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UNIVERSIDADE POTIGUAR

GEYSIANE BARROS DO NASCIMENTO


HÉLIDA BARBOSA DE LIMA

A LEI MARIA DA PENHA NO ENFRENTAMENTO À


VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A
MULHER:
CONTRIBUIÇÕES E DESAFIOS

NATAL/RN
2022
GEYSIANE BARROS DO NASCIMENTO
HÉLIDA BARBOSA DE LIMA

A LEI MARIA DA PENHA NO ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E


FAMILIAR CONTRA A MULHER:
CONTRIBUIÇÕES E DESAFIOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Graduação da universidade
Potiguar como requisito parcial para obtenção
do título de bacharel em Direito.

Orientador: Prof. Esp. Samara Trigueiro Félix da Silva

NATAL/RN
2022
GEYSIANE BARROS DO NASCIMENTO
HÉLIDA BARBOSA DE LIMA

A LEI MARIA DA PENHA NO ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E


FAMILIAR CONTRA A MULHER:
CONTRIBUIÇÕES E DESAFIOS

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi


julgado adequado à obtenção do título de
Bacharel e aprovado em sua forma final pelo
Curso de Graduação em Direito, da
Universidade Potiguar.

Natal/RN, ____ de ________________ de 2022.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________
Prof. Esp. Samara Trigueiro Félix da Silva
Universidade Potiguar

_______________________________________________
Prof. Me. Douglas da Silva Araújo
Universidade Potiguar
RESUMO

O presente artigo aborda o tema do enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a


mulher a partir de análises acerca da Lei Maria da Penha no processo de enfrentamento a esse
tipo de violência. Dessa forma, objetiva analisar a questão do enfrentamento à violência
doméstica e familiar contra a mulher através de estudos acerca das contribuições trazidas pela
Lei Maria da Penha, considerando os principais avanços e desafios enfrentados. Inicialmente o
trabalho faz a introdução do tema e na sequência aborda os aspectos históricos e sociais da
violência contra a mulher à luz da legislação brasileira, e especificamente a violência doméstica
e familiar contra a mulher. Em seguida discorre acerca da Lei Maria da Penha no enfrentamento
à violência contra a mulher, abordando a origem da Lei, a tipificação da violência contra a
mulher, bem como a questão do enfrentamento à violência contra a mulher. Por fim são
pontuadas e discutidas algumas das contribuições, avanços e desafios no enfrentamento à
violência doméstica e familiar contra a mulher a partir da Lei Maria da Penha. Contata-se que
apesar dos desafios enfrentados, a referida Lei traz significativa contribuição ao enfrentamento
da violência doméstica e familiar contra a mulher. Para tanto, foi utilizado o método de pesquisa
bibliográfica, onde realizou-se a revisão e análise da literatura constituída, utilizando-se livros,
artigos científicos, revistas e publicações em periódicos, legislações e jurisprudência,
analisando-se e expondo a abordagem dos autores a respeito do tema.

Palavras-chaves: Violência contra a mulher. Lei Maria da Penha. Contribuições e Desafios.


ABSTRACT

This article addresses the issue of confronting domestic and family violence against women
based on analyzes of the Maria da Penha Law in the process of confronting this type of violence.
In this way, it aims to analyze the issue of confronting domestic and family violence against
women through studies on the contributions brought by the Maria da Penha Law, considering
the main advances and challenges faced. Initially, the work introduces the theme and then
addresses the historical and social aspects of violence against women in the light of Brazilian
legislation, and specifically domestic and family violence against women. It then discusses the
Maria da Penha Law in confronting violence against women, addressing the origin of the Law,
the typification of violence against women, as well as the issue of confronting violence against
women. Finally, some of the contributions, advances and challenges in dealing with domestic
and family violence against women based on the Maria da Penha Law are punctuated and
discussed. It is noted that despite the challenges faced, the aforementioned Law makes a
significant contribution to the fight against domestic and family violence against women. For
this, the method of bibliographic research was used, where the review and analysis of the
constituted literature was carried out, using books, scientific articles, magazines and
publications in periodicals, legislation and jurisprudence, analyzing and exposing the authors'
approach about the topic.

Keyword: Violence against women. Maria da Penha Law. Contributions and Challenges.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 6
1 ASPECTOS HISTÓRICOS E SOCIAIS DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
À LUZ LEGISLAÇÃO BRASILEIRA .................................................................................. 7
1.1 A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER .................... 9
2 A LEI MARIA DA PENHA NO ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA CONTRA A
MULHER ................................................................................................................................ 11
2.1 A ORIGEM DA LEI .................................................................................................. 11
2.2 TIPIFICAÇÃO DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER ...................................... 12
2.3 ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER .............................. 14
3 CONTRIBUIÇÕES, AVANÇOS E DESAFIOS NO ENFRENTAMENTO À
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER A PARTIR DA LEI
MARIA DA PENHA .............................................................................................................. 15
3.1 VEDAÇÃO À APLICAÇÃO DA LEI Nº 9.099/95 AOS CRIMES COMETIDOS
COM VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER ........................... 16
3.2 CRIAÇÃO DE JUIZADOS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR
CONTRA A MULHER ............................................................................................................ 17
3.3 MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA ............................................................ 18
3.4 O ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL ......................................... 20
3.5 A POSSIBILIDADE DE RETRATAÇÃO DA REPRESENTAÇÃO EM
AUDIÊNCIA ............................................................................................................................ 21
3.6 OUTROS AVANÇOS TRAZIDOS PELA LEI MARIA DA PENHA ..................... 21
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 22
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 24
6

INTRODUÇÃO

O presente estudo aborda o tema do enfrentamento à violência doméstica e familiar


contra a mulher, um tipo de violência que está presente em nossa sociedade há muito tempo, no
entanto, por bastante tempo foi desprovido de atenção. Nesse cenário, o tema será abordado
mais precisamente a partir de análises acerca da Lei Maria da Penha no processo de
enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher. Nesse sentido, se buscou
analisar como a Lei Maria da Penha tem contribuído no enfrentamento à violência doméstica e
familiar contra a mulher, e quais os principais desafios enfrentados.
A escolha pelo tema considerou a importância de se abordar a violência doméstica e
familiar contra a mulher, tendo em vista, o seu enfretamento. Assunto que merece destaque e
que precisa ser discutido fortemente, uma vez que apesar de intensas lutas para fazer cessar e
prevenir esse tipo de violência, ela continua a existir em nossa sociedade nos dias atuais.
A violência contra a mulher trata-se de uma das formas de violação dos Direitos
Humanos, nesse sentido, no âmbito do Direito, é importante a discussão acerca das
contribuições da Lei Maria da Penha, no enfrentamento à violência doméstica e familiar contra
a mulher, levantando os avanços trazidos a partir da implementação da referida lei, bem como
identificando os desafios ainda enfrentados.
A Lei Maria da Penha completará dezesseis anos de sua implantação em 2022, e é
evidente que intensificou as discussões sobre a violência doméstica e familiar contra a mulher,
tanto na sociedade de uma maneira geral, quanto nas diversas áreas de conhecimentos
científicos. Nesse cenário, continua sendo de suma importância social e acadêmica tal
discussão, objetivando, claro, o enfrentamento dessa violência, que ainda se faz presente em
nossa sociedade.
Nesse sentido, o estudo teve como objetivo geral analisar a questão do enfrentamento à
violência doméstica e familiar contra a mulher através de estudos acerca das contribuições
trazidas pela Lei Maria da Penha, considerando os principais avanços e desafios enfrentados.
Por meio dos objetivos específicos buscou-se, discutir a existência da violência contra a mulher
na sociedade; discorrer acerca da criação e implementação da Lei Maria da Penha; identificar,
a partir dos autores estudados, de que forma a Lei Maria da Penha tem contribuído no
enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher, bem como quais os principais
avanços e desafios na sua implementação; e ainda, analisar a importância da Lei Maria da Penha
no enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher.
7

Para atingir os objetivos propostos, a pesquisa se desenvolveu através do método de


pesquisa bibliográfica, assim a investigação foi realizada a partir de materiais teóricos sobre o
tema já publicados. Dessa forma, foram utilizados livros, artigos científicos, revistas e
publicações em periódicos, legislações e jurisprudência sobre o tema.
Foi realizada a revisão da literatura constituída, através da leitura e detalhamento dos
materiais utilizados, analisando-se e expondo a abordagem dos autores a respeito do tema.
Iniciando-se, assim, pela análise da existência da violência contra a mulher na sociedade, bem
como sobre a criação e implementação da Lei Maria da Penha. Em seguida, foi analisado e
apresentado o posicionamento dos autores estudados sobre as contribuições da Lei Maria da
Penha no enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher, dando-se ênfase aos
principais avanços e desafios enfrentados, bem como sobre a importância dessa legislação.
No decorrer desse estudo serão abordados os aspectos históricos e sociais da violência
contra a mulher à luz da legislação brasileira, e especificamente a violência doméstica e familiar
contra a mulher; em seguida será discorrido acerca da Lei Maria da Penha no enfrentamento à
violência contra a mulher, abordando a origem da Lei, a tipificação da violência contra a
mulher, bem como a questão do enfrentamento à violência contra a mulher; por fim serão
pontuadas e discutidas algumas das contribuições, avanços e desafios no enfrentamento à
violência doméstica e familiar contra a mulher a partir da Lei Maria da Penha.

1 ASPECTOS HISTÓRICOS E SOCIAIS DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER


À LUZ LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

A violência sofrida pelas mulheres é histórica em nossa sociedade. Sociedade essa em


que há o enraizamento desde os seus primórdios de um sistema social patriarcal, o qual definiu
desigualmente papeis de homens e mulheres. Nesse sentido, aos homens foi sendo atribuído o
papel de poder e direito sobre as mulheres, enquanto a estas restou o papel de submissa ao
homem.
De acordo com Martinelli (2020), as desigualdades entre homens e mulheres são
propagadas desde a infância, a partir de conceitos socialmente construídos. Desse modo, no que
se refere a divisão de papeis, temos que atividades privadas, obediência e submissão são
atribuídas as mulheres, enquanto aos homens é atribuído o papel de detentor de direito sobre a
mulher. Nesse contexto, a culturas patriarcais vão sendo reproduzidas nas famílias, uma
instituição social tão importante para a sociedade.
8

Assim, a violência contra a mulher por muito tempo não foi visualizada como violência.
Conforme a Cartilha Dialogando sobre a Lei Maria da Penha, elaborada pelo Senado Federal
(2017), desde a legislação portuguesa trazida para o Brasil, conhecida por Ordenações Filipinas,
as mulheres eram consideradas como fracas no que concerne ao entendimento, devendo,
portanto, serem tuteladas na prática de atos da vida civil. Assim, sujeitavam-se ao poder
disciplinar do pai e do marido, de modo que os homens detinham o poder até de matar sua
esposa em caso de adultério, mesmo que supostamente.
Com o advento do Código Criminal de 1830 é afastada a possibilidade de castigo e
morte de mulheres por causa de adultério. Todavia, ainda permaneceu a desigualdade no sentido
de que o adultério quando praticado pela mulher seria crime em qualquer situação, enquanto
quando praticado pelo homem precisaria atender a alguns requisitos para ser considerado crime,
como por exemplo, se o relacionamento adulterino fosse público e estável (SENADO
FEDERAL, 2017).
Cabe ressaltar que o Código Civil de 1916, contribuindo para manutenção do
patriarcalismo, instituiu a figura do pátrio poder e a incapacidade da mulher casada enquanto
durasse a sociedade conjugal. Além disso, apesar dos maus tratos e da tentativa de assassinato
serem considerados motivos que justificavam a separação, o objetivo maior era a manutenção
do casamento (SENADO FEDERAL, 2017).
Apesar tímido avanço trazido pelo Código Criminal de 1830, que como vimos afastou
a possibilidade de castigo e morte de mulheres em caso de adultério, é importante ressaltar que
mais tarde sob a vigência do Código Penal de 1890 foi criada e propagada a tese defensiva de
crimes passionais. Essa tese valeu-se de que o Código Penal de 1890, em seu art. 27 estabelecia
que: “Não são criminosos: [...]§ 4º Os que se acharem em estado de completa privação de
sentidos e de intelligencia no acto de commetter o crime”.
Já sob a vigência do Código Penal de 1940, em seu art. 24 foi estabelecido que: “Não
excluem a responsabilidade penal: I - a emoção ou a paixão;”. Entretanto, ainda assim foi
sustentada por advogados de defesa dos acusados de assassinarem suas companheiras a tese da
legitima defesa da honra.
É importante ressaltar que apenas em 1991, o Superior Tribunal de Justiça (STJ),
passou a refutar a tese amplamente utilizada da legitima defesa da honra, através do julgamento
do REsp 1.517/PR. Em síntese, o STJ tratou a honra enquanto atributo pessoal de cada um dos
cônjuges, de modo que o adultério não coloca o ofendido em estado de legitima defesa, visto
que a honra que não foi preservada foi a da mulher e nada justificaria matá-la, visto que na
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esfera cível há os caminhos da separação e do divórcio. (REsp 1.517/PR, Rel. Ministro JOSE
CANDIDO DE CARVALHO FILHO, SEXTA TURMA, julgado em 11/03/1991, DJ
15/04/1991, p. 4309).
Infelizmente, ainda assim a tese continuou a ser defendida. Diante disso, em 2021 o
Supremo Tribunal Federal (STF) considerou inconstitucional a tese da legitima defesa da honra,
por violar a dignidade da pessoa humana, bem como violar o direito à vida e a igualdade entre
homens e mulheres. (ADPF 779 MC-Ref, Relator(a): DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado
em 15/03/2021, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-096 DIVULG 19-05-2021 PUBLIC 20-05-
2021).
Observa-se, assim, que por muito tempo atos violadores de direitos das mulheres não
eram vistos como violência. Nesse cenário, gradativamente foram ocorrendo alterações e
exclusões de leis discriminatórias, bem como foram surgindo leis que caminhavam para a
igualdade de direitos entre homens e mulheres. Dentre essas leis, temos: a Lei n° 11.106/05 que
revogou o crime de adultério; a Lei n° 6.515/77, conhecida como Lei do Divórcio, que além de
estabelecer o dever de manutenção dos filhos por ambos os cônjuges, regulou os casos de
dissolução da sociedade conjugal e do casamento; dentre outras.
Nesse contexto de avanços legislativos, temos a Constituição Federal de 1988, que
trouxe avanços significativos para os direitos das mulheres. Dessa forma, a Carta Magna
estabeleceu em seu art. 5°, I a igualdade entre homens e mulheres. Além disso, em seu art. 226,
§ 8º, estabeleceu que “O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos
que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações”, sendo
este um importante avanço para o enfrentamento às práticas de violência contra as mulheres.
Apesar dos avanços legislativos conquistados ao longo da história, dentre os quais
alguns foram brevemente pontuados, somente em 2006 surge uma lei especifica para o
enfrentamento da violência contra a mulher. Tal lei de n° 11.340/06, conhecida por Lei Maria
da Penha, cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a
mulher. Dessa forma, diante de sua importância, será discutida em um capítulo específico.

1.1 A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER

A violência doméstica e familiar não é um fenômeno novo, porém é uma problemática


que tem sido pauta atual nas discussões e preocupações da sociedade brasileira.
A violência é um assunto de muita seriedade e complexidade, que gera responsabilidade
penal e cível e não pode ser vista como um fato distante ou ainda rotineiro. Seja em quaisquer
10

das espécies de violência, as sequelas são perceptíveis e ocasionam traumas emocionais


consideráveis, podendo resultar nas vítimas crises de ansiedade, isolamento, depressão,
angústia e traumas, inevitavelmente.
Embora atinja mulheres de realidades distintas, a violência doméstica se apresenta de
maneiras singulares de acordo com o contexto em que a mulher está inserida, quando praticada
contra a mulher e se o casal tem filhos, eles serão também vítimas e necessitarão de auxílio de
profissionais especializados, como psicólogos, psiquiatras, assistentes sociais.
Em muitas situações os filhos desenvolvem comportamentos agressivos, podendo vir
repetir a agressividade praticada pelos pais ou padrastos. A violência é uma questão cultural.
Ela não escolhe idade, local e nem mesmo época. A única certeza é que não se nasce com o
gene da violência. As crianças aprendem dentro de casa, com seus pais, e na rua, com a
sociedade, os ocorridos ao longo dos anos são apenas reflexos persistentes da violência
vivenciada no ceio familiar.
Há uma certa naturalização quando se trata de um homem agredir uma mulher, o gênero
predominante questiona a conduta da mulher como se o comportamento desta fosse motivo para
atos brutais. O homem necessita demonstrar um falso poder que exerce por meio da agressão,
para ele a mulher tem a obrigação de se submeter a essa conduta.
Essa justificativa, contudo, não pode ser normalizada. Conforme bem argumentara
Chauí, 2003, p. 52:

A violência não é percebida ali mesmo onde se origina e ali mesmo onde se define
como violência propriamente dita, isto é, como toda prática e toda ideia que reduza
um sujeito à condição de coisa, que viole interior e exteriormente o ser de alguém,
que perpetue relações sociais de profunda desigualdade econômica, social e cultural.
Mais do que isso, a sociedade não percebe que as próprias explicações oferecidas são
violentas porque está cega ao lugar efetivo da produção da violência, isto é, a estrutura
da sociedade brasileira.

A violência doméstica contra a mulher enquadra-se nos termos da Lei Maria da Penha
quando há um vínculo afetivo, doméstico e familiar entre o autor da violência e a vítima. Esse
vínculo não necessariamente precisa ser biológico, podendo ser também afetivo, ou seja, ocorre
quando há uma relação de convivência entre os envolvidos (BIANCHINI, 2012).
As formas de agressão são complexas, covardes, não ocorrem isoladas umas das outras
e têm graves consequências para o ciclo familiar. Abuso sexual, perseguição, atos que causem
sofrimento, violência de qualquer tipo, ocasionadas por como forma de violência de gênero. A
Lei Maria da Penha, criou mecanismos para diminuir a violência familiar e doméstica contra a
mulher.
11

A mulher é subjugada até mesmo por sofrer a violência, sendo vista como culpada em
qualquer situação. Segundo Rocha (2007, p. 91-92)

Em virtude da denominada “sacralidade familiar”, é construído um “muro de silêncio”


em torno dos fatos ocorridos no seio da família. [...] As mulheres se tornam “culpadas”
e seus agressores, homens íntegros, que apenas desejavam defender a honra e o bom
nome da família. Assim também acontece com mulheres estupradas, sobre as quais
pesa sempre a suspeita de que foram sedutoras e, portanto, responsáveis pela violência
sexual masculina.

Em resumo, a violência doméstica e familiar pode ser praticada por qualquer pessoa que
tenha ou teve relação íntima e de afeto com a vítima, independentemente do sexo dessa pessoa.

2 A LEI MARIA DA PENHA NO ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA CONTRA


A MULHER

Sancionada em 7 de agosto de 2006, a Lei nº 11.340, popularmente conhecida como Lei


Maria da Penha, objetiva proteger a mulher da violência doméstica e familiar. A lei recebeu
esse nome em homenagem à Maria da Penha Maia Fernandes que por vinte anos lutou para ver
seu agressor preso. A Lei Maria da Penha é um marco no reconhecimento dos direitos das
mulheres como Direitos Humanos no Brasil, possuindo uma ampla concepção de direitos a
partir das perspectivas de gênero.
A Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), é uma das três legislações mais importantes
do mundo no que diz respeito à proteção de mulheres vítimas de violência, sendo um dispositivo
de suma importância para o enfrentamento à violência contra a mulher no Brasil, a lei tipifica
e define a violência doméstica e familiar contra a mulher.
A Lei Maria da Penha repercutiu positivamente com retirada dos Juizados Especiais
Criminais a competência para processar e julgar os delitos de violência doméstica, vindo de
encontro aos anseios populares, bem como faz cumprir os compromissos internacionais
assumidos pelo Brasil em diversas convenções e pactos de direitos humanos com vistas a
facilitar o atendimento às mulheres vítimas.

2.1 A ORIGEM DA LEI

Proveniente da violência sofrida por Maria da Penha Maia Fernandes quando casada
com Marco Antônio Herédia Viveiros, que após numerosas tentativas de homicídio sofridas,
Maria da Penha o denunciou, sendo o mesmo encarcerado por poucos meses. Decorrente de um
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ato covarde, ficou paraplégica em consequência de um tiro nas costas, enquanto dormia, sendo
o autor do disparo o seu próprio companheiro. Como se não bastasse, as agressões continuaram
e duas semanas depois ele tentou matá-la novamente, Maria da Penha Fernandes lutou
bravamente para que houvesse justiça, foi quando fez uma denúncia pública. Com o processo
ainda correndo na Justiça, no ano de 1994, Maria da Penha lançou o livro “Sobrevivi…posso
contar”, onde relata as agressões sofridas por ela e por suas três filhas.
Posteriormente, devido à falta de efetividade da justiça, Maria da Penha formalizou uma
denúncia à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, pois a legislação brasileira não
respondia de forma satisfatória por não haver medidas de punição adequadas. Criada com o
intuito de reparação e justiça para conter e prevenir a violência doméstica e familiar contra a
mulher, configurando-se como violência qualquer ação ou omissão, baseada no gênero que lhe
cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial (art.5°,
Lei 11.340/2006), em conformidade com o artigo 226, § 8º, da Constituição Federal de 1988 a
Lei Maria da Penha, além de reconhecer a violência contra mulheres como violação dos direitos
humanos, propôs uma política nacional de enfrentamento à violência doméstica e familiar,
alterando o Código Penal Brasileiro, estabelecendo a prisão em flagrante ou a decretação de
prisão preventiva dos agressores, aumentando também a pena máxima, de 01 (um) para 03 (três)
anos. A amplitude da Lei ampara todas as pessoas que se identifiquem com o sexo feminino,
sendo heterossexuais, homossexuais e mulheres transexuais.

2.2 TIPIFICAÇÃO DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

Estão classificados cinco tipos de violência doméstica e familiar contra a mulher na Lei
Maria da Penha: física, psicológica, moral, sexual e patrimonial − Capítulo II, art. 7º, incisos I,
II, III, IV e V.
A violência física consiste naquela entendida como qualquer conduta que ofenda a
integridade ou saúde corporal da mulher. Cometida por meio da força física, por meio de
queimaduras, mutilações, pontapés, entre outros.

A violência física é toda ofensa à integridade física e corporal praticada com o


emprego de força, podendo abranger “socos, tapas, pontapés, empurrões, arremesso
de objetos, queimaduras etc., visando, desse modo, ofender a integridade ou a saúde
corporal da vítima, deixando ou não marcas aparentes, naquilo que se denomina,
tradicionalmente, vis corporalis” (CUNHA; PINTO 2013, p. 61)
13

É uma forma brusca de violência em relação ao risco à saúde da vítima, haja vista que
geralmente ela deixa marcas bastante evidentes no corpo da ofendida, além, é claro, do risco à
vida.
No que concerne à violência psicológica, são ações que causam danos emocionais e
diminuição da autoestima, ou que queira degradar ou a controlar seus comportamentos, crenças
e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento,
vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, violação de sua intimidade,
ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir, ou qualquer outro meio que cause
prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação. Muitas vezes a vítima nem se dá conta de
que agressões verbais, ameaças, silêncios prolongados, tensões, manipulações de atos e desejos
configuram violência e devem ser denunciadas.
Segundo Cunha & Pinto (2013, p.61) por violência psicológica, entende-se a agressão
emocional (tão ou mais grave que a física).
Prosseguindo pela violência sexual que baseia-se fundamentalmente na desigualdade
entre homens e mulheres. Diante disto, definida por ações que desprezem ou diminuam, sexo
sem consentimento ou exposição da vítima, a fazer aborto, a usar anticoncepcionais contra a
sua vontade ou quando a vítima sofre violação sexual, por meio de intimidação, ameaça, coação
ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade.
É de suma importância evidenciar que o sexo sem consentimento é violência sexual, inclusive
em situações entre marido e mulher.
A violência sexual, para esta lei, abrange outras formas de violência, e não só aquela
que diz respeito a ato sexual em si. Veja que se enquadra nesse tipo de violência a oposição de
olhar imagens pornográficas, o impedimento de utilização de métodos contraceptivos, o
matrimônio forçado ou a imposição de aborto (SALDANHA, 2011, p. 14).
A violência moral que demanda ações que desonram a mulher diante da sociedade com
mentiras ou ofensas. É também acusá-la publicamente de ter praticado crime. Como exemplos,
citamos: insultos, acusações maledicentes, calunias, ocasionando traumas e problemas
psicológicos.

A conduta do agente no crime de calúnia consiste na imputação da prática de fato


criminoso que o sujeito ativo do crime sabe ser falso. Na difamação, há imputação da
prática de fato desonroso, fato este que atinge a reputação da vítima, enquanto na
injúria há ofensa à vítima devido à atribuição de “qualidades negativas” (CUNHA;
PINTO, 2011, p. 61).
14

Havendo ainda a violência patrimonial, aquelas que envolvem comportamentos que


tenham a ver com subtração de bens, dinheiro e objetos de valor que tenham sido alcançados
através do esforço da vítima, os destinados a satisfazer suas necessidades.
Violência patrimonial, disposta no inciso IV, é entendida como qualquer conduta
cometida no âmbito doméstico e familiar em desfavor da mulher e configuradora de retenção
(posse de coisa da mulher garantindo direito próprio), de subtração (retirada, ocultamento, e
não podendo cogitar o furto, em razão do estabelecido no artigo 181 do Código Penal), de
destruição parcial ou total de objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens,
valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer as necessidades
pessoais (FILHO, 2011, p. 47).
A violência contra a mulher está presente em diferentes classes econômicas, trata-se de
um fenômeno muito antigo, compreendendo um conjunto de relações sociais de complexa
natureza entre casais heterossexuais e também homossexuais.

2.3 ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

Com o intuito de amenizar a violência contra as mulheres, no ano de 2013 a Secretaria


de Estado dos Direitos da Mulher passou a ser Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres.
A essência defendida pela Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as
Mulheres, diz respeito à implementação de políticas amplas e eficazes com intuito e contenção
a violência contra as mulheres em todas as suas expressões, por meio de ações simultâneas dos
diversos setores envolvidos com a questão como a saúde, a segurança pública, a justiça, e a
assistência social que proponham medidas eficazes de combate à violência.
A Lei n.º 10.683, Art. 22, de 28 de maio de 2003, determina as diretrizes da Secretaria
Especial de Políticas para as Mulheres:

Art. 22. À Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres compete assessorar direta
e imediatamente o Presidente da República na formulação, coordenação e articulação
de políticas para as mulheres, bem como elaborar e implementar campanhas
educativas e antidiscriminatórias de caráter nacional, elaborar o planejamento de
gênero que contribua na ação do governo federal e demais esferas de governo, com
vistas na promoção da igualdade, articular, promover e executar programas de
cooperação com organismos nacionais e internacionais, públicos e privados, voltados
à implementação de políticas para as mulheres, promover o acompanhamento da
implementação de legislação de ação afirmativa e definição de ações públicas que
visem ao cumprimento dos acordos, convenções e planos de ação assinados pelo
Brasil, nos aspectos relativos à igualdade entre mulheres e homens e de combate à
discriminação, tendo como estrutura básica o Conselho Nacional dos Direitos da
Mulher, o Gabinete e até três Subsecretarias.
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A percepção de enfrentamento não se limita à questão do combate, mas compreende


também as dimensões da prevenção, da assistência e da garantia de direitos das mulheres.
No contexto preventivo, a Política Nacional pressupõe ações educativas e culturais que
interfiram nos padrões sexistas. As ações preventivas implicam em campanhas que inviabilizem
as diferentes formas de violência de gênero sofridas pelas mulheres e que se encerre com a
tolerância da sociedade em relação a violência.
No que tange à garantia dos direitos humanos das mulheres, a Política deverá cumprir
as orientações previstas nos tratados internacionais quanto a violência contra as mulheres,
devem ser implementadas iniciativas que promovam o empoderamento das mulheres, o acesso
à justiça.
No que diz respeito à assistência às mulheres em situação de violência, a Política
Nacional deve garantir o atendimento humanizado e qualificado àquelas em situação de
violência por meio da formação continuada de agentes públicos e comunitários da criação de
serviços especializados como: Casas-Abrigo, Centros de Referência, Serviços de
Responsabilização e Educação do Agressor, Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra
a Mulher, Defensorias da Mulher.
Para que haja efetividade é necessário que haja a prosseguimento dos quatro eixos da
Política, é importante que se mantenha o monitoramento das ações de enfrentamento à violência
contra as mulheres, ou seja, a avaliação constante e o acompanhamento de todas as iniciativas
desenvolvidas nas áreas de prevenção, combate à violência contra as mulheres, a assistência e
garantia de direitos. A vítima de violência necessita de uma atenção em amplos sentidos, com
atendimento livre de preconceitos, numa abordagem interdisciplinar, ressalta-se a importância
de articular ações de enfrentamento da violência com as diretrizes e os dispositivos da
humanização.

3 CONTRIBUIÇÕES, AVANÇOS E DESAFIOS NO ENFRENTAMENTO À


VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER A PARTIR
DA LEI MARIA DA PENHA

Em 07 de agosto 2022 a Lei Maria da Penha completará 16 anos. Sendo um importante


marco no enfrentamento à violência doméstica e familiar contra as mulheres, a referida lei tem
trazido inovações e impactado positivamente a vida de muitas mulheres em situação de
violência doméstica e familiar, tornando-se assim um relevante instrumento de proteção à essas
mulheres.
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Diante de sua importância, a Lei Maria da Penha foi, inclusive, considerada pela
Organização das Nações Unidas (ONU) como a terceira melhor lei do mundo no combate à
violência contra a mulher. Nesse contexto, tendo em vista as contribuições para o enfrentamento
à violência doméstica e familiar contra a mulher, passaremos a analisar algumas das
inovações/avanços trazidos pela referida lei.

3.1 VEDAÇÃO À APLICAÇÃO DA LEI Nº 9.099/95 AOS CRIMES COMETIDOS COM


VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER

Uma das principais inovações trazidas pela Lei Maria da Penha foi a retirada dos crimes
de violência doméstica e familiar contra a mulher da esfera da Lei nº 9.099/95 (Dispõe sobre
os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá outras providências), conhecida por lei dos
Juizados Especiais.
No contexto da Lei dos Juizados, a violência doméstica e familiar contra a mulher era
tratada como crime de menor potencial ofensivo. Nesse contexto, as penas eram reduzidas a
realização de trabalhos comunitários ou ao pagamento de cestas básicas, não havendo uma
punição mais rigorosa ao autor da violência, o que de certa forma acabava banalizando esse
tipo de violência. Acrescente-se o fato de que, mesmo após realizar a denúncia, a vítima ainda
tinha que levar a intimação até o agressor.
Diante dessa realidade, a Lei Maria da Penha em seu art. 41 expressamente deixou claro
que independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei nº 9.099/95 aos crimes praticados
com violência doméstica e familiar contra a mulher. Além disso, em seu art. 17
terminantemente vedou a aplicação de penas de cesta básica, de prestação pecuniária ou
substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa.
Dessa forma, com a Lei Maria da Penha veio a identificação do elevado potencial
ofensivo da violência doméstica e familiar contra a mulher, com medidas para prevenir,
proteger e penalizar (SENADO FEDERAL, 2017).
Tal inovação representa um significativo avanço na medida em que deixou de tratar a
violência doméstica e familiar contra a mulher como crime de menor potencial ofensivo em que
se desconsiderava os reflexos da violência na vida da mulher. Trazendo, assim, maior
visibilidade e sensibilidade a condição das mulheres em situação de violência.
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3.2 CRIAÇÃO DE JUIZADOS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA


A MULHER

A partir da Lei Maria da Penha, foi prevista a criação dos Juizados de Violência
Doméstica e Familiar contra a Mulher para o processo, julgamento e execução das causas
decorrentes do crime de violência doméstica e familiar contra a mulher, ressalte-se que tais
Juizados possuem competência cível e criminal, nos termos do art. 14:

Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgãos da Justiça


Ordinária com competência cível e criminal, poderão ser criados pela União, no
Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento e a
execução das causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a
mulher (BRASIL,2006).

Além disso, a referida lei foi além e considerou a situações em que ainda não existam
os respectivos Juizados, de modo que as varas criminais possuirão competências cível e
criminal:

Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de Violência Doméstica e Familiar


contra a Mulher, as varas criminais acumularão as competências cível e criminal para
conhecer e julgar as causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar
contra a mulher, observadas as previsões do Título IV desta Lei, subsidiada pela
legislação processual pertinente.
Parágrafo único. Será garantido o direito de preferência, nas varas criminais, para o
processo e o julgamento das causas referidas no caput (BRASIL,2006).

Nesse contexto, a Lei Maria da Penha considerou a importância da equipe de


atendimento multidisciplinar. Assim, em seus artigos 29 a 32 tratou da possibilidade de os
juizados contarem com equipe de atendimento multidisciplinar composta por profissionais
especializados nas áreas psicossocial, jurídica e de saúde, estabelecendo também competências.
Acerca das competências das equipes multidisciplinares, tem-se que suas intervenções
objetivam subsidiar a atuação de juízes, promotores de justiça, advogados e defensores
públicos, constantemente trazendo a problematização das relações hierárquicas de gênero
(SENADO FEDERAL, 2017).
Ademais, é importante destacar que, além da produção de pareceres técnicos, a atuação
da equipe multidisciplinar possibilita um atendimento integral as mulheres em situação de
violência doméstica e familiar, considerando as múltiplas dimensões da violência e impactos
na vida dessas mulheres.
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3.3 MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA

As medidas protetivas de urgência têm sido consideradas a principal inovação da Lei


Maria da Penha, aumentando o sistema de prevenção e combate à violência e fornecendo ao
magistrado uma margem de atuação em que pode decidir entre as medidas de acordo com a
necessidade de cada situação concreta. De modo que contemplam instrumentos de classe
processual, penal, administrativo, trabalhista, previdenciário e cível (BIANCHINI, 2018).
Tais medidas são consideradas cautelares diversas da prisão, tendo em vista a proteção
da mulher em situação de violência, buscando garantir a integridade física e psicológica da
mulher em situação de risco durante ou antes do processo (SENADO FEDERAL, 2017). A Lei
Maria da Penha divide as medidas protetivas de urgência em duas categorias, as quais são: as
medidas protetivas de urgência que obrigam o agressor e as medidas protetivas de
urgência à ofendida.
Assim, em seu art. 22 a Lei dispõe sobre as medidas protetivas de urgência que obrigam
o agressor:

Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos
termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou
separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras:
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão
competente, nos termos da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 ;
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida;
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais:
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite
mínimo de distância entre estes e o agressor;
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de
comunicação;
c) freqüentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e
psicológica da ofendida;
IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de
atendimento multidisciplinar ou serviço similar;
V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
VI – comparecimento do agressor a programas de recuperação e reeducação; e
(Incluído pela Lei nº 13.984, de 2020)
VII – acompanhamento psicossocial do agressor, por meio de atendimento individual
e/ou em grupo de apoio. (Incluído pela Lei nº 13.984, de 2020) (BRASIL,2006,
grifo nosso)

Essas medidas obrigam o agressor a não praticar condutas que coloquem a vítima em
situação de risco. Nesse contexto, é importante destacar que tais medidas não impedem a
aplicação de outras previstas na legislação em vigor. Além disso, conforme o art. 24-A da Lei
Maria da Penha, o descumprimento da decisão judicial que defere as medidas protetivas de
urgência configura crime com pena de detenção de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.
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Já os artigos 23 e 24 da Lei Maria da Penha dispõe sobre as medidas protetivas de


urgência à ofendida. Nesses termos:

Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas:
I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário de
proteção ou de atendimento;
II - determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo
domicílio, após afastamento do agressor;
III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos
a bens, guarda dos filhos e alimentos;
IV - determinar a separação de corpos.
V - determinar a matrícula dos dependentes da ofendida em instituição de educação
básica mais próxima do seu domicílio, ou a transferência deles para essa instituição,
independentemente da existência de vaga. (Incluído pela Lei nº 13.882, de
2019)
Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou daqueles de
propriedade particular da mulher, o juiz poderá determinar, liminarmente, as seguintes
medidas, entre outras:
I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida;
II - proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, venda e
locação de propriedade em comum, salvo expressa autorização judicial;
III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor;
IV - prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos
materiais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a ofendida.
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente para os fins previstos
nos incisos II e III deste artigo. (BRASIL,2006, grifo nosso).

Observa-se, portanto, a preocupação do legislador em garantir a proteção integral da


mulher em situação de violência doméstica e familiar, ao prever além da imposição de medidas
para punir o agressor, a possibilidade de aplicação também de medidas com o intuito de proteger
a ofendida e ainda a proteção patrimonial de seus bens, bem como trazer amparo por parte do
Estado. No entanto, para as ofendidas não existe o caráter obrigatório como existe nas medidas
dirigidas aos agressores.
Nesse contexto, é importante destacar que apesar da importante inovação que foi a
previsão das medidas protetivas de urgência, existem dificuldades na aplicação e fiscalização
das referidas medidas. Dentre as dificuldades, Costa e Neto (2019) pontuam que nas delegacias
de polícia geralmente não há servidores suficientes para atender as ocorrências, além da falta
de instrumentalidade adequada para atendimento hospitalar às ofendidas e até mesmo
fornecimento de transporte para que a mulher possa ficar em lugar seguro, caso haja risco de
morte.
Dessa forma, as medidas protetivas de urgência tem sido um dos temas de grande
destaque no que concerne a Lei Maria da Penha, mas também tem levantado inúmeras
polêmicas na sociedade.
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3.4 O ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL

Com a Lei Maria da Penha, tornou-se obrigatório a abertura de inquérito policial, a


coleta de provas documentais e periciais, realização de exame de corpo de delito em caso de
lesões na vítima, além da coleta de depoimento da ofendida, agressor e testemunhas. É
importante destacar que antes da referida lei, os crimes ao serem registrados na delegacia eram
submetidos apenas a um Termo Circunstanciado – TC, representando basicamente uma notícia
do crime ao judiciário, de modo que geralmente era arquivado nos Juizados Especiais Criminais
devido a desistência da vítima (SENADO FEDERAL, 2017).
Além da obrigatoriedade da instauração do inquérito policial, a Lei Maria da Penha tem
buscado ofertar um atendimento policial mais humanizado ao estabelecer como direito da
mulher em situação de violência doméstica e familiar um atendimento especializado,
ininterrupto e preferencialmente prestado por servidores do sexo feminino previamente
capacitados. Estabelecendo, ainda, diretrizes e procedimentos para a inquirição da mulher em
situação de violência e testemunhas, bem como providências e procedimentos a serem
realizados nos atendimentos.
Acrescente-se a isso, a recente inovação referente a possibilidade da determinação de
medida protetiva de urgência pela autoridade policial. Dessa forma, a autoridade policial pode
atuar no que concerne ao imediato afastamento do agressor do lar, domicílio ou local de
convivência com a ofendida em caso de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física
ou psicológica dela ou de seus dependentes. Em regra, esse procedimento é realizado pela
autoridade judicial, todavia, nos casos em que o município não for sede de comarca, o
afastamento do agressor será determinado pela autoridade policial, que deverá comunicar ao
juiz no prazo de 24 horas. Nesse sentido, temos:

Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade


física ou psicológica da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de
seus dependentes, o agressor será imediatamente afastado do lar, domicílio ou local
de convivência com a ofendida: (Redação dada pela Lei nº 14.188, de 2021)
I - pela autoridade judicial; (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
II - pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de comarca; ou
(Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
III - pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado
disponível no momento da denúncia. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
§ 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste artigo, o juiz será comunicado
no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas e decidirá, em igual prazo, sobre a
manutenção ou a revogação da medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério
Público concomitantemente. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
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§ 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à efetividade da medida


protetiva de urgência, não será concedida liberdade provisória ao preso. (Incluído
pela Lei nº 13.827, de 2019) (BRASIL,2006, grifo nosso).

Tem-se, assim, uma expansão das atividades policiais, tornando a atuação da polícia
ainda mais relevante no atendimento às mulheres em situação de violência doméstica e familiar,
apesar das dificuldades encontradas para efetivação desse atendimento nos termos da Lei Maria
da Penha. Dentre essas dificuldades destacam-se a insuficiência de equipamentos públicos para
o atendimento das mulheres, por exemplo, as Delegacias Especializadas de Atendimento à
Mulher – DEAMs, além da dificuldade de capacitação de profissionais para o atendimento a
mulheres em situação de violência, visto que algumas vezes os próprios profissionais possuem
representações de gênero que acabam reproduzindo a violência.

3.5 A POSSIBILIDADE DE RETRATAÇÃO DA REPRESENTAÇÃO EM AUDIÊNCIA

Conforme o art. 16 da Lei Maria da Penha, nas ações penais públicas condicionadas a
representação da ofendida, só é admitida a renúncia à representação perante um juiz, em
audiência designada para tal finalidade e antes do recebimento da denúncia, ouvido o ministério
público.
Tal dispositivo, além de buscar garantir maior segurança na continuidade dos atos
processuais, visa avaliar a situação de risco da mulher por magistrados e Ministério Público
para acatamento ou não do pedido de arquivamento (SENADO FEDERAL, 2017). Ou seja,
busca-se analisar se aquela retratação é fruto legítimo da vontade da vítima ou se ela está sob
ameaça ou constrangimento. Além disso, por se tratar de direito subjetivo da mulher, somente
ela poderá requerer, cabendo apenas nos crimes que dependem da representação da ofendida,
como por exemplo, o crime de ameaça.

3.6 OUTROS AVANÇOS TRAZIDOS PELA LEI MARIA DA PENHA

Ao decorrer desse trabalho pontuamos algumas inovações e avanços no enfrentamento


à violência doméstica e familiar contra a mulher trazidos pela Lei Maria da Penha, pontuando
em alguns momentos os desafios enfrentados nesse cenário.
Considerando a amplitude do tema, bem como da própria lei em si, o nosso objetivo não
é adentrar em todas as especificidades da referida lei. Por isso, de forma ilustrativa foram
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pontuadas algumas inovações consideradas mais importantes e que significam contribuições e


avanços no enfrentamento da violência aqui tratada.
Todavia, é oportuno, ainda, mencionar outros avanços, por exemplo: a própria definição
da violência doméstica e familiar contra a mulher baseada no gênero, além do reconhecimento
de que esse tipo de violência independe de orientação sexual, e a tipificação das formas de
violência doméstica e familiar contra a mulher, já abordadas aqui; a possibilidade de
comparecimento do agressor a programas de recuperação e reeducação, contribuindo para
redução das reincidências; além da previsão de políticas públicas articuladas para o
enfrentamento integral da violência doméstica e familiar contra a mulher.
Rodrigues, Coelho e Lima (2015), consideram a Lei Maria da Penha como a
consagração do processo legislativo em sua mais bela forma, refletindo a indignação da
sociedade diante da injustiça sofrida pelas mulheres durante milhares de anos. Sendo, dessa
forma, um instituto inovador, mas também polêmico. Ademais, no que concerne a sua
amplitude, Bianchini (2018) considera a Lei Maria da Penha como heterotópica, devido a
previsão em seu bojo de dispositivos de várias naturezas jurídicas.
Diante do exposto, verifica-se que apesar dos desafios enfrentados, muitas foram as
contribuições trazidas pela Lei Maria da Penha no enfrentamento à violência doméstica e
familiar contra a mulher. De mais a mais, ainda se torna imperioso romper com a desigualdade
de gênero ainda existente em nossa sociedade, reflexo de um sistema patriarcal e opressor dos
direitos das mulheres.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A violência doméstica e familiar contra a mulher é um fenômeno social, histórico e


cultural, fruto de uma sociedade machista que por muito tempo não reconheceu a mulher
enquanto sujeito de direitos, onde estas eram vistas enquanto “propriedade” dos homens. Dessa
forma, as relações sociais entre mulheres e homens foram por muito tempo caracterizadas pela
posição de inferioridade e submissão das mulheres em relação aos homens.
Ao longo do presente estudo, inicialmente, o item 1 buscou abordar os aspectos
históricos e sociais da violência contra a mulher à luz da legislação brasileira, com o objetivo
de discutir a existência da violência contra a mulher e mostrar que esse tipo de violência é
histórico em nossa sociedade, na qual há um enraizamento desde os seus primórdios de um
sistema social patriarcal que definiu desigualmente papeis de homens e mulheres, de modo que
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por muito tempo atos violadores de direitos das mulheres não eram vistos como violência. Além
disso, foi abordado especificamente aspectos da violência doméstica e familiar contra a mulher.
Dando continuidade, o item 2 buscou discutir acerca da Lei Maria da Penha no
enfrentamento à violência contra a mulher, onde foi pontuada a origem da Lei, a tipificação da
violência contra a mulher, bem como o enfrentamento à violência contra a mulher. Objetivando,
além de discorrer sobre a criação da referida lei, abordar as formas de violência contra a mulher
tipificadas e analisar a questão do enfrentamento também sob o aspecto preventivo.
Finalmente, o item 3 foi dedicado à discussão acerca das contribuições, avanços e
desafios no enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher a partir da Lei Maria
da Penha, tendo em vista à análise de algumas das inovações e avanços trazidos pela referida
lei.
Nesse sentindo, restou cristalina a importância da Lei Maria da Penha no enfrentamento
à violência doméstica e familiar contra a mulher, representando, assim, um avanço.
Considerando que o seu objetivo é a criação de mecanismos para prevenir e coibir a violência
doméstica e familiar contra a mulher, trouxe diversas inovações para enfrentar esse tipo de
violência.
Dentre as inovações, destacam-se, a definição da violência doméstica e familiar contra
a mulher baseada do gênero; o estabelecimento das formas de violência doméstica e familiar
contra a mulher; a vedação à aplicação da lei nº 9.099/95 a esses tipos de crime; a criação dos
Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; a instituição das Medidas
Protetivas de Urgência; a ampliação da atuação da autoridade policial, a previsão de políticas
públicas articuladas para o enfrentamento integral desse tipo de violência, além da possibilidade
de comparecimento do agressor à programas de recuperação e reeducação, dentre tantas outras
inovações e avanços.
Apesar dos desafios para sua aplicação, conforme alguns foram expostos, a Lei Maria
da Penha se mostra não só importante, mas também necessária, na medida em que não visa
apenas a punição dos agressores, mas também se destina a prevenção da violência. Representa,
dessa forma, um importante instrumento de proteção e visibilidade aos direitos humanos das
mulheres, trazendo significativa contribuição ao enfrentamento da violência doméstica e
familiar contra a mulher.
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REFERÊNCIAS

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