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Local: PA

Médica: Amanda

Id: Mãe: Luciana Barros


Pai: Marcelo Gomes, fumante (mas não fuma perto da criança)
Criança: Lavinia Souza 12 meses. Parda.
Moram em Novo México

QP: Febre

HDA: febre de 39,1 C há um dia, tomando dipirona, mas não altera a febre. Se alimenta
bem (mama bem), mas sem apetite. Sem cansaço. 8 consultas de pré natal. Sem doenças.
Só o neném sentindo febre na casa. Às vezes irritada e às vezes quieta, consequentemente
chora mais. Não quer beber água. Sem alteração no sono. Sem alteração em cor e
quantidade para fezes e urina.

Antecedentes do parto: Parto normal e sem intercorrências

Desenvolvimento:Quase andando, fala pouco (mamãe e papai fala)

HPP: Sem alergias e vacinação em dia

HF: Mãe sem comorbidades e pai é fumante

HPS: Não frequenta creche e fica com a babá.

Condições socioeconômicas: Casa de alvenaria e com saneamento básico.

BCG Hepatite B Penta[51] VIP

Dose ú nica Dose ao 1ª dose 2ª dose 3ª dose 1ª dose 2ª dose 3ª dose


nascer

28/03/2022 28/03/2022 26/05/2022 26/07/ 28/09/2022 26/05/202 26/07/2 28/09/202


HIMABA HIMABA UBS 2022 UBS 2 022 2
UBS UBS UBS UBS

Rotavírus Pneumocó cica 10 V Meningocó cica C Febre Tríplice


(conjugada)[52] (conjugada)[53] amarela viral

1ª dose 2ª dose 1ª dose 2ª dose 1ª dose 2ª dose 1ª dose

26/05/2022 26/07/2022 26/05/2022 26/07/2 27/06/2022 28/08/2022 28/12/20 29/03/2023


UBS UBS UBS 022 UBS 22 UBS
UBS UBS

Pneumocó cic Meningocó cic DTP VOP Tetra Varicela


a 10 V aC viral
(conjugada) (conjugada)
BCG Hepatite B Penta[51] VIP

Dose ú nica Dose ao 1ª dose 2ª dose 3ª dose 1ª dose 2ª dose 3ª dose


nascer

28/03/2022 28/03/2022 26/05/2022 26/07/ 28/09/2022 26/05/202 26/07/2 28/09/202


HIMABA HIMABA UBS 2022 UBS 2 022 2
UBS UBS UBS UBS

Reforço Reforço 1º reforço 2º 1º reforço 2º reforço Uma Uma dose


reforço dose

29/03/2023 29/03/2023
UBS UBS

Hepatite A Pneumocó cica HPV Influenza Febre


23 V (povos amarela
indígenas)

Uma dose 1ª dose 2ª dose 3ª dose

---

Registro de outras vacinas e campanhas

Revisão de sistemas

Comprimento:75cm
Peso: 10kg
FR:50 irpm
FC: 160bpm
SatO2: 95%
Corada, anictérica e acianótica
TAx: 39,1 C
Perímetro cefálica: 45cm
Otoscopia: normal
Oroscopia: normal
Ausculta Cardíaca: RCR 2t BNF Sem sopro
Ausculta respiratória: MVF sem ruídos adventícios.
Inspeção do abdome: abdome atípico
Palpação: sem visceromegalias ou massas
Neurológico: hipoativo, reagindo ao manuseio com irritabilidade, ainda tem fontanela aberta,
plana e normotensa, tônus muscular normal, sem rigidez de nuca (com quantos anos tem
rigidez de nuca?)

Genitália: sem alterações.

MMII: sem edemas

Sem alterações na pele

Lista de problemas:
-Febre 39,1 C
-Taquicardia
-Hipoativa

Diagnóstico sindrômico: Síndrome febril


Diagnóstico etiológico: Meningite, virose, febre emocional, Covid prolongado, ITU

Hipóteses Fatores a favor Fatores contra Achados que Probabilidade


falam a favor,
mas não estão
presentes.

Meningite febre, vômito,


irritabilidade, fontanela tensa
letargia

Virose

Febre
emocional

Covid
Prolongado

ITU

Conduta: Colocar em observação, solicitar hemograma (resultado abaixo), teste rápido para
covid, punção lombar, EAS, antibioticoterapia.
Receitar ATB venoso e antitérmico venoso. (Ceftriaxona + dipirona) e hidratação venosa.

** Hb 12 Htc 39,8% Leucócitos 16980 (NB 9% NS 70% L 10%) Plaquetas 180.000


**Teste rápido para covid: Negativo
**LCR: claro, Glic: 50 (vr: acima 40), leuc: ausentes Hts: ausentes, Bacterioscopia: negativa.

EAS coletado por sonda de alívio


Densidade 1020

pH 8,0

Aspecto Turvo

Glicose Ausente

Proteína 1+

Nitrito Positivo

Urobilinogênio Ausente

Corpos cetônicos Ausente

Células epiteliais Ausente

Leucócitos 25/campo

Hemácias 10/campo

Células epiteliais 3/campo

Cristais Ausente

Cilindros leucocitários Presente

** Culturas de sangue, urina e LCR: negativas em andamento.


Perguntas de aprendizagem:
1. O que é febre sem sinal de localização?
Na avaliação clínica de crianças com FSSL devemos levar em conta os
principais fatores de risco para infecção bacteriana grave:
 Estado geral: a presença de toxemia, alteração do estado geral ou
instabilidade dos sinais vitais é um grande indicativo de infecção
bacteriana grave e esta criança deverá ser abordada como
potencialmente em sepse. Na prática recomendamos que essa
avaliação clínica seja feita, de preferência, com a criança sem febre,
porque a própria presença de febre pode dificultar essa avaliação. A
grande questão é que não podemos nos basear exclusivamente na
avaliação clínica, porque mesmo crianças em bom estado geral podem
ter uma infecção bacteriana grave. Má perfusão, alteração da
consciência, hipotensão, oliguria, taquicardia, aumento da FR.
 Idade: é um fator muito importante quando avaliamos o risco de
infecção bacteriana grave numa criança com FSSL.
 Menores de 3 meses de idade (lactantes jovens): tem risco
aumentando e nesse grupo há um subgrupo de risco maior
ainda, que são os recém-nascidos. Nessa idade, além da
imaturidade imunológica, as manifestações clínicas são muito
inespecíficas e as infecções bacterianas podem evoluir
rapidamente para sepse. Por essa razão, todos os protocolos
de atendimento de crianças com FSSL recomendam condutas
mais invasivas e agressivas nos lactentes jovens.
 Entre 3 e 36 meses de idade: o risco de IBG é semelhante.
 Acima de 36 meses: o risco cai bastante.

 Temperatura: deve ser levada em conta, especialmente nas crianças


não vacinadas para pneumococo e hemófilo, ou seja, crianças que
ainda não receberam pelo menos duas doses de cada uma das
vacinas. A razão é que nessas crianças há um risco aumentado de
bacteremia oculta nos casos com febre mais elevada (acima de 39ºC).
Mesmo nas crianças vacinadas a presença de febre > 39ºC associada
com leucocitose acima de 20.000/mm3 no hemograma aumenta o
risco de pneumonia oculta

 Situação vacinal: para pneumococo e hemófilo muda bastante a


avaliação de uma criança com FSSL, uma vez que as crianças que já
receberam pelo menos duas doses das vacinas para pneumococo e
hemófilo têm risco muito menor de bacteremia oculta e assim podem
ter uma avaliação menos invasiva.
 Avaliação laboratorial: os exames utilizados na avaliação laboratorial
das crianças com FSSL são:
 Hemograma  avaliamos a contagem total de leucócitos e a
contagem total de neutrófilos. Nas crianças não vacinadas para
pneumococo e hemófilo uma contagem total de leucócitos
acima de 20.000/mm3 ou uma contagem total de neutrófilos
acima de 10.000/mm3 estão associadas com um risco
aumentado de infecção bacteriana grave nas crianças com
FSSL. Lactantes jovens (menores de 3 meses de idade)
contagens de leucócitos totais acima de 15.000/mm3 ou abaixo
de 5.000/mm3 são fatores de risco para infecção bacteriana
grave.

 Exames de urina  importante na avaliação das crianças com


FSSL. Os testes rápidos, como pesquisa de leucócito esterase
e nitrito, podem ser úteis, mas apresentam sensibilidade e
especificidade variável. A leucocitúria é utilizada no nosso
protocolo como indicativo de infecção urinária, mas devemos
lembrar que o diagnóstico definitivo de infecção urinária
somente pode ser confirmado através da positividade da
urocultura. Por essa razão, a técnica de coleta da urina é
fundamental. Nas crianças sem controle esfincteriano a cultura
deverá ser obtida por sondagem vesical, porque a cultura obtida
por saco coletor apresenta alta taxa de falso positivo. Dessa
forma, o exame de urina obtido por saco coletor somente tem
valor quando o resultado é negativo, ou seja, para afastar
infecção urinária. Nas crianças com controle esfincteriano
podemos obter a urina por jato médio numa micção
espontânea.

 Radiografia de tórax de rotina  não é necessário em todas


as crianças com FSSL. Caso haja alguma alteração de
frequência respiratória ou queda de saturação de oxigênio,
deverá ser realizado. Nas crianças com risco aumentado de
pneumonia oculta: aquelas com febre acima de 39ºC e
leucócitos totais acima de 20.000/mm3 também está indicado.

 Provas de fase aguda  têm sido incorporadas em vários


protocolos de atendimento das crianças com FSSL com objetivo
de aumentar a acurácia para o diagnóstico das infecções
bacterianas graves. As mais utilizadas são a proteína C-reativa
(PCR) e procalcitonina (PCT). A PCR aumenta mais lentamente
do que a PCT. Dessa forma, nos casos com menos de 12 horas
de duração da febre, a PCT é mais sensível na identificação da
infecção bacteriana grave. Quando comparada com os
marcadores mais tradicionais (PCR, contagem total de
leucócitos e contagem de neutrófilos), a PCT tem demonstrado
desempenho superior no diagnóstico, com maior sensibilidade e
especificidade para diferenciação de doença bacteriana e viral
em crianças. Entretanto, pelos seus custos elevados, não está
disponível na maioria dos serviços. As escolhas dos valores de
PCR e PCT dependem se estes marcadores serão utilizados
para excluir ou incluir os casos de IBG nas crianças com FSSL.
Tendo por objetivo a identificação de IBG, os níveis de corte de
80 mg/L para PCR ou 2 ng/mL para PCT apresentam
especificidade de 90% e sensibilidade de 40 a 50%. Para
descartar IBG os níveis de corte de 20 mg/L para PCR ou 0,5
ng/mL para PCT apresentam sensibilidade de 80% e
especificidade de 70%.

 Pesquisa de vírus respiratórios em secreção de


nasofaringe  tem se tornado cada vez mais disponível. Os
testes rápidos podem ser utilizados nos serviços de
emergência. Inúmeros vírus são responsáveis por doenças
febris em crianças, que podem se apresentar inicialmente como
FSSL, com herpes vírus humano tipo 6, adenovírus, influenza e
vírus sincicial respiratório. Atualmente, durante a pandemia de
Covid-19, temos observado vários casos de crianças com FSSL
que apresentam pesquisa positiva para Sars-Cov-2 em
secreção de nasofaringe. A utilização da pesquisa de vírus
respiratório em crianças com FSSL pode reduzir a necessidade
de investigação e o uso de antimicrobianos.

2. O que é bacteriúria assintomática?


3. Conceito de doença bacteriana invasiva
4. Qual a conduta da doença bacteriana invasiva?
5. Quais as vacinas que podem prevenir a doença bacteriana invasiva?
6. Quais os sintomas da doença bacteriana invasiva?
7. Quais os resultados de exames da doenca bacteriana invasiva?
8. Pneumonia, meningite, ITU (principais sintomas, resultados de exames
e conduta)
1. Porto, Celmo Celeno Semiologia médica I Celmo Celeno Porto; co-editor
Arnaldo Lemos Porto. - 7. ed.- Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.

2. JÚNIOR, Dioclécio C.; BURNS, Dennis Alexander R.; LOPEZ, Fábio A.


Tratado de pediatria. v.1 . [Digite o Local da Editora]: Editora Manole, 2021.
E-book. ISBN 9786555767476. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555767476/. Acesso
em: 21 fev. 2023. SBP. Pág 1512-1517

3. Doença Menigocócica Quadro clínico, diagnóstico e tratamento. Disponível


em:
https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/2015/11/Folheto_Meningite_F
asciculo3_111115.pdf . Acessado em 08/03/2021.

4. Brasil. Boletim Epidemiológico | Secretaria de Vigilância em Saúde |


Ministério da Saúde 3 Volume 50 | Nº 3 | Jan. 2019. Disponível em:
https://antigo.saude.gov.br/images/pdf/2019/fevereiro/01/2018-038.pdf .
Acessado em 08/03/2021.

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