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Motrivivência Ano XXII, Nº 34, P. 106-121 Jun.

/2010
DOI:10.5007/2175-8042.2010n34p106

CIBERCULTURA E EDUCAÇÃO FÍSICA:


algumas considerações ontológicas

Fabio Zoboli1
Renato Izidoro da Silva2

Resumo Abstract
Este trabalho é uma síntese de This work is a synthesis of a philoso-
uma pesquisa filosófica mais phical inquiry about epistemological
ampla que versa sobre os impasses impasses provoked by social and
epistemológicos provocados por
cultural changes in sports cybercul-
mudanças socioculturais hodiernas
na esteira da cibercultura no âmbito ture of electronic games and robo-
esportivo dos jogos eletrônicos e tic and its implications in physical
da robótica e suas implicações na education. We define philosophy like
educação física. Definimos filosofia a justification and signification of the
como justificação e significação das human questions drawn by the limits
questões humanas traçadas pelos of the conscience while experience
limites da consciência enquanto of the world and the implications
experiência mundana de nossas
of the material conflicts over social
implicações emergentes dos conflitos
materiais das relações sociais. Assim, relationships. So, our theoretical and
nosso horizonte teórico-metodológico é methodological horizon derives from
desenhado pelo materialismo dialético materialism dialect (Adorno), ontolo-
(Adorno), a ontologia (Merleau-Ponty) e gy (Merleau-Ponty) and the semiotics
a semiótica (Peirce e Lévy). (Peirce and Lévy).
Palavras-Chave: Robótica. Key-Words: robotic. Cybernetic. Phy-
Cibernética. Educação Física. sical Education

1 Professor do Departamento de Educação Física da Universidade Federal de Sergipe – UFS. Doutor


em Educação pela Universidade Federal da Bahia – UFBA. zobolito@gmail.com.
2 Professor do Departamento de Educação Física da Universidade Federal do Amazonas – UFAM.
Doutorando em Educação pela Universidade Federal da Bahia – UFBA. Izidoro.renato@gmail.com.
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Introdução específica da ontologia sobre a


profissão, onde iremos apresentar
Remonta a crise paradigmá- dados sobre os tradicionais contex-
tica da educação física na década de tos pedagógicos, epistemológicos e
1980 a partir impasses epistemoló- profissionais da educação física em
gicos provocados por mudanças so- face da cibercultura. Ao passo que,
cioculturais mais gerais (DA COSTA, estaremos refletindo sobre os jogos
1999, p. 61), sendo que atualmente eletrônicos e a robótica enquanto
vemos sua provocação em especial formação de um novo paradigma
devido ao fortalecimento da ciber- ontológico para a educação física;
cultura no âmbito esportivo dos jogos que interfere diretamente na forma-
eletrônicos e da robótica, o objeto ção e na atuação do profissional da
principal deste ensaio. Em segundo área no esporte clássico.
plano, desenvolveremos reflexões Nosso horizonte teórico-
sobre o lugar da educação física e metodológico é desenhado pelo
de seu profissional no contexto da materialismo dialético, a ontologia
cibercultura, retomando as relações e a semiótica. Na interpretação
analógicas entre homem e máquina de Gonçalves (1994, p. 58), para
que já aparecera na tradição filosófica Marx a consciência “está imersa na
Ocidental em Aristóteles e em Des- concretude da vida corpórea e é
cartes (SANTAELLA, 1997, p. 34) explicada ‘a partir das contradições
Para tanto, pensando a da vida material’” (MARX apud
filosofia como justificação e signi- GONÇALVES, 1994, p. 58). Ao
ficação das questões humanas tra- passo que, Merleau-Ponty concebe
çadas pelos limites da consciência essa íntima integração ou imersão
enquanto experiência mundana entre sujeito e objeto, consciência
pré-reflexiva (MERLEAU-PONTY, e concretude na relação dialética
1999, p. 1) “que nos acossa a cada que possibilita a interioridade ser
um de nós diariamente”, conforme plena das coisas e ações do mun-
Peirce (2005, p. 197), sem perder do material, bem como este ser
de vista que a filosofia emerge dos modelado pelas mãos do homem
conflitos materiais das relações so- por meio de seu trabalho corporal
ciais em sua estrutura econômica de e espiritual. Para Gonçalves (1994,
produção, conforme o pensamento p. 70), “Merleau-Ponty encontra
marxista, em especial de Adorno afinidade com o pensamento de
(1973, p. 13), este trabalho é uma Marx e não vê incompatibilidade
síntese de uma pesquisa filosófica da fenomenologia existencial com
mais ampla, acerca da influência o marxismo”.
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A semiótica peirceana de ciberatleta, acrescido da presença


Lévy (1998) contribui com o mate- do atleta robô tanto em estado físi-
rialismo dialético e com a ontologia co quanto virtual como sendo mais
em nossa pesquisa filosófica, na me- um problema a ser enfrentado pela
dida em que, se opondo ao menta- educação física no que concerne a
lismo e ao nominalismo, concebe o uma reflexão mais hodierna sobre
universo dos signos como material, currículo. Não esquecendo que
físico e corporal: suas construções, em sendo o jogo um dos objetos
na cultura, obedecem a regras mais de estudo e de intervenção da edu-
analógicas que numéricas. Proble- cação física, é importante destacar
matizando a emergência de repre- que no campo da computação,
sentação no humano e no animal segundo Epstein (1986, p. 70), a
enquanto parâmetro ontológico; “programação de jogos em compu-
partimos da hipótese de não se li- tador foi e continua sendo um setor
mita a unidades simbólicas mentais.
privilegiado em pesquisa sobre IA
Conforme Lévy (1998), as correntes
[Inteligência Artificial]. Isto, em
científicas dominantes em inteli-
parte, deve-se ao fato de os jogos
gência artificial, classificadas como
terem suas regras definidas com
abordagens logicistas (racionalis-
precisão, o que permite avaliar o
tas) e objetivistas (empiristas) da
cognição, concebem os processos desempenho da IA”.
cognitivos como traduções do real Sendo esse princípio co-
e da realidade por manipulações mumente aplicado aos jogos espor-
reguladas de símbolos abstratos, tivos que atualmente atuam tanto na
como no caso do conexionismo e cultura e economia ocidental quan-
do simbolismo. Baseados na “ideo- to na oriental como tênis, vôlei,
grafia dinâmica”, de Lévy, pensamos basquete, xadrez, lutas etc., eviden-
que as categorizações, elaborações ciando que o futebol, no Brasil e no
de modelos mentais e raciocínios mundo, é a modalidade esportiva
humanos em geral são construídos mais desenvolvida na cibercultura,
na maior parte do tempo de “modos certamente graças ao valor cultu-
fluidos, analógicos, metafóricos ou ral, social, político e econômico
metonímicos e utilizam sempre em que esse esporte desempenha em
última instância intuições concretas quase todos os povos. Um exemplo
extraídas da experiência sensório- concreto é a RoboCup, criada no
motora, cinestésica, social e cultu- Japão no ano de 1997: competição
ral” (LÉVY, 1998, p. 214-215). anual internacional que envolve
Seguiremos analisando os várias modalidades, sendo que a
limites entre o atleta clássico e o mais popular é a RobocupSoccer ou
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Futebol de Robôs, cuja finalidade é coloca a física-corporal como ele-


o desenvolvimento científico e mer- mento fundamental das construções
cadológico competitivo das novas humanas acaba levantando muitas
tecnologias computacionais. perguntas/respostas à educação físi-
ca. Dentre algumas destacamos: seu
Contexto pedagógico, epis- objeto seria o corpo biológico e seu
método a ginástica científica, com
temológico e profissional da o fim de atingir a saúde ? Teríamos
educação física como objeto a atividade física cuja
metodologia estaria nos exercícios
A partir da década de físicos amparados pelos estudos da
80 do século XX se tornou lugar fisiologia do exercício, tendo como
comum refletir sobre certa crise objetivo também promover a saúde?
no contexto pedagógico e epis- Sendo seu objeto o movimento
temológico da educação física. corporal humano investigado pela
Basicamente, essa última pode ser cinesiologia, restaria compreender
demarcada por alguns momentos as dimensões físicas do movimento
mais significativos historiografi- para melhor formular uma pedago-
camente. Podemos compreender gia? A motricidade humana enten-
sua constituição praxeológica se- dida como o objeto exato, não esta-
gundo orientações antropológicas, ríamos colocando a educação física
sociológicas, culturais, políticas, como um campo metodológico por
econômicas e filosóficas provin- onde se alcançaria a transcendência
das de outros campos sociais tais humana? Tendo a cultura corporal
como a medicina, o nacionalismo, como um possível objeto de estudo
o capitalismo e a moral enquanto e atuação, sua metodologia seria
agentes de criação da humanidade a identificação ou formulação de
moderna, cujos principais meios fo- problemas (contradições) sociais e
ram: o higienismo, a alfabetização, politicamente contextualizados em
a ginástica e bem posteriormente, suas execuções, tendo como objeti-
elemento que mais nos importará vo a consciência sobre a situação do
aqui, o esporte. A crise em questão sujeito através da vivência do corpo
implica a dúvida sobre qual seria e do movimento enquanto manifes-
exatamente ou cientificamente o tação histórico-cultural? Por fim, to-
objeto, a metodologia e o objetivo mando o esporte como seu objeto,
da educação física. a finalidade da educação física seria
Inevitavelmente, esse ho- a de desenvolvem metodologias
rizonte teórico-metodológico que de treinamento desportivo (aptidão
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física, técnica e tática) objetivando Diante disso, temos de


a formação do atleta? pensar que a crise da década de
Como bem sabemos, não 1980 na educação física foi gerada
há dentre tais perspectivas alguma no contexto histórico, social, cul-
que seja a mais correta e verdadeira, tural e econômico em que o corpo
bem como a mais aplicável e exe- humano em movimento é evento
quível. O que importa apontarmos central das expressões e realizações
enquanto diferença em relação à materiais humanas: o jogo, o traba-
cibercultura esportiva e o esporte lho, o descanso, o sexo, a guerra
robótico é que as perspectivas etc. Sendo que os questionamentos
apresentadas pressupõem alguns daí em diante podem ser reportados
elementos ontológicos desafiando às clássicas dúvidas antropo-filo-
ou inovando sobre os princípios sóficas em que o homem é objeto
filogenéticos: o homem ou a mulher central no que concerne ao seu
humano, o corpo e o movimento espírito e ao seu corpo, sob uma
produtivo: o jogo, a luta, o esporte, história da educação física em que
a dança, o trabalho, o descanso, o corpo e movimento foram descritos
lazer, a tecnologia, a prótese etc. Em e concebidos de acordo com o pa-
suma, para a educação física sempre radigma da dualidade corpo-mente.
esteve em prática o ser humano Partindo do platonismo, passando
enquanto corpo ou possuidor de pela dicotomia cristã, chegando
um, que de alguma forma se movi- ao dualismo radical de Descartes,
menta estando e fazendo parte do desembocamos finalmente no mo-
mundo natural e social. Em termos delo de corpo anátomo-fisiológico
mais práticos, a educação física não da medicina. Os pensadores da
tem existido sem que uma entida- educação física da década de 1980,
de corporal humana como única por influência do marxismo, do
e exclusiva realizadora de algum freudismo, da fenomenologia, dos
movimento que inevitavelmente ideais democráticos, da própria
é produto e produtor da cultura, e crise do modelo médico de homem
que assim ele se realiza enquanto fincado nas Ciências Naturais e a
ser solitário e social. Principalmente própria emergência da robótica
no Brasil, sabemos que a prática da ao lado da genética trazem à tona
educação física escolar e popular, perguntas como: o que é o corpo,
com algumas exceções, tem se o movimento, o homem? Afinal, o
pautado na prática corporal dos que é a educação física?
esportes modernos em geral, só que Inevitavelmente, emerge
na sua forma jogada. um corpo humano material que se
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movimenta social, histórica, eco- um corpo que passa a se realizar


nômica, política e culturalmente. no movimento de consumo que
Pegando principalmente a temática resulta na produção e realização do
do trabalho, da educação e do es- ser segundo estéticas corporais na
porte, o bem-estar corporal é visto presença e existência corporal que
como determinado não apenas pela desperdiça energia nos exercícios
mecânica anátomo-fisiológica do vazios das academias de ginásticas
corpo, mas principalmente pela como sendo robôs que consomem
mecânica social, sendo que não energia sem transformá-la. Como
adiantaria melhorar a primeira afirma Contrera (2002, p. 60), “o
sem transformar a segunda e vice- corpo é o primeiro e o último reduto
versa. Assim, trabalho, educação e da experiência humana”.
esporte transcendem seus espaços Diante de tal problemá-
imediatos, para serem tratados in- tica, os pensadores da educação
diretamente no campo dos manejos física oscilaram entre resolver
racionais e lógicos do pensamento essas questões no âmbito teóri-
enquanto aprisionamento do mun- co-epistemológico e/ou prático-
dano na forma de ideias segundo pedagógicos da educação física.
suas estruturações políticas, sociais, Foram construídos alguns sistemas
econômicas que têm como objeto filosóficos na tentativa de orientar a
central o corpo e seus movimentos prática pedagógica dos professores.
que produz tanto realidade material Também foram pensadas muitas
quanto realidade simbólica e imagi- metodologias cientificas para re-
nária vinculada à algum projeto de solver problemas de cunho proce-
humanidade. dimental investigativo, aplicativo e
No contexto do capitalis- organizacional, fazendo com que,
mo contemporâneo esse esquema curiosamente, a educação física
se faz mais notável de modo que passasse a conviver com elabora-
toda e qualquer proposta de movi- ções mais que abstratas, destinadas
mento para o corpo, não visa outra a questões mais que triviais, como
coisa senão produção e consumo é próprio da ciência moderna, se-
de mais capital material, simbóli- gundo Bachelard (1996, p. 7).
co e imaginário, onde o corpo é Entretanto, os professo-
receptor e desperdiçador final de res não puderam abandonar seus
energia. Para longe de qualquer empregos nas escolas públicas e
esquema mental e intelectual supe- privadas, as já decadentes quadras
rior, todos, “gênios” e “ignorantes”, poliesportivas a céu aberto; seu bom,
“críticos” e “alienados”, têm ou são velho e útil apito, o indispensável
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boné (alguns, o protetor solar), sua 30). Ainda, para além das subdisci-
sensação de lazer nas aulas não di- plinas científicas, esse movimento
retivas facilitadas pela autonomia dos motivou a construção de novos
estudantes gerada pela maior paixão sistemas científicos como a Ciência
brasileira, o futebol; tendo em troca da Motricidade Humana ou Ciência
o gozo enfadonhas discussões pu- do Movimento Humano.
ramente filosóficas, epistemológicas Como se tais problemas
e antropológicas, no caso do Brasil. não bastassem; a educação física,
De fato, a crise epistemológica e pe- ainda que resistindo saber, tem
dagógica de 1980, aliada ao banho passado por uma crise paradigmá-
de Sol diário que a maior parte dos tica ainda mais profunda e curiosa,
professores tem de tomar nas quadras que é da ordem de uma nova e
a céu aberto, serviu para “esquentar” outra ontologia, questionadora dos
a cabeça e os neurônios de muitos. antigos parâmetros filogenéticos
Bracht (2003, p. 30) locali- deterministas. Da Costa (1999,
za o início desse processo nas déca- p. 61) traz contemporaneamente
das de 60 e 70 do século XX devido como “primeira distinção conceitu-
ao desenvolvimento, no contexto al e também um primeiro conflito
da educação física, das tradicionais sociocultural [o] descompasso entre
disciplinas científicas como fisio- a inovação tecnológica e o conhe-
logia, anatomia, psicologia, física, cimento profissional, que cria uma
sociologia em suas especificidades: oposição entre a demanda social
fisiologia do esforço, biomecânica, de profissionais atualizados e a
psicologia do esporte, a sociologia formação pouco renovada destes
do esporte etc., bem como podemos profissionais”.
acrescentar a aprendizagem e de- Na esteira de uma pes-
senvolvimento motor, antropome- quisa filosófica sobre ontologia;
tria, sociologia do lazer, pedagogia se o corpo em movimento em
do esporte, psicomotricidade etc. suas várias dimensões humanas de
O autor ainda argumenta que a sua presença física foi o mote das
incorporação de práticas científicas reflexões no final do século XX,
pelo campo acadêmico da educa- tudo indica que grande número de
ção física “determinou a criação corpos em movimento não mais
de entidades científicas próprias, deseja estar nas quadras descober-
realização de eventos científicos tas ouvindo os gritos e os apitos
próprios, criação de cursos de pós- dos professores. As revoluções
graduação, [...] programas de apoio sociais, culturais e econômicas
à pesquisa [...]” (BRACHT, 2003, p. provocada pelo advento das novas
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tecnologias; também conhecidas por intensificações de vivência


como promotoras da cibercultura, em ambientes virtuais, argumen-
têm questionado o corpo clássico ta que nosso atual paradigma de
da educação física, na medida em movimento corporal precisará ser
que os jogos eletrônicos deslocam a reformulado. “Isto porque ao alte-
realização das expressões corporais rarem a homeostase do corpo pelo
dos sujeitos humanos arquitetada envolvimento com simulações ima-
para o exercício de grandes grupos géticas, estes dispositivos abrem um
musculares em movimentos vigo- precedente para que metamorfoses
rosos, para o âmbito das realidades metabólicas ocorram com pouca
virtuais enquanto objetos matemá- ou nenhuma solicitação motora do
ticos consumidos em seus modos aparelho locomotor”.
de interface visual. Para os mais antropocên-
Em outros termos, aqueles tricos que se deixam enganar pelas
que podemos chamar de ciberatle- pequenas ações humanas no inte-
tas trocaram ou deslocaram a reali- rior de um universo físico-químico
zação de seus movimentos integrais cheio de possibilidades próprias e
do corpo próprio no esporte clássi- oferecido ao nosso mínimo esforço,
co, onde pressupõem a ação dos a resposta à nossa pergunta será:
grandes grupos musculares, pelos o atleta é o operador da máquina.
movimentos limitados à habilida- Contudo, um olhar mais atento
de da coordenação motora fina na pode mostrar uma interação entre
operação do joystick que envolvem máquina e jogador, na medida em
no máximo a coordenação óculo que a primeira estrutura, opera,
manual. Os micro-gestos manuais possibilita e muitas vezes condicio-
ligados ao joystick se tornam pan- na ações do segundo. Em termos
tomima perfeita para a fabricação estruturais, podemos pensar a ação
de expressividades corporais im- intencional e analógica da máquina
possíveis ao corpo humano, ou ao construindo operações semióticas
menos impossível para a maioria no jogador, desde sua ergonomia,
dos sedentários portadores de aos comandos de hardware sobre
inúmeros sintomas hipocinéticos, o software que produz seu efeito
levando-nos a perguntar, no fim de de pantomima sobre pantomima:
contas, quem é, afinal, o atleta: o das mãos ao hardware, deste ao
operador ou a máquina? Sobre isso, software, até a produção das ima-
Da Gama (2005, p. 174), pautado gens virtuais do jogo que retornam
nas pesquisas de Heim acerca das sobre o jogador pela visão, pelo tato
desordens perceptivas provocadas e pela audição, cujo aprendizado
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não é dos movimentos corporais tecnologia do humano, sendo


expressos pelos atletas virtuais na este uma tecnologia da máquina,
tela do jogo eletrônico, mas sim da de modo que esta estende suas
coordenação motora fina daquele dimensões, possibilidades e refor-
que manipura o controle remoto. mulações mediante o uso humano:
O treino do ciberatleta, o homem é uma extensão da má-
portanto, ao modo industrial de quina no sentido de sua realização
operar o mundo, se limita à melhora enquanto ser máquina. Essas novas
da habilidade laboral manual com materialidades do corpo, na visão
o joystick, acompanhada da neces- de Fraga (2004, p. 63), estão imbri-
sária compreensão ou incorporação cadas ao corpo vivido e não apenas
da lógica estrutural do jogo expressa percebido e visto pelo outro, mas
nas ações dos atletas virtuais; desfa- fundamentalmente como a tecno-
zendo o velho paradigma positivista logia investe energia e interesse no
que pensa a construção do conheci- corpo humano a fim de se realizar.
mento mediante a dicotomia entre Da Gama (2005, p. 165), seme-
sujeito e objeto, em direção a uma lhante a Mattelart, menciona a ci-
indistinção gnosiológica, arqueo- bercultura como uma incorporação
lógica, epistemológica, técnica e de linguagens e equipamentos da
tecnológica entre sujeito e obje- computação eletrônica no cotidiano
to. Portanto, conforme Da Gama das pessoas. Significa dizer que o
(2005, p. 171), “as imagens com- poder ontológico da tecnologia de
putadorizadas não são entidades construir a humanidade do homem,
absolutamente acabadas; com elas principalmente quando do escopo
consegue-se estabelecer um circuito de seu crescente alcance, passa a
dialógico aberto”. Um exemplo dis- traçar as fronteiras da cibercultura
so, o relato de Ascott (1997, p. 336): que pouco a pouco vêm atuando
“Cada fibra, cada nó, cada servidor sobre o campo dos esportes, jogos
da Net é parte de mim. À medida e práticas lúdicas. Temática, confor-
que interajo com a rede, reconfiguro me Da Gama (2005, p. 165), que
a mim mesmo”. vem sendo abordada em estudos
recentes realizados por Betti, 1998
Ciberatletas, atletas virtuais e Feres Neto, 2001.
e atletas robôs: a utopia dos Assim, a concretude físico-
atletas clássicos corporal não serve para divagarmos
por infinitas possibilidades, mas sim
Do nosso ponto de vista, por possibilidades entremeando seu
não somente a máquina é uma contrário, as impossibilidades: os
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limites estruturais dos lugares e dos sujeito a estruturas anátomo-fisioló-


corpos, que não sendo estruturas gicas e lógicas (metafísicas, virtuais
fixas e eternas, têm suas temporali- ou subjetivas), tem suas ações (me-
dades e espacialidades ontológicas nos espetaculares) como resultado
lançadas na esteira do devir da de uma interação com o campo de
história movimentada por interesses jogo e seus limites e regras, além
energéticos. Portanto, o esporte do simbolismo e imaginário social
clássico se realiza na fenomeno- que o programam, evidentemente,
logia do jogador que se expressa de maneira tão complexa quanto os
integralmente no interior de regras virtualismos eletrônicos.
físicas bem gerais, enquanto o Nessa relação, o ciberatle-
acervo motor do atleta virtual espe- ta pode ser substituído pela figura
cializado na relação com o espaço do torcedor que com seus gritos e
restrito à ação, se realiza a partir da palavras de ordem em meio à tor-
atividade pensante do ciberatleta cida tenta produzir, com menos efi-
segundo sua psicomotricidade cácia, mas com algumas estratégias
que induz o joystick a a transferir e mandingas míticas e ritualísticas,
impulsos codificados aos atletas um controle pantomímico e analó-
virtuais a fim de que esses tracem gico sobre os atletas clássicos em
uma pantomima de movimentos em campo. Em certo sentido, torcedor,
si mesmos sem significados e sem atleta e ciberatleta investem esforços
relação análoga com qualquer outro físicos na tentativa de governar um
tipo de movimento existente nas sistema programático ingovernável,
práticas corporais tradicionais. o jogo como cinemática do devir
Por outro lado, as ex- em relação ao qual o observador
pressões de pantomima dos jogos busca desvendar compreender sua
eletrônicos são incomparavelmente dinâmica com o fim de manipular
mais espetaculares, no plano do suas forças volitivas enquanto vari-
impossível corporal, em face dos áveis dinâmicas.
movimentos corporais reais dos Está em pauta uma questão
atletas clássicos. Realidade que ontológica historicamente crucial
possibilita o ciberatleta se realizar para os educadores físicos: a ciber-
nos movimentos do atleta virtual, e nética, isto é, a arte de governar a
esse nos movimentos manuais dis- partir do preceito baconiano de que
cretos do jogador: possuidor de uma “saber é poder”. Segundo Epstein
programação prévia e independente (1986, p. 6-7), seguindo a interpre-
do primeiro. Podendo, portanto, ser tação de Norbert Wiener, “a origem
assemelhado ao atleta clássico, que grega do termo remonta a Platão,
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que emprega χυβερνητιχη´ como educação física, menciona: “Ainda


a arte de pilotar navios (Górgias 511 que alguém que tome a seu cargo
e Político 299) e, em sentido mais uma educação, como governante,
amplo, a arte de governar o Estado”. não receba de imediato as crianças,
Na robótica, a cibernética se torna quando então deveria ocupar-se tam-
o grande desafio, já que como seria bém da sua educação física [...]”. Nas
possível construir um robô capaz de palavras de Soares (2004, p. 111):
governar a si próprio segundo leis “Com sua materialidade, o corpo
e finalidades humanas? Em outros educado pela matéria da qual é feito
termos, aí está implicada a arte de o mundo, circunscreve um retrato da
educar ao lado da arte de governar: sociedade […]”. Ou, nas palavras do
só um ser educado tem a capacidade cineasta Pasolini, citado pela mesma
de governar, e é somente sendo go- autora: “A condição social se reco-
vernado que o sujeito tem condições nhece na carne de um indivíduo…
de ser educado. Inevitavelmente, a Porque ele foi fisicamente plasmado
dialética entre governo e educação justamente pela educação física da
acaba por gerar a noção de currículo, matéria da qual é feito o mundo”
isto é, de caminho ou destino, da (apud SOARES, 2004, p. 110).
mesma forma que o comandante de Nesse sentido, tanto na
um barco tem como tarefa, justamen- robótica quanto na pedagogia, o
te, cursar um caminho. De modo problema central está em como
que, isso apenas é possível se ele educar a matéria inicialmente sem
governar o barco em relação ao devir forma e sem finalidade. A partir
da água. Para isso, o sujeito deve desse questionamento, podemos
ter sido bem educado no sentido de dizer que a educação física emerge
governar a si próprio, suas volições na modernidade justamente pela li-
negativas e positivas. mitação paradigmática espiritualista
Vemos isso em Kant (2004, e mentalista da pedagogia e da ideo-
p. 21) quando disserta sobre a peda- logia, cujos fracassos resultaram na
gogia: “Entre as descobertas huma- intensificação do controle material,
nas há duas dificílimas, e são: a arte do poder e do medo investidos so-
de governar os homens e a arte de bre a física-corporal dos sujeitos no
educá-los”. Isso significa que a ciber- interior das instituições educativas:
nética na robótica não passa de uma uma das temáticas preferidas de
transferência da noção de governo e Foucault (2007).
educação das crianças, dos escravos Não obstante, a cibernética
e dos trabalhadores. Kant (2004, atrelada à educação pedagógica e ao
p. 37), por exemplo, ao falar da governo político, como é próprio da
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Modernidade, levanta uma série de conseguiu controlar, não retoman-


preocupações da parte do sujeito do outra estória genial senão a do
em relação ao objeto. O aprendiz, Doutor Franckenintein.
até então objeto da pedagogia, dos Dessa forma, mais uma
professores e dos patrões, atualmen- vez os profissionais da educação
te emerge violentamente enquanto física são inseridos em uma nova
sujeito de desejo, de amor e de crise, mas, ainda sobre um velho
ódio, o que acaba por amedrontar paradigma, de modo que presen-
a lógica disciplinar da escola e da ciam dois de seus principais objetos
fábrica. Assim, o fracasso do apren- de estudo e atuação, o corpo em
diz é interpretado como sendo con- movimento e o esporte, escaparem
sequência da falta de competência às suas epistemologias e pedagogias
governamental do poder público e historicamente limitadas pela dico-
da autoridade dos professores, bem tomia entre corpo e mente, corpo
como da noção de não-governabili- e ideologia que vem comandando
dade natural dos alunos muitas vezes as intervenções de controle e poder
conceituados como selvagens. sobre os alunos e atletas clássicos.
Medo, educação e governo Evidencia-se, mais uma vez,
andam lado a lado, pois aí se colo- que o motivo da crise da educação
ca como pano de fundo a prática física se origina justamente da im-
do controle, do poder e da ordem possibilidade de tomar o corpo em
ideológica sobre a matéria-corporal. movimento e o esporte como objetos
Em nossa época essa relação é trans- exclusivos de suas reflexões, pois
ferida para a robótica, na medida em ambos se aproximam mais de uma
que, assim como aluno, trata-se de natureza pública (Estado), mundana
um processo de criação enquanto (popular) e inter e multidisciplinar
fruto da ação artesanal, industrial (acadêmica) no contexto do capitalis-
ou modeladora da educação como mo. Para Lovisolo (apud DA COSTA,
formação/preparação (aluno) e pro- 1999, p. 58) a educação física se con-
gramação (robô) para vida funcional trapõe à sua situação atual irrevogável
e pragmática em sociedade. Asimov própria das profissões da área da saú-
(2007, p. 7) alerta sobre a relação de: o pluralismo. Assim, esse desejo
entre o medo e o avanço da robó- de controle e monopólio das práticas
tica em muitos de seus romances, corporais por parte da educação físi-
como por exemplo, em O feitiço ca se tornou justamente o ponto de
e o feiticeiro, de Ambrose Bierce, inviável confusão epistemológica da
que conta a história de um inventor profissional, segundo Bracht (apud
solitário, Moxon, cuja invenção não DA COSTA, 1999, p. 56).
118

O corpo em movimento desenvolverão Lesões por Esforço


e o esporte, que também têm sido Repetitivo (LER)? Sendo que, essa
objetos de interesse da filosofia, da questão se apresenta como possível,
antropologia, da sociologia, da psi- à medida que, como vimos acima
cologia, da biologia, da física etc., ainda de modo elementar, tanto
atualmente emerge de maneira in- ciberatleta quanto o atleta virtual
dependente no contexto da ciência necessitam de alguma espécie de
da computação, em relação às quais programação, ponto que permite
os atuais currículos de graduação da o profissional da educação física
educação física se mostram limita- atuar na esfera cibernética e não
dos e distantes, ainda preocupados apenas na esfera da reprodução e
com cibernéticas escolásticas e da recuperação. O primeiro através
militares. Situação que poderá de treinamentos em ambientes de
motivar infindas discussões episte- aprendizagem clássicos e o segundo
mológicas e de mercado acerca do por meio de programações compu-
lugar e da competência cibernética tacionais algorítmicas ou conforme
do profissional de educação física regras heurísticas.
nesse novo contexto de produção Mais ainda podemos con-
material e subjetiva, ao lado das siderar em que medida a experiên-
desgastadas discussões sobre as cia histórica da educação física no
clássicas fronteiras profissionais âmbito do esporte clássico, pode
concernentes a profissões como a contribuir com a programação\
fisioterapia, a enfermagem, a medi- treinamento dos ciberatletas e dos
cina, a pedagogia, enquanto que as atletas virtuais. Sobre isso, pode-
ciências da computação vêm, sem mos garantir que seria de grande
pedir licença, atravessando todos importância estudos na área da
esses campos de um modo que vem ergonomia, da biomecânica, da
possibilitado apender e ensinar. cinesiologia, da cultura corporal,
Com isso apontamos que da ontologia, da pedagogia do
a grave questão ontológica surgida esporte, no que concerne tanto ao
dos tênues limites entre ciberatletas, desempenho do ciberatleta quanto
atletas virtuais, atletas clássicos, na programação do atleta virtual e
deverá motivar perguntas como: em dos atletas robô, já que, no caso
quais desses atores o profissional da destes últimos, sendo menos óbvio
educação física poderá centrar suas pensar, seus movimentos são pau-
atenções? Será que ele se limitará a tados nos movimentos corporais
realizar atividades físicas laborais humanos enquanto base para suas
aos ciberatletas que certamente espetacularizações transcendentes.
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Nas palavras de Santaella (1997, p. pela biotecnologia; enquanto nós


35), essa lógica esteve na “base das optamos refletir às voltas da robóti-
primeiras noções de robô, máquina ca, o que não diminui, em qualquer
à imagem e semelhança dos múscu- um dos pontos de vista, o caráter
los humanos, pronta para trabalhar obsoleto dos atuais currículos da
para o homem ou em seu lugar”. educação física.
Não esquecendo da intenção da Não se trata de reivindicar,
diminuição das inconstâncias que para a educação física, o monopólio
leva ao erro. das práticas corporais no contexto da
cibercultura. Este trabalho pretende
Considerações finais veicular um sentido em relação ao
qual a educação física não pode
Não cabe seguirmos aqui se atrasar e nem tentar recuperar o
com descrições mais detalhadas tempo perdido por meio de com-
sobre a realidade ontológica dos preensões verticais acerca de cur-
ciberatletas, atletas virtuais, dos rículos prescritos cujos conteúdos
atletas robôs e dos atletas clássicos. não fazem, em grande parte, sentido
Portanto, encerramos este trabalho àqueles que realmente podem ser
de síntese apresentando um termo chamados de consumidores finais. O
razoável sobre as relações entre os caráter pluralista do corpo humano
mesmos, enquanto possíveis parâ- e de seus movimentos, sugerem que
metros ontológicos de compreensão a educação física acesse à realidade
para os profissionais da educação das novas tecnologias de maneira
física no sentido de considerar tal horizontal conhecendo e reconhe-
temática nos currículos de forma- cendo seus vínculos epistemológicos
ção nos cursos superiores da área. e profissionais com o esporte em
Como bem disse Fraga (2004, p. suas modalidades na cibercultura.
64), “o campo esportivo construiu Sugerimos que esse ca-
sua visão particular sobre o início minho possa ser iniciado pelo
da era 2000 como um tempo de reconhecimento de que a onto-
mudanças, de materialização de logia dos ciberatletas, dos atletas
vários investimentos científicos e virtuais, dos atletas robôs físicos
tecnológicos, que resultariam em emergem como extensão da lógica
outra condição física”. Contudo, social, cultural e econômica do
Fraga está mais atrelada ao imagi- atleta clássico: a) o fato de a ciber-
nário acerca do ciborg, tal como cultura ter gerado o ciberesporte
Manuel Sérgio (2003, p. 56), no segundo modelos institucionais clás-
que implica seu desenvolvimento sicos: federações, confederações,
120

associações, equipes, clubes etc., pânico: saturação da informação,


impede qualquer tentativa de subju- violência e crise da cultura. São
gar tal prática ao status de puro en- Paulo: Annablume, 2002.
tretenimento e b) a análise filosófica DA COSTA, Lamartine P. Formação
que realizamos sobre a ontologia do profissional em educação
ciberesporte e do esporte clássico física, esporte e lazer no
sugere a impossibilidade episte- Brasil: memória, diagnóstico
mológica de considerar os atletas e perspectivas. Blemenau: Ed.
virtuais e os atletas robôs como sim- FURB, 1999.
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