciamos: o valor de mercado do trabalho por hora (salário W) – o benefício monetário


menos o custo monetário de trabalhar (CO de não trabalhar): renumeração líquida + direitos de
segurança social adquiridos – custos associados ao trabalhador; valor pessoal do trabalho por
hora U(C*,L*). No modelo, as preferências governam os custos/benefícios de cada trabalhador
entre os bens adquiridos devido ao trabalho (C) – bens de consumo, estatuto social, realização
pessoal autonomia, valor das relações pessoas no local de trabalho, outros bens adquiridos; e
os bens adquiridos com outras utilizações no tempo (L) – valor do lazer, valor do tempo de
cuidar da família.

Hipóteses do modelo:
1. O trabalhador é racional, numa ótica microeconómica;
2. Ignora questões intertemporais, como desenvolvimento de carreira, ou acumulação de
riqueza;
3. Os trabalhadores podem escolher número de horas trabalhadas;
4. Ignora questões de incentivo e esforço no desempenho de trabalho;
5. Ignora situações de incerteza;
6. Ignora a composição do agregado familiar;
No entanto, o modelo tem forte correspondência com o comportamento dos trabalhadores.

Vamos utilizar o modelo para analisar o comportamento dos trabalhadores, focando-nos na


margem extensiva – o trabalhador exerce uma atividade ou prefere não trabalhar e ser inativo
(questão relacionada com o salário de reserva); e a margem intensiva – decidindo trabalhar,
quantas horas o trabalhador decide trabalhar, e como tal se altera com alterações salariais.
Quanto à margem extensiva, o trabalhador
decide se deve trabalhar ou ser inativo
comparando a oferta de trabalho –
considerando números e horas,
renumeração horária – e o valor de não
trabalhar.
O salário de 905€ corresponde ao salário
de reserva do trabalhador já que é o salário
de mercado que deixa o trabalhador
indiferente entre trabalhar e não trabalhar.
Assumindo renumeração esperada é
líquida de custos associados ao trabalho,
corresponde ao mínimo que o trabalhador
está disposto a aceitar para trabalhar.
O salário de reserva corresponde à
valorização que o trabalhador faz da hora
de lazer quando não trabalha – a sua TMS
de uma hora de lazer.

Enquanto que no caso A, o trabalhador


aceita a oferta e deixa a inatividade, no
caso B, prefere decliná-la.

Assumindo que o benefício de mais unidades de consumo, sem aumentar unidades de lazer
aumenta a utilidade cada vez por menos (utilidade marginal decrescente de C). À medida que
aumentamos o rendimento não laboral, o salário de reserva aumenta!

Estudo: Oettinger (1999) estudou a oferta de trabalho de vendedores ambulantes de comida


nos jogos de futebol: Os vendedores podem escolher, jogo a jogo, se trabalham. A
renumeração varia de acordo com o número de fãs. O valor médio de renumeração foi $43,81,
variando entre $26,55 e $75,15. O estudo encontrou que um aumento de $10 atraia 6
vendedores adicionais ao estádio.

Agora vamos à margem intensiva, o modelo permite analisar quantas horas o trabalhador
pretende trabalhar. Dado que trabalha, temos que a TMS é igual ao salário (igualdade de
declives). Vamos analisar um aumento de rendimento não laboral e de salário.

Como um efeito de rendimento puro, isto é, um aumento do rendimento sem afetar o salário e
assumindo que o consumo e lazer são bens normais (o aumento do rendimento leva a um
aumento do consumo), a despesa em bens de consumo aumenta; horas de lazer
aumentam; horas trabalhadas caiem.
Estudo: Imbens, Rubin e Sacerdote (ERA, 2001) comparam vencedores de Lotarias a não
vencedores numa população que comprou bilhetes de lotaria. Todos jogaram a lotaria
Megabucks no Massachusetts entre 1948-1988. Existirem 3 grupos de vencedores: 259 non-
winners que ganharam entre $100-$2000; 237 winners que ganharam mais de $2 milhões; 43
big-winners que ganharam mais de $2 milhões. Os autores concluíram que um aumento de $0
para $100, de rendimento não laboral aumenta o consumo de lazer em 11%. (efeito idêntico
para homens e mulheres e efeito maior para aqueles próximos da reforma). A população de
vencedores de lotarias podem não ser representativas da população americana (ou de
qualquer outra mundialmente). A resposta a vencer a lotaria pode ser diferente à de outros
tipos de rendimento não laboral como subsídios, rendas, heranças. As respostas dadas ao
estudo podem ser incompletas ou imperfeitas. MAS de qualquer das formas, é uma boa
evidência. Mais recentemente, Cesarini et al. (2015), analisou Lotarias na Suécia, e dados
administrativos detalhados do mercado de
trabalho confirmaram genericamente os
resultados estudados acima.

Um aumento de salário afeta a RI de w1


para w2. Dado que o lazer é um bem
normal, o aumento de salário integra 2
efeitos contrário. Qualquer alteração salarial
combina ambos os efeitos. O impacto de
alterações salariais é incerto.
Efeito rendimento – aumento do salário
implica um crescimento de poder de compra
(efeito rendimento positivo), dadas as horas
trabalhadas. Como os bens são normais,
aumenta o consumo de ambos – lazer e
consumo.
Efeito substituição – aumento do salário aumenta o preço relativo do lazer (w). Mesmo que o
bem-estar se mantivesse igual, o trabalhador alteraria o cabaz de consumo.

Graficamente, um aumento de salário afeta o consumo, mesmo que através de um imposto


deixássemos o trabalhador com o mesmo bem-estar (mesma CI). Pelo efeito de substituição,
reduz o nº de horas de lazer, porque se tornaram relativamente mais caras face ao consumo de
outros bens.

Note-se que o consumidor consome numa RI existente (não tracejada): o imposto hipotético e
serve para isolar o efeito da alteração de preço relativo, da alteração do rendimento, que o
aumento do valor das horas o trabalho causou.
Mas sabemos o equilíbrio com o efeito substituição (Cs, Ls). E sabemos que
as restrições com declive – w2 são paralelas. Logo, entre as duas restrições
paralelas temos um efeito rendimento puro. Teremos duas possíveis
situações.

Ao resolvermos o modelo para todos os salários possíveis, encontramos a oferta de trabalho.

Para valores mais baixos, o efeito de substituição domina o efeito rendimento. Para valores
mais elevados, o efeito rendimento domina o efeito
de substituição.

A oferta é Backward Bending. Frequentemente


observada empíricamente.

Elasticidade da Oferta: Refere a alteração


percentual nas horas trabalhadas dada a alteração
percentual do salário. Se a elasticidade é 2: um
aumento de 1% do salário leva a um aumento de
2% nas horas trabalhadas. Ou um aumento de 10%
do salário leva a um aumento de 20% nas horas
trabalhadas.
Se a elasticidade for -3, um aumento de 1% do
salário leva a um aumento de -3% nas horas
trabalhadas.

Relação entre Margem Intensiva e Extensiva:

No modelo, aumentos salariais nunca levam o


trabalhador a tornar-se inativo.

Argumento de preferência revelada:


1. O trabalhador preferia 1 a B.
2. Ponto 1 e B são possíveis depois do
aumento salarial.
3. Logo o trabalhador acaba por escolher 2,
mas nunca escolheria B, dado que o ponto
1 ainda é possível.
No modelo, reduções salariais podem levar o trabalhador a tornar-se inativo. Basta que a
redução traga o salário para um valor inferior ao salário de reserva.

No modelo, aumentos de rendimento não


laboral podem levar o trabalhador a tornar-se
inativo.
Note-se que à medida que o rendimento não
laboral aumenta, o salário de reserva
aumenta. Basta que o salário de reserva
ultrapasse o salário de mercado (w).

Capítulo 3 – Efeitos de políticas fiscais, redistributivas e de apoio à família na oferta de


trabalho.

Oferta de Trabalho e política fiscal e redistributiva: o financiamento de Estado e Segurança


Social recorre de forma substancial a impostos e contribuições sobre o trabalho. Os impostos e
contribuições sobre o trabalho representam um Tax Wedge (diferença entre o valor pago por
empregador e recebido por trabalhador). É crítico analisar o impacto que o desenho do sistema
fiscal e de contribuições sobre o trabalho tem na oferta de trabalho. Considerando: 1.
Prioridades das políticas públicas, nomeadamente em termos de eficiência, produtividade,
rendimento e desigualdade; 2. Existência de Restrição Orçamental, e necessidade de
financiamento de outras Políticas Públicas (Educação, Saúde, Justiça, Segurança Pública,
Ambiente); 3. Impacto na margem intensiva e extensiva da oferta de trabalho nos diferentes
grupos de trabalhador, vamos ver alguns
exemplos de desenhos e o seu impacto no
modelo neoclássico.

Subsídio incondicional ou Universal Basic


Income (UBI)
Existe um debate forte sobre a possibilidade de
adotar um subsídio incondicional, mínimo de
existência, ou universal basic income.
Argumentos contra: é bastante difícil de
financiar e pode implicar abdicar de outros
programas como assistência à saúde; fomenta
subsidiodependência. Já os argumentos a favor: pode consistir numa simplificação do sistema
de apoio social; trata todos os indivíduos de forma igual e simples; pode contribuir para reduzir
as desigualdades de género; garante um mínimo de subsistência.
A restrição orçamental altera-se, nomeadamente agora ninguém recebe menos que M1 + UBI.
Estamos a assumir que o mercado de trabalho não vai “pagar” os custos do UBI.

Impacto na oferta de trabalho dos trabalhadores relativamente bem integrados faz-se na


margem intensiva – reduzem número de horas trabalhadas.
Impacto na oferta de trabalho dos trabalhadores menos integrados no mercado também se
pode fazer na margem extensiva – tornam-se
inativos.

Mínimo de Subsistência Garantido (MSG): um


subsídio entre o valor mínimo garantido e o
rendimento, quanto inferior a este. Tal como no
UBI, assumimos que o custo não é financiado
por impostos ou contribuições adicionais no
mercado.

Impacto na oferta de trabalho: dos que menos


trabalham, part-timers; dos que têm salários
mais baixos; dos que valorizam mais outras
ocupações do tempo (ex. trabalhadores com
filhos pequenos). MSG (tal como UBI) aumenta o
salário de reserva. Estes grupos tornam-se
inativos.

Nos demais trabalhadores relativamente bem


integrados (high labour attachment).

MSG embora afetando o salário de reserva do trabalhador, não afeta a sua oferta de trabalho
(diferença face UBI).
Imposto sobre o rendimento negativo: Para as primeiras horas trabalhadas, o trabalhador

recebe um subsídio, ou imposto negativo (Friedman, 1962).

 Abstraímo-nos da questão de incidência fiscal;


 Assumimos que o custo não é financiado por impostos ou contribuições adicionais no
mercado.

Nos trabalhadores que trabalham mais do que


as horas subsidiadas, temos ume efeito do
rendimento puro – redução de horas
trabalhadas.
Nos trabalhadores que trabalham menos do que as
horas subsidiadas:
1. Temos efeito de substituição e rendimento –
efeito incerto nas horas trabalhadas.
2. Apenas recebem um adicional ao valor da
hora trabalhada, não um mínimo de
existência.
3. Todos os trabalhadores que trabalhavam
antes, continuam a trabalhar – efeito nulo
na margem extensiva.

Impostos Proporcionais Progressivos: Taxas


de imposto crescentes à medida eu o
rendimento aumenta.
Corresponde a crescentes reduções de
salário. Nas três regiões do gráfico, coexistem
efeitos de substituição e rendimento, pelo que
o efeito teórico nas horas trabalhadas é
incerto.

Empiricamente, taxas marginais mais


elevadas tendem a diminuir a oferta de
trabalho na margem intensiva.

Earned Income Taxed Credit (EITC): Programa de


apoio ao rendimento dos trabalhadores de
menores rendimentos, através de combinações de
impostos marginais negativos e positivos.
Adotado nos EUA desde 1975, sob proposta de
Russell Long, depois de um imposto negativo ter
sido recusado em 1969. $56 bilhões em 2013, 26
milhões de famílias apoiadas. 3º programa mais
relevante de poverty alleviation dos EUA, depois
de Medicaid ($275 bilhões) e os Food Stamps
($78 bilhões).
É composto por 4 fases:
1. Imposto negativo – por cada euro ganho,
o programa atribui um subsídio s.
2. Plateau – o trabalhador recebe na margem o salário sem imposto/subsídio.
3. Phasing – Out – por cada euro ganho, o programa taxa em t %.
4. Neutro – zona na qual o trabalhador não tem o direito a qualquer subsídio (já repagou o
subsídio inicial).
 Efeito substituição negativo – subsídio aumenta o preço relativo de lazer face a outros
bens de consumo. Trabalhador reduz horas de lazer e consome mais C.
 Efeito Rendimento Positivo – O subsídio expande a restrição aumentando o poder de
compra. Lazer é um bem normal, logo o consumidor consome mais.

O efeito combinado é teoricamente incerto, sendo empiricamente relacionado com


menos horas de lazer.
 Efeito substituição zero – salário marginal não se altera.
 Efeito Rendimento positivo – o subsídio expande dado anteriormente aumenta a
restrição, aumentado o poder de compra. Lazer é um bem normal, logo o consumidor
consome mais,

O efeito combinado teoricamente aumenta as horas de lazer.

 Efeito substituição positivo – o imposto marginal introduzido pelo EITC reduz o salárui
líquido, reduzindo o preço relativo do lazer. Aumenta o consumo de lazer.
 Efeito rendimento positivo – o subsídio anteriormente acumulado expande a restrição
aumentando o poder de compra. Lazer é um bem normal, logo o consumidor consome
mais.

O efeito combinado é teoricamente positivo, aumenta as horas de lazer. (?)

Dependendo da forma das curvas de indiferenla, ou o trabalhador não altera a escolha entre
lazer e trabalho (U2) , ou o trabalhador aumenta as horas de lazer, num processo semelhante à
fase 3 (U1).

Efeito Teórico Combinado.


Margem Intensiva:
1. Imposto negativo – incerto nas horas
trabalhadas (empiricamente aumenta as
horas trabalhadas).
2. Plateau – Diminui as horas trabalhadas.
3. Phasing – out – diminui as horas trabalhadas.
4. Neutro – ou nada acontece ou diminui as
horas trabalhadas.
Margem
Extensiva: Não há efeito
3.2 – Oferta de Trabalho e Políticas de
Apoio à Família.
Relevância das políticas de apoio à família:
fertilidade é fundamental para assegurar força de
trabalho futura disponível. Está em queda.
1. Decisões de fertilidade co- movem com
a oferta de trabalho dos progenitores,
em particular das mães.
2. Existe uma forte
heterogeneidade de políticas de apoio à
família.
Países como Portugal usam políticas públicas
para apoiar os progenitores, através de
subsídios e licenças. Países como os EUA
usam soluções baseadas no mercado.
Os diferenciais de género na taxas de emprego têm
inúmeras causais: culturais e religiosas e
relacionadas com a dinâmica de fertilidade e
incentivos à oferta de trabalho.
Parte da problemática relaciona-se com os cuidados necessários às crianças mais jovens.
Em Portuga, a taxa de emprego é mais aproximada entre géneros e apresenta um perfil de U-
invertido em ambos os géneros. Na Chéquia, nota-se um perfil em M, com uma queda
substancial nos cohorts de mulheres em idade fértil. Políticas de apoio à família podem manter
o labour attachment particularmente das mulheres: impactando o produto da economia ; a
progressão de carreira e produtividade futura das trabalhadoras.

Impacto de uma criança na restrição orçamental


Os custos com uma criança podem ser fixos, variáveis, ou uma combinação (assumindo não
alteração de preferências): fixos (FC) - ex.fraldas, médicos, creche a taxa fixa; variáveis (CC) –
ex,creche ou babysitter pago à hora. Normalmente, o progenitor não trabalhar permite reduzir
parte dos custos fixos.

Para progenitores com elevado labour attachment, A decisão na margem extensiva também
Podem inclusivamente trabalhar mais (ou menos). se coloca, particularmente se o progenitor
O efeito pode ser incerto, mas não se tornam puder fazer produção doméstica que
Inativas. Substitui despesas (creche, etc). Nestes
Casos, o progenitor torna-se inativo.

Subsídio para Creche : Os subsídios de creche tendem a reverter parte do impacto da criança
na restrição orçamental, tentando reverter

efeitos imediatos e futuros adversos:


1. Diminuição das taxas de emprego nas mulheres, e aumento da sua dependência
social;
2. Depreciação do capital humano nas mulheres;
3. Menor salário futuro;
4. Menor probabilidade de obter e manter emprego.
Governos que introduzem estes programas baseiam-se na ideia que o benefício social
ultrapassa o benefício privado para os progenitores – faz sentido subsidiar. Aos benefícios
citados, pode-se ainda somar para as crianças.

Abono de Família ou Child Support Assurance Program: Estes programas procuram garantir
um mínimo de subsistência ao progenitor. E funcionam de forma semelhante a um MSG. Estes
programas podem incentivar a inatividade. Alternativas possíveis: programas como o EITC ou
subsídio a despesas que o progenitor incorre para ir trabalhar (creche).

Licenças de Paternidade e Maternidade: Recentemente, vários países têm adotado licenças


opcionais para pais, ou mesmo obrigatórias. Se parte do aumento do salário de reserva for
devido à necessidade de produção doméstica que ambos os progenitores podem fazer:
a) a divisão de responsabilidades pelos progenitores atenua potenciais impactos adversos
nas mães;
b) tem outros atributos sociais, relacionados com a ligação entre a criança e ambos os
seus progenitores, com potencial impacto positivo no seu desenvolvimento.
Retorno ao mercado de trabalho: Self-Sufficincy Project: O SSP foi um programa adotado no
Canada que tinha como objetivo incentivar as mães solteiras, que beneficiavam previamente de
outros apoios sociais, a retornar ao mercado de trabalho para funções full time. Passa por
atribuir um subsídio às mães solteiras de menores rendimentos que estivessem no programa,
quando estivessem num trabalho full-time. O programa é targared, ou seja, tenta identificar
grupos onde a sua implementação seja mais eficaz. Funciona como um in-work benefit.

Para as mães
que foram

particularmente alvo do programa (de menores rendimentos, já beneficiando de apoios sociais):


algumas deverão passar a trabalhar full-time, outras não aceitem o programa.

Mas porquê fazer o programa targeted?


 Devido ao custo;
 Impacto na oferta de trabalho.

Para rendimentos mais elevados, ou mães


que já trabalhavam full-time, o SSP seria um
puro efeito de rendimento.

David Card e Philip K. Robbins (1996)


estudaram empiricamente o impacto do SSP. Construíram um Difference-in-differences (ou
seja, aleatoriamente escolheram algumas mães para participar no SSP enquanto outras não
participavam). Os efeitos encontrados: 1. Impacto substâncial nas horas trabalhadas, chegando
a duplicar o nº de horas nas mães sujeitas ao SSP; 2. Impacto também no salário, compatível
com não depreciação do capital humano; 3. Redução significativa da utilização de apoios
sociais; 4. Impacto significativo nos full-timers.

Capítulo 4 – Procura de Trabalho.

A empresa adquire inputs (fatores de produção), entre eles o trabalho executado por
trabalhadores para produzir um produto de consumo. Para tal, a empresa está sujeita a uma
tecnologia para combinar meios de produção, nomeadamente capital (K) e trabalho (L), f(K,L).
Além disso, a empresa minimiza os custos (e maximiza o lucro) e assume o preço nos
mercados de fatores de produção. A função de produção, f(K,L), é dada pelas possibilidades
tecnológicas (e de engenharia). Diz-nos a quantidade máxima possível de output (Y), dada a
quantidade da fatores de produção a utilizar (K e L).
Produto médio do trabalho: APe, diz-nos a quantidade média do bem de consumo produzida
pelos trabalhadores empregues, tendo fixa a quantidade de capital.
Produto marginal do Trabalho: MPe diz-nos a quantidade adicional de bens de consumo que
uma nova contratação (trabalhador adicional) seria capaz de produzir, mantendo a quantidade
de capital fixa.

No curto prazo…
Assumimos que o nível de capital está fixo K0, ou seja, a empresa só pode ajustar os fatores
produtivos variáveis. Por exemplo, uma empresa pode não conseguir vender rapidamente um
edifício. Será que todos os trabalhadores em Portugal poderão ser considerados fatores
variáveis? No modelo sim. Genericamente, assumimos que o MPe é decrescente na zona
relevante.
No curto prazo, a empresa procura maximizar o lucro:

, com resultado

Ou seja, em equilíbrio, o salário dos trabalhadores coincide com o valor do produto marginal do
emprego: o produto do próximo trabalhador a contratar será inferior ao salário a pagar; a
empresa vai empregar todos os trabalhadores que produzam na margem (tento em conta os
que já existem), mais do que o salário. Assim, no curto prazo, a procura de trabalho
corresponde ao valor do produto marginal do emprego. No máximo, a empresa está disponível
para pagar pela unidade em causa, o valor do seu produto marginal. (gráfico normal de D)

No longo prazo…
No longo prazo, todos os fatores produtivos são variáveis, permitindo restruturações totais nas
empresas. O problema torna-se:
Com resultados

Além do fator trabalho (já assumindo como variável no curto prazo), também o fator capital é
escolhido otimamente. Em equilíbrio, o valor do produto marginal do capital é igual ao custo do
capital (r). A procura de trabalho no longo prazo tem um equilíbrio semelhante ao de curto
prazo, mas tende a ser mais horizontal. A elasticidade da procura é maior no longo prazo,
dado que as empresas têm mais margens de ajustamento.

Elasticidade da Procura: de forma análoga à elasticidade da oferta, representa a


relação entre a variação percentual do salário e a variação percentual do emprego
procurado:
Ex: uma elasticidade – 1.5 implica que um aumento de 10% de salários, leva a uma queda de
15% do emprego. A elasticidade da procura é maior, ou seja, existe uma maior sensibilidade do
emprego ao salário (curva mais horizontal):
 Quanto mais fácil for substituir trabalhadores por capital;
 Quanto maior for a sensibilidade da procura do bem de consumo ao seu preço;
 Quanto maior for o peso dos custos do trabalho na estrutura de custos da empresa;
 Quanto maior for a elasticidade da oferta de capital.

A procura do longo prazo e a evolução tecnológica: problema de minimização dos


custos
Importa ter o conceito de isoquanta: combinações de capital e trabalho que produzem o mesmo
nível de bem de consumo. Depende unicamente da função produção. E o conceito de isocusto:
combinações de capital e trabalho que custam o mesmo para a empresa. Depende unicamente
dos custos de fatores.

A maximização do lucro implica a minimização dos custos. Para cada nível de produção
(isoquanta), encontra-se o isocusto mais próximo da origem, considerando o custo de fatores
(que influenciam o declive do isocusto.

Caso: Vamos analisar uma queda de preços do capital r, (1 para 2). Por exemplo, maquinaria
em média mais barata.
A queda do preço do capital gera dois
efeitos:
 Efeito de substituição: capital
torna-se relativamente mais
barato. Assim, mesmo que a
empresa tente produzir o mesmo
output, fá-lo com mais capital e
menos trabalho (agora
relativamente mais caro).
Aumenta o uso do fator trabalho.
 Efeito de Escala: a redução do
preço do capital diminui o custo
marginal do produto de consumo,
dado que o capital utilizado é
mais barato. A empresa tem então incentivo a aumentar a produção. Diminui o uso do
fator trabalho. Quanto mais substituível for o capital e trabalho, mais forte este efeito.
Efeito final é incerto, dependo da tecnologia e do tipo de trabalhador, que nos leva à
polarização do emprego.

Polarização de Emprego
Vamos pensar num caso em que o desenvolvimento tecnológico torna capital muito substituível
ao trabalhador e disponível a um custo baixo. Tende a
acontecer em trabalhos rotineiros com tarefas
mecanizáveis (manuais ou cognitivas).

Sendo altamente substituível, temos:


1. Efeito substituição da queda do preço de
tecnologia – negativo na procura destes
trabalhadores; tem grande magnitude.
2. Efeito de escala da queda do preço de
tecnologia – positivo na procura destes
trabalhadores; mais moderado.

Para trabalhadores não rotineiros,


Sendo altamente substituível, temos:
1. Efeito substituição da queda do preço de
tecnologia: negativo na procura destes
trabalhadores; tem menor magnitude dado
que os trabalhadores não são facilmente
substituíveis pela tecnologia.
2. Efeito de escala da queda do preço da
tecnologia: positivo na procura destes trabalhadores; tem efeito maior. Queda custo
marginal por unidade amplificado pela complementaridade entre trabalhadores e
tecnologia.

Neste momento, estamos a equiparar vagas com empregos. Mais tarde, vamos fechar este gap
ao falar de equilíbrio de mercado. Mesmo nas tarefas desempenhadas em cada emprego,
estas estão a sofrer uma polarização.

No final, tal como Goos and Manning (2007) argumentam, as economias da OCDE enfrentam
uma polarização do seu emprego.
1. Devido a skill biased technological change e tecnologia capaz de substituir trabalho
rotineiro;
2. Offshoring de atividades para o exterior tem um impacto moderado;
3. Ainda há choques de procura pelos bens produzidos que vão atenuando o impacto na
polarização do emprego. Ainda persiste um relativo crescimento da procura de bens
que incorporam relativamente mais trabalho rotineiro.
Luddite Fllacy: Durante algum tempo persistiu a ideia que a tecnologia vai tomar conta de todos
os empregados, e criar um desemprego tecnológico de níveis substancialmente elevados. Hoje
em dia os economias tendem a discordar;
1. O que interessa é o preço relativo/ custo de oportunidade e não o preço absoluto.
Princípio das vantagens comparativas.
2. A introdução de robots e tecnologias pode ser controlada (taxada) para garantir uma
transição.
3. Políticas de mercado de trabalho (indemnizações por despedimento) podem suavizar
também a introdução de tecnologias.

Capítulo 5: 5.1 – Equilíbrio no Mercado de Trabalho em Concorrência Perfeita.

A oferta de trabalho consiste no nº de trabalhadores (horas) que estão disponíveis a oferecer


trabalho ao mercado, para cada nível de salário – soma das ofertas de trabalho individuais.
Relaciona-se com o salário de reserva dos trabalhadores. Pode ser backward bending, embora
em modelos de equilíbrio tendemos a simplificar.

A procura de trabalho consiste no nº de horas de trabalho que as empresas estão disponíveis a


procurar no mercado, para cada nível de salário – soma das procuras individuais das
empresas. Relaciona-se com a tecnologia (eficiência produtiva) e as decisões nos mercados de
fatores (minimização de custos). Evolução da procura/concorrência no mercado do produto e
do seu custo marginal (maximização do lucro. De forma sintética, empresas estão dispostas a
pagar no máximo o valor da produtividade marginal do trabalho.

Em concorrência perfeita, as empresas são price-takers no mercado de trabalho. Tomam o


salário praticado no mercado como um dado. Não o influenciam. Normalmente, falamos de
empresas pequenas que querem contratar determinado trabalhador, sabem o salário que
normalmente o mercado paga por ele e sabe que não consegue negociar esse salário.
No mercado, o equilíbrio ocorre quando todos os trabalhadores cujo salário de reserva é menor
que o salário de mercado arranjam emprego, e todas as empresas cujo VPML não é menor que
o salário preenchem as vagas. Ao mesmo tempo para cada empresa, o salário fixo é um dado.
Note-se que, como neste mercado todas as transação são mutuamente benéficas, o mercado é
eficiente. E o mercado não
tem sem qualquer outra
limitação/ restrição de
desemprego!

Os excedentes dos trabalhadores/empresas são medidas de bem-estar dos grupos. O


excedente social é a soma de todos os intervenientes no mercado. Num equilíbrio sem
qualquer intervenção e sem poderes de mercado(como este), o excedente social é máximo,
logo é eficiente. Nada se diz sobre a desigualdade!
Mas, mesmo que acreditemos que nem trabalhadores nem empresas exercem poder de
mercado: empregadores usando poder de monopsónio para aumentar o seu excedente;
Trabalhadores coligando-se em sindicatos para aumentar o seu excedente.
Os mercados de trabalho são caraterizados por inúmeras intervenções: existência de salários
mínimos, benefícios obrigatórios (acumulação subsídio desemprego, pensões de velhice,
acesso a educação e saúde, subsistemas de saúde, etc.), imposto sobre o rendimento do
trabalho (IRC).
Modelo Cobweb: oferta míope e lag de entrada. -> Os mercados, especialmente
especializados, podem ter flutuações por vezes fortes, desde que: leve tempo a formar um
profissional e os futuros trabalhadores são míopes e tomam decisões olhando para o mercado
de hoje em dia. Exemplo do mercado dos médicos e dos engenheiros.

Labour Wedges: Em geral, qualquer instituição de mercado de trabalho que opere tanto em
preços, como em quantidades introduz wedges no mercado: diferença entre o equilíbrio de
mercado com a sua introdução e o equilíbrio inicial. Pode ser medido em comparação quanto
ao salário de equilíbrio, emprego, bem-estar e desigualdade gerada. Depende to tipo de
concorrência e espaço temporal que
consideramos analisar. Neste capítulo, será
concorrência perfeita e modelo estático. No
geral, vamos analisar impostos, mandated
benefits e políticas de imigração, salários
mínimos, EPL, negociação coletiva.

Imposto sobre o Rendimento


Vamos começar por um imposto de valor fifxo
(não ad-valorem como o IRS). É um labour
wedge.
A existência de imposto cria o conceito de
salário bruto e líquido. E causa destruição de
emprego, mas não desemprego!

Os excedentes dos trabalhadores e empresas são reduzidos face à situação sem imposto.
Neste mercado, ambos ficam piores, de forma direta (sem considerar o bem estra inerente à
utilização das receitas do imposto).

Se aumentarmos muito o valor do imposto, podemos registar:


- Uma grande destruição de emprego;
- Crescimento acelerado da informalidade e figa massiva ao pagamento de impostos.

Receita Fiscal e curva de Laffer: Existe a noção desde o séc. XIV (Ibn Khaldun), que aumentar
taxas ou valores de imposto a partir de certa altura diminui a receita fiscal. Arthut Laffer
popularizou a chamada Curva de Laffer. Se aumentarmos muito o valor do imposto podemos
registar uma grande destruição de emprego (taxa/valor aumenta mas base fiscal cai9 e um
crescimento acelerado da informalidade e fuga massiva ao pagamento de impostos (base fiscal
cai).

Deadweigh loss/Carga Excedente: Mas, mesmo qeu não estejamos numa situação de queda
de receita fiscal, impostos representam sempre destruição de bem-estar no mercado onde são
aplicados, se não corrigirem uma falha de mercado inicial. (o que está a preto – carga
excedente).

É importante distinguir a incidência fiscal – quem é o sujeito passivo do imposto (IRS são
trabalhadores) – e a incidência económica – quem perde bem-estar com o imposto. A
incidência económica não é determinada pela incidência fiscal.
Incidência económica:
 O lado mais rígido/menos elástico do mercado paga relativamente mais em bem-estar
pelo

imposto;
 Lado rígido é o que tem menor elasticidade, ou seja, menor sensibilidade da
quantidade ao preço;
 Curva mais inclinada/vertical.

Imposto Ad- Valorem (IRS)

Os sistemas de impostos modernos tendem a ter impostos sobre o rendimento ad-valorem, ou


seja, uma taxa e não um valor fixo de imposto. Em alguns casos, temos um imposto
progressivo, ou seja, as taxas médias/ marginais aumentam com o valor do salário bruto.

6 considerações sobre os impostos:


1. Impostos representam sempre destruição de bem-estar no mercado onde são
aplicados, se não corrigirem uma falha de mercado inicial;
2. Impostos são distorcionários porque alteram o referencial de preços relativos, por
exemplo, tornando a hora de lazer relativamente mais barata no nosso exemplo;
3. Quem legalmente paga o imposto (incidência fiscal) não é quem paga economicamente
(incidência económica). O que importa são as elasticidades;
4. São a principal forma de financiar a atividade do setor público;
5. O benefício obtido com a utilização da receita vs os custos de a recolher nos mercados
taxados, é uma questão de análise custo-benefício. Aqui não o fizemos;
6. Instrumento que afeta a eficiência dos mercados, mas tem uma função redistributiva
impactando a desigualdade.

Os impostos destinam-se a recolher receita para o Estado, sem qualquer relação de imposto-
benefício para quem o paga. As contribuições para a segurança social criam um conjunto de
benefícios para o trabalhador, ligadas à contribuição efetiva. Benefícios como a pensão de
velhice, subsídio de desemprego. Permite distinguir do regime não contributivo, que estando
entregue à segurança social, não é um pagamento a beneficiários que tenha racional direto
com contribuições passadas. As contribuições para a segurança social dos trabalhadores
devem ser interpretadas como um benefício obrigatório (mandated benefit). Mas existem
muito mais que mandated benefits. Muitas empresas optam por complementar/ oferecer fringe
benefits aos trabalhadores: complementos de reforma, subsistemas de pensões (ex.
bancários); subsistemas de saúde ou seguros de saúde; creches ou acordos com instituições
para atividades de ocupação de tempo das crianças.
Aqui, vamos analisar os benefícios que
são obrigatórios ou então aplicados a todo
um mercado de concorrência perfeita.
Qual o impacto dos mandated benefits no
mercado? Depende do custo de
providenciar e do valor de benefício para
os beneficiários.

 Custo C para a empresa;


 Os trabalhadores valorizam o
benefício em C.

Neste caso, o salário de equilíbrio


apenas desconta o benefício dado. Não
há alterações de emprego.

 Custo C para a empresa;


 Os trabalhadores valorizam o
benefício em metade do seu
custo -0,5 x C

Há destruição de emprego e trablahdores que deixam de oferecer trabalho. O salário


descontado ao custo MB torna-se inferior ao seu salário de reserva descontado da sua
valorização do MB.

 Custo C para a empresa;


 Os trabalhadores valorizam o benefício em metade do seu custo -2 x C

Há criação de emprego e trabalhadores que deixam de oferecer trabalho. O salário


descontado do custo MB torna-se superior ao seu salário de reserva descontando da sua
valorização do MB.

A teoria é que mandated benefits são particularmente úteis para utilizar quando o custo médio
de aquisição por um coletivo é menor que o custo de aquisição individual. Seguros de saúde –
a diversificação do risco inerente a
acidentes que a aquisição coletiva oferece,
tende a baixar o custo do benefício face à
sua valorização. Exemplos
subsistemas/seguros obrigatórios de saúde:
exemplo de obamacare (afordable care act)
-> Mulligan (2015) estima que como foi
construído o Obamacare tenha um impacto
entre 0 a 3% no emprego. Os subsistemas
portugueses não são mandated benefits
putos: a ADSE é um grupo fechado com
adesão voluntária para o trabalhador e
pagamento de 3,5% do ordenado. Tem um
princípio de colateralização de risco. Maioria adere. A SAMS é um grupo fechado com adesão
voluntária para o
trabalhador e
obrigatória para a
empresa.
Pagamentos
repartidos e a
esmagadora
maioria adere.

5.2 – Emigração.
Existe uma grande
sensibilidade e
perceções erradas do público no que concerne a questões de imigração.

Vamos imaginar uma vaga de emigração de


trabalhadores não qualificados. O que
acontece no mercado se considerarmos os
trabalhadores qualificados e não qualificados
complementares? Existe uma expansão da
oferta de trabalho de não qualificados (efeito
da massa de trabalhadores) e uma expansão da procura de trabalho dos qualificados (efeito de
complementaridade). Os trabalhadores qualificados ganham, as empresas ganham, os
emigrantes ganham mas não sabemos quanto. Quem perde são os trabalhadores não
qualificados. Desigualdade cresce.
Detetar trabalhadores complementares/ substitutos!

Em resposta a
uma grande
chegada de
emigrantes
substitutos a
uma região: alguns nativos realocam-se noutras regiões e as empresas podem aproveitar
existência de mão-de-obra.

No longo prazo (onde K não é fixo), imigrantes acumulam capital levando a aumentos de
produtividade do trabalho, levando os salários a convergir para perto do valor inicial.
Como compensar os perdedores?
1. Aumentar impostos e contribuições dos imigrantes e usar parte nos trabalhadores
afetados;
2. Melhorar seleção dos migrantes para reduzir os beneficiários de apoios sociais e
minimizar o impacto. Políticas em torno de : pontos por caraterísticas individuais e
quotas associadas a profissões. Tendem a procurar maximizar o nº de trabalhadores
imigrantes que têm o maior nº de mercados de trabalho com escassez de mão de obra.
3. Aumentar impostos e contribuições dos imigrantes e usar parte nos trabalhadores
afetados;
4. Separar benefícios de imigração separando os dois sistemas.

Decisão de Emigrar: Modelo de Roy

Imagine-se dois países com mesmo nível de salário médio e diferentes níveis de redistribuição.
Os mais qualificados movem-se para o país 1. Existe um permanente brain drain no país 2.
Pode ser agravado ao longo do tempo com a divergência de salários médios.

Imagina-se que o país 1 com um mínimo de existência em benefícios sociais. Ex: UK pré-
Brexit. Os mais qualificados movem-se para o país 1. Existe um permanente brain drain no país
2. Pode ser agravado ao longo do tempo com a divergência de salários médios. Os mais
desqualificados movem-se para o país 1 para aproveitar os benefícios sociais.

The Mariel Boatlift – Card (1990): Em abril 1980, Fidel Castro anunciou que os nacionalistas
podiam ir para os EUA pelo porto de Mariel. Em setembro, cerca de 125mil tinham saído, 60mil
para Miami. Quase todos sem qualificações. Usando uma combinação de Atlanta, Los Angeles,
Houston e Tampa, o impacto é nulo.

Czech

Workers – Dustmann, Schonberg e Stuhler (2017): Nos 14 meses seguintes à queda do muro
de Berlim, os checos podiam trabalhar em regiões fronteiriças da antiga Alemanha de Leste
sem visto. Aumentou a oferta de trabalahores em 10%. Comparando com a evolução de
regiões e municípios que antes da política eram semelhantes: efeito é relativo a um aumento
de 1& do nr de imigrantes. Pouco impacto no salário, substancial no emprego.
Dismissal of Hewish Mathmaticians – Waldinger (2010): A Alemanha Nazi expulsou bastantes
matemáticos judeus. Uma das medidas de impacto dos departamentos de matemática são as
citações. Impacto é o esperado.

5.3 – Monopsónio e negociação individual de salários.

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